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PSICOLOGIA JURÍDICA - personalidade, comportamento, história, teorias da personalidade, abordagens da personalidade, transtornos de personalidade

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PSICOLOGIA JURÍDICA – 1ª UNIDADE 
HISTÓRIA DA PSICOLOGIA JURÍDICA 
 
No início do século XIX, na França, os médicos foram chamados pelos juízes da época 
para desvendarem o ‘‘enigma’’ que certos crimes apresentavam. Eram ações criminosas sem 
razão aparente e que, também “não partiam de indivíduos que se encaixavam nos quadros 
clássicos da loucura” (CARRARA, 1998, p.70). Segundo Carrara (1998), estes crimes que 
clamaram pelas considerações médicas não eram motivados por lucros financeiros ou paixões, 
pareciam possuir uma outra estrutura, pois diziam respeito à subversão escandalosa de valores 
tão básicos que se imagina que estejam enraizados na própria “natureza humana”, como o amor 
filial, o amor materno, ou a piedade frente à dor e ao sofrimento humano. Conforme Castel 
(1978), estas foram as primeiras incursões dos alienistas franceses para fora dos asilos de 
alienados. 
De acordo com Bonger (1943), a Psicologia só viria aparecer no cenário das ciências que 
auxiliam a justiça em 1868, com a publicação do livro Psychologie Naturelle, do médico francês 
Prosper Despine, que apresenta estudos de casos dos grandes criminosos (somente 
delinqüentes graves) daquela época. Concluiu ao final que o delinqüente, com exceção de poucos 
casos, não apresenta enfermidade física e nem mental. Segundo ele, as anomalias apresentadas 
pelos delinqüentes situam-se em suas tendências e seu comportamento moral e não afetam sua 
capacidade intelectual (que poderá ser inferior em alguns casos e enormemente superior em 
outros). 
Em 1875, a criminologia surge no cenário das ciências humanas como o saber que viria 
dar conta do estudo da relação entre o crime e o criminoso, tendo como campo de pesquisa “as 
causas (fatores determinantes) da criminalidade, bem como a personalidade e a conduta do 
delinqüente e a maneira de ressocializá- lo” (OLIVEIRA, 1992, p. 31). A criminologia: Em sua 
tentativa para chegar ao diagnóstico etiológico do crime, e, assim, compreender e interpretar as 
causas da criminalidade, os mecanismos do crime e os móveis do ato criminal, conclui que tudo 
se resumia em um problema especial de conduta, que é a expressão imediata e direta da 
personalidade. Assim, antes do crime, é o criminoso o ponto fundamental da Criminologia 
contemporânea (MACEDO, 1977, P. 16). Para se compreender o delinqüente, mister se faz que se 
conheçam as forças psicológicas que o levaram ao crime. Esta compreensão só se pode obter 
examinando-se os aspectos psicológicopsiquiátricos do criminoso e de seu crime. O crime passa 
a ser visto como um problema que não é apenas “do criminoso, mas também, do Juiz, do 
advogado, do psiquiatra, do psicólogo e do sociólogo” (DOURADO, 1965, p.7) 
Na opinião de Bonger (1943), encontramos entre os delinqüentes todos os tipos 
humanos possíveis, não existe uma tipologia psicológica específica do delinqüente. Para ele, o 
que diferencia o delinqüente das demais pessoas é uma deficiência moral associada a uma 
exagerada tendência materialista. Bonger (1943), ao descrever o surgimento da psicologia 
criminal, cita alguns autores anteriores a Despine que, segundo ele, fazem parte da pré-história 
da psicologia criminal, como Pitaval, na França, em 1734; Richer, na França, em 1772; 
Schaumann, na Alemanha, em 1792; Feuerbach, na Alemanha, em 1808; Lauvergne, na França, 
em 1841; Häring e Hitizig, na Alemanha, em 1842 e Avé-Lallemant, na Alemanha, em 1858. Na 
sua opinião, apesar de apresentarem uma preocupação em descrever aspectos psicológicos dos 
delitos e dos delinqüentes, estes autores pecaram por não haver um rigor metodológico na 
escolha dos casos e nem uma preocupação em construir uma teoria sobre os dados encontrados. 
Lombroso, psiquiatra, pai da criminologia e criador da antropologia criminal (ciência 
que estuda a relação entre as características físicas do indivíduo e a criminalidade), também se 
ocupou da Psicologia do delinqüente. Apesar de superficialmente, ele cita um ou dois exemplos e 
discute os mais diversos temas, tais como a gíria dos delinqüentes, tatuagem e religiosidade. A 
partir do final do século XIX, a Psicologia Criminal começou a ser dona do seu próprio destino. 
Suas investigações realizaramse com mais freqüência e como um maior rigor metodológico. 
 
Mira Y Lopez (2008), numa tentativa de compreender como as pessoas reagem em 
situações de conflito, enumerou nove fatores que, segundo ele, seriam responsáveis pela reação 
de uma pessoa em um dado momento, classificando-os em herdados, adquiridos e mistos. 
De acordo com Mira Y Lopez 
(2008), os fatores herdados que 
influenciam o modo de reação da 
pessoa, são a constituição corporal, o 
temperamento e a inteligência. 
Segundo ele, quanto à constituição 
corporal, a reação de um homem 
corpulento difere da de um homem 
magro e baixo, assim como, uma 
crítica vinda de um jovem adolescente 
não será recebida da mesma forma se 
for feita por um idoso. O fator morfológico origina na pessoa um obscuro sentimento de 
superioridade ou inferioridade física em frente às situações e influencia a determinação do seu 
modo de reagir. Em outras palavras, a constituição corporal imprime um selo característico na 
pessoa e condiciona em grande parte o seu jeito de ser. Se por constituição corporal entendemos 
o conjunto de propriedades morfológicas e bioquímicas transmitidas ao indivíduo por herança, 
podemos definir o temperamento como a resultante funcional direta da constituição corporal, 
sendo responsável pela nossa tendência mais primitiva de reação em frente dos estímulos 
ambientais. E com relação à inteligência, Mira Y Lopez (2008) defende a idéia de que ela nos 
fornece subsídios para uma adaptação melhor à realidade e uma melhor compreensão dela. 
Portanto, para uma pessoa pouco dotada do ponto de vista intelectual, os recursos de adaptação 
a uma situação acabarão mais rápido do que para outra um pouco mais inteligente. Pontes 
(1995, p. 34), seguindo esta mesma linha de pensamento, define a inteligência como sendo uma 
“capacidade para adquirir e acumular experiências, visando a resolver os problemas que a vida 
impõe”. Pontes (1997) apresenta uma importante correlação entre baixo nível intelectual e 
“insight prejudicado”. O Insight é a capacidade da pessoa para perceber, assimilar, compreender 
e elaborar a realidade e os acontecimentos em sua volta. É o modo como refletimos sobre as 
coisas que ocorrem no nosso dia-a-dia. A pessoa cujo insight é prejudicado apresenta uma 
dificuldade de compreensão e de reflexão ante a realidade, sendo difícil assimilar noções de 
limites, de certo e de errado, de Direito e de deveres e de bem e de mal. 
Segundo Pontes (1997, p.74), o modo como o insight se origina é uma incógnita. 
Contudo, baseado em sua experiência clínica, ele defende a idéia de que o insight “é estruturado 
pela integração da biologia, Psicologia e sociedade. Entretanto, nas grandes alterações deste, a 
biologia prevalece”. Quando o insight é bastante prejudicado ou ausente, a pessoa é considerada 
psicótica. E, quando o insight se encontra prejudicado, de tal forma que não há perda total do 
contato com a realidade, Pontes denomina de falsa normalidade (são as pessoas portadoras de 
transtornos de personalidade). De acordo com as idéias de Pontes (1997), as pessoas que 
possuem um baixo nível intelectual em concomitância com um insight prejudicado tendem a 
delirar nos atos e não nas idéias, apresentando sérios transtornos de conduta; podendo vir a ter 
comportamentos auto-destrutivos, impulsivos e agressivos, cujas conseqüências vão do suicídio 
ao homicídio. Em 1887, Marro, como foi comentado anteriormente, havia apontado como uma 
das características de personalidade do delinqüente, um defeitoem sua capacidade de reflexão. 
Segundo Mira Y Lopez Mira Y Lopez (2008), é comum dizermos que o caráter é o fator 
mais importante na descrição da personalidade de uma pessoa. De fato, quando enumeramos as 
características pessoais de um sujeito, dizemos que o “caracterizamos”, ou seja, que damos conta 
do seu caráter. Para ele, o caráter é um fator importantíssimo na reação pessoal porque ele 
costuma definir e determinar a conduta. O caráter constitui o término das transações entre os 
fatores endógenos e os exógenos integrantes da personalidade e representa o resultado desta 
luta. Na sua opinião, os fatores endógenos impulsionam o indivíduo para uma conduta 
puramente animal, objetivando a satisfação de seus anseios. Já os exógenos, ao contrário, 
conduzem o indivíduo à completa submissão ao meio externo. Essa clássica disputa entre o 
endógeno e o exógeno tem como produto final o tipo de conduta externa que a pessoa apresenta, 
e isto representaria o seu caráter. 
Na visão de Mira Y Lopez (2008), os fatores adquiridos que influenciam a forma como a 
pessoa reage são a prévia experiência de situações análogas, a constelação, a situação externa 
atual, o tipo médio de reação social (coletiva) e o modo de percepção da situação. A experiência 
prévia de situações análogas seria o primeiro fator a considerar puramente exógeno, isto é, 
adquirido em vida. Sem dúvida alguma, o exemplo vivido, a experiência anterior influenciam de 
modo decisivo a determinação da reação atual. Ele denomina de constelação a influência que a 
vivência ou a experiência imediatamente antecedente exerce na determinação da resposta à 
situação atual. É evidente que uma pessoa que sai de um concerto de música ou de um sermão 
religioso não está com igual disposição para agredir do que quando acaba de ver uma luta de 
boxe ou uma partida de futebol. 
A situação externa atual representa a causa, o estímulo desencadeador da reação pessoal 
e o tipo médio de reação social diz respeito ao modo como a maioria das pessoas reagiriam a 
uma dada situação. Para Mira Y Lopez (2008), o comportamento individual reflete a toda hora 
aspectos da conduta social, ou seja, há em todo momento uma influência recíproca entre o 
sujeito e seu meio social. De acordo com Mira Y Lopez (2008), o modo de percepção da situação 
seria o fator mais importante de todos na determinação da reação pessoal. 
Por subjetividade o modo como o ser humano se relaciona com o mundo e consigo 
mesmo. Neste sentido, a subjetividade seria um espaço psíquico onde as experiências humanas 
podem encontrar um lugar de expressão, um registro. Contudo, em se tratando de ciências 
humanas, as leis não são universais. Um único fenômeno psíquico remete-nos a diversas leituras 
e modos de compreensão. Estas diversas formas de compreender o fenômeno podem até se 
complementar ou ser totalmente antagônicas, de modo que a experiência da realidade de um 
fenômeno pertence unicamente ao domínio de quem a está experienciando e o que o outro pode 
fazer é tentar compreender. 
Concordamos plenamente com a idéia de que não existe um perfil criminoso e sim uma 
série de variáveis, circunstâncias e determinados contextos que levam estas pessoas ao 
cometimento de um delito. E este deve ser um dos pontos centrais de investigação e atuação da 
Psicologia Jurídica. 
PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL 
A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica tem seu início 
no reconhecimento da profissão, na década de 1960. Tal inserção deu-se de forma gradual e 
lenta, muitas vezes de maneira informal, por meio de trabalhos voluntários. Os primeiros 
trabalhos ocorreram na área criminal, enfocando estudos acerca de adultos criminosos e 
adolescentes infratores da lei (Rovinski, 2002). O trabalho do psicólogo junto ao sistema 
penitenciário existe, ainda que não oficialmente, em alguns estados brasileiros há pelo menos 40 
anos. Contudo, foi a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84) 
Brasil (1984), que o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição 
penitenciária (Fernandes, 1998). 
Os pacientes passaram a ser classificados em duas grandes categorias: de maior ou de 
menor severidade, ficando o psicodiagnóstico a serviço do último grupo, inicialmente. Desta 
forma, os pacientes menos severos eram encaminhados aos psicólogos, para que esses 
profissionais buscassem uma compreensão mais descritiva de sua personalidade. Os pacientes 
de maior severidade, com possibilidade de internação, eram encaminhados aos psiquiatras 
(Rovinski, 1998). Balu (1984) demonstrou, a partir de estudos comparativos e representativos, 
que os diagnósticos de Psicologia Forense podiam ser melhores que os dos psiquiatras (Souza, 
1998). De acordo com Brito (2005), os psicodiagnósticos eram vistos como instrumentos que 
forneciam dados matematicamente comprováveis para a orientação dos operadores do Direito. 
Inicialmente, a Psicologia era identificada como uma prática voltada para a realização de exames 
e avaliações, buscando identificações por meio de diagnósticos. Essa época, marcada pela 
inauguração do uso dos testes psicológicos, fez com que o psicólogo fosse visto como um 
testólogo, como na verdade o foi na primeira metade do século XX (Gromth-Marnat, 1999). 
Esse histórico inicial reforça a aproximação da Psicologia e do Direito através da área 
criminal e a importância dada à avaliação psicológica. Porém, não era apenas no campo do 
Direito Penal que existia a demanda pelo trabalho dos psicólogos. Outro campo em ascensão até 
os dias atuais é a participação do psicó- logo nos processos de Direito Civil. No estado de São 
Paulo, o psicólogo fez sua entrada informal no Tribunal 485PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL 
Estudos de Psicologia I Campinas I 26(4) I 483-491 I outubro - dezembro 2009 de Justiça por 
meio de trabalhos voluntários com famílias carentes em 1979. A entrada oficial se deu em 1985, 
quando ocorreu o primeiro concurso público para admissão de psicólogos dentro de seus 
quadros (Shine, 1998). 
A aproximação da Psicologia e do Direito estava mais atrelado a questões envolvendo crime 
e também os direitos da criança e do adolescente. Contudo, nos últimos dez anos a demanda pelo 
trabalho do psicólogo em áreas como Direito da Família e Direito do Trabalho vem tomando 
força. 
 
 
TEORIAS DA PERSONALIDADE 
 PERSONALIDADE 
 
Conceito: A psicologia evita juízo de valor. A personalidade seria um conjunto de 
características que diferenciam os indivíduos. Estes atributos seriam permanentes e diz respeito 
à constituição, temperamento, inteligência, caráter, um jeito específico de se comportar. Para a 
teoria, o conceito de personalidade, significa a organização dinâmica, isto é, em constante 
mudança, dos seguintes aspectos: habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos, e ao modo 
constante e particular do indivíduo perceber, pensar, sentir e agir. Refere-se também uma 
"personalidade básica", que seriam as atitudes, tendências, valores e sentimentos dos membros 
de uma sociedade ou comunidade, o que existe em comum em todas as personalidades, 
independente das diferenças entre os indivíduos e dos fatores culturais, códigos e regras sociais 
ou consenso de comportamento. 
A personalidade pressupõe a possibilidade de um indivíduo se diferenciar, ser original e 
ter particularidades. É estruturada tendo como base as diferentes condutas e regras ou códigos 
definidos e aceitos como disposições dos indivíduos (organizados de maneira global e dando 
uma consistência e unidade estrutural). Os conteúdos desta estruturação são relacionados com 
as experiências e vivências concretas das pessoas no meio onde vivem seus aspectos culturais,educacionais, religiosos, hábitos, crenças e heranças fisiológicas, raça, cor, etc. Através desta 
Idéia pode-se predizer o que a pessoa fará em determinada situação, pode-se ter Idéia de como 
ela reagiria. Podemos interpretar que o indivíduo formado fisiologicamente é repetitivo, isto é, 
responde mais ou menos da mesma maneira e reage da mesma forma aos mesmos estímulos, 
transparecendo a sua personalidade. 
Os traços de personalidade são os referidos as características duradouras, consolidadas e 
mais perenes da personalidade da pessoa. 
 
 TEORIA DOS HUMORES: “O corpo do homem contém sangue, fleuma, bile amarela e negra 
— esta é a natureza do corpo, através da qual adoece e tem saúde. Tem saúde, precisamente, 
quando estes humores são harmônicos em proporção, em propriedade e em quantidade, e 
sobretudo quando são misturados. O homem adoece quando há falta ou excesso de um desses 
humores, ou quando ele se separa no corpo e não se une aos demais. ” 
Colérico: Vontade forte, Ambição, Irascível, Fisicamente bem definidos, Robustos, Brigão, 
Vingativo, Inoportuno, Arrogante, Ousado, Imprudente, Engenhoso, Sedutor, Tirano, Optimista, 
Inesgotável, Agressivo, Afirmativo, Gosto por comandar, Impaciente, Odeia detalhes, Exige 
demasiado e dá demasiado, Extremista, Gosto por reconhecimento público, Muito inquieto, 
Excessivo, Brincalhão, Mordaz, Nervoso e Astuto. 
Sanguíneo: Sociável, Amigável, Não se mantêm no mesmo sítio por muito tempo, Fisicamente 
bem proporcionados, Alegre, Generoso, Dedicado, Afável, Pacificadores, Honesto, Modesto, 
Religioso, Superficial, Distraído, Optimista, Fiel, Liberal, Cortês, Misericordioso e Confiável. 
Melancólico: Detalhado, Ponderado, Lógico, Tendências depressivas, Fisicamente magro, 
Estatura média, Prudente, Lentos a resolver assuntos, Fraudulento, Teimoso, Invejoso, Duvidoso, 
Triste, Temeroso, Insubordinado, Inexorável, Ambicioso, Taciturno, Anti-social, Analítico, 
Pessimista, Conhecedor, Estudioso, Desconfiado e Solitário. 
Fleumático: Emoção controlada, mas de sentimentos fortes, Fisicamente cheios e baixos, 
Cobardes, Indolentes, Dedicado, Inconstante, Linguarudo, Maçador, Preguiçoso, Contemplativo, 
Reservado, Tímido, Resignado, Lento, Profundo estudioso, Caseiro, Hesitante, Invejoso, 
Mesquinho, Egocêntricos, Envergonhados, Ganancioso e Sóbrios. 
“A corrupção do cérebro é devida à fleuma e à bile. Conhecerás as duas causas desta maneira: Os 
que enlouquecem devido à fleuma são pacíficos e não gritam, nem bramem. Mas os que 
enlouquecem devido à bile costumam berrar, e tornam-se furiosos e inquietos, sempre fazendo 
algo inoportuno.” 
 
 
 
 
BEHAVORISMO 
Conceito: Watson, postulando o comportamento como objeto da Psicologia, dava a esta 
ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando — um objeto observável, 
mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. 
Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas e isso ocorre porque os 
organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de equipamentos hereditários e pela 
formação de hábitos. Watson buscava a construção de uma Psicologia sem alma e sem mente, 
livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos, e que tivesse a capacidade de prever e 
controlar. 
Hoje, não se entende comportamento como uma ação isolada de um sujeito, mas, sim, como 
uma interação entre aquilo que o sujeito faz e o ambiente onde o seu “fazer” acontece. Portanto, 
o Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as 
ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as estimulações). O homem começa a ser 
estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomado como produto e produtor 
dessas interações. 
ESTÁGIOS DO BEHAVIORISMO – OBJETO DA PSICOLOGIA PARA O BEHAVORISMO: 
PRIMEIRO ESTÁGIO DO BEHAVIORISMO: 
A interpretação relacional mais comum do Behaviorismo Radical se dá entre eventos 
comportamentais e eventos ambientais, ou seja, entre respostas e estímulos (Tourinho, 2006). 
Diz-se, nesse sentido, que não há estímulo que não esteja relacionado com uma resposta, nem 
resposta que não esteja em relação funcional com um estímulo. Isso já coloca uma questão 
importante. Se analisarmos essa afirmação do ponto de vista ontológico, estaremos admitindo 
que não é possível falar de estímulo fora” de uma relação comportamental. Esse posicionamento 
entra em conflito direto com uma interpretação realista, que defende a existência de um mundo 
físico (estímulos) independente de uma relação comportamental (Tonneau, 2005). Em outras 
palavras, enquanto o realismo lida com estímulos que independem do observador, o 
relacionismo defende que não é possível falar de estímulo fora de uma relação comportamental. 
Mas há um nível de análise relacional ainda mais fundamental que pode ser empreendido 
no Behaviorismo Radical. Trata-se da relação entre organismo e ambiente. Nesse nível, admite-
se que não há organismo que não esteja em relação com o ambiente, nem ambiente do qual não 
participe um organismo. Isso afasta ainda mais a possibilidade de defesa do realismo, que 
prioriza a existência do ambiente sobre o organismo. Não se trata, tampouco, de priorizar a 
existência do organismo. Em outras palavras, uma visão-de-mundo relacional impede tanto a 
defesa do realismo, quanto do solipsismo. Assim, não existe ambiente “vazio”, nem organismo 
solitário. 
Além disso, uma visão-de-mundo relacional aplicada à relação entre organismo e ambiente 
contrapõe-se diretamente a uma interpretação associacionista. Não há um momento inicial em 
que temos organismo de um lado e ambiente de outro, e um segundo momento em que eles são 
colocados em relação por algum princípio de associação. Desde o início estamos no interior da 
relação organismo-ambiente. 
SEGUNDO ESTÁGIO DO BEHAVIORISMO 
 COMPORTAMENTO RESPONDENTE: O comportamento reflexo ou respondente é o que 
usualmente chamamos de “não-voluntário” e inclui as respostas que são eliciadas (“produzidas”) 
por estímulos antecedentes do ambiente. Esses comportamentos reflexos ou respondentes são 
interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos eventos 
ambientais confiavelmente eliciam certas respostas do organismo que independem de 
“aprendizagem”. Mas interações desse tipo também podem ser provocadas por estímulos que, 
originalmente, não eliciavam respostas em determinado organismo. Quando tais estímulos são 
temporalmente pareados com estímulos eliciadores podem, em certas condições, eliciar 
respostas semelhantes às destes. A essas novas interações chamamos também de reflexos, que 
agora são condicionados devido a uma história de pareamento, o qual levou o organismo a 
responder a estímulos que antes não respondia. 
No início dos anos 30, na Universidade de Harvard (Estados Unidos), Skinner começou o 
estudo do comportamento justamente pelo comportamento respondente, que se tornara a 
unidade básica de análise, ou seja, o fundamento para a descrição das interações indivíduo- 
-ambiente. O desenvolvimento de seu trabalho levou-o a teorizar sobre outro tipo de relação do 
indivíduo com seu ambiente, a qual viria a ser nova unidade de análise de sua ciência: o 
comportamento operante. Esse tipo de comportamento caracteriza a maioria de nossas 
interações com o ambiente. Para Skinner, os trabalhos internos da mente e de corpo estavam 
inacessíveis à observação direta e, para se compreender o comportamento, bastava entender o 
ambiente em que uma resposta ocorria a própria resposta e a consequência da resposta. 
 
 COMPORTAMENTO OPERANTE: Segunda Giusta (1985), o condicionamento operante 
surgiu com o objetivo de se explicaraprendizagens mais complexas. O condicionamento 
operante transferiu a ênfase do estímulo antecedente (como no caso do condicionamento 
clássico) para o estímulo consequente como recurso para se garantir a manutenção ou extinção 
de certo comportamento. Neste caso de comportamento operante, o que propicia a 
aprendizagem dos comportamentos é a ação do organismo sobre o meio e o efeito dela 
resultante — a satisfação de alguma necessidade, ou seja, a aprendizagem está na relação entre 
uma ação e seu efeito. Este comportamento operante pode ser representado da seguinte 
maneira: R —► S, em que R é a resposta (pressionar a barra) e S (do O ratinho, por acaso, 
pressiona a barra e recebe a gota d’água. Inicia-se o processo de aprendizagem. inglês stimuli) o 
estímulo reforçador (a água), que tanto interessa ao organismo; a flecha significa “levar a”. Esse 
estímulo reforçador é chamado de reforço. O termo “estímulo” foi mantido da relação R-S do 
comportamento respondente para designar-lhe a responsabilidade pela ação, apesar de ela 
ocorrer após a manifestação do comportamento. O comportamento operante refere-se à 
interação sujeito-ambiente. 
Nessa interação, chama-se de relação fundamental à relação entre a ação do indivíduo (a 
emissão da resposta) e as conseqüências. É considerada fundamental porque o organismo se 
comporta (emitindo esta ou [pg. 49] aquela resposta), sua ação produz uma alteração ambiental 
(uma conseqüência) que, por sua vez, retroage sobre o sujeito, alterando a probabilidade futura 
de ocorrência. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em função das conseqüências criadas 
pela nossa ação. As conseqüências da resposta são as variáveis de controle mais relevantes. 
Pense no aprendizado de um instrumento: nós o tocamos para ouvir seu som harmonioso. Há 
outros exemplos: podemos dançar para estar próximo do corpo do outro, mexer com uma garota 
para receber seu olhar, abrir uma janela para entrar a luz etc. 
 EVENTOS CONSEQUENTES: REFORÇAMENTO E PUNIÇÃO - MANUTENÇÃO OU EXTINÇÃO 
DO COMPORTAMENTO 
A manutenção de um comportamento se dá pela presença de um reforço. De acordo com 
La Rosa (2003), o reforço, para Skinner, consiste em qualquer estímulo ou evento que aumenta a 
probabilidade de ocorrência de um comportamento. Skinner ainda distingue dois reforçadores: 
o positivo e o negativo; o positivo como sendo aquele em que se apresenta um estímulo como 
consequência do comportamento e o negativo como sendo aquele em que se retira um estímulo 
como consequência de um comportamento. Os reforçadores podem ser primários, quando estão 
relacionados à necessidade primária, como alimentos e água; e secundários, que são assim 
denominados quando estão sendo sucessivamente emparelhados com algum reforçador 
primário; e finalmente os reforçadores generalizados, que compreendem aqueles estímulos que 
foram emparelhados com mais de um reforçador primário ou com algum reforçador secundário. 
Teixeira Júnior e Souza (2006) definiram, também, outros conceitos dentro dessa abordagem: 
esquiva como sendo a prevenção de um estímulo aversivo e fuga como sendo a interrupção de 
um estímulo aversivo, um processo no qual os estímulos aversivos condicionados e 
incondicionados estão separados por um intervalo de tempo apreciável, permitindo que o 
indivíduo execute um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a magnitude do 
segundo estímulo; contingência seria os componentes das relações comportamentais que 
apresentam relação de dependência entre si; extinção operante que seria a quebra de relação de 
contingências entre uma resposta e uma consequência pela suspensão do reforçamento. A 
extinção é um procedimento no qual uma resposta deixa abruptamente de ser reforçada. Como 
conseqüência, a resposta diminuirá de freqüência e até mesmo poderá deixar de ser emitida. O 
tempo necessário para que a resposta deixe de ser emitida dependerá da história e do valor do 
reforço envolvido; e finalmente modelagem seria a modificação de algum comportamento por 
meio de um reforçamento diferencial, em uma série de passos, de um desempenho inicial até um 
desempenho final. Segundo Moreira e Medeiros (2007) a modelagem é uma técnica usada para 
se ensinar um comportamento novo por meio de reforço diferencial de aproximações sucessivas 
do comportamento. 
Em suma, chamamos de reforço a toda conseqüência que, seguindo uma resposta, altera a 
probabilidade futura de ocorrência dessa resposta. O reforço pode ser positivo ou negativo. O 
reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o produz. O 
reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o remove ou 
atenua. O reforçamento positivo oferece alguma coisa ao organismo (gotas de água com a 
pressão da barra, por exemplo); o negativo permite a retirada de algo indesejável (os choques 
do último exemplo). Não se pode, a priori, definir um evento como reforçador. A função 
reforçadora de um evento ambiental qualquer só é definida por sua função sobre o 
comportamento do indivíduo. 
TERCEIRO ESTÁGIO DO BEHAVIORISMO: 
Albert Bandura enfatiza os conceitos de personalidade que reconhecem a importância do 
contexto social, assim como descreve as variáveis cognitivas que a descrevem e predizem o 
comportamento (CLONINGER, 1999). Para Bandura, os seres humanos são flexíveis nas formas 
de aprender, por isso, o teórico entende que a aprendizagem pode ser ativa ou por observação. A 
aprendizagem ativa ocorre por meio de experiências diretas que são comportamentos 
apresentados com suas respectivas consequências. Logo, a aprendizagem ativa ocorre mediante 
a reflexão do comportamento e avaliação das suas consequências. As consequências dos 
comportamentos, por sua vez, têm como funções informar os efeitos das ações, motivar 
comportamentos antecipadamente e reforçar (FEIST; FEIST, 2008). 
 REFORÇO VICÁRIO: A aprendizagem por observação, meio pelo qual advém a maior parte 
das aprendizagens, ocorre por meio da observação de comportamentos de outras pessoas que 
fornecem experiências indiretas (vicárias) e tem como consequência reforços vicário. Esses, por 
sua vez, possibilitam que indivíduos sejam reforçados ao observar uma pessoa sendo reforçada. 
Nesse sentido, Bandura destaca que os reforços diretos não são essenciais a aprendizagem, 
apesar de fornecer incentivos ao desempenho (CLONINGER, 1999). Dessa forma, a 
aprendizagem por observação pode ser considerada mais eficiente, já que não expõe os 
indivíduos a reforços ou punições e, assim, evitam que o processo cognitivo e o desenvolvimento 
social sejam atrasados. A aprendizagem por observação ocorre por meio do processo 
denominado de modelação, no qual a observação é seguida por um processo cognitivo, o que 
implica dizer que esse tipo de aprendizagem não é uma pura imitação, já que necessita de 
representações simbólicas peculiares a cada indivíduo e situação. A modelação depende das 
consequências do comportamento, das características do modelo observado e do observador. 
Assim, esse processo envolve mecanismos de atenção, representação, produção comportamental 
e motivação (FEIST; FEIST, 2008). 
Depois de reter o comportamento e ensaiar cognitivamente, reproduz-se o 
comportamento na produção comportamental ou processo de reprodução motora. A 
aprendizagem é mais eficaz quando existe motivação e isso se traduz no desempenho em 
realizar um comportamento. A motivação pode ocorrer por meio de reforços externos, 
vicariantes ou por interiorização de processos motivacionais (CLONINGER, 1999). Bandura 
acreditava que a ação humana é o resultado do que ele denominou de causação triádica 
recíproca, que é a interação entre indivíduo (I), comportamento (C) e ambiente(A) num sistema 
de determinismo recíproco (CLONINGER, 1999; FEIST; FEIST, 2008). Cada um desses fatores 
atua com forças diferentes cuja intensidade depende da situação e do indivíduo. 
Segundo Cloninger (1999), o conceito de determinismo recíproco reconhece que o meio 
influencia o comportamento, que as características internas influenciam o comportamento, e 
que o comportamento influência o próprio comportamento. O fator indivíduo (I) é composto por 
variantes individuais como gênero, tamanho, posição social, atratividade física e por fatores 
cognitivos como memória, antecipação, planejamento e critério. Com isso, os fatores cognitivos 
decidem os ambientes para lidar, o valor a atribuir aos comportamentos e a forma a organizar os 
eventos para usá-los futuramente (FEIST; FEIST, 2008). Dessa teoria, destaca-se a ideia de 
agência humana, que é a capacidade do ser humano de exercer o controle sobre sua vida. Os 
traços essenciais da agência humana são a intencionalidade, que é um planejamento com 
proatividade; a premeditação, que é o estabelecimento de objetivos possíveis, a previsão de 
resultados e a seleção de comportamentos; a autorreatividade, que é o acompanhamento da 
evolução do processo de escolha dos comportamentos; e a autorreflexibilidade, item no qual se 
destaca a autoeficácia (FEIST; FEIST, 2008). 
 AUTOEFICÁCIA: A autoeficácia é a crença na capacidade de realizar ações que produzirão 
um efeito desejado e que interfere na escolha dos comportamentos, no desempenho e, por isso, 
no controle da vida. A autoeficácia depende de experiências de domínio (experiências passadas), 
da modelagem social (experiências vicárias), da persuasão social e dos estados emocionais e 
físicos. A agência delegatória é a capacidade de confiar na competência dos outros em fornecer 
bens e prestar serviços. A eficácia coletiva é a crença geral no poder coletivo de produzir 
resultados desejados. Visto isto, agência delegatória e a eficácia coletiva também interferem na 
capacidade de controlar a vida que o ser humano possui (FEIST; FEIST, 2008). De acordo com 
Feist e Feist (2008), a autorregulação é a capacidade de regular os pró- prios comportamentos. 
Ela envolve estratégias reativas, responsáveis por reduzir a discrepância entre realidade e 
objetivos, e as estratégias proativas, incumbidas de definir novos e maiores objetivos. A 
autorregulação é regida por fatores externos, fornecedores de padrão de avaliação e 
reforçamento, e por fatores internos. Fatores internos que compreendem a auto-observação 
(monitora do comportamento), o processo de critério, e a autorreação (produzir autorreforço e 
autopunição). 
 
 OBSERVAÇÕES: 
Skinner não afirmou que o comportamento observável se limitava a eventos externos, 
porém escolheu ser determinista e ambientalista, com coerência aos seus métodos de estudo. 
Com isso, o mesmo ampliou a teoria de seus antecessores, Thornidike e Watson, ao acrescentar 
ao condicionamento operante a forma clássica ou respondente que já existia. Para Skinner, de 
acordo com Hall, Lindzey e Campbell (2000), o comportamento é o produto de forças que agem 
sobre o indivíduo, não de uma escolha pessoal. Seriam as contingências de reforço as 
responsáveis pelo comportamento e quem adotasse uma abordagem cognitiva responsabilizava 
agentes internos de forma errada. 
Portanto, Skinner foi imprescindível na elaboração dos conceitos de modelagem, 
reforçamento, punição, esquemas de reforçamento e extinção. Ele não negava a existência de 
estados internos, mas acreditava que sua observação era limitada. Já Bandura ousou ao resgatar 
questões postas de lado no Behaviorismo Radical por não ter medo de entrar em uma esfera 
tradicionalmente subjetiva e imprecisa. Assim, conseguiu elucidar a influência de aspectos 
individuais (como processo de cognição, memória, antecipação) na construção da personalidade 
sem, no entanto, afastar-se da ciência ou alcançar constructos hipotéticos ou demasiados 
especulativos. 
 
 
 
 
 
 
PSICANÁLISE 
Conceito: O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de 
investigação e a uma prática profissional. Enquanto teoria, caracteriza-se por um conjunto de 
conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. Freud publicou uma 
extensa obra, durante toda a sua vida, relatando suas descobertas e formulando leis gerais sobre 
a estrutura e o funcionamento da psique humana. A Psicanálise, enquanto método de 
investigação, caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo 
que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, 
os delírios, as associações livres, os atos falhos. A prática profissional refere-se à forma de 
tratamento — a Análise — que busca o autoconhecimento ou a cura, que ocorre através desse 
autoconhecimento. Subjacente a todo o pensamento de Freud está o pressuposto de que o corpo 
é a fonte básica de toda experiência mental. Ele esperava o tempo em que todos os fenómenos 
mentais pudessem ser explicados com referência direta à fisiologia do cérebro. 
DETERMINISMO PSÍQUICO/PSICOLÓGICO 
Freud inicia seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descontinuidade na 
vida mental. Ele afirmou que nada ocorre ao acaso e muito menos os processos mentais. Há uma 
causa para cada pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou açao. Cada evento 
mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pêlos fatos que o 
precederam. Uma vez que alguns eventos mentais "parecem" ocorrer espontaneamente, Freud 
começou a procurar e descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. 
Muitas vezes os pensamentos ficam embaraçados, envergonhados com algumas idéias ou 
imagens que lhes ocorriam. A esta força psíquica que se opunha a tornar consciente, a revelar 
um pensamento, Freud denominou resistência. E chamou de repressão o processo psíquico que 
visa encobrir, fazer desaparecer da consciência, uma idéia ou representação insuportável e 
dolorosa que está na origem do sintoma. Estes conteúdos psíquicos “localizam-se” no 
inconsciente. 
ESTRUTURA DO APARELHO PSÍQUICO: 
 CONSCIENTE: O consciente é somente uma pequena parte da mente, inclui tudo do que 
estamos cientes num dado momento, é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo 
tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se o 
fenômeno da percepção, principalmente a percepção do mundo exterior, a atenção, o raciocínio. 
Embora Freud estivesse interessado nos mecanismos da consciência, seu interesse era muito 
maior com relação às áreas da consciência menos expostas e exploradas, que ele denominava 
pré-consciente e inconsciente. 
 
 INCONSCIENTE: exprime o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da 
consciência”. É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos sistemas pré-
consciente/consciente, pela ação de censuras internas. Estes conteúdos podem ter sido 
conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos, isto é, “foram” para o inconsciente, ou 
podem ser genuinamente inconscientes de funcionamento. 
O inconsciente é um sistema do aparelho psíquico regido por leis próprias. Quando um 
pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o 
precedem, as conexões estão no inconsciente. No inconsciente estão elementos instintivos, que 
nunca foram conscientes e que não são acessíveis à consciência. Além disso, há material que foi 
excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido ou perdido, mas 
não lhe é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas 
apenasindiretamente. 
 PRÉ-CONSCIÊNCIA: refere-se ao sistema onde permanecem aqueles conteúdos 
acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência, neste momento, e no momento 
seguinte pode estar. As porções da memória que são acessíveis fazem parte do pré-consciente. 
Estas podem incluir lembranças de tudo o que você fez ontem, seu segundo nome, todas as ruas 
nas quais você morou, a data da conquista da Normandia, seus alimentos prediletos, o cheiro de 
folhas de outono queimando, o bolo de aniversário de formato estranho que você teve quando 
fez dez anos, e uma grande quantidade de outras experiências passadas. O pré-consciente é 
como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para desempenhar 
suas funções. 
REALIDADE PSÍQUICA 
No processo terapêutico e de postulação teórica, Freud, inicialmente, entendia que todas as 
cenas relatadas pelos pacientes tinham de fato ocorrido. Posteriormente, descobriu que 
poderiam ter sido imaginadas, mas com a mesma força e conseqüências de uma situação real. 
Aquilo que, para o indivíduo, assume valor de realidade é a realidade psíquica. E é isso o que 
importa, mesmo que não corresponda à realidade objetiva. 
1. O funcionamento psíquico é concebido a partir de três pontos de vista: o econômico (existe 
uma quantidade de energia que “alimenta” os processos psíquicos), o tópico (o aparelho 
psíquico é constituído de um número de sistemas que são diferenciados quanto a sua natureza e 
modo de funcionamento, o que permite considerá-lo como “lugar” psíquico) e o dinâmico (no 
interior do psiquismo existem forças que entram em conflito e estão, permanentemente, ativas. 
A origem dessas forças é a pulsão). Compreender os processos e fenômenos psíquicos é 
considerar os três pontos de vista simultaneamente. 
3. A pulsão refere-se a um estado de tensão que busca, através de um objeto, a supressão deste 
estado. Eros é a pulsão de vida e abrange as pulsões sexuais e as de autoconservação. Tanatos é a 
pulsão de morte, pode ser autodestrutiva ou estar dirigida para fora e se manifestar como pulsão 
agressiva ou destrutiva. 
4. Sintoma, na teoria psicanalítica, é uma produção — quer seja um comportamento, quer seja 
um pensamento — resultante de um conflito psíquico entre o desejo e os mecanismos de defesa. 
O sintoma, ao mesmo tempo que sinaliza, busca encobrir um conflito, substituir a satisfação do 
desejo. Ele é ou pode ser o ponto de partida da investigação psicanalítica na tentativa de 
descobrir os processos psíquicos encobertos que determinam sua formação. 
 PULSÕES E INTINTITOS: Instintos são "a suprema causa de toda atividade" (1940, livro 7, 
p. 21 na ed. bras.). Freud em geral se referia aos aspectos físicos dos instintos como 
necessidades; seus aspectos mentais podem ser comumente denominados desejos. Os instintos 
são as forças propulsoras que incitam as pessoas à ação. 
Todo instinto tem quatro componentes: uma fonte, uma finalidade, uma pressão e um 
objeto. A fonte, quando emerge a necessidade, pode ser uma parte do corpo ou todo ele. A. 
finalidade é reduzir a necessidade até que mais nenhuma ação seja necessária, é dar ao 
organismo a satisfação que ele no momento deseja. A pressão é a quantidade de energia ou força 
que é usada para satisfazer ou gratificar o instinto; ela é determinada pela intensidade ou 
urgência da necessidade subjacente. O objeto de um instinto é qualquer coisa, ação ou expressão 
que permite a satisfação da finalidade original. 
Os instintos humanos apenas iniciam a necessidade da ação; eles nem predeterminam a 
ação particular, nem a forma como ela se completará. O número de soluções possíveis para um 
indivíduo é uma soma de sua necessidade biológica inicial, o "desejo" mental (que pode ou não 
ser consciente) e uma grande quantidade de ideias anteriores, hábitos e opções disponíveis. 
Freud assume que o modelo mental e comportamental normal e saudável tem a finalidade de 
reduzir a tensão a níveis previamente aceitáveis. Uma pessoa com uma necessidade continuará 
buscando atividades que possam reduzir esta tensão original. O ciclo completo de 
comportamento que parte do repouso para a tensão e a atividade, e volta para o repouso, é 
denominado modelo de tensâo-redução. As tensões são resolvidas pela volta do corpo ao nível 
de equilíbrio que existia antes da necessidade emergir. 
O trabalho analítico envolve a procura das causas dos pensamentos e comportamentos, de 
modo que se possa lidar de forma mais adequada com uma necessidade que está sendo 
imperfeitamente satisfeita por um pensamento ou comportamento particular. No entanto, vários 
pensamentos e comportamentos parecem não reduzir a tensão; de fato, eles aparecem para criar 
tensão, pressão ou ansiedade. Estes comportamentos podem indicar que a expressão direta de 
um instinto foi bloqueada. Embora seja possível catalogar uma série ampla de "instintos", Freud 
tentou reduzir esta diversidade a alguns básicos 
 INSTINTOS: Freud desenvolveu duas descrições dos instintos básicos. O primeiro modelo 
descrevia duas forças opostas, a sexual (ou, de modo geral, a erótica, fisicamente gratificante) e a 
agressiva ou destrutiva. Suas últimas descrições, mais globais, encararam essas forças ou como 
mantenedoras da vida ou como incitadoras da morte (ou destruição). Ambas as formulações 
pressupõem dois conflitos instintivos básicos, biológicos, contínuos e nâo-resolvidos. Este 
antagonismo básico não é necessariamente visível na vida mental pois a maioria de nossos 
pensamentos e ações é evocada não por apenas uma destas forças instintivas, mas por ambas em 
combinação. 
Freud impressionou-se com a diversidade e complexidade do comportamento que emerge 
da fusão das pulsões básicas. Por exemplo, ele escreve: "Os instintos sexuais fazem-se notar por 
sua plasticidade, sua capacidade de alterar suas finalidades, sua capacidade de se substituírem, 
que permite uma satisfação instintual ser substituída por outra, e por sua possibilidade de se 
submeterem a adiamentos..." (1933, livro 28, p. 122 na ed. bras.). Os instintos são canais através 
dos quais a energia pode fluir. Esta energia obedece às suas próprias leis. 
Libido e Energia Agressiva: Cada um destes instintos gerais tem uma fonte de energia em 
separado. Libido (da palavra latina para "desejo" ou "anseio") é a energia aproveitável para os 
instintos de vida. O uso do termo por Freud é às vezes confuso, uma vez que o descreve como 
quantidade mensurável. "Sua produção, aumento ou diminuição, distribuição e deslocamento 
devem propiciar-nos possibilidades de explicar os fenómenos psicossexuais observados" 
(1905a, livro 2, p. 113 na ed. bras.). 
Outra característica importante da libido é sua "mobilidade", a facilidade com que pode passar 
de uma área de atenção para outra. Freud descreveu a natureza passageira da receptividade 
emocional como um fluxo de energia, fluindo para dentro e para fora das áreas de interesse 
imediato. 
A energia do instinto de agressão ou de morte não tem um nome especial. Ela supostamente 
apresenta as mesmas propriedades gerais que a libido, embora Freud não tenha elucidado este 
aspecto. 
ESTRUTURA DA PERSONALIDADE 
 ID: O id constitui o reservatório da energia psíquica, é onde se “localizam” as pulsões: a 
de vida e a de morte. As características atribuídas ao sistema inconsciente, na primeira teoria, 
são, nesta teoria, atribuídas ao id. É regido pelo princípio do prazer. O Id "contém tudo o que é 
herdado, que se acha presente no nascimento, que está presente na constituição—acima de tudo, 
portanto, os instintos que se originam da organização somática e que aqui (no id) encontram 
uma primeira expressão psíquica, sob formas que nos são desconhecidas" (1940,livro 7, pp. 17-
18 na ed. bras.). É a estrutura da personalidade original, básica e mais central, exposta tanto às 
exigências somáticas do corpo como aos efeitos do ego e do superego. Embora as outras partes 
da estrutura se desenvolvam a partir do id, ele próprio é amorfo, caótico e desorganizado. " 
ID pode ser associado a um rei cego cujo poder e autoridade são totais e cerceadores, mas 
que depende de outros para distribuir e usar de modo adequado o seu poder. Os conteúdos do id 
são quase todos inconscientes, eles incluem configurações mentais que nunca se tomaram 
conscientes, assim como o material que foi considerado inaceitável pela consciência. Um 
pensamento ou uma lembrança, excluído da consciência e localizado nas sombras do id, é 
mesmo assim capaz de influenciar a vida mental de uma pessoa. Freud acentuou o fato de que 
materiais esquecidos conservam o poder de agir com a mesma intensidade mas sem controle 
consciente. 
 EGO: é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da 
realidade e as “ordens” do superego. Procura “dar conta” dos interesses da pessoa. É regido pelo 
princípio da realidade, que, com o princípio do prazer, rege o funcionamento psíquico. É um 
regulador, na medida em que altera o princípio do prazer para buscar a satisfação considerando 
as condições objetivas da realidade. Neste sentido, a busca do prazer pode ser substituída pelo 
evitamento do desprazer. As funções básicas do ego são: percepção, memória, sentimentos, 
pensamento. O ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. 
Desenvolve-se a partir do id, à medida que o bebê toma-se cônscio de sua própria identidade, 
para atender e aplacar as constantes exigências do id. Como a casca de uma árvore, ele protege o 
id mas extrai dele a energia, a fim de realizar isto. Tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e 
sanidade da personalidade. Freud descreve suas várias funções em relação com o mundo 
externo e com o mundo interno, cujas necessidades procura satisfazê-lo. Ele tem a tarefa da 
autopreservação. 
Assim, o ego é originalmente criado pelo id na tentativa de enfrentar a necessidade de 
reduzir a tensão e aumentar o prazer. Contudo, para fazer isto, o ego, por sua vez, tem de 
controlar ou regular os impulsos do id de modo que o indivíduo possa buscar soluções menos 
imediatas e mais realistas. Um exemplo pode ser o de um encontro heterossexual. O id sente 
uma tensão que surge da excitação sexual insatisfeita e poderia reduzir esta tensão através da 
atividade sexual direta e imediata. O ego tem que determinar quanto da expressão sexual é 
possível e como criar situações em que o contato sexual seja o mais satisfatório possível. O id é 
sensível à necessidade, enquanto que o ego responde às oportunidades. 
 SUPEREGO: Esta última parte da estrutura se desenvolve não a partir do id, mas a partir 
do ego. Atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do ego. É o depósito dos 
códigos morais, modelos de conduta e dos construtos que constituem as inibições da 
personalidade. Freud descreve três funções do superego: consciência, auto-observaçao e 
formação de ideais. Enquanto consciência, o superego age tanto para restringir, proibir ou julgar 
a atividade consciente; mas também age inconscientemente. As restrições inconscientes são 
indiretas, aparecendo como compulsões ou proibições. "Aquele que sofre (de compulsões e 
proibições) comporta-se como se estivesse dominado por um sentimento de culpa, do qual, 
entretanto, nada sabe" (l 907, livro 31, p. 17 na ed. bras.). 
A tarefa de auto-observaçao surge da capacidade do superego de avaliar atividades 
independentemente das pulsões do id para tensão-redução e independentemente do ego, que 
também está envolvido na satisfação das necessidades. A formação de ideais está ligada ao 
desenvolvimento do próprio superego. Ele não é, como se supõe às vezes, uma identificação com 
um dos pais ou mesmo com seus comportamentos: "O superego de uma criança é com efeito 
construído segundo o modelo não de seus pais, mas do superego de seus pais; os conteúdos que 
ele encerra são os mesmos e toma-se veiculo da tradição e de todos os duradouros julgamentos 
de valores que dessa forma se transmitiram de geração em geração" (1933, livro 28, p. 87 na ed. 
bras.) 
 RELAÇÃO ENTRE OS TRÊS SUBSISTEMAS: A meta fundamental da psique é manter—e 
recuperar, quando perdido — um nível aceitável de equilíbrio dinâmico que maximiza o prazer e 
minimiza o desprazer. A energia que é usada para acionar o sistema nasce no id, que é de 
natureza primitiva, instintiva. O ego, emergindo do id, existe para lidar realisticamente com as 
pulsões básicas do id e também age como mediador entre as forças que operam no id e no su-
perego e as exigências da realidade externa. O superego, emergindo do ego, atua como um freio 
moral ou força contrária aos interesses práticos do ego. Ele fixa uma série de normas que 
definem e limitam a flexibilidade deste último. 
O id é inteiramente inconsciente, o ego e o superego o são em parte. "Grande parte do ego e 
do superego pode permanecer insconsciente e é normalmente inconsciente. Isto é, a pessoa nada 
sabe dos conteúdos dos mesmos e é necessário despender esforços para torná-los conscientes" 
(l 933, livro 28, p. 89 na ed. bras.). Nesses termos, o propósito prático da psicanálise "é, na 
verdade, fortalecer o ego, fazê-lo mais independente do superego, ampliar seu campo de 
percepção e expandir sua organização, de maneira a poder assenhorear-se de novas partes do 
id" (1933, livro 28, p. 102 na ed. bras.) 
O ID, o Ego e o Superego, não operam com propósitos diferentes. Trabalham juntos e 
interagindo entre si, sob a liderança do Ego. Assim, a personalidade funciona, geralmente, como 
uma unidade e não em três segmentos separados e distintos. Enfim, podemos considerar o Id 
como sendo o componente biológico, o Ego como o psicológico e o Superego como o social da 
personalidade 
Para Freud, a estrutura da personalidade é formada por três sistemas, o Id, o Ego e o 
Superego. O comportamento é quase sempre o resultado da interação desses três sistemas, e 
raramente funcionam isoladamente. De acordo com a teoria estrutural da mente, o Id, o ego e o 
superego funcionam em diferentes níveis de consciência. Há um constante movimento de 
lembranças e impulsos de um nível para o outro. O Id é o reservatório inconsciente das pulsões, 
as quais estão sempre ativas. Regido pelo princípio do prazer, o Id exige satisfação imediata 
desses impulsos, sem levar em conta a possibilidade de conseqüências indesejáveis. O Ego 
funciona principalmente a nível consciente e pré-consciente, embora também contenha 
elementos inconscientes, pois evoluiu do Id. Regido pelo princípio da realidade, o Ego cuida dos 
impulsos do Id, tão logo encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são 
satisfeitos, mas reprimidos. Apenas parcialmente consciente, o Superego serve como um censor 
das funções do ego (contendo os Ideais do indivíduo derivados dos valores familiares e sociais), 
sendo a fonte dos sentimentos de culpa e medo de punição 
MECANISMOS DE DEFESA 
Objetivo da psicanálise é liberar materiais inconscientes antes inacessíveis, de modo que se 
possa lidar com eles conscientemente. Freud acreditava que o material inconsciente permanecia 
inconsciente apenas através de um consumo considerável e contínuo de libido. À medida que 
esse material toma-se acessível, a energia é liberada e pode ser usada pelo ego para atividades 
mais saudáveis. É possível reavaliar a necessidade de ser punido ou de sentir-se inadequado, 
por exemplo, trazendo à consciência aqueles atos ou fantasmas que levavam à necessidade. Aspessoas podem, então, libertar-se do sofrimento que, de certa forma, traziam perpetuamente 
consigo mesmas. A liberação de materiais bloqueados é capaz de minimizar as atitudes 
autodestrutivas. 
A percepção de um acontecimento, do mundo externo ou do mundo interno, pode ser algo 
muito constrangedor, doloroso, desorganizador. Para evitar este desprazer, a pessoa “deforma” 
ou suprime a realidade — deixa de registrar percepções externas, afasta determinados 
conteúdos psíquicos, interfere no pensamento. São vários os mecanismos que o indivíduo pode 
usar para realizar esta deformação da realidade, chamados de mecanismos de defesa. São 
processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem independentemente da 
vontade do indivíduo. Para Freud, defesa é a operação pela qual o ego exclui da consciência os 
conteúdos indesejáveis, protegendo, desta forma, o aparelho psíquico. O ego — uma instância a 
serviço da realidade externa e sede dos processos defensivos — mobiliza estes mecanismos, que 
suprimem ou dissimulam a percepção do perigo interno, em função de perigos reais ou 
imaginários localizados no mundo exterior. 
O sonho é uma forma de satisfazer desejos que não foram ou não podem ser realizados 
durante o dia. Os "resíduos diurnos" que formam o conteúdo manifesto do sonho servem como 
estrutura do conteúdo latente ou dos desejos disfarçados. O sonho realiza, em pelo menos dois 
níveis, incidentes comuns que não foram resolvidos ou que fazem parte de padrões mais amplos 
e antigos que nunca foram solucionados. Um sonho não aparece simplesmente; ele é 
desenvolvido para atingir necessidades específicas, embora essas não sejam descritas de 
maneira clara pelo conteúdo manifesto do sonho. Quase todo sonho pode ser compreendido 
como a realização de um desejo. O sonho é um caminho alternativo para satisfazer os desejos do 
id. Quando em estado de vigília, o ego esforça-se para proporcionar prazer e reduzir o desprazer. 
Durante o sono, necessidades não satisfeitas são escolhidas, combinadas e arranjadas de modo 
que as sequências do sonho permitam uma satisfação adicional ou redução de tensão. Para o id, 
não é importante o fato da satisfação ocorrer na realidade físico-sensorial ou na imaginada 
realidade interna do sonho. Em ambos os casos, energias acumuladas são descarregadas. 
 SUBLIMAÇÃO: Sublimação. A sublimação é o processo através do qual a energia 
originalmente dirigida para propósitos sexuais ou agressivos é direcionada para novas 
finalidades, com frequência metas artísticas, intelectuais ou culturais. A sublimação foi 
denominada a "defesa bem sucedida" (Fenichel, 1945). Podemos comparar a energia original a 
um rio que inunda, destruindo casas e propriedades. Para evitar isso, uma barragem é 
construída. A destruição não pode mais ocorrer mas a pressão se desenvolve atrás do dique, 
ameaçando danos ainda maiores se, em qualquer ocasião, a barreira romper-se. A sublimação é a 
construção de canais alternativos que, por sua vez, podem ser usados para gerar energia elétrica, 
irrigar áreas outrora áridas, criar parques e oferecer outras oportunidades recreativas. A 
energia original do rio foi desviada com sucesso para canais socialmente aceitáveis ou 
culturalmente sancionada. 
A energia sublimada é responsável pelo que denominamos civilização. Freud alega que a 
enorme energia e complexidade da civilização resultam da pulsâo subjacente para achar vias 
aceitáveis e suficientes para a energia reprimida. A civilização encoraja a transcendência das 
pulsões originais e, em alguns casos, os fins alternativos podem ser mais satisfatórios para o id 
que a satisfação dos impulsos iniciais. energia sublimada reduz as pulsões originais. Esta 
transformação "coloca ã disposição da atividade civilizada uma extraordinária quantidade de 
energia, em virtude de uma singular e marcante característica: sua capacidade de deslocar seus 
objetos sem restringir consideravelmente a sua intensidade" (1908, livro 31, p. 32 na ed. bras.). 
 REPRESSÃO: "A essência da repressão consiste simplesmente em afastar determinada 
coisa do consciente, mantendo-a à distância" (1915, livro 11, p. 60 na ed. bras.). A repressão 
afasta da consciência um evento, ideia ou percepção potencialmente provocadores de ansiedade, 
impedindo, assim, qualquer solução possível. É pena que o elemento reprimido ainda faça parte 
da psique, apesar de inconsciente, e que continue a ser um problema. "A repressão nunca é 
realizada de uma vez por todas, mas requer um constante consumo de energia para manter-se, 
enquanto que o reprimido faz tentativas constantes para encontrar uma saída" (Fenichel, 1945). 
 
 NEGAÇÃO: Negação é a tentativa de não aceitar na realidade um fato que perturba o ego. 
Os adultos têm a tendência de "fantasiar" que certos acontecimentos não são assim, que na 
verdade não aconteceram. Este voo de fantasia pode tomar várias formas, algumas das quais 
parecem absurdas ao observador objetivo. A notável capacidade de lembrar-se incorretamente 
de fatos é a forma de negação encontrada com maior frequência na prática psicoterápica. O 
paciente recorda-se de um acontecimento de forma vívida, depois, mais tarde, pode lembrar-se 
do incidente de maneira diferente e, de súbito, dar-se conta de que a primeira versão era uma 
construção defensiva. 
 RACIONALIZAÇÃO: Racionalização é o processo de achar motivos aceitáveis para 
pensamentos e açôes inaceitáveis. É o processo através do qual uma pessoa apresenta uma 
explicação que é ou logicamente consistente ou eticamente aceitável para uma atitude, açâo, 
ideia ou sentimento que emerge de outras fontes motivadoras. Usamo-la para justificar nosso 
comportamento quando, na realidade, as razões para nossos atos não são recomendáveis. 
 REGRESSÃO: o indivíduo retorna a etapas anteriores de seu desenvolvimento; é uma 
passagem para modos de expressão mais primitivos. Um exemplo é o da pessoa que enfrenta 
situações difíceis com bastante ponderação e, ao ver uma barata, sobe na mesa, aos berros. Com 
certeza, não é só a barata que ela vê na barata. 
 PROJEÇÃO: é uma confluência de distorções do mundo externo e interno. O indivíduo 
localiza (projeta) algo de si no mundo externo e não percebe aquilo que foi projetado como algo 
seu que considera indesejável. É um mecanismo de uso freqüente e observável na vida cotidiana. 
 FORMAÇÃO REATIVA: o ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção, e, 
para isto, o indivíduo adota uma atitude oposta a este desejo. Um bom exemplo são as atitudes 
exageradas — ternura excessiva, superproteção — que escondem o seu oposto, no caso, um 
desejo agressivo intenso. Aquilo que aparece (a atitude) visa esconder do próprio indivíduo suas 
verdadeiras motivações (o desejo), para preservá-lo de uma descoberta acerca de si mesmo que 
poderia ser bastante dolorosa. É o caso da mãe que superprotege o filho, do qual tem muita raiva 
porque atribui a ele muitas de suas dificuldades pessoais. Para muitas destas mães, pode ser 
aterrador admitir essa agressividade em relação ao filho. 
PSICODINÂMICA 
Erikson propõe uma concepção de desenvolvimento em oito estágios psicossociais, 
perspectivados por sua vez em oito idades que decorrem desde o nascimento até à morte, 
pertencendo as quatro primeiras ao período de bebê e de infância, e as três últimas aos anos 
adultos e à velhice, cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente 
positiva e uma negativa. Erikson dá especial importância ao período da adolescência, devido ao 
fato ser a transição entre a infância e a idade adulta, em que se verificam acontecimentos 
relevantes para a personalidade adulta. 
Na Teoria Psicossocial do Desenvolvimento, este desenvolvimento evolui emoito estágios. 
Os primei ros quatro estágios decorrem no período de bebê e da infância, e os últimos três 
durante a idade adulta e a velhice. Cada estágio contribui para a formação da personalidade total 
(princípio epigenético), sendo por isso todos importantes mesmo depois de se os atravessar. O 
núcleo de cada estágio é uma crise básica, que existe não só durante aquele estágio específico, 
nesse será mais proeminente, mas também nos posteriores a nível de consequências, tendo 
raízes prévias nos anteriores. A formação da identidade inicia-se nos primeiros quatro estágios, 
e o senso desta negociado na adolescência evolui e influencia os últimos três estágios.Erikson 
perspectivava o desenvolvimento tendo em conta aspectos de cunho biológico, individual e 
social. 
A teoria psicossocial em análise enfatizava o conceito de identidade, a qual se forma no 5º 
estágio, e o de crise que sem possuir um sentido dramático está presente em todas as idades, 
sendo a forma como é resolvida determinante para resolver na vida futura os conflitos. 
HUMANÍSTICA-EXISTENCIAL 
CARL ROGERS 
Rogers sempre enfatizou a relação com a pessoa humana como fator primordial na 
estruturação de qualquer conhecimento sobre o fenômeno psicológico. Fez questão de colocar 
em xeque a validade de teorias ou técnicas psicoterápicas construídas a priori, descoladas da 
experiência, antes de se estabelecer o contato com a pessoa ou grupo em sua concretude.“Ser o 
que realmente se é” : eis a exigência fundamental de Rogers. E ele próprio nos remete 
explicitamente para a proveniência desta temática, o existencialismo de Soren Kierkegaard. Ser 
o que se é, ser si mesmo é Tornar-se Pessoa. Ser o que se é, é ser autenticamente Pessoa, mais 
rigorosamente é tornar-se pessoa, já que isso, como a própria expressão o indica, implica um 
processo fluido contínuo, um permanente dinamismo e nunca um permanecer estático. Ser 
pessoa é ser processo. 
Nesse sentido, ser pessoa não é um objectivo que se atinja e no qual se repouse 
estaticamente. Ser pessoa é ser continuamente devir, é ir-se fazendo e construindo sem que 
nunca possamos dar como acabada a construção. O destino do homem é este: Tornar-se pessoa, 
fazer-se, fazer-se em cada momento, ser movimento e processo. “Para alguns ser o que se é, é 
permanecer estático. (…) Nada pode estar mais longe da verdade. Ser o que se é, é mergulhar 
inteiramente num processo. A mudança encontra-se facilitada, e provavelmente levada ao 
extremo, quando se assume ser o que verdadeiramente se é” (ROGERS, 1977; 155). A pessoa é, 
pois, em Rogers, algo permanente, mas, porque continuamente em transformação e construção, 
nunca satisfeita nem plenamente realizada. Por isso somos sempre e irremediavelmente 
processo. Nunca deixar de ser movimento e processo. Nunca somos, vamos sendo. 
A consciência é concebida enquanto vivência ativa, intencional, criadora de sentidos, que 
gera novos processos de subjetivação no curso de sua expressão pessoal. De acordo com 
González Rey (2003), a consciência humana organiza-se, expressase e desenvolve-se "na 
contínua processualidade do sujeito, que em suas complexas operações reflexivas (...) logra 
articular elementos de sentidos muito diversos nos diferentes momentos de sua expressão" 
(p.60). A subjetividade, portanto, desenvolvese num processo contínuo, não sendo, algo 
enclausurado no interior do individuo, uma vez que o ser individual se forma a partir das 
relações estabelecidas com os outros e com o mundo. Antes de mais tenho de aprender a aceitar 
a minha própria experiência. Rogers atribui valor fundamental à experiência. “… Posso ter 
confiança na minha experiência” (ROGERS, 1977: 33). “A experiência é, para mim, a suprema 
autoridade. A minha própria experiência é a pedra de toque de toda a validade. Nenhuma ideia 
de qualquer outra pessoa, nem nenhuma das minhas ideias, têm a autoridade que reveste a 
minha experiência. (...) nem a Bíblia, nem os profetas – nem Freud, nem a investigação – nem as 
revelações de Deus ou dos homens – podem ganhar precedência relativamente à minha própria 
experiência directa” (ROGERS, 1977: 35). 
A psicanálise freudiana observava a pessoa a partir de seus comportamentos problemáticos, 
já o behaviorismo visualizava as pessoas como seres passivos, ou seja, que não tinham muitas 
opções para influenciar o ambiente. A visão de Carl Rogers e o humanismo, no entanto, era 
completamente diferente, porque o ser humano era visto como um indivíduo ativo e dono de sua 
própria realização. Para Rogers, uma pessoa que presta atenção ao processo de valorização 
orgânica é uma pessoa plenamente funcional ou auto-realizada; enfatiza a liberdade dos 
indivíduos na hora de decidir o rumo de suas vidas. Segundo ele, a personalidade das pessoas 
pode ser analisada de acordo com uma escala que se aproxima ou se distancia do 
comportamento de um indivíduo altamente funcional. 
A pessoa é totalmente funcional, ou seja, mais saudável, quando tem uma série de 
características. São elas: 
 Experiência Existencial: Pessoas abertas à novas experiências têm mais possibilidades de 
viver plenamente. 
 Confiança Orgânica: Essas pessoas confiam em sua experiência interna para orientar o 
seu comportamento. 
 Experiência de Liberdade: A pessoa tem liberdade para escolher. 
 Criatividade: A pessoa se mostra criativa e sempre encontra novas maneiras de viver. 
São mentalmente inflexíveis. 
A teoria de Rogers foi construída a partir da noção de centralidade, em que a definição de 
pessoa ancorou-se no projeto da modernidade, como um ser indiviso, unitário, centrado, livre, 
com primazia da ordem subjetiva. Na perspectiva heideggeriana, ao invés da centralidade, 
evidencia-se a noção de abertura, conceito vinculado ao projeto pós-moderno que valoriza a 
disposição para a descoberta e a existência (dasein) enquanto mera possibilidade, abertura de 
ser; apropriação de si que é também abertura ao outro e ao mundo. Como possibilidade de 
atualização, e considerando o cenário contemporâneo e os múltiplos modos de existência, é 
válido uma reinterpretação da teoria de Rogers em uma perspectiva descentrada ou centrada 
nas relações, que vá além da pessoa-indivíduo, com abertura à complexidade em que o sujeito 
constitui e é constituído pelo mundo, de modo ininterrupto. 
 
MASLOW 
A teoria de Maslow acrescenta à teoria de Rogers o seu conceito de necessidades. A 
teoria deste psicólogo gira em torno de dois aspectos fundamentais: as nossas necessidades e as 
nossas experiências. Em outras palavras, o que nos motiva é o que vamos buscando ao longo da 
vida e o que vai acontecendo nesse caminho, o que vamos vivendo. É aqui onde se forma a nossa 
personalidade. Na verdade, Maslow é considerado um dos grandes teóricos da motivação. 
A teoria da personalidade de Maslow tem dois níveis: O biológico, que são as necessidades 
que todos temos e o outro mais pessoal, as necessidades que são o resultado dos nossos desejos 
e das experiências que vamos vivendo. Sem dúvida, Maslow se associa ao conceito de auto-
realização, porque sua teoria fala sobre as necessidades que nós precisamos desenvolver em nós 
mesmos para alcançar o nosso potencial máximo. E, de acordo com ele, as pessoas têm um 
desejo inato de auto-realização, para serem o que querem ser e terem a capacidade de persegu ir 
seus objetivos de forma autônoma e livre. 
 AUTOREALIZAÇÃO: De certa forma, uma abordagem individual de auto-realização 
corresponderá ao tipo de personalidade que se manifesta na vida diária das pessoas. Isso 
significa que, para Maslow, a personalidade está relacionada aos aspectos motivacionais, têm a 
ver com os objetivos e as situações que cada ser humano vive; não é algo estático, quepermanece dentro da cabeça das pessoas e se manifesta unidirecionalmente, de dentro para 
fora, como criticam algumas concepções reducionistas e determinísticas deste fenômeno 
psicológico. As implicações disto são claras: para estudar a personalidade é preciso conhecer 
também o contexto em que as pessoas vivem e a maneira que respondem às suas necessidades 
motivacionais. Se concentrar simplesmente em administrar vários testes para obter uma 
pontuação não nos dá uma visão precisa, visto que já há uma tendência ao considerar que a 
personalidade será o que for captado pelos testes. Trata-se de um ponto de vista semelhante ao 
aplicado no campo das habilidades mentais; em que os psicólogos Howard Gardner e Robert J. 
Sternberg são críticos ferrenhos do conceito psicométrico de inteligência. 
Maslow estava muito interessado na auto-realização. Auto-realização é o lugar onde um 
indivíduo ganha a forma mais elevada do potencial humano permitindo que a pessoa esteja em 
harmonia consigo mesma, com os outros e com o mundo ao redor. Maslow identificou 
qualidades particulares de tais pessoas, como singularidade, simplicidade, auto-suficiência, 
justiça, bondade, etc. Além disso, ele prestou atenção a um conceito chamado de experiências de 
pico que foram vistas mais frequentemente em pessoas auto-realizadas do que em outras. Este é 
um caso em que uma pessoa estaria em total aceitação e de acordo com o self e esse 
envolvimento lhes permitiria aproveitar a vida mais profundamente. 
 A teoria da pirâmide das necessidades humanas: segundo ele, as necessidades seguem 
uma hierarquia, que vai das mais básicas às mais complexas. Essa pirâmide é composta por cinco 
níveis. As necessidades precisam ir sendo satisfeitas até chegarem ao nível superior. Por 
exemplo, se não tivermos as necessidades fisiológicas supridas, não poderemos aspirar às 
necessidades de afiliação. No nível superior estão as necessidades de auto-realização. É com esta 
hierarquia que Maslow explicou a maneira como a personalidade se adapta às circunstâncias, 
dependendo de cada situação vivida. Afinal, é uma concepção de personalidade que engloba 
aspectos psicológicos muito amplos e que vai muito além da abordagem psicométrica que 
dominou sua época. 
Um indivíduo em primeiro lugar tem 
que cumprir as necessidades na parte 
inferior da pirâmide, a fim de ir para o 
nível seguinte. Na parte inferior da 
pirâmide encontramos necessidades 
fisiológicas, em seguida, as necessidades 
de segurança, amor e necessidades de 
pertencimento, necessidades de estima e, 
finalmente, a necessidade de auto-
realização no topo. 
 
 
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE 
 
Personalidade pode ser definida de modo sucinto como as características individuais que 
correspondem a um padrão persistente de emoções, pensamentos e comportamentos. Os traços 
da personalidade têm consequências, no sentindo de que suas características estão associadas a 
uma variedade importante de indicadores nos níveis individual, interpessoal e social, tais como: 
felicidade, saúde física e psicológica, espiritualidade e identidade; qualidade das relações 
familiares, amorosas e com colegas; escolha, satisfação e desempenho profissionais; 
envolvimento na comunidade, atividade criminosa, e ideologia política. A partir disso, um 
transtorno da personalidade (TP) pode ser caracterizado como “padrão persistente de 
experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura 
do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou início da fase adulta, é estável ao 
longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuí- zo”. É comum que pessoas com TP tenham um 
repertório limitado de emoções, atitudes e comportamentos para lidar com os problemas e 
estresse da vida cotidiana, apresentando respostas desadaptativas que levam ao sofrimento 
e/ou prejuízos a si ou aos outros. 
 
As desordens da personalidade podem ser consideradas entre os transtornos mentais mais 
complicados de diagnosticar e tratar. O diagnóstico é dificultado em parte pela própria natureza 
dos sintomas, pouco diferenciados e com fronteiras menos nítidas com a normalidade, e pela 
necessidade de uma avaliação longitudinal e em vários contextos. Além disso, muitas das 
características consideradas para o diagnóstico são egossintônicas, ou seja, o indivíduo tem um 
insight limitado da natureza de suas dificuldades. Sendo assim, em geral, não identifica ou não se 
incomoda com o que considera componentes de “seu jeito de ser”, e por isso não há iniciativa 
para procurar ou há resistência para uma avaliação clínica e tratamento especializado. 
 
CLASSIFCIAÇÃO DOS TRANSTORNOS 
 
Transtorno da Personalidade Paranóide: Desconfiança e suspeitas em relação aos outros, de 
modo que as intenções são interpretadas como maldosas, que se manifesta no início da idade 
adulta e está presente em uma variedade de contextos: 
1) suspeita, sem fundamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado por 
terceiros 
2) preocupa-se com dúvidas infundadas acerca da lealdade ou confiabilidade de amigos ou 
colegas 
3) reluta em confiar nos outros por um medo infundado de que essas informações possam ser 
maldosamente usadas contra si. 
4) Interpreta significados ocultos, de caráter humilhante ou ameaçador em observações ou 
acontecimentos benignos 
5) Guarda rancores persistentes, ou seja, é implacável com insultos, injúrias ou deslizes 
6) Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são visíveis pelos outros e reage 
rapidamente com raiva ou contra-ataque 
 7) Tem suspeitas recorrentes, sem justificativa, quanto à fidelidade do cônjuge ou parceiro 
sexual. 
 
Transtorno da Personalidade Esquizóide: Distanciamento das relações sociais e uma faixa 
restrita de expressão emocional em contextos interpessoais, que se manifesta no início da idade 
adulta e está presente em uma variedade de contexto 
1) não deseja nem gosta de relacionamentos íntimos, incluindo fazer parte de uma família 
2) quase sempre opta por atividades solitárias. 
3) manifesta pouco, se algum, interesse em ter experiências sexuais com um parceiro 
4) tem prazer em poucas atividades, se alguma 
5) não tem amigos íntimos ou confidentes, outros que não parentes em primeiro grau 
6) mostra-se indiferente a elogios ou críticas 
7) demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo. 
 
Transtorno da Personalidade Antissocial: Desrespeito e violação dos direitos alheios, que ocorre 
desde os 15 anos 
1) incapacidade de adequar-se às normas sociais com relação a comportamentos lícitos, indicada 
pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção 
2) propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar 
os outros para obter vantagens pessoais ou prazer 
3) impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro 
4) irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas 
5) desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia 
6) irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um 
comportamento laboral consistente ou de honrar obrigações financeiras 
7) ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou 
roubado alguém. 
 
Transtorno da Personalidade Histriônica: Excessiva emotividade e busca de atenção, que se 
manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos 
1) desconforto em situações nas quais não é o centro das atenções 
2) a interação com os outros freqüentemente se caracteriza por um comportamento inadequado, 
sexualmente provocante ou sedutor

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