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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 1 www.medresumos.com.br APARELHO CIRCULATÓRIO O sistema circulatório é constituído por dois componentes distintos: o sistema sanguíneo ou cardiovascular (cuja função é transportar sangue em ambas as direções entre o coração e os tecidos) e sistema linfático (que tem como função colher a linfa, o excesso de fluido extracelular dos tecidos e leva-lo de volta para o sistema cardiovascular). O primeiro, constituído por túbulos que carregam sangue bombeado pelo coração, é um sistema fechado. Já o segundo se inicia em capilares muito pequenos, absorvendo líquidos e excretas que saem da corrente sanguínea e não conseguem voltar pela mesma, voltando por meio dos vasos linfáticos. SISTEMA CARDIOVASCULAR É um sistema fechado por onde percorre o sangue responsável por nutrir e retirar os metabolismos do corpo. Esse sistema é dotado de uma bomba muscular que renova a energia mecânica do sangue constantemente, o coração, responsável por enviar sangue para dois circuitos distintos: o circuito pulmonar (que leva o sangue de e para os pulmões) e o circuito sistêmico (que distribui o sangue de e para todos os órgãos e tecido do corpo). Devido a ação desta bomba, os vasos vão se tornar mais espessos e resistentes, diferentemente dos vasos linfáticos. OBS 1 : A pequena circulação é a pulmonar, aquela que leva sangue venoso do ventrículo direito para hematose trazendo sangue arterial para o átrio esquerdo. OBS²: A grande circulação é a sistêmica, que leva sangue arterial para nutrir todos os tecidos do corpo (inclusive o pulmonar) saindo do ventrículo esquerdo, retornando ao átrio direito com sangue venoso. Os circuitos circulatórios são constituídos por: Artérias: uma serie de vasos que retiram sangue do coração, ramificam-se em vasos de diâmetro cada vez menor, e suprem de sangue todas as regiões do corpo. Capilares: formam leitos capilares, uma rede de vasos de paredes delgadas através dos quais gases, nutrientes, resíduos metabólicos, hormônios e substancias sinalizadoras que são trocadas entre o sangue e os tecidos do corpo. Veias: vasos que drenam os leitos capilares e formam vasos cada vez maiores trazendo o sangue de volta ao coração. CORAÇÃO Bomba muscular formada por quatro cavidades (dois átrios e dois ventrículos), constituídas basicamente por tecido epitelial, muscular, conjuntivo e um tecido epitelial externo. Essa configuração se continua, concomitantemente, por todo decorrer dos vasos. ESQUELETO DO CORAÇÃO O esqueleto do coração é rico em fibras colágenas, sendo responsável por fornecer sustentação ao órgão, que possui uma grande atividade motora. É constituído por tecido conjuntivo denso, possuindo três componentes principais: • Anéis Fibrosos: formados em torno da base da aorta, da artéria pulmonar e dos ostios atrioventriculares. • Trígono Fibroso: formado primariamente na vizinhança da área da cúspide da valva aórtica, na região do septo cardíaco. • Septo Membranoso: constitui a porção superior e membranácea do septo interventricular. CAMADAS DA PAREDE DO CORAÇÃO As três camadas que constituem a parede do coração são endocárdio (reveste internamente os átrios e ventrículos), miocárdio (camada muscular espessa) e epicárdio (pericárdio visceral), homólogos às túnicas íntima, média e adventícia, respectivamente dos vasos sanguíneos. Arlindo Ugulino Netto. HISTOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 2 www.medresumos.com.br ENDOCÁRDIO O endocárdio, um epitélio pavimentoso simples, e o tecido conjuntivo subendotelial subjacente revestem a luz do coração. Seus aspectos principais são: É formado por T.E.R. Simples Pavimentoso, tendo como função manter a luz do órgão sem ondulações e irregularidades. Mais profundamente, existe a camada conjuntiva subjacente, a camada subendocárdica, composta por fibras colágenas, com presença marcante de fibroblastos e macrófagos. É nessa camada em que se encontram as fibras de Purkinje (células musculares estriadas cardíacas diferenciadas) do sistema de condução elétrica do coração, disseminando o impulso de contração do coração. MIOCÁRDIO Representa a espessa camada média do coração, composta por células de músculos cardíaco dispostas em espirais complexas em torno dos orifícios das câmaras. Camada mais espessa do coração. Presença de fibroblastos e tecido fibroso. Fibras musculares estriadas uninucleadas ou binucleadas com presença de discos intercalares (unem, rigidamente, uma fibra a outra). EPICÁRDIO O epicárdio, homólogo da adventícia dos vasos, coincide com o pericárdio visceral que recobre o coração, aderindo-se, intimamente, a ele. Constituída de T.E.R. Pavimentoso simples denominado mesotélio. Camada mais externa do coração. Local onde há maior depósito de tecido adiposo. Presença de fibras colágenas. OBS 4 : Propagação do impulso nervoso no coração: SNA Nó sinusal ou sinoatrial (marca passo natural do coração, coordenado pelo sistema nervoso autônomo simpático – através da adrenalina é estimulado – e parassimpático – através da acetilcolina é retardado). Nó átrio ventricular (localizado na região do septo) Fibras de Purkinje (subendocárdio). NÓ SINUSAL / SINOATRIAL / NODO AS É considerado o marca passo natural do coração, de onde nascem os estímulos, localizado na junção da veia cava superior com o átrio direito. Estas células musculares podem despolarizar-se espontaneamente 70 vezes por minuto, criando um impulso que se espalha pelas paredes da câmara atrial, através de vias internodais, até o nó atrioventricular. O ritmo é modulado pelo SNA: Simpático: através de descargas de adrenalina, estimula o bombeamento sanguíneo, aumentando, dessa maneira a pressão. Parassimpático: através do mediados acetilcolina, retarda o bombeamento sanguíneo, diminuindo a pressão arterial. NÓ ATRIOVENTRICULAR / NODO AV Localizado na parede do septo, logo acima da valva tricúspide. Células musculares cardíacas modificadas do nó atrioventricular, reguladas por impulsos provenientes do nó sinoatrial, transmitem sinais para o miocárdio dos ventrículos através do feixe atrioventricular (feixe de Hiss). FIBRAS DE PURKINJE Grandes células cardíacas modificadas localizadas na camada subendocárdica formam as fibras de Purkinje, que transmitem os impulsos para as células musculares cardíacas localizadas no ápice do coração, onde tem inicio a contração do miocárdio ventricular. ESTRUTURA DOS VASOS SANGUÍNEOS A maioria dos vasos sanguíneos tem várias características estruturalmente semelhantes, apesar de existirem diferenças peculiares, e estas constituem as bases para a classificação dos vasos em grupos distintos. De um modo geral, as artérias tem paredes mais espessas e um diâmetro menor do que suas contrapartes venosas. Suas camadas se dão, de uma forma geral, da seguinte maneira: Túnica Íntima: reveste a luz dos vasos (T.E.R. Simples Pavimentoso endotélio) Lâmina Elástica Interna: tecido muscular liso (diferencia os tipos de artérias). Túnica Média Lâmina Elástica Externa Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 3 www.medresumos.com.br Túnica Adventícia: tecido conjuntivo com presença de tecido adiposo. OBS 5 Quando o vaso apresenta uma parede muito espessa, o processo de difusão fica muito difícil, fazendo com que haja a necessidade de pequenos vasos perfurantes (vasa vasorum) na túnica adventícia que auxiliam no processo de nutrição das células. OBS 6 : Entre uma túnica e outra, há a presença de tecido conjuntivo elástico (lâmina elástica interna e externa), sendo elas mais espessas nas artérias médias (distribuidoras), e menos desenvolvidas nas de maior calibre e quase inexistente nas arteríolas. OBS 7 : Na base das grandes artérias (aorta e pulmonar) há presença de músculo estriado esquelético.Arteriosclerose: pouca produção de fibras elásticas na parede dos vasos devido à células envelhecidas, tornando-as mais enrijecidas. Aterosclerose: depósito de gordura (ateromas) junto a parede dos vasos, podendo evoluir para AVCs. ARTÉRIAS São vasos sanguíneos que recebem sangue do coração. Estão classificadas em três tipos: elásticas (condutoras), musculares (distribuidoras) e arteríolas, de acordo com seu tamanho relativo em referência as suas túnicas média. • Artérias Elásticas (condutoras): túnica muscular espessa (de 40 a 70 camadas de fibras musculares). Suas lâminas não são tão bem desenvolvidas. São exemplos: aorta, tronco pulmonar, artérias ilíacas. Os vasa vasorum são abundantes nesse tipo de artéria. • Artérias Musculares (distribuidoras): túnica média um pouco menor que a das artérias elásticas (com até 40 camadas de fibras) mas com lâminas elásticas bem desenvolvidas. A adventícia é bem espessa. Estão representadas, por exemplo, por artérias que partem da aorta. • Arteríolas (vasoconstricção e vasodilatação): poucas células musculares na túnica média (apenas 2 a 3 camadas de fibras). • Metarteríolas: as células musculares não são contínuas, circulando o endotélio do capilar. As lâminas elásticas são totalmente desenvolvidas. OBS 8 : São pequenos vasos localizados na túnica adventícia que favorecem a nutrição das células de grandes vasos, suprindo as túnicas adventícia e média. ESTRUTURAS SENSORIAIS ESPECIALIZADAS DAS ARTÉRIAS Receptores localizados nas artérias que indicam as necessidades fisiológicas do sangue, regulando pressão, equilíbrio hidroeletrolítico, etc. São formados por células sensoriais classificadas como neuroepitélio. • Seios Carótidos: são barorecpetores que detectam variações de pressão. • Corpos Carótidos e Corpos Aórticos: quimiorreceptores que detectam gradientes de O2 e CO2, mandando estímulos para o sistema nervoso que controla a respiração. CAPILARES Vasos mais numerosos formados a partir das extremidades terminais das arteríolas. Formado por tecido epitelial e, algumas vezes, uma camada muscular. A luz do capilar geralmente é definida por um só célula. São supridos pelas arteríolas e metarteríolas, drenados pelas vênulas. Os capilares se ramificam e anastomosam-se formando um leito (rede) capilar situado entre arteríolas e vênulas (anastomoses arteriovenosas), em que o sangue é desviado da rede de capilares. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 4 www.medresumos.com.br CLASSIFICAÇÃO DOS CAPILARES • Contínuos ou Somáticos: são destituídos de poros. Irrigam nervos periféricos, músculo esquelético, pulmão, timo. • Fenestrados ou Visceral: apresentam numerosos poros (presença diafragma que controla a troca de materiais). Irrigam Gl. endócrinas, pâncreas, intestino, rins. • Sinusoides ou descontínuos: são tortuosos com luz ampla, apresentando grandes fenestras e espaços intercelulares. Irrigam fígado, baço, linfonodo, medula óssea, córtex renal. OBS 9 : Anastomoses arteriovenosas: são regiões em que acontece uma ligação direta da arteríola sem que seja necessário uma interligação por capilares. Nesses casos, a camada muscular das arteríolas torna-se mais espessas. VEIAS São vasos que levam sangue de volta para o coração. Como não somente as veias são muito mais numerosas do que as artérias, mas em geral, o diâmetro de sua luz também é bem maior (quase 70% do volume total de sangue fica nestes vasos). Por não terem altas pressões como ocorre nas artérias, existe um sistema de válvulas nesses vasos que ajudam no movimento de repouso venoso. CLASSIFICAÇÃO DAS VEIAS As veias não possuem as túnicas elásticas, como as existentes nas artérias. A sua camada muscular também não é tão desenvolvida. • Veias de Grande Calibre: a sua túnica intima assemelha-se às das veias médias (endotélio com lâmina basal e fibras reticulares), exceto o fato que as grandes veias têm uma camada espessa subendotelial do tecido conjuntivo contendo fibroblastos e uma rede de fibras elásticas. A adventícia dessas veias apresentam fibras elásticas, abundantes fibras de colágeno e vasa vasorum. • Veias de Médio Calibre: sua túnica intima apresenta endotélio com lâmina basal e fibras reticulares. Por vezes, uma rede elástica circunda o endotélio, mas não formam lâminas como nas artérias. A adventícia é espessa, apresentando fibras elásticas e feixes de colágeno. • Veias de Pequeno Calibre: • Vênula: as paredes destas são semelhantes às dos capilares, com endotélio delgado envolvido por fibras reticulares e pericitos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 5 www.medresumos.com.br OBS 10 : OBS 11 : Pericitos: São encontrados ao longo de capilares e vênulas, de origem mesenquimal, assim como todo o tecido conjuntivo. Envolvem porções de células endoteliais, apresentando, em sua configuração: miosina, actina e tropomiosina. Em danos teciduais, reconstituem novos vasos sanguíneos e novas células do tecido conjuntivo. Defeitos de Válvulas: crianças que tiveram febre reumática podem, mais tarde, apresentar a doença da valva cardíaca em consequência de cicatrizes das valvas causadas pelo episódio. Nesses casos, acontece uma incompetência das valvas (principalmente a mitral e a valva aórtica), dificultando seu fechamento ou abertura. Aneurisma: alterações que podem ocorrer em qualquer vaso do sistema cardiovascular, em que a luz do vaso aumenta. Ateroesclerose: depósito de placas de ateroma em sua luz, gerando estenose. SISTEMA LINFÁTICO Inicia-se em pequenos capilares linfáticos formados por células epiteliais em fundos de saco. Esses capilares deságuam seu conteúdo em vasos linfáticos, que desembocam em ductos linfáticos (ducto torácico – restante do corpo - e o ducto linfático direito – linfa do quadrante superior direito). Os linfonodos estão interpostos ao longo do trajeto dos vasos linfáticos e a linfa precisa passar por eles para ser filtrada e limpa de materiais em partículas. Linfócitos são adicionados à linfa e ela sai desses linfonodos por meio dos vasos linfáticos eferentes. Os vasos linfáticos podem ser classificados como: • Capilares Linfáticos: vasos de parede delgada constituídas por uma única camada de células endoteliais e uma lâmina própria incompleta. • Vasos Linfáticos Pequenos e Médios: possuem valvas com espaçamento próximo. • Vasos Linfáticos Grandes: assemelham-se estruturalmente às pequenas veias, exceto por sua luz ser maior e sua parede ser mais fina. Possuem uma delgada camada de fibras elásticas abaixo do endotélio e uma fina camada de células musculares lisas. INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO O “ataque cardíaco” é a morte do músculo cardíaco por isquemia. É a forma mais importante de cardiopatia isquêmica (por obstrução de vasos sanguíneos do próprio coração, causando falta de oxigenação às células do miocárdio), sendo ela a principal causa de morte nos EUA e países industrializados. EUA: 1,5 milhão de pessoas sofrem IAM. Anualmente 1/3 morre. Brasil: primeira causa de morte (33%): de cada 10 vítimas, 06 são do sexo masculino. OBS 12 : A incidência em homens é maior pois mulheres possuem uma certa proteção dos estrógenos. FATORES DE RISCO • Histórico familiar de doença coronariana • Idade (a partir dos 60 anos) • Presença de fatores que predispõem a aterosclerose: Hipertensão; Tabagismo; Diabetes; Hipercolesterolemia. • Obesidade • Estresse • Sedentarismo Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● HISTOLOGIA 6 www.medresumos.com.br TIPOS DE INFARTO 1. Transmural Toda ou quase toda a espessura da parede ventricular Área irrigada por uma única artéria coronária Associado a aterosclerose coronariana Alteração da placa Estenose / Trombose 2. Subendocárdico Limitada ao terço interior ou no máximo a metade da paredeventricular, podendo se estender lateralmente Pode ir além da área de uma única artéria coronária Formação da placa Formação de trombo que lisa antes que a necrose se estenda Redução da PA BASES DA ISQUEMIA • Aterosclerose coronariana • Alteração da morfologia de uma placa ateromatosa • Exposição ao colágeno subendocárdico • Ativação plaquetária (adesão, agregação, ativação e liberação de agentes agregadores) • Trombose • Vasoespasmo • Perda do suprimento sanguíneo consequências bioquímicas, morfológicas e funcionais. RESPOSTA DO MIOCÁRDIO • Morte celular • Cessação da glicólise aeróbica em segundos • Perda de contratilidade dentro de 60 segundos após isquemia • Relaxamento miofibrilar • Depleção de glicogênio • Tumefação mitocondrial e celular • Apenas isquemia intensa (20 a 40 minutos) leva a danos irreversíveis (necrose). • Reconstituição do tecido por tecido fibroso (fibroblastos), inclusive com angiogênese. ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS • 0 – ½ h sem alteração. • ½ - 4 h geralmente sem alteração. Ondulação variável das fibras na borda. • 4 – 12 h início da necrose por coagulação; edema; hemorragia. • 12 - 24 h continuação da necrose por coagulação picnose dos núcleos miócitos com hipereosinofilia necrose marginal com faixas de contração início do infiltrado neutrofílico • 1 - 3 dias necrose por coagulação perda dos núcleos e das estriações infiltrado intersticial de neutrófilos • 3 – 7 dias início da desintegração das miofibrilas mortas morte de neutrófilos fase inicial da fagocitose das células mortas pelos macrófagos na borda da área infartada. • 7 – 10 dias fase avançada da fagocitose das células mortas fase inicial da formação do tecido de granulação fibrovascular nas margens. • 10 - 14 dias tecido de granulação novos vasos sanguíneos deposição de colágeno • 2 – 8 semanas aumento da deposição de colágeno diminuição da celularidade. • > 2 meses cicatriz colagenosa densa.
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