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Direito Processual Trabalhista Prof. Lilian Babo Matéria: Reclamação Trabalhista/ Modalidades de Prescrição/ Liminar/ Competência Territorial/ Provas/ Ritos Processuais/ Audiência 01/06/2011 Reclamação Trabalhista: Pode ser escrita ou verbal, conforme artigo 840, § 1º e 2º da CLT. A reclamação verbal será distribuída e, posteriormente, o reclamante deverá comparecer no prazo de 5 dias à secretária para que um serventuário da justiça a reduza a termo, sob pena de arquivamento do pedido e perda do direito de ação pelo prazo de 6 meses, de reclamar perante a Justiça do Trabalho. OBS: No caso da perda do direito de mover ação pelo prazo de 6 meses, a prescrição interrompe e começa a contar novamente do zero. (Súmula 268 do TST) Art. 840. “A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. § 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou chefe de secretaria, observado, no que couber, o disposto no parágrafo anterior.” TST Enunciado nº 268 - Ação Trabalhista Arquivada - Prescrição - Interrupção “A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.” Modalidades de Prescrição: Prescrição: É a perda do direito de ação em decorrência da inércia do titular de um direito em acionar o Judiciário na busca de uma sentença que reconheça a sua prestação. a) Prescrição Bienal: Rompido um contrato de trabalho, o reclamante possui 2 anos para ajuizar à ação trabalhista, contados da data da rescisão do contrato. Se ajuizar após este prazo, ocorre a prescrição bienal, ou seja, a perda do direito de ação. b) Prescrição Quinquenal: O empregado terá o direito de pleitear os últimos 5 anos trabalhados, contados da data da distribuição da ação. c) Prescrição Trintenária: O Fundo de Garantia prescreve em 30 anos, todavia deverá ser respeitado o prazo bienal. Reclamação Trabalhista e a Medida Liminar: É possível promover a reclamação trabalhista com liminar, nas hipóteses do Art. 659, IX e X, da CLT. Art. 659 IX – “conceder medida liminar, até decisão final do processo em reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do Art. 469 desta Consolidação. X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador.” Hipóteses: 1º Somente para tornar-se efeito em uma transferência abusiva. O empregado poderá se transferido (Art. 469, da CLT), desde que: - For provada a real necessidade da sua transferência; - Se o empregado concordar com a transferência. 2º Para reintegrar o dirigente sindical. O dirigente sindicial goza de estabilidade provisória, a partir do registro da candidatura a cargo de direção sindical e, se eleito, ainda como suplente, até 1 após o final do mandato, salvo se cometerem falta grave apurada nos termos da lei. Obs.: Caso seja demitido arbitrariamente, será reintegrado ao cargo de dirigente sindical. Obs.: A gestante também goza de estabilidade, porém não poderá pleitear a reclamação trabalhista com liminar. Requisitos da Reclamação Trabalhista (Escrita) – Art. 282, do CPC: - Endereçamento; - Qualificação das partes; - Exposição de fatos e pedidos; - Pedido; - Procedência; - Prova; - Valor da causa. Competência Territorial: Trata-se de competência Relativa – sendo arguida apenas pela parte contrária na primeira oportunidade (na audiência na peça de exceção de incompetência) sob pena de preclusão. O Art. 651, da CLT fixa a competência territorial. Onde o empregado deve promover à ação? Regra: No local de prestação do serviço, independentemente do local da contratação. Art. 651. “A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.” - Agente e Viajante Comercial: Para estes empregados existe uma regra própria – o local da sede ou filial e a esta o empregado esteja subordinado; na falta, será competente a vara da localização em que o empregado tenha domicílio. Art. 651 § 1º “Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.” - Serviços prestados no Estrangeiro: São 3 condições para que o Brasil seja competente para julgar e processar esta relação: - Empregado tem de ser brasileiro; - Deve ter uma sede / filial no Brasil; - Inexistir acordo, cláusula que disponha ao contrário. OBS: Neste caso a regra do direito processual a ser aplicada será: é a brasileira. A regra do direito material a ser aplicada: é a do local da prestação do serviço, salvo disposição em contrário. Art. 651 § 2º “A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional disposto em contrário.” Foro Optativo (Art. 651 §3º, da CLT): Quando a empresa prestar serviços fora do local da contratação, o empregado poderá optar ou pelo local da prestação ou pelo local da contratação. Ex: empresa de ônibus intermunicipal, circo, feira agropecuária. Art. 651 § 3º “Em se tratado de empregador que promove realização de atividades fora do lugar do controle de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.” Provas (requisito da petição inicial): O autor deve provar os fatos constitutivos e o réu deve provar fatos (MEI) modificativos, extintivos e impeditivos. Meios de Prova: - Depoimento pessoal; - Testemunhal; - Pericial; - Documental. O depoimento pessoal serve para tentar colher a confissão das partes. Obs.: Primeiro será ouvido o reclamante, sendo que, durante o seu depoimento, a reclamada deverá estar ausente da sala de audiência. Posteriormente, será ouvido a reclamada, podendo ficar presente o reclamante na audiência. Testemunhas: Para cada parte – 3 testemunhas: Ação de Rito Ordinário; Obs.: Na Ação de Inquérito Judicial para apuração de falta grave – podem ser ouvidas até 6 testemunhas para cada parte. A testemunha poderá ser contraditada. A contradita de testemunha é ato pelo qual uma das partes envolvidas no processo requer a impugnação da oitiva de uma testemunha, por entender que esta é impedida de depor, ou seja, é a arguição, por uma das partes, da incapacidade, impedimento ou suspeição da testemunha arrolada pela parte contrária, no momento de sua qualificação, antes de iniciar o depoimento. São casos de impedimento: - amizade íntima; - inimizade capital; - parentesco até o 3º grau; - interesse pessoal na ação. Obs.: O fato da testemunha ter movido uma ação contra a reclamada – não a torna impedida. A testemunha ao comparecer à audiência, recebe o dia trabalhado. O menor de 18 anos, pode ser ouvido como ouvinte, razão pela qual não estará compromissado com a verdade, ou seja, não responderá por crime de falso testemunho. A testemunha militar ou civil, será notificadona pessoa do seu chefe (superior), para que compareça à audiência. Perícia: O juiz é quem nomeia o perito, sendo que as partes possuem a faculdade para nomear assistente. O asistente deverá juntar o seu laudo no mesmo prazo dos peritos. Documentos (Art. 830, da CLT): Os documentos juntados serão declarados autênticos, sob a responsabilidade do próprio advogado. Os documentos serão apresentados junto com a reclamação trabalhista. Sendo que, para a reclamada o momento para juntar os documentos será na audiência, junto com a sua contestação. Art. 830. “O documento oferecido para prova só é aceito se estiver no original ou em certidão autêntica, ou quando conferida a respectiva pública-forma ou cópia perante o juiz ou Tribunal.” Somente, será possível juntar documento em momento diverso se for: um documento novo ou se for comprovado que as partes não tiveram condições de junta-lo antes (Súmula 8º/TST). TST Enunciado nº 8 - Juntada de Documento - Fase Recursal Trabalhista “A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sentença.” Valor da Causa: O valor da causa irá definir o rito processual a ser seguido. - Ordinário – São as ações cuja o valor da causa seja acima de 40 salários mínimos. - Sumário/ Rito de Alçada/ Processo de Única Instância – São as ações cuja o valor da causa seja de até 2 salários mínimos. - Sumaríssimo (mais perguntado em exame da OAB – ver artigo 852-B da CLT) – Reclamatórias trabalhistas cujo o valor da causa esteja limitado até 40 salários mínimos. Rito de Alçada/Sumário/Processo de Única Instância: Estas ações são irrecorríveis (não cabe recurso para instância superior), salvo quando houver na sentença afronta à CF – cabe Recurso Extraordinário, no prazo de 15 dias, julgado pelo STF. Obs.: No rito sumário são ouvidas 3 testemunhas. No rito ordinário são ouvidas 3 testemunhas. Rito Sumaríssimo: O pedido deve ser certo e determinado indicando os valores correspondentes. Não cabe citação por edital, ou seja, a parte tem a obrigação de indicar o endereço e a qualificação da parte contrária, sob pena de extinçao do processo sem resolução do mérito. Obs.: Em caso de não observância destes 2 requisitos pelo reclamante, o juiz arquiva a ação e o reclamante tem que pagar custas com base no valor da causa. Não podem se beneficiar deste rito: - Administração Pública Direta; - Autárquica; - Fundacional. Distribuída a reclamação (no rito sumaríssimo) – à apreciação do pedido deverá ocorrer no prazo de 15 dias, contados da data da distribuição. Audiência sempre será UNA – todos os incidentes e exceções serão julgados na mesma audiência. Se houver necessidade de perícia, esta deverá ser feita em 30 dias e a manifestação das partes sobre o laudo deve ser feita em prazo comum de 5 dias. Características para o Rito Sumaríssimo: - A sentença dispensa relatório, porém deve ter a fundamentação e o dispositivo final. - Exige apenas uma tentativa de Conciliação Obrigatória (na abertura da audiência) - As alegações finais são dispensáveis. Distribuída à ação a secretária da vara terá o prazo de 48 horas para expedir a notificação para a reclamada – comparecer em audiência e promover (se desejar) a sua defesa (contestação, exceção ou reconvenção). Na Justiça do Trabalho o aviso de recebimento – só será juntado em notificação infrutífera. A notificação na esfera trabalhista é em regra por correio (e não pessoal, ou seja, qualquer pessoa poderá recebe-la). A notificação na Justiça do Trabalho será presumida em 48 horas após a expedição da notificação. Essa presunção é relativa, pois admite prova em contrário pela reclamada. Obs.: A reclamada pode provar que não recebeu a notificaçao, p.ex: por conta da mudança de endereço, nesta circunstância todos os atos já realizados serão considerados nulos. Entre a notificação e a audiência deverá ter um lapso temporal de 5 dias. Obs.: Isto, não significa que a contestação será realizada em 5 dias, pois esta é feita em audiência. Para os entes públicos o lapso temporal entre a notificação e a audiência será contado em quádruplo – 20 dias. (atenção dobro para recurso). Desenvolvimento da Audiência: A audiência é aberta através do chamamento das partes, o que é denominado como pregão. Deverão comparecer à audiência: as partes – reclamante e reclamada. Nas ações plúrimas e nas ações de cumprimento o reclamante poderá ser representado pelo sindicato da sua categoria. Já a reclamada pode se fazer substituir por um preposto (obrigatoriamente um empregado da empresa). Requisitos para ser preposto: - Empregado da empresa; - Conhecimento dos fatos (não precisa ter vivenciado os fatos). Exceção: Para as microempresas e empresas de pequeno porte – o preposto não precisa ser empregado da empresa. Quando o reclamante devidamente notificado não comparecer à audiência – ocorrerá o arquivamento do processo (extinção sem resolução do mérito). Poderá promover imediatamente a propositura de outra demanda, mas se der causa duas vezes ao arquivamento – perderá o direito de propor à ação novamente, podendo propô-la somente quando transcorrer o prazo de 6 meses (a prescrição será interrompida). Se der causa pela 3 vez ao arquivamento – implicará na perempção, conforme o Art. 731, da CLT. Se a reclamada faltar à audiência – sofrerá os efeitos da revelia e a pena de confissão quanto a matéria de fato. Caso os dois faltem (reclamante e reclamada) à audiência – o processo será arquivado (julgado extinto sem a resolução de mérito). Todavia, no rito ordinário essa audiência poderá ser fracionada em 3: 1ª – Audiência de Tentativa de Conciliação / inicial / inaugural (a reclamada deverá entregar a defesa nesta audiência caso não seja realizado o acordo). 2º - Audiência de Instrução ou Prosseguimento (essa audiência serve para colher as provas orais): - depoimento pessoal; - testemunha. 3º - Audiência de julgamento. Obs.: No rito sumaríssimo à audiência não será fracionada. Audiência de Instrução: Se o reclamante ou reclamado for ausente na audiência de instrução – o processo não será arquivado. O reclamante sofrerá a penalidade da confissão quanto a matéria de fato. Caso as duas partes (simultaneamente) faltarem à audiência de instrução – o juiz irá julgar o processo de acordo com os documentos já juntados pelas partes. Audiência de Julgamento: As partes não precisam comparecer à audiência de julgamento, pois esta ficará a disposição via edital.
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