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Direito Penal Dos Crimes Contra a Administraçao Pública.pdf 1

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Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 1 
 
9 Dos crimes praticados por funcionários públicos contra a administração em 
geral. 
? Generalidades: 
? Administração pública ? conjunto das funções exercidas pelos vários órgãos 
do Estado, em benéfico da sociedade. 
 
? Funcionário público para fins penais (art. 327, CP) ? aquele que exerce 
função pública, ainda que sem remuneração ou permanência 
• O conceito de funcionário público é aplicável a todos os crimes previstos no 
CP. 
 
? Crime funcional ? aquele praticado por quem exerce função pública 
• Próprio ? aquele que a qualidade de servidor público é elementar do tipo 
penal 
♦ Faltando a qualidade de funcionário público ? fato atípico (atipicidade 
absoluta) 
♦ Ex: prevaricação (art. 319, CP) 
 
• Impróprio ? aquele em que a ausência da qualidade de servidor público 
não torna a conduta atípica, mas constitui outro crime 
♦ Não servidor público que se aproprie de dinheiro da administração ? 
apropriação indébita (art. 168, CP) e não peculato (art. 312, CP) 
 
• Função pública ≠ encargo público ou munus publicum 
♦ Função pública ? jurado, mesário, servidor público 
♦ Encargo público ? curador, administrador de massa falida, tutor, 
inventariante 
 
? Causa de aumento de pena (1/3) ? se o agente for ocupante de cargo em 
comissão ou de função de direção ou assessoramento (art. 327, §2º) 
• Incide em todos os crimes contra a Administração Pública 
 
? Bem jurídico protegido: moralidade e o patrimônio da Administração Pública 
 
? Sujeitos: 
• Sujeito ativo (crime próprio): ? Servidor público ou a ele equiparado 
♦ Ver art. 30, CP ? a qualidade de funcionário público é elementar do 
crime, comunicando-se a terceiro, que saiba dessa circunstância 
− Particular que auxilia funcionário público a se apropriar de dinheiro 
público ? ambos respondem por peculato 
 
• Sujeito passivo: Estado e o particular lesado. 
 
9.1 Peculato – Art. 312, CP. 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Apropriar ? tornar-se dono, senhor e possuidor 
♦ Pouco importa se o agente tem a posse ou a mera detenção ? o que 
interessa é a inversão do dolo. 
♦ Trata-se de apropriação indébita praticada por servidor público com 
violação de seu dever funcional 
 
• Desviar ? dar finalidade diferente daquela definida em lei, em proveito 
próprio ou de terceiro 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 2 
 
♦ O agente deve ter a posse lícita da coisa para que, depois, desvia. 
 
• Objeto material ? dinheiro, valor ou qualquer bem móvel que estaja na 
posse do agente, em razão do cargo 
♦ Se o agente não agir em função do cargo ? apropriação indébita (art. 
168, CP) 
♦ Ex: delegado que deixa de registrar nos autos de inquérito a apreensão 
de dinheiro encontrado em poder de assaltante, dele se apropriando. 
 
• Se a coisa tem valor insignificante (lápis, papel, canetas) ? fato atípico 
− Salvo se praticado na forma continuada 
 
• Há peculato de uso? 
♦ Em regra, não ? usar a coisa não configura o crime 
− Uso de aeronaves apreendidas de traficantes 
 
♦ Salvo tratar-se de dinheiro ou coisa fungível 
− Agente que aplica o dinheiro público para obter juros 
 
• Se o servidor público desvia o dinheiro em benefício da própria 
Administração ? emprego irregular de verbas públicas (art. 315, CP) 
 
• Se o agente, não funcionário público, executa ilegalmente atos próprios da 
função pública ? apropriação indébita (art. 168, CP) e usurpação de 
função pública (art. 328, CP) 
 
• Se o agente foi nomeado ilegalmente ? peculato 
♦ É funcionário público enquanto a nomeação não for anulada 
 
? Tipo Subjetivo: Dolo ? animus rem sibi habendi 
• Intenção de se comportar em relação à coisa como se dono fosse ou de 
desviá-la 
• Elemento subjetivo do tipo ? proveito próprio ou alheio 
 
• Agente que usa carro oficial para ir a festas ? fato atípico 
♦ Ausência de intenção de inversão da posse 
♦ Pode configurar peculato no caso do consumo da gasolina fornecida 
pela Administração 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a inversão da posse ou com o desvio da finalidade 
prevista em lei. 
• Tentativa ? possível 
 
? Peculato-furto: art. 312, § 1º 
• Trata-se de peculato impróprio ? furto praticado por servidor público 
 
• Condutas: 
♦ Subtração da coisa, ou 
♦ Concorrer para que seja subtraída 
− Participação elevada à categoria de crime autônomo 
 
• Diferença com o peculato apropriação 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 3 
 
♦ Peculato-apropriação ? o agente já possui a posse da coisa, 
ocorrendo inversão da posse 
♦ Peculato-furto ? o agente não possui a posse do bem, subtraindo-a de 
outro servidor público ou de particular, em razão do cargo que exerce. 
 
• Servidor público que pula o muro da escola municipal e subtrai 
computadores ? furto (art. 155, CP) 
♦ A qualidade de servidor público em nada contribuiu para a subtração 
 
• Servidor público que deixa aberta a porta da repartição para que terceiro, 
subtraia bens da Administração ? peculato-furto 
♦ E o terceiro ? peculato furto em co-autoria 
− A qualidade de servidor público se comunica (art. 30, CP) 
 
? Peculato culposo: art. 312, § 2 
• Quando o agente age com culpa e dá causa a prática de peculato-
apropriação, peculato-desvio ou peculato-furto 
 
• Ocorrendo reparação completa do dano antes da sentença irrecorrível ? 
extinção da punibilidade (art. 312, § 3º) 
 
• Ocorrendo reparação completa do dano após a sentença irrecorrível 
?causa de diminuição de pena (art. 312, § 3º) 
 
• Em caso de peculato doloso ? o agente pode se beneficiar com o 
arrependimento posterior (art. 16, CP) ou com a atenuante genérica do art. 
65, III, “b” ou com a atenuante inominada do art. 66, CP 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95, no caso de peculato culposo 
 
9.2 Peculato mediante erro de outrem (peculato estelionato) – Art. 313, CP. 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Apropriar ? tornar-se dono, senhor e possuidor 
 
• Trata-se do crime do art. 169, 1ª parte, CP praticado por servidor público 
 
• Objeto material ? dinheiro ou coisa móvel de natureza patrimonial 
 
• O erro é espontâneo de terceira pessoa, sem interferência do servidor 
 
♦ A pessoa entrega coisa que não deveria entregar ou se equivoca 
quanto ao funcionário que deveria receber a coisa. 
 
♦ O dolo do servidor só aparece após o recebimento da coisa 
− Havendo interferência do servidor ? estelionato (art. 171, CP) 
 
• Se o servidor recebe o bem, fora do exercício do cargo ? apropriação de 
coisa havida por erro (art. 169, 1ª parte, CP) 
 
? Tipo Subjetivo: Dolo 
• Intenção de se comportar em relação à coisa como se fosse dono, após 
tê-la recebido por engano ? dolo superveniente ou subseqüente 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 4 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a inversão da posse 
• Tentativa ? possível 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.3 Inserção de dados falsos em sistema de informações (peculato eletrônico) – 
Art. 313-A, CP. 
? Generalidade: 
• Trata-se, na verdade, de falsidade ideológica (art. 299, CP) ? a conduta 
equivale-se a uma falsificação 
• Trata-se de crime de mera conduta ? independe de qualquer resultado 
material 
♦ Alguns doutrinadores entendem ser o crime formal 
 
? Bem jurídico protegido: informações de interesse da Administração Pública 
armazenados em bancos de dados 
 
? Sujeito ativo: servidorautorizado a acessar o sistema de informações 
• E o servidor não autorizado 
♦ 1ª corrente ? fato atípico (minoria) 
♦ 2ª corrente ? peculato eletrônico, no caso de concurso de agentes 
♦ 3ª corrente ? falsidade ideológica (art. 299, CP) 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Todas as condutas podem ser realizadas na forma comissiva ou omissiva 
 
• Elemento normativo do tipo ? “indevidamente” 
 
• Objeto material 
♦ Nas 2 primeiras condutas (inserir e facilitar) ? dados falsos 
♦ Nas 2 últimas condutas (alterar e excluir) ? dados verdadeiros 
 
? Tipo Subjetivo: Dolo 
• Elemento subjetivo do tipo ? finalidade de obter vantagem para si ou para 
outrem ou causar dano 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a realização das condutas descritas no tipo 
• Tentativa ? possível 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
 
9.4 Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informação – Art. 
313-B, CP. 
? Bem jurídico protegido: segurança dos sistemas de informação e programas 
de informática da Administração Pública 
 
? Sujeito ativo: servidor público ou a ele equiparado 
 
 
 
 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 5 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Mudar o programa ou sistema sem autorização ou solicitação da 
autoridade competente. 
 
• Objeto material ? sistema ou programa de informática 
 
• Trata-se de crime formal ? independe de dano à Administração 
♦ Ocorrendo dano ? caso de aumento de pena (art. 313-B, § 2º) 
 
• Qual a razão da diferença entre as penas cominadas no crime anterior e 
neste? Não há explicação, pois a conduta descrita neste crime é muito 
mais grave. 
 
? Tipo Subjetivo: Dolo 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a modificação não autorizada do sistema 
• Tentativa ? possível 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.5 Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento – Art. 314, CP. 
? Bem jurídico protegido: integridade física dos documentos e livros Públicos 
 
? Sujeito ativo: servidor público que tem a guarda do livro ou do documento 
• Se a conduta for praticada por terceiro ou outro servidor público que não 
tenha a guarda do livro ou do documento ? subtração ou inutilização e 
livro ou documento (art. 337, CP) 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Extraviar ? fazer desaparecer. 
• Sonegar ? deixar de apresentar quando solicitado 
• Inutilizar ? tornar imprestável, ainda que não ocorra a destruição completa 
 
• Se for servidor de repartição fiscal ou tributária ? incide a Lei 8.137/90 
(dos crimes contra a ordem tributaria, econômica e das relações de 
consumo) 
 
• Não é necessária a ocorrência de prejuízo a terceiros ? crime formal 
 
• Trata-se de crime subsidiário 
♦ Advogado que inutiliza documento que recebeu nessa qualidade ? 
sonegação de papel ou objeto de valor probatório (art. 356, CP) 
 
♦ Suprimir, em beneficio próprio ou alheio, documento público ? 
supressão de documento (art. 305, CP) 
 
? Tipo Subjetivo: Dolo 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com as condutas previstas no tipo 
• Tentativa: 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 6 
 
♦ Possível, nas modalidades extravio e inutilização. 
♦ Impossível na modalidade sonegação 
− O crime ocorre quando o servidor é solicitado a apresentar o 
documento e não o faz 
− Fazendo a apresentação ? fato atípico 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.6 Emprego irregular de verbas ou rendas públicas – Art. 315, CP. 
? Bem jurídico protegido: a regular e correta aplicação do dinheiro público 
 
? Sujeito ativo: servidor público que tenha o poder de administrar verbas ou 
rendas públicas 
• Ex: Presidente, Ministros, Governadores, Secretários, Diretores de 
entidades da administração indireta. 
• Tratando-se de prefeito ou seus substitutos ? Dec-lei 201/67 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Emprego irregular de fundos públicos, contrariando a destinação prevista 
em lei. 
• Pressuposto do crime ? existência de lei regulamentando a aplicação do 
dinheiro público (lei orçamentária) 
♦ Não se confunde com decreto, portaria ou ato administrativo 
 
? Tipo Subjetivo: Dolo 
• Em caso de calamidade pública (estado de necessidade) ? exclusão de 
antijuridicidade 
 
• Se ocorrer a aprovação das contas públicas ? permanece o crime 
♦ A aprovação somente convalesce as irregularidades administrativas 
♦ As infrações penais permanecem intactas 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a efetiva aplicação irregular das verbas públicas 
• Tentativa: possível 
♦ Com a simples destinação da verba, sem seu efetivo uso. 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.7 Concussão e excesso de exação – Art. 316, CP. 
9.7.1 Concussão 
• Generalidades: 
♦ Concussão (concussio) deriva do latim concutere ? ato de sacudir uma 
arvore para fazer cair os frutos 
♦ O crime já era punido desde a época do império romano, chegando a 
ser aplicada a pena de morte aos concussionários renitentes 
 
• Bem jurídico protegido: moralidade, a probidade da Administração e o 
patrimônio do particular de quem se exige a indevida vantagem 
 
• Sujeito ativo: servidor público 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 7 
 
• Tipo Objetivo (conduta típica): 
♦ Exigir ? ordenar, intimar, coagir, impor, reivindicar, constranger alguém 
ao pagamento de vantagem que não é devida. 
− É muito mais do que pedir, solicitar, insinuar sutilmente, sugerir ou 
propor maliciosamente ? corrupção passiva (art. 317, CP) 
− Trata-se de uma extorsão (art. 158, CP) praticado por servidor 
público com abuso de autoridade 
− O servidor aproveita-se do temor genérico que seu posto de 
autoridade inspira 
− A vítima cede, e concede a vantagem indevida, por temer 
represálias relacionadas ao exercício da função pública do agente 
 
♦ Exige-se o nexo causal entre a função pública exercida e a ameaça 
proferida pelo servidor ? a exigência deve ser feita em razão da função 
− O servidor pode estar de férias, licenciado, ou apenas nomeado 
 
♦ Objeto material ? vantagem indevida, futura ou imediata 
− Pode ser qualquer tipo de vantagem ? patrimonial, moral, sexual 
− Trata-se de crime contra a Administração pública e não contra o 
patrimônio 
 
♦ Vantagem indevida ? aquela não autorizada em lei 
 
♦ Se o servidor exigir vantagem devida ?crime de abuso de autoridade 
(Lei 4.898/65) 
 
♦ Exemplos: 
− Policial que exige dinheiro para não prender a vítima em flagrante 
− Delegado que exige dinheiro para não instaurar inquérito policial 
− Vereador que recebe indevidamente parte do salário de seu 
assessor, mesmo com concordância deste. 
 
♦ Medico credenciado ao INSS que recebe pagamento indevido para 
realizar uma cirurgia ao paciente segurado da Previdência Social 
− Maioria da doutrina e jurisprudência ? concussão 
− Doutrina minoritária 
? Se o medico nada exige, mas apenas solicita (simples pedido) 
? corrupção passiva (art. 317, CP) 
? Se o medico engana o paciente, dizendo que o pagamento é 
devido ? estelionato (art. 171, CP), por ausência de intimidação 
 
♦ Em caso de Fiscal ? crime contra a ordem tributaria (Lei 8.137/90) 
 
♦ Policial que exige dinheiro mediante violência física ? extorsão (art. 
158, CP) 
 
♦ Investigador de policia que exige dinheiro para não instaurar inquérito 
policial ? extorsão (art. 158, CP) 
− Ausência de atribuição legal para instaurar inquérito que é função 
do Delegado 
− Ausência de nexoentre a função e a exigência 
 
 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 8 
 
• Tipo Subjetivo: Dolo 
♦ Elemento subjetivo do tipo ? para si ou para outrem 
 
• Consumação e tentativa: 
♦ Consumação: com a mera exigência da vantagem indevida (crime 
formal) 
− Obtenção da vantagem indevida ? mero exaurimento 
 
♦ Tentativa: impossível 
− Salvo se realizada por carta que vem a ser interceptada. 
 
• Ação penal: pública incondicionada 
 
9.7.2 Excesso de exação: Art. 316, § 1º 
• Generalidades: ? Trata-se de crime autônomo 
 
• Sujeito ativo: servidor público 
♦ Parte da doutrina entende que só aquele com competência para 
receber tributo ou fazer cobrança das contribuições sociais 
 
• Tipo Objetivo (conduta típica): 
♦ Exigir ? obrigar ou constranger o contribuinte. 
 
♦ Exação ? cobrança rigorosa ou com excessos de tributos ou dívida 
 
♦ Condutas tipificadas 
− Abuso no exercício da função com cobrança sabidamente indevida 
? O servidor age com intenção de beneficiar-se ou com objetivo 
de vingança ou mesmo com incompetência 
 
− Emprego de meio vexatório ou gravoso na cobrança de tributo 
devido 
? Meio vexatório ? aquele que expõe o contribuinte à vergonha 
ou humilhação 
? Meio gravoso ? aquele que traz ao contribuinte maiores ônus 
ou despesas. 
 
• Tipo Subjetivo: Dolo 
♦ Expressão “deveria saber” 
− Mirabete ? trata-se de culpa 
− Damásio ? dolo eventual (maioria) 
 
• Consumação e tentativa: 
♦ Consumação: 
− Primeira modalidade: com a exigência do tributo (crime formal) 
− Segunda modalidade: com o emprego do meio vexatório ou gravoso 
 
♦ Tentativa: possível 
 
• Qualificadora: art. 316, § 2º 
♦ Refere-se apenas a primeira conduta do crime de excesso de exação 
♦ O desvio deve ocorrer antes de o dinheiro entrar para os cofres 
públicos 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 9 
 
− Sendo depois ? peculato (art. 312, CP) 
 
− Se o servidor desvia quantia recebida devidamente, mas com 
emprego de meio vexatório ? mero exaurimento do crime de 
excesso de exação 
 
♦ A pena mínima é menor que a cominada ao §1º ? incongruência do 
legislador 
 
• Ação penal: pública incondicionada 
 
9.8 Corrupção passiva – Art. 317, CP. 
? Bem jurídico protegido: moralidade e a probidade da Administração Pública 
e do próprio servidor 
 
? Sujeito ativo: servidor público em razão da função 
• No caso de fiscal ? crime contra a ordem tributaria (Lei 8.137/90) 
• Se for o particular que oferecer ? corrupção ativa (art. 333, CP) 
• Se for testemunha que aceita suborno ? falso testemunho (art. 342, § 1º, 
CP) 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Solicitar ? pedir (crime formal) 
♦ Não há ameaça e a vítima cede por vontade própria. 
 
• Receber ? Obter, entrar na posse 
♦ Nessa modalidade ocorre o crime de corrupção ativa (art. 333, CP) 
 
• Aceitar ? concordar com o recebimento (crime formal) 
♦ Não há o efetivo recebimento 
♦ Nessa modalidade ocorre o crime de corrupção ativa (art. 333, CP) 
 
• Objeto material ? Vantagem indevida (elemento normativo do tipo) 
♦ Qualquer espécie de vantagem 
 
• No caso de policial militar, as modalidades receber e aceitar são tratadas 
pelo art. 308 do CPM 
♦ Caso solicite ? art. 317, CP (Justiça Comum) 
 
• A corrupção pode ocorrer antes (antecedente) ou depois (subseqüente) da 
prática do ato funcional pelo servidor. Pode ser feita diretamente pelo 
próprio servidor ou indiretamente 
• Exige-se o nexo causal entre a função pública exercida e a vantagem 
solicitada pelo servidor 
♦ Se o servidor não tem atribuição para a prática do ato ? tráfico de 
influencia (art. 332, CP) 
 
• Carcereiro que, mediante suborno, facilita a fuga de presos 
♦ 1ª corrente ? corrupção passiva + fuga de pessoa presa (art. 351, CP) 
em concurso material 
♦ 2ª corrente ? apenas corrupção passiva (princípio da consunção) 
 
 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 10 
 
? Tipo subjetivo: Dolo 
• Elemento subjetivo do tipo ? para si ou para outrem 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a prática das condutas descritas no tipo 
• Tentativa: possível, somente na modalidade solicitar, praticada por escrito 
 
? Causa de aumento de pena: art. 317, § 1º 
• Quanto o servidor cumpre o prometido, realizando a pretensão do corruptor 
• O que seria mero exaurimento passou a ser considerado causa de 
aumento de pena 
 
? Forma privilegiada: art. 317, § 2º 
• Nessa modalidade, o servidor não satisfaz interesse pessoal, apenas cede 
a pressões de outrem 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95, no caso da forma privilegiada 
 
9.9 Facilitação de contrabando e descaminho – Art. 318, CP. 
? Bem jurídico protegido: erário público 
 
? Sujeito ativo: servidor público incumbido de impedir a prática de contrabando 
e descaminho (violação do dever funcional) 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Facilitar ? Colaborar, prestar auxílio, deixar de diligenciar (omissão) 
 
• Contrabando ? importação ou exportação de mercadoria cuja entrada ou 
saída do país é proibida. 
 
• Descaminho ? fraude para deixar de pagar o imposto de importação ou 
exportação 
 
• Ao invés do servidor responder como participe ou co-autor no crime do art. 
334, CP, responde por crime autônomo 
♦ Exceção à teoria monista do art. 29, CP 
 
• Pressuposto do crime ? infração do dever funcional 
♦ A facilitação praticada por servidor público estadual ? art. 334, CP, 
como partícipe ou co-autor 
− Ausência da atribuição legal para reprimir tais condutas. 
♦ Policial que se presta a fazer escolta de material contrabandeado ? 
art. 334, CP, como partícipe ou co-autor 
 
? Tipo subjetivo: Dolo 
• Elemento subjetivo do tipo ? para si ou para outrem 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a facilitação (crime formal) 
• Tentativa: possível, na forma comissiva 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
Direito Penal IV – Dos Crimes Contra a Administração Pública. 
Professor: Carlos Henrique Reis Rochael 11 
 
• Competência: Justiça Federal 
• Foro: Local da apreensão dos bens 
 
9.10 Prevaricação – Art. 319, CP. 
? Bem jurídico protegido: Administração contra ação de servidor que não 
cumpre suas obrigações 
 
? Sujeito ativo: servidor público no exercício de sua função (art. 327, CP) 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Retardar ? Atrasar, indevidamente, a realização de um ato para satisfazer 
interesse pessoal (omissão) 
 
• Deixar de praticar ? não realizar, injustificadamente, o ato (omissão) 
 
• Praticar ? realizar o ato contra disposições expressa de lei (ação) 
♦ Não há crime se a prática for contra regulamentos, portarias, 
resoluções etc. 
 
• Ato de oficio ? aquele que se encontra na esfera de competência do 
servidor público, sendo sua realização uma obrigação 
 
• Interesse pessoal ? vantagem patrimonial ou moral 
• Sentimento pessoal ? estado emocional ou afetivo (ódio, amor, simpatia, 
aversão, prepotência) 
♦ ≠ de preguiça ? improbidade administrativa (Lei 8.429/92) 
 
• Delegado de polícia que deixa de instaurar inquérito policial 
♦ Somente haverá o crime se violar seu dever funcional 
 
? Tipo subjetivo: Dolo 
• Nesse tipo, não há qualquer intervenção de terceiro na conduta do sujeito 
ativo, diferentemente da concussão e da corrupção passiva. 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com o retardamento, a omissão ou com a prática do ato 
ilegal (crime formal) 
• Tentativa: possível, na forma comissiva 
 
? Ação penal: pública incondicionada• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.11 Condescendência criminosa – Art. 320, CP. 
? Bem jurídico protegido: regular funcionamento da Administração Pública 
 
? Sujeito ativo: servidor público superior hierárquico do que praticou a infração 
(art. 327, CP) 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Condescendência ? propensão para ser indulgente, tolerante, perdoar 
• Não tomar qualquer providência para a apuração dos fatos 
 
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• Pressuposto do crime ? prática de infração penal ou administrativa pelo 
servidor subordinado, no exercício do seu cargo 
 
? Tipo subjetivo: Dolo 
• Elemento subjetivo do tipo ? indulgência. 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a omissão 
• Tentativa: impossível (crime omissivo puro) 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.12 Advocacia administrativa – Art. 321, CP. 
? Bem jurídico protegido: regular funcionamento e a moralidade da 
Administração Pública 
 
? Sujeito ativo: servidor público (art. 327, CP) 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Patrocinar ? defender, postular, pleitear interesse de outrem 
♦ O patrocínio pode ser feito direta ou indiretamente 
 
• O servidor, valendo-se da facilidade de acesso junto a seus colegas, 
defende interesse particular alheio 
♦ Se o interesse for particular, mas pessoal ? fato atípico 
♦ Se o interesse do particular for ilícito ? aplica-se o disposto no 
parágrafo único 
 
• Se o interesse for relacionado com licitação pública ? Lei 8.666/93 
• Se o interesse for relacionado com a ordem tributária ? Lei 8.137/90 
 
? Tipo subjetivo: Dolo 
• Elemento subjetivo do tipo ? indulgência. 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com o ato revelador do patrocínio, independentemente da 
obtenção de qualquer vantagem (crime formal) 
• Tentativa: possível 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.13 Violência arbitrária – Art. 322, CP. 
? Tacitamente revogado pela Lei de abuso de autoridade (Lei 4.898/65) 
 
9.14 Abandono de função – Art. 323, CP. 
? Bem jurídico protegido: regular funcionamento da Administração Pública 
 
? Sujeito ativo: servidor público ocupante de cargo público 
• Apesar do nomem juris (abandono de função), não prevalece a regra 
ampla do art. 327, CP 
 
 
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? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Abandonar ? deixar de exercer o cargo público definitivamente 
♦ Exige-se que haja probabilidade de dano para a Administração Pública 
− Caso haja substituto ? fato atípico 
− Havendo prejuízo ? aplica-se o disposto no §1º (qualificadora) 
 
• Havendo abandono temporário ? mera falta disciplinar 
 
? Tipo subjetivo: Dolo 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com o abandono por prazo juridicamente relevante (crime 
formal) 
• Tentativa: impossível (delito omissivo próprio) 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.15 Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado – Art. 324, CP. 
? Bem jurídico protegido: regular funcionamento da Administração Pública 
 
? Sujeito ativo: servidor público que antecipa ou prolonga as suas funções 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Entrar o servidor no exercício de função pública sem o cumprimento das 
exigências legais ou continuar a exercê-lo ilegalmente 
 
• A primeira conduta é uma norma penal em branco ? quais são as 
exigência para que um servidor entre em exercício 
 
• Na segunda conduta exige-se a comunicação pessoal ao servidor, salvo no 
caso de aposentadoria compulsória aos 70 anos. 
 
? Tipo subjetivo: Dolo 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com o exercício ilegal por parte do servidor público 
• Tentativa: possível 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.16 Violação de sigilo funcional – Art. 325, CP. 
? Bem jurídico protegido: regular funcionamento da Administração Pública 
 
? Sujeito ativo: servidor público (art. 327, CP) 
• Entende a doutrina e jurisprudência que comete o delito o funcionário 
aposentado ou afastado (analogia in malam partem) 
 
? Tipo Objetivo (conduta típica): 
• Revelar ? comunicar a terceira pessoa 
♦ A revelação tem que ser direta 
 
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• Facilitar ? tornar fácil o acesso do fato a terceira pessoa (conduta 
comissiva ou omissiva) 
 
• O fato divulgado deve ter sido conhecido em razão do cargo que ocupa 
♦ Outro servidor que ficar sabendo e divulgar ? fato atípico 
 
♦ Ex: caso do painel eletrônico de votação do Senado Federal 
− O STF rejeitou a denúncia contra os parlamentares e a servidora do 
Senado ? o segredo dos votos chegou ao conhecimento dos 
denunciado não em razão do exercício do cargo 
 
• Se o segredo for particular, obtido em razão do cargo público ? violação 
de segredo profissional (art. 154, CP) 
 
• Tratando-se de proposta de concorrência pública ? Lei 8.666/93 
• Tratando-se de espionagem ou revelação de segredo militar ? crime 
contra a segurança nacional (Lei 7.170/83) 
 
? Tipo subjetivo: Dolo 
 
? Consumação e tentativa: 
• Consumação: com a revelação do segredo a terceiro não autorizado (crime 
formal) 
• Tentativa: possível, na modalidade escrita 
 
? Forma equiparada e qualificada: §§ 1º e 2º 
 
? Ação penal: pública incondicionada 
• Aplica-se a Lei 9.099/95 
 
9.17 Violação do sigilo de proposta de concorrência – Art. 326, CP. 
? Revogado pela Lei de licitações (art. 94, Lei 8.666/93)

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