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zygmund bauman as redes sociais são uma armadilha

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CULTURA�
 
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primeira vez”
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contra a solidão
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pessoas hoje não têm
claro o sentido da
vida”
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mundo
Zygmunt Bauman: “As redes sociais são uma armadilha”
Ele é a voz dos menos favorecidos. O sociólogo denuncia a desigualdade e a queda da classe
média. E avisa aos indignados que seu experimento pode ter vida curta
9 JAN 2016 - 00:05 CET
Zygmunt Bauman acaba de completar 90 anos de idade e de tomar dois voos para ir da Inglaterra ao debate do
qual participa em Burgos (Espanha). Está cansado, e admite logo ao começar a entrevista, mas se expressa com
tanta calma quanto clareza. Sempre se estende, em cada explicação, porque detesta dar respostas simples a
questões complexas. Desde que colocou, em 1999, sua ideia da “modernidade líquida” – uma etapa na qual tudo
que era sólido se liquidificou, e em que “nossos acordos são temporários, passageiros, válidos apenas até novo
aviso” –, Bauman se tornou uma figura de referência da sociologia. Suas denúncias sobre a crescente
desigualdade, sua análise do descrédito da política e sua visão nada idealista do que trouxe a revolução digital o
transformaram também em um farol para o movimento global dos indignados, apesar de que não hesita em
pontuar suas debilidades.
O polonês (Poznan, 1925) era criança quando sua família, judia, fugiu para a União Soviética
para escapar do nazismo, e, em 1968, teve que abandonar seu próprio país, desempossado de
seu posto de professor e expulso do Partido Comunista em um expurgo marcado pelo
antissemitismo após a guerra árabe-israelense. Renunciou à sua nacionalidade, emigrou a Tel
Aviv e se instalou, depois, na Universidade de Leeds (Inglaterra), onde desenvolveu a maior
parte de sua carreira. Sua obra, que arranca nos anos 1960, foi reconhecida com prêmios
como o Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades de 2010, que recebeu junto
com Alain Touraine.
Bauman é considerado um pessimista. Seu diagnóstico da realidade em seus últimos livros é
sumamente crítico. Em A riqueza de poucos beneficia todos nós?, explica o alto preço que se
paga hoje em dia pelo neoliberalismo triunfal dos anos 80 e a “trintena opulenta” que veio em
seguida. Sua conclusão: a promessa de que a riqueza acumulada pelos que estão no topo
RICARDO DE QUEROL
Director de Cinco Días
O sociólogo Zygmunt Bauman, em Burgos (Espanha), fala na entrevista sobre o impacto das redes sociais. SAMUEL SÁNCHEZ
 
Os novos
‘inquisidores’ tomam
conta da rede
chegaria aos que se encontram mais abaixo é uma grande mentira. Em Cegueira moral, escrito
junto com Leonidas Donskis, Bauman alerta sobre a perda do sentido de comunidade em um
mundo individualista. Em seu novo ensaio, Estado de crise, um diálogo com o sociólogo
italiano Carlo Bordoni, volta a se destacar. O livro da editora Zahar, que já está disponível para
pré-venda no Brasil, trata de um momento histórico de grande incerteza.
Bauman volta a seu hotel junto com o filósofo espanhol Javier Gomá, com quem debateu no Fórum da Cultura,
evento que terá sua segunda edição realizada em novembro e que traz a Burgos os grandes pensadores mundiais.
Bauman é um deles.
Pergunta. Você vê a desigualdade como uma “metástase”. A democracia está em perigo?
Resposta. O que está acontecendo agora, o que podemos chamar de crise da democracia, é o colapso da
confiança. A crença de que os líderes não só são corruptos ou estúpidos, mas também incapazes. Para atuar, é
necessário poder: ser capaz de fazer coisas; e política: a habilidade de decidir quais são as coisas que têm ser
feitas. A questão é que esse casamento entre poder e política nas mãos do Estado-nação acabou. O poder se
globalizou, mas as políticas são tão locais quanto antes. A política tem as mãos cortadas. As pessoas já não
acreditam no sistema democrático porque ele não cumpre suas promessas. É o que está evidenciando, por
exemplo, a crise de migração. O fenômeno é global, mas atuamos em termos paroquianos. As instituições
democráticas não foram estruturadas para conduzir situações de interdependência. A crise contemporânea da
democracia é uma crise das instituições democráticas.
"Foi uma catástrofe arrastar a classe media ao precariat. O conflito já não é entre
classes, mas de cada um com a sociedade”
P. Para que lado tende o pêndulo que oscila entre liberdade e segurança?
R. São dois valores extremamente difíceis de conciliar. Para ter mais segurança é preciso renunciar a certa
liberdade, se você quer mais liberdade tem que renunciar à segurança. Esse dilema vai continuar para sempre. Há
40 anos, achamos que a liberdade tinha triunfado e que estávamos em meio a uma orgia consumista. Tudo
parecia possível mediante a concessão de crédito: se você quer uma casa, um carro... pode pagar depois. Foi um
despertar muito amargo o de 2008, quando o crédito fácil acabou. A catástrofe que veio, o colapso social, foi para
a classe média, que foi arrastada rapidamente ao que chamamos de precariat (termo que substitui, ao mesmo
tempo, proletariado e classe média). Essa é a categoria dos que vivem em uma precariedade contínua: não saber
se suas empresas vão se fundir ou comprar outras, ou se vão ficar desempregados, não saber se o que custou
tanto esforço lhes pertence... O conflito, o antagonismo, já não é entre classes, mas de cada pessoa com a
sociedade. Não é só uma falta de segurança, também é uma falta de liberdade.
P. Você afirma que a ideia de progresso é um mito. Por que, no passado, as pessoas acreditavam em um futuro
melhor e agora não?
R. Estamos em um estado de interregno, entre uma etapa em que tínhamos certezas e outra em que a velha forma
de atuar já não funciona. Não sabemos o que vai a substituir isso. As certezas foram abolidas. Não sou capaz de
profetizar. Estamos experimentando novas formas de fazer coisas. A Espanha foi um exemplo com aquela famosa
iniciativa de maio (o 15-M), em que essa gente tomou as praças, discutindo, tratando de substituir os
procedimentos parlamentares por algum tipo de democracia direta. Isso provou ter vida curta. As políticas de
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austeridade vão continuar, não podiam pará-las, mas podem ser relativamente efetivos em introduzir novas
formas de fazer as coisas.
P. Você sustenta que o movimento dos indignados “sabe como preparar o terreno, mas não como construir algo
sólido”.
R. O povo esqueceu suas diferenças por um tempo, reunido na praça por um propósito comum. Se a razão é
negativa, como se indispor com alguém, as possibilidades de êxito são mais altas. De certa forma, foi uma
explosão de solidariedade, mas as explosões são muito potentes e muito breves.
P. E você também lamenta que, por sua natureza “arco íris”, o movimento não possa estabelecer uma liderança
sólida.
R. Os líderes são tipos duros, que têm ideias e ideologias, o que faria desaparecer a visibilidade e a esperança de
unidade. Precisamente porque não tem líderes o movimento pode sobreviver. Mas precisamente porque não tem
líderes não podem transformar sua unidade em uma ação prática.
P. Na Espanha, as consequências do 15-M chegaram à política. Novos partidos emergiram com força.
"O 15-M, de certa forma, foi uma explosão de solidariedade, mas as explosões são
potentese breves"
R. A mudança de um partido por outro não vai a resolver o problema. O problema hoje não é que os partidos
estejam equivocados, e sim o fato de que não controlam os instrumentos. Os problemas dos espanhóis não estão
restritos ao território nacional, são globais. A presunção de que se pode resolver a situação partindo de dentro é
errônea.
P. Você analisa a crise do Estado-nação. Qual é a sua opinião sobre as aspirações independentistas da Catalunha?
O sociólogo Zygmunt Bauman. SAMUEL
SÁNCHEZ
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R. Penso que continuamos com os princípios de Versalhes, quando se estabeleceu o direito de cada nação
baseado na autodeterminação. Mas isso, hoje, é uma ficção porque não existem territórios homogêneos.
Atualmente, todas as sociedades são uma coleção de diásporas. As pessoas se unem a uma sociedade à qual são
leais, e pagam impostos, mas, ao mesmo tempo, não querem abrir mão de suas identidades. A conexão entre o
local e a identidade se rompeu. A situação na Catalunha, como na Escócia ou na Lombardia, é uma contradição
entre a identidade tribal e a cidadania de um país. Eles são europeus, mas não querem ir a Bruxelas por Madri,
mas via Barcelona. A mesma lógica está emergindo em quase todos os países. Mantemos os princípios
estabelecidos no final da Primeira Guerra Mundial, mas o mundo mudou muito.
P. As redes sociais mudaram a forma como as pessoas protestam e a exigência de transparência. Você é um
cético sobre esse “ativismo de sofá” e ressalta que a Internet também nos entorpece com entretenimento barato.
Em vez de um instrumento revolucionário, como alguns pensam, as redes sociais são o novo ópio do povo?
R. A questão da identidade foi transformada de algo preestabelecido em uma tarefa: você tem que criar a sua
própria comunidade. Mas não se cria uma comunidade, você tem uma ou não; o que as redes sociais podem gerar
é um substituto. A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence
a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isso faz com
que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas.
Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são
desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interação razoável. Aí você
tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo. O papa Francisco, que é um grande homem, ao ser
eleito, deu sua primeira entrevista a Eugenio Scalfari, um jornalista italiano que é um ateu autoproclamado. Foi um
sinal: o diálogo real não é falar com gente que pensa igual a você. As redes sociais não ensinam a dialogar porque
é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao
contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas
próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem
serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.
Estado de crise. Zygmunt Bauman e Carlo Bordoni. Editora Zahar. 192 págs., 39,90 reais.
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