Buscar

Teorias e técnicas psicoterápicas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS I 
Introdução 
Estudaremos esse ano teorias e técnicas oriundas da Psicanálise 
• O que estuda a Psicologia Clínica? 
Qual é, afinal, o objeto de estudo da Psicologia? 
O homem; o cérebro, a mente, a alma, o psiquismo, o corpo; o comportamento 
humano; as emoções; o pensamento; as relações humanas; a personalidade; os 
conflitos (consigo, com o mundo e com o outro); os sonhos, os desejos, as frustrações. 
• Modelos de compreensão da “loucura” 
Modelo sobrenatural 
É aquele que compreende o comportamento “desviante” como um reflexo das lutas 
entre o bem e o mal. O mal era o responsável por influenciar o homem (pecador), logo 
a loucura era atribuída à ação de demônios, feiticeiros e bruxas; o indivíduo doente era 
o indivíduo possuído, logo a principal técnica adota por este modelo era: o exorcismo; 
mergulhos em água gelada ou mergulhos em poços de serpentes. 
Ao tomar para si a incumbência de entender e dominar a “loucura”, a medicina, através 
da psiquiatria, buscará seu substrato orgânico, tentará demonstrar a relação entre o 
psíquico, o cérebro e o sistema nervoso e, a cada descoberta, novas técnicas serão 
introduzidas. 
Philippe Pinel enfatizou a necessidade de observar a loucura, para assim poder 
compreendê-la. Pinel não privilegiou os sintomas estritamente orgânicos, considerou 
que a etiologia da doença mental fosse determinada por: causas físicas, 
hereditariedade, educação “errada” e paixões diversas. 
Modelo biológico 
O modelo biológico é àquele que desde os primórdios da história procurou 
compreender os transtornos mentais buscando encontrar as suas causas físicas, 
tentando tornar científicas as práticas empírico-mágicas que predominavam 
Hipócrates: médico grego, considerava que os transtornos mentais pudessem ser 
causados por patologias ou traumas cerebrais, exercendo influência hereditária 
(genética). 
Ele afirmava que o funcionamento normal do cérebro estava relacionado ao equilíbrio 
dos quatro fluidos corporais ou humores. 
1.Sangue (coração) estava relacionado ao otimismo, à alegria, o excesso deste fluido 
no cérebro relacionava-se à insônia, o delírio 
2.Bílis negra (baço) estava relacionada à depressão o excesso derramado no cérebro 
relacionava-se à melancolia 
3.Fleuma/linfa (cérebro) estava relacionada à calma seu excesso, entretanto, à 
apatia, morosidade 
4.Bílis amarela (fígado) estava relacionada à raiva, cólera seu excesso era 
encontrada em pessoas de temperamento quente 
Modelo psicológico 
Enfatiza as influências sociais e culturais na vida do sujeito, como por exemplo, a 
aprendizagem oferecida pelo ambiente. 
Em termos de prática (terapia), tem sua origem nas mais diversas relações 
construídas, ao longo da história, entre aqueles que procuram auxílio (paciente) e 
àqueles que oferecem o alívio para o seu sofrimento (psicoterapeuta). 
A psicoterapia herda um pouco dos dois modelos anteriores, influenciando e sendo 
influenciada por estes. 
1. Início da Psicanálise: Teoria e Técnica Freudiana 
Uma Visão Histórica das Psicoterapias 
A psicoterapia existe muito antes de haver qualquer noção de uma abordagem 
sistemática de tratamento. 
Basicamente, a psicoterapia envolve um sistema de duas pessoas: 
• Suplicante (que sofre primariamente mais na mente do que no corpo) 
• Curandeiro (cuja empatia, sabedoria, maturidade e objetividade permitem que 
ele alivie o sofrimento do suplicante) 
O curandeiro vê e entende alguma coisa sobre o suplicante da qual este não tem 
conhecimento. O curandeiro amplia o pensamento do suplicante e influencia o seu 
comportamento, é, portanto considerado uma pessoa “iluminada”, que tem a função de 
aumentar a “iluminação” do suplicante. 
Na atualidade, entretanto para ser considerado psicoterapia é necessário, neste 
sistema, haver uma troca ativa entre terapeuta e paciente. 
Ao paciente cabe revelar a natureza do seu problema, ainda que não possua maior 
conhecimento sobre ela, ao terapeuta, “adivinhar” sua verdadeira natureza e assim 
levar o paciente ao conhecimento curativo (esclarecimento), ou seja, nesta concepção 
há participação do paciente. 
Antigamente não havia participação do paciente, acreditava-se que a insanidade era 
proveniente de um demonio e a cura era feita através de ensalmos (palavras que 
curam) 
Na metade do último milênio o poder da Igreja Católica começou a enfraquecer, 
promovendo maior liberdade de pensamento, período conhecido como o Iluminismo, 
que levou a grandes progressos no esclarecimento humano de modo geral 
Philippe Pinel, psiquiatra francês foi influenciado pelas ideias iluministas e modificou o 
método de tratamento do paciente mental, retirando-lhe as correntes, mas ainda não 
havia troca ativa na psicoterapia. 
Mesmer acreditava que existia um fluido animal-magnético universal e invisível, sua 
má distribuição estava por baixo de todas as doenças humanas. Para “equilibrá-lo”, ele 
constrói um método composto por instrumentos como: varinha especial, manto e um 
barril (cuba de Mesmer). Seus seguidores desmistificaram seu método, demonstrando 
ser desnecessária a utilização desses instrumentos. Obtinham os mesmos resultados 
por meio da indução do estado de transe pelo poder da sugestão, posteriormente 
denominada de hipnose. 
Estes movimentos e ocorrência deram origem ao que se denomina: primórdios da 
psicanálise 
Introdução à Teoria e a Técnica Psicanalítica 
A psicoterapia começa a se tornar científica na França do século XIX, com as grandes 
escolas sobre a técnica da sugestão, Nancy, com Liébeault e Berheim; Salpêtrière, 
com Charcot. 
A técnica da sugestão visa modificar a atenção, desviar o sujeito de ideias patogênicas 
e se concentrar em outras atividades, sendo ao mesmo tempo um instrumento de 
investigação e de assistência. A partir desta técnica inicia-se o estudo que visa 
compreender “a influência da moral sobre o corpo”, mas ainda assim não era uma troca 
ativa. 
Com a introdução da Psicanálise, Freud leva a psicoterapia a um nível científico. 
O Método Catártico 
Breuer, através do caso Anna O, utiliza o hipnotismo não para que a paciente se 
esqueça, mas, ao contrário, para que ela se recorde, técnica que ficou conhecida 
como: cura pela fala, pela palavra (Talking cure). 
Concluiu através do método catártico que: narrar as circunstâncias em que surgiram 
os sintomas faz com que eles desapareçam → Recordar como alvo da técnica. 
Freud utilizou um procedimento intermediário entre o método catártico de Breuer e o 
que viria a ser a Psicanálise. 
Consistia em estimular e pressionar o enfermo para que ele se recordasse. Este 
método ficou conhecido como coerção associativa, método que antecedeu a 
psicanálise como técnica. 
Teoria e técnica: construções paralelas 
A técnica catártica descobriu a dissociação da consciência, o método produz uma 
ampliação da consciência. 
A partir destas descobertas os autores formularam e reformularam a teoria. 
Breuer criou a teoria dos estados hipnoides, onde uma condição do indivíduo 
favoreceria a segregação da consciência (fatores psicológicos e biológicos). 
Freud por sua vez criou a teoria do trauma (psicológicos), onde uma condição do 
evento/acontecimento favoreceu a segregação da consciência, para ele, o 
acontecimento ficaria segregado da consciência para que fosse esquecido 
*Segregação= separar, esquecer 
Considerando que a técnica consistia em recordar o evento, Freud introduziu a técnica 
da coerção associativa e abandonou a hipnose. 
A técnica da coerção associativa trouxe a ideia de que as coisas são esquecidas 
porque não se quer recordá-las, nasce o conceito de resistência. 
Concluiu que o que no trauma condicionouo esquecimento, no tratamento 
condicionará a resistência. 
Se há a resistência, então não se justifica a coerção (forçar), ao invés disso, deixa-se o 
paciente falar livremente. 
Surge daí a técnica da associação livre —> regra fundamental da psicanálise. 
 
• Coerção associativa (técnica) —> Resistência (teoria) —> Associação livre 
(técnica) 
Só recordar, entretanto não é suficiente, pois a resistência age no sentido de defender 
o sujeito. É necessário que o paciente conheça aquilo que ele ignora. 
Surge daí a interpretação → instrumento técnico fundamental na psicanálise. 
O alvo deixa de ser apenas recordar e passa a ser: recordar, repetir e elaborar. 
O que é PSICOTERAPIA ? 
Trata-se de um método de tratamento realizado por um profissional treinado, com o 
objetivo de reduzir ou remover um problema/queixa ou transtorno definido de um 
cliente ou paciente que propositalmente busca ajuda, onde: 
• O terapeuta utiliza meios psicológicos como forma de influenciar o cliente ou 
paciente 
• É realizada em um contexto primariamente interpessoal (relação terapêutica) 
• Utiliza-se a comunicação verbal como recurso principal 
• Há eminente atividade colaborativa entre paciente e terapeuta 
 
2. Conceitos Teóricos e Técnicos em Psicanálise 
• Resistência 
A resistência surge, no desenvolvimento da psicanálise, como uma oposição às 
lembranças dolorosas durante o tratamento, derivada inicialmente da teoria do trauma. 
Mais do que uma força a ser vencida, a resistência representa a forma como o 
indivíduo se defende e resiste no cotidiano de sua vida. 
Resistência do analisando (que faz tratamento psicanalítico): “É a resultante de 
forças dentro dele, que se opõem ao analista ou aos processos e procedimentos à 
análise, isto é, que obstaculizam as funções de recordar, associar, elaborar, bem como 
o desejo de mudar” (Zimerman) 
Algumas formas de resistência ao tratamento podem se manifestar através de 
fenômenos e comportamentos tais como: atrasos às sessões; recusa em tomar 
medicamentos; permanecer em silêncio; enfocar materiais não relevantes; esquecer-se 
de pagar; em relação à elaboração (ganhos secundários) e a transferência. 
Possíveis causas para o seu surgimento podem ser: medo do “novo”; medo da 
depressão; medo de perder o controle; medo da progressão; predomínio de uma inveja 
excessiva; excessivo apego ao ilusório mundo simbiótico-narcisista 
 
• Transferência 
À medida que os impulsos ou fantasias iam sendo “descobertos” (tornando-se 
conscientes) durante o tratamento, o paciente resistia, transferindo tais impulsos à 
figura do terapeuta, ocorrendo, portanto um falso enlace. 
Revive-se na análise uma série de experiências psicológicas como pertencentes não 
ao passado, mas ao presente, na relação com o terapeuta. 
É um recurso que o paciente utiliza a fim de que o material patogênico (conflito) 
permaneça inacessível (resistência). 
É uma “vivência” do passado que está interferindo na compreensão do presente. 
Distorção entre: passado/presente; fantasia/realidade; inconsciente/ consciente. 
Há a repetição da necessidade e uma necessidade de repetir. 
Um impulso/desejo que se dirige ao outro (terapeuta) como forma de resistir, ou seja, 
transfere-se para evitar a recordação. 
A transferência ocorre tanto dentro da análise (transferência) quanto fora dela 
(extratransferência). 
Define-se a transferência em positiva ou negativa. Na primeira inclui sentimentos 
carinhosos e amistosos, como também os desejos de um amor não sexual (idealizado). 
Já a transferência negativa inclui a existência de pulsões agressivas, destrutivas e de 
uma erotização desmedida. 
 
• Contratransferência 
Freud descreve este fenômeno como: “... resposta emocional do analista aos 
estímulos que provêm do paciente, como resultado da influência do analisando sobre 
os sentimentos inconscientes do médico”. 
Para Freud a contratransferência é decorrente de complexos e resistências internas 
do médico, por isso salientava a necessidade da autoanálise e, alguns anos depois, da 
análise didática e das reanálises periódicas para reconhecê-la e superá-la durante o 
tratamento. 
É um obstáculo ao tratamento, possivelmente se devia à resistência e receio dos 
analistas em relação aos seus próprios sentimentos e a possíveis críticas. 
A contratransferência começa a ganhar destaque com os trabalhos de Paula Heimann 
(1950) e Heinrich Racker (1953), que passam a considerá-la um fenômeno normal 
dentro do processo terapêutico e como reações que o analista (terapeuta) experimenta 
diante de seu paciente e que podem ser consideradas como: um obstáculo; um 
instrumento para melhor compreensão do paciente e um campo em que o paciente 
pode adquirir uma experiência diferente da que teve originalmente. 
Alguns sinais de contratransferência: falhas em relação a honorários; horários; 
duração da sessão; frequentes pensamentos sobre o paciente, comumente 
acompanhado de mudança de humor; uma necessidade repetitiva de falar sobre as 
sessões com este paciente (...) 
Perceba que a maior parte deles tem a ver com o setting. 
 
• Contratransferência x Transferência do terapeuta 
A Contratransferência ocorre quando se é possível identificar que parte do self do 
paciente ou de suas fantasias está sendo colocada dentro da mente do terapeuta e 
está lhe provocando uma reação, ideia ou comportamentos distintos. 
Freud descreve este fenômeno como: “... resposta emocional do analista aos 
estímulos que provêm do paciente, como resultado da influência do analisando sobre 
os sentimentos inconscientes do médico” 
Obstáculo ao tratamento, decorrente de complexos e resistências internas do médico, 
por isso salientava a necessidade de autoanalise. 
Já a Transferência do Terapeuta ocorre quando sentimentos, ideias e 
comportamentos que são dirigidos ao paciente a partir da história pessoal do terapeuta 
ou de situações de sua vida atual, transferidos sobre ou para dentro do paciente A, 
mas também para o paciente B e não provocados por estes. 
 
• Setting Terapêutico (Enquadre) 
Soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o 
processo psicanalítico (terapêutico), incluindo a estrutura física. 
O enquadre compreende a conjunção de regras, atitudes e combinações, tanto as 
contidas no “contrato” como as que vão se definindo durante a evolução do tratamento, 
incluem aspectos tais como: dias, horários, honorários, forma de pagamento, planos de 
férias, entre outros. 
Setting: a soma de todos os detalhes da técnica 
Situação analítica: soma de todos os fenômenos que se processam na relação analista-
analisando. 
Na técnica psicanalítica, o setting favorece o desenvolvimento de uma neurose de 
transferência, daí o seu papel fundamental na técnica. 
Trata-se de um ambiente que se estabelece a fim de propiciar as melhores 
condições que favoreçam um bom clima de trabalho, este por sua vez é um fenômeno 
natural e espontâneo, que emerge no transcurso da relação terapêutica. 
• Funções do Setting 
O setting deverá ser preservado ao máximo, deve se manter uniforme, inalterado. 
O setting é a criação de um novo espaço, onde o analisando terá a oportunidade de 
reexperimentar com o seu analista a vivência de antigas e decisivamente marcantes 
experiências emocionais conflituosas que foram mal compreendidas, atendidas e 
significadas pelos pais do passado e, por conseguinte, mal solucionadas pela criança 
de ontem, que habita a mente do paciente de hoje. 
Além desta, o setting possui funções complementares, tais como: 
• Estabelecer o aporte da realidade exterior com suas inevitáveis privações e 
frustrações; 
• Ajudar a definir a predominância do princípiode realidade sobre o princípio do 
prazer; 
• Definir a noção dos limites e das limitações que provavelmente estão “borradas” 
pela influência da onipotência e onisciência; 
• Reconhecer que é unicamente sofrendo as inevitáveis frustrações impostas pelo 
setting que o analisando (tal como a criança no passado), pode desenvolver a 
capacidade para simbolizar e pensar. 
 
• Alicerces que sustentam o setting 
Neutralidade: a neutralidade do terapeuta, refere-se à sua função, sua postura na 
terapia. Independente de seus valores, crenças, opiniões e sentimentos o terapeuta 
deve estar disponível para todos os pontos de vista dos seus analisandos, não significa 
uma conduta de frieza, indiferença ou ausência de sentimentos. 
Anonimato: é natural, na relação bi pessoal, que o paciente demonstre curiosidade, o 
problema é quando a curiosidade pretende invadir a vida íntima do terapeuta. Os 
terapeutas psicanalistas não falam sobre sua vida particular, sua família, os seus 
problemas pessoais, pois a relação terapêutica envolve assimetria. 
Abstinência: abster-se de qualquer tipo de atividade que não seja a de interpretação e 
análise do paciente, inclui a proibição de qualquer tipo de gratificação (externa, sexual 
ou social). Por parte do paciente deve haver uma abstinência em procurar o menos 
possível satisfações substitutas para os seus sintomas. 
 
• O Contrato terapêutico 
O contrato irá definir os papéis do terapeuta e do paciente, o primeiro busca alívio de 
seu sofrimento psíquico, enquanto o segundo utiliza todos os seus recursos teóricos, 
técnicos e emocionais para atenuar este sofrimento. 
O contrato pode ser apresentado de forma detalhada ou simplificada, logo após ser 
realizada a avaliação do paciente. Entre os elementos que compõem o contrato 
terapêutico, dois deles merecem ser analisados com atenção: a frequência e os 
honorários. 
Frequência: é importante que exista a continuidade e regularidade no tratamento. 
Honorários: devem refletir o nível de formação e de experiência do terapeuta e devem 
estar de acordo com os padrões da comunidade onde trabalha. 
• Avaliação - entrevista inicial 
Antes de se propor o contrato, é importante verificar a demanda do paciente, apurando 
se o modelo de psicoterapia atende às necessidades do paciente 
A entrevista inicial, pode ser mais de uma, podem ser: entrevistas iniciais. 
Importante frisar que não se trata ainda de sessão de psicoterapia, pois o contrato 
ainda não foi estabelecido. 
Seus objetivos ou finalidades são: 
• Avaliar as condições mentais, emocionais, materiais e circunstâncias da vida do 
paciente; 
• Verificar a qualidade da motivação para o tratamento; 
• Observar se a teoria de tratamento e de “cura” do terapeuta (abordagem) 
coincide com a do paciente; 
• Verificar a acessibilidade, ou seja, a disponibilidade e a capacidade do paciente 
em permitir um acesso ao seu inconsciente; 
• Observar como o paciente reage aos assinalamentos. 
Deve-se avaliar: 
• O tipo de encaminhamento e grau de motivação do paciente; 
• A aparência exterior (forma de falar, vestimentas, como saúda/cumprimenta); 
• As condições socioeconômicas, suporte e histórico familiar e posição 
profissional, entre outros aspectos relevantes. 
Para a abordagem psicanalítica, alguns quadros e condições são, teoricamente, 
contraindicados para o tratamento deste referencial, entre eles: 
• Quadros psicóticos agudos; 
• Quadros depressivos graves com sérias tentativas de suicídio; 
• Dependência crônica de álcool e outras drogas; 
• Quadros fóbicos causadores de incapacitação crônica; 
• Quadros obsessivos-compulsivos causadores de incapacitação crônica; 
• Transtornos de personalidade (caracterológicos) graves; 
• Transtornos alimentares graves; 
• Síndrome cerebral orgânica e deficiência mental, entre outros. 
 
• Aliança Terapêutica 
Pode ser compreendida como uma relação dual, uma formação de compromisso 
entre duas pessoas. 
Trata-se de uma situação em que um necessita do outro e na qual existe uma intenção 
de colaboração recíproca, ou seja, uma “união de forças” em direção à busca de um 
objetivo comum, no caso da psicoterapia, a “cura” ou desenvolvimento. 
Primeiro, o paciente deverá se ligar ao tratamento para depois ser tratado 
analiticamente. 
A escuta empática e atenciosa também promove a aliança terapêutica, até mesmo 
em tratamentos farmacoterápicos. 
• Interpretação – Insight – Elaboração 
Interpretação: é uma explicação que o analista dá ao paciente (a partir do que este lhe 
comunicou) para lhe proporcionar um novo conhecimento sobre si mesmo. Destina-se 
a produzir insight, sem que nós (terapeuta/analista) o busquemos diretamente. 
Interpretação x Informação: 
• A primeira se refere a algo sobre a realidade interna, ao mundo interior do 
paciente, 
• A segunda se refere a algo relacionado ao mundo externo, do qual o paciente 
deveria saber, mas não possui tal informação ainda, precisando ser apontada 
pelo terapeuta para que o paciente lide/apreenda melhor a realidade externa. 
A interpretação não é apenas uma hipótese que o analista constrói, mas uma hipótese 
que é feita para ser comunicada, para ser testada. 
Para Freud, a interpretação é definida como um instrumento do analista para ir do 
conteúdo manifesto (o que ele traz/expressa) às ideias latentes (àquilo que ainda está 
inconsciente). 
 
Envolve, portanto tornar consciente o inconsciente, explicar o significado de um desejo, 
trazer à luz uma determinada pulsão (inconsciente). 
Insight: deve ser compreendido como o movimento de tomada de consciência de 
algo significativo a respeito da vida psíquica, no tratamento. 
Já a elaboração percorre o caminho inverso da interpretação, ou seja, tenta vencer as 
resistências (abandono das gratificações e dos padrões aos quais o sujeito está 
neuroticamente apegado), do conteúdo latente (conflito psíquico) até transformá-lo em 
mudança (comportamento manifesto modificado). 
Homem dos ratos

Outros materiais