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Pós Graduação EAD - Sistema Constitucional Tributário - Aula 01

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SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 1 
Aula 1: Princípios constitucionais tributários ................................................................................ 2 
 ............................................................................................................................. 2 Introdução
 ................................................................................................................................ 3 Conteúdo
Princípios constitucionais vinculados ao valor segurança jurídica ......................... 3 
Princípio da Legalidade .................................................................................................... 4 
Princípio da Irretroatividade ............................................................................................ 8 
Princípio da Anterioridade ............................................................................................. 10 
Princípio da Noventena ou Anterioridade Nonagesimal, Mínima ou Mitigada ... 11 
Princípios constitucionais vinculados ao valor justiça ............................................. 11 
Princípios constitucionais vinculados aos valores liberdade e federalismo ........ 17 
Atividade proposta .......................................................................................................... 22 
 ....................................................................................................................... 23 Aprenda Mais
........................................................................................................................... 23 Referências
 ......................................................................................................... 24 Exercícios de fixação
Notas ........................................................................................................................................... 31 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 31 
 ..................................................................................................................................... 31 Aula 1
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 31 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 2 
 
Introdução 
A Suprema Corte Brasileira sofre de uma verdadeira enxurrada de processos 
judiciais. De fato, poucos acreditam que uma corte superior possa avaliar 
tantos processos em um ano. O curioso, entretanto, é que o maior responsável 
pela quantidade de processos não é outro senão o próprio Estado. E isso se dá 
pelo fato de que o Estado, ansiando por uma grande tributação, pratica 
inconstitucionalidades de grande porte. Eu o desafio a separar as súmulas por 
temas e procurar identificar aquelas que afrontam cada capítulo de nossa 
Constituição. 
Certamente, o capítulo com o maior número de enunciados é o Sistema 
Tributário Nacional. Em razão disso, começamos o nosso estudo enfrentando o 
maior problema, o direito mais violado em nosso ordenamento jurídico: as 
limitações constitucionais ao poder de tributar. 
 
Objetivo: 
1. Identificar os princípios constitucionais tributários vinculados ao valor 
segurança jurídica e seus aspectos mais relevantes; 
2. Examinar os princípios constitucionais tributários vinculados ao valor justiça e 
suas principais controvérsias e dificuldades 
de efetivação; 
3. Explorar os princípios constitucionais tributários vinculados aos valores 
liberdade e federalismo e suas aplicações práticas. 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 3 
Conteúdo 
Princípios constitucionais vinculados ao valor segurança jurídica 
Uma das atividades mais importantes para aqueles que se aventuram no 
mundo dos negócios é a precificação de seus produtos e serviços. Para isso, 
você conta com a previsão de seus custos com fornecedores, mão de obra e, 
naturalmente, com a carga tributária. 
 
Imagine como seria se você firmasse um contrato para a prestação de um 
serviço. Imagine, ainda, que, se depois de firmado o negócio, após você ter 
entregue, por exemplo, a mercadoria ao cliente e ele ter efetuado o 
pagamento, fosse publicada uma lei que duplicasse o valor do tributo. Isso é a 
insegurança que, trazida para o Direito, é denominada insegurança jurídica. 
 
Cada ramo do Direito tem a sua forma de limitar ou evitar a insegurança 
jurídica. No Direito Tributário, temos como resultado, genericamente, três 
grandes princípios: 
 
Legalidade; Tipicidade; Não surpresa. 
 
Tais princípios, estendidos, correspondem a cinco normas princípios: 
 
Legalidade; Tipicidade; Irretroatividade; Anterioridade; Noventena. 
 
Fique ciente que estamos estudando a partir do pressuposto de que “a 
natureza jurídica das limitações ao poder de tributar é de garantia 
constitucional” (CARNEIRO, 2012, p. 386). 
 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 4 
Princípio da Legalidade 
Conheça, a seguir, cada um dos princípios constitucionais, começando pelo da 
Legalidade: 
 
1 – Legalidade 
João, conhecido como João Sem Terra, foi rei da Inglaterra de 1199 a 1216. 
Seu reinado sofreu de grande ataques militares em guerras com a França, que 
deixaram suas contas bastante deficitárias. Como recurso para reforçar seu 
exército e seu reino de forma geral, aumentava tributos, o que deixava os 
barões bastante insatisfeitos. Assim, para tentar um acordo com os barões, se 
viu forçado a assinar um dos documentos mais famosos de toda a história, a 
Magna Carta. 
 
Nela, dentre outros compromissos, havia o de somente cobrar os tributos que 
fossem aprovados por lei, ou seja, submetidos ao parlamento, que era, 
também, composto pelos próprios barões. Essa regra vige até hoje e é assim 
que se criam os tributos, na forma do Artigo 150, I, da Constituição da 
República. 
 
E apenas para não nos esquecermos: lei é ato normativo genérico, 
abstrato, coercitivo, resultado de um processo legislativo 
constitucionalmente estabelecido. Assim, não podemos entender como lei 
qualquer ato normativo, mas somente aqueles previstos na própria 
Constituição, no Artigo 59, como capazes de inovar no mundo jurídico, 
criando novos direitos e obrigações. 
 
Aliás, que tipo de lei é essa? Como regra, a criação de tributos se dá por lei 
ordinária. Ao contrário do que muitos estudantes do Direito acabam por 
decorar, a criação de tributos não será objeto de lei complementar. A lei 
complementar tem como principal função o estabelecimento de normas gerais, 
ou seja, aquelas que estabelecem um padrão de comportamento a ser 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 5 
observado por todos os entes federativos na fiscalização e cobrança de 
qualquer tributo, salvo exceções fixadas em leis específicas. 
 
Os tributos que serão criados por lei complementar são: 
• Os empréstimos compulsórios (Artigo 148 da CR); 
• O imposto sobre grandes fortunas (Artigo 153, VII, da CR); 
• Os impostos residuais (Artigo 154, I, da CR); 
• As contribuições da seguridade social residuais (Artigo 195, §4º, da CR). 
 
Dos desdobramentos do Princípio da Legalidade 
Conheça, abaixo, alguns pontos inerentes ao princípio em questão. 
 
Concessão de benefícios fiscais 
Na dicção do Artigo 150, I, da Constituição, a limitação imposta traz garantia ao 
contribuinte. E a pergunta que lhe faço é: você precisaria ser protegido contra 
uma redução ou extinção de tributo? Já antecipo a resposta que tenho certeza 
que você me deu: não! Afinal, ninguém reclama de boas surpresas. Então, 
poderia parecer que, para reduzir-se um tributo, bastaria a edição de qualquer 
ato normativo. Mas isso só nãoé correto porque a Constituição traz no §6º do 
mesmo Artigo a exigência de lei específica para concessão de qualquer 
benefício ao contribuinte. 
 
Medida provisória 
Ainda outro ponto, que há muito se discutiu, é a possibilidade de medida 
provisória criar ou aumentar tributo. Medida provisória não é lei. Mas tem força 
de lei. Sendo assim, como ficamos? A insatisfação poderia surgir do fato de que 
a medida provisória é ato normativo editado diretamente pelo Executivo e que 
já começa a produzir efeitos antes mesmo de qualquer chancela do Legislativo 
– poder que representa a vontade do povo na criação de atos normativos. Mas 
o STF nunca reconheceu nenhuma inconstitucionalidade em medida provisória 
e, recorrentemente, temos novas medidas provisórias sobre a matéria. Aliás, a 
Emenda Constitucional nº 32/2001, que introduziu novas regras relativas à 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 6 
medida provisória, estabelece a sua possibilidade e aplicação. O texto poderia 
ser inconstitucional, já que o poder de reforma da Constituição não é ilimitado, 
mas, como dito, tal inconstitucionalidade nunca foi afirmada pelo STF. 
 
Exceções 
Um último ponto a tratarmos sobre a Legalidade é que há exceções. Mas 
devemos entender, antes, as razões dessas exceções. Como será tratado na 
próxima aula, nem todos os impostos têm função arrecadatória, nem todos se 
prestam a prover, simplesmente, dinheiro aos cofres públicos. Alguns tributos 
têm a função de intervir na economia, de servir de instrumento de política 
pública. Assim é com os impostos sobre o comércio exterior (importação e 
exportação), sobre produtos industrializados e sobre operações financeiras. E, 
nesse sentido, caso fosse necessária a publicação de uma lei para qualquer 
aumento ou redução em suas alíquotas, considerando a quantidade de leis que 
ocupam a jornada do Legislativo, essas alterações somente seriam aprovadas 
depois de a intervenção não mais ser necessária. É por isso que os quatro 
impostos acima relatados são, na forma do Artigo 153, §1º, da CR, verdadeiras 
exceções à legalidade. Mas isso só no que diz respeito às suas alíquotas, ou 
seja, o percentual correspondente. Todos os outros elementos desses tributos 
deverão ser fixados por lei. 
 
Princípio da Tipicidade 
2 – Tipicidade 
Na doutrina alemã, desenvolveu-se outro princípio, que não encontra previsão 
expressa em nossa Constituição. É o princípio da tipicidade. Tipo é a descrição 
legal da situação que deverá ocorrer para que os efeitos nela previstos sejam 
aplicados. Em matéria de tributos, é correto afirmar que o tipo tributário é 
composto pelos elementos da obrigação tributária (que serão vistos na próxima 
disciplina, mas que aqui já adiantamos): aspecto material, temporal, 
espacial, subjetivos e quantitativos; ou seja, o que precisa ocorrer, 
quando se considera isto ocorrido, onde se considera isto ocorrido, quem 
pagará, a quem, e o quanto. 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 7 
 
Esse princípio possui alguns pontos importantes a serem discutidos. Vejamos a 
seguir: 
 
Obrigações acessórias e prazos 
O Princípio da Legalidade se aplica aos elementos do tipo tributário. E como 
não são elementos do tipo tributário, o prazo e as denominadas obrigações 
acessórias do Artigo 113, §2º, do CTN (Código Tributário Nacional) podem ser, 
em princípio, alterados por qualquer ato normativo. Mas por que “em 
princípio”? Porque não podemos esquecer que se, de algum modo, a regra 
relativa à obrigação acessória interferir em prejuízo do particular na obrigação 
principal, aquela deverá se submeter a todos os princípios e regras aplicáveis à 
esta. Isso é bastante comum com as regras relativas à escrituração do ICMS, 
com vistas a garantir a não cumulatividade, o que veremos mais adiante. 
 
Tipicidade aberta ou fechada 
Entender o que é tipicidade não deve ser algo difícil, como vimos. O problema 
que surge refere-se à linguagem: o tipo tributário admitirá conceitos legais 
indeterminados e normas em branco. Vejamos o que é cada um desses 
institutos. 
 
O conceito legal indeterminado é o recurso utilizado pelo legislador que 
transfere ao intérprete o dever de complementar a lei. Assim, o legislador se 
utiliza de palavras que, por si só, possuem um significado amplo, inexato. É o 
caso, por exemplo, de imóvel rural. Imóvel rural é aquele localizado em área 
rural ou é aquele cuja utilização tem características rurais? Você percebeu como 
a expressão permite mais de uma interpretação? E isso gera problemas? É 
claro! Há uma grande controvérsia, que será vista em uma próxima disciplina, 
sobre quando deve incidir ITR e quando deve incidir IPTU. 
 
A norma em branco é aquela que se utiliza do recurso de permitir que venha 
ela a ser complementada por outro ato normativo – no mais das vezes, ato 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 8 
normativo de hierarquia inferior; por exemplo, um decreto ou uma resolução. 
Em matéria tributária, podemos, de certa forma, afirmar que a tabela do IPI 
não deixa de ser uma norma que complementa a lei ordinária que institui o IPI. 
 
 
Atenção 
 Na prática, acaba valendo a tipicidade aberta. Não é, em 
verdade, possível conviver sem os conceitos legais 
indeterminados. Até seria possível abrir mão das normas em 
branco. Mas quando a linguagem cria obstáculos ao legislador, 
eles costumam ser bem difíceis de serem ultrapassados. Assim, 
o uso de expressões abertas é um recurso indissociável da 
atividade legislativa. 
 
Princípio da Irretroatividade 
3 – Irretroatividade 
Não basta, para a segurança, que o tributo seja fixado por lei. Até porque a lei 
poderia criar regras para situações já ocorridas e isto traria uma grande 
insegurança. Então, o Artigo 150, III, a, da Constituição determina que as leis 
somente podem alcançar fatos geradores/situações que ocorrem na vigência 
que os instituiu ou aumentou. 
Note bem um detalhe que difere do Princípio da Legalidade: aqui, a redução de 
tributo pode alcançar fato que ocorreu antes. É claro que se a Constituição não 
trouxer regra que o proíba (e não há), a lei pode fixar tratamento mais benéfico 
para situação anterior. 
 
Princípio da Irretroatividade 
Assim como os demais princípios vistos até aqui, esse possui pontos a serem 
destacados. Vejamos a seguir: 
 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 9 
Exceções 
Há exceções à irretroatividade? Em verdade, não. Poderia parecer, pela leitura 
do Artigo 106 do Código Tributário Nacional, que há exceções. Abra seu código 
agora e faça a leitura do artigo. No primeiro inciso, temos a lei interpretativa. O 
que é uma lei interpretativa? É aquela que, ao invés de trazer um novo direito 
ou uma nova obrigação, traz apenas uma definição, uma classificação. E como 
ela não traz nem direito nem obrigação novos, não se submete à 
irretroatividade, pois não onera ninguém. 
 
No inciso II, a irretroatividade não diz respeito, em verdade, a uma norma 
tributária, e, sim, a uma norma penal. Estabelece, ele, que a lei que reduz 
penalidade ou traz qualquer outro tratamento mais benéfico ao infrator 
alcançará infrações já praticadas. 
 
Imposto de renda 
Mas, de tudo isso, o que traz maior perplexidade no estudo desse princípio é a 
análise da Súmula nº 584 do STF. O fato gerador do imposto de renda é 
definido, por muitos doutrinadores, como complexivo ou periódico (formado por 
um conjunto de fatos ocorridos ao longo de determinado período – a saber, 1º 
de janeiro a 31 de dezembro). Caso uma lei entre em vigor em qualquer outro 
dia que não 1º de janeiro, a pergunta lançada é: qual é a lei aplicável ao 
imposto de renda? A antiga, até quefeche o ano? A nova, a partir da sua 
vigência? A nova para o ano todo? 
 
De acordo com o Artigo 105 do CTN, parece-nos que a lei nova seria aplicável 
retroagindo a 1º de janeiro do mesmo ano em que entra em vigor. Mas isso 
viola, flagrantemente, o princípio da irretroatividade. Pela Súmula nº 584 do 
STF, a solução é ainda mais gravosa para o contribuinte. Ela determina que 
seja aplicada a lei que estiver em vigor, não no ano da ocorrência do fato, mas 
no ano em que deve ser feita a declaração. É isso mesmo que você está lendo! 
Aos rendimentos que você tem recebido, será aplicada a lei que estiver em 
vigor no ano que vem! O que deve prevalecer é a aplicação do Artigo 150, III, 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 10 
a, CR. A lei nova somente poderá alcançar fato que tenha tido início, meio e fim 
sob sua vigência. 
 
Princípio da Anterioridade 
4 – Anterioridade 
Se refletirmos sobre o propósito de garantir segurança jurídica ao contribuinte, 
tão somente Legalidade mais Irretroatividade não produzem um resultado 
satisfatório. Imagine você firmar um contrato, contando com uma carga 
tributária tal e, amanhã, ser publicada (com vigência imediata) uma lei que 
duplique esta carga tributária. Ainda assim, haveria insegurança. É por isso que 
o ordenamento jurídico brasileiro conta com o Princípio da Anterioridade – a lei 
que cria ou aumenta um tributo deve ser publicada até o ano anterior para que 
possa ser aplicada. 
 
Anualidade 
Mas nem sempre foi assim; ou melhor, nem sempre que se quis garantir esse 
reforço à segurança jurídica, se fez pelo princípio da anterioridade. O outro 
recurso era o princípio da anualidade tributária, que consistia na exigência de 
uma autorização no orçamento anual para que, naquele ano, o tributo pudesse 
ser cobrado. Dessa maneira, a ausência de previsão orçamentária impedia a 
cobrança do tributo naquele ano. Se você quiser, pode confirmar: a nossa 
Constituição não trata do princípio da anualidade. Este princípio esteve presente 
na Constituição de 1824, 1946 (até ser revogado pela EC nº 18/65) e 1967 (até 
ser também revogado pela EC nº 1/69). 
 
Exceções 
Você viu que a legalidade tem exceções por conta da extrafiscalidade? O 
mesmo ocorre com a anterioridade, tanto para os casos de extrafiscalidade 
como para os casos de urgência. As exceções se encontram listadas nos 
seguintes artigos da Constituição de 1988: Artigo 150, §1º, primeira parte; 
Artigo 195, §6º; Artigo 177, §4º, I, b; e Artigo 155, §4º, IV, c. 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 11 
Princípio da Noventena ou Anterioridade Nonagesimal, Mínima 
ou Mitigada 
5 – Noventena ou Anterioridade Nonagesimal, Mínima ou Mitigada 
O legislador brasileiro não foge à fama e, comumente, deixa tudo para a última 
hora. Não raro, somos surpreendidos com uma verdadeira enxurrada de leis 
tributárias no mês de dezembro. Como a surpresa do contribuinte tem, de certa 
forma, data marcada, o fluxo negocial pode ser interrompido, visto que o 
prudente evitaria firmar contratos no final do ano. 
 
Foi por isso que a Constituição mereceu, em 2003, um pequeno reparo. A EC 
nº 42/03 incluiu no Artigo 150, III, a alínea “c”, que exige, para além da 
irretroatividade e da anterioridade, um prazo de 90 dias a contar da publicação, 
para que a lei possa ser aplicada. 
 
Não se esqueça que isto é um plus à anterioridade. Leis publicadas no início do 
ano nem precisam da noventena, só aquelas do final do ano ou os casos de 
exceção à anterioridade que não sejam exceção à noventena. E, por falar nisso, 
a noventena também tem exceções calcadas na extrafiscalidade e na urgência. 
Essas exceções estão no Artigo 150, §1º, segunda parte, CR. 
 
Princípios constitucionais vinculados ao valor justiça 
Você tem noção a respeito da carga tributária brasileira? Você tem ideia do 
quanto o brasileiro paga por cada tributo? Nem imagina? Pois eu respondo a 
essas perguntas por meio de um convite: viste o curioso site 
http://impostometro.com.br. Nele, você pode conferir o quanto já foi 
pago/arrecadado no Brasil e em cada um dos Estados e capitais. Os valores são 
exorbitantes. E, dependendo do dia em que você está acessando esta aula, as 
cifras poderão ser cada vez mais absurdas. 
 
Por isso, é tão difícil compreender que nossa Constituição possua tantos 
dispositivos que protegem o valor justiça. Mas vamos a eles. 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 12 
Isonomia 
O primeiro princípio é o da isonomia, que seria capaz de englobar todos os 
demais princípios que serão tratados neste tópico. E se você é formado em 
direito, deve saber de cor, quase como um mantra, o que isonomia quer dizer: 
tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual, na exata 
medida de suas desigualdades. 
 
A isonomia se encontra no Artigo 150, II, da Constituição, proibindo qualquer 
tratamento diferenciado; em verdade, não é qualquer tratamento diferenciado, 
somente os chamados privilégios odiosos – benefícios que não encontram 
qualquer justificativa ou razão. E isso não apenas no que diz respeito à fixação 
de tributos por lei, mas, também, ao tratamento imposto pela Administração. 
 
Generalidade e universalidade 
Como decorrência imediata do princípio da isonomia, encontram-se no Artigo 
153, §2º, I, da Constituição, os princípios da generalidade e da universalidade. 
Aliás, para um leigo, essas duas palavras poderiam ser consideradas sinônimas. 
Mas uma regra fundamental de interpretação da Constituição afirma que ela 
não contém palavras inúteis ou desnecessárias. Assim, temos de encontrar uma 
diferença. Parte da doutrina vai afirmar que generalidade é uma expressão que 
traz uma ideia de subjetividade, de sujeito. Assim é que generalidade significa 
que “todo aquele que manifestar riqueza será, em princípio, contribuinte”. É por 
isso que a Constituição veda tratamento privilegiado a determinadas categorias 
– como é comum ocorrer em regimes ditatoriais que tendem a privilegiar a 
categoria que se encontra no poder. De igual forma, afirma-se que 
universalidade traz uma ideia de objetividade, de objeto. Universalidade 
significa que “todo fato que demonstre riqueza será, em princípio, gerador de 
tributo”. Então, encontramos aqui o fundamento para a tributação de várias 
situações, até mesmo do ato ilícito – princípio do pecúnia non olet. Aliás, sobre 
este princípio, vamos guardar detalhes, pois deixaremos para cuidar dele ao 
falar de imposto de renda. Também é importante dizer que esses princípios não 
pertencem exclusivamente ao imposto de renda; são eles princípios aplicáveis a 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 13 
todo ordenamento tributário, pois são concretizações de um princípio maior: 
isonomia. 
 
Capacidade contributiva 
Mas a maior concretização do princípio da isonomia é, sem dúvida, o princípio 
da capacidade contributiva. Cada um deve contribuir, ainda que forçosamente, 
para as despesas públicas na medida das forças de sua riqueza. 
 
Neste momento, você deve abrir a sua Constituição e ler o §1º do Artigo 145; 
nele, você encontra a positivação do princípio. A partir dessa redação, vamos 
fazer a sua análise. A primeira expressão a merecer destaque é “sempre que 
possível”. O que significa isso? Ora, significa que nem sempre é possível... É 
verdade! Será possível aplicar esse princípio nos chamados tributos indiretos 
(aqueles que vêm embutidos no preço daquilo que compramos, que quem 
recolhe é o comerciante ou mesmo a indústria)? O fisco teria como saber se 
aquele que suporta o encargo tributário tem condições de pagar? A resposta é 
simples: não! Afinal, quem consome arroz? Rico ou pobre? Os dois.A segunda expressão é “impostos”. Será que somente devemos aplicar esse 
princípio aos impostos? Claro que não. Na realidade, nos outros tributos – os 
chamados tributos vinculados –, o maior parâmetro é o custo estatal. Como 
eles são vinculados a uma atividade estatal, então a capacidade contributiva 
encontra um espaço secundário. Mas não é por isso que não será aplicada, 
afinal de contas, a gratuidade de justiça é análise de capacidade contributiva 
para uma taxa. 
 
A terceira expressão é “caráter pessoal”. Aqui se destaca outra classificação 
atribuída aos tributos: tributo real e tributo pessoal. E pergunto: o que é um 
tributo pessoal e um tributo real? Muitos vão dizer que real é aquele que incide 
sobre a coisa, e pessoal... aí, ficam sem palavras. Bom, o correto é que 
qualquer tributo incide, genericamente, sobre o patrimônio. Os reais 
consideram apenas características do fato gerador para determinar seu aspecto 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 14 
quantitativo. Os pessoais consideram também características do contribuinte 
para essa fixação. 
 
No dizer da Constituição, o ideal é que essa classificação não seja fechada. 
Então, não seria correto dizer que o IPTU é um exemplo de imposto real; e isto 
porque nenhum tributo deveria ser sempre real. Deveria o legislador buscar 
sempre transformá-los em pessoais – ao menos, sempre que possível. E vemos 
muitas dessas situações, como, por exemplo, municípios que concedem isenção 
de IPTU para idosos de baixa renda; isto é pessoalização do tributo! 
 
A quarta expressão é “capacidade econômica”, que é diferente de capacidade 
financeira. Capacidade financeira diz respeito à liquidez, ou seja, o contribuinte 
possuir ou não dinheiro para pagar o tributo. Já a capacidade econômica diz 
respeito a possuir patrimônio, ainda que não em espécie. Se o constituinte 
falasse em capacidade financeira, bastaria comprometer todos os recursos com 
bens e deixar a sua conta no banco zerada. 
 
E como essa capacidade contributiva é avaliada? Através do que chamamos de 
subprincípios ou princípios-técnicos. 
 
Pessoalidade: como visto, é a análise de características do contribuinte como 
forma de avaliar o montante de tributo devido. É o que ocorre no imposto de 
renda, quando se avalia a quantidade de dependentes ou a realização de 
determinados tipos de despesa, ou, ainda, a idade ou condição de saúde. 
 
Proporcionalidade: esta é a regra geral. Os tributos devem ser proporcionais. 
Não devemos buscar a existência de tributos que tenha o mesmo valor para 
todo mundo. Isso seria a maior das injustiças – que um milionário pagasse o 
mesmo valor que um mendigo. Assim, a primeira forma de evitar que isso 
ocorra é a proporcionalidade, que pode ser definida como alíquota fixa – 
quanto maior a riqueza, maior o valor do tributo devido, mas sempre na mesma 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 15 
proporção. Confira agora, na sua legislação, a redação da Súmula nº 656 do 
STF: ela determina alíquota fixa para o ITBI. 
 
Mas proporcionalidade não é o mais justo. Se o imposto de renda tivesse uma 
alíquota só, se todos tivessem que pagar 10% de imposto de renda, não seria 
nada justo. Afinal, quem seria mais sacrificado, o pobre ao pagar 10% de seu 
salário mínimo, ou o rico ao pagar 10% de um rendimento de 100 mil reais, por 
exemplo. Se você pensou que era o rico, imagine-se tentando sobreviver e 
pagar suas contas com o que sobra do salário mínimo, e com o que sobra do 
rendimento de 100 mil reais. Compreendeu agora? Com certeza que sim. 
 
Progressividade: há dois aspectos para a progressividade: a progressividade 
fiscal – que veremos aqui; e a progressividade extrafiscal – que significa que a 
alíquota será aumentada de forma a desestimular algum comportamento do 
contribuinte, como forma, portanto, de política pública. Ela é prevista na 
Constituição para o ITR (Artigo 153, §4º, III) e para o IPTU (Artigo 182, §4º, 
II), como forma de estimular a função social da propriedade. 
 
Mas a progressividade fiscal é que é a técnica de aferição da capacidade 
contributiva. Segundo ela, quanto maior a riqueza, maior será a alíquota. A 
Constituição a prevê expressamente para o IR (Artigo 153, §2º, I) e IPTU 
(Artigo 156, §1º, I). Assim, quanto maior a base de cálculo, maior a alíquota. 
Durante muito tempo, predominou-se de forma pacífica que essa 
progressividade precisaria de previsão constitucional. Tanto é, que tivemos a 
edição duas súmulas do STF nesse sentido: a já referida 656 e a 668. 
 
Contudo, recentemente, o STF admitiu a progressividade de alíquotas para o 
ITD – apesar de não haver previsão constitucional para isto, apenas por 
aplicação do princípio da capacidade contributiva. 
 
Seletividade: como última forma de aplicarmos o princípio da capacidade 
contributiva, podemos apontar a técnica em que as alíquotas serão fixadas em 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 16 
função da essencialidade do bem objeto de tributação. Isso ocorre ao IPI 
(Artigo 153, §3º, I), ao ICMS (Artigo 155, §2º, III), ao IPVA (Artigo 155, §6º, 
II) e ao IPTU (Artigo 156, §1º, II). 
 
“A essencialidade só pode ser vista na perspectiva de garantia do 
desenvolvimento das decisões valorativas constitucionais, isto é, aquilo que for 
essencial para a dignidade humana, para a vida ou para a saúde do homem” 
(ÁVILA, 2012, p. 380). 
 
Não confisco 
Outro princípio afeto ao valor justiça é o não confisco, com previsão expressa 
no Artigo 150, IV, da Constituição. Esse princípio está carente de desejável grau 
de concretude, ou seja, é bastante difícil afirmar, de forma pacífica, quando há 
ou não confisco. E o que é confisco? Poderíamos dizer que tributação 
confiscatória é aquela tão elevada que é capaz de extinguir a riqueza tributada. 
Assim, há uma divergência no fato de como fazer essa análise. O confisco 
deveria ser analisado de forma geral (ou seja, pela soma de todos os tributos 
devidos) ou de forma isolada (ou seja, por cada tributo). É claro que a forma 
mais justa e mais efetiva é a forma geral. No entanto, ela não vem 
prevalecendo, e o STF somente tem feito essa análise de maneira isolada, até 
porque, se já o tivesse feito, de forma geral, poderia, segundo muitos, ter 
reconhecido o confisco no direito brasileiro, afinal, temos as maiores cargas 
tributárias do mundo. Esse princípio, todavia, cede espaço para a 
extrafiscalidade. É claro que objetivos maiores podem fazer com que o não 
confisco seja abandonado; por exemplo, uma alíquota de 330% para o cigarro 
não é considerada como confiscatória, nem uma alíquota de 60% para as 
importações. Em ambos os casos, o propósito do fisco é evitar a ocorrência 
desses fatos geradores. 
 
Não cumulatividade 
Esse princípio está afeto ao valor justiça, pois evita que cada cadeia seja 
onerada gradativamente. Vejamos a explicação: há tributos que se classificam 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 17 
como plurifásicos, ou seja, incidem, por várias vezes, em cada circulação do 
mesmo bem. Caso a incidência em uma fase fosse completamente 
independente da outra, haveria a incidência do mesmo tributo sobre ele por 
várias vezes. A tradição europeia é a tributação pelo valor agregado; esta 
técnica determina que a base de cálculo do tributo que incide sobre a circulação 
de bens seja a diferença entre o preço de venda e o preço de aquisição. No 
Brasil, não adotamos essa técnica e, sim, a da não cumulatividade, segundo a 
qual o valor recolhido nas operações anteriores servirá de crédito nas 
operações seguintes. A diferença não é feita pela base de cálculo, mas, sim, 
pelo tributo arrecadado. Isso impõe uma escrituração extremamentecomplexa 
e também promove problemas relativos a benefícios fiscais no meio da cadeia, 
já que o não recolhimento de tributos não gera créditos para as operações 
subsequentes. 
 
Neutralidade 
Esse princípio não está positivado em nossa Constituição, mas pode ser 
extraído do conjunto justiça e ordem econômica. A tributação deve ser 
distribuída nos diversos da economia, como forma de evitar demasiada 
oneração para uma categoria e privilégio para as demais. 
 
Um exemplo para isso pode ser visto no Artigo 146-A, que determina que a lei 
complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação para evitar 
desequilíbrios da concorrência. 
 
Princípios constitucionais vinculados aos valores liberdade e 
federalismo 
Passaremos ao estudo de dois valores que não são menores, mas demandam 
um estudo mais específico, pois são objeto de instrumentos normativos 
peculiares, como é o caso da imunidade – que, em verdade, não é um princípio, 
mas uma regra. 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 18 
Os princípios se caracterizam por ideias centrais de um sistema. Inicialmente, 
não tinham caráter normativo. A doutrina e a jurisprudência compreendiam 
que, por sua abstração, não teriam o poder de fazer-se valer por qualquer 
instrumento de coerção direto. Em verdade, o princípio teria a sua concretude 
através da observância da lei, que, em si, seria o instrumento que trazia a regra 
jurídica. 
 
Liberdade 
Apesar de não ter sido o primeiro a passar por nosso objeto de análise, a liberdade é o 
primeiro grande valor a ser construído contra o Estado. Aliás, podemos até dizer que 
os outros se originam de sua construção. Afinal, sem liberdade, o homem não seria 
capaz de lutar pelos demais, nem por justiça nem por segurança. 
 
O homem é, por natureza, livre. A liberdade, em seu exercício, depende da 
vontade humana, de sua consciência, da condição de seu agir. Aliás, esse é o 
primeiro dos valores erigidos no lema da Revolução Francesa – liberté, egalité, 
fraternité. 
 
O custo de tudo que fazemos é um grande impeditivo para seguirmos em uma 
ou outra direção. Ora, certamente um dos motivos que o impede de desligar 
este computador, arrumar suas malas e se dirigir ao aeroporto para ver ou 
rever a Monalisa no Louvre é o custo dessa viagem. 
 
Assim, o Estado pode acabar tolhendo os particulares de adotarem uma 
conduta ou outra pelo custo dos tributos. A saber: 
 
Limitação ao tráfego de pessoas e bens 
Este primeiro princípio se encontra no Artigo 150, V, da Constituição. A 
liberdade ora tutelada é a liberdade ambulatorial, a liberdade de ir e vir, a 
liberdade de locomoção. 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 19 
É claro que essa liberdade somente tem aplicação ampla dentro do território 
nacional, já que não seria possível à Constituição garantir essa liberdade no 
território de outros países; mas se aplica a todo o sistema tributário brasileiro. 
Nesse sentido, somente há uma única exceção prevista na Constituição: o 
pedágio cobrado em via conservada pelo poder público. 
Note bem que, em via que não é conservada pelo poder público, não podemos 
falar de pedágio como espécie de tributo, pois o tributo deve ser cobrado pelo 
poder público, senão, não é tributo. 
 
Aliás, aqui, levanta-se a grande controvérsia sobre a natureza jurídica do 
pedágio. Segundo autores como Misabel Derzi, Roque Antônio Carrazza e 
Luciano Amaro, esse dispositivo justifica o reconhecimento de que o pedágio é 
um tributo, que se submeterá sempre aos limites constitucionais. Geraldo 
Ataliba reconhece-o, especificamente, como uma taxa, pois remunera serviço 
público de conservação das estradas, decorrente do gasto pelo uso delas. Já 
para Sacha Calmon Navarro Coelho, Ricardo Lobo Torres e Hely Lopes 
Meirelles, é um preço público ou uma tarifa, pois não é cobrada em razão de 
serviço específico e divisível, nem hoje é cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada – haja vista o enorme número de 
concessões. 
 
Vedação de diferença tributária em razão da origem ou destino 
Essa proteção está no Artigo 152 da Constituição. Assim como o princípio visto 
anteriormente, a liberdade tutela é a de ir e vir; isto porque origem e destino 
trazem a ideia de deslocamento. Mas os destinatários dessa regra são somente 
os Estados e Municípios. É por isso que não podemos ter alíquota de IPVA 
diferenciada em razão dos veículos serem ou não importados, e o ICMS 
interestadual poder ter alíquota distinta conforme o Estado de origem. No 
primeiro caso, compete ao legislador estadual fixar as alíquotas, e, no segundo 
caso, conforme o Artigo 155, §2º, IV, da Constituição, compete ao Senado 
Federal. 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 20 
Quanto à alíquota do IPVA em carros importados, verifique a decisão proferida 
pelo STJ no RMS 10.906-RJ: TRIBUTÁRIO. IPVA. ALÍQUOTA. CARRO 
IMPORTADO. A Constituição Federal, Artigos 150 e 152, proíbe os Estados de 
estabelecer alíquotas diferenciadas do IPVA para carros importados (Recurso 
provido. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 10.906-RJ. 
Recorrente: Germana Lyra Bahr e outros. Recorrido: Estado do Rio de Janeiro. 
Relator: Ministro Garcia Vieira. Brasília, DF, 5 de junho de 2000. Disponível em: 
https://ww2.stj.jus.br/processo/ita/documento/mediado/?num_registro=19990
0514700&dt_publicacao=05-06-2000&cod_tipo_documento=&formato=PDF). 
 
Federalismo 
Para fecharmos o estudo dos princípios, é importante tratarmos de um valor 
que não é adotado, nem pode ser, por outros países – o federalismo. 
Para esclarecermos, federalismo é o sistema político pelo qual vários Estados se 
reúnem para formar um Estado federal, sem abrir mão de sua autonomia. 
Assim, é importante em um Estado como o Brasil o respeito pela União da 
autonomia de Estados e municípios. 
 
Vedação de isenção heterônoma 
A União, na forma do Artigo 151, III, da Constituição, somente pode conceder 
isenção dos tributos de sua competência. Veremos, em uma próxima aula, que 
a Constituição atribui a cada ente federativo o poder de instituir tributos, de 
forma que se garanta autonomia financeira. Dessa maneira, se a União pudesse 
conceder qualquer benefício para tributos estaduais e municipais, isto poderia 
desequilibrar financeiramente as contas deste. 
 
Há quem afirme, também, que isso só se aplica à isenção, pois a Constituição 
foi expressa quanto a esta. Na verdade, esse princípio é derivação do próprio 
pacto federativo. Então, a única conclusão é que qualquer benefício somente 
pode ser concedido pela União quanto aos tributos federais. Dessa forma, o 
Artigo 155, II, b, do CTN não pode ter sido recepcionado pela Constituição. 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 21 
Importante é esclarecer que a concessão de benefícios através de tratados 
internacionais não constitui benefício heterônomo, porque o benefício é 
concedido pela República Federativa do Brasil e não pela União Federal. Mas, 
ainda assim, deve-se ver os reflexos práticos negativos que isso pode gerar na 
federação. 
 
Nesse sentido, posiciona-se o STF, reiteradamente: 
 
“A cláusula de vedação inscrita no Artigo 151, inciso III, da Constituição – que 
proíbe a concessão de isenções tributárias heterônomas – é inoponível ao 
Estado Federal brasileiro (vale dizer, à República Federativa do Brasil), 
incidindo, unicamente, no plano das relações institucionais domésticas que se 
estabelecem entre as pessoas políticas de direito público interno (...). Nada 
impede, portanto, que o Estado Federal brasileiro celebre tratados 
internacionais que veiculem cláusulas de exoneração tributária em matéria detributos locais (como o ISS, por exemplo), pois a República Federativa do Brasil, 
ao exercer o seu treaty-making power, estará praticando ato legítimo que se 
inclui na esfera de suas prerrogativas como pessoa jurídica de direito 
internacional público, que detém – em face das unidades meramente federadas 
– o monopólio da soberania e da personalidade internacional”. (RE 543.943-
AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-11-2010, Segunda Turma, 
DJE de 15-2-2011). Vide: RE 229.096, Rel. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, 
julgamento em 16-8-2007, Plenário, DJE de 11-4-2008. 
 
Uniformidade geográfica 
Não é só intervindo na tributação dos outros entes que a União pode afrontar o 
pacto federativo e colocar em conflito os vários entes federativos. Isso pode 
ocorrer também quando ela conceder algum tratamento mais benéfico aos 
contribuintes que estejam em um ente da federação. Assim é que o Artigo 151, 
I, da Constituição, proíbe que a União conceda tratamento que não seja 
uniforme no território nacional, à exceção da concessão de benefício que tenha 
por escopo o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico nas diversas 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 22 
regiões do país. O exemplo disso é a Zona Franca de Manaus. Nesse sentido, se 
posiciona o STF: 
 
"A Constituição, na parte final do Artigo 151, I, admite a ‘concessão de 
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento 
socioeconômico entre as diferentes regiões do país’. A concessão de isenção é 
ato discricionário, por meio do qual o Poder Executivo, fundado em juízo de 
conveniência e oportunidade, implementa suas políticas fiscais e econômicas e, 
portanto, a análise de seu mérito escapa ao controle do Poder Judiciário. 
Precedentes: RE 149.659 e AI 138.344-AgR“ (RE 344.331, Rel. Min. Ellen 
Gracie, DJ de 14-3-2003). “Não é possível ao Poder Judiciário estender isenção 
a contribuintes não contemplados pela lei, a título de isonomia (RE 159.026)" 
(RE 344.331, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 11-2-2003, Primeira Turma, 
DJ de 14-3-2003). 
 
Atividade proposta 
O site http://www.impostometro.com.br demonstra uma previsão, segundo 
estudos técnicos, do montante de tributo arrecadado. Os valores variam 
conforme o mês, mas permitem apurar o quanto um brasileiro já arcou de 
tributos naquela data. O que este site permite que a sociedade perceba? 
 
Chave de resposta: É possível identificar todos os recursos tributários que 
cada ente federativo recebe. Assim, o cidadão pode conferir o recursos de que 
dispõem o fisco para atendimento das necessidades públicas. 
 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 23 
Aprenda Mais 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre os assuntos discutidos até agora, assista ao 
vídeo da palestra “O princípio da legalidade, separação de poderes e 
o exercício da competência”, disponível em nossa galeria de vídeos. 
 
Para conhecer mais sobre o assunto, entre em nossa biblioteca 
virtual e baixe o artigo “Os tratados internacionais e as isenções 
heterônomas”. 
 
 
Referências 
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012. 
CARNEIRO, Claudio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. 4. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2012. 
COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 
8. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
PAULSEN, Leandro. Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz 
da doutrina e da jurisprudência. 15. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 
2013. 
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de Direito Constitucional, Financeiro e 
Tributário. v. 1. Rio de Janeiro: Renovar, 2009. 
 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 24 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Considerando que seja editada lei que, além de reduzir o percentual de multas 
incidentes sobre os débitos tributários — inclusive no que se refere à sonegação 
e fraude para se obter redução tributária —, reduza pela metade os juros 
moratórios e a alíquota incidente sobre a operação de circulação de mercadoria, 
assinale a opção correta. 
a) Caberá restituição da diferença da multa já paga, desde que se 
comprove que outros contribuintes tenham sido beneficiados com a 
redução concedida, em virtude do princípio da isonomia. 
b) A redução da multa estabelecida será aplicada, ainda que transitado em 
julgado o procedimento administrativo fiscal que constituiu o crédito 
tributário e o executivo fiscal esteja em fase de embargos à execução. 
c) A redução da multa não será aplicada em caso de descumprimento de 
acordo de parcelamento do débito tributário. 
d) Estando o débito tributário pendente de julgamento administrativo fiscal, 
a ele será aplicada a redução da alíquota, por se tratar de lei mais 
benéfica. 
 
Questão 2 
Em setembro de 2011, a União editou decreto determinando a elevação das 
alíquotas de IPI sobre a importação de automóveis, e instrução normativa 
determinando a prorrogação do direito de dedução, sobre o imposto de renda 
anual da pessoa física, da contribuição previdenciária paga a empregado 
doméstico. Em ambas as normas, há cláusula de vigência para o dia da 
publicação desses atos normativos. Acerca desse aspecto, é correto afirmar, em 
conformidade com a CF e com o CTN, que: 
a) Os efeitos do decreto produzem-se a partir de 1º de janeiro de 2012, e 
os da instrução normativa, a partir da publicação. 
b) Os efeitos do decreto produzem-se após 90 dias contados da publicação, 
e os da instrução normativa, a partir da publicação. 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 25 
c) Os efeitos do decreto e da instrução normativa produzem-se após 90 
dias contados da publicação. 
d) Os efeitos do decreto e da instrução normativa produzem-se a partir de 
1º de janeiro de 2012. 
e) Os efeitos do decreto e da instrução normativa produzem-se a partir de 
1º de janeiro de 2012. 
 
Questão 3 
Analise a seguinte afirmação: “Não basta, no Direito Tributário, a razoável 
equivalência entre o fato e a hipótese legal caracterizadora dos modelos 
abertos; exige-se, rigorosamente, o preciso amoldamento do fato ao tipo 
legalmente definido. É que, na espécie, o modelo legal é cerrado, fechado, não 
ensejando dilargamento pelo aplicador da lei, o que confere à preservação de 
garantias e direitos prestigiados pela Constituição”. (BARRETO, 2009, p. 30). O 
trecho acima se refere, mais precisamente, ao princípio da: 
a) Legalidade 
b) Irretroatividade 
c) Igualdade 
d) Não confisco 
e) Tipicidade 
 
Questão 4 
Qual dos tributos abaixo não obedece ao Princípio da Anterioridade Mínima 
Nonagesimal? 
a) Imposto de renda 
b) Imposto sobre serviço 
c) Imposto sobre produtos industrializados 
d) Contribuição social 
e) CIDE combustível 
 
 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 26 
Questão 5 
O Estado Alpha, com base em pauta fiscal, exigia, de forma definitiva, o ICMS 
devido pela futura operação interna, inclusive quanto à operação a ser realizada 
pelo próprio adquirente, nas compras de mercadorias feitas por comerciantes 
de Alpha aos comerciantes de outros estados da Federação. Dessa forma, as 
vendas efetuadas pelo varejista para os consumidores não eram tributadas 
novamente. Decreto e Instrução Normativa do Estado Alpha alteraram esse 
regime para algumas mercadorias, passando a ser o de sistema normal de 
apuração de ICMS, quando o contribuinte tem o direito, que decorre do 
princípio da não cumulatividade, de descontar do total do débito do imposto 
decorrente das saídas, o valor do imposto pago na operação anterior. 
Entretanto, o decreto e a instrução normativa proibiram que as mercadoriasem 
estoque pudessem, ao serem vendidas, utilizar os créditos fiscais do ICMS 
antecipadamente pago no sistema anterior. Com base no exposto, assinale a 
afirmativa correta. 
a) O decreto e a instrução normativa violam o princípio da anterioridade e a 
segurança jurídica do comerciante que exauriu sua obrigação fiscal. 
b) O decreto e a instrução normativa são plenamente vigentes, eis que a 
venda de estoque representa fato gerador pendente do ICMS. 
c) O decreto e a instrução normativa são plenamente vigentes, eis que a 
venda de estoque representa fato gerador futuro do ICMS. 
d) A mudança do regime não está protegida pelo princípio da legalidade, 
podendo ocorrer a qualquer tempo, com vigência imediata. 
 
Questão 6 
A instituição de tributo com alíquotas progressivas, sem ser exageradamente 
oneroso, não podendo, portanto, ser considerado confisco, faz transparecer, no 
direito tributário, na instituição do referido tributo, o cuidado com o princípio 
da: 
a) Seletividade 
b) Não diferenciação tributária 
c) Legalidade estrita 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 27 
d) Capacidade contributiva 
e) Igualdade tributária, em sentido jurídico 
 
Questão 7 
Analise as assertivas dispostas abaixo: 
I. O tributo de cunho confiscatório não se define por intermédio de um 
percentual, mas pelo ônus econômico que se torne insuportável para o 
contribuinte. 
II. A dificuldade de se aferir o caráter confiscatório de um tributo encontra-se 
justamente na determinação prática o que se deve entender como grau abusivo 
de exigência do patrimônio do contribuinte, sendo que tal determinação deve 
se processar em cada situação concreta. 
III. Representa afronta ao princípio do não confisco por parte do Poder Público 
Municipal, a cobrança simultânea dos valores de Imposto Predial Territorial 
Urbano devidos por proprietário de imóvel dos últimos cinco anos e que não 
foram pagos na oportunidade própria. 
IV. O princípio tributário do não confisco é uma decorrência da premissa 
constitucional que assegura aos cidadãos o direito de propriedade, desde que 
esta desempenhe a sua função social. Portanto, constitui uma afronta a esse 
princípio o estabelecimento por Lei de Alíquota do Imposto Territorial Rural em 
20% (vinte por cento) para as chamadas terras absolutamente improdutivas. 
a) Apenas I e II estão corretas 
b) Apenas I, II e IV estão corretas 
c) Todas estão corretas 
d) Apenas II e III estão corretas 
 
Questão 8 
Conforme a Constituição da República Federativa do Brasil, poderá ser 
progressivo o seguinte tributo municipal: 
a) IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) 
b) IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículo Automotores) 
c) IR (Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza) 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 28 
d) ISS (Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza) 
e) ITR (Imposto sobre a propriedade Territorial Rural) 
 
Questão 9 
O Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257, de 10 de junho de 2001, que regulamenta 
os Artigos 182 e 183 da Constituição Federal) é uma norma que disciplina o(a): 
a) IPTU Progressivo 
b) Sobretaxa 
c) Empréstimo Compulsório 
d) IPVA 
e) ISS 
 
Questão 10 
O princípio da seletividade se aplica: 
a) Ao ICMS 
b) Às taxas 
c) Às contribuições 
d) Aos tributos 
e) Ao IR 
 
Questão 11 
Considere a seguinte situação hipotética: lei federal fixou alíquotas aplicáveis ao 
IPI e estabeleceu que a alíquota relativa aos carros de luxo produzidos no 
Estado de Sergipe é de 12%, e a dos produzidos nos demais Estados da região 
Nordeste é de 18%. Tal enunciado normativo viola o princípio constitucional: 
a) Da uniformidade geográfica da tributação 
b) Da capacidade contributiva 
c) Da liberdade de tráfego 
d) Da não diferenciação tributária entre a procedência e o destino do 
produto 
e) Do não confisco 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 29 
Questão 12 
Considere a seguinte situação hipotética: lei federal fixou alíquotas aplicáveis ao 
ITR e estabeleceu que a alíquota relativa aos imóveis rurais situados no Rio de 
Janeiro seria de 5%, e a relativa aos demais Estados do Sudeste de 7%. Tal 
enunciado normativo viola o princípio constitucional: 
a) Da uniformidade geográfica da tributação. 
b) Da legalidade tributária. 
c) Da liberdade de tráfego. 
d) Da não diferenciação tributária entre a procedência e o destino do 
produto. 
e) Da isonomia. 
 
Questão 13 
Suponha que a República Federativa do Brasil, ao celebrar acordo bilateral com 
o país K, com ratificação do respectivo acordo internacional pelo Congresso 
Nacional e observância de todos os trâmites legislativos impostos pela ordem 
jurídica interna e internacional, tenha como escopo realizar projeto de 
comercialização de gás mediante dutos instalados nos territórios das 
respectivas partes envolvidas, sendo concedida, por meio do referido acordo, 
isenção de todos os impostos incidentes nesta operação. Ocorre que, no 
decorrer das obras de construção civil vinculadas à implementação do 
respectivo projeto, certo Município, localizado no Brasil, no qual era realizada 
parte das obras, promoveu o lançamento do ISS incidente sobre tais atividades 
de prestação de serviço realizadas em seu território, por entender que cabe 
exclusivamente à Municipalidade legislar sobre isenção de tributos de sua 
competência. À vista disso, o Município: 
a) Tem razão, tendo em vista que se configura isenção heterônoma, 
vedada pelo artigo 151, III, da Constituição Federal em vigor, o qual 
veda a União a instituir isenções de tributos da competência dos Estados, 
do Distrito Federal ou dos Municípios, sem ressalvas. 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 30 
b) Tem razão, tendo em vista que tratado ou acordo internacional não 
poderá dispor de matéria relativa à isenção de tributos, visto que 
benefício fiscal é matéria a ser veiculada mediante lei ordinária. 
c) Tem razão, visto que as regras de isenção devem ser interpretadas de 
forma restrita, não sendo possível alterar a competência tributária das 
entidades federativas, ainda que por meio de tratados ou acordos 
internacionais de Direito Tributário. 
d) Não tem razão, tendo em vista que a isenção prevalece, nada impedindo 
que a República Federativa do Brasil, na qualidade de pessoa jurídica de 
direito público externo, exerça as prerrogativas que possui em face das 
unidades federadas e celebres tratados e acordos internacionais de 
Direito Tributário. 
 
Questão 14 
Com relação ao princípio constitucional da imunidade recíproca, previsto na 
Constituição Federal, Artigo 150, VI, podemos afirmar que: 
a) Os Municípios estão impedidos de cobrar, da União e dos Estados, taxas 
pelo serviço de coleta de lixo, bem como quaisquer outras taxas de 
polícia. 
b) É defeso à União, Estados, Distrito Federal e Municípios exigir impostos 
sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, bem como das 
autarquias ou fundações por eles mantidas, no que se refere ao 
patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades 
essenciais ou delas decorrentes. 
c) Não incide Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana 
sobre os imóveis pertencentes à União, mas o imposto pode ser cobrado 
dos Estados em relação aos imóveis de que são proprietários. 
d) Fica vedada a instituição de impostos e de contribuições sociais sobre 
livros, jornais e periódicos e o papel destinado à sua impressão. 
 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 31 
Questão 15 
As imunidades tributárias consistem em normas nas quais fica proibida a 
tributação sobre situações ou pessoas expressamenteindicadas na Constituição 
Federal. Conclui-se, nesse sentido, que: 
a) A imunidade recíproca veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, 
renda ou serviços de União, Estados e Municípios, excluído o Distrito 
Federal. 
b) As imunidades tributárias estão todas previstas no Artigo 150, VI, CF, 
com a única exceção prevista no Artigo 5º, LXXVI, CF, o qual estabelece 
a gratuidade, para os reconhecidamente pobres, do registro civil de 
nascimento e da certidão de óbito. 
c) Considerando que a CF refere-se a isenções e não incidência, quando 
trata de imunidades, a doutrina brasileira pondera que tais expressões 
são sinônimas, abarcando o mesmo fenômeno tributário. 
d) As fundações mantidas por partidos políticos e sindicatos de 
trabalhadores são imunes tão somente aos impostos, de acordo com o 
texto constitucional, devendo tais entidades, portanto, recolher os 
demais tributos do sistema. 
 
CTN: Código Tributário Nacional 
 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - B 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 106, II, c, do CTN, que se refere ao 
ato não definitivamente julgado. 
 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 32 
Questão 2 - B 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, §1º, da CR, que, aliás, 
excepciona o IPI do Princípio da Anterioridade, mas não do Princípio da 
Noventena. 
 
Questão 3 - E 
Justificativa: Resposta fundada na doutrina, para a qual, especificamente, 
temos o Princípio da Tipicidade, que determina que todos os elementos da 
obrigação tributária devem ser dotados de precisão, consubstanciando o tipo 
tributário. 
 
Questão 4 - A 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, §1º, 2ª parte, da Constituição, 
que estabeleceu as exceções ao princípio constitucional. 
 
Questão 5 - A 
Justificativa: Resposta fundada no Princípio da Anterioridade, Artigo 150, III, b, 
da Constituição 
 
Questão 6 - D 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 145, §1º, que conceitua o princípio da 
capacidade contributiva. 
 
Questão 7 - B 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, IV, que conceitua o princípio da 
vedação ao confisco. 
 
Questão 8 - A 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 156, §1º, I, da Constituição. 
 
 
 
 
 SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 33 
Questão 9 - A 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 156, §1º, da Constituição, e no Artigo 
7º do referido Estatuto. 
 
Questão 10 - A 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 155, §2º, III, da Constituição. 
 
Questão 11 - A 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 151, I, da Constituição. 
 
Questão 12 - A 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 151, I, da Constituição. 
 
Questão 13 - D 
Justificativa: Resposta fundada na noção de que a República Federativa do 
Brasil representa todos os entes federativos, e, portanto, não há vedação a 
esse tratado internacional. 
 
Questão 14 - B 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, VI, a, da Constituição. 
 
Questão 15 - D 
Justificativa: Resposta fundada no Artigo 150, §4º, da Constituição.

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