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* Tratados Internacionais Parte II * Hermenêutica dos atos internacionais Art. 31 Convenção de Viena Sentido comum: boa-fé e segundo objetivos e finalidades Sentido especial: se as partes assim definirem Contexto: Texto, preâmbulo, anexo + acordos acessórios + instrumentos acessórios qualquer acordo posterior relativo à interpretação do tratado qualquer prática relativo à sua interpretação; quaisquer regras de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes. métodos suplementares (circunstâncias da conclusão e trabalhos preparatórios) * Interpretação dos Tratados Nos artigos 31 a 33 das Convenções de Viena de 1969 e 1986 estão estipulados como devem ser interpretados os tratados. Dentre os aspectos mais importantes da interpretação dos tratados estão: “1 – Deve ser interpretado com boa-fé de acordo com o sentido comum a ser dado aos termos do tratado no seu contexto e à luz do seu objeto e propósito; 2 – Deve-se levar em consideração o preâmbulo, anexos, um tratado feito por todos os contratantes conexo com o tratado a ser interpretado e qualquer instrumento elaborado por um ou mais contratantes e aceito pelas outras partes como um instrumento relativo ao tratado; * Continuação - Interpretação 3 – Deve-se levar ainda em consideração: a) qualquer acordo entre as partes relativo à interpretação; b) a prática na aplicação dos tratados que estabelece o acordo das partes a respeito da interpretação; c) qualquer norma relevante do Direito Internacional aplicável nas relações entre as partes; * Continuação - Interpretação 4 – Um sentido especial será dado às palavras do tratado se as partes assim pretenderam; 5 – Se a aplicação das normas acima não conduz a sentido claro e preciso ou conduz a um resultado manifestamente absurdo, pode-se recorrer a outros meios de interpretação, incluindo os trabalhos preparatórios do tratado e as circunstâncias de sua conclusão. O recurso a tais meios pode ser feito ainda para confirmar as normas acima. * Continuação - Interpretação 6 – Num tratado autenticado em duas ou mais línguas diferentes, estes textos têm a mesma autenticidade. Presume-se que os termos do tratado têm o mesmo sentido em cada texto autêntico. Se o sentido for diferente, deverá ser adotado o sentido que melhor reconcilia os textos, levando-se em conta o objeto e a finalidade do tratado. Ou dar preferência ao texto que for menos obscuro ou, ainda, dar preferência ao redigido em primeiro lugar. * Pacta sund servanda É a regra básica CVDT-69, Art. 26 “Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé” Princípio da irretroatividade (efeitos ex nunc) * Nulidade, Extinção e Suspensão Nulidade, extinção e suspensão de um tratado são tratados nos artigos 42 a 72 da Convenção de Viena. A nulidade ocorre se houver erro, dolo, corrupção do representante do Estado, coerção exercida sobre o referido representante e coerção decorrente de ameaça ou emprego de força. * Vícios que anulam Tratado Erro: Estado levado a supor fato inexistente Dolo: Estado levado a consentir por fraude da outra parte Coação: uso de força e ameaça Corrupção * Extinção do Tratado Vontade comum Vontade de uma das partes Denúncia Alteração de circunstâncias (rebus sic stantibus) Prazo determinado Cumprimento do objeto Condição resolutória: quando certo fato se realizar ou não no futuro Acordo superveniente entre as mesmas partes sobre a mesma matéria Retirada de uma das partes: quando torna inviável a meta Caducidade Impossibilidade de cumprimento do objeto (desaparecimento definitivo do objeto) Descumprimento do acordo: sanção, suspensão, denúncia, extinção Rompimento de relações diplomáticas e consulares: não extingue acordo Conflito com norma superveniente de jus cogens * Extinção quando o fim foi executado As causas que põem fim a um tratado são: 1 – Execução integral do tratado: o tratado tem seu fim quando o estipulado pelas partes contratantes é executado. * Extinção por Consentimento Mútuo 2 – Consentimento mútuo: o tratado pode ter o seu fim se houver o consentimento das partes contratantes. O consentimento pode ser demonstrado através de um novo tratado que cuide do mesmo objeto do anterior, havendo uma revogação tácita; ou pode ele ser manifestado expressamente em uma declaração, a qual afirma a revogação do tratado anterior. * Outras Causas de Extinção 3 – Termo: ocorre quando o tratado é realizado por um período de tempo estabelecido pelas partes. Assim sendo, terminado o lapso de tempo, expira-se o tratado. 4 – Condição resolutória: ocorre quando as partes convencionarem de maneira expressa que o tratado se extinguirá no futuro assim que certo fato acontecer (condição afirmativa) ou não (condição negativa). * Extinção pela Renúncia 5 – Renúncia do beneficiário: o tratado termina quando houver a renúncia do benefício, posto que há tratados que estabelecem vantagens para uma das partes e obrigações para a outra. Assim, o tratado extinguirá com a manifestação de vontade de apenas uma das partes contratantes, mas esta deve ser a beneficiada, pois a renúncia não trará prejuízos à outra parte, mas sim vantagens. * Extinção pela Caducidade 6 – Caducidade: acontece quando o tratado não é aplicado por um grande espaço de tempo ou quando se forma um costume contrário a ele. * Extinção por Motivo de Guerra 7 – Guerra: com o advento de guerra, todos os tratados bilaterais são finalizados entre os beligerantes, com exceção dos tratados que se constituíram para serem aplicados durante a guerra; os tratados que constituem situações objetivas (como por exemplo, aqueles que estipulam limites ou cessões territoriais e foram executados na sua íntegra); e os tratados multilaterais entre beligerantes e neutros não são extintos: os seus efeitos é que ficam suspensos entre as partes beligerantes e mantidos aos Estados neutros, porém com o fim da guerra, o tratado volta a produzir seus efeitos normalmente. * 8 – Fato de terceiro: as partes contratantes cedem a um terceiro o poder de terminar o tratado. 9 – Impossibilidade de execução: diz respeito à uma impossibilidade física (desaparecimento de uma das partes contratantes, do objeto do tratado etc.) ou jurídica (quando o tratado não é compatível com outro, sendo que este tem primazia de execução). Se vier a existir também uma norma imperativa de Direito Internacional que não seja compatível com o tratado, este termina. * 10 – Caso as relações diplomáticas e consulares sofrerem rupturas e estas forem imprescindíveis para a execução do tratado, este termina. 11 – Inexecução por uma das partes contratantes: quando houver a violação em um tratado bilateral por uma das partes contratantes, a outra parte pode suspender ou terminar a execução do tratado no todo ou em parte. * Denúncia 12 – Denúncia unilateral: acontece quando uma das partes contratantes comunica à(s) outra(s) parte(s) a sua intenção de dar por finalizado o tratado ou de se retirar do mesmo. * Suspensão do Tratado Parcial ou total Prevista ou acordada Efeito ex nunc (obrigações antes do ato permanecem) Efeito erga omnes Efeito inter partes previsto em acordo ou não proibido pelo mesmo não pode ser incompatível com objeto e finalidade não pode prejudicar o gozo dos direitos pelas outras partes não pode prejudicar cumprimento do acordo Rompimento de relações diplomáticas e consulares não é causa de suspensão Notificação prévia exigida Tratado posterior pode suspender anterior Impossibilidade temporária de cumprir acordo pode ensejar suspensão Salvo se impossibilidade resultar de violação de obrigação * Cláusula Rebus Sic Stantibus Termos do negócio jurídico são estabelecidos de acordo com as circunstâncias em que foi celebrado. Alteração das circunstância modificam/desfazemcompromisso Extingue/suspende acordo: Mudança não pode ser resultado de violação das disposições. Modificação deve alterar radicalmente o alcance das obrigações. Guerra – extingue acordo entre beligerantes e suspende atos multilaterais Permanecem Direito de Guerra, Direito Humanitário, DIDH e Acordo sobre Fronteiras * DIREITO BRASILEIRO * Direitos e Garantias Fundamentais Art. 5º da CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. * Art. 5, § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. * Art. 5, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. * Pode surgir um impasse: um dispositivo de lei interna dispondo de um modo, e uma norma de direito internacional dispondo de outro. Exemplo: Prisão civil por infidelidade depositária: a Constituição Federal de 1988 (art. 5.º, LXVII), apregoa que "não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel"; * Por outro lado, o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, de outro, dispõe que "Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual, tratado esse que vem, por sua vez, corroborar o entendimento do art. 7.º, 7, do Pacto de San José da Costa Rica (o qual o Brasil aderiu sem reservas), que exclui de seu texto a figura do depositário infiel. * Seguindo esse raciocínio, surge a indagação: com a ratificação, pelo Brasil, desses dois tratados internacionais, o disposto na Constituição Federal acerca da prisão civil do infiel depositário, não estaria revogado? Segundo a orientação do STF, NÃO . * Segundo o entendimento da Suprema Corte, qualquer tratado internacional que seja, desde que ratificado pelo Brasil, passa a fazer parte do nosso direito interno, no âmbito da legislação ordinária. * Esse resultado é obtido interpretando-se o § 2.º do art. 5.º da atual Carta Magna, em conjunto com o art. 4.º, II, do mesmo diploma, que dispõe sobre o princípio da prevalência dos direitos humanos ou princípio da primazia da norma mais favorável às vítimas. * Os direito humanos devem ultrapassar qualquer barreira impeditiva à consecução dos seus fins, mesmo que esta seja uma imposição constitucional. Quando um tratado internacional de proteção a direitos humanos vem ampliar alguns dos direitos contidos na Constituição, tal tratado passa a ter, por autorização expressa da Carta Magna (art. 5.º, § 3.º), força para modificá-la, a fim de ampliar a ela os direitos nele contidos. * Direito Brasileiro *
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