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Espectroscopia no Infravermelho e Ultravioleta/Visível

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Universidade Federal de Campina Grande
Departamento de Engenharia de Minas
Caracterização Tecnológica de Minerais
Estudo sobre a Espectroscopia na região do Infravermelho e do Ultravioleta visível
Aluno: Francisco Ramon Gomes
Professora: Cláudia Raposo
Campina Grande
2018
Lista de Figuras
Figura 2.1 - Espectro eletromagnético e a excitação molecular.	4
Figura 2.2 - Espectrômetro com transformada de Fourier	6
Figura 2.3 - Espectrômetro dispersivo	7
Figura 2.4 - Espectrômetro com transformada de Fourier	7
Figura 2.5 - espectro do octano.	9
Figura 2.6 Exemplos de deformações axiais	10
Figura 2.7 - Deformações axiais (acima) e angulares (abaixo).	10
Figura 2.8 - Espectros infravermelhos de transmissão e reflexão.	12
Figura 3.1- Espectro eletromagnético, mostrando os processos moleculares que ocorrem quando a luz é absorvida em cada região.	14
Figura 3.2 - Localização da região ultravioleta e visível	15
Figura 3.3 - Espectros de absorção de alguns compostos orgânicos	16
Figura 3.4 - Diagrama esquemático de um experimento espectrofotométrico.	18
Figura 3.5 -Espectrofotômetro Varian Cary 3E Ultravioleta-Visível. Espectrofotômetro de Feixe Duplo	18
Figura 3.6 - Um exemplo de gráfico obtido de um espectrofotômetros UV/VIS Amostra de Bis Trifenilfosfina de Cloreto de níquel (II) NiCl2(PPH3)2	19
Introdução
Na química e física o termo espectroscopia se refere a toda técnica que se utiliza da transmissão, absorção e reflexão da energia radiante incidente em uma amostra para a obtenção de informações físico-químicas a respeito da mesma.
Ou mesmo, é qualquer processo que utiliza a luz para medir as concentrações químicas. Baseia-se na análise da radiação eletromagnética emitida ou absorvida pelas substâncias. (Saran, 2013)
Espectroscopia na região do infravermelho
Quase todos os compostos que possuam ligações covalentes, orgânicos ou inorgânicos, absorvem várias frequências de radiação eletromagnética na região do Infravermelho do espectro eletromagnético. O interesse recai sobre a região vibracional do infravermelho, que inclui radiação com variação entre 2,5 e 25 µm (1µm = 10-6 m).
Princípios
O espectro eletromagnético e a excitação molecular
A radiação infravermelha corresponde à parte do espectro eletromagnético entre as regiões do visível e das microondas (figura 2.1). A porção de maior utilidade para a análise de grupos funcionais de estruturas orgânicas, esta situada entre 4000 e 400 cm-1. (Bruice, 2006). 
A espectroscopia no infravermelho fornece evidências da presença de vários grupos funcionais na estrutura orgânica devido à interação das moléculas ou átomos com a radiação eletromagnética em um processo de vibração molecular (figura 2.1).
Figura 2.1 - Espectro eletromagnético e a excitação molecular.
Fonte: Baseado em (Bruice, 2006).
As ligações covalentes que constituem as moléculas orgânicas estão em constantes movimentos axiais e angulares. A radiação no infravermelho faz com que átomos e grupos de átomos de compostos orgânicos vibrem com amplitude aumentada ao redor das ligações covalentes que os ligam. O processo é quantizado, porém o espectro vibracional costuma aparecer como uma serie de bandas, porque a cada mudança de nível de energia vibracional corresponde uma série de mudanças de níveis de energia rotacional, desta forma, as linhas se sobrepõem dando origem às bandas observadas no espectro. As posições das bandas no espectro podem ser apresentadas em número de ondas, utilizando a unidade centímetro inverso (400- 400cm-1) ou em micrômetros (2,5- 16 μm) (Bruice, 2006). 
Funcionamento
Assim como ocorrem outros tipos de absorção de energia, as moléculas, quando absorvem radiação no infravermelho, são excitadas para atingir um estado de maior energia. A absorção de radiação IV (infravermelha) também é um processo quantizado. Uma molécula absorve apenas frequências de energia selecionadas da radiação IV.
São absorvidas as frequências de radiação no IV que equivalem às frequências vibracionais naturais da molécula em questão, e a energia absorvida serve para aumentar a amplitude dos movimentos vibracionais das ligações nas moléculas.
Porém nem todas as ligações em uma molécula são capazes de absorver energia na região do IV. Apenas as ligações que têm um momento de dipolo que muda em função do tempo são capazes de absorver radiação nesta região do espectro. Por exemplo: ligações simétricas como no H2 ou Cl2 não absorvem radiação no IV.
Mesmo uma molécula muito simples pode dar um espectro muito complexo. O químico orgânico usa essa complexidade quando compara o espectro de uma substância desconhecida ao de um composto padrão. Uma correlação pico a pico é uma excelente evidência para a identidade das amostras. É muito pouco provável que duas moléculas que não sejam enantiômeros, deem exatamente o mesmo espectro de infravermelho. Diz-se, portanto, que o espectro IV pode servir como uma impressão digital para a molécula. (Marin, 2013)
O espectrômetro
A radiação no infravermelho atravessa a amostra a ser analisada, a radiação transmitida é comparada com aquela transmitida na ausência de amostra. O espectrômetro (figura 2.2) registra o resultado na forma de uma banda de absorção. Um espectrômetro de grande sensibilidade é o espectrômetro com transformada de Fourier (FTIR), que empregam um interferômetro de Michelson, que tem a finalidade de dividir o feixe da radiação da fonte de infravermelho de tal forma que ele reflita simultaneamente a partir de um espelho em movimento e de um espelho fixo. Os feixes refletidos voltam a se combinar e passam através da amostra para o detector e são reproduzidos na forma de um gráfico de tempo contra a intensidade do sinal denominado de interferograma. (Solomons, 2005)
Figura 2.2 - Espectrômetro com transformada de Fourier
Fonte: (Solomons, 2005)
Fonte de radiação: A radiação infravermelha é produzida por uma fonte aquecida eletricamente, usualmente um filamento de Nernst ou um “Globar” (pequeno bastão de carbeto de silício.), a temperaturas que alcançam de 1000 a 1800 oC. A radiação da fonte é dividida em dois feixes pelos espelhos. Os dois feixes são a seguir focalizados na área da amostra com auxílio de outros espelhos.
Área das amostras: Os feixes de referência e amostra entram na área de amostras e passam através de células, uma de referência e outra de amostra. Obturadores, montados no compartimento da fonte permitem bloquear um ou outro feixe, independentemente. A área de amostras de um instrumento de precisão pode acomodar uma grande variedade de acessórios, que incluem desde células de gás de 40 m de caminho ótico até microcélulas.
Detector: é um instrumento usado para medir a energia radiante por meio de seu efeito térmico. Os dois tipos mais comuns de detector são o termopar e o bolômetro.
No termopar a energia radiante aquece uma das duas junções bimetálicas produzindo uma força eletromotriz proporcional ao aquecimento.
O bolômetro é colocado como um dos braços de uma ponte e a mudança de temperatura provoca um desequilíbrio do sinal através do circuito, que é amplificado e registrado ou, então, utilizado para ativar um servomecanismo que restabelece o balanço.
O monocromador consiste em um setor que gira rapidamente pelo qual passam os dois feixes de maneira alternada em direção a uma rede de difração (ou prisma nos instrumentos mais antigos).
É importante observar que o espectro é registrado à medida que a frequência da radiação no infravermelho é alterada pela rotação da rede de difração. Diz-se que instrumentos dispersivos (figura 2.3) obtêm um espectro no domínio da frequência.
Figura 2.3 - Espectrômetro dispersivo
Fonte: (Solomons, 2005)
Este modelo (figura 2.4) de espectrômetro é mais moderno e opera sob um princípio diferente dos modelos dispersivos
Figura 2.4 - Espectrômetro com transformada de Fourier
Fonte: (Marin, 2013)
A radiação contendo todos os comprimentos de onda é separada em dois feixes, um deles percorrendouma distância fixa e o outro, uma distância variável (espelho móvel) quando a diferença entre os comprimentos de onda correspondentes é um múltiplo inteiro do feixe invariante, ocorre uma interferência construtiva. Ocorre uma interferência destrutiva quando a diferença é um múltiplo ímpar de um quarto do comprimento de onda. O resultado de uma variação completa de comprimentos de onda é uma série oscilatória de combinações destrutivas e construtivas, o chamado interferograma. (Solomons, 2005)
Um interferograma é um gráfico de intensidade versus tempo. Uma operação matemática conhecida como transformada de Fourier (FT) pode separar as frequências das absorções individuais contidas no interferograma, produzindo um espectro virtualmente idêntico ao obtido com um espectrômetro dispersivo. (Skoog, 2007)
Sua vantagem reside no fato de que é capaz de produzir um interferograma em menos de um segundo, sendo, assim, possível coletar dezenas de interferogramas da mesma amostra e guardá-los na memória de um computador. Quando se realiza uma transformada de Fourier na soma dos interferogramas guardados, pode-se obter um espectro com uma razão melhor de sinal/ruído. Portanto, apresenta maior velocidade e maior sensibilidade do que um instrumento dispersivo.
A formação do espectro
O espectro de Infravermelho de uma substância é um gráfico que relaciona a frequência de absorção expressa em número de onda, na região de 4000 cm-1 a 400 cm-1 das possíveis vibrações de uma molécula, em função de suas intensidades de absorção. (Bruice, 2006)
A radiação infravermelha quando absorvida por uma molécula orgânica, converte-se em energia de vibração molecular. O espectro reflete o movimento vibracional e costuma aparecer em forma de bandas, mostrado no esquema a seguir:
A localização de uma banda de absorção no infravermelho pode ser especificada em unidades relacionadas com a frequência (ν) pelo seu comprimento de onda (λ), medidos em centímetro, ou através de seu comprimento de onda (λ) medidos em micrômeros: ν = 1/λ (λ em cm) ou ν = 10000/λ (λ em μm).
A intensidade da banda é medida pela transmitância ou pela absorbância. A transmitância é definida pela razão entre a energia transmitida e a energia incidente na amostra analisada e a absorbância é o logaritmo na base dez do recíproco da transmitância:
		 
A possibilidade de dois compostos diferentes terem o mesmo espectro no infravermelho é improvável, é por este motivo, que cada função orgânica apresenta no espectro a região de impressão digital na faixa de 900 – 1300 cm-1. A figura 2.5 mostra o espectro do octano, perceba que a intensidade da banda esta vinculada à transmitância (eixo das ordenadas) enquanto que a localização da banda é percebida no eixo das abcissas e é apresentada em número de onda (figura 2.5).
Figura 2.5 - espectro do octano.
Fonte: (Solomons, 2005).
Vibrações moleculares
A energia fornecida pela radiação no infravermelho é da ordem de 2 a 15 Kcal e tende a afetar os níveis vibracionais de uma ligação química. As vibrações moleculares (figura 2.4) podem ser de dois tipos: deformações axiais e deformações angulares. (Solomons, 2005)
Estiramento ou deformação axial: Quando a deformação ocorre na direção do eixo da molécula, à distância interatômica aumenta e diminui alternadamente e o modo de vibração. 
Estiramento simétrico: é um modo vibracional onde os dois átomos se afastam e se aproximam do átomo central ao mesmo tempo.
Estiramento assimétrico: é o modo vibracional onde enquanto um átomo se afasta o outro átomo se aproxima do átomo central e vice versa.
Figura 2.6 Exemplos de deformações axiais
Fonte: (Solomons, 2005)
Deformação angular: correspondem ao movimento de um grupo de átomos em relação ao resto da molécula, sem que as posições relativas dos átomos do grupo se alterem. Essas deformações recebem a denominação de deformação angular simétrica e assimétrica no plano e deformação angular simétrica e assimétrica fora do plano.
Figura 2.7 - Deformações axiais (acima) e angulares (abaixo).
Fonte: (Solomons, 2005)
Preparação da Amostra
Podem-se obter espectros de IV de gases, líquidos e sólidos. 
Gases ou líquidos de baixo ponto de ebulição
Podem ser obtidos pela expansão da amostra no interior de uma célula previamente evacuada. Existem células comerciais de caminho ótico desde alguns centímetros até 40 metros (obtidos através de ótica de múltiplas reflexões).
Líquidos
Uma gota do líquido é colocada entre um par de placas polidas de cloreto de sódio ou brometo de potássio, chamadas de placas de sal. Quando as placas são delicadamente apertadas, um fino filme líquido é formado entre elas. 
O espectro determinado deste modo é dito espectro do líquido puro. As placas de sal são facilmente quebráveis e solúveis em água. Porém, compostos orgânicos analisados por esta técnica não devem conter água. O par de placas é inserido em um suporte que caiba dentro do espectrômetro.
Sólidos
Há pelo menos três métodos comuns de preparar uma amostra sólida para espectroscopia:
Envolve misturar a amostra sólida moída bem fina com brometo de potássio em pó e comprimir a mistura sob alta pressão, resultando numa pastilha de KBr, que pode ser inserida em um suporte do espectrômetro. A principal desvantagem desse método é que o brometo de potássio absorve água, o que pode interferir no espectro obtido. Se for preparada por uma boa pastilha, o espectro obtido não conterá bandas interferentes, já que o KBr é transparente até 400cm-1.
Suspensão em Nujol que envolve moer o composto com óleo mineral (Nujol) para criar uma suspensão da amostra, bem moída, dispersada em óleo mineral. A suspensão grossa é colocada entre placas de sal. A desvantagem é que o óleo mineral mascara bandas que podem estar presentes no composto analisado. As bandas do Nujol aparecem em 2924, 1462 e 1337 cm-1.
Consiste em dissolver um composto orgânico em um solvente, sendo o mais comum o uso de tetracloreto de carbono. Novamente algumas regiões do espectro ficam encobertas por bandas do solvente.
Análise de Espectro 
As bandas observadas nos espectros vibracionais de sólidos se dividem em modos externos, que consistem em bandas observadas em baixas frequências resultante do movimento dos íons e moléculas, uns em relação aos outros e nos modos internos, que consiste no movimento dos átomos no interior da molécula (Donoso).
Marin (2013) utilizou como método de análise destes espectros o “Site Group Analysis” e também o método “Factor Group Analysis”, tomando como base Donoso. 
O método site group analysis é empregado quando se conhece a simetria do sítio do íon da molécula. Os modos de rede (modos externos) resultam das vibrações individuais dos íons ou moléculas (Marin, 2013). Donoso, mostra o espectro de calcita CaSO4.H2O na figura 2.8.
Figura 2.8 - Espectros infravermelhos de transmissão e reflexão.
Fonte: (Donoso)
A calcita possui três grupos estruturais que são os íons monoatômicos Ca2+,os íons poliatômicos [SO4]2- e as moléculas de água (H2O).
Os modos internos são resultantes dos íons [SO4]2- e das moléculas de água. Os modos externos resultam do movimento dos oito grupos estruturais, uns em relação aos outros. Para se determinar o número de modos internos é considerada primeiramente a rede composta unicamente pelo CaSO4, obtendo-se os modos fundamentais do grupo SO4. A seguir se considera a rede composta unicamente por moléculas de H2O.
O íon livre [SO4]2- tem simetria tetraédrica. A figura 2.8 mostra os tipos de simetria e a identificação dos modos normais de vibração de uma molécula XY4 no grupo Td. O modo v1(A1) e o modo duplamente degenerado v2(E) são Raman ativos e IV inativos. Os dois modos triplamente degenerados v3(F2) e v4(F2) são ativos em Raman e IV. (Marin, 2013)
Tabela 2.1 - Frequências das bandas observadas no CaSO4.H2O
Fonte: (Donoso)
A polarizabilidade total se dá com a contribuição eletrônica, com a contribuição iônica e com a polarizabilidade dipolar (moléculas com momento dipolar permanente). (Marin, 2013)
Espectroscopiana região do ultravioleta visível
A espectroscopia na região do ultravioleta visível fornece informações a respeito da interação entre a matéria e a radiação eletromagnética. Essa radiação apresenta tanto as propriedades de partícula quanto às de ondas. A absorção de luz ultravioleta visível por uma molécula é, geralmente, o resultado de uma transição eletrônica, e pode ser estudada pela espectroscopia eletrônica. Dependendo da energia necessária para a transição eletrônica, a estrutura orgânica absorverá a luz ultravioleta ou a luz visível. (Skoog, 2007)
A absorção de radiação UV-Visível se deve ao fato das moléculas apresentarem elétrons que podem ser promovidos a níveis de energia mais elevados mediante a absorção de energia. Em alguns casos a energia necessária é proporcionada pela radiação com comprimentos de onda no visível e o espectro de absorção estará na região visível. Em outros casos, é necessária energia maior, associada à radiação ultravioleta. (Saran, 2013)
Figura 3.1- Espectro eletromagnético, mostrando os processos moleculares que ocorrem quando a luz é absorvida em cada região.
Fonte: (Saran, 2013)
Harris (2008) diz que a luz ultravioleta é a radiação eletromagnética com comprimento de onda entre 180 e 400 nanômetros (nm), enquanto que a luz visível tem comprimento de onda entre 400 e 780 nm. O valor de 1 nm corresponde a 10-9 m. 
O comprimento de onda (λ) é inversamente proporcional a energia, sendo assim, a luz ultravioleta possuí maior energia que a luz visível. Quando uma molécula é irradiada com luz UV ou visível pode ocorrer uma transição eletrônica, durante a qual a molécula absorve um quantum de energia e um dos elétrons é excitado do orbital que ocupa no estado fundamental a outro de maior energia. A frequência da absorção é dada pela relação:
Onde: ∆E é a variação de energia envolvida na transição;
h é a constante de Planck 6,62. 10-27 erg.s;
c é a velocidade da luz da luz e λ é o comprimento de onda
A transição eletrônica só ocorre se a frequência da radiação for correspondente a separação de energia entre dois orbitais moleculares envolvidos. (Harris, 2008)
Princípios
Uma molécula absorvendo energia proveniente de radiação eletromagnética pode sofrer vários tipos de excitação. Esta excitação pode causar vários tipos de efeitos (movimentos mecânicos ou eletrônicos) na molécula. A radiação localizada na região do ultravioleta e do visível provoca excitação eletrônica na molécula. A localização da região ultravioleta do espectro eletromagnético é mostrada na figura 3.2. (McMurry, 2005)
Figura 3.2 - Localização da região ultravioleta e visível
Fonte: (Sousa, 2010).
A absorção de energia na região do ultravioleta produz modificações na energia eletrônica da molécula em consequência de transições dos elétrons de valência da molécula. As transições correspondem à excitação de um elétron de um orbital molecular totalmente ocupado (usualmente um orbital não ligante ou um orbital pi ligante) a um orbital de energia superior (geralmente o primeiro orbital antiligante pi ou sigma). Chamamos de orbital não ligante aquele que contém os elétrons não envolvidos diretamente na ligação de um dado elemento, ainda que situados na camada de valência. Por exemplo, o oxigênio na molécula da água, apresenta dois de seus elétrons envolvidos na ligação com hidrogênios na molécula da água, os outros quatro encontram-se em dois orbitais ditos não ligantes. (McMurry, 2005)
Os espectros no UV-Visível, registrados para as moléculas, são espectros de absorção e são obtidos colocando-se as substâncias em um espectrômetro que analisa a energia transmitida e a compara com a energia incidente, a cada comprimento de onda. (Saran, 2013)
Um espectro de absorção é um gráfico mostrando como A (ou ε) varia com o comprimento de onda, λ.
Figura 3.3 - Espectros de absorção de alguns compostos orgânicos
Fonte: (Saran, 2013)
Como muitos dos estados de excitados têm duração muito curta o excesso de energia acumulado no estado excitado favorece a reemissão de luz, como fluorescência ou fosforescência, ou conversão da energia em calor. A quantidade de energia envolvida na excitação é inversamente proporcional ao valor do comprimento de onda necessário para causar a transição. A luz de menor comprimento de onda contém mais energia do que a de maior comprimento de onda. (Mendham, Denney, Barnes, & Thomas., 2006)
Chama-se λmáx o comprimento de onda correspondente a absorção do máximo da banda de absorção (o pico da banda). A intensidade da banda é dada pelo coeficiente de extinção molar (absortividade molar) ε, habitualmente utilizada como log ε, obtido da lei de Lambert-Beer como:
Eq 1: 	Eq. 2: 	 	Eq. 3: 
IO é a intensidade da luz incidente; I é a intensidade da luz transmitida;
logIO/I = A (absorbância) ,como geralmente registram os instrumentos.
C é a concentração em moles/l e L comprimento do tubo que contém a amostra (analito).
A Eq. 3, conhecida como Lei de Beer-Lambert, é a equação fundamental da espectrofotometria e mostra que a absorbância é diretamente proporcional a concentração da espécie que absorve radiação de um dado λ. (Saran, 2013)
A absortividade, A: Depende do comprimento de onda e da natureza do material absorvente. Pode ser expressa, por exemplo, em cm-1 g-1 L ou em cm-1 mol-1 L, dependendo das unidades da concentração, c.
É expressa em cm-1 mol-1 L, quando a concentração, c, estiver em mol/L. Neste caso, a absortividade recebe o símbolo ε e é denominada absortividade molar ou coeficiente de absorção molar. (Saran, 2013)
Funcionamento
Um espectrofotômetro fotoelétrico registrador moderno possui cinco áreas: fonte de radiação, monocromador, fotômetro, área da amostra, área dos detectores. 
A fonte de radiação: adequada para a região do UV é um tubo de descarga de hidrogênio. Quando precisamos estudar absorções na região do visível, substituímos por uma lâmpada incandescente de tungstênio. 
O monocromador: dispersa a luz proveniente da fonte em comprimentos de onda separados. Esta luz monocromatizada é subdividida em dois feixes: referência e amostra, que passam através das respectivas áreas e vão posteriormente ao fotômetro, onde suas intensidades são comparadas. 
Fotômetro: Uma diferença de intensidade gera um sinal que é ampliado via uma série de tubos fotomultiplicadores e o sinal é registrado pela pena acoplada aos contatos de resistência variável. Um espectro no UV-Visível é normalmente obtido em fase vapor ou em solução. 
Área da amostra: Para espectros de gases, utilizam-se células com entrada e saída, com caminhos óticos variando de 0,1 até 100nm, que não absorve radiação na faixa de comprimento usada. As células utilizadas para soluções são mais comumente de 1cm, feitas de quartzo, pois não absorve a luz UV, e comportam aproximadamente 3ml de solução.
A luz proveniente de uma fonte contínua passa por um monocromador, que seleciona uma estreita faixa de comprimentos de onda do feixe incidente. Essa luz “monocromática” passa pela amostra de comprimento b, e a energia radiante da luz emergente é medida (vide diagrama abaixo). (Saran, 2013)
Figura 3.4 - Diagrama esquemático de um experimento espectrofotométrico.
Fonte: (Saran, 2013)
No diagrama acima: 
P0: radiação incidente; 
P: radiação transmitida;
b ou l: passo óptico ou caminho óptico.
Em um espectrofotômetro UV/VIS de feixe simples a luz passa pela amostra. Em um de feixe duplo a luz passa por um divisor de feixe o qual alternadamente direciona o feixe de luz para a amostra, ou para uma cela de referência, várias vezes por segundo.
Figura 3.5 -Espectrofotômetro Varian Cary 3E Ultravioleta-Visível. Espectrofotômetro de Feixe Duplo
Fonte: (Saran, 2013)
Preparação de Amostras
Saran (2013) estipula alguns passos que devem ser seguidos:
É desejável ajustar a concentração da amostra de forma que a sua absorbância fique dentro seguinte faixa: 0,4 a 0,9, pois a maioria dos espectrofotômetros exibe o mínimo de incerteza dentro desse intervalo.
Todos os recipientes devem ser cobertospara impedir a entrada de poeira, pois o pó dispersa a luz. E o local deve estar vedado à luz.
Ao preparar-se uma solução, pesa-se cuidadosamente a amostra e dilui-se a um volume conhecido. O processo é repetido no caso de absorções muito intensas. Os solventes mais usados em UV são o etanol 95%, o ciclo hexano e o 1,4-dioxano, principalmente pela sua região de absorção (geralmente abaixo de 200nm). (McMurry, 2005)
O manuseio das cubetas deve ser feito com um tecido, para impedir que as pontas dos dedos entrem em contato com as faces, pois as impressões digitais dispersam e absorvem a luz.
Para leituras precisas, é importante posicionar a cubeta no espectrofotômetro da maneira mais reprodutível possível. Pois uma variação aleatória na absorbância surge de pequenas diferenças da posição da cubeta no seu suporte.
Espectros de Absorção
Possibilitam identificar substâncias, já que as curvas de absorção são uma espécie de “impressão digital” das substâncias e caracterizam a presença desses compostos; Identificar grupamentos químicos; Indicar os comprimentos de onda para a dosagem das substâncias.
Em espectrofotometria UV-visível, l é geralmente igual a 1,00 cm. Um gráfico de A versus c fornece uma reta. A inclinação desta reta corresponde a absortividade do analito, num dado λ. Esse gráfico é denominado curva analítica ou curva de calibração.
Figura 3.6 - Um exemplo de gráfico obtido de um espectrofotômetros UV/VIS Amostra de Bis Trifenilfosfina de Cloreto de níquel (II) NiCl2(PPH3)2
Fonte: Adaptação de (Skoog, 2007)
A foto 3.6 mostra um espectro ultravioleta-visível que é essencialmente um gráfico (ou plotagem) da absorbância versus o comprimento de onda na faixa do ultravioleta e/ou visível. Para uma dada substância, o comprimento de onda no qual ocorre o máximo de absorção é chamado de λMÁX (lê-se lambda máximo). (Skoog, 2007)
Conclusão
Diferentes substâncias interagem de forma distinta a radiação eletromagnética. A espectroscopia no Ultravioleta/Visível está relacionada às transições eletrônicas, já a espectroscopia no Infravermelho, a absorção de energia está associada às diferentes formas de vibração das ligações entre os átomos das moléculas, com sua frequência característica de vibração. Utiliza-se destas técnicas para se aferir dados físico-químicos através da transmissão, absorção ou reflexão da energia radiante incidente em uma amostra. Pode-se, portanto, estudar a estrutura atômica e molecular, como análise espectroquímica para determinar a composição dos materiais.

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