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Assunto: Neoclassicismo no Brasil Disciplina: História da Arquitetura III Professora: Vanessa Regina Freitas da Silva FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE BOM DESPACHO BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO 1/2014 Disciplina: História da Arquitetura e Urbanismo III Professora: Vanessa Regina Freitas da Silva Conteúdo: O Neoclassicismo. A arquitetura neoclássica. A arquitetura residencial no século XIX no Brasil. Referência bibliográfica de apoio: REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 2004. p.33-52/ 111-144. O NEOCLASSICISMO E A ARQUITETURA NEOCLÁSSICA NO BRASIL São neoclássicos todos os edifícios onde se pode notar o emprego de um vocabulário arquitetônico cuja origem remonta à Antiguidade Greco-romana. Transformação na arquitetura brasileira no início do século XIX à dois importantes momentos: 1 – Instalação da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro em 1808. 2 – Chegada da Missão Artística Francesa em 1816, a convite de D. João VI. Chefiada por Lebreton e trouxe o arquiteto Grandjean de Montigny. Então: A fase neoclássica brasileira propriamente dita vai da década de 1810 até 1880 (Século XIX). Neoclassicismo sucedeu o período barroco colonial e antecedeu o ecletismo das primeiras décadas da era republicana; foi considerado uma ramificação do neoclassicismo europeu. OBS: Vilas fora da influência das cidades maiores ainda mantinham características do século XVIII. CARATERÍSTICAS DO NEOCLASSICISMO NO BRASIL A repetição exaustiva de “fórmulas” (Greco-romanas e renascentistas) foi a característica maior do neoclassicismo. Elementos mais aplicados: pórtico, frontão, colunas no eixo da fachada principal, segmentos do peristilos do templo greco-latino nas fachadas, cúpula, arcadas. O estilo neoclássico era considerado símbolo de majestosidade e equilíbrio, sendo apropriado especialmente para edifícios de poderes oficiais como sedes do governo, assembleias legislativas e tribunais. Influência da cultura francesa à atinge a aristocracia e a burguesia à Importação de materiais e de referências européias para reproduzir o ambiente europeu no Brasil à dependência cultural da Europa. Observaram-se dois períodos: 1. PRIMEIRO PERÍODO (1810-1840) Coincidente com a fase final do neoclassicismo europeu. Experiências inspiradas em modelos neoclássicos europeus setecentistas (fins século XVIII). 1.1. Grandjean de Montigny Arquiteto neoclássico, formado em Paris e conhecedor da arquitetura italiana. Realizou obras com características neoclássicas no Brasil. Podem ser citadas a Academia Imperial de Belas Artes (1816-26) e Praça do Comércio (1819-20), com elementos que os aproximam do neoclassicismo europeu: pórtico central na Academia e espaço interno da Praça. Fundou a Escola de Belas-Artes do Rio de Janeiro e foi o primeiro titular da cadeira de arquitetura. 2. SEGUNDO PERÍODO (1840-1880) Período coincidente com o Segundo Reinado. Amplitude quanto a aspectos quantitativos e geográficos. As características dessa fase se espalharam por várias partes do país, alterando a fisionomia de cidades. Muitas vezes foi simplesmente sobreposta a edificações existentes, de concepção setecentista (arquitetura colonial do século XVIII), através da introdução de elementos como platibandas, frontões triangulares, vergas retas e arcos plenos. Não houve discussão conceitual sobre a arquitetura classicista no Brasil como houve na Europa. A característica principal do neoclassicismo europeu é o embasamento teórico, enquanto aqui não houve tal estudo para nomear a arquitetura do período. Datas importantes: Independência do Brasil: 1822. Abolição da Escravatura: 1888. Proclamação da República: 1889. Assunto: Neoclassicismo no Brasil Disciplina: História da Arquitetura III Professora: Vanessa Regina Freitas da Silva CARACTERÍSTICAS DA ARQUITETURA NO BRASIL NO SÉCULO XIX Edificações civis do primeiro quartel do século XIX (1800-1825) – características do século XVIII permanecem: implantação sem afastamentos laterais e frontal; alcovas centrais, corredor lateral, área de convivência/lazer nos fundos; quando térrea sala na frente; quando sobrado, loja no térreo e sala frontal no andar superior. Permanência do trabalho escravo para construção e para serviços de água e esgoto. Diferenciações conforme uso e poder aquisitivo. Edificações civis das cidades maiores a partir da implantação da Academia de Belas-Artes (1826): OBS: Edificações de cidades maiores (litoral) diferem das edificações de cidades menores (interior). Clareza construtiva e simplicidade das formas; elementos formais como cornijas e platibandas. Paredes de pedra ou tijolo revestidas e pintadas por cores suaves como branco, rosa, azul-pastel; Janelas e portas arrematadas em arco pleno. Entrada marcada por colunatas e frontões. Residências de famílias mais abastadas: - interior mais rebuscado, pinturas nos forros e paredes, tapeçaria. - Introdução de maior ordenação formal e diferenciação entre uso íntimo (dormitórios, sala de almoço), uso social (sala de jantar, saleta de entrada) e uso de serviço. - Uso de objetos mais refinados como louças e porcelanas. - intenção de reproduzir a vida nas residências européias modificando comportamento. Período de importação de objetos para decoração e materiais de acabamento e construção: vidros, ferragens, mármores, luminárias, telhas, portas, janelas, papel de parede, móveis, etc. Sobrados: passam a ter o pavimento térreo utilizado pela família e não mais como comércio. Para isso houve um alteamento do piso para afastamento do solo e garantir privacidade. Revestimento do piso muda de pedra ou terra batida para tábuas largas de madeira apoiadas em vigas de madeira distantes do solo 1 ou 2 metros. Partido - disposição dos cômodos: parte frontal: salões/ centro: quartos e sala de jantar/ fundo: serviços. Implantação: permanece a do século XVIII: alinhamento frontal da rua, sobre limites laterais. Chácaras: em bairros mais afastados de famílias ricas. Com afastamentos; espaço para cocheiras e estábulos. Surgem os jardins: uso de plantas (vegetais) europeias. Edificações civis das cidades menores (sem influência direta da Academia de Belas Artes): Cópias imperfeitas das edificações da arquitetura das cidades maiores. Técnica construtiva mais rudimentar. Elementos estruturais ainda de taipa de pilão, adobe ou pau a pique: o uso da terra como material principal não permitia a construção de colunatas, escadarias, frontões, ou qualquer solução mais complexa. Características neoclássicas restritas a elementos das fachadas como platibandas, vergas em arco pleno, vergas retas arrematadas por cimalha saliente (sobreverga) ou pequeno frontão. Arco pleno mais usado nas portas, destacando-as. Bandeiras nas portas em ferro fundido com data da construção e desenhos ao invés de vidro. Muito usadas em lojas e armazéns para arejar. Implantação e partido ainda como no século XVIII. Sobrados: térreo nunca utilizados pelas famílias; sempre para comércio. Casas térreas: surgem os porões. Revestimentos e decoração: mais próxima do que era feito nas cidades maiores, contudo com menos refinamento. Casas rurais à Para grandes proprietários rurais: casas urbanas ainda apenas para festas e fins de semana. Até terceiro quartel do século XIX (1875): recursos e interesses estavam nas fazendas, especialmente nas fazendas de café. Programa da fazenda: residência do proprietário, senzalas, terreiros, depósitos, oficinas, açudes, aquedutos, pomares, jardins, capelas. Padrão de arquitetura/técnica construtiva das casas urbanas mais simples. Intensa vida social nas fazendas com festas e reuniões com música. Valorizaçãoda decoração, revestimentos e ornamentos. Aproximação com vida europeia. Partido/disposição dos cômodos: corredor central com cômodos em volta. Separação dos espaços de uso social, uso íntimo e de uso de serviço. Surgem armários embutidos: indicação do elevado número de objetos. Jardins com plantas europeias; horror pela paisagem tropical. IMPORTANTE: arquitetura neoclássica dependente da importação de materiais, sem inovação nas técnicas e sem aperfeiçoamento à isso ocorrerá no ECLETISMO.
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