Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 46 CAPÍTULO 2. COORDENADAS TERRESTRES E CELESTES Gustavo Bastos Lyra Rafael Coll Delgado 2.1. Introdução Nas áreas de Meteorologia e de Climatologia, o estudo das características da Terra (forma, volume, área de continentes e oceanos, entre outras) permite entender as variações no recebimento e absorção da Radiação Solar (Capítulos 3 e 5) a superfície terrestre e a emissão da Radiação Terrestre (Capítulo 5). O recebimento de Radiação Solar varia principalmente com a época do ano, o local e a nebulosidade, enquanto sua absorção e emissão dependem do tipo de superfície (oceano, continente, floresta, cultura agrícola, solo nu, etc.). Assim, em estudos relacionados à radiação Solar é necessário localizar determinado local ou ponto na superfície Terrestre e associá-lo a um sistema de medida de tempo. Para isso se utilizam os sistemas de coordenadas geográficas, definidos por pontos, linhas e círculos da Terra, associados às coordenadas geográficas, e sistemas de medida de tempo cronológico. Além de fundamental nos estudos relacionados à variação da disponibilidade de radiação, os sistemas produtores de tempo (meteorológico) e os sistemas e fenômenos climáticos variam no tempo (cronológico) e no espaço, e assim precisam ser representados em um sistema de coordenadas geográficas e de medida de tempo. Os sistemas e fenômenos atmosféricos trocam massa (como por exemplo: vapor d’água e dióxido de carbono) e energia (radiação, calor latente e sensível) entre os diversos componentes do sistema Terrestre. A localização e acompanhamento no tempo (cronológico) dos sistemas meteorológicos é a base da previsão de meteorológica de tempo (meteorologia sinótica) e das simulações de modelos numéricos de previsão do tempo e clima (meteorologia dinâmica e meteorologia física). Auxiliam também, na localização, identificação e caracterização de fatores que influenciam o clima (climatologia) de determinado local. Do mesmo modo que é necessário conhecer as coordenadas geográficas do local à superfície terrestre, também se faz necessário avaliar os movimentos da Terra Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 47 (rotação e translação), associados aos movimentos aparentes do Sol para um observador na superfície terrestre, e como esses determinam a variação de energia (radiação solar) durante o ano ou mesmo na escala diária (dia/noite). A localização de um astro e o acompanhamento do seu movimento aparente é realizado com auxílio de um sistema de coordenadas celestes, em conjunto com a definição de um referencial local. 2.2. Características da Terra A Terra é o terceiro planeta do Sistema Solar por ordem de distância do Sol e encontra-se a cerca de 150 milhões de km de distância (Vianello e Alves, 2000). A massa da Terra é de aproximadamente de 5,9745 × 10 24 kg para um volume de 1.083 x 10 21 m 3 , e assim, densidade média de 5,52 g/cm 3 . A área superficial da Terra é de 5,1010 x 10 14 m 2 , sendo que dessa área 71 % é de Oceanos (3,622 x 10 14 m 2 ). Devido à sua complexidade geométrica, a forma da Terra é representada como um geóide 1 (Varejão-Silva, 2006). Para aplicações práticas na área de Meteorologia e Climatologia, a forma da Terra pode ser aproximada por uma esfera achatada nos Pólos, de forma que a incidência de radiação a superfície varia com a latitude. O raio médio da Terra é de 6.371,229 km, sendo o seu raio equatorial (6.378,388 km) maior que o raio polar (6.356,912 km). 2.3. Componentes do Sistema Terrestre O sistema terrestre pode ser dividido em diversos componentes que interagem entre si trocando massa (água – ciclo hidrológico, carbono – ciclo do carbono, nitrogênio – ciclo do nitrogênio, partículas sólidas, entre outros) e energia (radiação, calor latente e sensível) por processos de transferência de radiação, condução e convecção. Os principais componentes do sistema terrestre são: Atmosfera, Hidrosfera, Litosfera, Criosfera, Biosfera e o componente Antropogênico (humano) (Figura 2.1). Nesses componentes a matéria se encontra nos três estados fundamentais: sólido, liquido e gasoso. 1 O geóide é a superfície equipotencial do campo gravitacional da Terra, que coincide com o nível médio do mar. E pode ser representada por um elipsóide de revolução. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 48 Atmosfera – meio de resposta rápida que nos cerca e afeta imediatamente nossas condições, sendo formada pela fina camada gasosa que envolve a Terra. Pode ser dividida em várias camadas (Capítulo 4); Hidrosfera - Inclui os oceanos e todos os reservatórios (lagos, lagoas, rios, entre outros) de água na forma liquida, sendo as principais fontes de água (H2O) para as precipitações, trocas gasosas de dióxido de carbono (CO2) e de partículas de sais marinhos, para a atmosfera; Litosfera (massas continentais) – Componente sólido do sistema, formada pela camada superficial da Terra composta de rochas, com 30 a 120 km de espessura. A parte central da Terra (núcleo) tem a mesma matéria da litosfera, porém em ebulição ou incandescente. A litosfera afeta os fluxos das propriedades atmosféricas (energia, massa e momentum) por meio da sua morfologia (topografia, cobertura e rugosidade), do ciclo hidrológico (armazena H2O) e das propriedades relacionadas à transferência de energia por radiação e térmicas da sua superfície. Criosfera – Componente “gelo” do sistema, seja do continente, ou da superfície do oceano. Condiciona de forma significativa o balanço de radiação da Terra (albedo) e em determinadas propriedades dos oceanos (salinidade, profundidade, etc.). Biosfera (Biota) – Formada por todas as formas de vida, que através da respiração ou da fotossíntese (vegetais), e de interações químicas, afetam a composição e as propriedades físicas do ar (atmosfera) e da água (hidrosfera). Antropogênico (Humano) – Nas últimas décadas, as atividades humanas podem ter contribuído com mudanças rápidas e expressivas nas condições ambientais. Figura 2.1. Componentes do sistema terrestre – Atmosfera, Hidrosfera, Litosfera, Biosfera, Criosfera e a componente antrópica. Fonte: Adaptado de COMET. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 49 2.4. Coordenadas Geográficas Os sistemas de coordenadas geográficas permitem localizar um ponto(s) na superfície terrestre. De modo geral, os sistemas de coordenadas geográficas podem ser classificados em globais (exemplo: LAT/LONG – Latitude/Longitude) ou locais (exemplo: UTM - Universal Transverse Mercator). Pode-se também utilizar sistemas cartesianos simples, em duas dimensões (X, Y), para localizar um ponto no espaço, desde que sejam definidas as referências desse sistema. Baseado na intersecção das linhas (UTM e cartesiano) ou de círculos (LAT/LONG) formados pela extrapolação das coordenadas localiza-se o ponto sobre a superfície (Figura 2.2). a) b) Figura 2.2. Sistema de Coordenadas Geográficas a) UTM e b) LAT/LONG. Fonte: http://navegador-afn.blogspot.com.br/2013/05/coordenadas-geograficas-brasil-regioes_11.html. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 50 2.4.1. Sistema Latitude-Longitude – LAT/LONG O sistema latitude-longitude (LAT/LONG) é o mais utilizado para se estudar áreas extensas, como por exemplo, estados, países, continentes ou mesmo o Planeta como um todo. Esse sistema é composto de círculos (Equador, Paralelos e Meridianos)que circundam a Terra, e que a partir de determinadas referências (Equador e Meridiano de Greenwich) permitem definir as coordenadas (Latitude e Longitude) em um ponto qualquer sobre a superfície (Figura 2.3). Em Meteorologia e Climatologia, o sistema LAT/LONG é usado com frequência, devido à escala espacial de atuação dos principais sistemas meteorológicos e climáticos serem de mesoescala ou grande escala. Figura 2.3. Sistema de coordenadas a) Latitude e b) Longitude. Fonte: http://www.portalescolar.net/2011/04/latitude-longitude-lema-logaritmo.html. 2.4.2. Pontos, Linhas e Círculos da Terra O eixo de rotação da Terra é definido pela linha formada entre a união das extremidades da Terra, representadas pelos Pólos Norte (N) e Sul (S) verdadeiros. Traçados sobre a esfera terrestre têm-se dois tipos de círculos que se cruzam em ângulo reto. O primeiro tipo (vertical) passa pelo eixo de rotação Norte-Sul da Terra, enquanto o segundo tipo (horizontal) é composto por círculos perpendiculares ao eixo de rotação. Forma-se então, uma rede de círculos determinados pelos planos que passam pelo seu eixo de rotação e pelos planos perpendiculares o eixo de rotação. a) b) Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 51 Esses círculos podem ser classificados como máximos e mínimos. Os círculos máximos apresentam o raio máximo possível ao se traçar um círculo em torno do globo Terrestre e os mínimos são todos os outros círculos possíveis de se traçar e com raios menores aos dos círculos máximos. O plano do horizonte, para um ponto situado na superfície terrestre, é o plano que contém todas as tangentes traçadas ao ponto (Figura 2.4), sendo perpendicular a vertical local. Esse plano é paralelo aquele formado por uma superfície líquida em repouso, situada no local considerado. Figura 2.4. Plano do horizonte e vertical local. Fonte: http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/gravi/images/imagem53.jpg. A vertical local à superfície em determinado ponto pode ser definida como a direção local de atuação da força da gravidade. O prolongamento da vertical local, no sentido contrário ao do centro da Terra e acima do plano do horizonte, é considerado positivo, e determina na esfera Terrestre o Zênite (Figura 2.5). O prolongamento no sentido contrário, ou seja, abaixo do plano do horizonte, é denominado Nadir. Assim, Zênite é o ponto na esfera celeste, situado verticalmente acima do plano do horizonte de determinado ponto na superfície, sendo o Nadir, o ponto situado verticalmente abaixo (Varejão-Silva, 2006). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 52 Figura 2.5. Zênite (Z), Nadir (Z’), Linha Zênite-Nadir (ZZ’) e plano do horizonte. Fonte: Adaptada de: http://pt.wikihow.com/Imagem:azimuth---Wikimedia-Labs-2647.png A linha Zênite-Nadir (ZZ’) é a linha imaginária traçada do Zênite até o Nadir, e corresponde ao prolongamento indefinido da perpendicular traçada a um ponto na superfície em relação a plano do horizonte, sendo perpendicular ao plano do horizonte. A linha vertical do lugar coincide com ZZ’ local. Quando um astro cruza acima de ZZ’ dizemos que esse astro culmina no Zênite, enquanto no caso de cruzar ZZ’ abaixo do plano do horizonte, o astro está no Nadir. Ao ligar-se a base da vertical local ao centro de um astro (Sol) por uma linha imaginária, o ângulo que a linha faz com a vertical local é o ângulo zenital, sendo 90 ao nascer e no pôr-do-Sol e 0 próximo ao meio-dia. 2.4.3. Paralelos, Meridianos e Equador Terrestre Perpendicular ao eixo de rotação N-S da Terra, observa-se apenas um circulo máximo e que divide a Terra em dois hemisférios: Hemisférios Norte - HN (Boreal) e Sul – HS (Austral), sendo esse círculo denominado de Equador (Figura 2.6a) (Varejão-Silva, 2006). O plano formado pela linha (círculo) do Equador é denominado plano do Equador. A partir do Equador, todos os demais círculos traçados, tem raio inferior, sendo assim círculos mínimos, conhecidos como Paralelos (Figura 2.6b). Ou seja, os Paralelos são círculos perpendiculares ao eixo de rotação da Terra e paralelos ao Equador terrestre. Alguns desses círculos mínimos (Paralelos) recebem nomes Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 53 específicos, em função de características geográficas, como por exemplo, os Trópicos de Câncer (HN) e de Capricórnio (HS), localizados a 23,45 de latitude nos dois Hemisférios, e os Círculos Polar Ártico (HN) e Antártico (HS) a 66,55 em cada hemisfério. Figura 2.6. a) Equador e b) Paralelos Terrestres. Fonte: Adaptado de http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2013/05/tropicos-meridianos-e-circulos-entenda-linhas- que-cortam-terra.html. Do ponto de vista geográfico, define-se região Tropical como a região localizada entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Na Climatologia, devido ao posicionamento das Altas Subtropicais, a região Tropical localiza-se entre 30 S e 30 N de latitude. Entre 30 e 60 de latitude em ambos os hemisférios, encontram-se as regiões de médias latitudes e acima de 60, denomina-se região de altas latitudes (Varejão-Silva, 2006). Os círculos (planos) que passam pelo centro da Terra, paralelos ao eixo de rotação Norte-Sul, e que dividem a Terra em parte iguais (Hemisférios), são denominados de Meridianos (Figura 2.7). Todos os Meridianos são Círculos Máximos da Terra. Os Hemisférios definidos pelos Meridianos são: Hemisfério Ocidental (Oeste) e Hemisfério Oriental (Leste). De forma prática, o Hemisfério Ocidental está a esquerda e o Oriental a direita do Meridiano de Greenwich. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 54 Figura 2.7. Meridianos Terrestres. Fonte: http://projetotaquariantas.blogspot.com.br/2009/08/modulo-1-paraleos-meridianos-longitude.html. 2.4.4. Longitude, Latitude e Altitude No sistema LAT/LONG, à distância a partir dos círculos de referência (Equador – horizontal e Meridiano de Greenwich – vertical) permite quantificar as coordenadas geográficas de qualquer ponto na superfície terrestre. As coordenadas nesse sistema são expressas em unidade de graus e décimos (exemplo: 10 ou 22,4) ou graus sexagesimais, ou seja, graus, minutos e segundos (exemplo: gg:mm:ss, 10:00:00 ou 22:24:00). A longitude () é determinada como o ângulo, em graus, entre o plano do meridiano de determinado lugar até o plano do meridiano de referência (Greenwich - Gr) (Figura 2.8a). A partir de Greenwich a longitude varia de 0° a 180 em direção aos dois hemisférios, Leste (L/E) ou Oeste (O/W). Dessa forma, os pontos sobre mesmo meridiano tem sempre a mesma longitude. Por convenção, às longitudes a oeste de Greenwich tem sinal negativo (-) e a leste de Greenwich positivo (+) (Figura 2.8a). Assim, -180 (Oeste) 180 (Leste), sendo = 0 no meridiano de Greenwich. A latitude () é definida como o ângulo, em graus, de determinado lugar até o plano do Equador (Figura 2.8b). A latitude é igual a 0 no Equador e varia até 90 nos Pólos Norte (N) ou Sul (S). Pontos situados em um mesmo paralelo terão a mesma latitude. Por convenção ao norte do Equador a latitude é positiva (+), enquanto ao sul do Equador negativa (-). Assim, -90 (Pólo Sul) 90 (Pólo Norte), sendo = 0 no Equador. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 55 a) b) Figura 2.8. a) Medida da Longitude e Latitude a partir do Meridiano de Greenwich (Gr) e b) Longitude/Meridianos e Latitude/Paralelos. Fonte: Adaptado de http://www.rc.unesp.br/igce/planejamento/download/isabel/cart_top_ecologia/Aula%205/UTM_modo_compatibilidade.pdf. As coordenadas geográficas permitem localizar um ponto apenas no plano, como por exemplo, os mapas, ou seja, em duas dimensões. Contudo a superfície da Terra é rugosa, sendo formada por: montanhas, vales, fossas abissais (oceanos), entre outros. Assim em diversas áreas do conhecimento (como por exemplo: meteorologia, climatologia e geografia) é necessária uma terceira coordenada para localizar um ponto na superfície terrestre. Essa coordenada é a altitude. A altitude é a elevação vertical (desnível), em metros, determinada a partir do Nível Médio do Mar (NMM) (Figura 2.9). A altitude é positiva quando o ponto está acima do NMM, e negativa, caso contrário. Altitude é diferente de altura ou cota. A altura é a elevação vertical em metros contada a partir de um plano de referência arbitrário à superfície, enquanto cota, tem significado similar à altura, contudo o plano de referência é o plano do horizonte. Figura 2.9. Altitude e altura. Fonte: http://geografalando.blogspot.com.br/2012/11/clima-influencia- da-latitude-e-altitude.html. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 56 2.5. Medida do Tempo A medida do tempo está geralmente relacionada ao movimento dos astros. A rotação da Terra determina uma unidade natural de tempo, que é o dia. A translação da Terra determina outra unidade de tempo, que é o ano. 2.5.1. Fusos Como já foi dito, a Terra é dividida por uma infinidade de planos que se interceptam no seu eixo. Esses planos são denominados meridianos. O Fuso é o espaço compreendido entre dois meridianos quaisquer, existindo uma infinidade. 2.5.2. Fuso Horário É a distância compreendida entre dois meridianos, porém, a mesma deve ser de 15°, sendo que cada fuso horário tem um meridiano central e deverá ter seu valor sempre múltiplo de 15°. Exemplo: 0°, 15°, 30°, 60°, ..., 180°. Para a contagem dos fusos horários o meridiano inicial é o Meridiano de Greenwich (Gr) e o valor desse fuso horário é de 0 hora. Se cada fuso horário tem 15°, e dividindo-se 360° por 15° (tamanho do fuso), teremos 24 fusos horários. Como a Terra gira 360° em 24 horas em torno do Sol (movimento de rotação), cada fuso horário terá valor de 1 hora. Isto quer dizer que a Terra gasta 1 hora para 15°. Por convenção, sabemos que o meridiano de Gr., divide a Terra em dois hemisférios. Então todos os fusos horários a oeste de Gr, são contados de -1 à -12 horas e todos à leste de Gr de +1 a +12 horas (Figura 2.10). Figura 2.10. Fusos Horários. Fonte: http://www.brasilescola.com/geografia/fuso-horario.htm. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 57 2.5.3. Velocidade da Terra Conforme visto acima, o movimento da Terra dá uma volta (360º) em seu próprio eixo em torno de 24 horas, e em vista disso, em uma 1 hora esse percurso é de 15º; 1 minuto seria 15’ e em 1 segundo é de 15”. Assim, as relações entre o movimento da Terra e tempo são: 15°/h, 15’/min. e 15”/seg. 2.5.4. Determinação do Fuso Horário Para o cálculo do fuso horário pertencente de um determinado lugar, dividimos a sua longitude (somente o grau) por 15°. Quando o resto da divisão for maior que 7° 30’, o fuso horário passa a ser 1 hora a mais. 2.5.5. Sistema Horário HORA CIVIL (HC): é o tempo contado a partir da passagem do Sol pelo meridiano oposto ao lugar considerado (Equação 2.1). HC = h0 + (± L) (2.1) em que, h0 = hora civil de Gr; (L) = longitude em tempo: W = (-) e L = (+). HORA LEGAL: é a hora civil do meridiano central do fuso horário. Com isso queremos dizer que dentro do fuso horário a hora será a mesma para todos os pontos nele contido. É a hora fornecida pelo relógio (Equação 2.2). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 58 HL = e0 + (± f) (2.2) em que, e0 = hora civil de Gr; (f) fuso horário: W = (-) e L = (+). Obs.: HC = HL quando o lugar estiver situado no meridiano central do fuso. DIFERENÇA ENTRE HL DE DOIS LUGARES (A e B): HLA = e0 + (±fA) HLB = e0 + (±fB) HLA – HLB = (±fA) – (±fB) DIFERENÇA ENTRE HL E HC DE UM MESMO LUGAR (A): HLA = e0 + (±fA) HCA = h0 + (±LA) HLA – HCA = (±fA) – (±LA) Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 59 2.6. Coordenadas Celestes Permitem indicar a posição dos corpos celestes (Sol, Planetas, entre outros) e estudar os seus movimentos em qualquer instante do dia e qualquer dia do ano. 2.6.1. Sistema Equatorial Os pontos, linhas e planos usados neste sistema são obtidos pelo prolongamento do eixo, dos planos, dos paralelos e dos meridianos do globo terrestre até alcançar a esfera celeste 2 (Vianello e Alves, 2000). Assim, têm-se nesse sistema o Pólo Norte (PNC) e Sul Celeste (PSC), os Meridianos e os Paralelos Celestes, o Equador Celeste e os Hemisférios Sul (HSC) e Norte Celeste (HNC) (Figura 2.11). Figura 2.11. Sistema de coordenadas celestes equatorial. Fonte: http://www.inape.org.br/wp- content/uploads/2010/05/esfera-celeste.png. O sistema equatorial tem como coordenadas a declinação e ascensão reta. O centro desse sistema é o centro da Terra, e sua referência é o Equador Celeste para a declinação e o ponto Vernal 3 no caso da Ascensão Reta. 2 Inclui a meia esfera do dia e da noite, sendo a própria abóbada celeste que vemos no céu. Pode ser vista de qualquer posição, formando uma esfera de raio indefinido e concêntrico com as coordenadas da Terra, cujo centro coincide com o centro da Terra e na superfície estariam localizados todos os astros (Vianello e Alves, 2000). 3 O ponto Vernal é o local da esfera celeste ocupada pelo Sol no instante do equinócio de março (Capítulo 3). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 60 2.6.2. Declinação do Astro e Ascensão Reta A declinação (δ) é o ângulo ou arco do meridiano, medido a partir do Equador Celeste até o astro ou o ângulo que o raio vetor do astro faz com sua projeção no plano equatorial celestial (Figura 2.12) (Vianello e Alves, 2000). Por convenção, corpos celestes no Hemisfério Norte Celeste tem declinação positiva (+), enquanto no Hemisfério Sul Celeste (-), esses corpos apresentam declinação negativa. A declinação de um astro por variar de + 90 (Pólo Norte Celeste) a -90 (Pólo Sul Celeste), sendo de 0° no Equador Celeste. Comparando-se o sistema equatorial e o sistema de coordenadas geográficas, a declinação é análoga à latitude. Assim, -90° (PSC) δ 90° (PNC), sendo δ = 0° no Equador Celeste. Pode-se a partir da declinação determinar a Distância Polar, definida como: distância polar + declinação= 90°. A ascensão reta (Ar) é definida como o ângulo, medido a partir do Equador Celeste, entre a projeção do raio vetor do astro e o vetor posição do ponto vernal. Por definição a ascensão reta varia de 0° a 360° e é medida no sentido de rotação da Terra. Figura 2.12. Sistema de coordenadas celestes, com destaque para a declinação do astro e a sua ascensão reta. Fonte: http://astro.if.ufrgs.br/ardec.jpg. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 61 2.7. Referencial Local Em diversos estudos nas áreas de Meteorologia e Climatologia, é necessário definir referências em determinadas posições da superfície da Terra (locais de observação), que podem ser associados a um sistema de coordenadas. Podem ainda ser usados para estudar propriedades e movimentos da Terrae dos oceanos, acompanhar o movimento dos astros na esfera celeste, entre outros (Varejão-Silva, 2006). Existem diversos sistemas de referência, como por exemplo, o cartesiano (X, Y, Z). Para descrever o movimento aparente do Sol (S), ou outro, astro na abóbada celeste, um sistema que pode ser aplicado é o sistema de coordenadas esféricas (r, A, Z) (Figura 2.13), definido como segue: r - Módulo do raio vetor do astro (S), tomado a partir da origem (P) do referencial; A – Azimute; Z – Ângulo Zenital, que pode assumir valores entre 0o (Zênite) < Z < 180 (Nadir). Nesse sistema o ângulo complementar ao ângulo zenital é denominado de ângulo de elevação (E) (E = 90 - Z). O ângulo de elevação é positivo quando o ponto estiver acima do plano do horizonte e negativo quando se encontrar abaixo. Figura 2.13. Pontos cardeais (Norte – N, Leste – E, Sul – S, Oeste – O), zênite, ângulo zenital (Z), azimute (A), ângulo de elevação. Fonte: Varejão-Silva (2006). Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 62 2.8. Roteiro para plotar uma Estação Meteorológica no Google Maps Este roteiro tem como exemplo o Rio de Janeiro (Figura 2.14a e 2.14b). As coordenadas deverão ser transformadas de décimos de graus para sexagesimais. Figura 2.14a. Roteiro para plotagem de uma estação meteorológica no Google Maps: Parte I. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 63 Figura 2.14b. Roteiro para plotagem de uma estação estação meteorológica no Google Maps: Parte II. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 64 Referências do Capítulo VAREJÃO-SILVA, M.A., 2006. Meteorologia e Climatologia. Versão Digital. Acesso: www.asasdaamazonia.com.br/.../Meteorologia_Climatologia.pdf. 552p. VIANELLO, R.L. & ALVES, A.R., 2000. Meteorologia básica e aplicações. Viçosa: UFV, 448p. Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 65 Exercícios Resolvidos Teórico: 1) Cite os principais componentes do sistema terrestre. Resposta: Atmosfera, Hidrosfera, Litosfera, Criosfera, Biosfera e o componente Antropogênico. 2) Quais sistemas de coordenadas são globais? E locais? Resposta: Globais: Latitude e Longitude. Locais: Sistema Universal Transverse Mercator (UTM). 3) O que são meridianos? Resposta: São círculos ou planos que passam pelo centro da Terra, paralelos ao eixo de rotação Norte-Sul, e que divide a Terra em partes iguais (Hemisférios – Ocidental e Oriental). 4) Defina Ascensão Reta. Resposta: Ângulo, medido a partir do Equador Celeste, entre a projeção do raio vetor do astro e o vetor posição do ponto vernal. Por definição a ascensão reta varia de 0° a 360°. Prático: 5) Converter graus sexagesimais para décimos de graus (22°54’ 25’’S). Resposta: 54 ÷ 60 = 0,9 Soma-se a parte inteira (22°) 22 + 0,9 + 042 = 23,32°S 25 ÷ 60 = 0,42 6) Qual o fuso de um local situado a 55° WGr? Resposta: 55 ÷ 15 = 3,666... Aproximadamente f = -4h Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 66 7) Converter em horas a longitude de 130° 49’ 25” LGr. Resposta: Parte I. 130° ÷ 15 = 8,666... Sobrou (0,666...) Como: 1° ----- 60’ 0,666° ----- X’ = 39,96 Aproximadamente = 40 min Parte II. 49’ ÷ 15 = 3,2666... Sobrou (0,2666...) Aplica-se a mesma regra de três da Parte I. Aproximadamente X’’ = 16 seg Obs: Como sobrou 3 minutos na Parte II, deve-se somar com os minutos da Parte I 40 min. Tendo o valor em minutos total de 43 min. Parte III. 25’’ ÷ 15 = 1,666... Aproximadamente = 2 seg Soma-se Parte II + Parte III = 16 seg + 2 seg = 18 seg. Então: + 8h 43 min 18 seg. 8) Qual a hora legal de um lugar situado a 33° 35’ LG; quando em Gr forem 10h 12min 26seg? Resposta: HL =? e0= 10h 12min 26seg 33° 35’ = +2h 14min 20seg HL = e0 + (± f) = 10h 12min 26seg + 2h HL = 12h 12min 26seg Apostila de Meteorologia Básica - IF 111 – 2013 – DCA/IF/UFRRJ 67 Exercícios Propostos 1) Explique o que é Hora Civil e Hora Legal. 2) Defina Fuso e Fuso Horário. 3) Explique Latitude, Longitude e Altitude. 4) Qual a diferença entre Paralelos e Meridianos? 5) O que é Zênite? 6) Com os dados abaixo, transforme a longitude em tempo e determine a hora civil: h0= 12h 10min 13seg e longitude = 46° 48’ 45” WGr. Resposta: (L) = -3h 7min 15seg; HC = 9h 2min 58seg. 7) Calcular a hora legal e a hora civil da cidade do Rio de Janeiro (43° 13’ 22” WGr), quando em Greenwich forem 12h 00min 00seg. Resposta: HL = 9h 00min 00seg; HC = 9h 7min 7seg. 8) A longitude de um lugar é 86°45’ EGr. Deseja-se saber qual a diferença entre a hora legal e a hora civil deste local. Resposta: HL – HC = 13min. 9) Um dado lugar está a 43° 13’ 22” WGr. Pergunta-se: a) qual o valor de seu fuso horário? b) a sua hora legal é atrasada ou adiantada em relação ao tempo civil, e de quanto? Resposta: a) f = -3h; b) é atrasada de 7min 7seg. 10) O tempo civil de um lugar “A” situado a 70°WGr é de 15h. Deseja-se saber: a) a que fuso pertence o lugar considerado? b) qual o tempo civil de Gr? c) qual a diferença entre HC e HL? Resposta: a) f = -5h; b) h0= 19h 40min; c) HC – HL = 20min.
Compartilhar