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NPC - Aula 01 - Normas Processuais Constitucionais.docx

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Aula 01 e 02 - DAS NORMAS PROCESSUAIS FUNDAMENTAIS
1. PRINCÍPIOS E REGRAS FUNDAMENTAIS (ART. 1° À 12, NCPC)
Não se trata apenas de princípios. Há normas fundamentais que não são princípios. Há normas fundamentais que são princípios, que anunciam um desejo de alcance de uma determinada; e existem regras fundamentais.
Mas nos doze primeiros artigos não estão todas as normas fundamentais. Existem outras normas fundamentas espalhadas no Código, bem como existem normas fundamentais na Constituição.
Dentro dos doze artigos a serem estudados, encontramos normas fundamentais de cunho constitucional, e a eventual violação dessas normas, não se constitui, apenas, uma violação de uma norma infraconstitucional (CPC), mas também, e principalmente, violação de uma norma constitucional. E dito isto, convém observar que num possível recurso contra decisão que viole tais normas, não cabe o Recurso Especial (STJ), mas sim o Recurso Extraordinário (STF).
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.
O principal valor constitucionalmente tutelado é o Estado Democrático de Direito. A clara intenção do legislador com o art. 1°para o ambiente endoprocessual o Estado Democrático de Direito. Não é dado a qualquer órgão julgador atuar senão em absoluta conformidade com ele. Mas não só o julgador. Todos os sujeitos processuais devem atuar em simetria, de modo a se formar o panorama no qual a decisão será proferida.
Princípio da Inércia (ou Princípio da Ação, ou Princípio da Demanda)
De acordo com esse princípio, que se encontra expresso no art. 2º do NCPC, a jurisdição não será exercida se não houver provocação da parte ou do interessado mediante o exercício da ação (demanda). O processo não se inicia de ofício.
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Há, porém, exceções previstas em le, no que se refere a procedimentos que podem ser iniciados por iniciativa do Juiz. Temos como exemplos: o art. 712 (restauração de autos), o art. 730 (alienação judicial), o art. 738 (herança jacente), o art. 746 (coisa vaga).
Há que se falar, ainda, em exceções no que se refere ao desenvolvimento do processo. Diz o art. 2º que o processo se desenvolverá por impulso oficial, ou seja, impulso do juiz. Porém, existem situações em que, mesmo já em desenvolvimento, necessitará da atuação da parte. Exemplo disso é o art. 513, § 1º.
Art. 513. § 1o: O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.
É um ato que seria típico do desenvolvimento do processo, porém, o legislador deixou a cargo da iniciativa do exequente (daquele que se considera credor).
Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional
O art. 3º, caput, NPC, diz que “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito”. Trata-se de uma norma constitucional, vez que reflete o que já estava previsto na Constituição Federal, no art. 5º, inciso XXXV. Deste modo, a ninguém, nem mesmo o legislador, o administrador ou o julgador, é dado o direito de afastar qualquer causa da apreciação do poder judiciário. 
A inafastabilidade da jurisdição deve ser compreendida à luz do acesso à ordem jurídica justa, sustentada por quatro vigas fundamentais: o amplo acesso ao processo, a ampla participação e a efetiva influência no convencimento do juiz; a decisão com justiça; e a eficácia da decisão.
	
Curiosidades
O STF considerou que leis que proíbem a concessão de tutela provisória não são inconstitucionais, sendo, portanto, restrições compatíveis com a Constituição Federal (ADC-MS n. 4).
O STF considerou que a arbitragem, mencionada no § 1º, no art. 3º, NCPC, respeita a Constituição Federal, uma vez que a manifestação de vontade da parte na cláusula compromissória, quando da celebração do contrato, e a permissão legal dada ao Juiz para que substitua a vontade da parte recalcitrante em firmar o compromisso, não ofendem o art. 5º, inciso XXXC, da CF88 (SE 5206 AgR/EP).
É importante sinalizar duas exceções à inafastabilidade da jurisdição: a necessidade de esgotamento da via administrativa para a resolução das questões desportivas (§ 1º do art. 217, CF88) e a necessidade de prévia recusa administrativa para admissão de habeas data (Súmula 2 do STJ). 
Mas muito se discutiu a cerca da constitucionalidade da exigência legal de prévio requerimento administrativo ou do prévio exaurimento as via administrativa para a propositura da ação. O STF entendeu que a lei pode exigir o prévio requerimento administrativo, como elemento caracterizador do interesse de agir, mas não pode exigir o prévio esgotamento da via administrativa (RE 631240/MG).
A Justiça Multiportas
A jurisdição é a função atribuída a um terceiro imparcial de realizar o direito de modo imperativo e criativo, reconhecendo, efetivando ou protegendo situações jurídicas concretamente deduzidas, por meio de decisão insusceptível de controle externo e apta a ser tornar imutável.
O CPC de 2015 e a Lei de Mediação (Lei 13.140/2015), consagram a chamada justiça multiportas, que se vale de diversas técnicas, como a negociação, a mediação, a conciliação e a arbitragem, não mais como meros métodos alternativos, mas como métodos integrados de solução de conflitos ou de resolução de disputas.
Assim, as partes podem promover elas próprias a composição do conflito em que se envolveram, bem como o Estado, como um todo, transformou em política estatal o estimulo à autocomposição. É uma imposição do legislador aos diversos sujeitos do processo.
§ 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
A porta para a autocomposição tem que estar sempre aberta todas as vezes que o direito objeto de discussão comportar autocomposição, e as partes possam promovê-la. O Código se estrutura para isso.
Atualmente quando se fala em conciliação e em mediação, a referência imediata é a Res. 125/2010 do CNJ, que dispõe sobre a política judiciária nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do poder judiciário. 
Por sua vez, o CPC-2015 estimula a autocomposição ou as formas consensuais de resolução de conflitos por diversas técnicas, especialmente por meio da conciliação e da mediação. Vários são os artigos que se dedicam a efetivá-los como métodos de solução de conflitos: 
os arts. 165 ao 175 do NCPC dispõem sobre conciliadores e mediadores judiciais; 
o art. 190 prevê uma cláusula geral de negócio jurídico processual, admitindo que negócios processuais atípicos sejam realizados a respeito de processos que admitam autocomposição sobre o direito material; 
o art. 334 prevê a realização de uma audiência de conciliação ou de mediação antes da contestação; a presença é obrigatória e susceptível a sanção (§8º) 
a audiência de mediação é também prevista no art. 565, como etapa anterior à concessão de medida liminar em litígios coletivos pela posse de imóvel; 
o art. 359 prevê a possibilidade de conciliação uma vez instalada a audiência de instrução e julgamento; 
o art. 139, V, que direciona o juiz a promover a autocomposição a qualquer momento no processo;
o art. 381, inciso II, prevê a propositura de ação probatória autônoma (antecipação de prova), para viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflitos; 
O art. 90, que traz um estímulo estatal àqueles que estabelecerem autocomposição antes da sentença, com a dispensa do pagamento das custas processuais remanescentes; e
os arts. 694 ao 697 que dispõem sobre mediação e conciliação nas ações de família.
AConciliação e a Mediação
São métodos de solução de conflitos que, para a maior parte da doutrina, apresentam diferenças. Nos arts. 165 ao 175 do NCPC, o legislador cuidou de fazer essa distinção. 
Em resumo, no que tange a conciliação, o conciliador sugere soluções (interfere, aconselha), com o objetivo de chegar a um acordo entre as partes que têm relações episódicas, não havendo vínculo anterior entre eles.
Por sua vez, na mediação, o mediador não sugere soluções (apenas cria o ambiente, auxilia, estimula), com o objetivo de facilitar a comunicação, sendo o acordo uma consequência da comunicação reestabelecida entre as partes que, geralmente, envolve relações continuadas ou com vínculo anterior, como, por exemplo, as relações de família.
Mas conciliador e mediador não compõe o conflito, elas auxiliam as partes a chegarem à essa composição (autocomposição). Diferente da arbitragem, onde há uma heterocomposição, sendo o conflito resolvido pelo terceiro, e a decisão vinculará os envolvidos do conflito.
A mediação também é regida pela Lei 13.140/2015, uma legislação específica em relação ao CPC, sendo sancionada em momento posterior, mas que entrou em vigor antes do Código. Há divergência doutrinária a respeito do que prevalece quando nos deparamos com incompatibilidades entre a Lei de Mediação e o CPC de 2015.
Arbitragem
Muito se discute acerca da consagração da arbitragem como atividade jurisdicional, uma vez que não houve um reconhecimento expresso a respeito da sua natureza jurídica no CPC-2015. Mas também é importante sinalizar que o seu caráter jurisdicional não foi excluído, mas pelo contrário, foi potencializado, existindo no Código diversos artigos que tratam do assunto. Destacamos:
Art. 189.  Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
Art. 237.  Será expedida carta: IV - arbitral, para que órgão do Poder Judiciário pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato objeto de pedido de cooperação judiciária formulado por juízo arbitral, inclusive os que importem efetivação de tutela provisória.
Importante ressaltar que a convenção de arbitragem deve ser alegada como preliminar da contestação, e a ausência de sua arguição caracterizará renúncia ao juízo arbitral e aceitação a jurisdição estatal.
Uma vez arguida convenção de arbitragem em sede de preliminar, a sua rejeição deverá se dar por decisão interlocutória, contra a qual caberá agravo de instrumento. Caso seja acolhida, esta se dará por sentença judicial, contra a qual caberá recurso de apelação.
O Código ainda admite que a decretação da nulidade da sentença arbitral seja requerida na impugnação ao cumprimento da sentença.
Princípio da Razoável Duração do Processo
O referido princípio, enunciado no art. 4º do NCPC, é uma norma constitucional. É uma reprodução do quanto disposto no art. 5º, inciso LXXXVIII, assim como no art. 8º, do Pacto de San Jose da Costa Rica, que trata dos Direitos Humanos.
Também está previsto no art. 139, inciso II, do NCPC, quando afirma que incumbe ao Juiz “velar pela duração razoável do processo”. 
O princípio da razoável duração do processo compõe o princípio da efetividade processual e deve levar em consideração a complexidade da matéria, as condições materiais e o comportamento dos sujeitos do processo.
O princípio da razoabilidade temporal não garante a celeridade processual, na verdade este dispositivo busca a obtenção dos melhores resultados possíveis, com a máxima economia de esforços, despesas e tempo. Por isso ele está intimamente ligado à efetividade do processo.
A cerca disso, e com vistas a dar maior efetividade às decisões, o CPC nos traz alguns instrumentos processuais que podem ser utilizados a fim de concretizar o direito fundamental da razoável duração do processo, com destaque:
a) representação por excesso de prazo, com a possível perda da competência do juízo em razão da demora (art. 235, NCPC);
b) mandado de segurança contra omissão judicial, caracterizada pela não prolação da decisão em tempo razoável, cujo pedido será a cominação de ordem para que se profira a decisão;
c) ação de responsabilidade civil contra o Estado, se a demora injusta causa prejuízo, com possibilidade de ação regressiva contra o juiz;
d) a não promoção do juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão, conforme alínea “e” incluída no inciso II do art. 93 da CF, pela EC 45/2004.
1.4 Princípio da Primazia do Julgamento do Mérito
Ainda de acordo com o art. 4º do NCPC, não só é garantida a razoável duração do processo, mas também que haja uma solução integral do mérito. O legislador, neste ponto, alude o direito de obtenção integral do mérito, deixando claro que não quer do poder judiciário, decisões que simplesmente se limitem a extinguir o processo sem que o mérito da causa seja resolvido. A extinção do processo sem resolução do mérito é exceção. A prioridade é a solução do mérito.
Esse princípio ainda se conecta com um dos deveres decorrentes do princípio da cooperação (art. 6º, NCPC), qual seja, o dever de prevenção, segundo o qual o juiz tem obrigação de apontar deficiências nas postulações das partes, para que possam ser sanadas, supridas ou superadas. É, portanto, dever do julgador procurar corrigir os vícios processuais para que ocorra um julgamento do mérito da causa ou do mérito recursal.
	
Curiosidade:
A Súmula 115 do STJ diz que “na instância superior é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos”.
Tendo em vista o quanto se extraí da aplicação do art. 4º do NCPC, cabe ao juiz, inclusive, corrigir vícios processuais do mérito recursal.
O princípio da primazia do julgamento do mérito, apesar de consagrado pelo art. 4º do NCPC, também se encontra presente em diversos outros artigos deste Código, com destaque:
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais.
Art. 282.  § 2o Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
Art. 319. § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
São claras regras de concretização do princípio da primazia do julgamento do mérito, mas existem outras: Art. 218, § 4º; Art. 317; Art. 321; Art. 338; Art. 339, § 1º e 2º; etc.
O art. 485 do NCPC elenca as hipóteses de extinção do processo sem resolução do mérito. Mas o seu art. 7º, em consonância com o princípio da primazia do julgamento, traz a hipótese de retratação do juiz quando da prolação da sentença em sede de apelação, uma inovação do NCPC.
O art. 488 do NCPC é a manifestação própria do dever de prevenção que está esculpido pelo art. 4º do referido Código, decorrente do princípio da cooperação e do princípio da primazia do julgamento do mérito.
Art. 488.  Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485
E essa tendência do legislador não se resume apenas à 1ª instância. O princípio da primazia do julgamento se espalha por todo Código, refletindo-se, inclusive, na fase recursal.
Art. 932, Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.
Art. 938, § 1o Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou a renovaçãodo ato processual, no próprio tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes.
Art. 1029, § 3o O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.
Mas convém ressaltar que no caso do art. 1029, § 3º, se o vício for insanável, restará ao STJ e ao STF inadmitir o recurso ou desconsiderá-lo, se estiverem presentes os pressupostos e a Corte entender que é o caso, como por exemplo a falta de prequestionamento num recurso especial (Resp) ou num recurso extraordinário (Rext) que envolva questão de grande repercussão.
Princípio da Efetividade Jurisdicional
Ainda quanto à análise do caput do art. 3º do NCPC, podemos destacar, ainda que não se encontre de forma expressa, o princípio da efetividade da jurisdição, que se confunde com o próprio princípio constitucional da celeridade processual, previsto no inciso LXXVIII do art. 5º da CF88.
A efetividade da jurisdição pressupõe: de um lado, a duração razoável do processo (art. 5º, inciso LXXXVIII, da CF88); e do outro lado, a máxima coincidência, ou seja, um resultado mais próximo possível do direito material.
Sob a perspectiva da efetividade, o Código cria um modelo de atipicidade dos meios executivos, dando ao Juiz o poder de estabelecer as medidas adequadas ao caso. Exemplo disso é a aplicação do inciso IV do art. 139 do CPC, que autoriza o magistrado a aplicar medidas coercitivas até mesmo para assegurar o cumprimento da prestação pecuniária.
Assim, não adianta chegar solução integral do mérito (art. 4º, caput, 2ª parte, NCPC), sem que se chegue a uma decisão que possa ser efetivada. Conclui-se que, é direito fundamental das partes envolvidas no conflito que, em tempo razoável, se chegue a uma solução integral do mérito e que esta decisão se efetive de forma satisfativa.
Princípio da Boa-Fé Processual (Boa-Fé Objetiva / Lealdade Processual)
O princípio da boa-fé processual, enunciado no art. 5º do NCPC, exige, de todos os sujeitos do processo, condutas corretas, leais e coerentes, conferindo segurança às relações jurídicas, permitindo-se aos respectivos sujeitos confiar nos seus efeitos programados e esperados. Trata-se de uma cláusula geral que materializa este princípio.
Importante ressaltar que não apenas as partes devem se comportar de acordo com a boa-fé, mas também o magistrado, sendo-lhe proibido um comportamento contraditório, uma conduta incoerente, devendo comportar-se de acordo com a boa-fé objetiva.
	
Curiosidade:
Decidiu o STJ, na Resp 1.306.463-RS, que “ao homologar a convenção pela suspensão do processo, o Poder Judiciário criou nos jurisdicionados a legítima expectativa de que o processo só voltaria a tramitar após o termo final do prazo convencionado. Portanto, não se mostraria razoável que, logo em seguida, fosse praticado ato processual de ofício – publicação de decisão – e ele fosse considerado termo inicial do prazo recursal, pois se caracterizaria a prática de atos contraditórios, havendo violação da máxima nemo potest venire contra factum proprium, reconhecidamente aplicável no âmbito processual.
Por exemplo, ainda que o art. 296 do NCPC permita ao juiz revogar ou modificar a decisão que concedeu a tutela provisória, é perfeitamente questionável se a alteração da decisão judicial se deu por simples mudança de opinião do juiz, sem alteração do quadro fático-probatório. É, pois, um comportamento contraditório e viola a boa-fé objetiva.
Ainda nessa linha, não pode o juiz, sem justificativa expressa e plausível, adotar diferentes entendimentos para a mesma questão processual em diferentes processos.
A boa-fé processual passa a ser uma norma fundamental do processo, e não apenas um dever das partes.
A boa-fé objetiva também vem para evitar o abuso de direito no processo civil. O tema é muito importante no estudo das nulidades processuais. Nessa linha, o STJ veda a chamada nulidade de algibeira ou nulidade de bolso, quando a parte “guarda” uma nulidade para só ser alegada em momento futuro. O STJ possui diversos julgados inadmitindo essa prática.
E outra concretização da boa-fé é o chamado tu quoque ou proibição do comportamento surpreendente ou inovador, que rompe a legítima confiança, deixando a parte em situação de desvantagem.
Além de reprimenda ao abuso de direito processual, a boa-fé processual, como premissa, viabiliza uma chave interpretativa relevante para impedir um formalismo exacerbado, em prol do aludido formalismo processual democrático. Por exemplo: Não se deve penalizar a parte que de forma diligente interpõe recurso mesmo antes de sua intimação pessoal.
1.7 Princípio da Cooperação (Inovação do NCPC)
O art. 6º do NCPC consagra um dos mais importantes princípios consagrados no Código, o princípio da cooperação, onde todos os sujeitos do processo devem atuar em simetria para que do processo possa ser extraído um resultado justo. Ele é corolário do princípio da boa-fé processual.
Deste princípio decorrem regras de conduta ou deveres para todos os sujeitos do processo, tais como:
a) Dever de lealdade processual, onde as partes não devem agir de má-fe. O art. 80 do NCPC traz um rol de condutas que ensejam a prática da má-fé processual. É um rol exemplificativo, sendo que outros dispositivos também apresentam condutas tipificadas com sendo de má-fé, a exemplo do quanto disposto no art. 142 do mesmo diploma legal. O art. 143 nos traz rol de condutas que se praticadas pelo magistrado, são consideradas condutas de má-fé, e passíveis de representação junto a CGJ ou ao CNJ, nos moldes do art. 235. E o a art. 81, que trata da punição a ser dada às partes que litigam de má-fé.
b) Dever de esclarecimento, que fala da obrigatoriedade do juiz deve esclarecer os seus pronunciamentos, bem como de poder exigir esclarecimentos das partes. No CPC, em diversos artigos, podemos extrair a ocorrência do dever de esclarecimento, a exemplo: o art. 77, § 1º; do art. 321, caput, última parte; o art. 330, § 2º; e o art. 379, I.
c) Dever de proteção, que tem como premissa não causar danos aos demais participantes do processo, tais como os deveres previstos nos dispositivos do CPC tais como: art. 77, VI; art. 448, I; art. 495, § 5º; art. 520, I e IV; etc.
d) Dever de prevenção, tendo em vista que incumbe ao juiz o dever de indicar as insuficiências, as irregularidades e os defeitos das postulações, para que possam ser sanados, supridos ou superados.
e) Dever de consulta, tendo em vista que o juiz não pode resolver ou decidir questão ou matéria sobre a qual ainda não se pronunciou, sem a oitiva prévia das partes, ainda que a matéria seja cognoscível de ofício (art. 10; art. 493, parágrafo único; e art. 933).
Princípio da Igualdade Processual e do Contraditório Substancial
Esses dois princípios encontram-se consagrados no art. 7º do NCPC.
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
O princípio da igualdade ou da isonomia é inerente ao estado democrático de direito que se encontra presente no art. 5º, caput, da CF88. O CPC traduz para o processo a igualdade prevista na Constituição, devendo-se garantir aos litigantes as mesmas oportunidades de acesso, de participação e de influência no resultado do processo.
A imparcialidade do juiz é exigida para que se diga que há isonomia de tratamento.
O princípio do contraditório também encontra-se previsto na Constituição, no inciso LV do art. 5º. O legislador tratou de trazê-lo para CPC, ao atribuir ao juiz “o dever de zelar pelo efetivo contraditório”. Neste estágio atual do pensamento jurídico o contraditório passou a ter outra dimensão além da bilateralidade da audiência: ele vem traduzido no binômio “influência e não surpresa”.
E essa compreensão do contraditório se conecta a outros dispositivos doNCPC, a exemplo do art. 9º (prévia oitiva antes da decisão), do art. 10 (consulta prévia às partes), art. 493 e art. 933 (que admitem que o fato superveniente seja conhecido de ofício, mas exige que as partes sejam ouvidas antes da decisão). O § 1º, do art. 927 estabelece que ao aplicar o precedente judicial o juiz deve submetê-lo ao debate prévio. 
O contraditório substancial inspirou também a criação do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (nova hipótese típica de intervenção de terceiros, prevista no art. 133 ao 137 do NCPC, admitida, inclusive, nos juizados especiais). Antes, a realização do contraditório se dava após a desconsideração.
1.8.1 Concretização do Princípio do Contraditório
Anteriormente já foi destacada a garantia do contraditório, assegurando às partes o direito de serem ouvidas e de participarem ativamente do processo, influenciando as decisões judiciais (art. 5º, LV, CF88; e art. 7º, NCPC).
Porém, o art. 9º do NCPC consolida, então, o entendimento quanto ao contraditório prévio, sendo esta a regra na sistemática do CPC de 2015. Mas esta regra comporta exceções, que também encontra-se prevista nos incisos I à III do referido dispositivo.
Conclui-se então que, o juiz tem o dever de ouvir previamente a parte antes de decidir contra ela, não se aplicando esta regra à tutela provisória de urgência, à tutela de evidência prevista no art. 311, incisos II e III, e à tutela monitória de evidência, tratada na decisão prevista no art. 701.
Esse rol não é taxativo. Também é exemplo de decisão liminar a regra prevista no art. 562 do NCPC, que autoriza a expedição de tutela provisória possessória, que também é de evidência.
Todavia, o contraditório não apenas assegura às partes o direito de participarem ativamente do processo e de influenciarem as decisões judiciais. Garante, também, o direito de não serem surpreendidas por decisões a respeito de questões que não foram previamente submetidas ao debate. E essa garantia é extraída da leitura do art. 10 do NCPC.
Art. 10.  O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Assim, concluímos que em nenhum grau de jurisdição é possível se decidir sem que as partes se manifestem sobre fundamentos (e o artigo não diferencia fundamento fático e fundamento de direito).
Esse direito de não surpresa também decorre do princípio da cooperação previsto no art. 6º do NCPC. 
Deste modo, os art. 9º e 10º trazem regras de concretização do princípio do contraditório.
	
Curiosidade:
Cabimento do reconhecimento da prescrição ou a decadência sem oitiva do autor.
Consoante art. 332, § 1º, do NCPC, “o juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição”. O art. 332 elenca hipóteses de julgamento do processo liminarmente (ou prima facie), antes da citação do réu. Trata-se de uma hipótese de rejeição do pedido do autor por meio de uma sentença de mérito ou definitiva, que prescinde de oitiva do réu.
Nesta hipótese, pode o juiz julgar sem oitiva do autor.
Contudo, conforme dispõe o art. 487, parágrafo único, do NCPC, dispõe que, “ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se”
Portanto, se o juiz julgar o pedido liminarmente improcedente em razão da prescrição ou da decadência (quando isso é admissível), não precisará ouvir previamente as partes. Não ocorrida, porém, a improcedência liminar, o juiz terá obrigação de ouvir previamente as partes acerca da prescrição ou da decadência.
1.9 Princípio da Legalidade versus Dignidade da Pessoa Humana versus Princípios Processuais da Administração Pública
O art. 8º do NCPC reúne enunciados normativos bastantes distintos entre si.
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Num primeiro momento o dispositivo repete a necessidade da aplicação de um método teleológico, já expresso no art. 5º da LINDB, ressaltando que lá faz referência à lei, e aqui o legislador faz referência ao ordenamento jurídico, ao direito como um todo.
Em seguida, o dispositivo exige que o juiz aplique esse ordenamento jurídico, atendendo aos fins sociais e ao bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana, princípio previsto no Art. 1º, inciso III, da CF88. A dignidade da pessoa humana é um supraprincípio, dela derivando todos os demais princípios e regras dos direitos fundamentais.
Na sequência, o dispositivo em comento exige que do juiz a observância dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, que são dimensões do devido processo legal, que procuram impedir abusos e excessos do legislador, do administrador e do julgador.
Por fim, os dispositivo diz que cabe ao juiz observar também alguns princípios inerentes à Administração Pública, previstos no art. 37 da CF88, quais sejam: a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Princípio da Publicidade Processual e Princípio da Motivação das Decisões Judiciais
O art. 11 é fonte dos princípios da publicidade processual e da motivação das decisões judiciais, que também estão previstos no art. 5º, LX e no art. 93, IX, ambos da CF88.
Art. 11.  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. 
Ambos os princípios são inerentes ao estado democrático de direito. São normas fundamentais.
Convém ressaltar que não só as decisões judiciais devem ser públicas, como também os demais atos processuais, para que a própria sociedade possa exercer um controle sobre a atividade jurisdicional.
O art. 11 traz a publicidade como regra, mas o seu parágrafo único traz a exceção: casos que tramitarão em segredo de justiça, onde só será autorizada a presença das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
A Constituição Federal admite que se decrete o segredo de justiça quando o interesse social exigir, ou para preservação da intimidade, salvo se houver prejuízo ao interesse público à informação.
O art. 189 do NCPC elenca um rol de procedimentos que deverão seguir em segredo de justiça
Art. 189.  Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos: I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
Por seu turno, temos o princípio da motivação das decisões judiciais que também positivado no NCPC, se conectando diretamente com o contraditório substancial, a cooperação e a boa-fé objetiva.
1.10 A regra do atendimento preferencial à ordem cronológica de conclusão para prolação de sentença ou acórdão.
Este artigo impunha um dever para todos os juízes e tribunais de obedecerem a uma ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão, gerando insatisfações no poder judiciário. Por isso foi realizada uma alteração recente no caput do art. 12, vejamos antes e depois:
Antes:
Art. 12.  Os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.
Depois:
Art. 12.  Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.
A referida regra (e não princípio) tem como objetivo dar maiorceleridade, tem sua essência na garantia constitucional da razoável duração do processo, vez que se refere ao tempo da decisão, que deve ser respeito por juízes e tribunais, de qualquer instância.
Deste modo, a regra na prolação de decisões e sentenças deve atender à ordem cronológica pela qual foi conclusa. Mas toda regra tem exceções, e estas estão previstas no § 2º, do referido dispositivo. Elas têm prioridade de tramitação.
As regras de tramitação previstas nos parágrafos do art. 12 têm o condão de regrar a atuação do poder judiciário de maneira a preservar alguns critérios objetivos, que deve imperar. A escolha do que se vai julgar tem um conteúdo administrativo.
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências legais.
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1o, o requerimento formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente se encontrava na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1040, inciso II.
Trata-se, pois, de regra de concretização do princípio da isonomia processual e da razoável duração do processo.
A elaboração da lista deve estar em harmonia com a política de metas do CNJ. Deve seguir uma ordem cronológica que leve em conta a data da distribuição. Deste modo, também é uma regra de concretização do principio da publicidade (§ 1º).

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