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1 Unidade 6 Rotações e a conservação do momento angular 6.1 Cinemática do corpo rígido Um corpo rígido corresponde a um conceito limite ideal, de um corpo indeformável quaisquer que sejam as forças a ele aplicadas: um corpo é rígido quando a distância entre duas partículas quaisquer do corpo é invariável. Nenhum corpo real é perfeitamente rígido: uma barra de aço se deforma sob a ação de forças suficientemente intensas e duas bolas de bilhar que colidem deformam-se ao entrar em contato. Entretanto, as deformações são em geral suficientemente pequenas para que possam ser desprezadas em primeira aproximação. Diz-se que um corpo rígido tem um movimento de translação quando a direção de qualquer segmento que une dois de seus pontos não se altera durante o movimento. Isto implica que todos os pontos do corpo descrevem curvas paralelas, ou seja, superponíveis umas às outras por translação. Todos os pontos sofrem o mesmo deslocamento durante o mesmo intervalo de tempo, de modo que todos têm, em qualquer instante, a mesma velocidade e aceleração, que se chamam, respectivamente, velocidade e aceleração de translação do corpo rígido. Para estudar o movimento de translação do corpo rígido, basta estudá-lo para qualquer um de seus pontos (por exemplo, o centro de massa). Este tipo de movimento reduz-se então ao de um único ponto material. Fixando dois pontos e de um corpo rígido, isto equivale a fixar todos os pontos da reta definida por , pois todos eles têm de manter inalteradas suas distâncias de e . Qualquer partícula do corpo situada fora desta reta tem de manter invariável sua distância ao eixo , de modo que só pode descrever um círculo com centro neste eixo. Logo, é um eixo de rotação: todas as partículas descrevem círculos com centro no eixo, e giram de um mesmo ângulo no mesmo intervalo de tempo. O estudo do movimento reduz-se neste caso ao estudo do movimento circular de qualquer partícula situada fora do eixo: tem-se uma rotação em torno de um eixo fixo, que pode ser descrita em termos de uma única coordenada, o ângulo de rotação. Fixando um único ponto do corpo, qualquer outro ponto situado a uma distância de tem de mover-se sobre uma esfera de raio com centro em . Tem-se uma rotação em torno de um ponto fixo, e o deslocamento de um ponto como sobre a esfera pode ser descrito por duas coordenadas: por exemplo, os ângulos de latitude e longitude. Essas coordenadas descrevem a posição de . Fixando a posição de três pontos , e não colineares, fica fixada a posição do corpo rígido. Com efeito, fixando e , fica fixado o eixo . O ponto não colinear só poderia descrever um círculo em torno de ; logo, fixando , fixa-se o corpo rígido. Surge agora a questão: Quantos parâmetros é preciso dar para especificar completamente a posição de um corpo rígido em relação a um dado referencial? Inicialmente, para especificar a posição de um ponto do corpo, precisa-se de 3 coordenadas. Uma vez fixado , outro ponto do corpo à distância de permanece sobre uma esfera de raio , e sua posição sobre essa esfera é especificada por mais 2 coordenadas (latitude e longitude, por exemplo). Finalmente, uma vez especificadas as posições dos 2 pontos e , qualquer outro ponto do corpo tem de estar sobre um círculo com centro no eixo , e sua posição sobre esse círculo pode ser especificada por mais coordenada (ângulo de rotação em torno do eixo). Logo, precisa-se de coordenadas para especificar completamente a posição de um corpo rígido. Diz-se que um corpo rígido tem 6 graus de liberdade. De forma geral, chamam-se graus de liberdade de um sistema os parâmetros que são necessários para especificar a posição do sistema. Uma partícula livre tem 3 graus de liberdade e um sistema de partículas têm gruas de liberdade (3 coordenadas 2 para cada partícula). Uma partícula que se desloca sobre uma superfície tem 2 graus de liberdade; uma conta que desliza sobre um fio tem 1 grau de liberdade. O deslocamento mais geral de um corpo rígido tem 6 graus de liberdade, 3 deles associados à translação e os outros 3 à rotação. Um corpo rígido com um ponto fixo tem 3 graus de liberdade, associados à rotação em torno desse ponto; se girar em torno de um eixo fixo, tem 1 só grau de liberdade. 6.2 Representação vetorial das rotações O movimento mais simples de rotação de um corpo rígido é a rotação em torno de um eixo fixo. O estudo desse movimento reduz-se ao do movimento circular de um ponto qualquer numa seção transversal ao eixo. O sistema tem 1 grau de liberdade: a rotação pode ser descrita pelo ângulo de rotação do ponto nesse movimento circular. Por conseguinte, se o eixo de rotação permanece fixo, a rotação pode ser descrita por uma grandeza escalar, que é o ângulo de rotação . Entretanto, isto deixa de valer para um movimento de rotação mais geral. Por exemplo, no movimento de um pião, a direção do eixo de rotação varia a cada instante. Logo, para caracterizar uma rotação no caso geral, não basta dar um ângulo de rotação: é preciso dar também uma direção, a direção do eixo de rotação. Pode-se pensar em associar um vetor ⃗ a uma rotação pelo ângulo , a direção desse vetor sendo dada pela direção do eixo. O sentido de ⃗ pode ser associado ao sentido da rotação, convencionando-se que a rotação, vista a partir da “flecha” de ⃗ , é no sentido anti-horário. Entretanto, embora ⃗ tenha magnitude, direção e sentido, não é um vetor. Para provar isto, seja a operação de composição de duas rotações finitas, representadas por ⃗ e ⃗ (em torno de eixos quaisquer), deveria corresponder à soma dos “vetores” correspondentes, ⃗ ⃗ , da mesma forma que o deslocamento resultante de dois deslocamentos é a soma dos vetores correspondentes. A Figura 6.1 mostra que esta operação de “soma” deixa de satisfazer à propriedade comutativa: ⃗ ⃗ ⃗ ⃗ (6.1) Figura 6.1 – Ilustração do fato que as rotações finitas não são vetores. Entretanto, se em lugar de rotações finitas forem consideradas apenas aquelas por ângulos infinitesimais, pode-se mostrar que rotações infinitesimais são 3 comutativas e têm caráter vetorial. A magnitude de ⃗ é o ângulo de rotação infinitesimal , e sua direção é a do eixo de rotação. Entretanto, fisicamente não há nada que permita associar um sentido ao vetor. Isto só pode se feito por convenção. A convenção usualmente adotada é a que está ilustrada na Figura 6.2: um observador com a cabeça na extremidade do vetor ⃗ e os pés na origem, olhando para “baixo”, vê a rotação ocorrer no sentido anti-horário. Figura 6.2 – Características do vetor ⃗. Seja agora um corpo rígido em rotação em torno de um eixo e uma seção transversal (perpendicular ao eixo de rotação) do corpo, tomado como o plano de um sistema de coordenadas com origem no eixo de rotação (Figura 6.3). Figura 6.3 – Rotação infinitesimal de um corpo rígido. Um ponto da seção transversal à distância da origem sofre um deslocamento em consequência da rotação infinitesimal. Relacionando-se o deslocamento vetorial ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ ⃗ com ⃗ e o vetor posição ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗ ⃗, obtém-se: ⃗ ⃗ ⃗ (6.2) Ou seja, o produto vetorial dos vetores ⃗ e ⃗ é um vetor, o deslocamento ⃗, cuja magnitude é dada por: (6.3) 6.3 Rotações e velocidade angular Quando um corpo sólido gira em torno de um eixo próprio, as coordenadas , e de cada ponto no corpo aumentam e diminuem continuamente à medida que o objeto percorre uma trajetória circular. O uso de coordenadas , e é em geral uma forma complicada de descrever as rotações. Em particular, as rotações confinadas em um plano podem serfacilmente descritas por um ângulo. Para a maioria de nós é familiar a utilização de medidas envolvendo ângulos (graus e radianos). A escolha de 360 graus para denotar uma revolução completa foi feita pelos babilônios e que provavelmente teve origem nos seus estudos e interesses em astronomia, principalmente na previsão das estações do ano, já que a rotação da Terra em torno do Sol tem aproximadamente 360 dias. Com isto, a rotação de um grau feita pela Terra, em sua órbita, equivaleria a um dia. 4 Seja o comprimento do segmento de um círculo contido no ângulo , como indicado na Figura 4a. Se o círculo tem um raio , o comprimento de sua circunferência é dado por: (6.4) A fração de contida em é igual à fração de uma de uma revolução completa ( ) contida em . Então, (6.5) para em graus. Para um dado ângulo , e são proporcionais. Devido ao frequente uso da relação de proporcionalidade entre e na dinâmica das rotações, é bastante conveniente definir uma unidade nova para ângulos: (6.6) para em radianos. Figura 6.4 – (a) Realções entre , e . (b) Deslocamento angular entre e . Um ângulo em radianos, sendo definido como a razão entre dois comprimentos é um número puro. Na Fig.4b, a linha de referência de um corpo rígido em rotação faz um ângulo com a linha de referência fixa , em um instante . Num instante posterior o ângulo cresceu para . A velocidade angular média ( ̅) do corpo, no intervalo entre e , é definida como a razão entre o deslocamento angular e o intervalo de tempo : ̅ (6.7) A velocidade angular instantânea ( ) é definida como o limite para o qual tende esta razão quando se aproxima de zero: (6.8) Como o corpo é rígido, a velocidade angular é uma característica do corpo como um todo e não somente de uma linha nele situada. Se o ângulo for medido em radianos, a unidade de velocidade angular é um radiano por segundo ( ⁄ ). Outras unidades como, por exemplo, rotações por minuto ( ), são de uso comum. Note que ⁄ . 6.4 Aceleração angular Se a velocidade angular de um corpo variar, diz-se que ele tem uma aceleração. Se e forem as velocidades angulares instantâneas, nos instantes e , respectivamente, a aceleração angular média é definida como: 5 ̅ (6.9) e a aceleração angular instantânea é definida como limite desta razão quando se aproxima de zero: (6.10) A unidade de aceleração angular é ⁄ . A velocidade angular e a aceleração angular são exatamente análogas à velocidade e à aceleração lineares. Como ⁄ , a aceleração pode ser escrita como: ( ) (6.11) ou, usando a regra da cadeia para a derivação, (6.12) 6.5 Rotações com aceleração angular constante O caso mais simples de movimento de rotação acelerado é aquele no qual a aceleração é constante. Neste caso, as expressões da velocidade angular e do deslocamento angular são facilmente encontradas por integração. Tem-se: ∫ ∫ Se é a velocidade angular quando , segue-se que e: (6.13) Como ⁄ , ∫ ∫ ∫ cuja solução é: (6.14) Escrevendo a aceleração como: (6.15) então, ∫ ∫ Se o ângulo tem o valor quando e se a velocidade angular inicial é , então, e, ( ) (6.16) A Tabela 6.1, mostra a analogia entre as equações do movimento com aceleração angular constante e as do movimento com aceleração linear constante. 6 Tabela 6.1 – Analogia entre os movimentos de translação e rotação com acelerações constantes. Movimento com aceleração linear constante Movimento com aceleração angular constante ( ) ( ) 6.6 Torque (ou momento de uma força) A relação básica de toda a dinâmica é ⃗ ⃗ ⁄ (ou, ⃗ ⃗ no caso em que a massa é constante). Esta forma é particularmente apropriada à dinâmica do ponto material. Para a rotação, contudo, será mais conveniente exprimir a 2a lei de Newton em termos de grandezas relativas ao movimento de rotação. Do ponto de vista cinemático, a descrição do movimento de rotação de um corpo rígido em torno de um eixo fixo se reduz à descrição do movimento circular de um ponto do corpo numa seção transversal. Como só há 1 grau de liberdade, o ângulo de rotação em torno do eixo, pode-se estabelecer uma analogia entre esse movimento e o movimento de translação em uma dimensão. A Tabela 6.2 mostra a correspondência entre grandezas lineares e angulares. Tabela 6.2 – Correspondência entre grandezas lineares e angulares. Movimento retilíneo Rotação em torno de um eixo fixo Deslocamento linear: Deslocamento angular (ângulo de rotação): Velocidade linear: ⁄ Velocidade angular: ⁄ Aceleração linear: ⁄ Aceleração angular: ⁄ Para estudar a dinâmica das rotações pode-se utilizar essa analogia a fim de procurar uma grandeza que desempenhe um papel análogo da força. Seja uma barra que possa girar em torno de um eixo fixo, sem atrito, passando perpendicularmente através da mesma, próximo a uma das extremidades (Figura 6.5). Para eliminar os efeitos do atrito e da gravidade, considera-se que a barra está apoiada sobre uma superfície lisa horizontal. Aplicando uma força ⃗ no ponto , a barra girará, isto é, será acelerada, partindo do repouso ao girar em torno do ponto do eixo. Aplicando a mesma força ⃗ no ponto , a barra será novamente acelerada em rotação, mas esta aceleração será maior que a anterior. Evidentemente, não é só a força aplicada que determina a aceleração angular. É certo que, aumentando o módulo da força ⃗ aumentará a aceleração angular, mas também, com a mesma força, pode-se aumentar a aceleração angular simplesmente mudando o seu ponto de aplicação. Figura 6.5 – Uma barra articulada em e livre para girar no plano do papel. 7 Aplicando, agora, uma segunda força ⃗ , como indicada na Figura 6.5, de mesmo módulo de ⃗ e o mesmo ponto de aplicação . Tal força, cuja linha de ação passa pelo eixo de rotação, não causará movimento angular. Evidentemente a direção da força tem importância na determinação da aceleração angular que ela dá ao corpo. Com o fim de sugerir uma analogia para a massa seja uma barra constituída de partes iguais de madeira e aço, como na Figura 6.6. Figura 6.6 – Uma barra, metade da qual é de madeira, a outra é de aço. A barra de cima está articulada na extremidade de madeira em e na barra de baixo a articulação é feita na extremidade de aço em . Seja uma força ⃗ aplicada no ponto no caso em que a barra está articulada na extremidade de madeira em . Tem-se, então, uma aceleração angular bem definida. A seguir a barra é invertida e a articulação é feita na extremidade de aço em . Neste caso, a mesma força ⃗ aplicada agora no ponto irá produzir uma aceleração angular maior que a anterior. A massa total da barra não foi alterada pela escolha do eixo de rotação e a força aplicada tem em ambos os casos, a mesma intensidade direção, sentido e ponto de aplicação com relação ao eixo. Contudo, as acelerações angulares produzidas foram diferentes. E unicamente foi alterada a distribuiçãoda massa em relação ao eixo de rotação. Se uma força ⃗ atuar sobre um ponto material , cuja posição em relação à origem é dada pelo vetor posição ⃗, o torque (ou momento da força) ⃗ em relação à origem , é definido como: ⃗ ⃗ ⃗ (6.17) Sendo o torque uma grandeza vetorial, seu módulo é dado por: (6.18) onde é o ângulo entre ⃗ e ⃗, sua direção é perpendicular ao plano formado por ⃗ e ⃗, com o sentido dado pela regra do produto vetorial de dois vetores. As equações (6.17) e (6.18) mostram que o torque produzido por uma força depende, não somente da sua intensidade, do seu sentido e da sua direção, mas também do ponto de aplicação da força em relação ao ponto fixo . Em particular quando ⃗ atua sobre o eixo fixo que passa pela origem, ⃗ é zero, de modo que o torque ⃗, em relação ao ponto fixo é nulo. A distância perpendicular ao eixo entre a origem e o ponto de aplicação da força é conhecida como braço da força (ou braço da alavanca). Agora que você já sabe que é um torque e não uma força que produz rotações, observe que sem a maçaneta de uma porta ou a borboleta da válvula do registro do botijão de gás, ações tão corriqueiras como abrir uma porta ou trocar o botijão seriam praticamente impossíveis. Quando a borboleta da válvula do registro do botijão de gás quebra, podemos resolver o problema usando um alicate, pois, com esta ferramenta, a força que faríamos 8 com a mão deixa de ser feita diretamente no eixo de rotação, o que se traduz na prática por uma facilidade maior em desparafusar a válvula. Algumas tarefas, como trocar pneus ou tirar um parafuso, estariam impossibilitadas de serem realizadas se não tivéssemos um meio de ampliar o torque de nossa força através das ferramentas apropriadas (no caso, a chave de roda e a chave de fenda). Observe que, quando giramos o botão que aumenta o volume de um aparelho de rádio antigo, tanto o botão como seu eixo faz o mesmo giro. Se entendermos que o valor do torque necessário para girar o botão é sempre o mesmo, independente do local onde a força é aplicada, fica mais fácil interpretar porque é mais fácil aumentar o volume girando o botão e não o seu eixo. A chave de boca ilustrada na Figura 6.7 tem, como outras ferramentas semelhantes, a vantagem de diminuir a intensidade da força que precisamos fazer para soltar ou apertar uma porca, pois afasta o ponto de aplicação da força do eixo de rotação. Vamos supor que fosse possível soltar a porca usando somente as mãos, e que toda a força fosse aplicada sobre um dos seus lados (ponto A). Neste caso, esta força tem um braço ( ), correspondente à distância entre o centro da porca (eixo de rotação) e um de seus lados. O torque em relação ao eixo, que passa pelo centro da porca, é dado de acordo com (6.18) por: Usando a chave de boca, a força será feita no seu cabo, com intensidade menor que a da situação anterior porque o braço desta força corresponde agora à distância entre o centro da porca e a extremidade da chave. O torque desta força, em relação ao centro da porca, será então dado por: Admitindo que das duas maneiras conseguíssemos mover a mesma porca, estes torques teriam a mesma intensidade, de modo que: (6.19) A razão entre a força aplicada diretamente na porca e aquela aplicada na extremidade da chave de boca é denominada vantagem-mecânica ( ). Como , a equação (6.19) prevê que a razão entre as forças é maior que , indicando que a força feita na extremidade da chave de boca foi ampliada. A tesoura, assim como o alicate, é uma associação de duas alavancas. Quando dobramos ou cortamos um pedaço de fio com um alicate, a força feita no cabo é ampliada na extremidade contrária. Figura 6.7 – Uma chave de boca. 6.7 Momento angular de um ponto material Além da força ⃗, o outro conceito fundamental na dinâmica de uma partícula é o do momento linear ⃗, relacionado com ⃗ pela segunda lei de Newton: 9 ⃗ ⃗ (6.20) Na dinâmica de rotação de uma partícula em torno de um ponto , o análogo da força ⃗ é o torque ⃗ ⃗ ⃗, onde ⃗ ⃗⃗⃗⃗ ⃗⃗ . Como o momento ⃗ da partícula está relacionado com ⃗ pela relação (6.20), obtém-se, multiplicando vetorialmente por ⃗ ambos os membros: ⃗ ⃗ ⃗ ⃗ ⃗ (6.21) Como a regra de derivação de um produto se aplica igualmente ao produto vetorial (desde que não se inverta a ordem dos vetores), então, ⃗ ⃗ ( ⃗ ⃗) ⃗ ⃗ ( ⃗ ⃗) ⃗ ( ⃗) ( ⃗ ⃗) (6.22) pois ⃗ ( ⃗) . Logo, (6.22) fica, ⃗ ⃗⃗ (6.23) onde, ⃗⃗ ⃗ ⃗ (6.24) é o que se chama de momento angular de uma partícula (ou ponto material) em relação ao ponto . A relação ⃗ ⃗⃗ ⁄ é o análogo para rotações da relação ⃗ ⃗ ⁄ para translações, e representa a segunda lei de Newton para o movimento de rotação. 6.8 Energia cinética de rotação e momento de inércia Estando em movimento, cada ponto material num corpo rígido em rotação possui certa quantidade de energia cinética. Um ponto material de massa a uma distância do eixo de rotação tem uma velocidade , sendo a velocidade angular do ponto em torno do eixo de rotação; logo, sua energia cinética é dada por: (6.25) A energia cinética total do corpo é a soma das energias cinéticas de todos os seus pontos. Sendo o corpo rígido, será constante e igual para todos os pontos. O raio pode ser diferente para pontos diferentes. Logo, a energia cinética total do corpo que gira pode ser escrita como: ( ) (∑ ) (6.26) O termo ∑ é a soma dos produtos das massas dos pontos materiais pelos quadrados de suas respectivas distâncias ao eixo de rotação. Denominando esta quantidade por , temos que: ∑ (6.27) e é chamada de inércia devida à rotação ou momento de inércia do corpo em relação ao eixo de rotação considerado. Deve-se notar que o momento de inércia de um corpo depende: (1) da forma do corpo, (2) da distância ortogonal do eixo ao centro de massa do corpo e (3) da orientação do corpo em relação ao eixo. 10 Em termos de momento de inércia podemos escrever agora a energia cinética do corpo em rotação: (6.28) Devemos entender que a energia cinética de rotação dada pela equação (6.28) é simplesmente a soma da energia cinética de rotação de todas as partes do corpo e não um novo tipo de energia. A energia cinética de rotação é uma maneira conveniente de exprimir a energia cinética de um corpo rígido que está girando. Para um corpo que não é composto de massas puntiformes discretas, mas sim de matéria distribuída continuamente, o processo de soma em ∑ transforma-se num processo de integração: ∫ (6.29) onde a integral é calculada ao longo do corpo. Conhecendo-se o momento de inércia de um corpo em relação a um eixo qualquer, que passe pelo seu centro de massa, pode-se determinar o momento de inércia em relação a qualquer outro eixo paralelo ao primeiro pelo teorema dos eixos paralelos (também conhecido como Teorema de Huygens-Steiner): (6.30) sendo a massa do corpo e a distância perpendicular entre os eixos (paralelos). Esse teorema pode ser enunciado da seguinte forma: “O momento de inércia de um corpo em relação a um eixo qualquer é igual ao momento de inércia que ele teria em relação a esse eixo ( ), se toda sua massa estivesse concentrada em seu centro de massa mais o seu momento de inércia em relaçãoa um eixo passando pelo seu centro de massa ( )”. A Figura 6,8a mostra os momentos de inércia de um aro, primeiro em torno de qualquer diâmetro e depois em torno de qualquer tangente, enquanto que a Figura 6.8b mostra os momentos de inércia de uma esfera sólida (maciça) e de uma esfera oca em torno de qualquer diâmetro. Figura 6.8 – Momentos de inércia (a) de um aro e (b) de uma esfera. 6.9 Momento angular de um sistema de pontos materiais Determina-se o momento angular total de um sistema constituído de muitos pontos materiais, em relação a uma origem, somando-se vetorialmente os momentos 11 angulares de todos esses pontos materiais, considerados isoladamente, em relação a essa mesma origem: ⃗⃗ ∑ ⃗ ⃗ ∑ ⃗⃗ (6.31) O momento angular de um sistema de pontos materiais em relação a um ponto fixo pode variar com o tempo. Para essa variação admitem-se duas causas: (a) torques aplicados aos pontos materiais do sistema por forças internas entre estes; (b) torques aplicados aos pontos materiais do sistema por forças externas. Se a terceira lei de Newton é rigorosamente certa, isto é, se as forças entre dois pontos materiais quaisquer não apenas são iguais e opostas, mas também atuam ao longo da reta definida pelos mesmos, o conjugado interno total é nulo, pois o torque produzido por cada par de forças de ação e reação é nulo. Assim, a primeira causa não contribui para a variação do momento angular total. Portanto, para um ponto de referência fixo apenas o segundo motivo permanece, e pode-se escrever: ⃗ ⃗⃗ (6.32) em que ⃗ representa a soma de todos os torques externos que agem no sistema. A equação (6.32) é uma generalização de (6.23) para muitos pontos materiais. Quando se tem apenas um ponto material, não há, evidentemente, forças ou conjugados internos. Sendo ⃗ ⃗, onde é o momento de inércia do corpo e ⃗ a soma dos torques (externos) aplicados a este, ambos em relação ao mesmo ponto. Comparando-se com (6.32), obtém-se: ⃗⃗ ⃗ Mas ⃗ ⃗⃗⃗ ⁄ e, se o momento de inércia é constante, ⃗ ( ⃗) e, portanto, ⃗⃗ ( ⃗) ou seja, ⃗⃗ ⃗ (6.33) Assim, o momento angular de um corpo rígido é o produto do momento de inércia do corpo pela sua velocidade angular. 6.10 Dinâmica da rotação de um corpo rígido Seja um corpo rígido que gire ao redor de um eixo fixo, que passe por (Figura 6.9) perpendicularmente ao plano da figura. É necessário considerar apenas as forças existentes neste plano, porque as que são paralelas ao eixo não podem causar rotação em torno do mesmo por não produzirem nenhum torque externo. Supondo uma força externa ⃗, no plano, agindo sobre o corpo no ponto . Observando o corpo durante um tempo infinitesimal o ponto mover-se-á de uma distância infinitesimal segundo uma trajetória circular de raio e o corpo girará de um ângulo infinitesimal , sendo: O trabalho , realizado pela força, durante esta pequena rotação, é: 12 ⃗ ⃗ ( )( ) onde é o componente de ⃗ na direção de ⃗. Por seu turno, o termo ( ) , é o módulo do torque instantâneo, exercido por ⃗ sobre o corpo rígido, em relação ao eixo que passa por , de modo que: (6.34) Esta expressão diferencial do trabalho realizado na rotação (em relação a um eixo fixo) é equivalente à expressão para o trabalho realizado na translação. Para obter a taxa com que se realiza trabalho no movimento de rotação (ao redor de um eixo fixo), deve-se dividir ambos os membros de (6.34) pelo intervalo infinitesimal de tempo , durante o qual o corpo se move de um ângulo , obtendo: (6.35) A equação (6.35) é, na rotação, a equivalente de para o movimento de translação. Figura 6.9 – Vista de uma seção transversal de um corpo rígido que gira em torno de um eixo fixo que passa pela origem do sistema de referência. Aplicando várias forças ⃗ , ⃗ , ... etc., sobre o corpo, no plano normal a seu eixo de rotação, o trabalho realizado por essas forças sobre o corpo, durante uma pequena rotação , será: ( ) expressões nas quais é igual a , que é o deslocamento do ponto de aplicação de ⃗ , e é o ângulo entre ⃗ e ⃗ , etc., e onde é, agora, o torque resultante em relação ao eixo que passa por . Ao calcular este somatório, cada torque será considerado positivo ou negativo segundo o sentido em que, por si só, tenderia a fazer o corpo girar em torno de seu eixo. Arbitrariamente, o torque é tomado como positivo se o efeito do mesmo produzir uma rotação no sentido anti-horário e, negativo, se produzir uma rotação no sentido horário. Como não existe movimento interno dos pontos materiais dentro de um corpo verdadeiramente rígido, os pontos sempre conservam posições relativas fixas entre si e movem-se somente em conjunto com o corpo. Logo, não há dissipação de energia dentro de um corpo verdadeiramente rígido. Portanto, pode-se igualar a taxa com que se realiza trabalho sobre o corpo àquela com que varia sua energia cinética. A taxa com que se realiza trabalho sobre o corpo é dado pela (6.35), e a rapidez com que varia a energia cinética de um corpo rígido é dada por: ( ) Mas o momento de inércia é constante porque o corpo é rígido e o eixo está fixo. Logo: 13 ( ) ( ) ( ) (6.36) De modo que: (6.37) A equação (6.37) é equivalente à da 2a lei do movimento, , para o movimento de rotação de um corpo rígido. Aqui a soma dos torques ⃗ é análoga à soma das forças ⃗, o momento de inércia é análogo à massa , e a aceleração angular ⃗ é análoga à aceleração linear ⃗. 6.11 Movimento combinado de translação e de rotação de um corpo rígido Até aqui foi considerado apenas a situação de corpos que giram em torno de algum eixo fixo. Contudo, quando uma bicicleta se move em linha reta, o centro de cada uma das rodas se desloca para frente executando um movimento de translação pura. Entretanto, um ponto qualquer localizado no aro da roda segue uma trajetória mais complexa denominada cicloide. Nesta seção será analisado o rolamento de uma roda considerando-o, primeiramente, como a combinação de uma translação pura com uma rotação pura e, em seguida, apenas como rotação. No caso da roda de uma bicicleta que passa a uma velocidade constante, rolando suavemente, sem deslizar. O centro de massa da roda move-se para frente a uma velocidade constante . O ponto , onde a roda e o chão estão em contato, também se move para frente com velocidade , de modo que ele está sempre situado diretamente abaixo do centro de massa. A Figura 6.10 mostra o movimento de rolamento de uma roda é uma combinação de dois movimentos: um puramente translacional e outro puramente rotacional. A Figura 6.10a mostra o movimento puramente rotacional (como se o eixo de rotação que passa pelo centro estivesse estacionário): todos os pontos da roda giram em torno do centro com velocidade angular . Todos os pontos situados na borda externa da roda têm velocidade linear . A Figura 6.10b mostra o movimento puramente translacional (como se a roda não estivesse rolando): cada ponto da roda se move para a direita com velocidade . A combinação das Figuras 6.10a e 6.10b dá origem à Figura 6.10c, que mostra o movimento de rolamento real executado pela roda. Observa-se que, nesta combinação de movimentos, a parte inferior da roda (noponto ) está estacionária, enquanto a parte superior (no ponto ) se move a uma velocidade igual a , mais rapidamente que qualquer outra parte da roda. Figura 6.10 – O rolamento de uma roda, visto como uma combinação de um movimento puramente rotacional com outro puramente translacional. (a) O movimento puramente rotacional: todos os pontos da roda movem-se com a mesma velocidade angular . Todos os pontos que estão sobre a borda externa da roda movem-se com a mesma velocidade linear . As velocidades lineares ⃗ de dois destes pontos, no topo ( ) e na base ( ) da roda, são mostradas na figura. (b) O movimento puramente translacional: todos os pontos da roda movem-se para a direita com a mesma velocidade linear , idêntica à do centro da roda. (c) O movimento de rolamento da roda é a combinação de (a) e (b). 14 A Figura 6.11 sugere um outro modo de analisar o rolamento de uma roda considerando-o, agora, como sendo uma rotação pura em torno de um eixo que passa pelo ponto em que ele toca o solo, durante todo o tempo em que se move, ou seja, um eixo que passa pelo ponto na Figura 6.10c e que é perpendicular ao plano da figura. Os vetores mostrados na Figura 6.11 representam as velocidades instantâneas de vários pontos da roda durante o rolamento. Pergunta. Para um observador estacionário, qual é o valor da velocidade angular da roda da bicicleta, em torno desse novo eixo? Resposta. A mesma velocidade angular que o ciclista atribui à roda, ao observá-la em rotação pura em torno de um eixo que passa pelo seu centro de massa. Figura 6.11 – Um corpo rolando pode, em qualquer instante, ser tratado como se estivesse girando em torno de seu ponto de contato Usando esta resposta para calcular a velocidade linear do topo da roda, do ponto de vista de um observador estacionário. Sendo o raio da roda, o topo está situado numa distância do eixo que passa por na Figura 6.11, de modo que a sua velocidade linear deve ser: ( )( ) (6.38) o que concorda inteiramente com a Figura 6.10c. A Energia Cinética. Calculando agora a energia cinética da roda, medida pelo observador estacionário, supondo que a roda role sem escorregar em uma superfície horizontal, como na Figura. Em qualquer instante, a parte inferior da roda, estará em repouso na superfície, já que não escorrega. O eixo perpendicular à figura, que passa pelo ponto de contato , chama-se eixo instantâneo de rotação. Nesse instante, a velocidade linear de cada ponto da roda está dirigida perpendicularmente à linha que une ao ponto e sua intensidade é proporcional a essa distância. Isto é equivalente a dizer que a roda está girando em torno de um eixo fixo que passa por , com certa velocidade angular , nesse instante. Logo, o movimento da roda num dado instante é equivalente a uma rotação pura. Portanto, a energia cinética total pode ser escrita como: (6.39) sendo o momento de inércia com respeito ao eixo que passa por . Aplicando agora o teorema dos eixos paralelos, onde é o momento de inércia da roda de massa e raio , com relação a um eixo que passa pelo centro de massa. A equação (6.39) transforma-se agora em: (6.40) 15 O primeiro termo em (6.40), obtida para um movimento de rotação puro, representa a energia cinética que teria a roda se estivesse apenas girando em torno de um eixo que passa pelo seu centro de massa, sem movimento de translação; e o segundo , é a energia cinética que teria a roda se estivesse em movimento de translação com a velocidade de seu centro de massa e sem girar. Deve-se notar que já não se faz referência alguma ao eixo instantâneo de rotação. De fato, a equação (6.40) aplica-se a um corpo qualquer que se mova e gire em torno de um eixo perpendicular a seu movimento, quer esteja rolando ou não, em uma superfície. Os efeitos combinados da translação do centro de massa e de rotação em torno de um eixo que passe pelo centro de massa são equivalentes a uma rotação pura, com a mesma velocidade angular, em torno de um eixo que passe pelo ponto de contato do corpo que rola. 6.12 Conservação do momento angular Se a resultante dos torques externos em relação a um ponto fixo se anula ( ⃗ ), então de (6.32): ⃗⃗ ⃗ ⃗⃗ (6.41) Quando a resultante dos torques externos aplicados a um sistema é nulo o vetor momento angular total do sistema permanece constante. Este é o princípio da conservação do momento angular. Para um sistema de pontos materiais, o momento angular total, em relação a um ponto é: ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ Assim, quando o momento angular total ⃗⃗ é constante, tem-se: ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗⃗ (6.42) em que ⃗⃗ é um vetor constante. O momento angular de cada ponto material pode variar, mas a sua soma permanece constante na ausência de torques externos. O momento angular é uma grandeza vetorial, de modo que (6.42) é equivalente a 3 equações escalares, uma relativa a cada um dos eixos coordenados, passando pelo ponto de referência. A conservação do momento angular fornece, pois, três condições ao movimento do sistema a que se aplica. Se o sistema de pontos materiais é um corpo rígido, seu momento angular é dado por (6.33), e a equação da conservação do momento angular (6.42), torna-se: ⃗⃗⃗ ⃗⃗⃗ (6.43) Isto é, o momento angular de um corpo rígido, em relação a um eixo, permanece constante quando os torques externos aplicados, tomados em relação ao mesmo eixo, são nulos. 16 Exercício 6.1 A posição angular de um ponto da borda de uma roda é dada por , onde está em radianos e em segundos. Quais são as velocidades angulares em (a) e (b) ? (c) Qual é a aceleração angular média no intervalo de tempo que começa em e termina em ? Qual é a aceleração angular instantânea (d) no início e (e) no fim desse intervalo? Respostas: (a) ( ) ⁄ ; (b) ( ) ⁄ ; (c) ̅ ⁄ ; (d) e ( ) ⁄ ; (e) ( ) ⁄ . Exercício 6.2 Um disco, inicialmente girando a ⁄ é freado com uma aceleração angular constante de módulo ⁄ . (a) Quanto tempo o disco leva para parar? (b) Qual o deslocamento angular total descrito pelo disco durante esse tempo? (c) Quantas revoluções o disco executa até parar? Respostas: (a) ; (b) ; (c) . Exercício 6.3 A velocidade angular do motor de um automóvel é aumentada numa taxa constante de ⁄ para ⁄ em . (a) Qual é a aceleração angular em revoluções por minuto ao quadrado? (b) Quantas revoluções o motor executa nesse intervalo de ? Respostas: (a) ⁄ ; (b) . Exercício 6.4 Nosso Sol orbita o centro da Via Láctea a uma distância entre do centro galáctico. Considere que o Sol está a do centro da Via Láctea, movendo-se em um círculo ao redor desse centro a uma velocidade de ⁄ . (a) Qual a distância do sol ao centro da Via Láctea em metros? (b) Quanto tempo o Sol leva para fazer uma volta completa em torno do centro da galáxia? (c) Quantas voltas o Sol completou desde que ele foi formado, há cerca de 4,5 bilhões de anos? Respostas: (a) ; (b) ; (c) . Exercício 6.5 Partindo do repouso em , uma roda gira com aceleração angular constante. Quando , a velocidade angular da roda é de ⁄ . A aceleração continua até , quando cessa abruptamente. De que ângulo gira a roda no intervalo de a ? Resposta: . Exercício 6.6 Uma roda executa 40 revoluçõesquando desacelera a partir de uma velocidade angular de ⁄ até parar. Supondo que a aceleração angular é constante, determine (a) a aceleração angular da roda. (b) o intervalo de tempo necessário para que a roda pare. (c) Quanto tempo é necessário para que a roda complete as 20 primeiras revoluções? Respostas: (a) ⁄ ; (b) ; (c) . Exercício 6.7 Um pulsar é uma estrela de nêutrons que gira rapidamente em torno de si própria e emite um feixe de rádio, do mesmo modo como um farol emite um feixe luminoso. Recebemos na Terra um pulso de rádio a cada revolução da estrela. O período de rotação de um pulsar é determinado medindo o intervalo de tempo entre os pulsos. O pulsar da nebulosa do Caranguejo tem período que está aumentando a uma taxa de ⁄ . (a) Qual é a aceleração angular do pulsar? (b) Se se mantiver constante, daqui a quantos anos o pulsar vai parar de girar? (c) O pulsar foi criado pela explosão de uma supernova observada no ano de 1054. Supondo que a 17 aceleração se manteve constante, determine o período logo após a explosão. Respostas: (a) ⁄ ; (b) ; (c) . Exercício 6.8 Uma roda com oito raios de igualmente espaçados está montada em um eixo fixo e gira a ⁄ . Para atirar uma flecha com de comprimento paralelamente ao eixo da roda sem atingir um dos raios, (a) Qual é a menor velocidade que a flecha pode ter? Suponha que a flecha e os raios são muito finos. (b) O ponto entre o eixo e a borda da roda por onde a flecha passa faz alguma diferença? Caso a resposta seja afirmativa, para que ponto se deve mirar? Respostas: (a) ⁄ ; (b) Não. Exercício 6.9 Um CD (“Compact Disc”) de um sistema digital de áudio possui raios interno e externo de sua gravação de e , respectivamente. Durante a execução, o disco é varrido à velocidade linear constante de ⁄ , partindo-se de seu lado interno para o lado externo. (a) Se a velocidade angular inicial do disco é ⁄ , qual é a sua velocidade angular final? (b) Quantas revoluções completas (voltas) dará o CD desde que começou a tocar a primeira música até o final da última se as linhas espirais são separadas por ? (c) Qual é o tempo total de gravação? Respostas: (a) ⁄ ; (b) ; (c) . Exercício 6.10 O prato de um toca-discos de vinil está girando a . Uma semente de melancia está sobre o prato a de distância do eixo de rotação. (a) Calcule a aceleração da semente, supondo que ela não escorregue. (b) Qual o valor mínimo do coeficiente de atrito estático entre a semente e o prato para que a semente não escorregue? (c) Suponha que o prato atinge sua velocidade angular final em , partindo do repouso com aceleração constante. Calcule o menor coeficiente de atrito estático necessário para que a semente não escorregue durante o período de aceleração. Respostas: (a) ⁄ ; (b) ; (c) . Exercício 6.11 Uma pequena bola com de massa está presa a uma das extremidades de uma barra com de comprimento e massa desprezível. A outra extremidade da barra está pendurada em um eixo. Quando o pêndulo assim formado faz um ângulo de com a vertical, qual é (a) o módulo do torque exercido pela força gravitacional em relação a um eixo de rotação em ? (b) o sentido de giro? Respostas: (a) ̅ ; (b) Anti-horário. 18 Exercício 6.12 Duas partículas, ambas de massa , estão presas à extremidade de uma barra rígida de massa desprezível e comprimento , com e . A barra é mantida horizontalmente no fulcro até ser liberada. Qual é o módulo da aceleração inicial (a) da partícula 1 e (b) da partícula 2? Respostas: (a) ⁄ ; (b) ⁄ . Exercício 6.13 Duas partículas, ambas com massa , estão ligadas uma à outra e a um eixo de rotação em por duas barras finas, ambas de comprimento e massa . O conjunto gira em torno do eixo de rotação com velocidade angular ⁄ . Em relação a , quais são (a) o momento de inércia do conjunto e (b) a energia cinética do conjunto? Respostas: (a) ; (b) . Exercício 6.14 (a) Em um salto de trampolim, a velocidade angular de uma atleta em relação ao eixo que passa pelo seu centro de massa varia de zero a ⁄ em . Seu momento de inércia em relação ao mesmo eixo é . Durante o salto, quais são os módulos da aceleração angular média da atleta e do torque externo médio exercido pelo trampolim sobre a atleta? (b) O virabrequim de um automóvel transfere energia do motor para o eixo a uma taxa de quando gira a ⁄ . Qual o torque (em newtons-metros) exercido pelo virabrequim? Dado: . Respostas: (a) ̅ ⁄ ; ̅ . (b) Exercício 6.15 Na figura a seguir, o bloco 1 tem massa e o bloco 2 tem massa , e a polia, que está montada em um eixo horizontal com atrito desprezível, tem raio . Quando o sistema é liberado a partir do repouso o bloco 2 cai em sem que a corda deslize na borda da polia. (a) Qual é o módulo da aceleração dos blocos? (b) Qual é o valor das tensões e ? (c) Qual é o módulo da aceleração angular da polia? (d) Qual é o momento de inércia da polia? Respostas: (a) ⁄ ; (b) , ; (c) ⁄ ; (d) . 19 Exercício 6.16 Uma casca esférica uniforme de massa e raio pode girar em torno de um eixo vertical sem atrito. Uma corda de massa desprezível, enrolada no equador da casca, passa por uma polia de momento de inércia e raio e está presa a um pequeno objeto de massa . Não há atrito no eixo da polia e a corda não escorrega na casca nem na polia. Qual é a velocidade do objeto depois de cair após ter sido liberado a partir do repouso? Use considerações de energia. Resposta: ⁄ . Exercício 6.17 Uma pessoa está em pé sobre uma plataforma que gira sem atrito com velocidade angular de ⁄ . Seus braços estão abertos e ela segura um haltere em cada mão. O momento de inércia formado pela pessoa, os halteres e a plataforma em relação ao eixo vertical central da plataforma é de . Se, ao mover os braços para junto do corpo, a pessoa reduz o momento de inércia do sistema para , determine (a) a nova velocidade angular da plataforma e (b) a razão entre a nova energia cinética do sistema e a energia cinética inicial. (c) De onde vem a energia cinética adicional? Respostas: (a) ⁄ ; (b) ⁄ . (c) A pessoa realizou trabalho ao trazer os halteres para junto do corpo. Logo, a energia adicional veio de sua energia interna. Exercício 6.18 Uma roda com de raio, que está se movendo inicialmente a ⁄ , rola até parar. Calcule o módulo (a) da aceleração linear e (b) da aceleração angular da roda. (c) O momento de inércia da roda em torno do eixo central é . Calcule o módulo do torque em relação ao eixo central devido ao atrito sobre a roda. Respostas: (a) ⁄ ; (b) ⁄ ; (c) . Exercício 6.19 O virabrequim de um automóvel transfere energia do motor para o eixo a uma taxa de quando gira a ⁄ . Qual o torque (em newtons-metros) exercido pelo virabrequim? Resposta: . Exercício 6.20 (a) Explique por que o puxador da porta é colocado o mais longe possível das dobradiças. (b) Usando a lei de conservação do momento angular explique por que, na prova olímpica de salto do trampolim de , o atleta tem a necessidade de encolher os braços e pernas para dar um duplo giro antesde mergulhar? Exercício 6.21 O momento angular de um volante com momento de inércia de em relação ao eixo central diminui de para ⁄ em . (a) Qual é o módulo do torque médio em relação ao eixo central que age sobre o volante durante esse período? (b) Supondo uma aceleração angular constante, de que ângulo o volante 20 gira? (c) Qual é o trabalho realizado sobre o volante? (d) Qual é a potência média do volante? Respostas: (a) ; (b) ; (c) ; (d) ̅ . Exercício 6.22 Suponha que a Terra seja uma esfera de densidade uniforme. (a) Calcule sua energia cinética rotacional. (b) Suponha que essa energia possa ser utilizada. Por quanto tempo a Terra poderia suprir cada um de seus sete bilhões de habitantes com uma potência de ? Dados: e . Respostas: (a) ; (b) Exercício 6.23 Dois cilindros, um maciço e outro oco, de mesma massa e mesmo raio rolam, a partir do repouso, do topo de um plano inclinado de altura . (a) Quem chegará primeiro à base do plano inclinado? (b) Explique essa diferença em termos das energias cinéticas de translação e de rotação. Dados: , . 21 Exercício 6.1 A posição angular de um ponto da borda de uma roda é dada por , onde está em radianos e em segundos. Quais são as velocidades angulares em (a) e (b) ? (c) Qual é a aceleração angular média no intervalo de tempo que começa em e termina em ? Qual é a aceleração angular instantânea (d) no início e (e) no fim desse intervalo? Respostas: (a) ( ) ⁄ ; (b) ( ) ⁄ ; (c) ̅ ⁄ ; (d) e ( ) ⁄ ; (e) ( ) ⁄ . Solução: A velocidade angular é dada por: (a) Em : ( ) ( ) ⁄ (b) Em : ( ) ( ) ⁄ (c) A aceleração angular média no intervalo de tempo que começa em e termina em é: ̅ ( ) ( ) ⁄ ⁄ ⁄ A aceleração angular instantânea é dada por: (d) Em : ( ) ⁄ (e) Em : ( ) ⁄ Exercício 6.2 Um disco, inicialmente girando a ⁄ é freado com uma aceleração angular constante de módulo ⁄ . (a) Quanto tempo o disco leva para parar? (b) Qual o deslocamento angular total descrito pelo disco durante esse tempo? (c) Quantas revoluções o disco executa até parar? Respostas: (a) ; (b) ; (c) . Solução: (a) Sendo a aceleração angular constante: ⁄ ⁄ (b) O deslocamento angular total descrito pelo disco durante esse tempo é: ( ⁄ )( ) ( ⁄ )( ) 22 (c) Como uma revolução corresponde a , tem-se que o número de revoluções o disco executa até parar é: ⁄ Exercício 6.3 A velocidade angular do motor de um automóvel é aumentada numa taxa constante de ⁄ para ⁄ em . (a) Qual é a aceleração angular em revoluções por minuto ao quadrado? (b) Quantas revoluções o motor executa nesse intervalo de ? Respostas: (a) ⁄ ; (b) . Solução: (a) Como a taxa de variação da velocidade angular é constante, ⁄ ⁄ ( )( ⁄ ) ⁄ (b) Para saber quantas revoluções o motor executa nesse intervalo de basta calcular o deslocamento angular: ( ⁄ ) ( ⁄ ) ( ⁄ ) Exercício 6.4 Nosso Sol orbita o centro da Via Láctea a uma distância entre do centro galáctico. Considere que o Sol está a do centro da Via Láctea, movendo-se em um círculo ao redor desse centro a uma velocidade de ⁄ . (a) Qual a distância do Sol ao centro da Via Láctea em metros? (b) Quanto tempo o Sol leva para fazer uma volta completa em torno do centro da galáxia? (c) Quantas voltas o Sol completou desde que ele foi formado, há cerca de 4,5 bilhões de anos? Respostas: (a) ; (b) ; (c) . Solução: (a) O ano-luz que é a distância que a partícula de luz, chamada fóton, viaja em um ano no vácuo à velocidade ⁄ , ou seja, Logo, considerando que o Sol está a do centro da Via Láctea, então a distância do Sol ao centro da Via Láctea em metros é: ( ) ( ) (b) O intervalo de tempo para que o Sol complete uma volta completa em torno do centro da galáxia é: ( ) ⁄ 23 (c) O número de voltas em torno do centro galáctico que o Sol completou desde que ele foi formado, há cerca de 4,5 bilhões de anos é: ( )( ⁄ ) Exercício 6.5 Partindo do repouso em , uma roda gira com aceleração angular constante. Quando , a velocidade angular da roda é de ⁄ . A aceleração continua até , quando cessa abruptamente. De que ângulo gira a roda no intervalo de a ? Resposta: . Solução: O movimento consiste de dois estágios. O primeiro, no intervalo , a roda está sendo acelerada com aceleração angular constante dada por: ⁄ ⁄ O segundo estágio, no intervalo , a roda gira com velocidade angular constante, igual à velocidade angular no final do primeiro estágio, dada por: ( ⁄ )( ) ⁄ O deslocamento angular do primeiro estágio vale: ( ) ( ⁄ )( ) O deslocamento angular do segundo estágio vale: ( ⁄ )( ) Portanto, a roda irá girar no intervalo de a num ângulo de: Exercício 6.6 Uma roda executa 40 revoluções quando desacelera a partir de uma velocidade angular de ⁄ até parar. Supondo que a aceleração angular é constante, determine (a) a aceleração angular da roda. (b) o intervalo de tempo necessário para que a roda pare. (c) Quanto tempo é necessário para que a roda complete as 20 primeiras revoluções? Respostas: (a) ⁄ ; (b) ; (c) . Solução: (a) Supondo que a aceleração angular é constante, temos que: ( ⁄ ) ( ⁄ ) ⁄ (b) Sendo a aceleração angular constante, ⁄ ⁄ (c) O intervalo de tempo para que a roda complete as 20 primeiras revoluções é: ( ⁄ ) ( ) 24 √ ( )( ) ( ) Como a roda para em , o valor não faz sentido. Logo, o tempo necessário para que a roda complete as 20 primeiras revoluções é . Exercício 6.7 Um pulsar é uma estrela de nêutrons que gira rapidamente em torno de si própria e emite um feixe de rádio, do mesmo modo como um farol emite um feixe luminoso. Recebemos na Terra um pulso derádio a cada revolução da estrela. O período de rotação de um pulsar é determinado medindo o intervalo de tempo entre os pulsos. O pulsar da nebulosa do Caranguejo tem período que está aumentando a uma taxa de ⁄ . (a) Qual é a aceleração angular do pulsar? (b) Se se mantiver constante, daqui a quantos anos o pulsar vai parar de girar? (c) O pulsar foi criado pela explosão de uma supernova observada no ano de 1054. Supondo que a aceleração se manteve constante, determine o período logo após a explosão. Respostas: (a) ⁄ ; (b) ; (c) . Solução: (a) Uma revolução completa corresponde ao deslocamento angular de , de modo que a velocidade angular é ⁄ ⁄ . A aceleração angular é, então: Logo, para o pulsar da nebulosa do Caranguejo com período , que está aumentando a uma taxa de ⁄ ( ⁄ ): ( ) ( ) ⁄ O sinal negativo indica que o pulsar da nebulosa do Caranguejo está diminuindo sua velocidade angular, o que explica o fato de que seu período está aumentando a uma taxa de ⁄ . (b) Se a aceleração angular se mantiver constante, o pulsar da nebulosa do Caranguejo irá para de girar daqui a: ⁄ ⁄ ⁄ ⁄ (c) Supondo que a aceleração se manteve constante desde que foi observado em 1054, então o período do pulsar da nebulosa do Caranguejo logo após a explosão era de: Substituindo os valores: 25 ( ⁄ )(( ) ( ⁄ )) Exercício 6.8 Uma roda com oito raios de igualmente espaçados está montada em um eixo fixo e gira a ⁄ . Para atirar uma flecha com de comprimento paralelamente ao eixo da roda sem atingir um dos raios, (a) Qual é a menor velocidade que a flecha pode ter? Suponha que a flecha e os raios são muito finos. (b) O ponto entre o eixo e a borda da roda por onde a flecha passa faz alguma diferença? Caso a resposta seja afirmativa, para que ponto se deve mirar? Respostas: (a) ⁄ ; (b) Não. Solução: Para evitar que a flecha atinja um dos oito raios deve atravessar a roda num intervalo de tempo de, no mínimo: ⁄ ⁄ (a) Logo, a menor velocidade que a flecha pode ter é: ⁄ (b) Como o cálculo da menor velocidade que a flecha deve possuir não envolve nenhuma dependência da posição radial, não faz diferença em que ponto entre o eixo e a borda da roda por onde a flecha deve passar. Exercício 6.9 Um CD (“Compact Disc”) de um sistema digital de áudio possui raios interno e externo de sua gravação de e , respectivamente. Durante a execução, o disco é varrido à velocidade linear constante de ⁄ , partindo-se de seu lado interno para o lado externo. (a) Se a velocidade angular inicial do disco é ⁄ , qual é a sua velocidade angular final? (b) Quantas revoluções completas (voltas) dará o CD desde que começou a tocar a primeira música até o final da última se as linhas espirais são separadas por ? (c) Qual é o tempo total de gravação? Respostas: (a) ⁄ ; (b) ; (c) . Solução: (a) Como o CD o disco é varrido à velocidade linear constante ⁄ , temos que se a velocidade angular inicial do CD é ⁄ , então: ( ⁄ )( ) ⁄ (b) Se as linhas espirais de um CD são separadas por , então: 26 Logo: ( ) (c) O tempo total de gravação de um CD é: ( ) ( ) ⁄ Exercício 6.10 O prato de um toca-discos de vinil está girando a . Uma semente de melancia está sobre o prato a de distância do eixo de rotação. (a) Calcule a aceleração da semente, supondo que ela não escorregue. (b) Qual o valor mínimo do coeficiente de atrito estático entre a semente e o prato para que a semente não escorregue? (c) Suponha que o prato atinge sua velocidade angular final em , partindo do repouso com aceleração constante. Calcule o menor coeficiente de atrito estático necessário para que a semente não escorregue durante o período de aceleração. Respostas: (a) ⁄ ; (b) ; (c) . Solução: (a) A velocidade angular constante, em ⁄ , do disco de vinil é dada por: ( ⁄ ) ( ⁄ ⁄ ) ⁄ Logo, a aceleração centrípeta necessária para que a semente não escorregue é: ( ⁄ ) ( ) ⁄ (b) Para que a semente não escorregue a força de atrito deve ser, pelo menos igual à força centrípeta, ou seja, ⁄ ⁄ (c) Se o prato atinge sua velocidade angular final em , partindo do repouso com aceleração constante, teremos que levar em conta as duas componentes do vetor aceleração, de modo que: √ Onde a componente tangencial da aceleração vale . Assim, √ √( ) ( ) √ Portanto, o novo valor do menor coeficiente de atrito estático necessário para que a semente não escorregue durante o período de aceleração é: 27 √ ⁄ √( ⁄ ) ( ⁄ ) ( ) Exercício 6.11 Uma pequena bola com de massa está presa a uma das extremidades de uma barra com de comprimento e massa desprezível. A outra extremidade da barra está pendurada em um eixo. Quando o pêndulo assim formado faz um ângulo de com a vertical, qual é (a) o módulo do torque exercido pela força gravitacional em relação a um eixo de rotação em ? (b) o sentido de giro? Respostas: (a) (b) No sentido anti-horário. Solução: (a) O torque exercido pela força gravitacional em relação ao eixo que passa por é dado por: ⃗ ⃗ ⃗⃗ ( )( ⁄ )( ) (b) Para a posição indicada o torque produz um giro no sentido anti-horário. Exercício 6.12 Duas partículas, ambas de massa , estão presas à extremidade de uma barra rígida de massa desprezível e comprimento , com e . A barra é mantida horizontalmente no fulcro até ser liberada. Qual é o módulo da aceleração inicial (a) da partícula 1 e (b) da partícula 2? Respostas: (a) ⁄ ; (b) ⁄ Solução: Tomando o giro horário como positivo: ⃗ ⃗ ⃗ ⃗ ( ) ( ) ( ) Substituindo os valores: 28 ( ) ( ⁄ )( ) ( ) ( ) ⁄ (a) O módulo da aceleração inicial da partícula 1 é: ( ⁄ )( ) ⁄ (b) O módulo da aceleração inicial da partícula 2 é: ( ⁄ )( ) ⁄ Exercício 6.13 Duas partículas, ambas com massa , estão ligadas uma à outra e a um eixo de rotação em por duas barras finas, ambas de comprimento e massa. O conjunto gira em torno do eixo de rotação com velocidade angular ⁄ . Em relação a , quais são (a) o momento de inércia do conjunto e (b) a energia cinética do conjunto? Respostas: (a) ; (b) . Solução: (a) As duas partículas podem ser tratadas como pontuais (discretas), de modo que o momento de inércia do conjunto em torno do eixo de rotação em vale: sendo o momento de inércia da barra de comprimento com um dos extremos em , o momento de inércia da barra de comprimento e um dos extremos em , e os momentos de inércia das partículas em e . Para a primeira barra de comprimento , o teorema dos eixos paralelos nos diz que , onde é o momento de inércia da barra em relação a um eixo passando pelo seu centro de massa e é o momento de inércia que a barra teria em relação a esse eixo se toda sua massa estivesse concentrada em seu centro de massa. Logo: ( ) Para a segunda barra de comprimento , o teorema dos eixos paralelos nos diz que: ( ) Portanto, ( ) ( ) Substituindo os valores: ( ) [ ( ) ( )] ( ) 29 (b) A energia cinética do conjunto é dada por: ( )( ⁄ ) Exercício 6.14 (a) Em um salto de trampolim, a velocidade angular de uma atleta em relação ao eixo que passa pelo seu centro de massa varia de zero a ⁄ em . Seu momento de inércia em relação ao mesmo eixo é . Durante o salto, quais são os módulos da aceleração angular média da atleta e do torque externo médio exercido pelo trampolim sobre a atleta? (b) O virabrequim de um automóvel transfere energia do motor para o eixo a uma taxa de quando gira a ⁄ . Qual o torque (em newtons-metros) exercido pelo virabrequim? Dado: . Respostas: (a) ̅ ⁄ ; ̅ . (b) Solução: (a) A aceleração angular média da atleta é dada por: ̅ ⁄ ⁄ Se o momento de inércia da atleta em relação ao eixo que passa pelo seu centro de massa é , então o torque externo médio exercido pelo trampolim sobre a atleta vale: ̅ ̅ ( )( ⁄ ) (b) Como ⁄ ( ) ( ) ⁄ . Logo, o torque (em newtons-metros) exercido pelo virabrequim é: ( )( ⁄ ) ⁄ Exercício 6.15 Na figura a seguir, o bloco 1 tem massa e o bloco 2 tem massa , e a polia, que está montada em um eixo horizontal com atrito desprezível, tem raio . Quando o sistema é liberado a partir do repouso o bloco 2 cai em sem que a corda deslize na borda da polia. (a) Qual é o módulo da aceleração dos blocos? (b) Qual é o valor das tensões e ? (c) Qual é o módulo da aceleração angular da polia? (d) Qual é o momento de inércia da polia? Respostas: (a) ⁄ ; (b) , ; (c) ⁄ ; (d) . Solução: 30 (a) Como a corda não desliza na borda da polia, a aceleração (constante) do conjunto é a mesma. Logo: ( ) ( ) ⁄ (b) Sendo , o bloco 1 subirá e o bloco 2 irá descer, ambos com a aceleração constante ⁄ . Logo: ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ ( ) ( )( ⁄ ⁄ ) ⃗⃗ ⃗⃗ ⃗ ( ) ( )( ⁄ ⁄ ) (c) O módulo da aceleração angular da polia é: ⁄ ⁄ (d) Adotando como positivo o giro no sentido horário, temos que o torque resultante que atua sobre a polia vale: ( ) Como , temos que: ( ) [( ) ]( ) ⁄ Exercício 6.16 Uma casca esférica uniforme de massa e raio pode girar em torno de um eixo vertical sem atrito. Uma corda de massa desprezível, enrolada no equador da casca, passa por uma polia de momento de inércia e raio e está presa a um pequeno objeto de massa . Não há atrito no eixo da polia e a corda não escorrega na casca nem na polia. Qual é a velocidade do objeto depois de cair após ter sido liberado a partir do repouso? Use considerações de energia. Resposta: ⁄ . Solução: O momento de inércia da casca esférica é dado por ⁄ , de modo que a energia cinética do conjunto após o bloco de massa ter descido de uma altura é igual à variação da energia potencial gravitacional, ou seja, 31 Com ⁄ e . Como a corda não escorrega na casca nem na polia , de modo que: ( ) ( ) Logo: ( ) √ Substituindo os valores: √ ( )( ⁄ )( ) ( ) ⁄ Exercício 6.17 Uma pessoa está em pé sobre uma plataforma que gira sem atrito com velocidade angular de ⁄ . Seus braços estão abertos e ela segura um haltere em cada mão. O momento de inércia formado pela pessoa, os halteres e a plataforma em relação ao eixo vertical central da plataforma é de . Se, ao mover os braços para junto do corpo, a pessoa reduz o momento de inércia do sistema para , determine (a) a nova velocidade angular da plataforma e (b) a razão entre a nova energia cinética do sistema e a energia cinética inicial. (c) De onde vem a energia cinética adicional? Respostas: (a) ⁄ ; (b) ⁄ . (c) A pessoa realizou trabalho ao trazer os halteres para junto do corpo. Logo, a energia adicional veio de sua energia interna. Solução: (a) As únicas forças externas que atuam sobre esta pessoa são seu peso ⃗⃗ e a reação normal ⃗⃗⃗ da plataforma sobre a pessoa. Ambas atuam no CM dessa pessoa de modo que a resultante dos torques externos em relação a um eixo fixo que passe pelo CM dessa pessoa é nula, ou seja, ∑ ⃗ ⃗⃗ Logo: ( ) ( ) ( ⁄ ) ⁄ (b) A razão entre a nova energia cinética do sistema e a energia cinética inicial é: ⁄ ⁄ ( ) ( )( ⁄ ⁄ ) 32 (c) O fato de que indica que a pessoa realizou trabalho ao trazer os halteres para junto do corpo. Logo, a energia adicional veio de sua energia interna. Exercício 6.18 Uma roda com de raio, que está se movendo inicialmente a ⁄ , rola até parar. Calcule o módulo (a) da aceleração linear e (b) da aceleração angular da roda. (c) O momento de inércia da roda em torno do eixo central é . Calcule o módulo do torque em relação ao eixo central devido ao atrito sobre a roda. Respostas: (a) ⁄ ; (b)⁄ ; (c) . Solução: Como a roda, com de raio, está se movendo inicialmente a ⁄ , rola até parar, temos que: (a) O valor da aceleração linear (suposta constante) da roda pode ser calculado a partir da equação: Onde é a distância que a roda rola até parar. Substituindo os valores fornecidos: ( ⁄ ) ( ) ⁄ (b) O valor da aceleração angular fica então: ⁄ ⁄ (c) O módulo do torque em relação ao eixo central devido ao atrito sobre a roda é dado por: Como o momento de inércia da roda em torno do eixo central é , então: ( )( ⁄ ) Exercício 6.19 O virabrequim de um automóvel transfere energia do motor para o eixo a uma taxa de quando gira a ⁄ . Qual o torque (em newtons-metros) exercido pelo virabrequim? Resposta: . Solução: Como , temos que: ( )( ⁄ ) ( )( ⁄ ) ( )( ⁄ )⁄ Exercício 6.20 (a) Explique por que o puxador da porta é colocado o mais longe possível das dobradiças. 33 Resposta: (b) Usando a lei de conservação do momento angular explique por que, na prova olímpica de salto do trampolim de , o atleta tem a necessidade de encolher os braços e pernas para dar um duplo giro antes de mergulhar? Resposta: Exercício 6.21 O momento angular de um volante com momento de inércia de em relação ao eixo central diminui de ⁄ para ⁄ em . (a) Qual é o módulo do torque médio em relação ao eixo central que age sobre o volante durante esse período? (b) Supondo uma aceleração angular constante, de que ângulo o volante gira? (c) Qual é o trabalho realizado sobre o volante? (d) Qual é a potência média do volante? Respostas: (a) ; (b) ; (c) ; (d) ̅ . Solução: (a) Se o momento angular de um volante com momento de inércia de em relação ao eixo central diminui de ⁄ para ⁄ em , temos que o valor do torque médio em relação ao eixo central que age sobre o volante durante esse período vale: ̅ ⁄ ⁄ (b) Supondo uma aceleração angular constante, temos que o deslocamento angular do volante é dado por: ( ) ̅ pois, ̅ . Substituindo os valores: ( ) ̅ ( ⁄ ) ( ) ( ) ( ) ( ) (c) O trabalho realizado pelo volante é: ( )( ) (d) A potência média do volante é dada por: ̅ Exercício 6.22 Suponha que a Terra seja uma esfera de densidade uniforme. (a) Calcule sua energia cinética rotacional. (b) Suponha que essa energia possa ser utilizada. Por quanto tempo a Terra poderia suprir cada um de seus sete bilhões de habitantes com uma potência de ? Dados: e . Respostas: (a) ; (b) Solução: (a) A energia cinética rotacional da Terra, suposta ser uma esfera de densidade uniforme, é: 34 ( ) ( ) Substituindo os valores: ( )( ) ( ) (b) Supondo que a energia cinética rotacional da Terra possa ser utilizada para suprir cada um de seus sete bilhões de habitantes com uma potência de , teríamos que: ̅ ̅ ( )( ) Exercício 6.23 Dois cilindros, um maciço e outro oco, de mesma massa e mesmo raio rolam, a partir do repouso, do topo de um plano inclinado de altura . (a) Quem chegará primeiro à base do plano inclinado? (b) Explique essa diferença em termos das energias cinéticas de translação e de rotação. Dados: , . Solução: (a) O rolamento não dissipa a energia mecânica inicial (que é a mesma) dos cilindros, apenas particiona a energia cinética final entre energia cinética de translação e energia cinética de rotação. Assim: Logo, para o cilindro oco: ( ) ( ) √ Para o cilindro maciço: ( ) ( ) √ Como , o cilindro maciço chegará primeiro à base do plano inclinado. (b) Como a energia mecânica inicial é a mesma para os cilindros, temos que na base do plano inclinado: 35 ( ) ( ) Estes resultados explicam porque o cilindro maciço chega primeiro à base do plano inclinado: ele transforma ⁄ de sua energia mecânica inicial (que é a mesma para os dois cilindros) em energia cinética de translação, enquanto que o cilindro oco transforma apenas a metade de sua energia mecânica inicial (que é a mesma para os dois cilindros) em energia cinética de translação.
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