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Ética e Estatuto da OAB Prof. Alysson Rachid Matéria: Princípios/Atividades Privativas/Estágio/Procuração/Sucumbência 23/02/2010 A ética cuida da conduta e da técnica profissional do advogado com relação aos seus respectivos clientes, inclusive aos colegas de profissão e todos os demais membros do Poder Judiciário, visando sempre a dignidade da advocacia. Salienta-se, ainda que, o advogado é visto como membro de uma classe e não como um profissional isoladamente. Portanto, uma infração que o advogado praticar – atinge toda a classe da advocacia e não apenas o advogado causador da infração. Código de Ética e Disciplina e o Estatuto da OAB: Código de Ética e Disciplina (CED): - Não é uma lei; - Trata-se de um regramento especial com força normativa; - Natureza: de lei moral/infralegal; Estatuto da OAB: - É uma lei federal. Conselho Federal é competente para editar e alterar: - Código de Ética e Disciplina; - Regulamento Geral; *Obs.: Cuidado para não confundir regulamento com regramento. - Provimento. Deontologia Jurídica: Ciência que estuda os deveres e conduz o comportamento dos advogados. Princípios da Advocacia: Sigilio Profissional, Confiabilidade, Pessoalidade, Não Mercantização, Exclusividade Todos os princípios estão inter relacionados. 1. Princípio do Sigilo Profissional: Todas as informações que o advogado tenha conhecimento em decorrência do exercício da sua atividade são sigilosas, sob pena de cometer uma infração disciplinar – sanção: censura. Sendo que, advogado reicidente em infração – suspensão. Hipóteses que justificam a quebra do sigilo (CED): - Ameaça de vida; - Ameaça a honra; - Afrontado pelo próprio cliente. Ex.: Advogado ameaçado, justifica a quebra do sigilo até o limite para a realização da sua defesa (se extrapolar irá responder por este excesso). Se o advogado for intimado para prestar depoimento – ele deverá comparecer e perante à autoridade competente lenvantar a questão de estar amparado pelo sigilo profissional. 2. Princípio da Confiabilidade: A confiança recíproca é condição para o exercício da atividade da advocacia (o advogado deve confiar em seu cliente e o cliente em seu advogado). Caso o advogado perca a confiança em seu cliente, ele tem o dever de renunciar a sua procuração. 3. Princípio da Pessoalidade: A pessoalidade está relacionada ao princípio da confiança, através da consulta pessoal (cliente e advogado – “olho no olho”). Ex.: O advogado pode ter um site na internet, desde que, respeitando a forma discreta – estabelecida no Estatuto. Caso o site contenha um ícone para realização de consulta on-line – estará infringindo o princípio da pessoalidade, uma vez que este meio de contratação poderá gerar a quebra de sigilo, capacitação de clientela, bem como a impessoalidade. 4. Princípio da Não Mercantilização: No exercício da advocacia não poderá ser adotado características mercantis (típicas de um comércio). Obs.: O exercício da advocacia é considerado uma atividade meio (e não uma atividade fim), ou seja, o advogado não promete ao seu cliente um resultado favorável, mas sim o esforço do seu empenho. Quanto aos honorários no princípio da não mercantilização: O advogado não recebe seus honorários através de: - Duplicata; - Letra de Câmbio. Obs.: Poderá receber por meio de cheques e nota promissória. Motivo: O não recebimento dos honorários via duplicata tem respaldo no Código de Ética e Disciplina – pois quem emite a duplicata é o escritório (proibido), mas nada impedi o pagamento via cheque (cliente que emite). Quanto ao recebimento via boleto bancário ou fatura: Poderá ocorrer, desde que, tenha expressa previsão contratual e no caso de inadimplemento não seja levado em protesto. Quanto ao recebimento via cartão de crédito: Houve uma modificação quanto aos honorários recebidos, através de cartão de crédito – atualmente é possível, ressalvando que esta possibilidade não pode ser utilizada pelo advogado para capacitação de clientela, publicidade favorável para contratação ou concorrência desleal. Ex.: Colocar bandeiras dos cartões de crédito aceitos em seu escritório ou ainda divulgar em publicidade possibilidades de parcelamento. 5. Princípio da Exclusividade: A atividade da advocacia não pode se misturar com nenhuma outra atividade no mesmo estabelecimento. Ex.: Advocacia com contabilidade, advocacia com imobiliária etc. Obs.: Pode existir departamento jurídico em uma empresa, desde que, preste serviço exclusivamente para a empresa e não para outras empresas ou clientes. Obs.: O advogado não está impedido de exercer outra profissão, p.ex: é plenamente possível que o advogado tenha uma clínica de estética (desde que em local distinto do seu escritório). Atividades Privativas da Advocacia: São atividades que somente poderão ser praticadas por advogados. Caso uma pessoa (não advogado) realize atos privativos do exercício da advocacia, trata-se de um exercício ilegal da profissão, conforme previsto no Art. 4º, do Estatuto e ensejando também cominação penal. Art. 4º. “São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido- no âmbito do impedimento- suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia”. Correspondem aos Atos Privativos de Advogado: 1º Acessoria e Consultoria na Área Jurídica: A acessoria trata-se da atuação extrajudicial do advogado, ou seja, atua de forma preventiva, tendo por finalidade evitar conflitos (p.ex: via arbitragem e mediação). Diferença entre acessoria e consultoria: A consultoria está relacionada com a elaboração de um parecer, sendo que todos os demais atos praticados pelo advogado serão considerados como acessoria. 2º Visar Atos Constitutivos: Contrato social de uma empresa. O visto do advogado não deve ser observado como mera formalidade, uma vez que tem por finalidade a responsabilidade efetiva na constituiçao da pessoa jurídica. Objetivo: Evitar discusões e/ou prejuízos futuros – principalmente em caso de desconstituição da sociedade. 3º Postular em Juízo: Trata-se de uma atividade privativa da advocacia, salvo exceções, são elas: - Habeas Corpus; - Justiça do Trabalho; Obs.: Na ocorrência de recursos e principalmente em recursos no TST – é exigido a presença do advogado. - Justiça de Paz (casamento); - Juizados Especiais Estaduais, no qual decorra de causas de até 20 salários mínimos e não seja necessário ingressar com recursos. Atos que não são necessários a presença do advogado: - Juizados Especiais Federais – Lei 10.259/01, dispensa a presença do advogado, inexistindo limite quanto ao valor e a presença de possível recurso. - Ações de Alimentos – Lei 5.478/68, a parte poderá propor pessoalmente a ação. Estágio: O estágio profissional de advocacia tem duração de dois anos e normalmente são realizados nos últimos anos do curso. O estagiário realiza todos os atos, desde que em conjunto com o advogado, sob responsabilidade deste. Atividade que o estagiário pode praticar isoladamente: - Carga dos autos, desde que inscrito na OAB. - Pode assinar petição de juntada. - Obter certidões. Procuração: A procuração é instrumento do mandato, através do qual alguém concede poderes de representação ao advogado para que em seu nome, pratique atos ou administre interesses. A procuração deve ser juntada com o ingresso da ação, bem como podendo ser juntada posteriormente no período de 15 dias, podendo ser prorrogado por uma única vez por mais 15 dias. O advogado não precisa requerer em juízo a prorrogação da procuração,uma vez que a sua declaração prevalece de presunção de veracidade. Substabelecimento da Procuração: 1º Com reserva de poderes: O advogado presente em uma demanda irá substabelecer a procuração para outro advogado, mas o advogado substabelecente permanece no processo. Quanto aos hornorários: O advogado substabelecido somente poderá receber os honorários, desde que com o aval (autorização) do advogado substabelecente. Sendo, vedado ao advogado substabelecido contratar os honorários diretamente com o cliente, conforme o Art. 26, do Estatuto. Obs.: O cliente não precisará ser informado quanto ao substabelecimento. Art. 26. “O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários sem a intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento”. 2º Sem reserva de poderes: O advogado substabelecente retira-se do processo. Quanto aos honorários: Os honorários devem ser calculados de forma proporcional ao tempo e ao trabalho de cada advogado. Obs.: O cliente deverá ser informado antes de ocorrer o substabelecimento. Questões sobre honorários – entre advogados ou advogado e sociedade de advogados: O Tribunal de Ética e Disciplina tem competência para tentar compor a conciliação. Discussão de honorários entre advogado e cliente: O Tribunal de Ética e Disciplina não tem competência para tentar esta conciliação. Neste caso o Tribunal recomenda uma conciliação, caso contrário via judicial. Sucumbência: É uma espécie de honorários, fixados pelo juiz ao término da ação ao advogado vencedor, devendo ser pagos pela parte vencida. Obs.: Quanto a sucumbência em substabelecimento da procuração sem reserva de poderes: O advogado substabelecente recebe a sucumbência proporcional ao tempo e ao trabalhado por ele exercido.
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