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Desvio Social - Bloco 4

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Sociologia Jurídica
BLOCO 4 – DESVIO, CONFLITO, ANOMIA
Prof. M.Sc. Fernando-Rogério Jardim
DESVIO SOCIAL
A sociedade é resultado dum conjunto integrado e regulado de indivíduos com vínculos sociais.
sem integração, há dispersão e, portanto, não há como haver sociedade humana;
sem regulação, os conflitos tornam-se freqüentes, e a coletividade se desmantela.
Todavia, um certo grau de conflito e desvio é inevitável:
porque a convivência humana é complexa e errática;
porque há competição por causa dos recursos escassos;
porque as próprias normas definem o que são os desvios;
porque a reação ao desvio reforça os valores comuns;
porque o crime e o desvio podem ser fontes de mudança;
porque o conflito pode ser uma luta legítima por direitos.
O CONCEITO
Desvio social refere-se a qualquer comportamento que, em graus diferentes, diverge do padrão de conduta prescrito ou previsto pela sociedade.
PADRÃO SOCIAL
DESVIO
CRIME
conteúdos profundos
conteúdos superficiais
CONSCIÊNCIA COLETIVA
Abordagens sobre o conflito social
Há duas teorias centrais que procuram explicar a existência de conflitos:
teorias estrutural-funcionalistas – Talcott Parsons e Robert Merton.
Teorias marxistas do conflito social – Karl Marx e Friedrich Engels.
 ENGELS MARX MERTON PARSONS
TEORIAS ESTRUTURAL-FUNCIONALISTAS
As teorias estrutural-funcionalistas dão duas explicações para a existência dos conflitos e dos desvios:
1) Uma vez que são as instituições as responsáveis pela introjeção valores e normas nos indivíduos, quando essas instituições deixam de cumprir suas funções, temos uma coletividade sem integração nem regulação, pródiga, portanto, em conflitos e desvios.
2) A sociedade impõe a todos certas demandas e expectativas (sucesso, prosperidade, dinheiro) mas não oferece os meios para concretizá-los, havendo, portanto, uma disfunção entre as expectativas e as oportunidades, o que gera conflito e desvios.
A VISÃO ESTRURUTAL-FUNCIONALISTA DA SOCIEDADE
A sociedade é uma máquina ou sistema cujos elementos são as instituições e cujas peças são os indivíduos;
A sociedade é um corpo cujos órgãos são as instituições e cujas células são os próprios indivíduos;
Portanto, os conflitos e o desvios: 
são disfunções do sistema-máquina > engenharia social. 
são patologias no corpo-social > diagnóstico e tratamento.
EXPLICAÇÃO ESTRUTURAL-FUNCIONALISTA
A sociedade distribui recursos aos membros a ela integrados;
Essa distribuição diferencial produz uma estrutura piramidal;
Há regras claras de distribuição e acesso a melhores condições;
Portanto, o conflito e os desvios costumam ocorrer quando:
Tais regras são contestadas ou burladas;
Há falhas na distribuição dos recursos;
A estrutura é demasiado rígida ou flácida.
TEORIA DO CONFLITO EM ROBERT MERTON
Todo contexto cultural estabelece metas aos indivíduos;
A questão é como os indivíduos fazem para atingi-las;
A sociedade também dita os meios válidos ou inválidos;
Ex. de meios válidos: estudo, trabalho, poupança;
Ex. de meios inovadores: artes, esportes, moda;
Ex. de meios inválidos: violência, banditismo.
TEORIA DO CONFLITO EM ROBERT MERTON
Por que, então, surgem os conflitos?
os meios para se atingir aquelas metas são recursos escassos;
sua distribuição desigual produz competição e hierarquias;
há portanto um desajuste ou disfunção entre meios e metas;
o insucesso em atingir as metas valorizadas produz anomia;
a anomia pode gerar inovação ou rebelião contra as normas;
as “regras do jogo social” são abandonadas ou contornadas.
POSSÍVEIS RESULTADOS
LIMITAÇÕES DAS TEORIAS ESTRUTURAL-FUNCIONALISTAS
Sempre vêem a mudança social radical como falha no sistema;
Tomam a estabilidade como algo dado e só analisam o conflito;
Não vêem com bons olhos a manifestação e a contestação;
Tentem, portanto, ao conservadorismo e à auto-glorificação; 
Dão muita ênfase aos fatores estáticos e ignoram os dinâmicos.
TEORIAS MARXISTAS DO CONFLITO E DO DESVIO
Os marxistas vêem a sociedade como intrinsecamente conflituosa porque é estruturalmente desigual.
Sendo a sociedade composta por grupos de interesse antagônicos, ela é sempre marcada por lutas de classe.
A característica distintiva das sociedades capitalistas é a simplificação e radicalização desses conflitos:
possuidores x despossuídos;
dominantes x dominados;
burguesia x proletariado.
TEORIAS MARXISTAS DO CONFLITO E DO DESVIO
Como a sociedade capitalista é essencialmente desigual e, portanto, conflituosa, a estabilidade (integração com regulação) é sempre uma situação artificial e provisória.
É uma trégua temporária na lógica das lutas de classe;
É o resultado da cooptação da liderança de oposição;
É o produto da violência e opressão dos dominantes;
É o resultado de alienação e adestramento ideológico.
É a manutenção dos privilégios dos dominantes.
ANOMIA E CONTROLE SOCIAL
O conceito de anomia significa falta de normas;
Ele descreve uma condição coletiva ou individual onde o sistema de normas sociais vigentes:
não é conhecido pelos membros;
perdeu sua validade ou sua eficácia;
é burlado sem controle ou punição;
perdeu seu órgão de poder tutelar;
está passando por uma transição;
sofreu ataques de outros valores.
O QUE A ANOMIA INDICA
mudança de paradigma;
falta de controle social;
dinâmica social acelerada;
crise social grave e brusca;
rebelião, revolução, conflito;
grupos desviantes influentes;
má integração, má regulação;
Inovação, evolução, progresso.
DUAS PERSPECTIVAS SOBRE A ANOMIA
Perspectiva de Jean-Marie Guayau (1854-1888) – positiva: as regras sociais são experimentadas pelos indivíduos como opressão e tirania; a anomia, então, afrouxa essas regras e liberta-os, gerando iniciativa, liberdade, inovação.
 
Perspectiva de Émile Durkheim (1858-1917) – negativa; a sociedade não consegue impor limites às ambições ilimitadas; o menor revés é experimentado pelos indivíduos com sofrimento e desespero, gerando suicídio.
EXEMPLO: ANOMIA E SUICÍDIO
Ao identificar o suicídio como tendo causas sociais, Durkheim postulou que os indivíduos se suicidam devido a problemas na integração ou na regulação da sociedade, gerando uma tipologia de suicídios, ora causados por uma integração social excessiva (suicídio altruísta), por uma integração social insuficiente (suicídio egoísta), ora causados por uma regulação social excessiva (suicídio fatalista) ou por uma regulação social insuficiente (suicídio anômico). 
ANOMIA, DIREITO E CONTROLE SOCIAL
A anomia conduz ao não-cumprimento e, portanto, à ineficácia das normas jurídicas:
ineficácia não-anômica: eu descumpro a norma às vezes, mas no fundo a aceito.
ineficácia anômica: eu descumpro a norma porque não a aceito por convicção.
ineficácia por pluralismo: eu burlo normas oficiais para acatar as normas do grupo.
 
Soluções possíveis:
manter a norma em vigor, mas tolerar sua eventual violação;
emendar ou revogar a norma para sintoniza-la com a sociedade;
criar uma campanha de conscientização sobre o valor da norma;
intensificar o controle e a repressão para combater os infratores. 
 
ANOMIA E DIREITO
Dado que a sociedade é conflituosa e convive com graus de anomia e desvio, a meta do direito é:
aliviar as tensões criadas pelo sistema;
explicitar a existência desses conflitos;
estabelecer as regras para sua solução;
isto de modo neutro, racional, imparcial;
delegar sua solução aos aparatos estatais;
manter a integração e a regulação sociais;
traduzir os conflitos em termos jurídicos;
resolver conflitos e harmonizar interesses.
CONCEITOS ESTUDADOS
Desvio social;
Conflito social;
Funcionalismo;
Teorias marxistas;
Controle social;
Anomia e direito.
ALGUMAS QUESTÕES PARA DEBATE
Se os índices de desigualdade vêm diminuindo, por que temos a impressão de que a sociedade vem se tornando mais conflituosa?
Seria possível ou mesmo desejável
vivermos em uma sociedade completamente livre de conflitos e desvios sociais? Por quê?
Como poderíamos diferenciar o conflito que é oriundo da criminalidade daquele que é o produto de reivindicações sociais?
BIBLIOGRAFIA
SABADELL, Ana Lúcia. “Manual de sociologia jurídica: introdução a uma leitura externa do direito.” São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, págs. 82-127.

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