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AULA 2- DIRINT ESTRUTURA DO CONTEÚDO • 1.3.3. As pessoas internacionais 1.3.3.1 Conceito de pessoa: personalidade e capacidade 1.3.3.2 Classificação das pessoas internacionais 1.3.2.3. As pessoas na contemporaneidade 1.3.4. As fontes do Direito Internacional 1.3.4.1. Fontes e fundamentos: distinção 1.3.4.2. Fontes formais e materiais; 1.3.4.3. O Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça 1.3.4.3. Costume internacional: fundamento, elementos constitutivos, características e interpretação. - 1.3.4.4. Atos unilateriais. 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS 2.1 Noção de pessoa internacional Pessoa internacional é o sujeito de direitos e obrigações na ordem internacional. É dotado de personalidade jurídica e de capacidade. 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS 2.1.1 Os Estados; São os principais sujeitos de DIP, sendo sujeitos primários e originários. O DIP gira em torno de relações interestatais Elementos/ requisitos a) População ( composta por nacionais e estrangeiros) b) Território ( não precisa ser completamente definido, ONU admite Estados com problemas de fronteira como é o caso de Israel) c) Governo soberano ( efetivo e estável) d) Capacidade de se relacionar com os demais Estados 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS Reconhecimento de Novos Estados É o ato pelo qual os demais Estados constatam a existência de um novo membro na ordem internacional e é feito através de um pedido do interessado (notificação) Requisitos: -governo independente e com autoridade efetiva sobre território e população -território delimitado Efeitos: - Respeito à sua soberania , admissão de validade de suas leis e dos atos governamentais - Estabelecimento de relações diplomáticas - Imunidade de jurisdição - Capacidade para demandar em Tribunal Estrangeiro 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS 2.1.2 Coletividades não estatais: São aquelas coletividades que não preenchem todos os requisitos de um Estado mas que são reconhecidas como pessoas internacionais. a) Beligerantes; - É aplicado às revoluções de grande envergadura, em que os revoltosos formam tropas regulares e que têm sob seu controle uma parte do território estatal - O reconhecimento é ato discricionário do Governo legal e é feito por meio de uma declaração de neutralidade. Geralmente acarreta o dos terceiros Estados - É uma decorrência de princípios humanitários ( obriga as partes em luta às leis de guerra) e do direito de autodeterminação dos povos ( um certo grau de força e resistência adquirida por uma parte da população engajada em uma guerra dá a ela o direito de ser tratada como beligerante. - EX: os confederados (estados do sul) na guerra de secessão foram reconhecidos como beligerantes em 1861 pela França e Inglaterra Efeitos do Reconhecimento: 1) Aplicam-se as leis de guerra nos combates e os prisioneiros têm tratamento de prisioneiros de guerra ( OBS: art 3º Convenção Genebra de 1949) 2) o governo legal não é responsável pelos atos dos beligerantes (independe do reconhecimento) 3) Os Estados estrangeiros ficam sujeitos aos deveres de neutralidade 4) Os navios dos revoltosos não são considerados piratas 5) Os direitos de bloqueio são reconhecidos ao governo legal e aos beligerantes 6) Os beligerantes podem concluir tratados com os estados neutros 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS b) Insurgentes; - O estado de insurgência ocorre em revoltas que não assumem a proporção de uma guerra civil. Efeitos: - dependem dos Estados que efetuarem o seu reconhecimento e será o ato de reconhecimento que fixará os efeitos que pretende atribuir. Portanto trata-se da constatação de uma situação de fato sem que disso decorra automaticamente um determinado status jurídico. - Os efeitos do reconhecimento são mais restritos que os dos beligerantes 1) Os navios dos insurgentes não são considerados piratas 2) Os insurgentes terão tratamento de prisioneiros de guerra 3) O governo legal não é responsável pelos atos dos insurgentes 4) Não há direito de bloqueio mas podem impedir o acesso de abastecimento da parte contrária dentro das águas nacionais 5) Os terceiros estados não estão sujeitos à neutralidade sendo-lhes facultado declará-la. 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS c) Nação; Não é pessoa internacional, esta modalidade somente alcançou tal status por um curto período de tempo. Em 1917/1918 os comitês nacionais polonês e tcheco formados na França para lutar contra os impérios centrais foram reconhecidos como nação pelos aliados. Os efeitos são restritos, a saber: autorização de remessa de bandeiras aos poloneses e tchecos que lutavam ao lado dos aliados, atribuição de certas imunidades diplomáticas aos agentes e representantes dos comitês em território estrangeiro. No início da 2a GG esta modalidade foi aplicada a um comitê tcheco vindo a desaparecer definitivamente em 1941. 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS d) Santa Sé; - Somente começou a ter sua personalidade internacional discutida após a invasão de Roma em 1870 para a Unificação Italiana, pois com a incorporação dos Estados pontíficios ao reino da Itália, a Santa Sé perdeu sua base territorial em que assentava sua soberania. A Santa Sé continuou dominando somente uma pequena parcela territorial, o Vaticano. - O papado continuou a ser considerado pessoa internacional pelos Estados estrangeiros e consequentemente a receber e enviar agentes diplomáticos. - Acordo de Latrão em 1929 reconhecendo em seu art. 2o. a soberania do domínio internacional da Santa Sé (reunião da cúria Romana com o papa) e no art. 3o. o direito à plena propriedade e jurisdição soberana sobre o Vaticano. 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS 2.1.3 Coletividades Interestatais O DIP se encontra na fase do associacionismo internacional onde os Estados reconhecem sua impossibilidade estrutural e política de realizar sem auxílio de órgãos interestatais seus objetivos - As Organizações Internacionais Definição: é uma associação voluntária de sujeitos de direito internacional, constituída por ato internacional e discricionário nas relações entre as partes por normas de direito internacional, que se realiza em um ente de aspecto estável, que possui um ordenamento jurídico interno próprio e é dotado de órgãos e institutos próprios, por meio dos quais realiza as finalidades comuns de seus membros mediante funções particulares e o exercício dos poderes que lhe foram conferidos (Piero Sereni) 2 . PESSOAS INTERNACIONAIS Características: a) Associação voluntária dos sujeitos de DIP ( Estados) b) Ato institutivo da organização é internacional – Tratados ou convenções c) Personalidade internacional independente de seus membros d) Ordenamento jurídico interno – estatuto interno que regula as relações entre os seus órgãos e) Existência de órgãos próprios – a estrutura de uma org. internacional varia de acordo com suas finalidades e em geral apresentam um Conselho ( órgão executivo com representatividade de apenas alguns Estados membros), uma assembleia ( onde estão representados todos os estados membros) e um secretariado ( parte administrativa) f) Exercício de poderes próprios – poderes são fixados de modo genérico pelo tratado e visam atender às finalidades comuns de seus membros 3.1. Noções gerais – distinção entre fonte e fundamento; Conceito: são aqueles fatos ou atos aos quais um determinado ordenamento jurídico atribui a capacidade de produzir norma jurídica FONTE X FUNDAMENTO Fonte é o modo pelo qual o Direito se manifesta, maneira pela qual surge a norma jurídica Fundamento é de onde o Direito tira sua obrigatoriedade e consiste na investigação da justificação e legitimidade da norma jurídica internacional 3.2. Fontes formais e fontes materiais; Imagem do curso de água: se seguirmos um curso de água encontraremos a suanascente, sua fonte, o local onde surge a água ( fonte formal). Há porém fatores outros que determinaram que a água surgisse naquela região ( composição do solo, pluviosidade). Os elementos que provocam o aparecimento das fontes formais são as fontes materiais. Fonte formal: fonte exterior e reconhecível, simples reflexo da fonte material Fonte material: utilizadas para estudo da origem da fonte formal e auxilia na sua interpretação 3.3. Fontes de Direito Internacional Público: análise do artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça O enunciado das fontes de DIP é encontrado no Estatuto da Corte Internacional de Justiça em seu artigo 38: 1- A Corte, cuja função é decidir de acordo com o Direito Internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) As Convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes b) O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito c) Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas d) Sob ressalva da disposição do art. 59*, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de Direito 2- A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão “ ex aequo et bono”, se as partes com isto concordarem *A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão. 3.4. Importância do Costume como fonte do Direito Internacional; 3.4.1. Fundamento da obrigatoriedade do Costume; Definição: é uma prática geral aceita como Direito. É um produto da vida social que visa atender às necessidades sociais, sendo o costume o produto espontâneo da vida social. A prática constante de certos atos (uso) cria um determinado equilíbrio social, cuja violação atinge à ordem social. Os Estados adotam certas atitudes por corresponderem à uma necessidade e a repetição da prática ser boa para a ordem social Obrigatoriedade: O costume surge então de uma necessidade social e em virtude dela é obrigatório. O costume é obrigatório mesmo para os Estados que não o aceitam ( posição não pacífica), como condição para a universalidade do DIP. 3.4. Importância do Costume como fonte do Direito Internacional; 3.4.2. Elemento material do Costume; É o uso caracterizado pelas coordenadas de tempo e espaço. Com relação ao tempo (uniformidade) é necessário somente provar que tal prática é reconhecida como sendo direito. Não há necessidade de ter longa duração nem de ser contínuo. Com relação ao espaço (generalidade) mister que ele seja seguido por uma parcela da sociedade internacional. 3.4.3. Elemento psicológico do Costume; É a opinio juris vel necessitatis. Os atos precisam ser realizados com a convicção de que estão de acordo com o Direito Internacional e que são obrigatórios. Consiste na aceitação/ reconhecimento de uma prática como sendo direito. 3.4.4. Fim do Costume; a) Por um tratado mais recente que o codifica ou revoga b) Pelo desuso, quando ele deixa de ser aplicado c) Por um novo costume 3.5. Atos Unilaterais; É aquele em que a manifestação de um sujeito de DIP é suficiente para a produção de efeitos jurídicos Tipos: Silêncio: é assimilado à aceitação Protesto: é o modo pelo qual um Estado procura evitar que se forme uma norma costumeira, ou um estado de coisas que lhe seja prejudicial. Pode assumir forma escrita ou oral e pode ainda se manifestar por atos inequívocos que demonstrem a não concordância do Estado com o novo estado de coisas. Notificação: é o ato pelo qual um Estado leva ao conhecimento de outro, ou de vários outros, um fato determinado que pode produzir efeitos jurídicos. A finalidade deste instituto é dar uma certeza legal da informação Renúncia: ocorre quando um sujeito de DIP voluntariamente abandona seu direito e é interpretada sempre restritivamente Reconhecimento: ato pelo meio do qual um sujeito de DIP aceita uma determinada situação de fato ou de direito e, eventualmente, declara considerar um situação de fato ou de direito como legítima. 3.6. Analogia e Eqüidade; São meios auxiliares na constatação ou interpretação do Direito. Não são considerados fontes de DIP e por isto não são obrigatórios. Analogia: meio de integração do Direito utilizada para preencher as lacunas do DIP.Pode ser definida como a aplicação de uma norma já existente a uma situação nova, quando esta é semelhante à que é aplicável à norma já existente. Repousa na idéia de justiça de que casos iguais devem ser tratados igualmente Equidade: é a aplicação dos princípios da justiça a um determinado caso. Necessita de autorização das partes sob pena de nulidade da decisão( art. 38 CIJ) 3.7. Decisões judiciárias e precedentes; As decisões das organizações internacionais têm sido consideradas como uma nova fonte de DIP e consistem em normas originadas de uma organização internacional que são obrigatórias para os Estados membros independente de qualquer ratificação por sua parte. Ex: organizações supranacionais da comunidade européia- as suas decisões são exequíveis/ convenções em matéria sanitária da OMS Jurisprudência: é usada quando reflete constância e generalidade. Consagra postura adotada na prática judicial internacional e serve de diretriz no julgamento de caso semelhante 3.7. Doutrina. A doutrina é importante fonte de Direito Internacional Público uma vez que como lidamos com Estados soberanos distintos dotados de cultura e prática jurídica diferenciada é no estudo científico apresentado pelas autoridades de Direito, bem como no estudo de Direito Comparado, que encontraremos alicerce para as tese jurídicas sustentadas, bem como a chancela para as interpretações adotadas. Tem um papel proeminente na constatação e delimitação da norma jurídica uma vez que as normas de DIP são em boa parte consuetudinárias. 3.9. Os Tratados Internacionais como principal fonte do Direito Internacional; Os tratados são os acordos firmados no plano internacional pelas pessoas internacionais e podem ter natureza normativa, visando a elaboração de regras uniformes a serem seguidas pelos Estados contratantes ou natureza contratual, quando revelam direitos e obrigações assumidos pelos Estados contratantes. Os tratados são a principal fonte de DIP por consubstanciarem o assentimento existente entre as pessoas internacionais na sociedade internacional Fontes do DIRPRIV • Fontes de Origem Nacional -LINB (art.7 a 17) - Constituição Federal: - Nacionalidade (art. 12 CF) - Direitos dos estrangeiros (art 5º caput, 5º XXXI, 5º LII,art 14 §2º , art. 227 §5º) - questões referentes aos tratados internacionais (art 5º §3º, art.49, I; art. 84 VIII) - competência do STF em temas de cooperação internacional ( art 102,I,h) -competência da Justiça Federal em tema de tratados ( art. 109, III) Fontes do DIRPRIV - Código de Processo Civil ▪ jurisdição internacional ▪ cartas rogatórias ▪ prova do direito estrangeiro (art.376) ▪ sentenças estrangeiras - Doutrina e jurisprudência Fontes do DIRPRIV • Fontes de Direito Internacional a) de caráter legislativo ( tratados e convenções) - Convenções interamericanas de DIRPRIV (uniformização setorial do DIRPRIV) - Protocolos do Mercosul - Convenções de Haia (Aspectos Civis do seqüestro internacional de menores de 1980 e Proteção de Crianças e adolescentes em matéria internacional) b) de caráter doutrinário (principais obras de outros países) c) de caráter jurisprudencial (decisões das Cortes Internacionais como a Corte Internacional de Justiça e a Corte Interamericana de Direitos Humanos)
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