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Direito Processual Penal Prof. Flávio Cardoso Matéria: Resolução de Questões 06/05/2011 Obs.: O professor por questões didáticas, optou por solucionar as questões de forma aleatória (sem seguir a sequência apresentada no material). Questão 15: Matéria – Com relação ao processo penal. Princípio da Ampla Defesa: É no processo penal, todavia, que a ampla defesa recebe uma forma toda própria, distinta da que normalmente possui nos demais tipos de processo – ou seja, nos processos civil e administrativo. Tal garantia, na persecução criminal, envolve o direito do acusado à defesa técnica e à autodefesa. Quando, na Constituição, se assegura a ampla defesa, entende-se que, para a observância desse comando, deve a proteção derivada da cláusula constitucional abranger o direito à defesa técnica durante todo o processo e o direito à autodefesa. A primeira consiste no direito à assistência profissional no curso do procedimento, seja por advogado constituído ou defensor público, e tem por características essenciais a indisponibilidade e a efetividade – o processo penal proíbe o patrocínio meramente contemplativo ou aparente. Já a segunda, à autodefesa – confere ao acusado o direito de, pessoalmente, exercer atos típicos de defesa, independentemente de possuir capacidade postulatória, e, é marcada principalmente pelo seu caráter disponível. Due Process of Law = Devido Processo Legal: Este divide-se em 2 aspectos – formal e material. - Aspecto Formal: Trata-se da observância do procedimento que será adotado para apurar um determinado crime. - Aspecto Material: É a reunião de todos os princípios constitucionais. Obs.: O direito de autodefesa, ampla defesa e contraditório – são aspectos materiais. O acusado, embora preso, tem o direito de comparecer, de assistir e de presenciar à audiência. São irrelevantes, para esse efeito, as alegações do Poder Público concernentes à dificuldade ou inconveniência de proceder à remoção de acusados presos a outros pontos da própria comarca, do Estado ou do País, eis que razões de mera conveniência administrativa não têm e nem podem ter precedência sobre as inafastáveis exigências de cumprimento e respeito ao que determina a Constituição. Os acusados processador por crimes hediondos ou de delitos a estes equiparados – também tem o direito de defesa, previsto na CF. Alternativa incorreta: D – O estatuto constitucional do direito de defesa é um complexo de princípios e de normas que amparam os acusados em sede de persecução criminal, exceto os réus processados por suposta prática de crimes hediondos ou de delitos a estes equiparados. Questão. 17: Matéria – Com base no Código Processual Penal. Se o orgão do Ministério Público, em vez de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial, o juiz não irá determinar os autos ao Tribunal para mandar acusar. O Delegado não arquiva inquérito policial, pois apenas o juiz poderá fazê-lo. Cumpre enfatizar, neste ponto, que, uma vez arquivado o inquérito policial, seu desarquivamento não poderá dar-se sem alteração substancial do panorama probatório dentro do qual fora concebido e acolhido o pedido de arquivamento, ou seja, será desarquivado quando o Delegado tomar conhecimento de outros elementos de provas relevantes, conforme disposto no Art. 18, do CPP. Art. 18 – “Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.” Alternativa correta: A – O MP, caso entenda serem necessárias novas diligências, por considerá-las imprescindíveis ao oferecimento da denúncia, poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial. Questão. 18: Matéria – Inquérito Policial. Crime de Ação Penal Privada: A ação penal privada será sempre de iniciativa do ofendido, independentemente da autoridade policial (Delegado) presenciar a ocorrência de um crime. Os vícios ocorridos no inquérito, jamais irão atingir à ação penal. Princípio do Contraditório: O princípio do contraditório nos procedimentos penais não se aplica aos inquéritos policiais, pois a fase investigatória é preparatória da acusação, inexistindo, ainda, acusado, constituindo, pois, mero procedimento administrativo, de caráter investigatório, destinado a subsidiar a atuação do titular da ação penal. Alternativa correta: C – O inquérito policial tem natureza de peça normativa, de cunho inquisitivo, e contém o resultado das investigações, para a formação da opinio delicti. Questão 23: Matéria – Ação Penal – “Ex Delicto” A reparação civil “ ex delicto” permite que o dano ocasionado por um ilícito penal seja reparado não apenas no âmbito criminal, satisfazendo à sociedade e ao Estado, mas também no âmbito civil diretamente à vítima ou aos seus sucessores. Portanto, uma sentença penal condenatória, desde que transitada em julgado pode ser objeto de execução no juízo cível – inexistindo a necessidade de promover instrução, bem como já se formando um título executivo a depender de uma liquidação. O CPP, em seus Arts. 63 à 67, trata da ação civil “ex delicto”, dispondo das regras a respeito desta ação, ditando as regras para a sua propositura, como a legitimidade ativa e passiva, a competência e, principalmente, frisando a independência entre os juízos civil e criminal. Em 2008, ocorreram diversas mudança no Direito Processual Penal, sendo que, uma delas está realacionada com a possibilidade do magistrado, ao proferir uma sentença penal condenatória, fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração. Trata-se de uma inovação substancial em relação ao conteúdo da sentença penal condenatória, porquanto tal pronunciamento, antes da reforma, não fazia qualquer referência ao quantum indenizatório cível. Cabe salientar, que a fixação do valor mínimo líquido que poderá ser cobrado do autor do fato, não impede que o ofendido insatisfeito com o valor, requeira valor diverso no âmbito cível. Também não impede a propositura da ação civil a sentença absolutória que: - Absolve no juízo penal (pode propor ação de conhecimento no juízo cível). Hipóteses que impedem a reparação no cível (Art. 386, I, IV, VI “1ª parte”, do CPP): I - estar provada a inexistência do fato; IV - estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; VI – causas excludentes de ilicitude. Alternativa correta: D – A sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estrito cumprimento de dever legal. Questão. 27: Matéria – Competência ratione personae. Competência ratione personae/ em razão da pessoa: De acordo com uma qualidade (característica circunstancial) das pessoas envolvidas no litígio, a competência pode ser de um ou de outro órgão jurisdicional. *Dica: O candidato deve analisar a posição do cargo ocupado pelo indivíduo apresentado na questão e direcioná-lo para um Tribunal superior (regra). O vereador não tem prerrogativa de função (regra), salvo exceção a depender da Constituição Estadual. Obs.: A alternativa versa sobre a regra geral – portanto, o vereador não tem prerrogativa. O TRE/ Tribunal Regional Eleitoral julga juízes e promotores eleitorais. Obs.: A alternativa está incompleta, pois faltou informar se o indivíduo estaria investido da Justiça Eleitoral. A Constituição da República, Art. 29, X – quando disciplina os Municípios, dispõe que o Prefeito deverá ter seu julgamento garantido pelo TJ. Porém a Súmula 702/STF estende o julgamento dos Prefeitos, conforme a matéria do crime praticado. STF Súmula nº 702 - Competência Originária - Julgamento de Prefeitos “A competência do Tribunal de Justiça para julgar Prefeitos restringe-se aoscrimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.” Alternativa correta: C – Mévio é governador do Distrito Federal e pratica um crime comum. Por uma questão de competência originária decorrente da prerrogativa de função, será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. Questão. 5: Matéria – Regras sobre ação civil fixadas no CPP. O despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação, a decisão que julgar extinta a punibilidade e a sentença absolutória que decidir que o fato não constitui crime – não impede uma possível reparação no juízo civel. Sobrevindo a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil apenas não poderá ser proposta diante de 3 hipóteses, previstas no Art. 386, I, IV, VI “1ª parte”, do CPP. Hipóteses que impedem a reparação no cível (Art. 386, I, IV, VI “1ª parte”, do CPP): I - estar provada a inexistência do fato; IV - estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; VI – causas excludentes de ilicitude. Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz fixa um valor mínimo, porém sem qualquer prejuízo de outros valores que a vítima entenda serem devidos – os buscando no juízo cível. Alternativa correta: D – Transitada em julgado a sentença penal condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros (Art. 63, do CPP). Questão 7: Matéria – Competência. Entende-se como contrabando o comércio feito contrariamente a lei, incluindo-se tanto o comércio de introdução de mercadoria no país (importação), como a remessa dessas para o exterior (exportação). Tais operações são atos fraudulentos que visam o transporte de mercadorias tidas como proibidas, assim definidas por lei. Já o descaminho é o desvio de mercadorias com a intenção de fraudar o fisco. Aqui se trata de sonegação de impostos na entrada ou na saída de mercadoria do país. A competência para processo e julgamento de contrabando ou descaminho define-se pela consumação (e não prevenção) do juízo federal do local por onde as mercadorias sejam indevidamente introduzidas no Brasil. Competência em razão do lugar: 1º Em regra, a competência é estabelecida em face do lugar em que o crime se consumar. 2º Lugar onde ocorreu o último ato executório. 3º No domicílio ou residência do acusado. 4º Por fim, no local onde o juiz primeiro tomou conhecimento. Quando dois ou mais foros for competente para apreciar – utiliza-se a regra da prevenção, conforme o Art. 83, do CPP. Art. 83. “Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).” Competência em razão da matéria: - Justiça Especial: a) Justiça Eleitoral; b) Justiça Militar. - Justiça Comum: a) Justiça Federal (prevista no Art. 109, da CF); b) Justiça Estadual. Havendo concurso material entre Justiça Estadual e Justiça Federal (conexão entre os crimes), prevalece a Justiça Federal (Súmula 122/STJ). STJ Súmula nº 122 - Competência - Crimes Conexos - Federal e Estadual - Processo e Julgamento: “Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do Art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal.” *Dica: Tudo o que é especial julga o comum, porém o comum não julga o especializado. A competência da Justiça Militar – julga crime militar, jamais os conexos (crimes comuns), conforme o Art. 9º, do Código Policial Militar. Obs.: A Justiça Militar é tão específica que tem o seu próprio Código (de tão especializada que ela é). Art. 9º “O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos têrmos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal. Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os exames, perícias e avaliações realizados regularmente no curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas neste Código.” Alternativa correta: C – Caso um policial militar cometa, em uma mesma comarca, dois delitos conexos, um cujo processo e julgamento seja de competência da justiça estadual militar e o outro, da justiça comum estadual, haverá cisão processual. Os desembargadores dos tribunais de justiça dos estados e dos tribunais regionais federais posssuem prerrogativa de foro especial, devendo ser processados e julgados criminalmente pelo STJ (e não STF). Questão. 10: Matéria – Das Questões e Processos Incidentes. Questões Prejudiciais: Devem ser julgadas antes do mérito, necessariamente, pois se vincula a um elemento constitutivo do crime, razão pela qual podem prejudicar a própria caracterização da existência do crime. Estas questões são divididas em: - Homogêneas: É a questão que pertence ao mesmo ramo do direito da questão de mérito (penal). Portanto, a questão prejudicial será resolvida no âmbito penal e julgada no mesmo. Ex.: Crime de receptação. - Heterogêneas: Se refere a questões ligadas a outro ramo do direito (extrapenal). Ex.: Crime de bigamia – cabe verificar se na esfera civil, o réu promoveu ação de nulidade do primeiro casamento. Nota-se que a validade do casamento – pertence ao Direito Civil. O juiz diante desta questão – pode suspender (é uma faculdade) se a questão versar sobre outra área do direito, porém o juiz deverá (é obrigado) a suspender se o assunto for relacionado ao estado civil da pessoa. Portanto, no crime de bigamia: - 1º resolve na esfera civil; - 2º após julga o crime na esfera penal. Art. 92 – “Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. Parágrafo único - Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados.” Obs.: O crime de bigamia continua em vigor no ordenamento jurídico, pois os crimes revogados são os de adultério; rapto e sedução. Alternativa correta: A – A ação penal deverá ser suspensa até que a nnulidade do primeiro casamento de Márcio seja resolvida definitivamente no juízo cível (Art. 92, do CPP). Questão. 11 Materia: Ação Penal. A extinção de punibilidade é materia que se resolve de ofício. Princípio da Indivisibilidade: Para o princípio da indivisibilidade a queixa, instituto exclusivo da ação penal privada, deve abranger todos agentes que praticaram o delito, não pode o autor (vítima) escolher dentre eles qual vai processor. Portanto, este princípio obriga o ofendido a ajuizar ação penal contra todos os agressores que tenham, juntos, cometido o delito. Tal dispositivo tem por fundamento evitar que a vítima escolha a pessoa a ser punida, passando a ocupar uma posição inadequada de vingador, além de poder conseguir vantagens com a opção feita. O perdão é um ato bilateral, razão pela qual depende da anuência de quem será consagrado por ele. Alternativa correta: C – A queixa contraqualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o MP velará pela sua indivisibilidade.
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