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TCC AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

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FACULDADE 
GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALAIN 
 
 
 
 
 
 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA E O ABUSO DE 
PODER DO ESTADO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA-DF 
2018
 
 
 
 
 
 
ALAIN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA E O ABUSO DE 
PODER DO ESTADO 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao 
Curso Superior de Direito, 
como requisito parcial para 
obtenção do título de 
Bacharelado em Direito, sob 
orientação do Prof. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA-DF 
2018 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito necessário para obtenção título de Bacharel em 
Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
________________________________________________ 
 
ALAIN 
 
 
 
 
Monografia apresentada em ____/____/____ 
 
 
 
___________________________________________________ 
 
Orientador Prof. Mestre. 
 
 
___________________________________________________ 
 
1ª Examinador (a) Prof. (a). Titulação. Nome do Examinador 
 
 
____________________________________________________ 
 
2ª Examinador (a) Prof. (a). Titulação. Nome do Examinador 
 
 
___________________________________________________ 
 
Coordenadora Prof. Titulação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA-DF 
2018 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
À Deus por estar sempre presente em minha vida. 
Aos meus pais por todo afeto, amor e atenção. 
Ao meu orientador e aos meus mestres, pelos ensinamentos transmitidos que 
sem os quais não teria chego até aqui. 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
Este trabalho vem esclarecer de forma clara e objetiva, através de análise de obras, artigos 
jurídicos, jurisprudências, revisão bibliográfica e complementar o instituto da Audiência de 
Custódia, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, seu conceito, o cabimento, a validade 
jurídica das audiências e sua aplicação no âmbito jurídico, para que assim, doutrinadores e 
estudiosos do direito possam ter um melhor conhecimento e esclarecimento à respeito da 
audiência supracitada e que futuramente possam utilizá-la evitando Ações Penais. Conforme o 
entendimento de Caio Paiva (2015), a Audiência de Custódia possui três funções essenciais 
dentro do ordenamento jurídico. Primeiramente, que o ordenamento brasileiro deve se 
harmonizar com os tratados internacionais de direitos humanos, o qual nosso país é signatário. 
A prática de prisões desnecessárias, ilegais e arbitrárias deve ser refreada e sua terceira função 
é a de poder assegurar à integridade pessoal daquela pessoa que teve a sua privação de 
liberdade, exigindo desta forma uma atuação mais competente e digna das autoridades 
judiciárias, em situações que forem aplicadas as medidas cautelares diversas à prisão e 
também com a decretação da prisão preventiva. 
 
 
 
 
 
Palavras-chaves: Audiência de custódia. Prisão em flagrante. Processo penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
This work clarifies in a clear and objective way, through the analysis of works, legal 
articles, jurisprudence, bibliographic review and complement the institute of the Custody 
Audience, within the Brazilian legal system, its concept, the legal validity of the hearings 
and its application in the legal scope, so that, in this way, legal scholars and scholars may 
have a better knowledge and clarification regarding the aforementioned hearing and that 
in the future they may use it avoiding Criminal Actions. According to the understanding 
of Caio Paiva (2015), the Hearing of Custody has three essential functions within the 
legal system. Firstly, that the Brazilian order must harmonize with the international 
human rights treaties, which our country is a signatory. The practice of unnecessary, 
illegal and arbitrary detention must be curtailed and its third function is to be able to 
assure the personal integrity of the person who has been deprived of his liberty, thus 
requiring a more competent and dignified action by judicial authorities in situations that 
various precautionary measures are applied to the prison and also to the enactment of 
preventive detention. 
 
 
 
 
 
Keywords: Custody hearing. Arrest in flagrante. Criminal proceedings. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A Justiça tem numa das mãos a balança em que pesa o 
direito, e na outra a espada de que se serve para 
defender. A Espada sem a balança é a força brutal, a 
balança sem a espada é a impotência do direito” 
 
 
Rudolf Von Ihering 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 09 
1 - CAPÍTULO I - AUDIENCIA DE CUSTÓDIA E O ABUSO DE PODER DO 
ESTADO ........................................................................................................................ 11 
1.1 Conceito de Audiência de Custódia...........................................................................11 
1.2 Evolução histórica da Audiência de Custódia............................................................12 
1.3 Funcionamento da audiência de Custódia..................................................................14 
2 - CAPÍTULO II – AUTORIDADE COMPETENTE..............................................23 
2.1 Autoridade Competente para Presidir a Auditoria de Custódia..................................23 
2.2 Atos Procedimentais da Audiência de Custódia.........................................................27 
CONCLUSÃO ................................................................................................................30 
 
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................32 
 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
A Audiência Custódia refere-se ao ato de guardar, de proteger, consiste, 
portanto, na condução do preso, sem demora, à presença de uma autoridade judicial, ou 
seja, do magistrado, que deverá demorar no máximo em até 24 horas. E tem como objeto a 
análise da prisão se foi realizada legalmente e se os direitos fundamentais dos presos foram 
respeitados, procurando evitar, o abuso de poder das autoridades e supostas torturas e maus 
tratos. 
 
 Dependendo do que tenha ocorrido, a prisão em flagrante sendo ilegal, poderá 
ser relaxada de acordo com o artigo 310, inciso I, do CPP. 
 
A prisão deve ser convertida em preventiva, tendo os requisitos do artigo 312, 
do CPP, isso antecedendo o trânsito em julgado, de acordo com o artigo 310, inciso II, do 
CPP, sendo ainda, o preso merecedor da liberdade provisória, conforme o artigo 310, 
inciso III, do CPP. Ou medida cautelar diversa da prisão, de acordo com o artigo 318, do 
Código de Processo Penal. 
 
O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, que em maio 
2.014, ultrapassava, o exato número de 711.463 presos, ficando atrás apenas dos Estados 
Unidos e China. Os presídios brasileiros ainda possuem um déficit de 206 mil vagas, sendo 
que desses, 41% são presos provisórios, segundo dados do conselho Nacional de Justiça. 
 
Assim, a audiência de custódia pode ser considerada como uma relevantíssimahipótese de desafogar a superlotação e o acesso a jurisdição penal, tratando-se, então, de 
uma “das garantias da liberdade pessoal que se traduz em obrigações positivas a cargo do 
Estado”. 
 
A mesma está amparada juridicamente pela Constituição Federal de 1988; 
correlacionada aos Tratados Internacionais, onde o Brasil é signatário do Pacto de San José 
da Costa Rica, (CADH). A referida convenção passou a viger somente em 18 de julho de 
1978, sendo ratificada pelo Brasil através do Decreto nº 678, de 09 de julho de 1992, 
 
 
 
10 
 
reproduzindo a necessidade de apresentação rápida da pessoa presa a um juiz ou outra 
autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais (…) ”, (art. 7º. 5). 
 
Atualmente está vigorando a prática forense das audiências de custódia em 
todo o país desde o ano de 2.015, através da resolução do CNJ de nº 213, de 15/12/2015, 
aprovada por unanimidade, onde descreve o procedimento de apresentação dos presos em 
flagrante ou por mandado de prisão à autoridade judicial competente e possui dois 
protocolos de atuação – um sobre aplicação de penas alternativas e outro sobre os 
procedimentos para apuração de denúncias de tortura. 
 
O texto final da resolução é uma síntese das melhores experiências dos 
tribunais, válida especialmente enquanto o Congresso Nacional não aprova o Projeto de 
Lei do Senado Federal PLS nº 554/2011, que fará alteração no § 1º do art. 306 do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), para determinar o prazo 
de vinte e quatro horas para a apresentação do preso à autoridade judicial, após efetivada 
sua prisão em flagrante, instituindo assim, o devido procedimento para sua efetivação. 
 
 E diante disso, a problemática: de como reduzir a superlotação, o abuso de 
poder das autoridades estatais, os maus-tratos e possíveis torturas nos presídios brasileiros? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1. CAPÍTULO I – AUDIENCIA DE CUSTODIA E O ABUSO DE PODER DO 
ESTADO 
 
1.1 Conceito de Audiência de Custódia 
 
Mudanças profundas vêm ocorrendo na legislação processual penal brasileira, 
ocorrência de uma necessária conformação de diversos institutos presentes no quase 
octogenário Código de Processo Penal aos tratados internacionais que ratificamos e à 
realidade constitucional que vivenciamos desde 1998. (ANDRADE E ALFLEN, 2016). 
 
O CNJ explicita ainda que: 
 
“O Projeto Audiência de Custódia consiste na criação de uma estrutura 
multidisciplinar nos Tribunais de Justiça que receberá presos em flagrante para 
uma primeira análise sobre o cabimento e a necessidade de manutenção dessa 
prisão ou a imposição de medidas alternativas ao cárcere, garantindo que presos 
em flagrante sejam apresentados a um juiz de Direito, em 24 horas, no máximo”. 
 
Segundo Paiva (2015) a Audiência de Custódia consiste em: “(...), conduzir o 
preso, sem demora, à presença de uma autoridade judicial que deverá, a partir de prévio 
contraditório estabelecido entre o Ministério Público e a Defesa, exercer um controle 
imediato de legalidade e da necessidade da prisão, assim como apreciar questões relativas à 
pessoa do cidadão conduzido, notadamente a presença de maus tratos ou de tortura”. 
 
O objetivo da audiência de custódia está em proteger e resguardar direitos 
inerentes àquele que se encontra em situação de restrição de liberdade, pelo seu 
encaminhamento à presença da autoridade competente para oitiva e dar conhecimento de 
quais foram as circunstâncias do ato de prisão. O auto de prisão em flagrante será entregue 
ao juiz, onde o preso será ouvido em até 24 horas após a prisão e, assim, determinará se a 
prisão deverá ser ou não mantida, sem prejuízo da aplicação de medidas cautelares. 
 
Carlos Paiva conceitua: 
 
“Como o ato de guardar, de proteger. A audiência de custódia consiste, portanto, 
na condução do preso, sem demora, à presença de uma autoridade judicial que 
deverá, a partir de prévio contraditório estabelecido entre o Ministério Público e 
 
 
 
12 
 
a Defesa, exercer um controle imediato da legalidade e da necessidade da prisão, 
assim como apreciar questões relativas à pessoa do cidadão conduzido, 
notadamente a presença de maus tratos ou tortura. Assim, a audiência de custódia 
pode ser considerada como uma relevantíssima hipótese de acesso à jurisdição 
penal, tratando-se de uma das garantias da liberdade pessoal que se traduz em 
obrigações positivas a cargo do Estado”. (PAIVA, 2014) 
 
A audiência de custódia foi criada para trazer estímulo à conciliação no âmbito 
criminal. O juiz analisará os meios adequados para penalizar o indivíduo, fundamentando-
se no aspecto objetivo e subjetivo, como, por exemplo: ter ou não antecedentes criminais, 
possuir trabalho, residência fixa, a legalidade da prisão, se há alguma agravante que pode 
ser considerada para aplicar a medida cabível, entre outros. 
 
A audiência de custódia tem por natureza garantir e visar, principalmente, 
assegurar a validade e a eficácia dos atos produzidos. Possui também uma natureza 
fiscalizatória da atividade policial, pois mostra ser um meio eficaz de controlar os excessos 
policiais e carcerários, objetivando assim, cumprir os preceitos norteadores dos Direitos 
Humanos. 
 
1.2 Evolução histórica da Audiência de Custódia 
 
A base legal da Audiência de Custódia conta como fonte principal tratados 
internacionais de proteção de direitos humanos, tais como o Pacto Internacional dos 
Direitos Civis e Políticos (PIDCP), promulgado pelo Brasil no Dec. 592, e a Convenção 
Americana de Direitos Humanos (ou Pacto de San José da Costa Rica), que foi aderida 
pelo Brasil em 1992 e promulgada em 6 de novembro do mesmo ano, pelo decreto 678. 
Nos arts. 7.5 e 9.3 desse diploma se dispõe com relação ao tema, respectivamente, que 
“toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um 
juiz ou outra autoridade autorizada por lei a exercer funções judiciais” e que “qualquer 
pessoa presa ou encerrada em virtude de infração penal deverá ser conduzida, sem 
demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a exercer funções 
judiciais (...)”. 
 
No Brasil, a origem da pena de prisão alude aos períodos colonial e imperial, à 
primeira Constituição do Brasil, outorgada em 1824 e sucessivamente à sanção do primeiro 
 
 
 
13 
 
Código Criminal da história do Brasil, em 1830. Com a proclamação da República do 
Brasil em 1889, sobrevieram edições deste Código Criminal, com o surgimento em 1932 
da Consolidação das Leis Penais em 1932 e do Código Penal em 1940. 
Logo após a edição da lei 12.403/2011 que trouxe 11 medidas cautelares 
alternativas a prisão, e a mudança no Código Penal Brasileiro em seus artigos 319 e 320, 
firma-se o entendimento que a custódia preventiva só deve ser decretada em último caso. A 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1998 estabelece como seu fundamento 
em seu artigo 1° a dignidade da pessoa humana e reafirma em seu artigo 5° XLIX, assim o 
estado brasileiro ratifica a Convenção contra tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, 
Desumanos ou Degradantes, sendo esta aprovada pelo Congresso Nacional pelo decreto n° 
4/1989 sendo promulgada pelo decreto presidencial n°40/1991. Buscando atuar de forma 
mais segura nos procedimentos de restrição de liberdade e consequentemente nos 
processos penais, o Estado brasileiro adere a Convenção Interamericana para Prevenir e 
Punir a Tortura aprovada pelo Congresso Nacional pelo decreto n° 05/1989 sendo 
confirmada pelo decreto presidencial 98.386/1989. 
 
As audiências de custódiapermitem que os juízes tenham mais informações 
para decidir a legalidade da apreensão e se estão presentes os elementos para se determinar 
a prisão provisória. Nelas, os juízes devem decidir apenas sobre a aplicabilidade da prisão 
provisória, não sobre a suposta responsabilidade do suspeito pelo crime de que está sendo 
investigado. 
 
Toscano Jr. comprova que: 
 
Na audiência de custódia não se aborda questão de mérito, senão a 
instrumentalidade da prisão e a incolumidade e a segurança pessoal do 
flagranteado, quando pairam indícios de maus-tratos ou riscos de vida sobre a 
pessoa presa. Não é o contato pessoal do juiz com o preso que o contamina. O 
distanciamento que é contamina de preconceitos, no sentido de conceitos prévios, 
sem maiores fundamentos. A presença do preso permite avaliar muito melhor o 
cabimento ou não da prisão. Traz a facticidade. (TOSCANO JR., 2015) 
 
Assim se viabiliza o respeito às garantias constitucionais como o princípio 
constitucional do contraditório, conforme Art. 5º, LV, CF, além de se consolidar o direito 
de acesso à justiça do réu preso, com a ampla defesa garantida em momento crucial da 
 
 
 
14 
 
persecução penal, sem, no entanto, implicar antecipação do interrogatório, já que o projeto 
prevê claramente a impossibilidade de que este depoimento preliminar em juízo seja usado 
depois para condenar o réu. 
 
1.3 Funcionamento da Audiência de Custódia 
 
A primeira menção à audiência de custódia surgiu em 1966 com o Pacto 
Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que em seu artigo 9º, item 3 diz: 
 
3. Qualquer pessoa presa ou encarcerada em virtude de infração penal deverá 
ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade habilitada por lei a 
exercer funções judiciais e terá o direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta 
em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que aguardam julgamento não deverá 
constituir a regra geral, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem 
o comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se 
necessário for, para a execução da sentença. (BRASIL. Decreto Nº 592 de 06 de julho de 
1992. D.O.U. de 07 de julho de 1992, 8716 p. - “Pacto internacional sobre direitos civis e 
políticos” 
 
Nos mesmos moldes a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, escrita 
em 1969 e mundialmente conhecida como Pacto de São Jose da Costa Rica, assinada pelo 
Brasil apenas em 06 de novembro de 1992, prevê em seu artigo 5º item 2: 
 
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, 
desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o 
respeito devido à dignidade inerente ao ser humano. (Costa Rica – San Jose. Convenção 
Americana Sobre Direitos Humanos. Disponível em: 
https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm). 
 
Em 22 de janeiro de 2015, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São 
Paulo conjuntamente com o corregedor geral da Corregedoria Geral da Justiça assinou o 
Provimento Conjunto nº 03/2015 que prevê e regulamenta os primeiros passos para a 
efetivação das audiências de custódia no Estado de São Paulo. Em 06 de fevereiro de 2015, 
 
 
 
15 
 
o Conselho Nacional de Justiça lança oficialmente o Projeto Audiência de Custódia em 
parceria com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e inicia, em nível experimental, 
as primeiras audiências de custódia no país. 
 
Mais somente em 09 de abril do mesmo ano, que o CNJ, o Ministério da 
Justiça e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) assinaram três acordos que 
têm por objetivo incentivar a difusão do projeto Audiências de Custódia no Brasil. 
 
O projeto de Audiência de Custódia foi formulado em fevereiro de 2015 pelo 
CNJ. Um ano depois a resolução já estava no Poder Judiciário, que foi determinada 
aplicação imediata. 
 
A audiência de custódia é conhecida também como “audiência de 
apresentação”, e veio colocar em ação o direito do cidadão, o direito de liberdade, sendo 
este um dos principais direitos, trazido em nossa Constituição Federal no artigo 5° inciso 
LIV, com a afirmação de que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal”. 
 
A Resolução 213/2015 deixa claro que o direito deve ser exercido em sua 
plenitude. O Judiciário não se trata de Poder mecânico, com aplicações de sanções 
imediatas, faz-se necessária a análise concreta da situação para aplicações de eventuais 
sanções. 
 
No momento em que está ocorrendo esta audiência será analisado os aspectos 
de legalidade da prisão, sua necessidade e possível concessão de liberdade, podendo ou não 
ser concedida medidas cautelares diversas da prisão, além de serem averiguadas as 
irregularidades ocorridas no flagrante. 
 
Além de combater a irregularidade e a possibilidade de aplicações de medidas 
diversas da prisão preventiva imposta pelo estado, podemos afirmar que, após a aplicação 
da Resolução 213/2015 as prisões preventivas reduziram 45% (quarenta e cinco por cento), 
o que causou, consequentemente, uma redução na população carcerária. 
 
 
 
 
16 
 
O habeas corpus foi impetrado pelo defensor público Eduardo Newton e 
proferido pelo desembargador Luiz Noronha Dantas, o objetivo dessa decisão foi de que a 
audiência de custódia seja realizada para fins de apuração de ilegalidades e tortura no 
momento da prisão. E, ainda, na mesma decisão, ressaltou-se a importância dos Tratados e 
Convenções internacionais, que devem ser seguidos mesmo quando não há legislação 
nacional. Em resumo, não se pode impedir a audiência de custódia pela omissão da 
legislação brasileira, bem como não se pode impedi-la de acontecer pelas dificuldades em 
sua implementação. 
 
A resolução da Audiência de Custódia Nº 213/2015 apresenta os seus 
principais objetivos: 
 
Art. 1° Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito, independente da 
motivação ou natureza do ato seja obrigatoriamente apresentada, em até 24 horas da 
comunicação do flagrante, à autoridade judicial competente, e ouvida sobre as 
circunstâncias em que se realizou sua prisão ou apreensão. 
 
§ 1° A comunicação da prisão em flagrante à autoridade judicial, que se dará 
por meio de encaminhamento do auto de prisão em flagrante, de acordo com as rotinas 
previstas em cada Estado da Federação, não supre a apresentação pessoal determinada no 
caput. 
 
§ 2° Entende-se por autoridade judicial competente aquela assim disposta pelas 
leis de organização judiciária locais, ou, salvo omissão, definida por ato normativo do 
Tribunal de Justiça ou Tribunal Federal local que instituir as audiências de apresentação, 
incluindo o juiz plantonista. 
 
§ 3° No caso de prisão em flagrante delito da competência originária de 
Tribunal, a apresentação do preso poderá ser feita ao juiz que Presidir o Tribunal ou 
Relator designar para este fim. 
 
§ 4° Estando a pessoa presa acometida de grave enfermidade, ou havendo 
circunstâncias comprovadamente excepcional que a impossibilite de ser apresentada ao juiz 
 
 
 
17 
 
no prazo do caput, deverá ser assegurada a realização de audiência no local em que se 
encontre e nos casos de deslocamento se mostre inviável, deverá ser providenciada a 
condução para a audiência de custódia imediatamente após restabelecida sua condição de 
saúde ou de apresentação. 
 
§ 5° O CNJ, ouvidos os órgãos jurisdicionais locais, editará ato complementar 
a esta Resolução, regulamentando, em caráter excepcional, os prazos para apresentação à 
autoridade judicial da pessoa presa em Municípios ou sedesregionais a serem 
especificados, em que o juiz competente ou plantonista esteja impossibilitado de cumprir o 
prazo estabelecido no caput. 
 
Art. 2° O deslocamento da pessoa presa em flagrante delito ao local da 
audiência e desse, eventualmente, para alguma unidade prisional específica, no caso de 
aplicação da prisão preventiva, será de responsabilidade da Secretaria de Administração 
Penitenciária ou Secretaria de Segurança Pública, conforme os regramentos locais. 
 
Parágrafo Único: Os Tribunais poderão celebrar convênios de modo a 
viabilizar a realização da audiência de custódia fora da unidade judiciária correspondente. 
 
Art. 3° Se, por qualquer motivo, não houver juiz na comarca até o final do 
prazo do art. 1°, a pessoa será levada imediatamente ao substituto legal, observado, no que 
couber, o § 5° do art. 1°. 
 
Art. 4° A audiência de custódia será realizada na presença do Ministério 
Público e da Defensoria Pública, caso a pessoa detida não possua defensor constituído no 
momento da lavratura do flagrante. 
 
Parágrafo Único: É vedada a presença dos agentes policiais responsáveis pela 
prisão ou pela investigação durante a audiência de custódia. 
 
Art. 5° Se a pessoa presa em flagrante delito constituir advogado até o término 
da lavratura do auto de prisão em flagrante, o Delegado de polícia deverá notificá-lo, pelos 
 
 
 
18 
 
meios mais comuns, tais como correio eletrônico, telefone ou mensagem de texto, para que 
compareça à audiência de custódia, consignado nos autos. 
 
Parágrafo Único: Não havendo defensor constituído, a pessoa presa será 
atendida pela Defensoria Pública. 
 
Art. 6° Antes da apresentação da pessoa presa ao juiz será assegurado seu 
atendimento prévio e reservado por advogado por ela constituído ou defensor público, sem 
a presença de agentes policiais, sendo esclarecidos por funcionário credenciado os motivos, 
fundamentos e ritos que versam a audiência de custódia. 
 
Parágrafo Único: Será reservado local apropriado do visando à garantia da 
confidencialidade do atendimento prévio com advogado ou defensor público. 
 
Art. 8° Na audiência de custódia, a autoridade judicial entrevistará a pessoa 
presa em flagrante, devendo: 
 
I- Esclarecer o que é a audiência de custódia, ressaltando as questões a serem 
analisadas pela autoridade judicial; 
 
II- Assegurar que a pessoa presa não esteja algemada, salvo em casos de 
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo a integridade física própria ou alheia, 
devendo a excepcionalidade ser justificada por escrito; 
 
III- Dar ciência sobre seu direito de permanência em silêncio; 
 
IV- Questionar se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos 
seus direitos constitucionais inerentes à sua condição, particularmente o direito de 
consultar-se com advogado ou defensor público, o de ser atendido por médico e o de 
comunicar-se com seus familiares; 
 
V- Indagar sobre as circunstâncias de sua prisão ou apreensão; 
 
 
 
19 
 
VI- Perguntar sobre o tratamento recebido em todos os locais por onde passou 
antes da apresentação à audiência, questionando sobre a ocorrência de tortura e maus tratos 
e adotando as providências cabíveis; 
 
VII- Verificar se houve a realização de exame de corpo delito, determinando 
sua realização nos casos em que: 
a. Não tiver sido realizado; 
 
b. Os registros se mostrarem insuficientes; 
 
c. A alegação de tortura e maus tratos referir-se a momento posterior ao exame 
realizado; 
 
d. O exame tiver sido realizado na presença de agente policial, observando-se 
a Recomendação CNJ 49/ 2014 quanto à formulação de quesitos ao perito 
 
VIII- Abster-se de formular perguntas com finalidade de produzir prova para a 
investigação ou ação penal relativas aos fatos objeto do auto de prisão em flagrante; 
 
IX- Adotar as providências a seu cargo para sanar possíveis irregularidades; 
 
Averiguar, por perguntas e visualmente, hipóteses de gravidez, existência de 
filhos ou dependentes sob cuidados da pessoa presa em flagrante delito, histórico de 
doença grave, incluídos os transtornos mentais e a dependência química, para analisar o 
cabimento de encaminhamento assistencial e da concessão de liberdade provisória, sem ou 
com a imposição de medida cautelar. 
 
§ 1° Após a oitiva da pessoa presa em flagrante delito, o juiz deferirá ao 
Ministério Público e a defesa técnica, nesta ordem, reperguntas compatíveis com a natureza 
do ato, devendo indeferir as perguntas relativas ao mérito dos fatos que possam constituir 
eventual imputação, permitindo-lhes, em seguida, requerer: 
 
I. O relaxamento da prisão em flagrante; 
 
 
 
 
20 
 
II. A concessão de liberdade provisória sem ou com aplicação de medida 
cautelar diversa da prisão; 
 
III. A decretação da preventiva; 
 
IV. A adoção de outras medidas necessárias à preservação de direitos da pessoa 
presa. 
 
§ 2° A oitiva da pessoa presa será registrada, preferencialmente, em mídia, 
dispensando-se a formalização de termo de manifestação da pessoa ou do conteúdo das 
postulações das partes, e ficará arquivada na unidade responsável pela audiência de 
custódia. 
 
§ 3° A ata da audiência de custódia conterá, apenas resumidamente, a 
deliberação fundamentada do magistrado quanto à legalidade e manutenção da prisão, 
cabimento de liberdade provisória sem ou coma imposição de medidas cautelares diversas 
da prisão, considerando-se o pedido de cada parte, como também as providências tomadas, 
em caso de constatação de indícios de tortura e maus tratos. 
 
§ 4° Concluída a audiência de custódia, cópia da sua ata será entregue à pessoa 
presa em flagrante delito, ao Defensor e ao Ministério Público, tomando-se a ciência de 
todos, e apenas o auto de prisão em flagrante, com antecedentes e cópia da ata, seguirá para 
livre distribuição. 
 
§ 5° Proferida a decisão que resultar no relaxamento da prisão em flagrante, na 
concessão de liberdade provisória sem ou com imposição de medida cautelar alternativa à 
prisão, ou quando determinado o imediato arquivamento do inquérito, a pessoa presa em 
flagrante delito será prontamente colocada em liberdade, mediante expedição de alvará de 
soltura, e será informada sobre seus direitos e obrigações, salvo se por outro motivo tenha 
que continuar presa. 
 
Art. 12° O termo da audiência de custódia será apensado ao inquérito ou a ação 
penal. 
 
 
 
21 
 
Art. 13° A apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 horas também 
será assegurada às pessoas presas em decorrência de cumprimento de mandados de prisão 
cautelar ou definitiva, aplicando-se no que couber, os procedimentos previstos nesta 
Resolução. 
 
Parágrafo Único: Todos os mandados de prisão deverão conter expressamente, 
a determinação, para que, no momento de seu cumprimento a pessoa presa seja 
imediatamente apresentada à autoridade judicial que determinou a expedição da ordem de 
custódia ou, nos casos em que forem cumpridos fora da jurisdição do juiz processante, à 
autoridade judicial competente, conforme a lei de organização judiciária local. 
 
Buscando não só aplicar este instituto, mas também gerir de forma eficiente o 
mesmo retiram-se dados da sua aplicação objetivando sua e melhoria, e logo a presente 
resolução dispõem em seu art. 7° § 1° da seguinte forma quanto ao SISTAC Sistema de 
Audiência de Custódia: 
 
I. Registrar formalmente o fluxo das audiências de custódias nos tribunais; 
 
II. Sistematizar os dados coletados durante a audiência de custódia, de forma a 
viabilizar o controle das informações produzidas,relativas ás prisões em flagrantes, às 
decisões judiciais e ao ingresso no sistema prisional; 
 
III. Produzir estatísticas sobre o número de pessoas presas em flagrante delito, de 
pessoas a quem foi concedida liberdade provisória, de indicação de respectiva modalidade, 
de denúncias relativas à tortura e maus tratos, entre outras; 
 
IV. Elaborar ata padronizada de audiência de custódia; 
 
V. Facilitar a consulta a assentamentos anteriores, com objetivo de permitir a 
atualização do perfil das pessoas presas em flagrante delito a qualquer momento e a 
vinculação do cadastro de seus dados pessoais a novos atos processuais; 
 
 
 
 
22 
 
VI. Permitir o registro de denúncias de torturas e maus tratos, para posterior 
encaminhamento para investigação; 
 
VII. Manter o registro dos encaminhamentos sociais, de caráter voluntário, 
recomendados pelo juiz ou indicados pela equipe técnica, bem como os de exame de corpo 
delito, solicitados pelo juiz; 
 
VIII. Analisar os efeitos, impactos e resultados da implementação da audiência de 
custódia. 
 
Desde quando foi lançado o Projeto Audiência de Custódia pelo CNJ, vários 
outros Tribunais de Justiça lançaram diversos projetos objetivando o cumprimento das 
determinações impostas e hoje, as audiências de custódia se encontram em diferentes graus 
de aplicabilidade em cada estado da federação. 
 
Diante de todos esses fundamentos mencionados, pode-se dizer que o Projeto 
Audiência de Custódia elaborado pelo CNJ não é algo novo ou sem qualquer embasamento 
jurídico, como alguns autores aduzem. Ele veio, finalmente, dar ordem de cumprimento 
para o que já há muito tempo já era legalmente previsto no ordenamento jurídico brasileiro, 
mas nunca foi satisfatoriamente realizado. 
 
Percebe-se uma íntima relação da audiência de custódia com o princípio da 
Dignidade da Pessoa Humana (previsto em nossa Constituição Federal, artigo 1º, inciso 
III), sendo este o preceito fundamental que alimentou a criação do instituto da audiência de 
custódia e todas as demais normas provenientes do Pacto de São José da Costa Rica, dentre 
outros. Tal princípio busca defender a pessoa humana como um ser portador de dignidade, 
merecedor de respeito e das condições mínimas de existência, saúde física e moral. A 
audiência de custódia vem para assegurar esse direito. Ao se obrigar a apresentação do 
preso em até 24 horas ao juízo competente, inibe-se a prática de atos maculadores da 
dignidade, como a tortura, física ou psicológica, maus tratos, e outras agressões a que o 
preso possa ser exposto. 
 
 
 
 
 
23 
 
2. CAPÍTULO II – AUTORIDADE COMPETEMTE 
 
2.1 Autoridade Competente para Presidir a Audiência de Custódia 
 
Conforme a jurisprudência da Corte Interamericana, toda pessoa afetada por 
uma violação de direitos humanos, como a prisão arbitrária, tem direito de obter dos órgãos 
competentes do Estado o esclarecimento dos atos de violação e o estabelecimento das 
responsabilidades respectivas, mediante a investigação e o julgamento de que tratam os 
artigos 8º e 25 da Convenção. 
 
O artigo 25 da Convenção dispõe que: 
 
“Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro 
recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja 
contra atos que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela 
constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal violação 
seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções 
oficiais. ” (Grifou-se) 
 
Porém, o artigo 8º da Convenção dispõe na parte pertinente: 
 
“Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um 
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, 
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal 
formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de 
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza. ” (Grifou-se) 
 
O art. 4º da Resolução 213/2015 determina: 
 
Art. 4º A audiência de custódia será realizada na presença do Ministério 
Público e da Defensoria Pública, caso a pessoa detida não possua defensor constituído no 
momento da lavratura do flagrante. 
 
Por motivos óbvios, os policiais responsáveis pela prisão do custodiado não 
poderão estar presentes na audiência. 
 
 
 
 
24 
 
De acordo com a Corte Interamericana de Direitos Humanos, somente o juiz, 
imparcial e independente, pode presidir a audiência de custódia. Membros do Ministério 
Público ou delegado de polícia não satisfazem essa garantia. 
 
Vale frisar que o juiz (natural do fato) que participa da audiência de custódia 
não fica impedido ou comprometido para o julgamento do fato posteriormente. O juiz 
sempre analisou a legalidade da prisão em flagrante, ao receber a comunicação do auto de 
prisão em flagrante, e nem por isso foi considerado “contaminado”. 
 
A audiência, em regra, deve-se realiza-la na sede do juízo competente, 
conforme estabelecido pela Lei de Organização Judiciária de cada Estado ou Provimento 
dos Tribunais. Normalmente os Tribunais têm destacado juízes especialmente para a 
realização das audiências de custódia, de forma que esse juiz não será o juiz do fato. 
 
A Res. 213/15 do CNJ prevê a possibilidade de o juiz ir até o preso, como, p. 
ex., na hipótese de preso internado em hospital após ser alvejado durante a sua captura. O 
juiz poderia, portanto, realizar a audiência de custódia no Hospital. 
 
O que se pode perceber na audiência de Custódia é que além da busca pela 
proteção aos direitos humanos, pela fiscalização da atividade policial e pela repreensão à 
tortura, o instituto vem propor uma nova mentalidade para a sociedade jurídica. Busca-se 
humanizar o processo, transformar o processo em uma pessoa e trazer toda a complexidade 
daquele ser humano e daquela vida para a audiência. Assim o juiz deixa de apenas ser um 
mero aplicador da lei, ele passa a ser um aplicador da justiça, tendo em suas mãos os meios 
para proporcionar àquele preso uma nova oportunidade, em que o indivíduo não se vê mais 
sozinho contra o Estado, mas sim, amparado pelo Estado em busca de sua recuperação 
como cidadão. 
 
A Audiência de Custódia segue alguns passos, primeiro foi assegurada que ela 
deve ser presidida por um juiz, a autoridade munida de competência para controlar a 
legalidade da prisão. Assim, não cabe ao Delegado de Polícia, ao contrário do que alguns 
defendem, em realizar tal papel, visto que sua função estar em de lavrar o flagrante, 
 
 
 
25 
 
transformando em autos a narrativa dos condutores, e a função de conceder fiança, se for o 
caso, conforme determina o regime da Constituição e do Código de Processo Penal. 
 
Lopes Jr. afirma que: 
 
 Não cabe à autoridade policial deferir liberdade provisória ou medidas 
cautelares diferentes do previsto no artigo 319 do Código de Processo Civil. Para 
isso há reserva de Jurisdição. A polícia judiciária não é órgão do Poder Judiciário 
(é um paradoxo, mas é uma polícia judiciária não subordinada ao Poder 
Judiciário), mas do Executivo. Daí que a alegação de que o Delegado de Polícia 
seria a outra autoridade referida pela Convenção não se sustenta. (LOPES JR., 
2015). 
 
O segundo passo da Audiência de Custódia é garantir a oralidade no controle 
jurisdicional da prisão decorrente do flagrante, de forma que com a concretização do 
contraditório com a participação efetiva de acusação e defesa, seja dada legitimidade à 
decisão do juiz. Dessa forma, não se admite a produção antecipada de provas nem a 
realização de interrogatório, podendoos agentes processuais somente juntar documentos 
para lastrear os respectivos pleitos. (LOPES JR., 2015) 
 
Já no terceiro está relacionado à realização dos atos da audiência, aduz Aury 
Lopes Jr. que o juiz precisa incialmente, averiguar acerca da legalidade da prisão, ou seja, 
se corresponde a uma hipótese válida de flagrante. Depois, percebendo não ser, deve 
relaxá-la, abrindo-se a possibilidade para o Ministério Público requerer a decretação da 
prisão preventiva ou a aplicação de outras medidas cautelares. 
 
Agora se o juiz decidir que se sustentam as razões para o flagrante, o 
Ministério Público também pode se manifestar pelo requerimento da prisão preventiva ou 
pela aplicação de medidas cautelares, ou ainda pode acolher as razões eventualmente 
formuladas pela autoridade policial. Após esses primeiros procedimentos caberão à defesa 
se manifestar acerca dos pedidos formulados pela acusação, sendo que caso não existam 
pedidos formulados por esta, o juiz não pode decretar de ofício, de acordo com o que 
dispõe o art. 311 do Código de Processo Penal, visto que não existirá, nessa hipótese, um 
processo. 
 
 
 
 
26 
 
Para finalizar, havendo requerimentos da acusação, o juiz irá decidir, 
fundamentadamente, sobre a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, e, só se 
averiguar que elas são insuficientes e inadequadas para o caso, irá decretar a prisão 
preventiva. 
 
Ainda existem outras duas questões merecem destaque em relação a Audiência 
de Custódia: se seria cabível a videoconferência nela e se ela poderia ser desmembrada, 
dando-lhe continuidade posteriormente. 
 
Lopes Jr. alerta ainda que: 
 
 A audiência de custódia por videoconferência deve ser exceção e justificada, nos 
mesmos moldes do artigo 185, parágrafo 2º, do CPP. É que o impacto humano 
do contato pessoal pode modificar a compreensão. Não podemos é banalizar o 
uso da videoconferência sob pena de matar um dos principais fundamentos da 
audiência de custódia: o caráter humanitário do ato, a oportunidade do contato 
pessoal do preso com o seu juiz. (LOPES JR., 2015) 
 
A videoconferência poderia ocorrer, por exemplo, com a presença de um 
Defensor no local de custódia, participando conjuntamente do ato ou mesmo estando com o 
conduzido e outro na sala de audiências. Isso diminuiria consideravelmente os gastos e o 
tempo para conduzir o acusado até a audiência. 
 
A Audiência de Custódia inibe a execução de atos de tortura, tratamento cruel, 
desumano e degradante em interrogatórios policiais, que violam os direitos fundamentais 
do cidadão, e apesar das providências tomadas contra estes atos nos últimos anos no Brasil, 
ainda são recorrentes os casos em que a tortura é praticada durante interrogatórios policiais. 
 
Segundo um relato da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, a Audiência 
de custódia pode ser um poderoso instrumento contra o abuso policial de detentos, uma vez 
que permitem aos juízes identificar e ouvir relatos sobre tortura e maus-tratos logo após a 
prisão. No entanto, uma análise de 700 audiências de custódia realizadas em São Paulo no 
ano de 2015, feita pela ONG Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), mostrou 
que os juízes perguntaram aos detidos sobre o tratamento que tiveram sob custódia em 
apenas 40 por cento dos casos, e não tomaram providências em um terço dos 141 casos de 
 
 
 
27 
 
supostos abusos denunciadas. Os juízes encaminharam o restante dos casos às 
corregedorias da polícia civil ou militar. O IDDD não tinha informações sobre os 
resultados de nenhuma investigação realizada pelas corregedorias quando publicou seu 
relatório, em maio de 2016. 
 
O que pode notar é que a audiência de custódia propriamente dita, foi toda 
elaborada à luz dos princípios do Devido Processo Legal, da Celeridade Processual, da 
Motivação das Decisões Judiciais e do Estado de Inocência. 
 
Assim, o Devido Processo Legal, previsto no artigo 5º, LIV da Constituição 
Federal, “consiste em assegurar à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de 
seus bens, sem a garantia de um processo desenvolvido na forma que estabelece a lei 
(Capez, Fernando – Curso de Processo Penal, 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 78) ”. 
 
O princípio da Celeridade Processual assegura “a razoável duração do processo 
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” conforme artigo 5 º LXXVIII, da 
Constituição Federal tal princípio fica compreendido na ideia da audiência de custódia que 
visa à realização de um ato célere e eficaz, buscando a rápida solução da situação 
flagrancial em que se encontra o preso, provendo uma análise rápida e certeira do ato. 
 
E por fim ao proferir uma decisão fundamentada, o juiz obedece ao princípio 
da Motivação das Decisões Judiciais, previsto no artigo 93, IX da Constituição Federal e 
artigo 381 do Código de Processo Penal. 
 
O que se pode afirmar é que há uma consonância entre o novo instituto 
processual e os princípios fundamentais que norteiam o processo penal e todo o 
ordenamento jurídico alicerçando-se generosamente no Texto Constitucional. 
 
2.2 Atos Procedimentais da Audiência de Custódia 
 
O Brasil ocupa o quarto lugar entre os países com o maior contingente de 
pessoas presas, atrás de Estados Unidos da América, China e Rússia. Considerando 
também as prisões domiciliares e em regime aberto, alcançamos o terceiro lugar. 
 
 
 
28 
 
 
 
Os órgãos que atuarão, conjuntamente, para o bom êxito da implementação da 
audiência de custódia são: 
 
 
 
 
29 
 
Poder Judiciário, Poder Executivo, Ministério Público, Defensoria Pública, 
Ordem dos Advogados do Brasil e instituições com atuação no âmbito de justiça criminal. 
 
Antes de ir para a audiência, o preso passa por exame de corpo de delito, com 
médico legista da Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec), e pela identificação 
das impressões digitais. Após a confirmação da identidade, o preso é atendido por uma 
equipe multidisciplinar formada por psicólogas, assistente social e técnica de enfermagem, 
que preenche um formulário chamado plano individualizado de atendimento (PIA). Nesse 
documento, constam informações como o histórico familiar, profissional e de saúde, além 
de encaminhamentos necessários como tratamento para dependência química, atendimento 
psicológico e vaga de emprego no SINE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 CONCLUSÃO 
 
 
A realização da audiência de custódia trouxe avanços civilizatórios para o 
processo penal e humanizou o contato entre o preso em flagrante delito e o magistrado. 
Além de ajustar o ordenamento jurídico pátrio às normas internacionais, a condução do 
flagrado ao Juízo é necessária, pois efetiva a excepcionalidade da prisão provisória e 
garante a aplicação de princípios constitucionais basilares à ciência penal. 
 
A designada audiência de custódia vai ao encontro dos tratados 
internacionais de direitos humanos, ratificados pelo Brasil, que impõem a oitiva da pessoa 
presa, sem demora, por um juiz. Com isso concede uma primeira avaliação do juiz, que vai 
analisar se a prisão é necessária ou poderá permitir a liberdade, com ou sem a exigência de 
outras medidas cautelares. Por outro lado, a oitiva do preso pelo juiz é medida que garante 
a integridade física e moral deste contra eventual ocorrência de tortura ou de maus tratos 
por parte de agentes do Estado. 
 
A audiência de custódia trata-se de um direito fundamental, que traz consigo 
o direito de liberdade, ajudando a evitar a tortura, diminui a superlotação carcerária,e 
garantindo a análise de sua prisão, devendo estar presente para dar um parecer sobre tais 
fatos um juiz, um defensor e um promotor, garantindo ao cidadão um processo justo e 
célere, trazendo paz e conforto para toda sociedade, sabendo que não será punido pela raça, 
religião ou gênero. 
 
Para além de uma mera mudança legislativa, a audiência de custódia é um 
elemento extremamente necessário para o aprimoramento do processo penal brasileiro e o 
melhor desempenho da justiça efetivamente humanitária e respeito aos direitos do preso 
(presumidamente inocentes) em situação cautelar. 
 
A audiência de custódia encontra amparo no Pacto Internacional sobre 
Direitos Civis e Políticos de 1966 e o Pacto de São Jose da Costa Rica (Convenção 
Americana de Direitos Humanos) de 1992. De modo a inserir tal instituto no ordenamento 
jurídico pátrio, foi editada a Resolução n. º 213, do Conselho Nacional de Justiça. 
 
 
 
 
31 
 
O objeto desse trabalho foi analisar a Audiência de Custódia de uma forma 
completa, desde sua origem até seu cumprimento dentro do teor constitucional, juntamente 
com as considerações das convenções internacionais. 
 
Conclui-se que esta medida busca primar pelas garantias individuais, 
evitando a inserção do agente no sistema prisional de forma precoce, dando-lhe a 
oportunidade de ao cumprir as medidas cautelares ter a oportunidade de ser reintegrado à 
sociedade fazendo que o mesmo reavalie sua conduta. 
 
Considerando a relevância do tema, este trabalho apresentou argumentos 
fundamentais para sua análise, como o disposto pelos Direitos Humanos, tornando a 
custódia uma medida primordial, a ser observada pelo Poder Judiciário, assim como uma 
avaliação pelo magistrado das condições da prisão e a aplicação das medidas preventivas, 
caso seja cabível no caso concreto e até a manutenção da prisão preventiva, observando o 
tipo penal e a fundamentação da autoridade policial pela sua manutenção. 
 
A restrição da liberdade é a medida mais gravosa imposta ao cidadão, visto 
que sem a mesma todos os atos necessários para o exercício de sua defesa deverão ser 
interpostos por outrem, logo a avaliação da custódia objetiva evitar um encarceramento 
prematuro e fomenta no judiciário a busca por mecanismos mais efetivos de julgamento e 
ressocialização. 
 
Conforme foi observado, tornou-se imprescindível que na apresentação do 
preso à autoridade judiciária, se verifique se foram respeitados os direitos fundamentais da 
pessoa apreendida, assim o preso deverá estar acompanhado de seu advogado ou defensor 
público e nunca sozinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
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