Buscar

ALIMENTAÇÃO PARA camarões marinhos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

07/03/2018 ALIMENTAÇÃO PARA camarões marinhos
http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/revistas/62/MANUAL62.asp 1/7
 
Alimentação para Camarões Marinhos Parte I
Autor Alberto J. P. Nunes, Ph.D. Gerente Técnico 
Aqüicultura Agribrands do Brasil Ltda.
 albertojpn@agribrands.com.br
Devido à sua extensão, esta matéria será dividida e publicada em 3 partes consecutivas
O cultivo de camarões marinhos é o segmento mais bem sucedido da aqüicultura. Este grupo representa sozinho US$ 6,1
bilhões ou 12% do valor total gerado anualmente pela indústria aqüicola no mundo. Com a atividade estabelecida
comercialmente em mais de 50 países, a produção global de camarões peneídeos em cativeiro cresceu 82% desde 1984, e já
responde por quase a metade (47%) do volume total extraído pela pesca.
 
No Brasil, a carcinicultura marinha é hoje uma das atividades agroindustriais mais atrativas economicamente. Somente nos últimos 4 anos,
este setor vem registrando uma taxa média de expansão territorial da ordem de 20% ao ano . Em 2000, com uma crescente demanda e
um valor econômico em ascensão, a produção nacional de camarões marinhos cultivados alcançou 25 mil ton. Historicamente, este rápido
avanço pode ser associado a dois fatores: a introdução do camarão branco Penaeus vannamei1 e a produção no país de uma ração
formulada de alta qualidade para camarões marinhos.
Uma compreensão mais aprofundada sobre os requerimentos nutricionais dos camarões cultivados e melhorias na tecnologia de produção
de rações, têm contribuído de forma significativa para este expressivo crescimento. O uso de rações balanceadas é hoje amplamente
difundido em sistemas semi-intensivos e intensivos, já sendo possível alcançar níveis médios de produtividade de 4,0 ton/ha/ano no Brasil.
Contudo, não muito diferente de outros segmentos da aqüicultura, na carcinicultura marinha a otimização das práticas de manejo alimentar
continua impondo um enorme desafio. A grande dimensão dos viveiros de cultivo, combinado com a pouca visibilidade da água e a
distribuição desuniforme de camarões em viveiros, dificultam estimativas precisas da população cultivada. O apetite dos camarões sofre
influências de fatores como muda, idade dos indivíduos, qualidade da água, intensidade de luz, disponibilidade de alimento natural, entre
outros. Todas estas condições, típicas de um viveiro de produção de camarão, acrescentam dúvidas ao já complicado processo de
alimentação dos peneídeos.
Em um momento em que os carcinicultores tentam maximizar suas produtividades, evitando ao mesmo tempo problemas ambientais
decorrentes de uma alimentação em excesso, a adoção de estratégias avançadas de manejo alimentar torna-se fundamental. Este manual
oferece aos produtores, informações atualizadas sobre a alimentação dos peneídeos, enfatizando as práticas e técnicas de manejo
alimentar empregadas na carcinicultura marinha.
1Uma mudança na nomenclatura dos camarões Penaeoidea foi proposta recentemente (Pérez-Farfante e Kensley 1997), mas ainda
não foi amplamente aceita. A classificação taxonomica adotada neste manual está de acordo com Pérez-Farfante (1988) e Dall et al.
(1990).
07/03/2018 ALIMENTAÇÃO PARA camarões marinhos
http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/revistas/62/MANUAL62.asp 2/7
 Fig1 - Vista ventral dos principais apêndices externos de um camarão peneídeo, utilizados durante a alimentação
Aspectos Biológicos
O Sistema Alimentar dos Camarões
O desenvolvimento da carcinicultura marinha levou a uma melhor compreensão sobre a anatomia e as funções do sistema alimentar dos
camarões peneídeos. Este sistema abrange funções que vão da ingestão do alimento, passando pelo transporte, absorção e
armazenamento de nutrientes até a mecânica digestiva, a hidrólise química e a excreção de dejetos.
Anatomicamente, o sistema alimentar dos camarões é complexo. Na parte externa, localizados ventralmente, encontram-se a boca e os
apêndices torácicos (Fig. 1). Na boca estão as várias estruturas (mandíbulas, maxilas) que servem para dilacerar o alimento capturado e
permitir a ingestão. Próximo a boca, encontram-se também 3 pares de maxilípedes. Os apêndices torácicos são constituídos por 5 pares de
pereiópodos. Geralmente, somente o 3º par de maxilípedes e os três primeiros pares de pereiópodos (os únicos que possuem quelas)
participam da apreensão, manipulação e condução do alimento até a boca, enquanto os dois últimos pares permitem o equilíbrio do animal
durante a alimentação, funcionando também na locomoção e detecção de alimentos enterrados. A localização e o reconhecimento do
alimento são feitos principalmente pelas antenas e antênulas.
Internamente os camarões peneídeos possuem um curto esôfago e um pequeno estômago (proventriculo), este último dividido em dois
compartimentos: o anterior, denominado de estômago cardíaco ou “saco alimentar”; e o posterior, chamado de estômago pilórico (Fig. 2).
Estas duas regiões são separadas apenas por uma pequena constrição. No estômago pode ser observado um espesso revestimento
quitinoso com elementos calcáreos, alguns dos quais formam dentes que constituem o moinho gástrico. Este moinho lida com a mastigação
e compressão do alimento ingerido. No estômago pilórico são observadas cerdas que auxiliam na filtração do quimo ou fluido alimentar.
07/03/2018 ALIMENTAÇÃO PARA camarões marinhos
http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/revistas/62/MANUAL62.asp 3/7
 Fig.2 ilustração do sistema alimentar interno dos camarões peneídeos (fonte: Dall et al. 1990). B, boca; ESO, esôfago; PROV, proventrículo (estômago); GD, glândula digestiva; IN,
intestino; R, reto; A, anus.
A glândula digestiva, às vezes chamada de hepatopâncreas, atua na produção de enzimas digestivas utilizadas na degradação química do
alimento. Este é um dos órgãos mais importantes do sistema digestivo dos peneídeos, podendo representar de 2% a 6% do peso corporal
de um animal. A glândula digestiva funciona também na absorção e armazenamento de nutrientes, utilizados na construção de novos
tecidos. No intestino o material fecal é compactado, transportado para o reto e ânus, onde ocorre a excreção. Inúmeras partes do sistema
alimentar interno dos camarões podem ser identificadas, expondo um animal contra a luz.
A Detecção, o Consumo e a Digestão
Os camarões peneídeos se alimentam movendo-se vagarosamente sobre o substrato. A visão é rudimentar em crustáceos, sendo o
alimento detectado por estruturas quimiosensitivas localizadas nas extremidades do corpo do animal, em antênulas, peças bucais, quelas,
antenas e maxilípedes. A detecção do alimento é estimulada por baixas concentrações de compostos orgânicos liberados na água, como
aminoácidos (arginina e glicina) e compostos ricos em ácidos graxos insaturados.
O processo de procura do alimento ocorre com a movimentação lateral e contínua dos três primeiros pares de pereiópodos, que apreendem
e conduzem o alimento até a boca. No caso de grandes partículas, essas são conduzidas até o 3º par de maxilípedes para trituração e
então à boca, enquanto pequenas partículas são postas diretamente em uma cavidade pré-oral. Partículas não digeríveis, como grãos de
areia e silte, são geralmente rejeitadas, embora alguns itens possam ser consumidos para auxiliar no processo digestivo.
A ingestão ocorre rapidamente, podendo um estômago vazio ser enchido até sua capacidade máxima em menos de 10 minutos. Os picos
de alimentação são geralmente separados por períodos de abstenção alimentar de aproximadamente 40 minutos, mas o consumo pode
ocorrer enquanto a última refeição ainda está sendo digerida. A digestão inicia-se logo depois que o alimento entra no estômago, onde há a
adição de enzimas secretadas pela glândula digestiva, a trituração e a absorção de nutrientes. As enzimas digestivas alcançam rapidamente
o estômago pilórico e depois o cardíaco, auxiliando no processo mecânico do moinho gástrico. No estômago pilórico,o alimento moído é
filtrado e separado de itens maiores. O resultado é uma mistura que aparenta um fluido, o qual é subseqüentemente absorvido pela
glândula digestiva.
O alimento ingerido é completamente evacuado do estômago dentro de 2 h a 4 h (Cockcroft e McLachlan 1986; Hentschel e Feller 1990;
Nunes e Parsons 2000a), podendo alcançar os tecidos 1 h após a ingestão, com uma absorção completa ocorrendo entre 4 h e 6 h. A
saciedade alimentar flui de forma progressiva na medida em que o alimento é digerido e absorvido, as reservas energéticas aumentam, e a
capacidade máxima de armazenamento da glândula digestiva é atingida.
Os Hábitos Alimentares
07/03/2018 ALIMENTAÇÃO PARA camarões marinhos
http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/revistas/62/MANUAL62.asp 4/7
Os camarões peneídeos consomem praticamente tudo que está presente no ambiente. A sua dieta natural abrange três grupos principais:
as algas, os detritos e as presas. A quantidade relativa de cada item consumido depende da sua disponibilidade no ambiente, além do
estágio de crescimento e espécie de camarão cultivada. Os peneídeos são classificados como onívoros durante seus estágios iniciais de
desenvolvimento, alimentando-se de fitoplâncton e mudando para zooplâncton ao atingir o estágio pós-larval. Os juvenis são descritos
como onívoros e os adultos como onívoros, detritívoros, oportunistas, carnívoros ou predadores, alimentando-se continuamente ou
freqüentemente durante períodos de atividade alimentar. O modo de alimentação predominante na fase juvenil e adulta é o bentônico.
Apesar de algumas espécies terem desenvolvido tendências mais carnívoras, e.g., Penaeus stylirostris comparado ao P. vannamei, outras
possuem um hábito alimentar mais herbívoro, e.g., P. schmitti, P. aztecus e P. duorarum. Em alguns peneídeos o comportamento alimentar
herbívoro é mais pronunciado em indivíduos jovens, como já foi observado no P. monodon, P. esculentus e P. subtilis. Em viveiros,
poliquetas, anfípodos, copépodos, restos de outros decápodos e de diferentes crustáceos, foraminíferos, nematóides, moluscos, dentre
outros, são consumidos em grandes quantidades durante toda fase de crescimento. Sozinhas, as poliquetas podem contabilizar até 33% da
dieta de algumas espécies de peneídeos durante um ciclo de cultivo. Em geral, a biomassa desses organismos no viveiro, reduz de forma
proporcional a densidade e a atividade alimentar exercida pelos camarões.
Detrito, composto de material orgânico em decomposição, é uma importante fonte alimentar para os camarões. Sua importância resulta da
associação de partículas orgânicas em decomposição com bactérias, o que aumenta seu valor nutricional. Juntamente com sementes,
macrofitas aquáticas e algas, estes alimentos podem compreender de 35% a 50% do conteúdo estomacal dos camarões nos 30 dias iniciais
da engorda. Itens de origem mineral, como areia e silte, constituem de 6% a 9% de todo alimento consumido durante o ciclo de produção.
Os minerais são considerados como alimentos acidentais e a ocorrência destes itens na dieta dos peneídeos está provavelmente associada
ao consumo de outros alimentos presentes em viveiros, como peletes fecais, restos de plantas e presas bentônicas, os quais geralmente
contém um certo número de grãos de areia presos a suas estruturas. O valor nutricional de alguns alimentos que constituem a dieta
natural dos camarões peneídeos é apresentado a seguir na tabela 1.
Tabela 1 - Análise bromatológica de presas do camarão Penaeus esculentus. Dados apresentados como percentual (%) do peso seco. Adaptado de Dall et al. (1991).
 
Os Requerimentos Nutricionais
Seis classes importantes de nutrientes são encontradas em rações para animais, incluindo aquelas para camarões. Estas são: proteínas,
lipídeos, carboidratos, vitaminas, minerais e água. Destas substâncias, algumas são utilizadas para a construção e manutenção dos tecidos,
enquanto outras, para o suprimento de energia. Os componentes das proteínas, determinados tipos de lipídeos, minerais e água, são
usados como materiais estruturais. Carboidratos, lipídeos e proteínas podem ser oxidados para prover energia, enquanto os minerais e as
vitaminas solúveis na água funcionam como componentes funcionais de coenzimas em sistemas bioquímicos.
07/03/2018 ALIMENTAÇÃO PARA camarões marinhos
http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/revistas/62/MANUAL62.asp 5/7
Nutrientes essenciais são aqueles que o camarão tem um requerimento dietético absoluto e são incapazes de sintetizar de outros
ingredientes. Os animais cultivados em sistemas intensivos, alimentados com rações faltando ou contendo níveis insuficientes de nutrientes
essenciais, podem exibir um crescimento deficiente, deformidades ou serem susceptíveis a doenças. Esses nutrientes essenciais incluem
certos aminoácidos e ácidos graxos, colesterol, fosfolipídeos, a maioria das vitaminas e alguns minerais. Em sistemas semi-intensivos, os
camarões obtêm muitos desses nutrientes essenciais, de organismos que ocorrem naturalmente em viveiros.
Muitas espécies de camarões peneídeos possuem um hábito alimentar tipicamente carnívoro e têm um alto requerimento dietético por
proteínas. Os requerimentos protéicos variam entre as espécies, situando-se entre 30% e 60% (Tabela 2). Entretanto, os níveis
recomendados de proteína para rações utilizadas em sistemas semi-intensivos estão entre 30% e 35%, derivadas de fontes vegetais e (ou)
animais.
Rações para camarões contêm geralmente entre 8% e 10% de lipídeos. Apesar dos requerimentos por ácidos graxos essenciais não terem
sido ainda totalmente definidos, aparentemente existe um requerimento por ácidos graxos das séries linoleicas e linolénicas. O colesterol,
um precursor vital dos hormônios do sexo e do processo de muda, e um constituinte do exoesqueleto, é requerido em níveis dietéticos
entre 0,5% e 1,25% da dieta total. Óleos de invertebrados marinhos (lula, camarões ou moluscos) são fontes ricas em colesterol, os quais
os peneídeos são incapazes de sintetizar. Rações para camarões são também suplementadas com fosfolipídeos. Os fosfolipídeos dietéticos
(e.g., lecitina) têm demonstrado melhorar tanto o crescimento como a sobrevivência de camarões cultivados.
Tabela 2 - Requerimento protéico de diferentes espécies de peneídeos. Adaptado de Guillaume (1997).
 
Este artigo continua nas duas próximas edições. As referências bibliográficas podem ser solicitadas diretamente ao autor através do e-mail: albertojpn@agribrands.com.br
 
Edição 63: 
 Desenvolvendo um Plano Alimentar
 – Os fatores que afetam o consumo: o alimento natural; a qualidade da água; a qualidade da ração; o tamanho do camarão; a atividade de muda. 
 Edição 64: 
 – A freqüência alimentar
 – Os horários de alimentação
 – Os locais de distribuição 
 – Os métodos de arraçoamento: bandejas de alimentação; lanço ou voleio. 
 Ajustando as Taxas de Alimentação 
 - O ajuste por meio de bandejas
 - Método das tabelas de alimentação 
 Armazenando a Ração
07/03/2018 ALIMENTAÇÃO PARA camarões marinhos
http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/revistas/62/MANUAL62.asp 6/7
07/03/2018 ALIMENTAÇÃO PARA camarões marinhos
http://www.panoramadaaquicultura.com.br/paginas/revistas/62/MANUAL62.asp 7/7

Outros materiais