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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA xxxxx VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MANAUS/AM. PROCESSO Nº XXXXXXX AUTOR: MINISTERIO PÚBLICO DENUNCIADO: ROBERTA ROBERTA, já qualificadanos autos do processo em epígrafes, através de seu advogado ao final sobescrito, vem respeitosamente à presença de V. Exa., nos termos no art.403, §3º, do código do processo penal, apresentar: ALEGAÇÕES FINAIS SOB FORMAS DE MEMORIAIS Pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. FATOS Roberta, foi denunciada pelo Ministério Público pela prática do crime de furto simples, tipificado no art.155, caput, do código penal. A denunciada, encontra-se no curso preparatório, quando ao final da aula saiu para tomar um café na cantina, tendo deixado seu notebook na tomada. Ao retorna, retirou seu notebook da tomada e foi para sua residência. Ao chegar em casa, foi enformada de que foi realizada registro de ocorrência na Delegacia em seu desfavor, tendo em vista que as câmeras de segurança da sala de aula capturaram o momento em que subtraiu o notebook de Cláudia, sua colega de classe, que havia colocado seu computador para carregar em substituição ao de Roberta, o qual estava ao lado. No dia seguinte, antes mesmo de qualquer busca apreensão do bem ou atitude policial, Roberta restituiu a coisa subtraída. Durante a instrução, foi ouvida a Cláudia, que confirmou ter deixado seu notebook acoplado à tomada, mas que Roberta subtraíra, somente havendo restituição do bem com a descoberta dos agentes da lei. Também foram ouvidos os funcionários do curso preparatório, que disseram ter identificados a autoria a partir das câmeras de segurança. Roberta, em seu interrogatório confirma os fatos, mas esclarece que acreditava que o notebook subtraído era o seu e, por isso lavara-o para casa. Em síntese são os fatos. NULIDADES Após análise dos autos, verifica-se que estamos diante de hipóteses de nulidades dos atos processuais realizados durante a instrução probatória, tendo em vista a omissão da proposta de suspensão condicional do processo. Consistente, que a denunciada preenche os requisitos necessários impostos pela art. 89 da Lei nº 9.099/95 que caberá ao Ministério público oferecer proposta de suspensão condicional do processo quando a pena mínima cominada ao delito imputado for de até 01 ano, abrangidas ou não por esta LEI, preenchidos os demais requisitos legais, dentre os quais se destacam a primariedade e a presença dos requisitos do art.77 códigos de processo penal. Por se tratar do tipo penal do art.155, inciso 2 do CP, a pena é de reclusão de 1 a 4 anos e multa, sendo que no§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Estamos diante de um crime de médio potencial ofensivo. A não observânciado disposto no art. 89 da Lei 9.099/95, os casos em couber, representa ofensa a ampla defesa e ao devido processo penal, configurando-se, portanto, nulidade absoluta. Roberta era primária, de bons antecedentes e as circunstancia do crime não justificam a recusa na formulação da proposta de suspensão condicional do processo. Se tratando da pratica de crime de menor potencial ofensivo que comportar o oferecimento dos benefícios da Lei. 9.099/95, deve o titular da ação analisar a presença dos requisitos exigidos pela Lei e, se for o caso, oferecer as benesses que forem cabíveis. Assim, não estamos diante de mera faculdade do promotor de justiça, mas sim de um pode-dever limitado pela lei, de modo que deveria ter sido oferecida a proposta do instituto. MÉRITO A- ERRO DO TIPO: De acordo com o tipo penal do art. 155 do código Penal que pratica de crime de furto aquele que subtrai coisa alheia móvel. Ocorreu que Roberta estava em erro em relação a uma das elementares do tipo, a qual seja a coisa alheia, tendo em vista que acreditava estar levando para casa o seu próprio notebook, o que não configura o tipo penal do art. 155. Conforme o art. 20 do código penal o erro elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares, circunstancia ou qualquer dado que se agregue a determinada figura típica. Ensina Damásio de Jesus: ''Pressuposto de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora'' Segundo Johannes Wessels: ''erro do tipo quando alguém não conhece, ao cometer o fato, uma circunstância que pertence ao tipo penal, O erro do tipo é o reverso do dolo do tipo: quem atua não sabe o que faz, falta-lhe para o dolo do tipo, a representação necessária''. Pontua Rogério Greco ocorre erro do tipo: '' Quando o agente tem essa falsa representação da realidade, falta-lhe, na verdade, a consciência de que prática uma infração penal e, dessa forma, resta afastado o dolo que, é a vontade livre e consciente de praticar a conduta incriminadora''. Ora Roberta se encontrava em uma situação de erro de tipo invencível, vejamos que ela pegou o notebook achando que seria o dela, que tinha deixado exatamente no local onde se encontrava o de Cláudia; nas circunstancia que ela se entrava, não teria como evitá-lo, é um erro que qualquer um incorreria se estivesse diante das circunstancia em que ela se encontrava. Nesse caso, sendo invencível o erro, afasta-se o dolo, bem como a culpa, deixando o fato de ser típico. Percebe-se que autora tinha uma falsa representação da realidade, o erro de tipo, afastando a vontade consciente, excluir o dolo. Por se tratar do tipo penal do art. 155, não se tem previsão da modalidade culposa, logo Roberta deveria ser absolvida. DOS PEDIDOS A- Nulidade da instrução, com o oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo; B- Absolvição do crime de furto, na forma do art.389, inciso III, do CPP; C- Aplicação da pena base no mínimo legal; D- Aplicação da causa de diminuição do arrependimento posterior. Termos em que P. E. Deferimento, Manaus-AM, 18 de abril de 2018. ADVOGADO OAB/AM
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