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ESTAGIO NÃO ESCOLAR

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ISSN 2176-1396 
 
 
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA EM 
ESPAÇOS NÃO ESCOLARES COMO LÓCUS DE PESQUISA: NOVAS 
CONFIGURAÇÕES, VELHOS DESAFIOS 
 
Joseval dos Reis Miranda1 - UFPB 
 
Grupo de Trabalho - Práticas e Estágios nas Licenciaturas 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo: 
 
Este artigo originou-se de nossa experiência e pesquisa que buscou analisar e socializar 
nossas práticas e também as nossas reflexões sobre o Estágio supervisionado como lócus de 
pesquisa em espaços não escolares. Tivemos como objetivo geral analisar o estágio 
supervisionado em espaços não escolares como espaço de pesquisa para a formação do 
pedagogo e como objetivo específico analisar as possibilidades e os desafios frente à 
realização do estágio em espaço não escolar no curso de Pedagogia. Esse trabalho pautou-se 
na contribuição teórica e metodológica de autores como Sanz Fernández (2006), Pimenta 
(2014), Libâneo e Pimenta (1999), Zabalza (2014), Silva e Miranda (2008), Lima (2012), 
Frison (2004, 2006), André (2005, 2006, 2012) e outros que fizeram a tessitura dos eixos 
estágio, pedagogia, pesquisa e espaço não escolar. Ainda pautamos nossas reflexões nas 
informações advindas de observações participantes, da análise documental das diretrizes 
curriculares do curso de Pedagogia e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 
9394/96. Os resultados das reflexões acerca do campo do estágio supervisionado no espaço 
não escolar mostram que é possível oferecer uma proposta de vivência pedagógica 
diferenciada criando possibilidades de atuação; ratificam a necessidade desse espaço de 
estágio para a formação profissional e para a construção da identidade docente do pedagogo 
diante das demandas da contemporaneidade; mostram o quanto já avançamos em 
possibilidades de atuação e de aberturas para estágio nos espaços não escolares para o 
pedagogo. Enfim, a nossa expectativa é que as ponderações aqui mencionadas provoquem 
“novas” reflexões/socializações, com vistas ao aperfeiçoamento e à criação de novas 
possibilidades e configurações para o estágio supervisionado em espaços não escolares. 
 
Palavras-chave: Estágio supervisionado e pesquisa. Pedagogia. Espaço não escolar. 
 
1 Doutor em Educação e professor da Universidade Federal da Paraíba – Centro de Ciências Aplicadas e 
Educação, Departamento de Educação. E-mail: josevalmiranda@yahoo.com.br 
 
36943 
 
 
Primeiras palavras... 
Na atualidade percebemos os avanços da sociedade em vários campos do saber e nas 
suas várias dimensões. Ao pensarmos no que diz respeito à área da educação, presenciamos 
expansão da educação, ampliação da Educação Básica, movimentos em prol da Educação e da 
escola pública, maior produção intelectual, maior organização dos profissionais da educação, 
entre outros aspectos. Entretanto, ainda somos testemunhas da precária e frágil formação dos 
professores, da descontinuidade ou da falta de políticas públicas educacionais, bem como 
altas taxas de fracasso escolar. 
Diante disso, a nossa reflexão no presente artigo busca trazer elementos que 
contribuam para a discussão da formação no curso de Pedagogia, tendo como tema central da 
nossa análise as questões do estágio supervisionado como lócus de pesquisa em espaços não 
escolares. Inicialmente apresentamos algumas considerações sobre o estágio supervisionado 
como espaço de pesquisa. Em seguida, tecemos ponderações sobre o espaço não escolar para 
logo mais apresentarmos possibilidades de atuação nesse espaço para o curso de Pedagogia. 
Assim, esperamos que a leitura do presente artigo possa favorecer a construção e 
reconstrução de conhecimento para o campo de estágio supervisionado em espaços não 
escolares, pois são reflexões que vêm se tornando uma exigência para o fazer docente frente 
às demandas da contemporaneidade. 
Reflexões sobre o estágio Supervisionado 
Nunca se falou tanto em educação e acerca do processo de escolarização como nas 
últimas décadas. Assuntos como Plano Nacional de Educação, formação de professores, 
Currículo e Base Nacional Comum, escola de tempo integral e outros constituem-se temas 
atuais da agenda educacional brasileira. Todos esses aspectos possuem uma íntima relação 
com a formação de professores e necessitam ser repensados com urgência. 
Repensar a formação de professores é imprescindível. Porém, alguns elementos 
fundamentais devem ser mencionados como o currículo da formação de professores, as 
disciplinas pedagógicas desse currículo e também o local do estágio supervisionado nesses 
cursos de formação. 
Aqui, neste texto, tomamos como ponto específico das reflexões as questões do 
estágio supervisionado entendido como momento de tomada de conhecimento, vivência, 
pesquisa, reflexão e avaliação sobre a prática pedagógica por parte do estudante da 
36944 
 
 
licenciatura, tanto para aqueles que ainda não têm contato com o trabalho pedagógico como 
professores, como também para aqueles que já são docentes. Contudo, para aqueles que já 
exercem a docência, o estágio supervisionado é um momento mais singular, ainda de se 
repensar, de reconstruir e de “experienciar” as suas práticas pedagógicas. Nesse sentido, são 
oportunas as palavras de Bondía (2002, p. 25) sobre o sujeito da experiência: 
O Sujeito da experiência é um sujeito ‘ex-posto’. Do ponto de vista da experiência, o 
importante não é nem a posição (nossa maneira de pormos), nem a ‘o-posição’ 
(nossa maneira de opormos), nem a ‘pro-posição’ (nossa maneira de propormos), 
mas a ‘ex-posição’, nossa maneira de ‘expormos’, com tudo o que isto tem de 
vulnerabilidade e de risco. Por isso é in capaz de experiência aquele que se põe, ou 
se opõe ou se impõe, ou se propõe, mas não se ‘ex-põe’. É incapaz de experiência 
aquele a quem nada lhe sucede, a quem nada o toca, nada lhe chega, nada o afeta, a 
quem nada o ameaça, a quem nada ocorre. 
Dessa forma, entendemos o estágio como momento da exposição para a construção de 
saberes e de práticas pedagógicas. Contudo, temos presenciado nos últimos anos, por meio da 
atuação no curso de Pedagogia e também em outras licenciaturas, que, quando é chegada a 
hora da realização do estágio supervisionado, há estudantes que buscam de qualquer maneira 
serem dispensados da prática de estágio e “fogem” dessa atividade o máximo que podem, 
talvez por insegurança nos aspectos teóricos e metodológicos da própria constituição docente 
vivenciados durante o currículo da própria formação. 
Não estamos nos referindo à Resolução CNE/CP nº 2 de 19/02/2002, que menciona, 
no Parágrafo Único do seu Art. IV, que o estudante que exerce atividade docente na Educação 
Básica poderá reduzir até 200 horas de atividades de estágio. Evidente que a resolução citada 
estabelece o direito ao aproveitamento das atividades exercidas pelos estudantes para a 
redução das horas de estágio, mas isso não significa que haja a possibilidade da não realização 
do estágio ou, nem mesmo, que seja possível “pular” etapas dos estágios durante o seu curso 
de formação. 
Desse modo, pensar o estágio supervisionado na atualidade nos cursos de formação de 
professores requer dos professores formadores olhares sensíveis para as demandas emanadas 
de uma sociedade, tanto para as questões de ensino quanto para as de aprendizagens. É 
preciso repensar ainda os espaços formativos de estágio, entre eles os não escolares; pensar os 
agentes do estágio e as contribuições do estágio para todos os envolvidos (escolas, espaços 
não escolares, estudantes, professores formadores e universidade). 
36945 
 
 
Refletir sobre o campo do Estágio Supervisionado implica também pensar essemomento formativo do estudante, a fim de ampliar a sua consciência sobre a própria prática, 
valorizando a docência, seja ele já um profissional docente ou não, pois 
 [...] valorizar o trabalho docente significa dotar os professores de perspectivas de 
análise que os ajudem a compreender os contextos de análise que os ajude a 
compreender os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais nos quais se 
dá sua atividade docente (PIMENTA, 2014, p. 14). 
Nesse sentido, entendemos o estágio como um espaço na formação do estudante, não 
só para o exercício futuro da profissão, uma vez que é necessário viver o presente da/na vida 
acadêmica, desenvolvendo as várias dimensões da formação humana, social, política, 
histórica, afetiva, cultural, entre outras. São oportunas as palavras de Zabalza (2014, p. 99), 
pois para ele: 
[...] o estágio permite completar as aprendizagens disciplinares e enriquecê-las 
mediante a possibilidade de aplica-las em contextos profissionais reais. Porém, junto 
a isso, incorporam-se a formação outros elementos que têm a ver com a atitude 
intelectual, com a capacidade de trabalho em equipe, a capacidade de adaptar-se a 
situações novas e, às vezes, exigentes, a capacidade de comprometer-se e assumir 
responsabilidades, a capacidade de idealizar e empreender, entre outros. 
Diante disso, não podemos só pensar, de forma reducionista, o estágio como puro e 
simples preparo mecanicista e repodutivista para o trabalho. Segundo Lucena e Pimenta 
(2004), uma das concepções acerca do estágio supervisionado perpassa pela prática como 
imitação de modelos, sendo esta uma concepção na qual o ensino e a realidade apresentam-se 
estáticos, imutáveis e que o estagiário valoriza os instrumentos consagrados. Desse modo, 
apensar de tantas produções na área do estágio supervisionado, não seria difícil encontrarmos 
práticas de estágio acontecendo nesses moldes. 
A partir das produções de Lucena e Pimenta (2004, p.36), Piconez (2006, p.30), 
Miranda (2008, p.43), é imprescindível pensar o estágio como: 
 Tempo de aprendizagem. 
 Supõe uma relação pedagógica entre alguém que já é profissional. 
 Momento de formação profissional. 
 Possibilita a profissionalização do estagiário (a). 
 Como campo de constituição da identidade docente. 
 Como eixo integrador da relação teoria – prática. 
 Como espaço de articulação entre os componentes do curriculares da formação 
do estagiário (a). 
 Espaço de aquisição de experiências novas e novas construções e 
ressignificações teóricas-metodológicas. 
 Espaço problematizador da prática pedagógica. 
 Possibilidade de conhecer o cotidiano da escola e as suas singularidades. 
36946 
 
 
 Aproximação da realidade escolar. 
Assim, diante dessas evidências, podemos afirmar que a riqueza formativa do estágio 
consiste em possibilitar ao estudante: a aproximação do mundo da profissão à sua cultura, a 
compreensão do sentido e da natureza do trabalho a ser desenvolvido, a aquisição de 
conhecimentos e habilidades, reforçando ou modificando suas atitudes frente à constituição da 
sua identidade docente, seja no espaço escolar ou não escolar. 
Compreendendo o espaço não escolar como possibilidade de estágio 
Pensar o espaço não escolar como possibilidade de estágio para o curso de Pedagogia 
não é tão recente, porém a Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, que institui as 
diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia, apresenta e oficializa, em vários de seus 
artigos, a possibilidade de atuação em espaços não escolares. 
Nesse contexto, é preciso assinalarmos que por espaço não escolar entendemos que 
seja aquele local diferente da organização do ambiente escolar formal, mas onde pode 
também ocorrer uma ação educativa. Essa educação não escolar acontece fora dos muros da 
escola, com marcadores diferenciados, como por exemplo: objetivos, conteúdos, 
metodologias, técnicas, processos de avaliação e acompanhamento, sujeitos e recursos 
envolvidos. Já a educação formal utiliza padrões definidos e legitimados institucionalmente, 
como: presença e papel do professor, do currículo escolar, diretrizes e legislações específicas, 
metas, tempos, espaços, conteúdo específicos, obrigatoriedade, entre outros (SANZ 
FERNÁNDEZ, 2006). 
Nesse sentido, ainda que no que diz respeito ao espaço não escolar, o tempo das 
aprendizagens torna-se mais fluido e flexível, havendo respeito às diferenças e às capacidades 
de cada sujeito envolvido no processo. Criam, recriam-se os múltiplos espaços e tempos para 
as aprendizagens. É evidente que não se trata de colocar uma oposição entre o espaço formal e 
o não formal de educação, mas possibilitar e conhecer melhor as potencialidades do espaço 
não escolar em benefício das aprendizagens de todos e todas. 
Segundo Frison (2006, p. 07) 
[...] Entende-se por espaços não escolares a atividade educacional organizada e 
sistemática, realizada fora do sistema de ensino formal, visando proporcionar 
aprendizagem sistemática e continuada a educandos trabalhadores que foram assim 
denominados porque além de executarem tarefas do trabalho estão em constante 
processo de formação e aprendizagem no local de trabalho. 
36947 
 
 
Dessa forma, com base em Sanz Fernández (2006), convém ressaltarmos alguns 
elementos que podem ser estruturantes para o planejamento, para a execução e para a 
avaliação de ações e práticas de estágio no espaço não escolar: 
a) os agentes educativos - na conjuntura da educação não escolar, outros agentes 
educativos podem desempenhar esse papel, além do professor. Tudo isso, 
dependerá do contexto, por exemplo em locais como museus, jardins zoológicos, 
empresas etc. 
b) Conteúdos de aprendizagens não formal - são os conteúdos que não obedecem a 
uma prescrição do currículo escolar e não foram institucionalmente definidos no 
âmbito das disciplinas escolares. Os estudantes buscam conhecer e aprender pelo 
próprio interesse, pela curiosidade e pelo desejo sobre o assunto. 
c) Espaços não escolares de aprendizagens – espaços válidos para as aprendizagens, 
cuja função “não é a educação formal e nem lugares institucionalizados” 
(JACOBUCCI, 2008, p. 57). Ainda segundo Jacobucci (2008), esses espaços não 
escolares de atuação podem ser institucionais e não institucionais. Assim, temos: 
 Institucionais: museus, estação ciências, empresas, hospitais e outros. 
 Não institucionais: parques, praias, feiras e outros. 
d) O tempo – o calendário na educação não escolar não obedece a uma estruturação 
ou a limites definidos como acontece na educação formal. O tempo na educação 
não escolar não se reduz a um período determinado, pois existe a possibilidade de 
o ser humano nesses vários contextos de educação não escolar estar 
ressignificando saberes, impressões, representações, sentimentos e reações. Cada 
sujeito cria e vive o seu calendário de aprendizagens. 
e) Recursos nos espaços não escolares de aprendizagens – outros recursos para além 
dos livros e textos poderão ser utilizados nessa modalidade de educação. A 
utilização dependerá do espaço não escolar a ser trabalhado e da finalidade do 
estudo e das aprendizagens. 
f) Avaliação – sempre presente na vida do ser humano, não poderia ser diferente no 
espaço não escolar. Nesse contexto, a avaliação assume um caráter participativo, 
no qual todos os envolvidos podem opinar, é processual e pode ocorrer de forma 
individual e/ou coletiva. Podem ser utilizados instrumentos/procedimentos 
avaliativos como observação, registros, construção da memória e outros. 
36948 
 
 
Desse modo, o espaço não escolar, como campo e local de estágio para o pedagogo, 
busca solidificar um espaço de atuação para esse profissional. Não simplesmentepara ocupar 
uma função, mas para desempenhar, com respaldo teórico e metodológico, ações educativas 
em contextos não escolares. Significa conceber, planejar, desenvolver, avaliar e reorganizar 
ações do trabalho pedagógico nos contextos não escolares, as quais, muitas vezes, demandam 
o trabalho coletivo, o pensar e o agir de forma interdisciplinar. Diante disso, Frison (2006, p. 
24) pontua; 
O Trabalho do pedagogo nos espaços não-escolares, no mundo contemporâneo, 
parte de pressupostos mais exigentes e complexos do que os das décadas passadas, 
demanda outras ações, embasadas em outro paradigma, porque estes ambientes 
educativos encontram-se sob forte pressão, exigem respostas alternativas e rápidas e 
privilegiam a lógica da aprendizagem auto-regulada. 
Ainda segundo Frison (2006, p.24), é preciso também pensar o perfil do pedagogo 
para atuar no espaço não escolar, pois 
[...] o perfil profissional não se configura mais pelas tarefas ou atividades exercidas 
isoladamente. Os desafios e problemas interdependentes encontrados, neste início de 
milênio, sinalizam a necessidade de encontrar soluções coletivas que possam 
beneficiar o maior número possível de pessoas. 
Assim, o estágio como componente curricular da formação profissional, aqui em 
especial no espaço não escolar, 
[...] possibilita pôr em prática muitas competências profissionais genéricas que 
fazem parte do catálogo de aprendizagens que correspondem à formação 
universitária: a observação, a análise das situações, a narração-descrição-análise das 
experiências, a apresentação de resultados, entre outros. Fazer as práticas não é sair 
da universidade para fazer qualquer coisa. É continuar aprendendo em um contexto 
não acadêmico (ZABALZA, 2014, p.115). 
Desse modo e diante do que foi mencionado, é preciso redimensionar o estágio como 
um espaço e tempo para as aprendizagens, buscando uma relação dialético-dialógica com 
alguém que já é profissional, possibilitando dessa maneira a profissionalização do estagiário, 
pois o período de estágio também se configura como um espaço de construção da identidade 
docente no espaço não escolar. 
36949 
 
 
O curso de Pedagogia e as suas possibilidades de inserção nos espaços não escolares 
Corroboramos o pensamento de Libâneo e Pimenta ao afirmarem que a Pedagogia é 
mais ampla que a docência e também por compreender as inúmeras possibilidades de atuação 
do pedagogo ao abranger outras instâncias para além da sala de aula. 
Nesse sentido, Libâneo e Pimenta (1999, p. 252) ressaltam que: 
A Pedagogia é uma reflexão teórica baseada nas práticas educativas e sobre elas. 
Investiga os objetivos sociopolíticos e os meios organizacionais e metodológicos de 
viabilizar os processos formativos em contextos socioculturais específicos. Todo 
educador sabe, hoje, que as práticas educativas ocorrem em muitos lugares, em 
muitas instâncias formais, não-formais, informais. Elas acontecem nas famílias, nos 
locais de trabalho, na cidade e na rua, nos meios de comunicação e, também, nas 
escolas. Não é possível mais afirmar que o trabalho pedagógico se reduz ao trabalho 
docente nas escolas. A ação pedagógica não se resume a ações docentes, de modo 
que, se todo trabalho docente é trabalho pedagógico, nem todo trabalho pedagógico 
é trabalho docente. Por exemplo, o MST faz um trabalho pedagógico, mas não 
necessariamente um trabalho docente, a não ser quando reúne suas crianças nas salas 
de aula para a escolarização formal ou os militantes para estudar o aprimoramento 
de práticas agrícolas, os direitos trabalhistas de lavradores etc. 
Ao compreendermos as várias possibilidades de atuação do pedagogo e as demandas 
para esse profissional na contemporaneidade, é que ratificamos a necessidade de uma 
formação teórica e metodológica consistente para uma atuação coerente e com qualidade 
social para todos e todas. Frison (2004, p. 88) menciona sobre as transformações sociais e o 
entendimento sobre a atuação nos espaços não escolares: 
[...] na escola, na sociedade, na empresa, em espaços formais ou não formais, 
escolares ou não escolares, estamos constantemente aprendendo e ensinando. Assim, 
como não há forma única nem modelo exclusivo de educação, a escola não é o único 
em que ela acontece e, talvez, nem seja o mais importante. As transformações 
contemporâneas contribuíram para consolidar o entendimento da educação como 
fenômeno multifacetado, que ocorre em muitos lugares, institucionais ou não, sob 
várias modalidades. 
Ainda acrescenta sobre a atuação de pedagogo no espaço não escolar, ressaltando que: 
Nos Espaços não-escolares, um dos desafios que se impõe ao pedagogo é 
desenvolver projetos voltados para o desenvolvimento de capacidades, de 
competências e de técnicas que tenham como ênfase a formação e a atualização dos 
sujeitos. O bom aproveitamento das estratégias de aprendizagem requer um sistema 
de auto-regulação fundamentado na reflexão crítica, na tomada de decisão, a partir 
do diálogo consigo mesmo e com a realidade. Nesta perspectiva, o pedagogo 
trabalha com o desenvolvimento de competências técnicas capazes de (re) orientar e 
potencializar a ação dos sujeitos. Esta ação implica participação do sujeito que é 
provocado a pensar sobre sua aprendizagem, que tem consciência de si mesmo e das 
necessidades do mundo que o rodeia. É importante desenvolver estratégias para 
sinalizar a necessidade de atualização constante. (FRISON, 2006, p. 25). 
36950 
 
 
Nesse sentido, a partir da nossa experiência e de pesquisas no desenvolvimento do 
estágio em espaços não escolares, das leituras e de estudos nessa área, podemos mencionar 
como possíveis campos de atuação de pedagogos: empresas, hospitais, sindicatos, Detran, 
abrigo de idosos, jardins zoológicos, praças, praias, museus, estação ciência, movimentos 
sociais, presídios, projetos culturais e/ou comunitários, centros culturais e outros. 
Vale ressaltar que em todos esses campos do exercício profissional, o pedagogo irá 
desenvolver funções nas quais ele buscará respaldo no campo de conhecimento da Pedagogia. 
Ou seja, desenvolvendo ações pedagógicas, por meio do planejamento, do acompanhamento, 
da execução e da avaliação de projetos, programas ou políticas de cunho pedagógico. Não 
apoiamos qualquer ação que seja caracterizada como desvio de função do pedagogo nesses 
espaços não escolares. 
Não poderíamos deixar de ressaltar a importância do trabalho interdisciplinar que o 
pedagogo poderá coordenar nesse espaço não escolar. Através da parceria e do trabalho 
coletivo, o pedagogo poderá contribuir para o desenvolvimento de ações pedagógicas nesses 
espaços. Entretanto, como a atuação do pedagogo em espaços não escolares é uma atividade 
recente, temos encontrados muitos empecilhos para a realização de estágios, tais como: a 
visão restrita de que pedagogo só deve estar na sala de aula, a falta de confiança na formação 
do pedagogo para atuar em espaços não escolares, o preconceito com o curso de Pedagogia e 
outros. 
Vale salientarmos que é importante, no estágio em espaço não escolar, conceber a 
realização desse estágio também como espaço de pesquisa. Pesquisar o cotidiano do espaço 
não escolar não é a mesma coisa que desenvolver uma pesquisa de cunho acadêmico ou 
cientifico, porém requer da formação do pedagogo, uma vez que 
[...] a concepção de professor-pesquisador apresenta formas concretas de 
articulação, tendo a prática como ponto de partida e como finalidade, sem que isto 
signifique a supremacia da prática sobre a teoria (ESTEBAN; ZACUUR, 2008, p. 
20). 
Nesse sentido, o estágio concebido como espaço de pesquisa requer do estagiário o 
caminhar para a reflexão a partir da realidade. Assim, Pimentae Lima (2004, 46) expõem 
que: 
36951 
 
 
A pesquisa no estágio, como método de formação de futuros professores, se traduz, 
de um lado, na mobilização de pesquisas que permitam a ampliação e análise dos 
contextos onde os estágios se realizam; por outro lado, e em especial, se traduz na 
possibilidade de os estagiários desenvolverem postura e habilidades de pesquisador 
a partir das situações que observam. 
A partir desse entendimento, é preciso que os professores formadores que coordenam 
os estágios orientem os estudantes no sentido da palavra pesquisa e da formação como 
pesquisador para esse contexto. Segundo a professora Marli André (2005, 2006, 2012), para 
que um professor se torne um pesquisador é preciso: 
 
• Que haja uma disposição pessoal do professor para investigar. 
• Um desejo em questionar. 
• Uma formação adequada. 
• Que atue em ambiente institucional favorável à constituição de grupos de estudo. 
• Que tenha possibilidade de receber assessoria pedagógica. 
• Que tenha tempo e disponha de espaço para realizar a pesquisa. 
• Tenha possibilidade de acesso a materiais, fontes de consulta e bibliografia 
especializada. 
Dessa forma, a partir da leitura de Lima (2012), quando propõe “os caminhos do 
estágio”, podemos considerar como um possível percurso, com base na nossa experiência de 
estágio no espaço não escolar, as seguintes possibilidades operacionais para a realização desse 
estágio. 
1. Pesquisa sobre quais espaços não escolares dispomos para a realização do estágio. 
2. Contato com as instituições para a realização do estágio. 
3. Observar se essas instituições já possuem convênio com a universidade. 
4. Ofício solicitado das instituições vaga e aceitação para estagiários. 
5. Estudo teórico metodológico sobre a atuação no espaço não escolar, bem como 
estudo específico sobre cada espaço não escolar, coordenado pelo professor de 
estágio. Por exemplo, quando desenvolvemos projeto no espaço do Hospital, 
realizamos estudos sobre a Pedagogia Hospitalar. Não podemos encaminhar o 
estagiário para o local de estágio sem estudos prévios sobre a sua possível atuação 
naquele espaço não escolar! 
6. Encaminhamento do estagiário para espaço de estágio não escolar. 
7. Realização de observação, mediante roteiro construído nas aulas, para 
conhecimento da realidade. Nessa etapa, o estagiário poderá utilizar também a 
entrevista com gestores, coordenadores, supervisores e outros funcionários para 
conhecer mais de perto a especificidade do local de estágio. Essa etapa não pode 
36952 
 
 
ser realizada em um período muito curto. É preciso conhecer para poder intervir 
futuramente. 
8. Revisão do estudo teórico e metodológico sobre o espaço não escolar para a 
elaboração do projeto de intervenção com o acompanhamento do professor de 
estágio. Por exemplo, ao desenvolvermos o projeto no hospital, é o momento de o 
grupo rever as leituras e fundamentar sobre o trabalho naquele espaço. A partir daí 
elabora-se o projeto. 
9. Elaboração do projeto de intervenção, pensando em todos os itens de um projeto: 
dados iniciais sobre a instituição (isso colhido na observação), justificativa, 
objetivos (geral e específicos), fundamentação teórica, procedimentos 
metodológicos, recursos, cronograma, avaliação e referências. Além, da 
elaboração dos planos de atividades diárias. No espaço não escolar, também se faz 
planejamento e planos! 
10. Execução do projeto. É bom nessa fase registrar tudo com fotos, depoimentos em 
entrevistas, fazer anotações sobre as observações. Durante a execução do projeto é 
necessária a realização de reuniões de planejamento e de avaliação do que está 
sendo desenvolvido. É imprescindível também o acompanhamento do professor 
coordenador de estágio nesses momentos de execução do projeto. 
11. Avaliação em sala de aula sobre o desenvolvimento do estágio após a sua 
conclusão. Roda de conversa, na qual todos pontuam os pontos fortes e os pontos 
que precisam ser repensados para os próximos estágios. Socialização também dos 
diversos grupos que estavam em outros espaços não escolares. 
12. Construção da produção sobre o registro de estágio. Poderá ser desenvolvido em 
formato de: relatório, dossiê, portfólios, blogs, diários, webfólios e outros 
formatos que contribuam para a reflexão profissional formativa, por meio do 
estágio no espaço não escolar. 
13. Socialização das práticas de estágio no espaço não escolar com outras turmas do 
curso de Pedagogia. Poderá ser apresentado em “banner” ou em comunicações 
orais. 
Assim, a partir da experiência compartilhada e das pesquisas realizadas, o estágio em 
espaço não escolar pode até se configurar um “novo” formato de estágio, devido a sua 
oficialização por meio das diretrizes do curso de Pedagogia, porém enfrenta velhos desafios, 
como: práticas artesanais, somente preenchimento de fichas, relatórios somente descritivos, 
36953 
 
 
treinamentos, desvinculação teoria da prática, coleta simples de dados, momento de ver falhas 
ou insuficiências nos outros, de fazer denúncias, de cumprir horários e outros equívocos que 
ainda persistem. Entretanto, estamos avançando em prol de uma formação crítica e reflexiva. 
Considerações finais 
Diante das evidências expostas e refletidas nessa pesquisa no que diz respeito às 
experiências no campo do estágio supervisionado em espaços não escolares, podemos ratificar 
a necessidade desse espaço de estágio para a formação profissional e para a identidade 
docente do pedagogo diante das demandas da contemporaneidade. 
Salientamos que é preciso ainda aprofundar os estudos e as experiências para a 
atuação do pedagogo em espaços não escolares, garantindo o seu exercício profissional, para 
que não se caracterize como um desvio de função. 
Não poderíamos deixar de mencionar que, à luz do diálogo tecido com os teóricos 
apresentados no decorrer deste trabalho, foi possível percebermos o quanto já avançamos em 
possibilidades de atuação e de espaços para o pedagogo no que diz respeito ao espaço não 
escolar. Porém, restam ainda alguns desafios, como já mencionamos, e entre eles a 
proposição, nos currículos dos cursos de Pedagogia, que possibilite essa formação, ou seja, a 
atuação de pedagogo em espaços não escolares. 
Assim sendo, a nossa experiência e a pesquisa desenvolvida com a atividade de 
estágio em espaço não escolar possibilitaram-nos algumas reflexões que foram tecidas ao 
longo do texto. Esperamos que tais reflexões e socializações possam provocar outros debates 
e construções, com vistas à construção de conhecimentos para o campo de estágio em espaço 
não escolar, para a Pedagogia e, acima de tudo, para a profissionalização e para construção da 
identidade do pedagogo. 
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