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ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 1 O PODER JUDICIÁRIO A estrutura judiciária brasileira está prevista na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; assim, antes de tratar das Instituições Judiciárias cabe uma breve reflexão sobre os três Poderes da União. De acordo com artigo 2º da Constituição Federal “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Remonta da antiguidade a primeira base teórica sobre a tripartição de poderes, sendo na obra Política de Aristóteles que se vislumbrou a existência de três funções distintas que eram exercidas pelo poder soberano, quais sejam, edição de normas, aplicação das referidas normas e a função de julgamento, a fim de dirimir conflitos oriundos da aplicação das normas aos casos concretos. Não obstante, Aristóteles idealizou a teoria das três funções distintas exercidas por um mesmo soberano, que mais tarde, foi aprimorada por Montesquieu na sua obra O Espírito das Leis. O aprimoramento se deu em razão de que as três funções eram exercidas por três órgãos distintos, autônomos e independentes entre si. Com base nesta teoria cada órgão exercia uma função típica, predominante, ou seja, inerente à sua própria natureza. A teoria de Montesquieu teve grande aceitação entre os Estados modernos sendo ao final abrandada, permitindo-se que um órgão tivesse além do exercício da sua função típica, o exercício de funções atípicas (de natureza de outros órgãos) sem, contudo, macular a autonomia e independência dos mesmos. É o que ocorre na atualidade. Os três poderes previstos constitucionalmente (Art. 2º CF/88) são exercidos de forma autônoma e independente, porém com o exercício de funções típicas e atípicas. Nos termos do texto constitucional cabe ao Poder Legislativo em sua função precípua, ou seja, típica, legislar. No entanto, o legislativo ao dispor sobre sua organização a fim de prover cargos, conceder férias e licenças a seus servidores, atua de maneira atípica, a qual seria uma função executiva. O Poder Executivo tem como função típica a prática de atos de chefia de Estado e atos da administração; porém, quando o Presidente da República adota uma medida provisória, com força de lei, estamos diante do exercício de uma função atípica, a qual seria legislativa. Por fim, com maior interesse para nossos estudos, o Poder Judiciário tem como função típica a de julgar, também conhecida como função jurisdicional, ou seja, dizer o direito ao caso concreto, dirimindo conflitos que lhe são levados, quando da aplicação das leis. Não obstante, pode o Poder Judiciário exercer funções atípicas, tais como elaborar o regimento interno de seus tribunais (legislativa) assim como, conceder licenças e férias a seus magistrados e serventuários (executiva). Tendo o Poder Judiciário a função precípua de julgar, o mesmo encontra-se regularmente estruturado para exercer a sua função jurisdicional por meio de seus órgãos. O Poder Judiciário é o único que detém o poder jurisdicional de forma que não pode ele abster-se de analisar as demandas jurídicas que lhe são submetidas (art. 5º, XXXV da CF/88). No entanto, pelo princípio da inércia da ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 2 jurisdição, o Poder Judiciário não atua de ofício nas demandas, ou seja, deve ser ele provocado pelo interessado para poder intervir nas relações conflituosas. A estrutura do Poder Judiciário está prevista no artigo 92 da Constituição Federal, qual seja: São órgãos do Poder Judiciário... • o Supremo Tribunal Federal (STF), • o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), • o Superior Tribunal de Justiça (STJ), • os Tribunais Regionais Federais (TRF) e Juízes Federais; • os Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) e Juízes do Trabalho, • os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) e Juízes Eleitorais; • os Tribunais e Juízes Militares e • os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. Cabe ressaltar que o rol do artigo 92 acima transcrito é um rol taxativo, de forma que quaisquer outros órgãos, mesmo que recebam a denominação de Tribunal não integram o Poder Judiciário, como é o caso do Tribunal Marítimo, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça Desportiva, dentre outros. Ademais, qualquer outro juízo criado à margem da Constituição Federal será considerado ilegítimo (Art. 5º XXXVII). A doutrina costuma fazer distinção entre os órgãos do Poder Judiciário dividindo-os entre justiça comum (ou ordinária) e justiça especial (ou especializada). Excetua-se o órgão de cúpula do Poder Judiciário que é o Supremo Tribunal Federal também conhecido como órgão de superposição, pois suas decisões se sobrepõem a todas as Justiças e Tribunais, não pertencendo, portanto a nenhuma Justiça específica (comum ou especial). A divisão doutrinária é a seguinte: Justiça Especial ou Especializada: a) Justiça do Trabalho (composta pelo Tribunal Superior do Trabalho – TST, Tribunais Regionais do Trabalho – TRT’s e pelos Juízes do Trabalho – Varas do Trabalho); b) Justiça Eleitoral (composta pelo Tribunal Superior Eleitoral – TSE, Tribunais Regionais Eleitorais – TRE’s, Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais); c) Justiça Militar da União (composta pelo Superior Tribunal Militar – STM e Conselhos de Justiça, Especial e Permanente, nas sedes das Auditorias Militares); d) Justiça Militar dos Estados, do Distrito Federal e Territórios (composta pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ, Tribunal de Justiça – TJ, ou Tribunal de Justiça Militar, sendo em primeiro grau, pelos Juízes de direito togados e pelos Conselhos de Justiça, com sede nas auditorias militares). ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 3 Com caráter residual, ou seja, o que não for da competência da justiça especializada, será da justiça comum ou ordinária, assim estruturada: a) Justiça Federal (composta pelos Tribunais Regionais Federais – TRF’s e Juízes Federais); b) Justiça do Distrito Federal e Territórios (Tribunais e Juízes do Distrito Federal e Territórios); c) Justiça Estadual comum (composta pelos Tribunais de Justiça e Juízes de Direito de 1º grau). A discussão doutrinária gira em torno de pertencer o Superior Tribunal de Justiça (STJ) a uma justiça específica, no caso, a comum ou a especial. O entendimento majoritário da doutrina está no sentido de que o STJ não pertence a nenhuma das duas justiças, sendo considerado também um órgão de instância máxima da justiça brasileira. No entanto, faz-se necessário uma breve reflexão sobre a estruturação do Poder Judiciário nos termos prescritos pela Constituição Federal. Certo é que o STJ não recebe, em regra, recursos advindos das justiças especializadas, quais sejam, trabalhista, militar e eleitoral, sendo que cada uma delas possui o seu próprio tribunal superior (TST, STM e TSE). Desta forma, o STJ tem atuação em sede recursal no que toca aos recursos vindos da justiça comum, ou seja, Federal e Estadual. Com base neste entendimento, poder-se-ia dizer que cada justiça especializada tem o seu tribunal superior, sendo Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral e Superior Tribunal Militar, sendo que a justiça comum também teria o seu próprio tribunal superior, qual seja, o Superior Tribunal de Justiça. Cabe ressaltar mais uma divisão feita entre as justiças do Poder Judiciário. Temos órgãos judiciários federais e órgãos judiciários estaduais. As Justiças que são organizadas pela União são as chamadas Justiças Federais, são elas: Justiça Especializada do Trabalho, Justiça Especializada Eleitoral, Justiça Especializada Militar da União, Justiça Comum Federal e Justiça Comum do Distrito Federal e dos Territórios, além do Supremo TribunalFederal e do Superior Tribunal de Justiça. As Justiças que são organizadas pelos Estados são as chamadas Justiças Estaduais, são elas: Justiça Especializada Militar dos Estados e a Justiça Comum Estadual. A estrutura das Justiças Federais está prevista no texto constitucional, enquanto que das Justiças Estaduais no texto das Constituições Estaduais, respeitadas as diretrizes constitucionais. No que toca ao Poder Judiciário há que se falar ainda do princípio do duplo grau de jurisdição, tendo como significado que toda demanda apresentada ao Poder Judiciário para apreciação está sujeita a um duplo exame, sendo o primeiro exame feito pelo juízo monocrático e o segundo exame, em caráter recursal, por um juízo colegiado, com prevalência da segunda decisão em relação à primeira. Exceção a este princípio ocorre nas causas que têm início diretamente nos ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 4 Tribunais ou órgãos colegiados e não no juízo monocrático, denominada competência original dos Tribunais. • O Supremo Tribunal Federal - STF O Supremo Tribunal Federal é o órgão de cúpula do Poder Judiciário, isso quer dizer, é a máxima instância da Justiça brasileira, cabendo-lhe especialmente a guarda da Constituição Federal. Nos termos do artigo 101 da CF/88 o STF é composto de 11 Ministros que são escolhidos e indicados pelo Presidente da República, devendo esta escolha ser aprovada pela maioria absoluta do Senado Federal. Uma vez aprovada a escolha e indicação, passa-se à nomeação do Ministro, momento em que ele é vitaliciado. São requisitos para ocupar o cargo de Ministro do STF: • ser brasileiro nato, • ter mais de 35 e menos de 65 anos de idade, • ser cidadão (estar em pleno gozo dos direitos políticos), • ter notável saber jurídico e reputação ilibada. A competência do STF vem prescrita na Constituição Federal em seus artigos 102 a 103, sendo competência originária, recursal ordinária, recursal extraordinária e competência para a edição de súmulas vinculantes. O Supremo Tribunal Federal tem sede na Capital Federal (Brasília) e jurisdição em todo o território nacional. • O Superior Tribunal de Justiça – STJ O Superior Tribunal de Justiça, nos termos do artigo 104 da CF/88 é composto de pelo menos 33 Ministros, os quais serão escolhidos e nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal em maioria absoluta. São requisitos para ocupar o cargo de Ministro do STJ, ser brasileiro nato ou naturalizado, ter mais de 35 e menos de 65 anos, notável saber jurídico e reputação ilibada. A escolha dos Ministros do STJ segue a seguinte regra constitucional para sua formação: • 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais, • 1/3 de Desembargadores dos Tribunais de Justiça, • 1/3 de advogados e Membros do Ministério Público. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 5 Assim, verifica-se uma limitação no poder de escolha do Presidente da República, uma vez que necessariamente, o Ministro a ser escolhido será proveniente de um dos órgãos do Poder Judiciário listados, da Advocacia ou do Ministério Público. No caso dos juízes dos Tribunais Regionais Federais e dos Desembargadores dos Tribunais de Justiça, o STJ elaborará lista tríplice, enviando-a ao Presidente da República que escolherá um nome e depois o nomeará Ministro após a aprovação do Senado Federal. No caso da escolha de advogados e Membros do Ministério Público, a regra a ser aplicada é a do quinto constitucional, ou seja, os órgãos de representação de cada classe farão a indicação em lista sêxtupla de seus membros. A competência do STJ vem prescrita na Constituição Federal em seu artigo 105, sendo competência originária, recursal ordinária e recursal especial. O Superior Tribunal de Justiça tem sede na Capital Federal (Brasília) e jurisdição em todo o território nacional. • Os Tribunais Regionais Federais – TRF’s A Justiça Federal, conforme já dito anteriormente encontra-se estruturada em dois graus de jurisdição, composta pelos Tribunais Regionais Federais e pelos Juízes Federais. Os Tribunais Regionais Federais que integram o 2º grau de jurisdição compõem-se de no mínimo sete juízes, recrutados quando possível, na respectiva região, vale dizer, não há um TRF em casa Estado da Federação, de forma que são cinco (05) TRF’s ao todo, distribuídos por cinco regiões no país. O TRF da 1ª Região tem sede em Brasília e jurisdição sobre o Distrito Federal e os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins. O TRF da 2ª Região tem sede no Rio de Janeiro com jurisdição sobre os Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. O TRF da 3ª Região tem sede em São Paulo com jurisdição sobre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. O TRF da 4ª Região tem sede em Porto Alegre com jurisdição sobre os Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Por fim, o TRF da 5ª Região tem sede em Recife com jurisdição sobre os Estados de Pernambuco, Alagoas, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 6 A Emenda Constitucional 73/2013, criou também os TRFs da 6ª (Curitiba), 7ª (Belo Horizonte), 8ª (Salvador) e 9ª (Manaus) Regiões. Todavia, a matéria está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal, onde tramita uma Ação de Direta de Inconstitucionalidade nº 5017, que foi apresentada em 2013 pela Associação Nacional dos Procuradores Federais. O relator da ADI é o Ministro Luiz Fux São requisitos para o cargo de juiz do TRF ser brasileiro nato ou naturalizado, ter mais de 30 e menos de 65 anos de idade. De acordo com o artigo 94 da Constituição Federal, 1/5 dos lugares dos TRF’s será composto por Membros do Ministério Público com mais de dez anos de carreira, e de advogados, de notório saber jurídico e reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação da respectiva classe. Desta forma, os outros 4/5 serão compostos por juízes de carreira (ingressaram mediante concurso público de provas e títulos). É a regra do quinto constitucional. A competência dos TRF’s é originária e recursal, prevista no artigo 108 da CF/88. As Varas Federais que integram o 1º grau de jurisdição são compostas por juízes que ingressaram na carreira por meio de concurso público de provas e títulos, com competência originária prevista no artigo 109 da CF/88. • Os Tribunais de Justiça dos Estados e Tribunais de Justiça Militar Os Tribunais de Justiça de cada Estado da Federação estão localizados nas Capitais, assim como no Distrito Federal com jurisdição em todo o território do referido Estado. A competência recursal destina-se a reexaminar decisões proferidas em 1º grau de jurisdição pelos juízes de Direito, ressalvada a competência originária em alguns casos. Mediante promoção pelos critérios de merecimento e antiguidade (alternadamente) é que o juiz de 1º Grau é promovido para o Tribunal. Os juízes dos Tribunais de Justiça são denominados Desembargadores. De acordo com a previsão constitucional do artigo 93, XI, os Tribunais de Justiça que possuam mais de 25 Desembargadores poderão constituir um Órgão Especial com atribuições específicas No que toca ao Tribunal de Justiça Militar, de acordo com o artigo 125 da CF/88, § 3º “a lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça a Justiça Militar Estadual...” Deste modo observa-se que a criação da Justiça Militar Estadual não é obrigatória, sendo ela tão especial quanto a Justiça Militar Federal, não havendo prevalência de uma sobre a outra no que tocaà competência. O artigo 125, § 4º da CF/88 estabelece a competência da Justiça Militar Estadual para processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 7 disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. Há, portanto a necessidade de dois requisitos para que haja competência da Justiça Militar Estadual, que o crime praticado seja um crime militar, assim definido em lei, e que seja praticado por um militar. Uma inovação trazida pela reforma constitucional com a emenda 45/2004 foi a de introduzir matéria civil na esfera de competência da Justiça Militar Estadualvenquanto competente para processar e julgar as ações judiciais contra atos disciplinares militares. • O Tribunal Superior do Trabalho – TST O Tribunal Superior do Trabalho nos termos do artigo 111-A da Constituição Federal é constituído de 27 Ministros escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. Destes 27 Ministros, 1/5 será escolhido dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF/88. Os demais, ou seja, 4/5 serão escolhidos dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. Note-se que o artigo de lei fala em juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho oriundos da carreira, isso leva a crer que os juízes que foram nomeados através do sistema do quinto constitucional para o TRT não poderão ser Ministros do TST. Funcionam junto ao TST a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho. A Escola tem como função principal a regulamentação dos cursos oficiais para ingresso e promoção na carreira, bem como o treinamento e aperfeiçoamento dos magistrados trabalhistas. O Conselho, por sua vez, exerce supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho, de primeiro e segundo graus. O TST constitui-se de Plenário, Órgão Especial, Seção Especializada em Dissídios Coletivos e Seção Especializada em Dissídios Individuais. • Os Tribunais Regionais do Trabalho – TRT’s Nos termos do artigo 115 da Constituição Federal os Tribunais Regionais do Trabalho compõem- se de, no mínimo, sete juízes, recrutados quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94 da CF/88. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 8 Os demais integrantes dos TRT’s, ou seja, 4/5 serão mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. Seguem os TRT’s de acordo com as respectivas Regiões: • 1ª Região (Rio de Janeiro) 13ª Região (Paraíba) • 2ª Região (São Paulo-SP) 14ª Região (Acre e Rondônia) • 3ª Região (Minas Gerais) 15ª Região (Campinas – SP) • 4ª Região (Rio Grande do Sul) 16ª Região (Maranhão) • 5ª Região (Bahia) 17ª Região (Espírito Santo) • 6ª Região (Pernambuco) 18ª Região (Goiás) • 7ª Região (Ceará) 19ª Região (Alagoas) • 8ª Região (Pará e Amapá) 20ª Região (Sergipe) • 9ª Região (Paraná) 21ª Região (Rio Grande do Norte) • 10ª Região (Dist. Fed. e Tocantins) 22ª Região (Piauí) • 11ª Região (Amazonas e Roraima) 23ª Região (Mato Grosso) • 12ª Região (Santa Catarina) 24ª Região (Mato Grosso do Sul) Em busca do maior acesso ao Judiciário, estabeleceu-se pela Emenda Constitucional nº 45/2004 que os TRT’s instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, além de poder funcionar descentralizadamente, a partir da constituição de Câmaras regionais, assegurando-se o pleno acesso à justiça em todas as fases do processo. • Os Juízes do Trabalho – Varas do Trabalho Dispõe a Constituição Federal que nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. As Varas do Trabalho são instituídas por lei e em comarcas em que não houver Vara do Trabalho, a competência será atribuída aos juízes de direito, com recurso para o Tribunal Regional do Trabalho da respectiva Região. Nos termos do artigo 114 da CF/88 compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: a) as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. b) as ações que envolvam exercício do direito de greve. c) as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicato e empregadores. d) os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 9 e) os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o. f) as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho. g) as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho. h) a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir. i) outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. • O Tribunal Superior Eleitoral – TSE O órgão máximo da Justiça Eleitoral é o Tribunal Superior Eleitoral, posicionando-se acima dos Tribunais Regionais Eleitorais e dos juízes eleitorais e juntas eleitorais. A Justiça eleitoral não configura a magistratura de carreira, isso quer dizer, toda a sua estrutura organizacional é composta de membros de outros órgãos do Poder Judiciário, de forma que não há ingresso mediante concurso público na carreira para juiz eleitoral. Dispõe o artigo 119 da CF/88 que o TSE compõe-se de no mínimo sete juízes, onde três juízes serão eleitos dentre os Ministros do STF, pelo voto secreto, dois juízes serão eleitos pelo voto secreto dentre os Ministros do STJ e dois outros juízes serão escolhidos da seguinte forma: O STF elaborará lista sêxtupla, escolhendo nomes dentre advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, encaminhando-se ao Presidente da República, que escolherá dois, nomeando-os, sem haver necessidade de aprovação pelo Senado Federal. Observa-se que as exigências são no tocante aos juízes que sairão da lista sêxtupla elaborada pelo STF a saber: notável saber jurídico e idoneidade moral. No entanto, tem sido entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, o qual foi manifestado nas Resoluções de n.º 20.958/2001 e 21.461/2003 ser necessário também que o advogado tenha o requisito adicional de dez anos de efetivo exercício profissional. Os membros do TSE, assim como os demais juízes eleitoraisterão o mandato de dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos. O TST tem competência originária e recursal. A competência originária encontra-se prevista no artigo 22, I do Código Eleitoral. A competência recursal ocorre na medida das revisões que são feitas das decisões dos Tribunais Regionais, dentro dos limites previstos no artigo 121, § 4º da CF/88, quais sejam: Art. 121. § 4º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: I – forem proferidas contra disposição expressa desta constituição ou de lei. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 10 II – ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais. III – versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais. IV – anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais. V – denegarem ‘habeas corpus’, mandado de segurança, ‘habeas data’ ou mandado de injunção. • Os Tribunais Regionais Eleitorais – TRE’s Conforme o disposto no artigo 120 da CF/88, na Capital de cada Estado e no Distrito Federal haverá um Tribunal Regional Eleitoral. O TRE compõe-se de sete juízes, sendo, eleição pelo voto secreto de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, eleição pelo voto secreto de dois juízes dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça, de um juiz do TRF com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF da respectiva região e de dois juízes, por nomeação, pelo Presidente da República, dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. Dentre os desembargadores serão escolhidos o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, na forma do que preceitua o artigo 120, § 2º da CF/88. De acordo com o caput artigo 28 do Código Eleitoral “Os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos, em sessão pública, coma presença da maioria de seus membros”. Os Tribunais Regionais Eleitorais têm competência originária (art. 29, I do Código Eleitoral) e recursal (art. 29, II do Código Eleitoral). • Os Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais Os juízes eleitorais, de acordo com o disposto no artigo 32 do Código Eleitoral, são os próprios juízes de direito em efetivo exercício, cabendo-lhes a jurisdição de cada uma das zonas eleitorais em que se divide a circunscrição eleitoral com as competências expressas prescritas no artigo 35 do Código Eleitoral. As juntas eleitorais são órgãos da justiça eleitoral que são criadas para apurar as eleições em cada zona eleitoral. De acordo com o artigo 36 do CE as juntas eleitorais compõem-se de um juiz de direito, que será o presidente, de dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade. Os membros das juntas devem ser nomeados 60 dias antes da eleição, depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo seu presidente. É competência da junta eleitoral, de acordo com o artigo 40 do CE, apurar, no prazo de 10 dias, as eleições realizadas nas zonas eleitorais sob a sua jurisdição, resolver as impugnações e ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 11 demais incidentes verificados durante os trabalhos da contagem e da apuração, bem como expedir os boletins de apuração e expedir diploma aos eleitos para cargos municipais. • O Superior Tribunal Militar – STM São órgãos da Justiça Militar o Superior Tribunal Militar, os Tribunais Militares e os juízes militares. Cabe ressaltar uma divisão que se opera dentro da Justiça Militar, onde existem servidores militares federais que são integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) servidores militares estaduais que compõem as forças auxiliares e reserva do Exército. Assim, há a chamada Justiça Militar Federal (União) e a Justiça Militar Estadual, a qual já foi objeto deste estudo quando tratamos do Tribunais de Justiça Militar. O Superior Tribunal Militar é composto por 15 Ministros vitalícios, sendo três oficiais-generais da Marinha, da ativa e do posto mais elevado da carreira, de quatro oficiais-generais do Exército, da ativa e do posto mais elevado da carreira, de três oficiais-generais da Aeronáutica, da ativa e do posto mais elevado da carreira e de cinco civis, dos quais três serão escolhidos dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, um dentre juízes auditores e um membro do Ministério Público da Justiça Militar. Cabe ao Presidente da República apontar a indicação dos 15 Ministros, a qual deve ser aprovada pela maioria simples do Senado Federal. Uma vez aprovada a indicação, deve-se proceder à nomeação. No que toca aos Ministros civis, são requisitos ser brasileiro nato ou naturalizado, ter mais de 35 anos, para os escolhidos dentre advogados, ter notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional. Para os oficiais-generais, a CF/88 prevê a necessidade de serem brasileiros natos, nos termos do art. 12, § 3º, VI. A Justiça Militar da União tem competência exclusivamente penal, competindo-lhe processar e julgar os crimes militares definidos em lei. A primeira instância da Justiça Militar da União é composta pelos Conselhos de Justiça (Especial e Permanente – órgão colegiado), os quais funcionarão nas sedes das Auditorias Militares. • Conselho Nacional de Justiça – CNJ O Conselho Nacional de Justiça, nos termos do artigo 92 da CF/88 é um órgão do Poder Judiciário. Trata-se de uma inovação trazida pela Emenda Constitucional 45/2004. Na verdade, existia com a antiga carta magna de 1967 a previsão do Conselho Nacional da Magistratura que era composto por sete Ministros do STF, com atribuições correcionais dos atos praticados pelos magistrados em geral. No entanto, a Constituição Federal de 1988 trouxe a autonomia dos tribunais no sentido de processarem e julgarem seus magistrados nos casos de infração disciplinar. Com a Emenda ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 12 Constitucional 45, criou-se novamente um Conselho, com competência para controlar a atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, além de outras atribuições que podem ser conferidas pelo Estatuto da Magistratura. Resta claro que o Conselho Nacional de Justiça não tem função jurisdicional, ou seja, não soluciona conflitos de lides que lhe são submetidas. O CNJ é composto por 15 membros, todos nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, para o exercício de um mandato de dois anos, admitida uma recondução. Os membros do CNJ são: • O Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal. • um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal. • um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal. • um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal. • um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal. • um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça. • um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça. • um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo TST. • um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho. • um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República. • um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual. • dois advogados, indicados pelo ConselhoFederal da Ordem dos Advogados do Brasil. • dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. O Presidente do CNJ será o Ministro Presidente do STF, o qual será substituído em suas ausências e impedimentos pelo vice-presidente do Supremo Tribunal Federal. O Ministro-Corregedor do CNJ será o Ministro do STJ, cujas atribuições estão previstas no § 5º do artigo 103 – B da CF/88. Já as atribuições do Conselho estão previstas no artigo 103-B, § 4º. O Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, embora não integrem o CNJ, oficiarão perante este, nos termos do § 6º do artigo em referência. Vista toda a estrutura do Poder Judiciário nacional podemos dizer que todos os seus órgãos, excetuando-se o Conselho Nacional de Justiça, têm função precípua jurisdicional, fazendo aplicar a lei abstrata ao caso concreto para dirimir os conflitos que lhe são apresentados. Para que haja a solução das lides e, portanto, pacificação das crises sociais e pessoais, várias pessoas atuam no mecanismo judiciário para que a tutela jurisdicional do Estado tenha efeito. Assim, faz necessária a presença de magistrados, membros do Ministério Público, auxiliares da Justiça tais como serventuários e oficiais de Justiça, peritos, intérpretes, policiais e advogados. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 13 • MAGISTRATURA O termo magistratura deriva do latim magistratus, exprimindo o cargo ou dignidade de magistrado. Considerada uma nobre função, o ingresso na carreira de magistrado em primeira instância se dá por meio de concurso público de provas e títulos. São requisitos para ingresso na magistratura: a) ser brasileiro nato ou naturalizado. b) ser diplomado em Curso de Direito por Instituição de Ensino oficial assim reconhecida pelo Ministério da Educação. c) possuir três (03) anos de atividade jurídica, nos termos do artigo 93, I da CF/88. Como o texto constitucional não especificou quais seriam as atividades jurídicas que o candidato ao cargo de magistrado deveria apresentar as discussões surgiram. Surge então a Resolução 75/09 do CNJ para dirimir as controvérsias: Art. 59. Considera-se atividade jurídica, para os efeitos do art. 58, § 1º, alínea i: I - aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito; II - o efetivo exercício de advocacia, inclusive voluntária, mediante a participação anual mínima em 5 (cinco) atos privativos de advogado (Lei nº 8.906 , 4 de julho de 1994, art. 1º) em causas ou questões distintas; III - o exercício de cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exija a utilização preponderante de conhecimento jurídico; IV - o exercício da função de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, varas especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no mínimo por 16 (dezesseis) horas mensais e durante 1 (um) ano; V - o exercício da atividade de mediação ou de arbitragem na composição de litígios. § 1º É vedada, para efeito de comprovação de atividade jurídica, a contagem do estágio acadêmico ou qualquer outra atividade anterior à obtenção do grau de bacharel em Direito. § 2º A comprovação do tempo de atividade jurídica relativamente a cargos, empregos ou funções não privativos de bacharel em Direito será realizada mediante certidão circunstanciada, expedida pelo órgão competente, indicando as respectivas atribuições e a prática reiterada de atos que exijam a utilização preponderante de conhecimento jurídico, cabendo à Comissão de Concurso, em decisão fundamentada, analisar a validade do documento. d) regularidade com o serviço militar. e) estar no pleno gozo dos direitos políticos. f) integridade física e mental. g) boa conduta social. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 14 O concurso público para ingresso na carreira de magistrado, em regra, é composto por fases, sendo todas eliminatórias. A primeira fase constitui-se de uma prova escrita chamada de prova preambular, normalmente elaborada com questões de múltipla escolha. A segunda fase também se constitui de uma prova escrita, com questões dissertativas e redação jurídica. Com a aprovação nas duas fases, o candidato deverá realizar o exame psicotécnico, após haverá arguição oral dos aprovados e entrevista com os membros da Banca Examinadora, em sessão pública, com a presença obrigatória de representantes do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil, sendo que o ato deverá ser filmado e gravado integralmente. Após a realização da arguição oral e da entrevista os candidatos poderão apresentar seus títulos para fins da classificação final, esclarecendo-se que a apresentação dos títulos é meramente classificatória, não influindo na aprovação do concurso. Uma vez aprovado no concurso de magistratura o candidato ingressa na carreira como juiz substituto. A fim de assegurar que o magistrado tenha um desempenho imparcial, livre de pressões e eventuais interesses políticos, bem como medo de desagradar a eventuais autoridades, o texto constitucional assegurou-lhe garantias, as quais estão discriminadas no artigo 95 da CF/88, quais sejam: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio. A vitaliciedade diz respeito à impossibilidade da perda do cargo por mero procedimento administrativo. Esta garantia é adquirida após dois (2) anos de efetiva atividade de magistrado, sendo considerado este período como estágio probatório, com a necessidade de envio de relatórios periódicos à Corregedoria-Geral de Justiça. Sendo o juiz vitaliciado, a perda do cargo se dará somente por meio de processo judicial específico, sendo-lhe assegurado o contraditório e a ampla defesa. Há a necessidade ainda, de que o magistrado participe de curso oficial ou reconhecido pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. Cabe esclarecer que os magistrados que ingressaram na carreira pela regra do quinto constitucional são vitaliciados no momento da nomeação, não passando pelo estágio probatório antes mencionado. A inamovibilidade é a garantia dada aos juízes titulares, que não poderão ser removidos de seus respectivos cargos, ou até mesmo promovidos para entrância superior, sem seu consentimento. No entanto, não é a inamovibilidade uma garantia absoluta, comportando exceção que é o interesse público. Assim, por relevante interesse público poderá o juiz ser removido de sua comarca, cabendo esta decisão ao respectivo tribunal a que estiver vinculado ou ao Conselho Nacional de Justiça, por voto da maioria de seus membros, sempre assegurado o exercício da ampla defesa. A irredutibilidade de subsídio refere-se à proteção do valor nominal dos subsídios, não alcançando esta regra a reposição de eventuais perdas inflacionárias, bem como não impedindo descontos previdenciários e tributos incidentes. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 15 A mesma preocupação do legislador em garantir por parte do juiz uma prestação jurisdicional imparcial, livre de pressões e interesses políticos através das garantias constitucionais asseguradas, estabeleceu vedações constitucionais, para garantir o mesmo fim, são elas: “Aos juízes é vedado: I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério. II – receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo. III – dedicar-se à atividade político-partidária. IV – receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. V – exercer a advocacia no juízo ou tribunaldo qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.” Estas vedações constitucionais estão previstas no parágrafo único do artigo 95 da CF/88. • MINISTÉRIO PÚBLICO A instituição do Ministério Público vem prevista no artigo 127 da CF/88, o qual dispõe: “O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”. Estruturalmente o Ministério Público divide-se em Ministérios Públicos dos Estados e Ministério Público da União, que por sua vez compreende os Ministérios Públicos Federal, Militar, do Trabalho e do Distrito Federal. O Chefe do Ministério Público da União é escolhido dentre os integrantes da carreira com mais de 35 anos, nomeado pelo Presidente da República, após aprovação de maioria absoluta dos membros do Senado Federal, sendo denominado Procurador-Geral da República. Já o Chefe do Ministério Público Estadual é escolhido dentre integrantes da carreira em lista tríplice e nomeado pelo Governador do Estado respectivo, sendo denominado Procurador-Geral de Justiça. O ingresso na carreira do Ministério Público se dá mediante concurso público de provas e títulos. O concurso divide-se em prova preambular, prova escrita e argüição oral pública, além da realização ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 16 de exame psicotécnico e entrevista pessoal do candidato. A apresentação dos títulos pelo candidato é classificatória e não eliminatória. São requisitos para ingresso na carreira do Ministério Público ser brasileiro nato ou naturalizado, ser bacharel em Direito, comprovação do exercício de atividade jurídica por três anos, regularidade com o serviço militar, ser cidadão, ter integridade física e mental e boa conduta social. Podemos dizer, de acordo com a previsão legal do artigo 129 da CF/88 que são atribuições do Ministério Público: a) No âmbito penal: o inciso I do artigo 129 da CF/88 confere exclusividade ao Ministério Público na propositura da ação penal pública. Exceção prevista no artigo 5º, LIX, onde se admite a ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. b) No âmbito civil: O Ministério Público poderá atuar como parte processual ou como órgão interveniente. Quando atuar como órgão interveniente o fará como fiscal da lei (custos legis), atuando em causas em que houver incapazes, nas relativas ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, casamentos e outros, assim como nos casos em que houver o interesse público. Cabe lembrar que o rol das atribuições do artigo 129 é meramente exemplificativo, isso quer dizer, outras atribuições poderão surgir, desde que compatíveis com as finalidades do Ministério Público. Assim como ocorre na magistratura, os membros do Ministério Público gozam de algumas garantias constitucionais, sendo: a) vitaliciedade (adquirida após 3 anos de estágio probatório - Art. 41 da CF/88). b) inamovibilidade (salvo nos casos de interesse público, mediante votação da maioria absoluta do órgão colegiado competente do MP, assegurada a ampla defesa). c) Irredutibilidade de subsídios (proteção do valor nominal dos subsídios). Também a exemplo do que ocorre com os magistrados, existem vedações constitucionais para os Membros do Ministério Público previstas no artigo 128, II, quais sejam: a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais. b) exercer a advocacia. c) participar de sociedade comercial, na forma da lei. d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério. e) exercer atividade político-partidária. f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 17 As denominações dos membros do Ministério Público variam de acordo com o grau de jurisdição em que atuam. Em primeira instância o membro do Ministério Público recebe a denominação de Promotor de Justiça (substituto ou titular). Já em segunda instância o membro do Ministério Público recebe a denominação de Procurador de Justiça. De acordo com Constituição Federal de 1988 o Ministério Público também está sujeito a um controle externo exercido pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Este Conselho é composto de 14 membros nomeados pelo Presidente da República com mandato de 02 anos, sendo: a) Procurador-Geral da República, que será o presidente do Conselho. b) 4 membros do Ministério Público da União, indicados por seus respectivos órgãos. c) 3 membros do Ministério Público dos Estados. d) 2 juízes, sendo 1 indicado pelo STF e 1 indicado pelo STJ. e) 2 advogados indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. f) 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, sendo 1 indicado pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado. De acordo com a previsão legal do artigo 130 da CF/88 compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público, bem como, o cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. • AUXILIARES DA JUSTIÇA Como o dito anteriormente, para que a máquina judiciária possa funcionar a contento e o processo ter seu regular processamento além da necessidade de magistrados, promotores, advogados, há também a necessidade dos auxiliares da justiça. O artigo 149 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015) define quem são estes auxiliares, senão vejamos: “São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.” Para que o processo siga seu regular curso há a necessidade de expedição de ofícios, mandados de citação, expedição de certidões, juntada de documentos e muitos outros expedientes que ficam a cargo do serventuário da justiça que é o escrivão. As atribuições do escrivão estão previstas no artigo 152 do CPC, e são elas: Art. 152. Incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria: ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 18 I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que pertençam ao seu ofício; II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária; III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo; IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório, exceto: a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz; b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública; c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor; d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência; V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho, observadas as disposições referentes ao segredo de justiça; VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios. De tal importânciapara o juízo é o escrivão, que caso haja seu impedimento, de acordo com o artigo 152, § 2º do referido diploma legal, o juiz deverá convocar um substituto, e não havendo, nomear pessoa idônea para o ato. Como o escrivão está sujeito a obrigações, tem ele responsabilidade para com seus atos, e nos termos do art. 155 do CPC: “O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça são responsáveis, civil e regressivamente, quando: I - sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a que estão subordinados; II - praticarem ato nulo com dolo ou culpa”. O Oficial de Justiça é outro auxiliar fundamental para o trâmite processual, que tem o dever de levar ao conhecimento das partes ou terceiros interessados na relação jurídica processual notícia e determinações do juízo através do cumprimento dos mandados judiciais. São deveres do oficial de justiça, de acordo com o artigo 154 do CPC: I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora; II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento; ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 19 IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem; V - efetuar avaliações, quando for o caso; VI - certificar, em mandado, proposta de auto composição apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber. O Oficial de Justiça tem fé pública, isso quer dizer, que as informações por ele certificadas nos mandados são tidas pelo juízo como verdadeiras até prova em contrário, gozam, portanto, de uma presunção de veracidade relativa. A exemplo do que ocorre com o escrivão, o oficial de justiça também poderá ser responsabilizado civilmente, além de administrativamente, nos termos do artigo 155 do CPC, já comentado anteriormente. A figura do perito se faz necessária na máquina judiciária porque possui o mesmo um conhecimento técnico necessário ao juízo para deslinde da causa. É o que ocorre com médicos, dentistas, arquitetos, engenheiros e outros profissionais com qualificação específica. Os peritos podem elucidar o juízo através da elaboração dos laudos, bem como respostas aos quesitos que são formulados pelas partes, quando da realização da prova pericial. Como exemplo tem-se o caso de indenização por danos materiais, estéticos e morais decorrentes de um acidente de carro em que tenha resultado lesões gravíssimas com deformidade permanente e perda da capacidade de membro. Neste caso, somente um médico poderá avaliar a real situação da vítima para apurar a extensão do problema e dos danos causados, fazendo-se imperiosa a sua participação no feito para solução da causa. Nos termos do artigo 156 do CPC “o juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico.” Cabe ressaltar que o laudo elaborado pelo perito tem o condão de esclarecer o juiz e não vinculá-lo ao julgamento, uma vez que, aplica-se no direito processual brasileiro o princípio do livre convencimento motivado no que toca à apreciação das provas, de acordo com o artigo 371 do CPC: “O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.” O perito poderá recusar o encargo desde que o faça por motivo justificado e no prazo de cinco (5) dias da nomeação ou do surgimento de impedimento superveniente, podendo também responder por prejuízos que causar às partes em razão de informações inverídicas que prestar com dolo ou culpa, além de não poder funcionar como perito por dois anos, sem prejuízo de sanção penal cabível. Se no decorrer de um processo se fizerem necessárias a guarda e a conservação de bens que forem penhorados, arrestados ou seqüestrados, o juiz designará um depositário ou administrador. Para este encargo haverá uma remuneração levando-se em conta o tempo de guarda, a condição dos bens e dificuldade na realização do referido encargo. Cabe responsabilização também ao depositário ou administrador nos termos do artigo 161 do CPC, a saber: ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 20 “O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou culpa, causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que legitimamente despendeu no exercício do encargo”. Por fim, o intérprete é um auxiliar da justiça que o juiz poderá fazer uso de seus conhecimentos toda vez que for necessário a análise de documentos cujo idioma não seja o português, ou ainda, comunicar-se com pessoas que utilizam meios de comunicação não convencional, como é o caso dos surdos-mudos, ou que não falem a língua pátria. O artigo 162 do CPC disciplina a matéria, estabelecendo que: “O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para: I - traduzir documento redigido em língua estrangeira; II - verter para o português as declarações das partes e das testemunhas que não conhecerem o idioma nacional; III - realizar a interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas com deficiência auditiva que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente, quando assim for solicitado”. Há impedimentos para o exercício da função de intérprete, sendo eles: I - não tiver a livre administração de seus bens; II - for arrolado como testemunha ou atuar como perito no processo; e III - estiver inabilitado para o exercício da profissão por sentença penal condenatória, enquanto durarem seus efeitos. (Art. 163 do CPC) A exemplo do que corre com o perito, aplicam-se as mesmas regras no tocante à recusa do encargo e responsabilização do intérprete, nos termos do artigo 164 do CPC. Os auxiliares da justiça também estão sujeitos ao dever de imparcialidade do magistrado, aplicando-se-lhes os motivos de impedimento e suspeição elencados no Código de Processo Civil, artigos 144 e 145. Uma vez verificada situação ensejadora de decretação de impedimento ou suspeição do serventuário de justiça, do perito ou do intérprete, o juízo deverá ser comunicado para que providências sejam tomadas no sentido de substituição do profissional, sob pena de incorrer-se em parcialidade. • POLÍCIA A Constituição Federal trata em seu artigo 144 da Segurança Pública, que é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, tendo como objetivo fundamental a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 21 Para que a Segurança Pública possa alcançar os seus objetivos, ela está estruturada com os seguintes órgãos: ▪ Polícia Federal, ▪ Polícia Rodoviária Federal, ▪ Polícia Ferroviária Federal, ▪ Polícias Civis, ▪ Polícias Militares e ▪ Corpos de Bombeiros Militares. Por questões estruturais a atividade policial é dividida inicialmente em duas grandes áreas: • Polícia Administrativa É aquela polícia que atua preventivamente, buscando evitar que o crime aconteça. Responsável pela manutenção da tranqüilidade social, procura desestimular a prática criminal. São exemplos da atividade policial administrativa a abordagem de cidadãos, dissolver algazarras e outros. Podemos citar como exemplos da polícia administrativa: Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal e Polícias Militares. A PolíciaRodoviária Federal é vinculada à União, tendo atribuição específica de efetivar o patrulhamento ostensivo nas rodovias federais. Já a Polícia Ferroviária Federal é vinculada à União com atribuição específica de patrulhar ostensivamente as ferrovias federais. As Polícias Militares são vinculadas aos Estados e ao Distrito Federal, com função de polícia ostensiva, bem como a função de preservação da ordem pública. • Polícia Judiciária A Polícia Judiciária também é conhecida como polícia de investigação, tem função de atuar repressivamente, no intuito de investigar a prática de infrações penais, a fim de apurar as respectivas autorias. Ao lado da apuração dos delitos, cabe também à polícia judiciária auxiliar o Poder Judiciário na execução de medidas administrativas e processuais, tais como: cumprimento de diligências, mandados de prisão e outros. Podemos citar como exemplos de Polícia Judiciária a Polícia Federal e as Polícias Civis. A Polícia Federal é vinculada à União, cabendo-lhe exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, e, em caráter de exclusividade, as funções de polícia judiciária da União, além, de apurar infrações penais contra a ordem política e social, ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, bem como outras infrações que causem repercussão interestadual ou internacional. É também da competência da polícia federal, por fim, a prevenção e a repressão ao tráfico ilícito de entorpecentes, ao contrabando e ao descaminho, sem prejuízo da atuação de outros órgãos públicos. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO 22 As Polícias Civis são vinculadas aos Estados e ao Distrito Federal, destinando-se ao exercício das funções de polícia judiciária, incluindo a apuração de infrações penais, ressalvada a competência da União. No que toca ao Corpo de Bombeiros, também considerado força auxiliar e reserva do Exército, é igualmente vinculado aos Estados e ao Distrito Federal, com incumbência principal de execução das atividades características de defesa civil, além daquelas definidas em lei, tais como: prevenção e extinção de incêndios, proteção, busca e salvamento de vidas humanas, prestação de socorros em casos de afogamento, inundações, desabamentos, acidentes em geral, catástrofes, calamidades públicas e outros. Apostila elaborada pelo Prof. Allan Weston Wanderley UNIFOZ – 2018/1
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