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REutilização DE ÁGUA EM HABITAÇÃO ECOLÓGICA

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REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS EM HABITAÇÃO ECOLÓGICA1
Danielle Melo2* Viviane Farias Silva3 Aline Costa Ferreira4 Tainara Tâmara 3Rafaela Felix2
1 Trabalho faz parte do Projeto do CNPq Manejo Integrado de Microbacia Hidrográfica no Sertão da Paraíba; 2 Mestranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande; e-mail: *danimelo.ufcg@hotmail.com (autor correspondente); rafaellafelix_@hotmail.com; 3 Doutoranda em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Campina Grande e-mail: flordeformosur@hotmail.com; tainaratamara@hotmail.com;4 Professora da Universidade Federal de Campina Grande/ Campus Pombal; e-mail: alinecfx@yahoo.com.br
RESUMO: O semiárido nordestino é caracterizado por suas condições edafoclimáticas marcantes e recursos hídricos limitados. Nessa região as condições naturais restritas influenciam negativamente nas atividades socioeconômicas, diminuindo a qualidade de vida, como moradia e aumentando os impactos ambientais da localidade pela exploração descontrolada dos recursos naturais. Nesse contexto a presente pesquisa foi realizada no município de São José do Sabugi, semiárido Paraibano, objetivando-se a captação, armazenamento e reutilização da água em habitação ecológica. Com a utilização de técnicas construtivas sustentáveis, como a utilização de solocimento na fase estrutural da residência, evitando a queima utilizada pelos tijolos convencionais e assim reduzindo os impactos ambientais como poluição do ar e desmatamento. O telhado foi dimensionado para elevar a eficiência da captação de água pluvial e a cisterna com dimensões amplas com maior potencial de armazenamento de água com 21 m3. Todo efluente gerado pelas atividades domésticas e sanitárias são devidamente tratadas para posteriormente serem utilizadas em descarga sanitária e irrigação de jardins, respectivamente. Assim a reutilização de águas na habitação é ecoeficiente e sustentável, por diminuir os impactos ocasionados aos recursos naturais e ao meio ambiente onde é implementada por toda sua vida útil, proporcionando qualidade de vida os moradores.
Palavras- chave: reúso; tratamento de efluentes; sustentabilidade; ecoeficiente.
INTRODUÇÃO
 No semiárido a seca é um desastre natural que ocorre com frequência, sendo temas de estudos para mitigar o potencial desse fenômeno na população. Na região semiárida do nordeste brasileiro habitam 196,7 milhões, sendo considerado o semiárido mais populoso do mundo (IBGE, 2010), com pouca disponibilidade hídrica na região.
O semiárido é caracterizado pelas temperaturas elevadas e chuvas relativamente escassas e irregulares, distribuídas em 3 a 6 meses do ano, e um potencial de evaporação que supera, em muito, as alturas da precipitação (SILVA, et al. 1987). Grande parte da população semiárida vive sob condições precárias de vida e apresentam condições financeiras insuficientes para adquirir moradia adequada. Um dos aspectos que impossibilitam o acesso às tecnologias sociais e a difusão da informação, reduzem a presteza que o conhecimento estará disponível as populações rurais carentes, segundo Anjos (2013). A região semiárida possui inúmeros recursos naturais que apresentam potenciais como elementos construtivos e que, por serem de baixo custo, são alternativas econômicas e ambientalmente sustentáveis, precisa apenas de incentivo e propagação das técnicas aplicadas.
As habitações atuais são construídas com técnicas convencionais e materiais, que agridem fortemente o meio ambiente. Nestas construções atuais raramente há sistema de captação, armazenamento, nem tampouco de reaproveitamento da água residuária produzida pelos habitantes da residência. Normalmente estas águas residuárias deveriam ser acolhidas pelo sistema de esgotamento da cidade para passar por tratamento prévio antes de ser lançado em corpos hídricos, o que nem sempre acontece dessa maneira. Geralmente os esgotos são direcionados aos corpos hídricos sem nenhum tratamento prévio, poluindo os recursos hídricos e solos, causando diversos danos potenciais ao meio ambiente.
A ausência de tratamento adequado de esgoto, seja rural ou urbano, ocasiona diversas doenças feco-orais (ESREY, 1996; ESREY et al., 1991; HELLER, 1997). Aproximadamente 90% dos óbitos por diarreia são atribuídas às péssimas condições sanitárias, como água, esgoto e higiene (UNICEF/ WHO, 2009). Inúmeros prejuízos à saúde do homem são provocados por fezes, urina e outros dejetos que podem estar presentes na água (EMBRAPA, 2010). Assim a implementação de técnicas que viabilizem os processos construtivos e formas de amenizar os impactos ambientais negativos, ocasionados durante a obra e após, direcionando todo o potencial de captação e armazenamento de água da residência, como também o tratamento das águas residuárias para fins diversas finalidades.
Nesse contexto, a presente pesquisa foi realizada objetivando-se a captação, armazenamento e reutilização da água em habitação ecológica no semiárido Paraibano.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no município de São José de Sabuji (FIGURA 1), localizado no Estado da Paraíba, com uma área territorial de 215,4 Km2 (BELTRÃO et al., 2005). Situado na microrregião do Seridó Ocidental da Paraíba, o clima é classificado conforme a classificação de Koeppen, como tipo BSh’, ou seja, semiárido. 
Figura 1. Localização da implantação da habitação ecológica.
A habitação ecológica possui 78 m2 de área construída por métodos ambientalmente sustentáveis. O início do processo construtivo ocorreu na produção de tijolo ecológico, através de uma máquina de modelagem em área próxima, através da técnica de tijolos de solocimento com dimensões de 10cmx20cmx5cm, com dois furos de 5 cm de diâmetro que agilizam o assentamento (tijolos de encaixe) e dispensam o uso de fôrmas para a parte estrutural, e evita a quebra de parede para a colocação de instalações hidrossanitárias e elétricas, além de necessitar de apenas um pequeno filete de argamassa na ora do assentamento. As paredes são com tijolos aparentes e juntos cuidadosamente rebaixados (frisadas), já a título de acabamento final, evitando os elevados custos de aplicação de chapisco e reboco.
 Captação e armazenamento das águas pluviais: O telhado foi projetado (pé direito da casa com 2,80m e uma cumeeira na diagonal e inclinada atingindo uma altura de 5,20m ) com inclinação e quedas d’água favoráveis a uma melhor captação das águas das chuvas. A cisterna de 21 m3 está localizada na parte superior do terreno, próximo à residência e com uma altura maior, permitindo o abastecimento direto para a casa (por gravidade) até metade do volume total, dispensando o uso de bombas ou o contato direto com a cisterna, apenas por gravidade, pode-se captar a água em dois pontos, tanto dentro da cozinha como na lateral da casa, tornando as atividades rotineiras mais práticas, principalmente quanto não há possibilidade deslocamento de até a cisterna ou se deseja evitar possíveis contaminações desse tipo de água de tão boa qualidade.
Sistema lavanderia/descarga Sanitária: inserido como uma alternativa para minimizar o excessivo consumo de água nas descargas diárias do vaso sanitário. A instalação da lavanderia em área externa da casa para melhor aproveitamento das águas, com um tratamento simples de todas as águas residuárias da lavagem de roupas. Construída no ponto mais alto e próximo do terreno ocupado pela casa, projetou-se uma tanque com três divisórias: a primeira em forma de labirinto com areia lavada para conter os saponáceos existentes nas águas servidas; a segunda como ponto de decantação de possíveis impurezas remanescentes do primeiro tratamento; e por fim um terceiro tanque que serve de reservatório para a destinação das águas para à caixa de descarga. Feito o tratamento primário, a água sai por gravidade até a descarga sanitária que por sua vez, dispõe de dois registros em que, dependendo da disponibilidade, os usuários o acionam com água limpa, vindo do reservatório superior (caixa d’água), ou do terceiro tanque do tratamento de águasda lavanderia. Com isto pode-se reduzir consideravelmente o consumo de água, tão rara na região do Semiárido.
Sistema banheiro/cozinha: reaproveitamento das águas residuárias oriundo do chuveiro, pia do banheiro e pia da cozinha que será para o reuso na agricultura familiar através de canteiros de infiltração. Todo o afluente é direcionado até o filtro passando antes por uma caixa de gordura direcionada para um canteiro de infiltração composto por uma vala de 50 cm de profundidade, uma tubulação de cano 100 mm em PVC com furos ao longo do seu comprimento, revestida de britas e areia, para facilitar a distribuição e melhorar a infiltração do efluente no solo. Partindo desse princípio continua-se aproveitando toda a água residuária produzida nas atividades domesticas diárias da residência. No reuso do efluente da descarga é realizado um tratamento através de um filtro anaeróbio com um processo trifásico, o efluente é direcionado para uma vala semelhante ao tratamento dos efluentes vindos da cozinha e banheiro, passando por uma vala de 50 cm de profundidade, uma tubulação de cano 100 mm em PVC com furos ao logo do seu comprimento, revestida de britas e areia, para facilitar a distribuição e melhorar a infiltração do efluente no solo. Com isto consegue-se potencializar ao máximo todos os efluentes produzidos na residência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
 Para a construção da habitação ecológica foram utilizados cerca de 16000 tijolos de solocimento, verificando que esta técnica é uma forma de construir rápida e sustentável, além de ser resistente a todos os padrões exigidos pelas Normas Técnicas (FIGURA 2). Fraga et al. (2016) afirmam que o tijolo de solocimento é considerado ecológico, devido o seu processo de produção não utilizar a queima, sendo de fácil execução, podendo ser utilizado em seu assentamento cola branca, evitando desperdícios no seu assentamento e revestimento, tornando-se uma alternativa bastante apreciada.
	
Figura 2. Tijolos ecológicos produzidos para a construção da residência.
Na figura 3, observa-se as fases construtivas e as técnicas utilizadas, desde a marcação, a escavação e as fundações isoladas, iniciando a primeira fileira de tijolos de solocimento da construção da residência ecológica. Os tijolos produzidos possuem dois furos, não sendo necessário quebrar a alvenaria para as instalações hidráulicas e elétricas, reduzindo assim os desperdícios e incrementando a eficiência do processo, conforme a Figura 3. Os furos compõem câmaras de ar no âmago das alvenarias aumentando o isolamento termoacústico. Muitas famílias de baixo poder aquisitivo, que não possui casa própria, podem realizar o sonho de ter casa própria de qualidade, de forma ecoeficiente e viável.
	
	
Figura 3. Fases construtivas da residência ecológica
A água pluvial captada pelo telhado será armazenada em cisterna de placas com capacidade volumétrica de 21m3, notando-se os processos de construção na Figura 4. 
	
	
Figura 4. Fases construtivas da cisterna de placas.
Sistema lavanderia/descarga Sanitária: as águas provenientes da lavandeira e da pia são utilizadas para reúso na descarga, após o tratamento (FIGURA 5) economizando água de qualidade. O esgoto proveniente da descarga sanitária passa por um sistema de tratamento (FIGURA 6) para ser utilizado na irrigação de jardins, ou plantas frutíferas, dependendo do morador da residência ecológica, segundo observa-se na Figura 5, verifica-se as etapas construtivas do tratamento da água oriunda da lavanderia e pia.
	
Figura 5. Tratamento da água proveniente da lavanderia e pia, construção com tijolos ecológicos.
	
Figura 6. Montagem de sistema de tratamento de esgoto sanitário.
Conforme a Figura 7, constata-se a lavanderia finalizada com o sistema primário de tratamento primário de efluentes. O prévio tratamento das águas que antes eram lançadas diretamente no solo ou encaminhada ao esgoto comum, atualmente é possível reutilizar após um tratamento nas descargas reduzindo o consumo de água de qualidade principalmente em regiões que sofrem com a seca.
Os projetos de residências em zonas rurais que não possuem disponibilidade de água encanada, coleta de esgoto, postos de saúde, têm que ser planejada conforme a situação do local, assim a captação, armazenamento e reuso de águas numa habitação sustentável é uma técnica de convivência com o semiárido e com seus recursos naturais, incluindo todo resíduo gerado novamente no ciclo da natureza, harmonizando os seres humanos e o meio ambiente, com mínimo de degradação possível.
	
Figura 7. Lavanderia finalizada com sistema de tratamento de água residuária.
A residência ecológica foi concluída com sucesso (FIGURA 8) onde todas as expectativas foram superadas. É uma moradia com confortável e que sua arquitetura visou uma melhor captação de água de chuva. A água da cisterna de placas é acessível dentro da residência sem necessidade de bomba apenas por gravidade isso é possível. Foram resgatados costumes antigos como a cisterna e o sótão que antigamente as casas possuíam.
	
Figura 8. Residência ecológica concluída com sistema de captação, armazenamento e tratamento e reúso de água
	
De acordo com Souza et al. (2016) a cisterna é uma alternativa para o armazenamento de águas pluviais para o abastecimento em zonas rurais, principalmente em regiões semiáridas, que possuem como fontes hídricas disponíveis, poços, rios e nascentes, com volume variável de água, sob efeito da sazonalidade. 
CONCLUSÃO
A reutilização de águas em residência construída de forma ecológica, reduz os impactos ambientais negativos no meio ambiente, a captação de água pluvial e armazenamento em cisterna de maior capacidade volumétrica possibilita disponibilidade de água por maior período de tempo nessas regiões com escassez de água. O tratamento de todos os efluentes produzidos torna a residência eficiente, sustentável e proporciona alternativas para paisagismo, com irrigação em jardins.
Diminui os gastos com água de qualidade com o reúso de efluentes em descarga e irrigação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANJOS, S. Tecnologias e Projetos para Conviver com o Semiárido. Disponível em: http://www.insa.gov.br/wp-content/uploads/2013/05/O-Povo-II.pdf Acesso em: março de 2017.
EHLERS, Eduardo. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. 2ª ed. Guaíba: Agropecuária. 1999.
EMBRAPA–Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Fossas Sépticas Biodigestoras em Sistemas Agrícolas Familiares na Borda Oeste do Pantanal. 2010.
FRAGA, Y. S. B.; BARBOSA, A. Q.; SANTOS, L. H. P.; MOTA, W. V.; DORTAS, I. S. Tecnologia dos materiais: a utilização do tijolo de solo-cimento na construção civil. Caderno de Graduação-Ciências Exatas e Tecnológicas-UNIT, v.3, n.3, p. 11, 2016.
GHAVAMI, K. Bambu: um Material Alternativo na Engenharia. São Paulo: Engenharia,1992, (492): 23-27
IBGE. Síntese dos indicadores sócias 1999. Rio de Janeiro, 2010.
KRÜGER, E. L. e LAMBERTS, R. Avaliação do desempenho térmico de casas populares. Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ENTAC), Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construída (ANTAC). Salvador: 25/28 de abril de 2000. Anais...
SILVA, M. A. V.; BRAGA, C. C.; NIETZSCHE, M. H. Atlas climatológico do Estado da Paraíba. 2. ed. Campina Grande: UFPB, 1987.
SOUZA, N. G. M.; SILVA, J. A.; MAIA, J. M.; SILVA, J. B.; JÚNIOR, E. D. S. N.; MENESES, C. H. S. G. Tecnologias sociais voltadas para o desenvolvimento do semiárido brasileiro. Journal of Biology & Pharmacy and Agricultural Management, v. 12, n.3, 2016.
Tema: Qualidade e Meio Ambiente

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