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Aula 00 – Aula Demonstrativa Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Professoras: Aline Martins e Juliana Migowski Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 2 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Olá, amigos do Exponencial Concursos! É com enorme satisfação que iniciamos hoje o nosso “Curso de Direito Tributário (teoria e questões comentadas) para o cargo de Fiscal de Tributos do Município de Niterói – RJ (ISS Niterói)”! Até pouco tempo atrás, estávamos aí “do outro lado” estudando insanamente na busca de uma vaga na área fiscal. Sofremos muito com a ansiedade e a insegurança que corroem os concurseiros. Mas, com muito esforço e muita fé, deu tudo certo pra gente e agora estamos aqui pra fazer dar tudo certo pra você também! Agora, pedimos licença para nos apresentar: Meu nome é Aline Martins da Silva e a minha história concurseira começou em 2009, quando iniciei meus estudos para a área bancária. Eu cursava Ciências Contábeis na UFRGS e havia me decepcionado com um estágio na iniciativa privada. Em toda a minha trajetória, prestei 46 concursos! Muitos eu não tinha nem intenção de assumir, mas fazia a prova como um esporte, um treino para eu me aprimorar rumo ao meu objetivo final: ICMS RS. Em 2010, ingressei em uma instituição bancária e comecei a prestar concursos para minha formação: contabilidade. Em 2011, surgiram os rumores do ISS POA e resolvi me dedicar bastante pra essa prova. Infelizmente, eu não sabia muito dos melhores materiais e perdi muito tempo com cursos presenciais de segunda a domingo e acabei ficando no cadastro reserva e não sendo chamada até hoje. Mas, nessa ocasião, me apaixonei pelo Direito Tributário e decidi que eu iria ser fiscal, custasse o que custasse! Após isso, como não havia perspectiva de concurso fiscal no RS e eu não queria sair do RS, estudei com muito afinco para o TJ/RS – Analista Judiciário – Área Adm. e obtive a 3ª posição e também fiquei em 2º lugar no concurso da DPE/RS para Contador. Essas aprovações me deram muita motivação para perseguir meu sonho da área fiscal. Foram muitas derrotas nessa caminhada, e algumas reprovações que doeram muito, quase me fazendo desistir desse sonho... Mas, com muita dedicação e uma persistência acima da média, eu consegui driblar minhas dificuldades e atingir a tão almejada aprovação! \o/ O meu tão esperado resultado do longo plantio veio em 2014, aos 25 anos: Aprovada Auditora Fiscal da Receita Estadual do RS (ICMS RS 37º lugar) e Auditora Pública Externa – Contadora do TCE RS (35º lugar). O recado que eu preciso deixar pra vocês disso tudo é que meu sofrimento nos estudos foi longo e dolorido, mas eu faria tudo de novo sem APRESENTAÇÃO Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 3 de 92 www.exponencialconcursos.com.br dúvida nenhuma!! A sensação de pendurar as chuteiras concurseiras com o gostinho da vitória é surreal! É uma felicidade que não cabe no peito! Meu nome é Juliana Migowski e minha trajetória no mundo dos concursos começou em 2009, assim que concluí a graduação em Jornalismo na UFRJ. Sempre fui boa aluna, havia ficado nas primeiras colações dos vestibulares com apenas 16 anos, e me sentia frustrada por atuar numa área em que o estudo não era muito recompensado. Decidi que seria servidora pública por duas razões: ter sucesso dependeria apenas de mim e me sentiria satisfeita por realizar um trabalho que beneficia a todos. Com cerca de três meses de estudo, período em que ainda trabalhava (muito) na área da Comunicação Social, fui classificada em 5º lugar no concurso para Técnico Assistente de Procuradoria da PGE-RJ. Meu trabalho era bastante simples, mas, ainda assim, sentia que ele era muito importante! Percebi que meu caminho era mesmo ser servidora pública. No ano seguinte iniciei o curso de Direito na Uerj com o objetivo de ampliar o leque de opções de concursos públicos. No final de 2010 prestei concurso para Agente Executivo da CVM e fui classificada em 1º lugar. Havia tentado outros concursos, como Bacen e MPU, mas a rotina de trabalho / faculdade / casa e estudo para concursos estava bem complicada! Foi nessa época que “descobri” a área fiscal e, logo de cara, decidi que meu foco seria o ICMS-RJ, pois não gostaria de sair do meu Estado. No início de 2011, iniciei o estudo para esse concurso e tranquei a faculdade para poder me dedicar a ele. Não via mais propósito em fazer outro curso para só então prestar concurso de nível superior. Por fim, consegui atingir o objetivo de ser aprovada no concurso para Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro. Imaginem minha alegria ao ser classificada em primeiro lugar, aos 25 anos! Claro que o importante mesmo é estar dentro do número de vagas oferecidas, mas esse resultado representou o coroamento de muita, muita dedicação e esforço. Como vocês podem ver, nós sentimos na pele, durante bastante tempo o que se passa “do outro lado”: a ansiedade, as dificuldades, a insegurança. Esperamos dividir com você, amigo concurseiro (a), a experiência adquirida ao longo da nossa preparação e desejamos fortemente fazer parte da sua conquista! A área fiscal está de braços abertos para pessoas de todas as formações! Basta dedicação, ter em mãos os melhores materiais e seguir uma rotina de estudos bem organizada. É aí que entra a equipe do Exponencial para te mostrar o “caminho das pedras”. Nosso curso será de Teoria e Questões Comentadas e iremos MASTIGAR toda a matéria para vocês, com uma abordagem totalmente objetiva, concisa e esquematizada. Contem conosco nessa trajetória! Salientamos aos iniciantes Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 4 de 92 www.exponencialconcursos.com.br que no primeiro contato com alguma matéria, é normal as dúvidas surgirem. Por isso, ficamos à disposição de vocês para qualquer dúvida no Fórum. Ninguém duvida da importância de nossa disciplina nos concursos para a área fiscal. São sempre muitas questões de Direito Tributário! No caso do recente concurso para o ISS Cuiabá organizado pela FGV foram 12 questões de Direito Tributário em um total de 70 questõesda P2. No quadro abaixo temos um RAIO-X dos tópicos exigidos na prova de Cuiabá e do número de questões que haviam por assunto. Na última coluna consta em que aula cada assunto será abordado: ASSUNTO PROVA ISS Cuiabá 2014 (Quantidade de questões por assunto) AULA Conceito de direito tributário. Tributos: conceito; natureza jurídica. Classificação. Espécies. 2 00 Competência Tributária e Capacidade Tributária. 01 Limitações Constitucionais ao poder de tributar 1: Princípios Constitucionais do Direito Tributário. 1 01 Limitações ao poder de tributar 2: Imunidade. Incidência e não incidência. Isenção. 1 02 Tributos de Competência da União. 2 03 Tributos de Competência dos Municípios. 1 03 Legislação tributária. 2 04 Obrigação Tributária Principal e Acessória. Fato Gerador da Obrigação Tributária. Sujeição Ativa e Passiva. Solidariedade. Domicílio tributário. 05 Responsabilidade Tributária. 06 Crédito tributário. 1 07 Histórico e análise das provas Direito Tributário Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 5 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. 08 Administração tributária. Dívida ativa. Certidão negativa. 09 Garantias e privilégios. 10 Simples Nacional. 2 10 TOTAL 12 Este é o conteúdo do nosso edital para Fiscal de Tributos, publicado pela FGV dia 07/10/15: Receitas públicas. Sistema Tributário Nacional: previsão constitucional; atribuição e competência tributária, princípios constitucionais tributários, limitações ao poder de tributar. Lei complementar: funções e matérias reservadas. Tributos: conceito, natureza jurídica, classificação e espécies de tributos: impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios, contribuições especiais. Tributos de competência da União. Tributos de competência dos Estados e do Distrito Federal. Tributos de competência dos Municípios. Repartição das receitas tributárias: receita da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Receitas dos Estados distribuídas aos Municípios. Legislação tributária: lei complementar, lei ordinária, lei delegada; decretos legislativos, resoluções do Senado Federal; atos normativos de autoridades administrativas: decretos e despachos normativos do Executivo, resoluções administrativas, portarias, decisões administrativas, tratados e convenções internacionais, vigência, aplicação, interpretação e integração. Obrigação tributária: principal e acessória – conceito. Fato gerador: hipótese de incidência tributária, incidência e não incidência, isenção, imunidade, domicílio tributário, momento e local da ocorrência. Aspecto subjetivo: competência tributária, capacidade tributária. Sujeição ativa. Sujeição passiva: contribuinte e responsável; responsabilidade solidária, responsabilidade de terceiros, responsabilidade por infrações; substituição tributária. Elemento valorativo: base de cálculo, alíquota. Crédito tributário: lançamento: efeitos e modalidades. Suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. Sonegação fiscal. Administração tributária: fiscalização, regulamentação, competência, limites, procedimentos. Dívida ativa: certidão negativa e execução fiscal. Repetição de indébito. Informações e sigilo fiscal. Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 6 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Processo administrativo tributário. Processo tributário: princípios. Processo judicial tributário. Execução. Ação anulatória de débito fiscal. Mandado de segurança. Ação de consignação em pagamento. Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980. Ação cautelar fiscal. Código Tributário do Município de Niterói (Lei nº 2.597/08). Buscando ser o mais objetivo possível, sem abrir mão da qualidade, nosso curso será composto de 12 aulas (0 a 11). E, sem mais rodeios, vamos ao programa do nosso curso! Aula Conteúdo 00 Receitas públicas. Tributos: conceito, natureza jurídica, classificação e espécies de tributos: impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios, contribuições especiais. 01 Aspecto subjetivo: competência tributária, capacidade tributária. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 1: Princípios Constitucionais Tributários. 02 Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 2: Imunidade. Incidência e não incidência, isenção. 03 Tributos de competência da União. Tributos de competência dos Estados e do Distrito Federal. Tributos de competência dos Municípios. Repartição das receitas tributárias: receita da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Receitas dos Estados distribuídas aos Municípios. 04 Legislação tributária: lei complementar, lei ordinária, lei delegada; decretos legislativos, resoluções do Senado Federal; atos normativos de autoridades administrativas: decretos e despachos normativos do Executivo, resoluções administrativas, portarias, decisões administrativas, tratados e convenções internacionais, vigência, aplicação, interpretação e integração. Lei complementar: funções e matérias reservadas. 05 Obrigação tributária: principal e acessória – conceito. Fato gerador: hipótese de incidência tributária, momento e local da ocorrência. Elemento valorativo: base de cálculo, alíquota. Sujeição ativa. Sujeição passiva: contribuinte e responsável. Solidariedade. Domicílio tributário. 06 Responsabilidade solidária, responsabilidade de terceiros, responsabilidade por infrações; substituição tributária. 07 Crédito tributário: lançamento: efeitos e modalidades. 08 Suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário. Repetição de indébito. 09 Administração tributária: fiscalização, regulamentação, competência, limites, procedimentos. Dívida ativa: certidão negativa e execução fiscal. Informações e sigilo fiscal. 10 Sonegação Fiscal. Processo administrativo tributário. Processo tributário: princípios. Processo judicial tributário. Execução. Ação Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 7 de 92 www.exponencialconcursos.com.br anulatória de débito fiscal. Mandado desegurança. Ação de consignação em pagamento. Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980. Ação cautelar fiscal. Código Tributário do Município de Niterói (Lei nº 2.597/08). 11 SIMULADO. *Confira o cronograma de liberação das aulas (datas) na página do curso, no site do Exponencial Concursos. Não se assuste com o número total de páginas de nossas aulas. Perceba que, na presente aula, a parte teórica se encerra na página 39. As páginas seguintes contêm apenas questões e seus respectivos comentários, para fazer a matéria aqui tratada grudar no seu cérebro! ;) Dito tudo isso, hora de partirmos para a nossa aula 00! Tenha uma boa aula! Um forte abraço, Aline Martins e Juliana Migowski “No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.” (Ayrton Senna) Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 8 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Sumário 1- Conceito de Tributo ......................................................................... 9 1.1- Receitas Públicas ................................................................................................................ 9 1.2- Conceito de Direito Tributário ........................................................................................... 9 1.3- Definição legal de tributo ................................................................................................. 10 2- Espécies de Tributos ...................................................................... 15 2.1 Taxas (art. 77 a 80 do CTN e art. 145, II e § 2º) ...................................................................... 17 2.2 Taxas x Preços Públicos .......................................................................................................... 19 2.3. Contribuição de melhoria (CTN, arts. 81 e 82; CF, art. 145, III) ............................................ 23 2.4. Impostos (CTN, art. 16; CF, art. 145, I e § 1º) ........................................................................ 27 2.5. Empréstimos Compulsórios (CTN, art. 15; CF, art. 148) ........................................................ 28 2.6 Contribuições Especiais (CF, arts. 149 e 149-A) ..................................................................... 30 3- Classificação dos Tributos ............................................................. 37 3.1. Classificação quanto ao destino da arrecadação: Tributos de arrecadação vinculada e de arrecadação não vinculada .......................................................................................................... 37 3.2. Quanto à finalidade: Fiscal; Extrafiscal e Parafiscal .............................................................. 37 3.3. Quanto à possibilidade de repercussão do encargo econômico-financeiro: Tributos Diretos e Indiretos .................................................................................................................................... 38 4- Questões Comentadas ................................................................... 40 5- Lista de Exercícios ......................................................................... 76 6- Gabaritos ....................................................................................... 92 Aula 00 – Conceito e Classificação dos Tributos. Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 9 de 92 www.exponencialconcursos.com.br 1.1- Receitas Públicas O Direito Tributário é a ramificação do Direito Público dedicado ao estudo da principal fonte de receita pública: o tributo. Trata-se de um tipo de receita derivada, isto é, aquela que o Estado obtém por meio da realização das atividades que lhe são típicas, utilizando-se da soberania. As receitas derivadas surgem das prerrogativas de Direito Público, nas quais o Estado ocupa posição de superioridade em relação ao particular (a receita é DERIVADA DO poder de império do Estado). A lei obriga o particular a contribuir com o Estado, independente de sua vontade. Há também as receitas originárias, aquelas que o Estado explora seu próprio patrimônio. As receitas originárias são fruto de obrigações constituídas pela vontade das partes (manifestação bilateral da vontade). O Estado despe-se de sua soberania e age como se particular (Direito Privado) fosse. Ex. Receitas de alugueis, comerciais, industriais. RECEITAS ORIGINÁRIAS DERIVADAS Relações de Dir. Privado Relações de Dir. Público Exploração do próprio patrimônio DERIVA do Poder de Império Natureza contratual Previsão legal Isonomia entre as partes Desigualdade entre as partes Ex: Alugueis, dividendos Ex: Tributos (FCC/Analista de Controle - TCE PR/2011 - adaptada) Com relação aos tributos, classifique a afirmação abaixo em certa ou errada: São considerados receita derivada e têm por finalidade obter recursos financeiros para o Estado custear as atividades que lhe são correlatas. Comentários: Certinho, os tributos constituem receita derivada e possibilitam que o Estado realize a prestação de serviços à sociedade. Gabarito: correta. 1.2- Conceito de Direito Tributário Conforme Hugo de Brito Machado, direito tributário é o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra abusos desse poder. No que se refere às fontes do direito, “fonte” refere-se ao órgão ou norma de onde se origina o direito. Assim, fontes materiais são aqueles órgãos que produzem o direito, sendo, normalmente, atribuição do Poder 1- Conceito de Tributo Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 10 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Legislativo. Também pode ser o Presidente da República, quando legisla ao editar uma Medida Provisória. Já as fontes formais são: a Constituição Federal, que é a Própria Lei Fundamental do Estado; as Emendas Constitucionais; as Leis Complementares; as leis Ordinárias; enfim a Legislação Tributária (expressão descrita no art. 96 do CTN, e, que será melhor analisada futuramente).1.3- Definição legal de tributo A definição legal de tributo é dada pelo art. 3º do CTN. Para ser considerada tributo, a prestação deve se enquadrar em todas as características abaixo desmembradas: i) “Prestação pecuniária” – significa que o tributo é algo que deve ser pago em dinheiro, não em serviços ou bens. ii) “Compulsória” – por ser uma receita derivada, como vimos, o tributo tem caráter obrigatório. iii) “Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir” – A interpretação deste dispositivo não autoriza a possibilidade de se pagar os tributos com mercadorias ou serviços, mas sim a de adotar índices ou indexadores, tal como a UFIR para quantificá-los. Entretanto, há uma exceção! Atualmente o tributo também pode ser pago em bens imóveis, nos termos da lei. Essa hipótese encontra-se no CTN (inciso XI do art. 156) e depende de ser regulada em lei de cada esfera (União, Estados, DF e municípios). TRIBUTO é toda prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir que não constitua sanção e de ato ilícito instituída em lei cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 11 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Contudo, ATENÇÃO! Embora a LC 104/2001 tenha introduzido essa exceção no CTN, não se pode considerar essa autorização como uma derrogação do art. 3º do CTN, no que se refere à definição de tributo como uma prestação pecuniária “em moeda ou cujo valor nela [em moeda] se possa exprimir”. Em resumo, o CTN permitiu o pagamento de créditos tributários por intermédio da entrega de outras utilidades que possam ter seu valor exprimido em moeda. Contudo, em obediência ao art. 141 do Código, tais hipóteses devem estar previstas no próprio texto do CTN para que extingam o crédito tributário. iv) “Não constitua sanção de ato ilícito” – significa que o dever de pagar tributo decorre do acontecimento do fato gerador, que é uma situação prevista na lei instituidora do tributo. Por exemplo, a propriedade de veículo automotor é o fato gerador do IPVA e a circulação de mercadorias é fato gerador do ICMS. Assim, o dever de pagar tributo não pode ser confundido com uma punição / sanção ao contribuinte. Por essa razão, tributo e multa apresentam naturezas distintas. Mesmo as multas tributárias, decorrentes do descumprimento de algum dever legal previsto na legislação tributária (como efetuar o recolhimento do tributo dentro do prazo legal ou emitir notas fiscais), não são tributos! TRIBUTO • Não possui finalidade sancionária. • O objetivo é arrecadar e interfirir no cenário econômico e social. MULTA • É sanção por ato ilícito. • O objetivo é coibir o ato ilícito. CUIDADO!!! No caso de fatos geradores que ocorrem em meio a atos ilícitos, tal como ocorre no jogo do bicho, o tributo Imposto de Renda é devido (a cobrança ocorre não em consequência do ato ilícito praticado, mas sim em função do acontecimento do fato gerador obtenção de rendimentos). A doutrina denomina essa possibilidade como “princípio do pecúnia non olet”, que significa o dinheiro não cheira. O art. 118, I, do CTN, também corrobora a cobrança de tributos no caso de fato geradores ocorrendo em meio a ilícitos. Conforme o Código, “a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos.” Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 12 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Estudaremos a matéria crédito tributário em aula futura. Por ora, memorize que, apesar de tributo e multa serem conceitos distintos, a doutrina e a jurisprudência consideram que a expressão crédito tributário compreende tanto os tributos como as multas pecuniárias cobradas do sujeito passivo pelo inadimplemento da obrigação tributária. A título de exemplo, o STJ, em 2006, afirmou que: "(...) o conceito de crédito tributário abrange também a multa (...)” (REsp 831.278/PR). No trabalho prático do auditor fiscal, essa regra também se verifica, pois o auto de infração é lançado abrangendo o tributo devido e também a multa aplicada pelo inadimplemento da obrigação tributária. v) “instituída em lei” – essa característica é decorrência do tributo ser compulsório, pois, conforme a Constituição Federal: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da lei” (CF, art. 5º, II). A depender do tributo, sua instituição pode estar prevista em lei ordinária ou complementar ou, até mesmo, em ato normativo com força de lei, como as medidas provisórias (MP). Entretanto, os atos infralegais, isto é, hierarquicamente abaixo das leis, como os decretos, não podem instituir tributos. Essa é uma regra sem exceção! CUIDADO! Embora não haja exceções à essa regra na criação de tributos, existem exceções na alteração das alíquotas, conforme detalharemos na próxima aula. vi) “cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” – A autoridade tributária não pode analisar se é conveniente e oportuno cobrar o tributo. Ou seja, não há nenhuma discricionariedade na cobrança de tributos. Assim, o agente não pode escolher de quem cobrar ou o valor da cobrança, por exemplo. Mas sim deve agir exatamente conforme previsto nas leis tributárias. LEI ou MP Criar ou extinguir tributo Sem exceção! Alteração de alíquotas de tributo Há exceções! II, IE, IOF, IPI, ICMS monofásico sobre combustíveis e CIDE combuistíveis Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 13 de 92 www.exponencialconcursos.com.br (ESAF/APO - MPOG/2010) É sabido que, de acordo com o art. 3º do Código Tributário Nacional, tributo é toda prestação pecuniária, compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamentevinculada. Consoante tal entendimento, é errado afirmar-se que: a) as multas pelo descumprimento da obrigação tributária não são tributos, mas consideradas pelo CTN como obrigação tributária, ao lado do tributo, para que se submetam ao mesmo regime de constituição, discussão administrativa, inscrição em dívida ativa e execução dos tributos. b) o poder de tributar é prerrogativa do Poder Público, que o faz para custear suas ações no interesse da sociedade. A fiscalização tributária implica exercício do poder de polícia, e somente mediante atividade administrativa pode ser exigido o pagamento de tributo. c) ocorrido o fato gerador da obrigação tributária, a autoridade administrativa tem o dever de exigir o cumprimento da obrigação por parte do contribuinte, havendo, no entanto, alguma margem de discricionariedade nesta atividade. d) a aquisição de renda e a promoção da circulação de mercadorias com o produto de renda advinda do jogo do bicho, por exemplo, apesar de fatos ilícitos, são passíveis de tributação. e) nem toda prestação pecuniária prevista em lei constitui tributo, mas sim toda prestação pecuniária que reúna o conjunto dos requisitos constantes do art. 3º do CTN, como por exemplo o caráter obrigatório. Comentários: Alternativa A: Correta. Apesar de tributo e multa serem conceitos distintos, a doutrina e a jurisprudência consideram que a expressão crédito tributário compreende tanto os tributos como as multas pecuniárias cobradas do sujeito passivo pelo inadimplemento da obrigação tributária. A título de exemplo, o STJ, em 2006, afirmou que: "(...) o conceito de crédito tributário abrange também a multa (...)” (REsp 831.278/PR). No trabalho prático do auditor fiscal, essa regra também se verifica, pois o auto de infração é lançado abrangendo o tributo devido e também a multa aplicada pelo inadimplemento da obrigação tributária. Alternativa B: Correta. O tributo constitui um tipo de receita derivada, isto é, aquela que o Estado obtém por meio da realização das atividades que lhe são típicas, utilizando-se da soberania. As receitas derivadas surgem das prerrogativas de Direito Público, nas quais o Estado ocupa posição de superioridade em relação ao particular (a receita é DERIVADA DO poder de império do Estado). A lei obriga o particular a contribuir com o Estado, independente de sua vontade. Assim, o Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 14 de 92 www.exponencialconcursos.com.br poder de tributar é exclusivo dos Entes políticos, para obtenção de recursos para custear as ações no interesse da sociedade. No final dessa alternativa, consta que “somente mediante atividade administrativa pode ser exigido o pagamento de tributo”. Salientamos a diferença existente entre os conceitos de Exigibilidade e Executoriedade, estudada na disciplina de Direito Administrativo. Pela exigibilidade, o Estado, mediante atividade administrativa, pode exigir os tributos, sendo originada uma obrigação para o particular. Já, pela executoriedade, o Poder Público pode compelir materialmente o administrado (sem necessidade de buscar previamente as vias judiciais) ao cumprimento da obrigação que impôs e exigiu. Assim, correto esse final da alternativa também. Alternativa C: Incorreta. Conforme o art. 3º do CTN, o tributo é uma prestação “cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Assim, a autoridade tributária não pode analisar se é conveniente e oportuno cobrar o tributo. Ou seja, não há nenhuma discricionariedade na cobrança de tributos. Alternativa D: Correta. No caso de fatos geradores que ocorrem em meio a atos ilícitos, tal como ocorre no jogo do bicho, a tributação ocorre normalmente (a cobrança ocorre não em consequência do ato ilícito praticado, mas sim em função do acontecimento do fato gerador obtenção de rendimentos e circulação de mercadorias). A doutrina denomina essa possibilidade como “princípio do pecúnia non olet”, que significa o dinheiro não cheira. O art. 118, I, do CTN, também corrobora a cobrança de tributos no caso de fato geradores ocorrendo em meio a ilícitos. Conforme o Código, “a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos.” Alternativa E: Correta. Para ser considerada tributo, a prestação deve se enquadrar em todas as características presentes no art. 3º do CTN. Gabarito: C Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 15 de 92 www.exponencialconcursos.com.br O CTN, em seu art. 5º e o art. 145 da CF adotaram a Teoria Tripartite ou Tripartida dos tributos: ou seja, os tributos são divididos em 3 espécies: impostos, taxas e contribuições de melhoria. Contudo, há uma corrente que defende que as espécies tributárias existentes são 5, incluindo, além das já mencionadas, os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais, definidos no art. 145 e 149 da CF, respectivamente. A Teoria Pentapartida tornou-se a corrente dominante em nosso ordenamento jurídico após ser adotada em decisões do STF, além de ser amplamente cobrada em provas de concurso público. No entanto, CUIDADO! Se for perguntado quais são as espécies tributárias “de acordo com o CTN”, lembre-se de que são apenas três! >> E como podemos distinguir um tributo do outro? São exatamente as características dos respectivos fatos geradores que fazem a distinção de cada espécie tributária. Isso consta do art. 4º do CTN: a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: a denominação e demais características formais adotadas pela lei, bem como a destinação legal do produto da sua arrecadação. Portanto, o principal elemento determinante da natureza do tributo é seu FATO GERADOR, situação prevista em lei e que, ao ocorrer no caso concreto, gera para o contribuinte o dever de pagá-lo. Assim, quando ocorre prestação de serviço num salão de beleza, por exemplo, ocorre uma situação prevista na lei do Imposto sobre Serviços (ISS), ocorrendo o fato gerador desse tributo. Espécies de tributos Imposto Taxa Contribuição de melhoria Empréstimos compulsórios Contribuições especiais Teoria Tripartida (CTN) Teoria Pentapartida (STF) 2- Espécies de Tributos Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 16 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Vale ressaltar que, em virtude de a CF no art. 145, § 2º proibir que as taxas tenham bases de cálculo próprias de impostos, tem-se que, além do Fato gerador, torna-se necessário também avaliar a BASE DE CÁLCULO para decifrar sua natureza jurídica. CUIDADO! Isso já foi cobrado pelo CESPE (Procurador do Estado RN/2002): “A natureza jurídica específica de um tributo é dada pelo cotejo entre o seu fato gerador e a sua base de cálculo”. >> Tributos vinculados X Não vinculados Ainda que as 3 espécies tributárias sejam diferentes, as taxas e contribuições de melhoria têm uma certa proximidade que por vezes é objeto de cobrança em provas: 1. Taxas e Contribuição de Melhoria- nesses casos, os fatos geradores estão relacionados com alguma atividade estatal: serviço público específico e divisível ou exercício regular do poder de polícia (taxas) e valorização imobiliária decorrente de obra pública (contribuição de melhoria). Assim, pode-se dizer que as taxas e contribuições de melhoria são tributos contraprestacionais (ou vinculados), pois a obrigação de pagar está vinculada ao momento em que o Estado realiza alguma atividade em direção ao contribuinte. São também chamadas de retributivas. 2. Impostos – são ligados a uma situação de manifestação de riqueza por parte do sujeito passivo (devedor), como a propriedade de um imóvel ou de um veículo, obtenção de renda, importação de bens, etc. Desse modo, como os impostos fundam-se na ideia da solidariedade social, pois o Estado não tem de realizar nenhuma atividade em relação ao sujeito passivo para validar a cobrança. IMPOSTOS •Fato do Contribuinte • Não vinculado • Não contraprestacional • Caráter contributivo TAXAS e CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA • Fato do Estado (da Adm. Pública) • Vinculadas • Contraprestacionais • Caráter retributivo Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 17 de 92 www.exponencialconcursos.com.br 2.1 Taxas (art. 77 a 80 do CTN e art. 145, II e § 2º) Sintetizamos as informações sobre as taxas no esquema abaixo: Explicando o esquema, tem-se que, a taxa é um tributo previsto na competência comum dos entes políticos, podendo ser instituída por qualquer um deles, isto é pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições (daí vêm as abreviações do primeiro retângulo à esquerda ). Pela leitura do disposto no CTN, percebemos que o fato gerador das taxas é dividido em duas espécies. a) Taxa de serviço Pelo CTN, a taxa de serviço tem como fato gerador a utilização efetiva ou potencial de um serviço público. Primeiramente, tem-se que não basta o Estado ter a incumbência de prestar o serviço, mas sim é necessário que o serviço exista efetivamente, em condições razoáveis de utilização. O que pode ser potencial é apenas a sua utilização por parte do usuário-contribuinte no caso de serviços de utilização compulsória que sejam colocados à disposição do contribuinte (CUIDADO!! Repare no esquema acima que os atributos “efetiva” e “potencial” referem-se à utilização, e não ao serviço!!). Por exemplo, a taxa de coleta domiciliar de lixo é de utilização compulsória e tem como contribuintes os proprietários de imóveis, em virtude de eles disporem deste serviço em suas unidades imobiliárias. No caso de o proprietário manter sua casa vazia, sem produção de lixo, ainda sim a taxa será devida, eis que ocorre a utilização potencial do serviço. Essa utilização potencial significa a mera disponibilidade do serviço, isto é, o contribuinte não se utiliza concretamente do serviço, mas o tem à sua disposição. Outro ponto que devemos esclarecer a respeito das taxas de serviço é que só podem ser cobradas se o serviço em questão for específico e divisível (art. 79, CTN). O STF consagrou o entendimento de que as atividades ou serviços gerais do Estado (universais, prestados “uti universi”) U, E, DF e M Taxa pela UTILIZAÇÃO Efetiva OU potencial de serviço público específico E divisível prestado ao contribuinte OU posto à sua disposição Taxa pelo EXERCÍCIO regular do poder de polícia. Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 18 de 92 www.exponencialconcursos.com.br devem ser financiados com impostos, e não com taxas, por não constituírem serviços públicos específicos e divisíveis. Assim, apenas os serviços públicos específicos (singulares, prestados “uti singuli”) devem ser financiados por meio das taxas (ADI 1.942, ADI 2.424). São constitucionais: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis. (Súmula Vinculante nº 19 do STF); A taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários. (Súmula nº 665 do STF); Taxa de prevenção de incêndio, em razão da prevenção de incêndios. (AI 677.891); Taxa Judiciária - é possível que tome por base de cálculo o valor da causa ou da condenação. (ADI 948); Taxa de serviços notariais e de registro. (ADI 3.694); Custas e os emolumentos judiciais ou extrajudiciais - os quais têm natureza de taxa, conforme o STF. (ADI 1.444); Taxas judiciárias, em razão da prestação de serviços pelos órgãos judiciários. CUIDADO!! Súmula nº 667 STF: “Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.” Serviço específico – Segundo o CTN, é aquele que possa ser destacado em unidades autônomas de intervenção, utilidade ou necessidade pública. Ou seja, o contribuinte, ao pagar a taxa, sabe por qual serviço está pagando. Exemplo: o serviço de combate a incêndios é um serviço específico. Serviço divisível – Conforme o CTN, é aquele suscetível ser utilizado separadamente, por parte de cada um de seus usuários. Isto é, o fornecimento da utilidade por parte do Estado deve ocorrer individualmente em relação a cada usuário. Não pode ser cobrada taxa por serviços prestados de forma genérica à coletividade, como por exemplo, pela segurança pública ou pela limpeza dasruas, já que não são oferecidos de forma individualizada aos cidadãos. Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 19 de 92 www.exponencialconcursos.com.br b) Taxa de polícia Conforme visto no esquema da página anterior, a outra forma de taxa prevista no CTN além da taxa de serviço, é a taxa cobrada pelo exercício do poder de polícia. A definição do que significa poder de polícia consta no art. 78 do CTN: consiste em uma atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Exemplos de taxas de polícia: taxa de alvará; taxa de fiscalização de obras; taxa de vigilância sanitária. Conforme o STF, é presumido o exercício do poder de polícia quando existente a estrutura do órgão fiscalizador e este estiver em pleno funcionamento. Ou seja, para ser cobrada a taxa, não se exige a ocorrência de efetiva fiscalização ao contribuinte. CUIDADO! A taxa de polícia decorre de uma atividade administrativa (polícia administrativa) e não da polícia de manutenção da ordem pública ou da polícia judiciária... Enquanto a polícia administrativa é inerente a toda a Administração Pública, as demais são exercidas apenas por determinados órgãos (Polícias Civis) ou corporações (Polícias Militares). 2.2 Taxas x Preços Públicos As bancas adoram armar pegadinhas aqui em virtude de os preços públicos guardarem semelhanças com taxas de serviço, devido ao caráter contraprestacional da exigência. Entretanto, preços públicos não são compulsórios, pois o dever de pagá-los não surge da imposição legal, mas sim do contrato entre o usuário e a prestadora do serviço. Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 20 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Importante que você conheça a Súmula 545 STF: “preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.” Salientamos que esta súmula foi elaborada em 1969, estando hoje desatualizada em sua segunda parte, pois o princípio da anualidade já foi revogado no ordenamento jurídico brasileiro. Por esse motivo, deve ser desconsiderada a exigência de prévia autorização orçamentária para a cobrança de taxas. Neste sentido, conforme o STF: "Não é constitucionalmente indispensável que lei tributária preceda à lei orçamentária" (RMS1879RN, RDA 47/26). >> A Base de Cálculo das Taxas Reunindo as informações do art. 145, § 2º da CF e do parágrafo único do art. 77 do CTN, temos: Como a taxa é um tributo contraprestacional, o valor a ser pago pelo contribuinte a título de taxa deve ter relação com o custo suportado pelo Preço Público (TARIFA) • Não é tributo • Decorre de contrato • Regime Jurídico de direito Privado • A receita arrecadada é originária • Depende de manifestação de vontade (é facultativo) • Não se sujeita aos princípios tributários • Pode ser exigida por pessoa jur. de dir. público ou privado. • A relação pode ser rescindida • Exemplo: Pedágio cobrado por concessionária; Passagem de transporte coletivo TAXA • É tributo • Decorre sempre de lei • Regime Jurídico de Direito Público (tributário) • A receita arrecadada é derivada • Não há autonomia da vontade (compulsória) • Se sujeita aos princípios tributários • Pode ser exigida apenas por pessoa jurídica de direito público • Inadmissível a rescisão da relação. • Exemplo: Taxa de coleta domiciliar de lixo; taxa judiciária (custa processual) A TAXA não pode ter base de cálculo própria de impostos ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto ser calculada em função do capital das empresas Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 21 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Estado para a prestação do serviço ou para o exercício do poder de polícia. Por esse motivo, justifica-se a previsão legal acima esquematizada. Súmula Vinculante STF nº 29: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.” Nesse contexto, o STF considera constitucional a Taxa da CVM de fiscalização do mercado de títulos e valores mobiliários (Súmula 665), ainda que ela utilize como fator de referência patrimônio líquido da sociedade sujeita à fiscalização. Ocorre que o valor do patrimônio líquido é adotado apenas como um parâmetro para a base de cálculo, pois o tributo é estabelecido em valores fixos de acordo com as faixas de variação do PL. (ESAF/Analista de Comércio Exterior - MDIC/2012) Sobre as taxas, espécie tributária prevista pelo art. 145, inciso II da Constituição Federal, julgue os itens abaixo e a seguir assinale a opção correta. I. O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do poder de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e divisíveis, facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. II. O Supremo Tribunal Federal entende como específicos e divisíveis, e passíveis de tributação por meio de taxa, os serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma indivisível. III. Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu. IV.A taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do Poder Público, não pode superar a relação de razoável equivalência que deve existir entre o custo real da atuação estatal referida ao contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes às alíquotas e à base de cálculo fixadas em lei. a) Apenas I, II e IV estão corretos. b) Apenas I, III e IV estão corretos. c) Apenas II e IV estão corretos. d) Apenas III e IV estão corretos. Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Christiano Destacar Christiano Destacar Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 22 de 92 www.exponencialconcursos.com.br e) Todos os itens estão corretos. Comentários: Item I: Correto. Essa afirmação está de acordo com o art. 145, II, da CF, o qual de fato discrimina as duas espécies de taxas em seu texto: "Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) II- taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição". Contudo, salientamos que o que pode ser efetivo ou potencial é a UTILIZAÇÃO do serviço público pelo contribuinte. A prestação do serviço que enseja a taxa de serviços deve existir (a prestação do serviço deve ser efetiva, deve estar disponível), o uso pelo contribuinte é que pode ser apenas potencial. Item II: Correto. Essa afirmação está contida na Súmula Vinculante nº 19 do STF: “A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o art. 145, II, da CF”. Além disso, o entendimento descrito no item também está presente em um julgado do STF de 2011 (RE 613287): "As taxas cobradas em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que dissociadas da cobrança de outros serviços públicos de limpeza são constitucionais (...)". Item III: Correto. Segundo a Súmula 545 STF: “preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.” Salientamos que esta súmula foi elaborada em 1969, estando hoje desatualizada em sua segunda parte. Ocorre que o princípio da anualidade já foi revogado no ordenamento jurídico brasileiro. Por esse motivo, deve ser desconsiderada a exigência de prévia autorização orçamentária para a cobrança de taxas. Item IV: Correto. Como a taxa é um tributo contraprestacional, o valor a ser pago pelo contribuinte deve ter relação com o custo suportado pelo Estado para a prestação do serviço ou para o exercício do poder de polícia. Essa regra é decorrência do princípio da proporcionalidade e da razoabilidade. Gabarito: E Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 23 de 92 www.exponencialconcursos.com.br LIMITE INDIVIDUAL • Acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. LIMITE TOTAL • Despesa realizada pelo ente público com a obra. 2.3. Contribuição de melhoria (CTN, arts. 81 e 82; CF, art. 145, III) Esse tributo está previsto no art. 81 do CTN: ATENÇÃO!! Aqui há uma pegadinha muito comum!! O fato gerador da contribuição de melhoria NÃO é a obra pública, mas sim a sua consequência: a valorização imobiliária decorrente de obra pública. O fato gerador também NÃO é “a obra pública trazer qualquer benefício ou comodidade”, tem que haver um incremento no valor do imóvel para que seja legítima a cobrança da contribuição de melhoria! Fiquem ligados nisso: não basta que seja feita uma obra para que esteja constituída a obrigação tributária! Se a obra em questão não promover a valorização do imóvel, não haverá fato gerador de contribuição de melhoria. Perceba que, por se tratar de um tributo de competência comum, a contribuição de melhoria pode ser exigida por qualquer um dos entes políticos (U, E, DF, M), desde que o ente em questão tenha realizado uma obra pública da qual decorreu uma valorização imobiliária. Além disso, tenha em mente que, segundo o STF, não se pode instituir taxa quando for cabível a criação de contribuição de melhoria (RE 121.617). A contribuição de melhoria é um tributo contraprestacional, baseado no princípio geral do direito de que ninguém deve enriquecer sem justa causa. Em consequência disso, tem-se que o Estado pode exigir por que gastou na obra e o contribuinte pode ser exigido, uma vez que obteve a valorização. Nesse sentido, o CTN estabelece limites individual e total para a cobrança da contribuição de melhoria: Abaixo temos outros regramentos estabelecidos pelo CTN acerca da contribuição de melhoria: CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA FG = valorização imobiliária decorrente de obra pública Competência comum = U, E, DF, M Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Christiano Destacar Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 24 de 92 www.exponencialconcursos.com.br (FCC/ICMS RJ/2014) O Estado do Rio de Janeiro decidiu realizar obras públicas para conter as enchentes que assolavam um determinado município hipotético de seu território. Essas obras consistiam em elevar as margens do Rio que banhava esse município e incluíam, em decorrência disso, a abertura de vias públicas largas e modernas, recuperação da região degradada e, inclusive, a realização de obras de paisagismo. As obras públicas a serem realizadas foram orçadas em R$ 250 mil, valor esse a ser integralmente financiado por contribuição de melhoria. Estudos efetuados demonstraram que a zona a ser beneficiada pelas obras abrangeria cinco imóveis da região, sendo que a valorização média esperada desses imóveis seria de 20%. Com base nisso, o Estado promoveu o lançamento da contribuição de melhoria, cobrando, de cada um dos cinco imóveis localizados na região A lei relativa à contribuição de melhoria observará osseguintes requisitos mínimos: publicação prévia dos seguintes elementos: memorial descritivo do projeto orçamento do custo da obra determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição delimitação da zona beneficiada determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas fixação de prazo não inferior a 30 dias, p/ impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação, sem prejuízo da sua apreciação judicial ATENÇÃO ao § 1º do art. 82, CTN: A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição entre os imóveis situados na zona beneficiada, em função dos respectivos fatores individuais de valorização. Além disso, por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo. C óp ia re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 25 de 92 www.exponencialconcursos.com.br beneficiada, contribuição de melhoria equivalente a 20% do valor do imóvel, resultando na seguinte situação: Considerando as informações acima, é correto afirmar: a) Todos os cinco imóveis deveriam pagar contribuição de melhoria, pois as obras realizadas trouxeram vários tipos de benefícios à região, como, por exemplo, o fim das enchentes e o embelezamento da área. b) O Estado poderá cobrar contribuição de melhoria de todos os imóveis que se valorizam em decorrência da obra em questão, tendo como único valor máximo limite, para essa cobrança, o montante equivalente à valorização que cada imóvel sofreu em decorrência das obras realizadas. c) Embora os imóveis valorizados em decorrência da obra em questão tenham tido uma valorização média de 20%, o Estado poderá cobrar, de todos eles, linearmente, contribuição de melhoria calculada com base na aplicação do percentual de 18% sobre o valor do imóvel antes da realização da obra. d) Se o fator individual de valorização do imóvel II, apurado com base na legislação própria, fosse igual a 0,074 (ou 7,4%), a contribuição de melhoria relativa a esse imóvel poderia ser determinada e, posteriormente, lançada e cobrada, mediante o rateio do custo total da obra por esse fator individual de valorização (art. 82, § 1º, CTN). e) Considerando que a valorização do imóvel V (R$ 125 mil) é equivalente a 46,29% da soma total das valorizações individuais de cada imóvel (R$ 270 mil), o Estado poderá aplicar esse índice de 46,29% sobre o valor do imóvel antes da valorização, para fins de cálculo do valor da contribuição de melhoria por ele devida. Comentários: Antes de mais nada, não se assuste com o tamanho da questão! Apesar de imensa, vamos resolvê-la de forma rápida. A questão trata de Contribuição de Melhoria. Ela possui um fato gerador que exige primeiramente uma obra pública e depois uma valorização imobiliária decorrente dela. No caso de cobrança de contribuição de melhoria, devemos observar DOIS limites: Imóvel Valia (R$) Contribuição de Melhoria Cobrada (R$) Valorização efetiva, constatada em razão da obra I 100 mil 20 mil Não teve valorização alguma II 200 mil 40 mil Passou a valer 220 mil III 300 mil 60 mil Passou a valer 345 mil IV 400 mil 80 mil Passou a valer 480 mil V 500 mil 100 mil Passou a valer 625 mil Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 26 de 92 www.exponencialconcursos.com.br 1º) O valor total cobrado dos contribuintes não pode ultrapassar o custo total da obra: R$ 250.000,00. Esse é o limite TOTAL. CUIDADO! A soma das valorizações dos imóveis é R$ 270.000,00. Entretanto o Estado gastou apenas R$ 250.000,00, então ele não pode arrecadar mais do que gastou, por isso o limite máximo é R$ 250.000,00. 2º) O valor cobrado separadamente de cada imóvel não pode exceder o montante da respectiva valorização. Por exemplo, no caso do imóvel II, não se pode exigir mais do que R$ 20.000,00. Esse é o limite INDIVIDUAL. CUIDADO! O enunciado fala da valorização média esperada dos imóveis, mas esse dado serve apenas para nos confundir, pois a tabela nos fornece já a valorização efetiva. Outra parte do enunciado fala das razões da obra e toda uma historinha só para fazer você perder tempo!! Fique ligado! Assim sendo vamos ver quanto poderia ser cobrado de cada imóvel. I- Não poderia ser cobrado nada, pois ele não obteve valorização alguma. II- Poderia ser cobrado R$ 20.000,00, pois foi o quanto houve de valorização. III- Poderia ser cobrado R$ 45.000,00, pois foi o quanto se valorizou. IV- Poderia ser cobrado R$ 80.000,00, pois foi o quanto se valorizou. V- Poderia ser cobrado R$ 125.000,00, pois foi o quanto se valorizou. Vejamos agora ver se as cobranças foram realizadas de acordo com o permitido: I- Foi cobrado R$ 20.000,00 e não houve nenhuma valorização. II- Foi cobrado R$ 20.000,00 além do que era permitido. III- Foi cobrado R$ 15.000,00 além do que era permitido. IV- Foi cobrado o valor total permitido. V- Foi cobrado um valor abaixo do total permitido. Entretanto não está “errado” cobrar menos do que o valor da valorização. Se o Estado desejasse, ainda poderia cobrar mais R$ 25.000,00 deste contribuinte. Agora vamos para as alternativas: Alternativa A: Conforme consta na tabela, o imóvel I não teve valorização alguma. Logo, ele não deve pagar contribuição de melhoria, então não são todos os imóveis que devem pagar. Alternativa B: Não há um único máximo limite. Como vimos, há dois limites para a contribuição de melhoria: o valor do total da obra e o valor individual de valorização. Alternativa C: A alternativa fala em cobrança antes da realização da obra. Mas o fato gerador, que é a valorização imobiliária, só ocorre após a realização Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 27 de 92 www.exponencialconcursos.com.br da obra. Logo, não pode haver a cobrança do tributoantes da realização desta. Alternativa D: Esse é o nosso gabarito! A contribuição de cada imóvel deve ser de maneira proporcional a sua valorização. O imóvel II valorizou R$ 20.000 e a soma de todas as valorizações foi R$ 270.000, logo, a porcentagem que pode ser cobrada deste imóvel é de 20.000/270.000 = 7,4% de R$ 250.000,00 = R$ 18.500,00. Alternativa E: Essa alternativa afirma que o Estado poderia realizar o cálculo da contribuição de melhoria aplicando o índice de 46,29% sobre o valor do imóvel V antes da valorização. Se calcularmos 46,29% do valor antes da valorização (R$ 500 mil), o valor da contribuição de melhoria esta seria de R$ 231.450,00. Esse valor extrapola limite individual para esse imóvel, que é de R$ 125.000,00. Gabarito: D 2.4. Impostos (CTN, art. 16; CF, art. 145, I e § 1º) Todos os impostos são tributos não-contraprestacionais (não vinculados), pois não são cobrados em função de alguma atividade estatal específica. Conforme já vimos, distinguem-se das taxas e contribuições de melhoria, as quais para serem cobradas requerem de uma contraprestação do Estado. IMPOSTOS Fato Gerador Situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte Devem ser graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. TRIBUTOS VINCULADOS •Fato gerador é um "fato do Estado", pois depende de uma ação estatal. • Contraprestacionais • São as taxas e as contribuições de melhoria TRIBUTOS NÃO VINCULADOS • Fato gerador é um "fato do contribuinte", pois independe de ação estatal • Não contraprestacionais • São os impostos Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 28 de 92 www.exponencialconcursos.com.br É importante que você saiba que, quanto à arrecadação, o art. 167, IV, da CF VEDA a vinculação da receita de IMPOSTOS a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas as exceções constitucionais. As diferentes espécies de impostos serão objeto da aula 03. 2.5. Empréstimos Compulsórios (CTN, art. 15; CF, art. 148) O esquema acima contém a síntese do que costuma ser objeto de questões sobre empréstimos compulsórios. O STF entende que, apesar de haver devolução em dinheiro, o empréstimo compulsório apresenta natureza tributária (RE 193798/1995). Em outras palavras, o fato ser restituível não lhe retira o caráter tributário. CUIDADO!! Despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência e Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional são apenas situações em que pode ser instituído o empréstimo compulsório. Essas situações não são os fatos geradores do empréstimo compulsório! O fato gerador será estabelecido na Lei Complementar que instituir o Empréstimo Compulsório. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS Competência exclusiva da União Instituído somente por Lei Complementar Provisórios Lei instituidora deve determinar prazo de duração Restituíveis Lei instituidora deve determinar forma de devolução Recursos arrecadados vinculados com a despesa que fundamentou sua instituição. Princípio da Anterioridade Obedece Investimento público urgente e de relevante interesse nacional Exceção Guerra externa (ou sua iminência) Calamidade pública ATENÇÃO ao parágrafo único do art. 148, CF: A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Christiano Selecionar Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 29 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Outra pegadinha que as bancas podem fazer com você é falar em guerra civil. Fique ligado: não há previsão de empréstimo compulsório em caso de guerra civil/interna, apenas no caso de guerra externa. Um conceito doutrinário que é importante você conhecer é a definição de despesas extraordinárias. O caráter extraordinário refere-se a uma situação de uma anormalidade fática, não previsível, caracterizada pelo esgotamento dos fundos públicos. Ou seja, para instituição do empréstimo compulsório, é imprescindível a completa exauriência dos cofres estatais, consistindo no esgotamento dos fundos públicos inclusive o de contingência. Se houver fontes orçamentárias suficientes, não se justifica a cobrança do tributo. (ESAF/Analista Jurídico - SEFAZ CE/2007) Sobre os empréstimos compulsórios, espécie de tributo da competência da União, é incorreto afirmar-se que a) podem ser instituídos para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública. b) podem ser instituídos para o custeio de investimento público de caráter urgente. c) depende a sua instituição, em alguns casos, da edição de lei complementar. d) a aplicação dos recursos provenientes da sua arrecadação será integralmente vinculada à despesa que tenha fundamentado a sua instituição. e) poderão, ou não, sujeitar-se ao princípio constitucional da anterioridade (conforme a hipótese que tenha motivado a sua instituição). Comentários: A CF disciplina os empréstimos compulsórios no seguinte artigo: “Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I- para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II- no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.” Alternativa A: Correta. Conforme o inciso I do art. 148 da CF, os empréstimos compulsórios podem ser instituídos para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública. Có pi a re gi st ra da p ar a M ad am s il ( CP F: 57 6.4 26 .76 3-3 6) D ire ito s au to ra is re se rv ad os (L ei 96 10 /98 ). P roi bid a a re pro du çã o, ve nd a o u c om pa rtil ha me nto de ste ar qu ivo . U so in div idu al. Curso: Direito Tributário p/ ISS Niterói Teoria e Questões comentadas Profs. Aline Martins e Juliana Migowski Aula 00 Profs. Aline Martins e Juliana Migowski 30 de 92 www.exponencialconcursos.com.br Alternativa B: Correta. Conforme o inciso II do art. 148 da CF, os empréstimos compulsórios podem ser instituídos para atender a custeio de investimento público de caráter urgente.
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