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NOTA TÉCNICA REFORMA PEC 287.docx

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Nota Técnica ANADEF/Presidência 2015-2017/n.º01/2017
EMENTA: Proposta de Emenda à Constituição- PEC- 287, que altera os artigos 37, 40, 109, 149, 167, 195, 201 e 203 daConstituição Federal, para estabelecer a reforma da previdência.
AUTOR: Poder Executivo
SITUAÇÃO ATUAL: em trâmite na Comissão Especial
Relator na Comissão Especial: Deputado Federal Arthur Maia- PPS/BA
“Se perguntássemos a ele (o trabalhador real) qual ele acha a melhor parte de sua vida, não é provável que ele dissesse: “Eu gosto do trabalho manual porque ele me faz sentir que estou fazendo a tarefa mais nobre do homem, e porque eu gosto de pensar o quanto ohomem pode transformar o planeta. É verdade que o meu corpo necessita de períodos de descanso, que devo preencher da melhor forma possível, mas eu nunca fico tão feliz quanto quando chega a manhã e eu posso retornar ao trabalho duro do qual provém o meu contentamento”. Eu nunca ouvi trabalhadores dizerem este tipo de coisa. Eles consideram o trabalho como ele deve ser considerado, um meio necessário à sobrevivência, e é de seu lazer que eles obtêm qualquer felicidade que possam ter.” (Bertrand Russell).[1: Russell, Bertrand. O Elogio ao Ócio. Ed. Sextante, p. 31.]
A Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais – ANADEF, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, considerando o mister estatutário de colaborar com Poder Legislativo, apresentar NOTA TÉCNICA À PEC 287/2016, com base nos argumentos de fato e de Direito a seguir alinhavados.
A NOTA TÉCNICA ora apresentada foi elaborada pela Comissão Previdenciária da ANADEF, composta pelos Defensores Públicos Federais Leonardo Cardoso de Magalhães (DPU/DF), Shelley Duarte Maia (RJ), Tadeu Rodrigues Monteiro Ceia (PA) e Thales ArcovedeTreiger (RJ).
	
BREVE INTRODUÇÃO
A expressão “Constituição cidadã” tem sido historicamente utilizada como sinônimo da Constituição Federal promulgada em 1988, em razão dos avanços que inaugurou na proteção dos Direitos Sociais.
Neste giro, é possível asseverar, sem receio de incorrer em hipérbole, que a aprovação da PEC 287/2016 significará truculenta subversão do sistema constitucional de direitos sociais do cidadão, de maneira a violar a própria identidade da Carta Magna.
No entanto, o Governo Federal, imbuído do propósito de angariar a simpatia da opinião pública à Reforma Previdenciária, vem alarmando a Sociedade com notícias sobre o alegado déficit da Previdência Social.
Por outro lado, verifica-se que as informações e estatísticas apresentadas pelo Governo têm sido fundamentadamente refutadas por especialistas das mais diversas áreas do conhecimento, assim como por inúmeras entidades públicas e privadas.
Neste diapasão, cumpre destacar o conteúdo do Relatório sobre a Seguridade Social elaborado pela ANFIP – Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil.[2: http://www.anfip.org.br/doc/publicacoes/Documentos_18_02_2017_13_05_05.pdf]
De acordo com o disposto na exposição em referência, ao contrário do quanto propalado pelo Governo, a Seguridade Social vem apresentando resultado SUPERAVITÁRIO:
	R$ bilhões 
	2012
	2013
	2014
	2015
	RECEITAS
	595,8
	651,1
	687,8
	694,2 
	PROG.SOCIAIS
	513,0
	574,7
	632,1
	683,1 
	SUPERÁVIT
	82,8
	76,4
	55,7
	11,1
Veja-se, na esteira destes dados, que foi impetrado por 28 deputados desta nobre casa o Mandado de Segurança 34.635, contra os atos do processo legislativo referente à PEC 287/2016, porquanto seu envio ao Congresso não fora precedido por estudo atuarial. 
Ainda segundo o relatório elaborado pela ANFIP, em 2013 foram desvinculados R$ 63,4 bilhões das contribuições sociais; em 2014, R$ 63,2 bilhões e, em 2015, foram desvinculados R$ 63,8 bilhões das contribuições sociais, através da Desvinculação das Receitas da União (DRU).
As renúncias previdenciárias, a seu turno, somam R$ 69,70 bilhões, ao passo que a dívida ativa previdenciária alcança a impressionante marca de R$ 374,90 trilhões.
No tocante à renúncia fiscal, os dados levantados pela ANFIP demonstram que apenas nos últimos 6 anos a União abriu mão de 1,35 trilhões de reais em renúncias tributárias.
Insta mencionar que, em nota pública sobre a Reforma Previdenciária, o Fórum das Carreiras de Estado de São Paulo destacou que de 2000 a 2015 foi retirada do regime da seguridade social a quantia atualizada de R$ 2.828.113.361.544,62 (dois trilhões, oitocentos e vinte e oito bilhões, cento e treze milhões, trezentos e sessenta e um mil, quinhentos e quarenta e quatro reais e sessenta e dois centavos), usada basicamente para pagamento de juros da dívida.[3: http://ajufesp.org.br/?noticias=Nota_Publica_do_FOCAE-SP_sobre_a_reforma_da_Previdencia]
Ainda, de acordo com a nota, “para o orçamento da União de 2015, 42,43% foram destinados ao pagamento de juros e amortização da dívida pública. Tanto o superávit previdenciário como as receitas advindas da DRU foram drenadas para o pagamento dos juros da dívida pública, transferindo recursos do cidadão para alguns poucos beneficiários, causando injusta concentração de renda, que será agravado pela Reforma.”
Segundo a ANFIP, o valor pago a título de juros da dívida pública (a qual certamente demanda auditoria) em 2016 correspondeu a 600 bilhões de reais.
Em suma, consoante suscitado pelo CONAMP em sua nota técnica contrária à PEC 287/2016, somando-se as desonerações tributárias, juros da dívida pública, sonegação fiscal e corrupção, somente em 2016, o país perdeu 1,567 trilhões de reais, valor 2,31 vezes maior do que a pretensa economia a ser auferida com a reforma previdenciária em 10 anos.[4: http://conamp.org.br/images/notas-tecnicas/NT_12_PEC%20287.pdf]
Evidentemente, os beneficiados com esta disposição das receitas públicas não são os trabalhadores e servidores públicos, de cujas garantias sociais mínimas, entretanto, se pretende alienar.
Importante destacar que a ANFIP, na nota supra referida, apresenta propostas que traduzem ideias concretas para a gestão das receitas federais, sem subverter o sistema de garantias constitucionais dos trabalhadores:
“PROPOSTAS – ANFIP/CENTRAIS (06/06/2016) • 1. Revisão ou fim das desonerações das contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento das empresas; • 2. Revisão das isenções previdenciárias para entidades filantrópicas; • 3. Alienação de imóveis da Previdência Social e de outros patrimônios em desuso através de leilão; • 4. Fim da aplicação da DRU - Desvinculação de Receitas da União - sobre o orçamento da Seguridade Social; • 5. Criação de mecanismos mais ágeis para a cobrança da dívida ativa da Previdência Social; • 6. Melhoria da fiscalização da Previdência Social, por meio do aumento do número de fiscais em atividade e aperfeiçoamento da gestão e dos processos de fiscalização; 7. Revisão das alíquotas de contribuição para a Previdência Social do setor do agronegócio; • 8. Destinação à seguridade/previdência das receitas fiscais oriundas da regulamentação dos bingos e jogos de azar, em discussão no Congresso Nacional; • 9. Recriação do Ministério da Previdência Social ou da Seguridade Social (Banco da Seguridade Social).”
Ante tantos dados de extrema relevância para a compreensão do panorama atual da Seguridade Social, que demandam maiores esclarecimentos, e em observância ao Princípio da Transparência, a franca e urgente ampliação do debate com a sociedade, bem como a manifestação clara, pelo Governo, sobre as informações e propostas supra colacionadas, são medidas que se impõem.
DOS LIMITES DO PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL
O Poder Constituinte é didaticamente subdividido em Poder Constituinte Originário - o poder de criar uma nova constituição - e Poder Constituinte Derivado - o poder de alterar o texto constitucional.
Entretanto, a Doutrina contemporânea tem abandonado a expressão “poder constituinte derivado”, porquanto, em verdade, não se trata de poder constituinte propriamente dito, uma vez que é instituído, regulado e limitado pela constituição originária.
Assim,vem ganhando destaque a terminologia “poder de reforma constitucional”.
Na esteira do escólio do professor Ingo Wolfgang Sarlet, verifica-se que todo sistema jurídico reclama um núcleo de constante rigidez, consubstanciado nas cláusulas pétreas, em face da necessidade de preservar as decisões fundamentais do constituinte originário, evitando que uma reforma ampla e ilimitada desemboque na destruição da ordem constitucional.
Desta feita, é importante destacar, nas palavras do Eminente constitucionalista, que“a garantia de certos conteúdos essenciais protege a Constituição contra os casuísmos da política e o absolutismo das maiorias (mesmo qualificadas) parlamentares.”[5: Sarlet. Ingo Wolfgang. Curso de Direito Constitucional. Ed. Saraiva. 5ª edição. P.133.]
Neste diapasão, há que se reconhecer que os direitos sociais constituem parte integrante do núcleo rígido da Constituição Federal de 1988, previsto no art. 60, § 4º, IV:
“Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
(...)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
(...)
IV - os direitos e garantias individuais.”
Com efeito, a expressão adotada pelo constituinte originário, “direitos e garantia individuais”, não pode, em absoluto, ser interpretada restritivamente, impondo-se a realização de uma interpretação sistemática, para concluir sobre o verdadeiro alcance da norma constitucional, qual seja, os direitos fundamentais.
Neste espeque, verifica-se que já no preâmbulo da Constituição Federal o constituinte erigiu a garantia dos direitos sociais e individuais como objetivos permanentes de nosso Estado:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.” (destacou-se)
É incontestável, portanto, consoante a sábia lição do professor Ingo Sarlet, que “a Constituição consagra a ideia de que constituímos um Estado Democrático e Social de Direito, o que transparece claramente em boa parte dos princípios fundamentais, com destaque para o arts. 1º, I a III, e 3°, I, III e IV.”[6: Sarlet. Ingo Wolfgang. Curso de Direito Constitucional. Ed. Saraiva. 5ª edição, p. 146.]
Assim, a proteção aos direitos fundamentais sociais consubstancia a própria concepção de Estado estatuída pela nossa Constituição.
Cabe aqui, quanto à importância dos princípios fundamentais na exegese da Constituição, recorrer aos ensinamentos da professora Flávia Piovesan, os quais ora se transcreve:
“A relevância, finalmente, do entendimento dos princípios fundamentais de nossa Constituição, como efetivas normas constitucionais, parece ser irretorquível. Mais genéricos que muitas das demais normas insertas dentro do mesmo corpo legislativo, têm eles, assim, a máxima abrangência no ordenamento. Além disso, são o maior substrato quer do texto, quer, por consequência, da ordem jurídica que à vista dele se implementa. Por essas razões, cabe ao exegeta, a quem se confere a contínua missão de fazer concretos os preceitos constitucionais, deles partir em suas ações e exigências, sob pena de incorrer em inconstitucionalidades e, pior, macular o que de mais caro contém o sistema jurídico.”[7: Piovesan, Flávia. Temas de Direitos Humanos. Ed. Saraiva, 9ª edição, p. 578.]
Por fim, para espancar quaisquer dúvidas, importa sobrelevar quetodos os direitos fundamentais consolidados pela Constituição Federal são, em última análise, direitos de titularidade individual.
Com efeito, é o indivíduo que tem direito à igualdade, à liberdade, à saúde, à seguridade social etc.
Desta feita, os direitos fundamentais, aí compreendidos os direitos sociais, constituem sempre limites ao poder de reforma constitucional.
Relevante destacar, outrossim, princípio da mais elevada envergadura, solapado pela PEC 287/2016, qual seja, o Princípio da Proibição ao Retrocesso Social. 
Neste diapasão, calha transcrever a didática decisão do Eminente Ministro Celso de Mello, no julgamento do ARE 745745 A GR / MG:
“Para além de todas as considerações que venho de fazer, há, ainda, um outro parâmetro constitucional que merece ser invocado no caso ora em julgamento. Refiro-me ao princípio da proibição do retrocesso , que, em tema de direitos fundamentais de caráter social, impede que sejam desconstituídas as conquistas já alcançadas pelo cidadão ou pela formação social em que ele vive, consoante adverte autorizado magistério doutrinário (GILMAR FERREIRA MENDES, INOCÊNCIO MÁRTIRES COELHO e PAULO GUSTAVO GONET BRANCO, “Hermenêutica Constitucional e Direitos Fundamentais”, 1ª ed./2ª tir., p. 127/128, 2002, Brasília Jurídica; J. J. GOMES CANOTILHO, “Direito Constitucional e Teoria da Constituição”, p. 320/322, item n. 03, 1998, Almedina; ANDREAS JOACHIM KRELL, “Direitos Sociais e Controle Judicial no Brasil e na Alemanha”, p. 40, 2002, Sergio Antonio Fabris Editor; INGO W. SARLET, “Algumas considerações em torno do conteúdo, eficácia e efetividade do direito à saúde na Constituição de 1988”, “in ” Interesse Público, p. 91/107, n. 12, 2001, Notadez; THAIS MARIA RIEDEL DE RESENDE ZUBA, “O Direito Previdenciário e o Princípio da Vedação do Retrocesso”, p. 107/139, itens ns. 3.1 a 3.4, 2013, LTr, v.g.). 
Na realidade, a cláusula que proíbe o retrocesso em matéria social traduz, no processo de sua concretização, verdadeira dimensão negativa pertinente aos direitos sociais de natureza prestacional (como o direito à saúde), impedindo, em consequência, que os níveis de concretização dessas prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser reduzidos ou suprimidos, exceto na hipótese – de todo inocorrente na espécie – em que políticas compensatórias venham a ser implementadas pelas instâncias governamentais. 
(...)
Em grande medida, os direitos sociais traduzem-se para o Estado em obrigação de fazer, sobretudo de criar certas instituições públicas (sistema escolar, sistema de segurança social, etc.). Enquanto elas não forem criadas, a Constituição só pode fundamentar exigências para que se criem; mas após terem sido criadas, a Constituição passa a proteger a sua existência, como se já existissem à data da Constituição. As tarefas constitucionais impostas ao Estado em sede de direitos fundamentais no sentido de criar certas instituições ou serviços não o obrigam apenas a criá-los, obrigam-no também a não aboli-los uma vez criados . Quer isto dizer que a partir do momento em que o Estado cumpre (total ou parcialmente) as tarefas constitucionalmente impostas para realizar um direito social, o respeito constitucional deste deixa de consistir (ou deixar de consistir apenas) numa obrigação positiva, para se transformar (ou passar também a ser) numa obrigação negativa. O Estado, que estava obrigado a actuar para dar satisfação ao direito social, passa a estar obrigado a abster-se de atentar contra a realização dada ao direito social . Este enfoque dos direitos sociais faz hoje parte integrante da concepção deles a teoria constitucional, mesmo lá onde é escasso o elenco constitucional de direitos sociais e onde, portanto, eles têm de ser extraídos de cláusulas gerais, como a cláusula do ‘Estado social’. ” 
Feitas estas breves considerações, passamos, a seguir, à exposição do caráter atroz das principais alterações consubstanciadas nesta emenda constitucional proposta pelo Poder Executivo Federal.
DAS INCONSTITUCIONALIDADES OBSERVADAS NAS ALTERAÇÕES DO RGPS
3.1- DAS MODIFICAÇÕES NA DISCIPLINA DAS APOSENTADORIAS
Inicialmente, insta sobrelevar que a PEC 287/2016 consubstancia alterações brutais na disciplina do Direito às aposentadorias e no cálculo da rendamensal correspondente, in verbis:
“§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social àqueles que tiverem completado sessenta e cinco anos de idade e vinte e cinco anos de contribuição, para ambos os sexos.
§ 7º-A. Por ocasião da concessão das aposentadorias, inclusive por incapacidade permanente para o trabalho, serão considerados para o cálculo do valor das aposentadorias os salários de contribuição do segurado ao regime de previdência de que trata este artigo e as remunerações utilizadas como base para as contribuições do segurado aos regimes de previdência de que tratam os arts. 40 e 42, respeitado o limite máximo do salário de contribuição do regime geral de previdência social.
 § 7º-B. O valor da aposentadoria corresponderá a 51% (cinquenta e um por cento) da média dos salários de contribuição e das remunerações utilizadas como base para as contribuições do segurado aos regimes de previdência de que tratam os arts. 40 e 42 acrescidos de 1 (um) ponto percentual para cada ano de contribuição considerado na concessão da aposentadoria, até o limite de 100% (cem por cento), respeitado o limite máximo do salário de contribuição do regime geral de previdência social, nos termos da lei. 
§ 7º-C. O valor da aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho, quando decorrente exclusivamente de acidente do trabalho, corresponderá a 100% (cem por cento) da média dos salários de contribuição e das remunerações utilizadas como base para as contribuições do segurado aos regimes de previdência de que tratam os arts. 40 e 42, respeitado o limite máximo do salário de contribuição do regime geral de previdência social, apurada na forma da lei.”
Do texto acima colacionado nota-se que a proposta “unifica”, as aposentadorias por tempo de contribuição e idade, sendo exigidos a idade de 65 anos para homens e mulheres, e 25 anos de contribuição.
Neste diapasão, é necessário destacar, inicialmente, que a elevação da idade mínima para a aposentadoria da mulher fulmina a necessária igualdade material, configurando violação ao Princípio Constitucional da Isonomia.
Com efeito, o tratamento desigual posto pelo constituinte originário se justifica pelas desigualdades observadas na realidade vivida pelas mulheres, que mesmo hoje enfrentam maiores dificuldades para se manter no mercado de trabalho, além de se desdobrar na chamada “dupla jornada”, acumulando trabalho e o cuidado com o lar e os filhos.
Inobstante, questão ainda mais preocupante, sem dúvida, consiste na exigência mínima de 25 anos de contribuição.
De acordo com as normas hoje em vigor, a carência necessária à concessão da aposentadoria por idade corresponde a 15 anos de contribuição.
Importante notar que o número de aposentadorias por idade em dezembro de 2016, segundo dados levantados pela ANFIP, corresponde a quase o dobro do número de aposentadorias por tempo de contribuição, a qual, hoje, exige 30 anos de contribuição para as mulheres, e 35 anos de contribuição para os homens.
Assim é que, primeiramente, devemos nos perguntar quantos segurados serão simplesmente excluídos do Direito à aposentadoria, mesmo havendo contribuído à Previdência, por exemplo, por mais de 20 anos.
Insta notar que manter-se ininterruptamente no mercado de trabalho é tarefa das mais difíceis, sobretudo em um país onde a educação é falha, gerando mão-de-obra predominantemente pouco qualificada, e a instabilidade econômica vem provocando aumento do desemprego e crescimento da população ocupada em trabalhos informais.
No que tange à escolaridade, em 2014o IBGE concluiu que 57,4% da população brasileira com mais de 25 anos não possuíam sequer o Ensino Médio Completo, ao passo que apenas 12,4% contavam com mais de 15 anos de estudo.
Impõe-se relevar, por oportuno, que o estímulo ao trabalho precoce, notadamente nas classes baixas, não raro representa o abandono dos estudos, de maneira a perpetuar a desqualificação da mão-de-obra e, paradoxalmente, a dificultar ou impossibilitar a manutenção do indivíduo no mercado do trabalho, em especial após a velhice.
Isto porque a atividade exercida pelo trabalhador de baixa escolaridade normalmente exige grandes esforços físicos, implicando em serviços braçais.
Insensível à realidade brasileira, entretanto, a PEC 287/2016 prevê, ainda, que apenas logrará receber proventos integrais o trabalhador que totalizar 49 anos de contribuição.
Para receber 100% do salário de benefício aos 65 anos, portanto, será necessário que o trabalhador ingresse no mercado de trabalho aos 16 anos e, a despeito de todas as dificuldades supra narradas, trabalhe ininterruptamente até os 65.
Não conseguindo levar a efeito tal façanha, o trabalhador precisará continuar trabalhando após os 65 anos, seja para completar o tempo de contribuição necessário à aposentadoria, seja para tentar elevar sua renda mensal a um patamar digno.
Nesse ponto é importante frisar que segundo a OMS há uma diferença entre o aumento da expectativa de vida e a idade de sanidade de uma pessoa, que reflete até qual idade uma pessoa se mantém apta ao trabalho e o desenvolvimento de suas funções.
Em estudo a OMS apontou recentemente que o Brasil possuía expectativa média de vida de 75 anos, entretanto, ao se analisar o número de anos que a pessoa se mantém sã essa idade reduziu para 63 anos.[8: http://gamapserver.who.int/gho/interactive_charts/mbd/life_expectancy/atlas.html][9: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/05/expectativa-de-vida-no-mundo-aumenta-5-anos-entre-2000-e-2015.html]
Ou seja, segundo a organização há uma diferença de em média 11,7% (varia entre 9,3% e 14,7%) entre a expectativa de vida e a idade máxima que a pessoa mantém controle sobre todas as suas faculdades mentais e físicas.
Ao se manter a nova normativa na forma como encaminhada ao congresso nacional teremos uma exigência de trabalho muito além do que em média o corpo humano pode aguentar com mínima qualidade de vida. 
Estamos falando, portanto, de normas que dizem respeito ao idoso.
Em 2010, o Relatório Anual da Especialista Independente sobre direitos humanos e extrema pobreza ressaltou que “a tradição de muitos Estados em sistemas contributivos de pensão como a principal fonte de seguridade social em idades avançadas estava a conduzir à desproteção de parcelas significativas das pessoas idosas – problema particularmente sério para as mulheres, já que a maioria não é coberta por pensões contributivas, embora exista a tendência de que elas vivam mais. Com isso, investimentos em pensões não contributivas podem desempenhar um relevante papel no fortalecimento dos direitos das pessoas idosas e contribuir para a realização dos direitos humanos, especialmente dos direitos econômicos, sociais e culturais.”
Em 15 de junho de 2015 foi aprovada a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas, da qual o Brasil é país signatário.
A Convenção estabelece que é idosa a pessoa com 60 anos ou mais, salvo se a lei interna determinar uma idade base menor ou, caso maior, nunca superior a 65 anos.
O art. 4º do diploma em referência prevê que os países signatários adotarão “as medidas necessárias e, quando o considerem no âmbito da cooperação internacional, até o máximo dos recursos disponíveis e levando em conta seu grau de desenvolvimento, a fim de obter progressivamente, e em conformidade com a legislação interna, a plena efetividade dos direitos econômicos, sociais e culturais, sem prejuízo das obrigações aplicáveis de imediato em virtude do direito internacional.”
A PEC 287/2016, entretanto, subtrai a efetividade do Direito à Seguridade Social, na medida em que tem nítido propósito excludente.
Cumpre aqui atentar para o fato de que o Direito à saúde está abrangido pela Seguridade Social.
Contudo, é lamentável fato público e notório a falência da saúde pública em nosso país.
Com efeito, a assim chamada “judicialização da saúde” é consequência clara da ineficiência do serviço público prestado pelo Sistema Único de Saúde. 
Números colhidos entre 2013e 2014 revelam a propositura de mais de 24.000 ações judiciais em face da União, com o objetivo de obtenção de medicamentos a serem fornecidos pelo SUS.
No Rio de Janeiro, de acordo com matéria veiculada pelo Jornal O Globo em 18/02/2017, havia, em 2012, 13.851 pessoas na fila de espera por intervenções cirúrgicas nos seis hospitais federais da cidade. Quatro anos depois, em 2016, inobstante o ajuizamento de ação civil pública pela Defensoria Pública da União para a regularização e agilização do atendimento hospitalar, o número de pessoas nesta fila (convenientemente invisível) alcançou a estarrecedora marca de 23.000 pessoas.
Eis, portanto, o cenário cruel oferecido ao trabalhador pelo Estado, coroado pela PEC 287/2016: ante a ineficiência das políticas públicas de Educação, a sua escolaridade tenderá a ser baixa e seu trabalho, enquanto possuidor de mão-de-obra pouco qualificada, demandará esforços físicos; estas atividades, em especial com o avanço da idade, significarão o desenvolvimento de diversas enfermidades e a dificuldade progressiva de manutenção do segurado no mercado de trabalho; por outro lado, uma vez doente, o trabalhador não contará com a prestação de serviço de saúde pública eficiente. Ainda assim, para conseguir se aposentar com proventos integrais, deverá trabalhar durante 49 anos de sua vida.
Impossível não concluir, outrossim, que este panorama representa nítida violação ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, fundamento da República previsto no art. 1º, III, da CRFB, bem como tende a abolir, na prática, o acesso ao direito à seguridade social, garantia fundamental que consiste em cláusula pétrea (art. 60, § 4º, IV, da CRFB).
Importante ressaltar que, de acordo com a PEC 287/2016, apenas o valor das aposentadorias por incapacidade permanente decorrente exclusivamente de acidente de trabalho corresponderia a 100% da média dos salários de contribuição e remunerações do segurado.
Neste diapasão, observa-se franca afronta ao valor social do trabalho, outro fundamento da República previsto no art. 1º, III, da CRFB.
Isto porque o trabalhador que laborar durante 25 anos, por exemplo, não fará jus à integralidade da média remuneratória.
Malfere, ainda, o Princípio da Igualdade, porquanto o trabalhador que restar igualmente incapacitado de forma permanente, mas não em razão de acidente de trabalho, se submeterá à regra geral, com a renda mensal partindo da base de 51% da média dos salários de contribuição.
A seu turno, o § 15 do art. 201, com a redação proposta pela PEC 287/16 prevê que a idade mínima de 65 anos será majorada em números inteiros, sempre que verificado o incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira aos sessenta e cinco anos, para ambos os sexos, em comparação à média apurada no ano de promulgação da Emenda.
A norma em referência revela, portanto, violação ao Princípio da Razoabilidade e da Segurança Jurídica, uma vez que, ao estipular uma idade mínima em constante progressão, impede que os segurados planejem sua vida na velhice.
Os princípios em referência são igualmente afrontados pela pobre regra de transição observada na bárbara proposta:
“Art. 7º O segurado filiado ao regime geral de previdência social até a data de promulgação desta Emenda e com idade igual ou superior a cinquenta anos, se homem, e quarenta e cinco anos, se mulher, poderá aposentar-se quando preencher as seguintes condições, ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 201, § 7º, da Constituição: 
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher, acrescidos de um período adicional de contribuição equivalente a 50% (cinquenta por cento) do tempo que, na data de promulgação desta Emenda, faltaria para atingir o respectivo tempo de contribuição; ou
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, e cento e oitenta meses de contribuição, acrescidos de período adicional de contribuição equivalente a 50% (cinquenta por cento) do tempo que, na data de promulgação desta Emenda, faltaria para atingir o número de meses de contribuição exigido.”
Com efeito, o mero corte etário, de forma arbitrária, previsto no art. 7º da PEC 287/2016, para a possibilidade de fruição de regras diferenciadas (cumprimento de pedágio), sem, entretanto, qualquer ressalva no que tange ao cálculo do benefício, consubstancia violento golpe, ademais, no Princípio da Confiança.
Outro ponto de extrema relevância consiste na exigência de contribuição a ser recolhida diretamente pelos trabalhadores rurais sobre o limite mínimo do salário de contribuição para o RGPS:
““Art. 195. ...
 I - .............................................................................
 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço de natureza urbana ou rural, mesmo sem vínculo empregatício; .............................................................................
 II - do trabalhador, urbano e rural, e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; ............................................................................. 
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o extrativista, o pescador artesanal e seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão de forma individual para a seguridade social com alíquota favorecida, incidente sobre o limite mínimo do salário de contribuição para o regime geral de previdência social, nos termos e prazos definidos em lei.”
Note-se que o dispositivo constitucional hoje em vigor determina que a base de cálculo das contribuições daqueles que trabalham em regime de economia familiar, seja o produto da comercialização de sua produção, o que leva em consideração a sazonalidade da atividade rural (períodos de safra, temporadas de pesca, criação e engorda do gado etc).
A emenda proposta, contudo, ignora as peculiaridades da realidade vivida pelos trabalhadores rurais, maiores responsáveis pelo abastecimento dos alimentos consumidos em nosso país, violando os Princípios constitucionais da Igualdade material, da Capacidade contributiva e da Proporcionalidade.
Observe-se que na própria exposição de motivos da PEC 287/2016 se encontram os fundamentos do tratamento diferenciado dispensado aos segurados especiais pela Constituição até o momento:
“No que concerne à aposentadoria rural, cumpre mencionar que a regra atual prevê as idades mínimas de 60 anos para homens e 55 anos para mulheres, uma redução de 5 anos de idade em relação à aposentadoria do trabalhador urbano. Tal discriminação se justificava, à época, pelas adversas condições de vida e trabalho desse grupo, que exerce atividade tipicamente braçal, exposto às intempéries e, no passado, com grande dificuldade de acesso a serviços públicos básicos. 44. Outra razão importante é a predominância do trabalho informal, que reduz o rendimento médio do trabalhador rural, quando comparado à média dos trabalhadores urbanos. A solução encontrada foi a criação, para os trabalhadores rurais que exercem sua atividade em regime de economia familiar, de um sistema contributivo diferenciado para possibilitar o acesso à rede de proteção social, definido na própria Constituição Federal.”
A argumentação que segue, entretanto, no sentido da subversão da sistemática de contribuição do segurado especial, revela motivação meramente atuarial, uma vez que não aponta qualquer dado que indique a modificação substancial da realidade do trabalhador rural.
Por fim, impõe-se reconhecer o retrocesso da emenda em relação à aposentadoria especial.
Com efeito, a PEC 287/2016 passa a vedar a contagem de tempo de contribuição fictício, bem como extingueo regime atual das aposentadorias especiais:
“§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em lei complementar, os casos de segurados:
 I - com deficiência; e
II - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que efetivamente prejudiquem a saúde, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
§ 1º-A. Para os segurados de que tratam os incisos I e II do § 1º, a redução para fins de aposentadoria, em relação ao disposto no § 7º, será de, no máximo, dez anos no requisito de idade e de, no máximo, cinco anos para o tempo de contribuição. 
.............................................................................
§ 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição fictício para efeito de concessão dos benefícios previdenciários e de contagem recíproca.”
Assim é que os trabalhadores que se submetem a condições de trabalho nocivas à saúde precisarão se expor a tais atividades por mais tempo, o que viola, ademais, o seu Direito constitucional à saúde:
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de doença e de outros agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”
3.2 – DAS MODIFICAÇÕES RELATIVAS À PENSÃO POR MORTE E À ACUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS
A PEC 287/2016 afeta substancialmente o direito à pensão por morte, bem como a sua forma de cálculo.
Transcreve-se, por oportuno, a redação proposta:
“§ 16. Na concessão do benefício de pensão por morte, cujo valor será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento), acrescida de cotas individuais de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o limite de 100% (cem por cento) do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, observado o disposto nos §§ 7º-B e 7º-C, não será aplicável o disposto no § 2º deste artigo e será observado o seguinte: I - as cotas individuais cessarão com a perda da qualidade de dependente e não serão reversíveis aos demais beneficiários; e II - o tempo de duração da pensão por morte e as condições de cessação das cotas individuais serão estabelecidos conforme a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, nos termos da lei.” 
Note-se que a cota familiar de 50%, a ser acrescida de cotas individuais de 10% por dependente, incide sobre o valor correspondente ao que seria a aposentadoria do segurado falecido, sendo certo que o valor da aposentadoria, por sua vez, conforme supra destacado, será calculado a partir da base de 51% da média dos salários de contribuição do segurado.
A PEC prevê, ainda, que as cotas individuais serão irreversíveis quando perdida a condição de dependente.
Verifica-se, portanto, um verdadeiro esfacelamento do direito à pensão por morte, cujo objetivo seria o de garantir o sustento daqueles cuja subsistência dependia da renda do trabalhador.
Neste diapasão, a desconstrução da contrapartida prestada pelo Estado aos que dependiam do segurado falecido consiste em enriquecimento sem causa do Estado, incidindo em verdadeiro confisco, expressamente vedado pela Constituição Federal, em seu art. 150, IV.
Além disso, ao possibilitar que o benefício da pensão por morte seja inferior ao salário mínimo, a PEC viola o Princípio constitucional da Dignidade da Pessoa Humana, a garantia de especial proteção da família pelo Estado, prevista no art. 226 da CRFB, bem como os objetivos fundamentais de construção de uma sociedade justa e solidária e de erradicação da pobreza, estatuídos pelo art. 3º da Constituição Federal:
“ Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
  I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
 II - garantir o desenvolvimento nacional;
  III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;”
No que tange à acumulação de benefícios, a PEC 287/16 inaugura diversas vedações:
“§ 17. É vedado o recebimento conjunto, sem prejuízo de outras hipóteses previstas em lei: 
I - de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência de que trata este artigo;
 II - de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro, no âmbito do regime de previdência de que trata este artigo ou entre este regime e os regimes de previdência de que tratam os art. 40, art. 42 e art. 142, assegurado o direito de opção por um dos benefícios, ficando suspenso o pagamento do outro benefício; e
III - de pensão por morte e aposentadoria no âmbito do regime de previdência de que trata este artigo ou entre este regime e os regimes de previdência de que tratam os art. 40, art. 42 e art. 142, assegurado o direito de opção por um dos benefícios, ficando suspenso o pagamento do outro benefício.”
A proposta, portanto, veda em absoluto, toda e qualquer forma de cumulação de aposentadorias ou benefícios de pensão por morte no RPPS, ou entre benefício advindo de RPPS e outro de RGPS. 
Assim é que resta contundentemente violado o art. 201 da Constituição Federal:
“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)       (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;”      
Malferido, ainda, o Princípio da Universalidade da cobertura:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
Assim é que, mesmo após o devido recolhimento de contribuições previdenciárias, restará suprimida a possibilidade de o trabalhador usufruir da aposentadoria, caso já seja beneficiário de pensão por morte, inobstante possa vir a optar pelo benefício mais vantajoso.
Mais uma vez se fere, outrossim, a proteção especial à família, previsto no art. 226 da Constituição.
Importante sobrelevar que, para a população de baixa renda, onde existe invariável dependência econômica recíproca entre os membros familiares, a alteração proposta pela emenda ameaça a subsistência digna do familiar supérstite, e, portanto, viola, outrossim, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.
3.3- DAS MODIFICAÇÕES TANGENTES AOS BENEFÍCIOS ASSISTENCIAIS
Ponto importante que devemos levar em conta é a redução do escopo da assistência social. Neste tópico, faremos um pequeno parênteses para ressaltar que enquanto a previdência é custeada tal qual um seguro, contando com as contribuições sociais e com o custeio dos trabalhadores, a assistência social depende exclusivamente de recursos orçamentários. A necessidade de maior tempo de contribuição para o seguro social da Previdência, de natureza pública, certamente levará grande contingente de idosos ao completo e absoluto desamparo social. Se em uma ponta temos uma população de idosos que cresce dentre os que têm acesso a bens e serviços de saúde, nos estamentos sociais mais baixos, o número de pessoas idosas que dependerá de recursos orçamentários do Estado também crescerá. A redução orçamentária, por vinte anos, com gastos com saúde e assistência, aliado ao fato dos filhos destes mesmos idosos também trabalharem até idades mais elevadas para o cômputo das suas aposentadorias redundará em um grande número de idosos dependentes não apenas de programas de assistência social, como de cuidados intensos de saúde que drenarão ainda mais recursos orçamentários,ou, por outro lado ainda, prejudicarão sobremaneira a dignidade deste grande contingente de uma geração, equação esta que atenta contra a própria existência do estado do bem estar social.
Aqui é importante que se entenda o escopo do benefício em análise. O Benefício de Prestação Continuada é uma política pública de assistência para proteger as pessoas com deficiência e os idosos que não conseguem ter suas condições mínimas de vida atendidas por suas famílias. 
Os dois grupos sociais têm suas situações de vulnerabilidade reconhecidas inclusive no âmbito dos tratados internacionais assinados e ratificados pelo Brasil. 
No tocante aos idosos, em 15 de junho de 2015, foi aprovada a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas, da qual o Brasil é país signatário.
A Convenção estabelece que é idosa a pessoa com 60 anos ou mais, salvo se a lei interna determinar uma idade base menor ou, caso maior, nunca superior a 65 anos.
O art. 4º do diploma em referência prevê que os países signatários adotarão “as medidas necessárias e, quando o considerem no âmbito da cooperação internacional, até o máximo dos recursos disponíveis e levando em conta seu grau de desenvolvimento, a fim de obter progressivamente, e em conformidade com a legislação interna, a plena efetividade dos direitos econômicos, sociais e culturais, sem prejuízo das obrigações aplicáveis de imediato em virtude do direito internacional.”
As pessoas com deficiência por sua vez, têm sua vulnerabilidade reconhecida por meio da convenção de Nova York, que inclusive foi recepcionada no direito brasileiro com status de norma constitucional.
Tal convenção estabelece que as pessoas com deficiência têm direito a políticas de renda mínima, que foi o meio encontrado por todos os países de manter um piso vital para essas pessoas que, por sua própria condição, já enfrentam todos os tipos de desafios diariamente, vejamos:
Artigo 28
Padrão de vida e proteção social adequados
1.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência a um padrão adequado de vida para si e para suas famílias, inclusive alimentação, vestuário e moradia adequados, bem como à melhoria contínua de suas condições de vida, e tomarão as providências necessárias para salvaguardar e promover a realização desse direito sem discriminação baseada na deficiência. 
2.Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à proteção social e ao exercício desse direito sem discriminação baseada na deficiência, e tomarão as medidas apropriadas para salvaguardar e promover a realização desse direito, tais como:
(...)
b) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência, particularmente mulheres, crianças e idosos com deficiência, a programas de proteção social e de redução da pobreza;
c) Assegurar o acesso de pessoas com deficiência e suas famílias em situação de pobreza à assistência do Estado em relação a seus gastos ocasionados pela deficiência, inclusive treinamento adequado, aconselhamento, ajuda financeira e cuidados de repouso;
(...)
O seguimento da PEC 287/2016, sem as devidas alterações, fará com que o Brasil contrarie os tratados aqui apresentados, subtraindo a efetividade do Direito à Assistência Social, na medida em que tem nítido propósito excludente.
Entendida a premissa das críticas, passa-se a apontar os equívocos que devem ser suprimidos para manter um mínimo viável ao sistema de assistência idealizado por nosso constituinte originário.
De forma a melhor sistematizar o presente trabalho primeiramente se irá apresentar o que seria a futura redação do artigo 203, V e seus parágrafos, após pontua-se as alterações pontuais e então passa-se a explanação das razões das inconstitucionalidades.
Vejamos a redação então:
“Art. 203.
.............................................................................
V - a concessão de benefício assistencial mensal, a título de transferência de renda, à pessoa com deficiência ou àquela com setenta anos ou mais de idade, que possua renda mensal familiar integral per capita inferior ao valor previsto em lei.
§ 1º Em relação ao benefício de que trata o inciso V, a lei disporá ainda sobre:
I - o valor e os requisitos de concessão e manutenção;
II - a definição do grupo familiar; e
III - o grau de deficiência para fins de definição do acesso ao benefício e do seu valor.
§ 2º Para definição da renda mensal familiar integral per capita prevista no inciso V será considerada a renda integral de cada membro do grupo familiar.
§ 3º A idade referida no inciso V deverá observar a forma de revisão prevista no§ 15 do art. 201.” (NR)
 Uma vez vista a redação do artigo podem-se identificar as seguintes e inconstitucionalidades e retrocessos:
Violação de tratados internacionais assinados pelo Brasil através do aumento da idade mínima para o recebimento do benefício pelos idosos;
Tentativa de impor novamente um critério objetivo de miserabilidade por meio um valor fixado em lei, sem a observância de qualquer outro critério social;
Alteração da definição do núcleo familiar e da renda mensal per capita, incluindo até o recebimento de outros benefícios de cunho assistenciais;
Possibilidade de estabelecimento do valor do benefício em patamar inferior a um salário-mínimo.
O primeiro ponto a ser abordado é a evidente violação dos tratados até aqui expostos, a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos das Pessoas Idosas traz em suas definições o conceito de idoso, vejamos:
 “Idoso”: Pessoa com 60 anos ou mais, exceto se a lei interna determinar uma idade base menor ou maior, desde que esta não seja superior a 65 anos. Este conceito inclui, entre outros, o de pessoa idosa.
Deste modo, a elevação da idade para a proteção assistencial desse grupo vulnerável constitui clara violação aos objetivos convenção, que são tutelar os indivíduos que alcançaram essa faixa etária e não possuem mais forças para conseguir seu sustento.
Ademais, a proposta vai mais longe e estabelece um critério para ampliar a violação do tratado com o tempo em uma espécie de “agravamento da violação”. Em outras palavras, não satisfeito em violar o seu compromisso internacional, o Brasil vai na contramão e aumenta seu desrespeito pelo acordo.
Portanto, enquanto hoje a idade para a concessão do benefício é de 65 anos, a partir do advento de eventual Emenda Constitucional, a idade para a concessão do LOAS passa a ser de 70 anos, com uma possibilidade de vinculação ao aumento expectativa da média nacional nos moldes de um futuro parágrafo 15º do artigo 201.
Além disso, como se explicou acima, estamos diante de um benefício assistencial e que, portanto, é prestado apenas as camadas mais pobres da população que em regra possuem menos acesso a saúde, a saneamento básico, e menor expectativa de vida.
Se a média da população brasileira vive até os 75 não é difícil deduzir que justamente as pessoas que tem piores condições de vida terão uma expectativa de vida menor, por essa razão o aumento da idade para a concessão do benefício visa apenas inviabilizar o recebimento pelas camadas mais pobres da população.
Nesse sentido uma publicação estrangeira definiu o óbvio, quando mais dinheiro tem uma pessoa mais longa será sua expectativa de vida, na média. [10: http://exame.abril.com.br/economia/quanto-mais-rico-mais-anos-de-vida-diz-estudo/]
“Para os homens, os ganhos são de cerca de dois anos para indivíduos no primeiro decil (os 10% mais pobres) e seis anos para aqueles no topo da distribuição (os 10% mais ricos). Em contraste, a expectativa de vida está caindo para as mulheres nos degraus mais baixos e aumentando em 2-3 anos para aquelas no topo da distribuição”, escrevem eles.
Portanto a ampliação da idade mínima neste benefício tem apenas o condão de rarear sua concessão, inviabilizando que haja uma salvaguarda estatal para os idosos no momento mais delicado de suas vidas.
Outro ponto preocupante da presente reforma é a tentativa de trazer novamente um critério objetivo para aferira miserabilidade, sem levar em consideração as condições do núcleo familiar.
A miserabilidade de uma família não pode advir de uma simples forma matemática que venha a considerar miserável os indivíduos que tiverem renda per capta familiar inferior a ½ salário mínimo ou qualquer outro valor que se venha a definir em lei. 
O Supremo Tribunal Federal ao se debruçar sobre o critério objetivo da Lei 8.742/93 entendeu que aquele, além de defasado, não era a melhor forma de se aferir a miserabilidade de uma família, vejamos:
Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo fosse concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovassem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3. Reclamação como instrumento de (re)interpretação da decisão proferida em controle de constitucionalidade abstrato. Preliminarmente, arguido o prejuízo da reclamação, em virtude do prévio julgamento dos recursos extraordinários 580.963 e 567.985, o Tribunal, por maioria de votos, conheceu da reclamação. O STF, no exercício da competência geral de fiscalizar a compatibilidade formal e material de qualquer ato normativo com a Constituição, pode declarar a inconstitucionalidade, incidentalmente, de normas tidas como fundamento da decisão ou do ato que é impugnado na reclamação. Isso decorre da própria competência atribuída ao STF para exercer o denominado controle difuso da constitucionalidade das leis e dos atos normativos. A oportunidade de reapreciação das decisões tomadas em sede de controle abstrato de normas tende a surgir com mais naturalidade e de forma mais recorrente no âmbito das reclamações. É no juízo hermenêutico típico da reclamação – no “balançar de olhos” entre objeto e parâmetro da reclamação – que surgirá com maior nitidez a oportunidade para evolução interpretativa no controle de constitucionalidade. Com base na alegação de afronta a determinada decisão do STF, o Tribunal poderá reapreciar e redefinir o conteúdo e o alcance de sua própria decisão. E, inclusive, poderá ir além, superando total ou parcialmente a decisão-parâmetro da reclamação, se entender que, em virtude de evolução hermenêutica, tal decisão não se coaduna mais com a interpretação atual da Constituição. 4. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidadedo critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 6. Reclamação constitucional julgada improcedente
(Rcl 4374, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 03-09-2013 PUBLIC 04-09-2013)
A premissa é que a vida é mais complexa do que qualquer teoria e assim, buscar avaliar uma situação sem atentar para as suas especificidades faz com que se crie um critério injusto. 
Aqui, uma reforma no texto para incluir que será considerado elegível ao benefício de prestação continuada aquele que, avaliado por perícia social, demonstrar que efetivamente que necessita do benefício, trará maior justeza a regra e evitará concessões indevidas do benefício.
Ou seja, essa singela alteração trará a finalidade propagada de garantir o benefício apenas aos idosos e pessoas com deficiência que realmente se enquadrarem em situações de risco social.
Além do já exposto, outra alteração prejudicial que, à primeira vista pode parecer sutil, é a de que o indivíduo esteja inserido em um núcleo familiar cuja renda mensal integral per capita seja superior ao definido em lei.
Ou seja, por essa nova redação, outros benefícios assistenciais e previdenciários, mesmo que em valores de um salário mínimo deverão ser considerados para a renda da família, o que contraria a jurisprudência do STF, conforme pode ser exemplificado pelo RE 580.963, vejamos:
Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organização da Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios para que o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e a declaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 que: “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela Lei teve sua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossem consideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3. Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critérios definidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto à aplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada, elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceram critérios mais elásticos paraconcessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o Bolsa Família; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o Bolsa Escola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programas de garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisões monocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-se a ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial já concedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até um salário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiência em relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares de benefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento.
Veja-se, portanto, que novamente a Proposta de Emenda Constitucional visa dar passos atrás na proteção dos grupos sociais de idosos e pessoas com deficiência, o que não pode ser admitido pelo Poder Legislativo.
Por fim, a violação mais clara ao espirito constitucional de proteção assistencial vem com a possibilidade de fixação do benefício em valor inferior a um salário-mínimo, deixando de ser uma real política de assistência para se tornar uma percepção de renda aquém do mínimo necessário para preservar a dignidade da pessoa humana.
Por sua vez, justamente em razão da perseguida redução de recursos para políticas públicas, o BPC passará a ser pago em valores menores do que o salário mínimo. Além disso, o aumento progressivo da idade para a concessão daquele e abertura para um canal de alteração relativo aos graus de deficiência para a percepção do benefício tornam ainda mais sombrio o futuro da efetividade do benefício assistencial.
Concluindo, insta salientar que a assistência social não deve nem pode ser superavitária, uma vez que aqui estamos diante de políticas públicas que visam proteger pessoas em situaçõesdegradantes, condições abaixo do mínimo existencial e que, portanto, merecem a proteção estatal. 
Assim, a PEC mostra sua face mais perversa nesse ponto, pois toda a publicidade ao redor da medida seria em virtude do suposto déficit da previdência, mas reflexamente a proposta ataca, também, a assistência social que não tem vocação para ser superavitária, até mesmo porque, não decorre de um sistema contributivo.
DAS INCONSTITUCIONALIDADES OBSERVADAS NAS ALTERAÇÕES DO RPPS
O Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos sofre, pela terceira vez, em menos de 20 anos, profundas alterações constitucionais que conduzem a sua paulatina extinção, haja vista o estabelecimento de regras incompatíveis com a dinâmica e regimento jurídico de direito administrativo, com claras violações ao princípio da participação no custeio; da solidariedade e da proteção à velhice e a incapacidade laboral, bem como da vedação ao retrocesso social, na medida em que retiram direitos conquistados ao longo de décadas, a pretexto de garantir o equilíbrio das contas públicas.
A PEC 287/2016 estabelece tempo de contribuição mínimo de 49 anos, para que o servidor faça jus ao coeficiente 100% da média das remunerações que incidem nocálculo de sua renda mensal. Revoga as regras de transição estabelecidas pelas Emendas 19/98, 41/03 e 47/05 que garantiam a paridade e a integralidade de vencimentos aos servidores que tenham ingressado no serviço público até 19/12/2003.
A EC 19/98 que trouxe, dentro outras inovações, a possibilidade de se instituir o regime privado de previdência complementar para o servidor público, limitando-se, nessa hipótese, o valor do benefício ao teto do regime geral de previdência. Já a EC 41/03 foi a responsável por alterar a forma de cálculo dos benefícios previdenciários do setor público, impondo-lhes algumas regras aritméticas para a apuração da renda mensal inicial similar ao então vigente para o regime geral de previdência. 
Para aqueles que ingressaram na União após 2013 (quando instituída a Previdência complementar no âmbito federal) com o teto do regime geral de previdência como limite monetário para a aposentadoria, passou-se a admitir a complementação desse valor por meio de regime privado de previdência, instituído pela EC 41/03.
Os servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissão de livre nomeação e exoneração, bem como empregados públicos,submetem-se ao regime geral de previdência social.
É de se notar que o servidor público que ingressou no serviço público até 2013, contribui com uma alíquota de 11% sobre o total de sua remuneração para o regime próprio de previdência que, como tal, deve repercutir na base de cálculo de seu benefício, sem sofrer a limitação do teto monetário do regime geral, sob pena de violar a participação no custeio, o caráter contributivo e individualizado e, mais, configurar confisco por parte do Estado.
A PEC 287/16 unifica as regras do regime geral e do regime próprio, desconsiderando as peculiaridades, direitos e deveres a que estão submetidos os trabalhadores do regime jurídico de direito administrativo. Aplica a distintas classes de trabalhadores normas idênticas para situações fáticas diferenciadas, o que acaba por violar o postulado da isonomia. 
Nessa perspectiva, passa-se a análise pormenorizada de seus artigos.
Art. 40 § 1º - Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigoserão aposentados:
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiverinvestido, quando insuscetível de readaptação;
II - compulsoriamente, aos setenta e cinco anos de idade; ou
III - voluntariamente, aos sessenta e cinco anos de idade e vinte e cinco anos decontribuição, desde que cumprido o tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício noserviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria.
A norma acaba com a distinção de gênero para a fixação de critérios para aposentadoria do servidor, e, nesse ponto, fere a isonomia, no aspecto do tratamento desigual para situações de desigualdade. Explica-se. As mulheres, inobstante as conquistas históricas já consolidadas no âmbito laboral, ainda sofrem discriminação com relação às condições para acesso ao mercado de trabalho se comparada com o homem. 
Assim, essa desigualdade de gênero acaba por comprometer a capacidade contributiva da mulher em relação ao homem. Também não se pode olvidar que “as mulheres ainda respondem pela maior parte dos afazeres domésticos”. E ainda a “desvantagem na distribuição dos afazeres domésticos entre os sexos, na maior parte das vezes, impõe às mulheres aceitar ou buscar empregos cujas jornadas sejam parciais”. Para ilustrar, o IBGE sintetiza essa desigualdade:[11: As mulheres no mercado de trabalho: Avanços e permanências. Apresentação PPT, por Patrícia Pelatieri, Dieese][12: Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Elaboração: Dieese]
Fonte: IBGE – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Elaboração: Dieese
No âmbito da previdência social, a as mulheres representam 56,1% dos benefícios concedidos,o que representa cerca de 51,2% do valor total pago, ou seja, o valor médio de benefício das mulheres é menor que o valor médio pago aos homens.
Percebe-se, portanto, que há clara desigualdade material e extinção de direitos inerentes à condição de mulher no mercado de trabalho, motivo pelo qual se conclui pela inconstitucionalidade material diante da violação do princípio contributivo e do postulado isonômico. 
Art. 40, § 2º § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao limite mínimo ou superiores ao limite máximo estabelecidos para o regime geral de previdência social
	
O referido parágrafo limita o valor máximo dos benefícios do regime próprio ao máximo estabelecido para o regime geral, sem levar em consideração às diferenças estruturais, os direitos e deveres decorrentes do regime jurídico de direito administrativo, que impõe ao trabalhador do setor público maiores restrições pessoais (submissão a jornada extraordinária sem a devida contraprestação; o exercício das atribuições em meio virtual comprometendo o repouso semanal; o estabelecimento de plantão de atendimento ao público, de final de semana e noturno etc.), profissionais (regime de dedicação exclusiva; acúmulo de funções sem contraprestação pecuniária; submissão ao regime de improbidade administrativa com responsabilização pessoal e patrimonial em decorrência do exercício irregular do cargo), sem que haja correspondências com os trabalhadores privados. Isto é, impõe-se a mesma regra para trabalhadores que estão em situações judiciadas e funcionais totalmente discrepantes, ferindo-se, por conseguinte, a isonomia material, perseguida.
A longo prazo, a tendência será o esvaziamento do serviço público; a precarização do provimento dos cargos, já que a imposição de tais restrições sem que se garanta o mínimo de estabilidade remunerativa durante a inatividade, retirará a atratividade dos melhores capacitados, comprometendo-se, em última análise, a qualidade geral e eficiência de serviços públicos essenciais, tais como: saúde, segurança pública, justiça e acesso a direitos.
Desta forma, impõe-se a revisitação dessa “equiparação” por violar o princípio da isonomia e da eficiência do serviço público (art. 5, II e art. 37, caput, ambos da Constituição da República).
Art. 40, §3º - Os proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, corresponderão:
I - para a aposentadoria por incapacidade permanente para o trabalho e a aposentadoria voluntária, a 51% (cinquenta e um por cento) da média das remunerações e dos salários de contribuição utilizados como base para as contribuições, apurada na forma da lei, acrescidos de 1 (um) ponto percentual, para cada ano de contribuição considerado na concessão da aposentadoria, aos regimes de previdência de que tratam este artigo e os art. 42 e art. 201, até o limite de 100% (cem por cento) da média; e
A regra em apreço extingue o direito à aposentadoria no serviço público, na medida em que impõe ao servidor que para poder usufruir docoeficiente 100% da média dos contribuições, deve contar com a contribuição de, ao menos, 49 anos. Para ilustrar, um servidor que ingressa, geralmente, na faixa etária dos 25 anos, no serviço público, somente aposentará com a possibilidade de contar com 100% da média das contribuições, 1 ano antes da aposentadoria compulsória, ou seja, com 74 anos. 
Note-se que para contar com o coeficiente mínimo de 51% da média das contribuições, e aposentar-se voluntariamente, o servidor deve ter contribuído ao menos 25 anos. Isto é, terá, via de regra, o valor do benefício correspondente à metade dos vencimentos do cargo efetivo, se considerada as contribuições apenas do regime próprio.
Atualmente, a regra vigente prevê que a base de cálculo da aposentadoria corresponderá à média das maiores contribuições limitada a 80% de todo o período contributivo (Lei nº 19.887/2004), permitindo-se, assim, que o valor da aposentadoria se aproxime do valor dos vencimentos ao tempo da aposentação, após 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher, com direito ao regime próprio. 
Não se desconhece a ampliação da expectativa de vida do brasileiro, mas a norma como posta inviabiliza a aposentadoria, viola o princípio da participação no custeio, na medida em que boa parte das contribuições foram vertidas em um regime de custeio mais benefício, configurando confisco em favor do Estado; viola o princípio basilar de qualquer sistema atuarial, qual seja, a proteção à velhice e o estabelecimento de renda digna para o período de inatividade laboral. Se aprovada, o acesso à aposentadoria será direito de poucos e, sobretudo, daqueles que vivem em localidades urbanizadas onde a expectativa de vida é maior. 
Igualmente, deixa de observar o postulado da razoabilidade e proporcionalidade ao desconsiderar grande parte do período contributivo, para aqueles servidores que não se enquadram na regra de transição. 
Por tais considerações, a norma sob análise pretende, em linhas gerais, extinguir o direito à aposentadoria no serviço público, para aqueles que não se enquadrem em sua regra de transição ao impor tempo desarrazoado e excessivo de 49 anos de contribuição para poder ter a possibilidade de alcançar um valor aproximado a 70% a 90% da remuneração do cargo efetivo.
Também, a PEC 287/16 põe fim à paridade e à integralidade, para aqueles servidores que estavam amparados pelas EC 19/98 e EC 41/03, gerando grave instabilidade e insegurança jurídica para os servidores que estão em vias de aposentação e que durante mais de 15 anos contam com o direito à aplicação das normas de transição já consolidas no tempo. 
Art. 40 § 6º - É vedado o recebimento conjunto, sem prejuízo de outras hipóteses previstasem lei:
III - de pensão por morte e aposentadoria no âmbito dos regimes de previdênciados servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal edos Municípios ou entre estes regimes e os regimes de que trata o art. 201, assegurado odireito de opção por um dos benefícios, ficando suspenso o pagamento do outrobenefício.
A previsão baralha conceitos básicos do direito e anula o caráter contributivo do sistema previdenciário e o princípio da participação no custeio dos benefícios pelo segurado, configurando nítido retrocesso social. 
O fundamento jurídico para a percepção de pensão é complementarmente distinto com que enseja aposentadoria. Isso porque para fazer jus à pensão o servidor instituidor contribuiu durante sua vida funcional para que seus dependentes, na falta deste, gozem de renda para a sua subsistência, em nítido caráter protetivo da família. As contribuições descontadas mensalmente dos vencimentos do servidor custeiam no futuro a pensão dos seus dependentes. Esse é seu fundamento jurídico.
Enquanto a aposentadoria é consequência da trabalho e contribuição do servidor para, na inatividade, contar com subsídio mínimo para sua sobrevivência. 
Não há, portanto, nenhum exagero ou impropriedade jurídica que um servidor aposentado goze de proventos decorrentes de seu trabalho e, também, seja beneficiário, na qualidade de dependente de outro servidor falecido, com o qual mantinha vínculo afetivo ou de consanguinidade, de pensão decorrente de óbito. Os dois benefícios decorrem de fontes de custeios próprias e independentes, não podendo, agora, a pretexto de corrigir distorções no sistema previdenciário, retirar direito à pensão e à aposentadoria, porque, como dito, possuem fundamentos jurídicos diversos.
Admitir intepretação diversa é chancelar com o confisco de bens por parte do Estado; é negar efetividade ao princípio da participação no custeio (art. 195, §5º da Constituição da República); do caráter contributivo do sistema previdenciário e com a dignidade da pessoa humana, ao privar o dependente da pensão ou de sua aposentadoria. 
A PEC 287/16 viola, portanto, cláusula pétrea prevista no art.60, §4, IV da Constituição da República, porque extingue direitos fundamentais básicosvoltados à proteção material durante a inatividade laborale a dignidade da pessoa humana, em franco retrocesso social.
Art. 40, § 7º - Na concessão do benefício de pensão por morte, cujo valor será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento), acrescida de cotas individuais de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o limite de 100% (cem por cento), não será aplicável o estabelecido no § 2º do art. 201 e será observado o seguinte:
I - na hipótese de óbito do aposentado, as cotas serão calculadas sobre a totalidade dos proventos do servidor falecido, respeitado o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social;
	A norma em exame ataca parcela vulnerável da população que geralmente é beneficiária da pensão, sobretudo os filhos, menores impúberes e os inválidos, de servidor público, ao reduzir drasticamente o valor do benefício, sem considerar as contribuições efetivamente vertidas ao sistema. 
	Ao limitar o valor da pensão ao teto da previdência social, inobstante tenha o instituidor contribuído e percebido remuneração superior a esse limite, o legislador está confiscando parcela considerável das contribuições vertidas ao sistema, contrapondo-se ao caráter contributivo do regime previdenciário. 
A Constituição da República veda o confisco de bens e impõe a participação no custeio enquanto equivalência entre o que se contribui o que será revertido ao segurado quando da aposentadoria ou a seus dependentes. 
Por outro lado, a redução do coeficiente da pensão para 60% representa retrocesso social e compromete a finalidade constitucional de proteção à família como determina o art. 226 da Constituição da República. 
Art. 40, § 8º - § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráterpermanente, o valor real, nos termos fixados para o regime geral de previdência social.
O estabelecimento de um critério estanque para a revisão geral dos servidores públicos, independentemente do ente a que se vinculam, compromete a forma federativa e a autonomia constitucional assegurada aos entes políticos que conformam o pacto federativo brasileiro.
Não cabe à União impor aos demais entes políticos forma de reajuste de seus servidores, a uma porque fere a autonomia política dos Estados, Municípios e Distrito Federal e a duas porque o legislador constituinte originário elenca tais matérias à competência concorrente (art. 24, I, II e XII da Constituição da República). 
A PEC 287/16 viola, portanto, a cláusula pétrea prevista no art. 60, §4, I da Constituição da República, porque pretende submeter os entes políticos em matéria de legislação concorrente e autônomos politicamente àvontade única e exclusiva da União Federal.
Art. 2º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas no art. 40 da Constituição, o servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público em cargo efetivo até a data da promulgação desta Emenda e que tenha idade igual ou superior a cinquenta anos, se homem, e a quarenta e cinco anos, se mulher, nesta mesma data, poderá aposentar-se quando preencher, cumulativamente, as seguintes condições:
I - sessenta anos de idade, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade, se mulher;
II - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, semulher;
III - vinte anos de efetivo exercício no serviço público;
IV - cinco anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria; e
V - período adicional de contribuição equivalente a 50% (cinquenta por cento) do tempo que, na data de promulgação desta Emenda, faltaria para atingir os limites previstos no inciso II deste artigo.
A PEC 287/16 revoga as regras de transição previstas na EC19/98 e EC 41/03 e impõe restrição etária desarrazoada aos servidores que estão na iminência de cumprir 50 anos. O servidor que, por exemplo, faria jus à integralidade e à paridade de vencimentos e durante a maior parte de seu período contributivo verteu contribuições na expectativa de perceber um benefício de valor idêntico ao seu último vencimento foi surpreendido com o recrudescimento dos requisitos em franco retrocesso social.
Isso porque decorreram quase 20 anos desde a primeira reforma da previdência (EC 19/98) e esse período foi desconsiderado pela PEC 287/ o gera grave comprometimento da segurança jurídica e viola a princípio do custeio e o caráter contributivo do sistema. Impõe-se uma redução drástica no valor do benefício, sem que fosse assegurada a devolução das contribuições que não integrarão a base de cálculo do futuro benefício, configurando-se, por conseguinte, confisco do patrimônio do servidor.
A proposição, portanto, fere a cláusula pétrea prevista no art. 60, §4, I da Constituição da República, porque inviabiliza o exercício do direito à aposentação para aqueles servidores que contribuíram sob o amparo das regras mais benéficas da EC 19/98 e EC 41/03.
DOS DADOS ESTATÍSTICOS DE ATUAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
Ao fim, imperioso esclarecer 	que toda a fundamentação da presente nota tem como base não apenas estudos técnicos desconectados da realidade social vivida em nosso país. 
Os Defensores Públicos Federais, agentes de transformação social que são, convivem cotidianamente com as mazelas e as imperfeições do sistema previdenciário adotado no Brasil, que mesmo sem as nefastas modificações, que se pretende implementar, já não oferece amparo a contento as situações de risco que se propõe pela constituição. 
Assim, para melhor ilustrar a convivência com o tema, passa-se a apresentar os dados estatísticos da atuação do órgão referente ao lapso temporal de janeiro de 2011 até novembro de 2015.
 Nesse primeiro gráfico é possível observar que as demandam previdenciárias e assistências somadas representam 32% de todas as pretensões que a DPU atende em suas unidades. 
De forma a melhorar a visualização e quantificando esses atendimentos iremos encontrar o número real de atendimentos destas especialidades. 
	Pretensão
	Nº de atendimentos
	Assistência Social
	25.866
	Previdenciária
	287.387
	Saúde
	63.598
Com base nos números e nas especialidades dos autores,a presente nota técnica pretende contribuir com o debate, mais do que necessário, nas discussões acerca de uma reforma extremamente profunda no sistema de seguridade social brasileiro.
DA CONCLUSÃO
Ante todo o exposto, a ANADEF e os defensores públicos federais, que têm papel fundamental na garantia de direitos sociais e na construção da Democracia, agentes públicos responsáveis pela defesa judicial e extrajudicial de mais de 140 milhões de brasileiros em situação de pobreza,manifestam-se contrários ao conjunto de medidas proposto pelo Governo Federal. Os equívocos apresentados pela PEC transformam a Previdência Social do Brasil em um regime excludente, de extinção de direitos.
Os argumentosno sentido de que a reforma da previdência se apresenta como a única saída para evitar o déficit previdenciário e como solução para os ajustes no orçamento são falhos e camuflam outras importantes alternativas que precisam ser discutidas, como a recuperação das dívidas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a formalização de trabalhadores sem carteira assinada, o fim da isenção fiscal para diversos setores e a definição de outras fontes para o pagamento da dívida pública.
É certo que, tal qual é o comando das normas previstas na PEC nº 287 que a aposentadoria ficará praticamente inviabilizada na forma como a concebemos hoje. Isso porque ainda que os brasileiros e brasileiras trabalhem muito, não conseguem atingir a marca de 25 anos de contribuição e não conseguem em razão da precariedade do mercado de trabalho. 
Se é certo que estamos envelhecendo mais e melhor, de outra ponta, os gastos com a saúde devem ser maiores para fazer jus às despesas e em uma realidade em que, como falamos acima, verterá mais recursos para a saúde e também para a própria assistência social, recursos

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