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							 VOTO	OFENSIVO																										
	 2	
							 VOTO	OFENSIVO			RAPHA	ËL	LIMA																						
	 3	
	ÍNDICE			
	INTRODUÇÃO	..............................................................................	4	O	QUE	LEGITIMA	O	ESTADO	..............................................	10	ESTRATÉGIAS	POLÍTICAS	...................................................	28	ABSTENÇÃO	...............................................................................	28	DIRETAS	E	INDIRETAS	.........................................................	32	AS	BASES	LIBERTÁRIAS	......................................................	38	A	EDUCAÇÃO	.............................................................................	38	O	TRABALHISMO	.....................................................................	49	O	EMPRESARIADO	E	O	EMPREENDEDOR	....................	54	A	CARIDADE	..............................................................................	57	CANDIDATURAS	LIBERTÁRIAS	–	METODOLOGIA	E	MENSAGEM	...............................................................................	61	O	FREE	STATE	PROJECT	......................................................	74	A	VITÓRIA	FINAL	–	CONSIDERAÇÕES	FINAIS	...........	77				 	
	 4	
	INTRODUÇÃO		Sejamos	 francos:	 a	 política	 estatal	 é	 um	empreendimento	 nojento.	 Atualmente	 todos	 os	dias	 políticos	 de	 todos	 os	 partidos	 se	 reúnem	em	suas	câmaras	para	decidir	o	que	será	feito	da	vida	das	 outras	 pessoas,	 quanto	 dinheiro	 delas	 será	tomado,	 e	 em	 que	 será	 gasto.	 Em	 todos	 os	 anos	eleitorais	vemos	promessas	de	mudanças,	mas	isto	inevitavelmente	 resulta	 em	 mais	 roubo	 da	propriedade	 dos	 eleitores,	 maior	 enriquecimento	da	 classe	 política	 e	 seus	 amigos	 e	 mais	deterioração	 da	 sociedade	 humana	 na	 direção	 do	planejamento	 completo	 da	 ação	 humana.	 O	sistema	 político	 é	 complexo,	 com	 seus	 vários	poderes,	câmaras	e	leis,	transformando-se	em	uma	máquina	onde	nada	é	 feito	sem	que	um	bando	de	outros	 políticos	 esteja	 de	 acordo,	 o	 que	naturalmente	 causa	 acordos	 repulsivos,	capitulações	 ideológicas	e	uma	corrida	na	direção	do	medíocre,	do	complexo	e	do	inútil.		Não	surpreende	que	isto	tenha	inspirado	o	Agorismo	de	Konkin,	que	propõe	como	resposta	a	tirania	 estatal	 o	 uso	 de	 ações	 contra-econômicas,	ações	 que	 não	 colaboram	 com	 o	 estado,	 não	 o	sustenta	 e	não	usam	sua	 estrutura,	 ações	de	 livre	comércio	e	cooperação	numa	sociedade	comercial	libertária	e	pacífica,	com	seus	próprios	sistemas	de	proteção	a	propriedade	e	resolução	de	disputas,	a	Agora.	Abandone-se	o	estado	e	vamos	ao	mercado.	Se	 queremos	 uma	 sociedade	 livre,	 vamos	 viver	nela	 desde	 já.	 Onde	 o	 estado	 atrapalha	 e	 rouba,	
	 5	
criando	muros,	estruturas	devem	ser	criadas	para	o	 comércio	 e	 a	 colaboração,	 fornecendo	 uma	escada.		É	difícil	 imaginar	como	esta	proposta	deve	ter	soado	em	1980,	quando	computadores	tinham	menos	poder	de	computação	do	que	uma	batata,	a	União	 Soviética	 ainda	 era	 uma	 ameaça,	 a	 África	estava	 coberta	 em	 guerras	 civis	 fomentadas	 por	partidos	 comunistas	 e	 a	 américa	 latina	 estava	coberta	de	ditaduras	militares.	É	triste	que	Konkin	não	 tenha	 vivido	 para	 ver	 o	 que	 a	 era	 digital	 nos	trouxe.		Hoje	podemos	 trabalhar	muito	mais	 livres	das	amarras	do	estado	via	aplicativos	de	 todos	os	tipos,	o	que	tem	trazido	grande	dor	de	cabeça	para	governos	 pelo	 mundo	 todo.	 Podemos	comercializar	 com	 milhões	 em	 segundos	 usando	uma	 enorme	 gama	 de	 sites	 de	 comércio	 que	exigem	 praticamente	 nenhuma	 burocracia,	 o	 que	criou	toda	uma	economia	informal	viva	e	forte,	que	por	 sua	 vez	 barateou	 muito	 o	 custo	 de	mercadorias	 de	 vários	 tipos,	 contribuindo	 para	 a	qualidade	 de	 vida	 de	 seus	 clientes.	 Podemos	transmitir	informação	a	custo	quase	negligenciável	via	 internet	 e	 nela	 criar	 veículos	 de	 mídia	 e	educação	 independentes	 da	 sanção,	 fiscalização	 e	censura	 do	 estado,	 o	 que	 deu	 luz	 a	 uma	 mídia	inteira	paralela	a	mídia	regulamentada	pelo	estado	e	 um	 sistema	 de	 educação	 inteiro	 paralelo	 ao	estado.	Uma	criptomoeda	nova	chamada	Ethereum	permite	 inclusive	 a	 elaboração	 de	 contratos	automáticos	 dentro	 de	 uma	 rede	 digital	descentralizada	 e	 um	 país	 já	 foi	 fundado	 dentro	dela,	 a	 Bitnation.	 Tudo	 isso	 teria	 soado	 como	 a	
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mais	pura	 loucura	20	anos	 atrás,	mas	hoje	 é	uma	realidade.	 As	 implicações	 e	 futuras	 evoluções	destes	 sistemas	 são	 imensas,	 basta	 ver	 que	 estas	possibilidades	surgiram	anos	após	a	publicação	do	Novo	Manifesto	Libertário	de	Konkin	e	adicionar	a	isto	o	que	podemos	ter	daqui	mais	36	anos.		Mas	o	estado	ainda	existe.	A	política	ainda	existe,	 os	 políticos	 ainda	 existem.	 O	 estado	apanhou,	mas	também	aprendeu	e	começou	a	usar	estas	 ferramentas	 digitais	 para	 reforçar	 seu	domínio	 sobre	 a	 população.	 O	 conflito	 entre	 o	estado	e	a	humanidade	ainda	existe,	o	que	ocorreu	foi	uma	escalada	na	complexidade	das	armas.		A	 tecnologia	 é	 uma	 fantástica	 porta	 de	combate	 contra	 o	 estado	 e	 sua	 pilhagem,	 e	certamente	 é	 uma	 ferramenta	 muito	 bem	 vinda	dado	 que	 apenas	 algumas	 décadas	 atrás	 o	 único	jeito	 imaginável	 de	 afetar	 ou	 combater	 o	 estado	era	 operar	 dentro	 de	 sua	 estrutura,	 uma	proposição	 demorada,	 complexa,	 nojenta	 e	enfadonha.	O	Agorismo	 teve	 a	 visão	de	uma	nova	alternativa	 e	 tática,	 mas	 seu	 ponto	 problemático	do	 Agorismo	 é	 sua	 completa	 rejeição	 da	 política	partidária,	 da	 atuação	 dentro	 do	 estado	 e	 da	participação	 em	 eleições	 via	 voto.	 O	motivo	 dado	por	Konkin	é,	acima	de	tudo,	que	esta	participação	legitima	o	estado	perante	os	outros	e	compromete	a	 pureza	 da	 ideia	 libertária	 de	 não	 agressão	 e	 de	uma	sociedade	livre	e	horizontal.		Entendo,	 e	 eu	 mesmo	 já	 fui	 publicamente	um	grande	defensor	deste	argumento.	No	ciclo	de	eleições	 de	 2016	 busquei	 examinar	 a	 teoria	política	 libertária,	 a	 aplicação	 da	 política	 e	 as	implicações	 morais	 disso,	 no	 intuito	 de	 sepultar	
	 7	
totalmente	 qualquer	 ideia	 de	 participação	libertária	 na	 política.	 E	 nisso	 descobri	 que	 estava	errado.	Acontece,	e	é	bom.	Não	 há	 duvida	 alguma	 que	 a	 política	partidária	 e	 estatal	 como	 feita	hoje	 é	um	pântano	de	 imoralidade,	 corrupção,	 agressão	 e	 decadência	humana,	porém	a	participação	neste	ambiente	por	parte	 dos	 libertários	 não	 é	 necessariamente	imoral,	 nem	 legitima	 o	 estado.	 Embora	 a	participação	 da	 política,	 das	 eleições	 e	 a	 eventual	operação	 dentro	 da	 estrutura	 do	 estado	 sejam	ferramentas	 antiquadas	 e	 ineficientes,	 são	 mais	uma	 das	 ferramentas	 que	 o	 libertário	 dispõe.	 Se	são	 moralmente	 aceitáveis,	 embora	 indesejáveis,	não	 podemos	 descarta-la	 sem	 um	 exame	 mais	completo.	 Precisamos	 aprender	 com	 o	 erro	 dos	que	 riram	 da	 proposta	 de	 Konkin	 36	 anos	 atrás,	risos	 que	 o	 tempo	 transformou	 em	 silêncio,	 e	perceber	que	hoje	não	podemos	 rir	da	política,	 já	que	pequenas	ações	estão	calando	críticos.	Konkin	viu	 o	 potencial	 do	 desenvolvimento	 tecnológico	para	 a	 defesa	 contra	 a	 crescente	 invasão	 estatal,	mas	 infelizmente	 não	 viu	 como	 estas	 mesmas	ferramentas	 poderiam	 ser	 usadas	 para	 a	 invasão	da	estrutura	estatal,	e	obviamente	não	poderia	ver	esta	 aplicação	 no	 sistema	 brasileiro.	 Os	 tempos	mudaram,	as	regras	mudaram,	as	armas	mudaram,	e	precisamos	nos	adaptar.	Possivelmente	 o	 maior	 defeito	 da	 teoria	política	 atual	 é	 que	 foi	 praticamente	 toda	 escrita	por	 defensores	 do	 estado,	 embora	 de	 formas	diferentes	de	 estado,	 e	por	 isso	 é	 tão	 repugnante.	Avanços	 na	 teoria	 política	 libertária	 foram	 feitos	por	alguns	importantíssimos	pensadores,	porém	a	
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enorme	 maioria	 estava	 confinada	 ao	 sistema	político	americano,	e	antes	da	era	digital.	A	 lista	é	longa,	 mas	 vem	 desde	 Jefferson	 até	 Rothbard,	embora	 atualmente	 poucos	 pensadoresse	devotem	em	grande	peso	a	estas	questões.	Mais	 escassa	 ainda	 é	 qualquer	 literatura	sobre	 como	 a	 atuação	 política	 libertária	 pode	 ser	posta	 em	 prática,	 e	 a	 literatura	 existente	 é	predominantemente	 americana,	 tendo	 pouca	aplicação	 direta	 ao	 sistema	 eleitoral	 e	 político	brasileiro.	 Este	 é	 em	 minha	 opinião	 o	 problema	mais	grave	que	o	libertarianismo	enfrenta	hoje	no	campo	 teórico,	 e	 também	 na	 transformação	 de	teoria	em	prática.	Um	grande	fator	que	também	faz	falta	 é	 a	 experimentação	 e	 a	 observação.	 Como	praticamente	 não	 existe	 ação	 política	 liberal	 no	Brasil	 e	 a	 ação	 libertária	 está	 em	 seus	 primeiros	arrastos	 antes	 do	 engatinhar,	 falta	 experiência	 e	método	para	inspirar	teorias.	Em	português	claro:	praticamente	não	temos	ideia	do	que	fazer.	Disso	 resulta	 que	 a	 maioria	 dos	movimentos	 e	 grupos	 liberais	 e	 libertários	 estão	ou	 tentando	 praticamente	 tudo	 que	 é	 possível	tentar	ou	copiando	metodologias	bem	sucedidas	já	empregadas	pela	esquerda,	e	onde	não	encontram	sucesso,	encontram	aprendizados.	A	resposta	a	este	cenário	não	é	abandonar	o	 empreendimento	 político	 como	 um	 todo,	 mas	sim	 começar	 os	 primeiros	 experimentos	 e	aprender	com	o	tempo,	experiência	e	erros.	Não	é	razoável	 esperar	 acertos	 e	 sucessos	 imediatos	 e	definitivos,	 e	 sim	 esperar	 erros,	 aprendizados	 e	aceitar	 que	 algumas	 fortes	 trapalhadas	 podem	acontecer	 no	 processo.	 O	 movimento	 libertário	
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está	 enfrentando	 uma	 das	 estruturas	 mais	profundamente	 enraizadas	 na	 mente	 e	 na	 práxis	humana,	 o	 estado.	 Não	 devemos	 esperar	 uma	batalha	curta	nem	fácil.	Em	 suma,	 uma	 teoria	 política	 libertária	para	o	Brasil	no	século	21	se	faz	necessária.			Pretendo	 demonstrar	 que	 a	 atuação	política	 não	 é	 uma	 legitimação	 do	 estado,	 assim	com	 o	 voto	 não	 é	 uma	 legitimação	 e	 em	 verdade	significa	 absolutamente	 nada,	 e	 para	 isso	 preciso	examinar	 o	 que	 realmente	 legitima	 a	 estrutura	estatal.	Mapeados	 estes,	 vamos	 a	 como	 o	movimento	 libertário	 já	 está	 se	 infiltrando	 nas	bases	 de	 legitimação	 do	 estado,	 por	 que	 isto	 é	importante	 e	 como	 pode	 ser	 utilizado	 para	 uma	amplificação	 da	mensagem	 libertária,	 culminando	com	 a	 necessária	 candidatura	 de	 libertários	 para	cargos	dentro	do	estado	e	um	ensaio	sobre	a	forma	destas	candidaturas.		 	
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	O	QUE	LEGITIMA	O	ESTADO		O	 que	 defendo	 como	 libertário	 é	 a	interpretação	 literal	 de	 John	 Locke:	 o	 governo	legítimo	 governa	 com	 o	 consentimento	 dos	governados.	 Vamos	 conversar	 sobre	 o	 que	exatamente	 significa	 consentimento,	 e	 que	 ações	podem	ser	entendidas	como	tal.	A	maior	forma	de	consentimento	é	o	explícito,	racional	e	livre,	e	esta	forma	 desautoriza	 e	 é	 superior	 qualquer	 outra	forma	 de	 consentimento	 implícito	 inferior.	 Uma	vítima	 de	 estupro	 que	 repetidamente	 grita	 por	socorro	 e	 pede	 que	 seu	 atacante	 pare	 está	claramente	 não	 consentindo	 com	 o	 processo,	 e	seria	um	absurdo	completo	argumentar	que	como	ela	 não	 se	 defendeu	 fisicamente	 por	medo	 de	 ser	morta,	consentiu	com	o	ataque.		Para	 mim,	 Locke	 está	 falando	 do	 livre-mercado,	o	lugar	onde	nós,	governantes	de	nossos	próprios	 corpos,	 interagimos	 voluntariamente	 e	trocamos	a	governança	de	nossas	propriedades	de	maneira	 livre	 e	 consentida,	 estabelecendo	contratos	 e	 relações	 para	 mútuo	 ganho.	 O	resultado	 disso	 é	 uma	 sociedade	 de	 laços	 entre	indivíduos,	 laços	que	nos	protegem,	nos	ajudam	a	alcançar	 nossos	 objetivos	 e	 que	 refletem	 as	necessidades	 da	 população.	 Governa	 a	 minha	propriedade	 quem	 eu	 consentir	 explicita	 e	livremente	que	o	faça.		No	 entanto,	 a	 maior	 parte	 das	 pessoas	entende	 a	 frase	 incorretamente,	 imaginando	 a	ideia	 de	 um	 estado	 democrático.	 O	 que	 a	 enorme	
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maioria	 das	 pessoas	 não	 percebe	 é	 que	 a	 escolha	que	é	imposta	pelo	estado	é	análoga	à	escolha	que	um	 estuprador,	 ladrão	 ou	 assassino	 impõe	 a	 sua	vítima:	 obedeça-me	 ou	 morra.	 Não	 há	consentimento.	 Nenhuma	 ação	 que	 o	 libertário	tome	 em	 resposta	 a	 esta	 ameaça	 travestida	 de	contrato	 social	 pode	 ser	 considerada	 como	 forma	de	aceitação	do	estado.		O	 libertário	 explicitamente	 não	 consente	com	o	estado.	O	libertário	explicitamente	condena	o	 estado	 como	 um	 agressor,	 o	 imposto	 como	roubo,	o	exercício	de	seu	poder	como	escravização	em	 massa,	 sua	 manipulação	 da	 moeda	 e	 da	economia	como	fraudes	e	suas	diversas	iniciativas	de	um	suposto	“bem	estar	social”	como	compra	de	votos	 e	 responsável	 pela	 erosão	 dos	 laços	 sociais	pacíficos.	 Apenas	 duas	 ações	 poderiam	 ser	consideradas	 como	 apoio	 ao	 estado:	 agredir	 ou	defender	 agressão,	 isto	 é,	 o	 exercício	 de	 um	suposto	 poder	 estatal	 para	 efetuar	 agressão,	 ou	 a	alegação	 explícita,	 racional	 e	 livre	 de	 que	 tal	exercício	 é	moral,	 legítimo	ou	necessário.	 Como	o	libertário,	por	definição,	não	faz	o	segundo,	apenas	o	primeiro	precisa	ser	analisado.		O	ponto	importante	é	o	uso	de	recursos	do	estado	e	a	participação	em	sua	estrutura.	Se	algum	libertário	 usa	 um	 serviço	 que	 foi	 pago	 com	dinheiro	 roubado	 da	 população	 via	 impostos,	 ele	não	legitimou	o	estado,	assim	como	uma	vítima	de	sequestro	 que	 aceita	 ser	 alimentada	 não	 aceitou	ser	 sequestrada.	 Entre	 estes	 serviços	 estão	 coisas	como	 usar	 as	 calçadas	 e	 ruas,	 universidades	públicas,	 serviços	 de	 empresas	 estatais,	 votar	 e	ocupar	 cargos	 públicos.	 Certamente	 seria	
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preferível	 evitar	 estar	 na	 situação	 onde	 se	 torna	necessário	usar	a	estrutura	do	estado,	e	ainda	mais	óbvia	 é	 a	 necessidade	 de	 criação	 de	 estruturas	alternativas	 e	 contra-econômicas	 como	 propôs	Konkin,	 e	 até	 a	 necessidade	 de	 redes	 de	 apoio	entre	 libertários	 para	 situações	 de	 desemprego	 e	outras	 necessidades,	 mas	 existem	 situações	 onde	usar	a	estrutura	estatal	é	inevitável,	e	se	omitir	de	usar	 estes	 serviços	 não	 fará	 com	 que	 o	 dinheiro	seja	devolvido	às	pessoas	que	foram	roubadas	pelo	estado,	 nem	 fará	 com	 que	 os	 serviços	 deixem	 de	existir	 e	 muito	 menos	 fará	 com	 que	 o	 estado	decida	se	extinguir.	Se	 um	 libertário	 usa	 eletricidade	 que	 é	fornecida	 por	 uma	 agência	 estatal,	 ele	 não	concordou	 com	 o	 estado,	 assim	 como	 se	 ele	 se	filiar	a	um	partido,	eleger-se	ou	até	deter	um	cargo	governamental,	 nenhum	 consentimento	 com	 o	estado	 foi	 explicitamente	 dado.	 Pessoas	 não	familiarizadas	 com	 a	 filosofia	 libertária	 podem	 se	confundir	 e	 achar	 tais	 ações	 incongruentes,	 mas	isto	não	é	um	problema	das	ações	e	sim	revela	uma	necessidade	 de	 mais	 divulgação	 sobre	 o	libertarianismo	e	sobre	a	real	natureza	do	estado.	Também	 existem	 aqueles	 que	 não	 se	 importam	com	 a	 verdade	 e	 usarão	 argumentos	 tortos	 para	dizer	 que	 libertários	 não	 podem	 cursar	universidades	públicas,	andar	nas	calçadas	ou	usar	agua	encanada	da	empresa	estatal,	mas	desonestos	sempre	 existirão	 e	 não	 devemos	 pautar	 nossas	ações	primariamente	com	base	naqueles	que	estão	prontamente	 dispostos	 para	 distorcê-las.	 A	campanha	 do	 Brexit	 foi	 encampada	 pelo	 UKIP	mesmo	sob	todos	os	tipos	de	calúnias	e	distorções,	
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e	 caso	 o	 UKIP	 e	 seus	 apoiadores	 tivessem	 se	importado	 com	 a	 opinião	 alheia,	 ainda	 estariam	presos	 ao	 projeto	 de	 super-estado	 da	 União	Europeia.	Como	dito	antes,	a	única	ação	do	libertário	que	poderia	ser	interpretada	como	apoio	ao	estado	seria	 a	 agressão	usando	o	poder	 estatal,	mas	 isso	não	 está	 atrelado	 necessariamente	 a	 estar	 dentro	da	estrutura	estatal.	Digamos	que	alguém	construa	um	 lago	 em	 sua	 propriedade	 e	 lá	 comece	 a	 criar	peixes.	 Para	 fazer	 o	 lago	 o	 sujeito	 precisaria	 de	autorização	 governamental,	 e	 para	 isso	precisaria	pagar	 uma	 taxa,	 mas	 ele	 não	 o	 fez,	 afinal	 esta	 é	uma	 regulação	 invasiva	 a	 propriedade	 de	 alguém	que	 não	 consentiucom	 esta	 governança.	 Se	 um	fiscal	 do	 estado	 encontrar	 o	 lago	 e	 emitir	 uma	multa	 ao	 proprietário,	 ele	 estará	 legitimando	 o	estado,	 afinal	 está	 sendo	 um	 veículo	 de	 iniciação	de	agressão	contra	alguém	pacífico.	Emitir	multas,	impostos,	confiscar	propriedades,	prender	pessoas	por	“crimes”	sem	vítima,	proibir	empreendimentos	e	 tantas	 outras	 ações	 agressivas	 são	 uma	legitimação	 do	 estado,	 pois	 são	 exercícios	 do	 seu	suposto	poder.		Agora	 digamos	 que	 alguém	 na	 cidade	 do	exemplo	 do	 lago	 reporte	 o	 suposto	 criminoso	 ao	estado.	 Esta	 é	 uma	 ação	que	 legitimaria	 o	 estado.	Digamos	 que	 alguém	 diga	 para	 seus	 amigos	 ou	filhos	que	a	multa	foi	correta	e	que	o	estado	pode	sim	regulamentar	uma	propriedade	da	qual	não	é	dono	 e	 punir	 desobedientes.	 Esta	 ação	 também	legitimaria	 o	 estado.	 Digamos	 que	 um	 professor	numa	 escola	 dessa	 cidade	 use	 este	 evento	 para	“ensinar”	 a	 seus	 alunos	 que	 isto	 é	 correto	 e	
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necessário.	 Este	 professor	 também	 está	legitimando	 o	 estado.	 Também	 é	 culpado	 o	advogado	 que	 aceitar	 trabalhar	 para	 o	 estado	 e	processar	 o	 construtor	 do	 lago,	 o	 professor	 de	direito	 que	 “ensina”	 a	 seus	 alunos	 que	 esta	 lei	 é	correta	 e	 deve	 ser	 defendida,	 e	 tantos	 outros	 que	ou	 colaborarem	 para	 esta	 agressão	 ou	 que	ensinarem	 que	 ela	 é	 correta	 ou	 necessária,	 e	 que	os	 agredidos	 pelo	 estado	 não	 deveriam	 se	defender,	afinal	merecem	ser	agredidos.	Isto	 pode	 parecer	 uma	 acusação	 contra	todas	as	pessoas	que	trabalham	dentro	do	estado	e	dizem	que	ele	é	necessário	e	bom,	mas	tais	pessoas	não	 deveriam	 ser	 necessariamente	 vistas	 como	inimigos,	 pessoas	 desprezíveis	 ou	 agentes	doutrinadores.	 A	 triste	 verdade	 é	 que	 a	 maioria	das	pessoas	que	age	para	a	glória	e	doutrinação	do	estado,	 inclusive	 uma	 parte	 dos	 políticos,	 não	 faz	ideia	 do	 que	 ele	 realmente	 é,	 nem	 do	 que	 está	realmente	defendendo.	Desconhecer	é	certamente	uma	tragédia,	mas	nunca	um	crime.	Se	soubessem	aquilo	 que	 libertários	 sabem,	 provavelmente	mudariam	 o	 jeito	 que	 atuam	 dentro	 destas	organizações	 estatais	 ou	 as	 abandonariam	completamente,	e	a	realidade	nos	mostra	que	este	é	 o	 trajeto	 cursado	 pelos	 servidores	 públicos	 de	todos	 os	 tipos	 que	 se	 tornam	 adeptos	 do	libertarianismo.	 Servidores	 públicos	 não	 devem	ser	odiados	nem	agredidos	verbal	ou	fisicamente,	e	sim	 educados	 sobre	 a	 estrutura	 da	 qual	participam,	 e	 naturalmente	 uma	 resistência	grande	será	oferecida,	pois	é	de	se	esperar	que	um	humano	 normal	 resista	 a	 ideia	 de	 que	 está,	 sem	saber,	 participando	 de	 uma	 organização	 que	
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pratica	 roubo,	 fraude	 e	 sequestros	sistematicamente.		Agora,	 caso	 um	 libertário	 se	 encontre	 em	qualquer	 uma	 destas	 posições	 e	 atue	 como	 um	libertário,	seja	no	cargo	de	um	advogado	do	estado	que	se	recusa	a	processar	pessoas	pacíficas,	de	um	professor	do	estado	que	não	ensina	qualquer	coisa	a	 favor	 do	 estado	 e	 sim	 ensina	 a	 filosofia	 do	libertarianismo,	seja	ele	a	pessoa	que	avista	o	lago	e	 não	 o	 denuncia,	 e	 mesmo	 seja	 ele	 o	 fiscal	 que	avista	o	lago	e	não	multa	o	sujeito,	desobedecendo	assim	 ordens	 do	 estado	 de	 agredir	 pessoas	pacíficas,	 nada	 de	 imoral	 foi	 feito.	 De	 fato,	 muito	bem	 seria	 feito	 a	 toda	 a	 sociedade	 se	 todos	 os	cargos	 de	 fiscais	 da	 receita	 fossem	 ocupados	 por	libertários	que	estão	eternamente	em	greve,	ou	se	todos	os	juízes	de	uma	região	fossem	libertários	e	simplesmente	 se	 recusassem	 a	 emitir	 sentenças	favoráveis	 ao	 estado,	 ignorando	 completamente	 a	constituição	 e	 emitindo	 decisões	 embasadas	apenas	na	lei	natural.	O	mesmo	vale	para	um	cargo	político.	 Libertários	 como	 Rothbard	 e	 Block	defende	 que	 se	 um	 libertário	 em	 exercício	 de	 um	cargo	 eleitoral	 ou	 não	 eleitoral	 decidir	 não	 fazer	valer	as	leis	imorais	do	estado	e	se	comprometer	a	apenas	 prejudicar	 o	 estado	 em	 todas	 as	 ocasiões	possíveis,	 votando	 contra	 qualquer	 lei	 que	 o	expanda	 e	 votando	 a	 favor	 de	 qualquer	 lei	 que	 o	reduza,	atuando	diariamente	para	reduzir	o	poder	estatal	 e	 denunciando-o	 sempre,	 esforçando-se	para	 acordar	 seus	 colegas	 para	 a	 realidade	 da	agressão	estatal,	nada	de	 imoral	 foi	 feito,	nem	em	momento	 algum	 qualquer	 tipo	 de	 consentimento	foi	 dado	 ao	 estado.	 Só	 porque	 alguém	 entrou	 na	
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igreja	 não	 quer	 dizer	 que	 o	 sujeito	 virou	 cristão.	Para	 isso	 é	 preciso	 ajoelhar,	 rezar	 e	 acreditar	 na	oração.	Novamente	 concedo	que	operar	dentro	da	estrutura	 mais	 intima	 do	 estado,	 especialmente	dentro	 da	 política	 eleitoral	 é	 um	 trabalho	desgastante	 e	 que	 colocará	 o	 libertário	diariamente	 em	 contato	 com	 algumas	 das	 piores	personalidades	 e	 ideias	 que	 a	 humanidade	 pode	oferecer,	mas	nem	tudo	que	cai	no	esgoto	é	dejeto,	embora	certamente	venha	a	ficar	cercado	deles.		Uma	 analogia	 comum	 feita	 como	argumento	contrário	ao	envolvimento	na	política	é	de	 que	 usar	 eleições	 para	 destruir	 o	 estado	 seria	como	infiltrar	um	grupo	terrorista	para	destruí-lo	por	 dentro,	 e	 é	 uma	 analogia	 correta,	 embora	tenha	 suas	 limitações	 como	 todas	 as	 analogias.	Caso	 alguém	 se	 infiltre	 num	 grupo	 terrorista	 e	 lá	faça	 absolutamente	 nada	 de	 útil,	 se	comprometendo	 apenas	 a	 sabotar	 todas	 as	iniciativas	 dos	 terroristas,	 nada	 de	 errado	 está	sendo	feito.	Ninguém	toma	o	 fato	de	que	agências	de	 inteligência	 estatais	 infiltram	 organizações	terroristas	 como	 uma	 validação	 do	 terrorismo	pelos	 agentes	 estatais.	 A	 falha	 na	 analogia	 é	assumir	 que	 a	 atuação	 política	 e	 infiltração	 no	estado	é	a	única	maneira	de	destruí-lo,	o	que	não	é	verdade.	 Assim	 como	 existem	 várias	 maneiras	diferentes	 de	 combater	 o	 terrorismo,	 existem	diversas	maneiras	de	 combater	o	 estado.	O	 limite	da	 analogia	 é	 que	 a	 infiltração	 tem	 implicações,	dificuldades	 e	 outras	 características	 mais	 muito	diferentes	 entre	 a	 política	 e	 a	 célula	 terrorista.	 O	ponto	 aqui	 colocado	 é	 que	 a	 participação	 na	
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máquina	 do	 estado	 não	 é	 imoral	 e	 é	 apenas	 uma	das	várias	ferramentas	disponíveis	aos	libertários.	Sua	 eficácia,	 aplicação,	 tempo	 para	 sucesso	 e	tantas	outras	coisas	podem	ser	discutidas,	mas	não	
é	imoral	per	se.		Resolvido	 o	 problema	 da	 operação	 dentro	do	estado,	 ficamos	então	com	o	problema	do	voto	em	 si,	 e	 ele	 não	 pode	 ser	 entendido	 como	 uma	legitimação	 do	 estado	 nem	 como	 uma	 agressão.	Lysander	 Spooner	 já	 encerrou	 a	 questão	 em	 seu	livro	 “A	Constituição	de	Nenhuma	Autoridade”	de	1867,	onde	ele	argumenta	(e	aqui	resumo)	que:		(Nota:	nesta	citação	o	termo	“constituição”	pode	 perfeitamente	 ser	 entendido	 como	 “estado”.	Mantive	 a	 grafia	 apenas	 por	 apreço	 a	 forma	original).		1) O	voto	só	pode	criar	um	vínculo	entre	o	eleitor	e	a	constituição	do	país,	e	como	nem	 todos	 podem	 votar	 isto	 implica	que	 os	 “não	 eleitores”	 não	 estão	obrigados	 a	 apoiar	 ou	 defender	 a	constituição.	2) Dos	 que	 podem	 votar,	 nem	 todos	votam,	e	muitos	dos	que	podem	nunca	vão	votar.	E	quando	estes	votam,	estão	declarando	 apoio	 apenas	 pelo	 tempo	do	 mandato	 em	 questão,	 não	eternamente.	3) E	 nem	 por	 votar	 pode	 ser	 dizer	 que	 o	eleitor	escolheu	apoiar	a	constituição,	a	não	 ser	 que	 o	 ato	 de	 votar	 seja	voluntário,	 mas	 votar	 não	 pode	 ser	
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considerado	voluntário,	pois	quer	vote	ou	 não,	 o	 estado	 vai	 agredir	 o	 eleitor	quer	ele	consinta	ou	não.	Quem	vota	vê	na	 eleição	 uma	 possibilidade	 de	 se	defender	num	conflito	que	 foi	 imposto	a	ele.	Para	que	o	voto	fosse	voluntário,	a	 proposta	 deveria	 ser	 “se	 você	 não	votar	 o	 estado	 não	 alegará	 autoridade	sobre	 você”,	 o	 que	 evidentemente	jamais	é	o	caso,	ou	seja,	não	é	possível	afirmar	 que	 todos	 os	 votos	 dados	 são	consentimentos	com	a	constituição.	4) Como	 taxação	 é	 imposta	 em	 todas	 as	pessoas,muitos	 votam	 para	 evitar	serem	roubados.	Tomar	a	propriedade	de	 uma	 pessoa	 sem	 consentimento	 e	inferir	 seu	 consentimento	 porque	 a	pessoa	 votou	 para	 evitar	 que	 seja	roubado	não	é	prova	de	consentimento.	5) Em	 quase	 todas	 as	 eleições	 votos	 são	dados	 a	 vários	 candidatos	 para	 o	mesmo	cargo.	Não	é	possível	supor	que	votaram	 a	 favor	 da	 constituição,	 pois	podem	ter	votado	apenas	para	evitar	o	outro	 candidato,	 portanto	 pode-se	supor	 que	 estes	 votaram	 contra	 a	constituição.		6) Muitos	 votos	 são	 dados	 a	 candidatos	que	 certamente	 não	 serão	 eleitos.	Quem	 votou	 nestes	 candidatos	 pode	não	ter	votado	em	apoio	à	constituição,	mas	para	obstrui-la.		7) Como	 os	 votos	 são	 secretos,	 não	 há	modo	de	saber	quem	votou	contra	ou	a	
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favor	da	constituição,	ou	seja,	votar	não	prova	 consentimento	 de	 qualquer	individuo	 em	 particular.	 Como	 não	 há	prova	alguma	que	um	indivíduo	sequer	apoia	a	constituição,	não	pode	ser	dito	que	alguém	a	apoia.		8) Como	 não	 há	 prova	 das	 intenções	 dos	eleitores,	 elas	 podem	 ser	 apenas	 alvo	de	 conjecturas.	 É	 possível	 então	 que	muitos	 dos	 que	 votam	 querem	 apenas	usar	 a	 constituição	 contra	 seus	oponentes,	 mas	 caso	 seus	 oponentes	vençam,	 os	 primeiros	 deixariam	 de	apoiar	a	constituição.		9) Como	todos	votam	secretamente	e	não	podem	 ser	 responsabilizados	 pelos	atos	dos	eleitos,	não	se	pode	dizer	que	alguém	 apoia	 a	 constituição	 ao	 votar.	Apenas	 o	 consentimento	 público	 e	voluntário,	 e	 a	 aceitação	 de	responsabilidade	 pelos	 seus	 eleitos,	desde	 que	 atuem	 dentro	 dos	 limites	dados,	 pode	 ser	 entendida	 como	consentimento.	10) Como	 o	 voto	 é	 secreto,	 e	 como	 todo	governo	 é	 secretamente	 um	 bando	 de	ladrões,	 tiranos	 e	 assassinos,	 o	 fato	 de	que	 o	 governo	 é	 feito	 através	 do	 voto	secreto	 só	 prova	 que	 existe	 entre	 nós	um	 bando	 oculto	 de	 ladrões,	 tiranos	 e	assassinos,	 cujo	propósito	 é	 escravizar	e	 matar	 dissidentes	 conforme	necessário.	 A	 existência	 deste	 bando	
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não	prova	nada	sobre	o	consentimento	com	a	constituição.		 Ou	seja,	do	jeito	que	eleições	são	realizadas	hoje,	 votar	 significa	 absolutamente	 nada,	 nem	prova	qualquer	tipo	de	coisa.	É	um	ato	sem	sentido	lógico	 próprio,	 um	 ritual	 aleatório	 que	 não	 liga	causa	 e	 efeito,	 assim	 como	 civilizações	 antigas	sacrificavam	pessoas	na	crença	de	que	isso	faria	o	sol	 nascer.	 Para	 que	 o	 voto	 pudesse	 ser	considerado	 uma	 legitimação	 do	 estado	 ele	precisaria	 ser	 um	 contrato	 não	 anônimo,	voluntário	e	com	regras	e	duração	definida,	porém	se	 os	 diferentes	 governos	 se	 limitassem	 apenas	 a	governar	 quem	 livre	 e	 explicitamente	 assinasse	este	contrato,	não	seriam	estados,	afinal	o	estado	é	definido	 pela	 imposição	 violenta	 de	 uma	governança.		Vale	 observar	 também	 que	 o	 voto	 em	 um	político	em	específico	não	significa	absolutamente	nenhuma	 relação	 contratual	 entre	 político	 e	eleitor,	já	que	o	político	pode	simplesmente	fazer	o	que	bem	entender	e	não	sofrerá	sanções	por	 isso.	Argumentar	 que	 votar	 é	 participar	 da	 agressão	estatal	 é	 inferir	 que	 o	 voto	 tem	 alguma	 relação	com	 o	 exercício	 de	 poder	 pelo	 estado,	 e	 como	vimos	isto	é	completamente	falso.	Só	respeitamos	o	voto	por	uma	crença	sem	fundamento	de	que	 ele	 pode	 autorizar	 o	 estado	 a	fazer	 certas	 coisas,	 mas	 como	 poderia	 isso	 ser	verdade?	 Como	 podemos	 transferir,	 via	 voto,	 um	poder	 que	 não	 temos,	 nomeadamente	 o	 poder	 de	decidir	 quem	 será	 agredido	 e	 quem	 será	beneficiado	 com	 isso?	 Se	 nenhum	 de	 nós	 pode	
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cobrar	impostos,	invadir	propriedades,	encarcerar	pessoas	 ou	 recruta-las	 para	 nossa	 defesa,	 nem	nenhuma	 ação	 que	 o	 estado	 faz,	 como	 podemos	então	 autoriza-lo	 a	 cometer	 estes	 atos?	 Assim	como	 é	 impossível	 vender	 uma	 propriedade	 que	não	 é	 sua,	 é	 impossível	 autorizar	 o	 estado	 a	agredir,	 pois	 este	 não	 é	 um	 direito	 seu	 para	 ser	transferido.	O	 estado	 somente	 é	 legitimado,	 em	última	análise,	pela	crença	popular	de	que	certas	pessoas	podem	 agredir	 outras	 pessoas,	 ou	 seja,	 que	existem	superiores	e	inferiores,	e	os	inferiores	não	devem	 ter	 o	 direito	 de	 se	 revoltar	 contra	 seus	superiores.	 Ao	 longo	 da	 história	 existiram	discordâncias	 apenas	 sobre	 o	 método	 pelo	 qual	estes	 supostos	 superiores	 seriam	 encontrados:	vitórias	 em	 guerras,	 assassinato	 do	 superior	anterior,	 um	 suposto	 apontamento	 divino	 ou,	como	 hoje	 se	 acredita:	 o	 voto	 através	 de	 um	“processo	democrático”.			A	enorme	maioria	das	pessoas	não	percebe	que	 acredita	 que	 é	 perfeitamente	 normal	 que	 o	estado	 mande	 em	 nossas	 vidas,	 tome	 nossa	propriedade	 via	 impostos	 e	 puna	 com	 multa,	prisão	 ou	 morte	 caso	 alguém	 resista	 este	 acordo	supostamente	 tão	 benéfico.	 Curiosamente,	 se	 a	mesma	 relação	 fosse	 imposta	 por	 uma	 gangue	de	mafiosos	 armados	 ou	 uma	 empresa,	 organização	ou	 religião,	 reconheceríamos	 isso	 imediatamente	como	 uma	 exploração	 criminosa	 e	 escravagista,	mesmo	 se	 esta	 gangue	 limpasse	 as	 ruas,	 nos	presenteasse	com	barras	de	chocolate	uma	vez	por	semana	 ou	 presumisse	 poder	 ensinar	 sua	 versão	de	filosofia	para	nossos	filhos.		
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A	 ideia	 de	 democracia	 representativa	encontrou	solo	fértil	nas	mentes	infantilizadas	das	pessoas	acostumadas	com	a	existência	do	estado	e	nas	mentes	 perversas	 que	 visavam	 elas	 serem	 as	detentoras	 do	 poder.	 Nos	 vários	 casos	 onde	estados	anteriores	foram	destituídos,	por	exemplo,	a	 revolução	 francesa,	 independência	 americana,	brasileira	 ou	 de	 qualquer	 outro	 país,	 a	 queda	 da	união	 soviética	 e	 tantos	 outros,	 certos	 grupos	interessados	 em	 serem	 os	 novos	 donos	 do	 poder	precisavam	 convencer	 a	 população	 a	 aceita-los	como	 governantes,	 e	 uma	 das	 alternativas	 para	fazê-lo	é	invocar	a	ilusão	do	voto,	isto	é,	a	ideia	de	que	 se	 uma	 porção	 da	 população	 nos	 aceitar,	 os	outros	devem	se	calar	e	aceitar	também,	reduzindo	o	 problema	 de	 aceitação	 do	 novo	 estado	 a	 um	mero	suborno	de	parte	da	população	com	poder	e	riquezas.	 A	 população	 acostumada	 com	 a	 ideia	ilógica	 de	 que	 um	 estado	 precisa	 ou	 deve	 existir	aceitou	 esta	 ideia,	 pois	 se	 cria	 uma	 ilusão	 de	 que	ela	 detém	mais	 poder	 agora	 do	 que	 antes,	 ou	 de	que	 de	 alguma	 forma	 bizarra	 este	 novo	 estado	 é,	na	 verdade,	 propriedade	 do	 povo	 quando	 o	contrário	é	o	correto,	isto	é,	o	povo	é	propriedade	do	 estado,	 assim	 como	 sempre	 foi	 em	 todos	 os	outros	 esquemas	 de	 organização	 estatal	 da	história.		Esta	 fraude	 intelectual	 se	 mantém	 viva	primariamente	 por	 dois	 motivos,	 embora	 vários	outros	menores	 existam:	 doutrinação	 e	 subornos.	A	 formatação	 da	 educação	moderna	 foi	 criada	 na	Prússia	 por	 monarcas	 sanguinários	 que	precisavam	 normalizar	 e	 domesticar	 a	 população	de	regiões	anexadas,	evitar	revoltas	internas,	criar	
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uma	relação	de	adoração	da	monarquia	pelo	povo,	incentivar	 a	 participação	 nas	 forças	 militares,	semear	 desconfiança	 e	 aversão	 a	 outras	 nações	 e	povos	 e	 genericamente	 falando	 criar	 uma	mentalidade	 nacionalista	 e	 patriótica	 (Rothbard,	Educação	Livre	e	Compulsória).	Embora	a	Prússia	não	 exista	 mais,	 seu	 modelo	 de	 educação	 estatal	compulsória	 foi	 amplamente	 copiado	 na	 Europa,	América	e	América	Latina,	pois	era	extremamente	eficiente	 no	 que	 se	 pretendia	 e	 governantes	 de	todos	os	tipos	a	reconheceram	como	um	excelente	sistema	de	domesticação	em	massa.	No	Brasil,	assim	como	em	vários	lugares	do	mundo,	 a	 educação	 como	 um	 todo	 é	regulamentada	pelo	estado	direta	e	indiretamente,	e	 seu	 currículo	 e	 vários	 outros	 detalhes	 são	obrigatórios	 e	 fiscalizados,	 ou	 seja,	 a	 população	 é	obrigada	a	comparecer	as	escolas	para	lá	aprender	o	que	o	estado	quer	que	elas	aprendam.	Como	um	adicional	 temos	 o	 ENEM,	 que	 cobra	 no	 fim	 do	ensino	médio	oque	os	 seus	 criadores	 resolverem	cobrar,	 e	 como	 o	 exame	 é	 estruturado	 dentro	 do	MEC,	o	governo	pode	desviar	significativamente	do	currículo	convencional	e	inserir	perguntas	de	forte	conteúdo	 ideológico	 na	 prova,	 mesmo	 que	 em	pequena	 quantidade,	 assim	 sinalizando	 para	 as	escolas	 que	 devem	 ensinar	 a	 ideologia	 que	 o	governo	 defende,	 ou	 seus	 alunos	 terão	 um	desempenho	 fraco	na	prova.	Filósofos	e	 ideólogos	de	 vários	 tipos	 também	 se	 prestam	 a	 escrever	livros	 exaltando	 o	 estado,	 mas	 estão	 ou	 em	 sua	folha	 de	 pagamento	 e	 o	 fazem	 por	 ganância	 ou	pior,	 agem	 por	 crença	 de	 que	 de	 fato	 existem	pessoas	 superiores	 que	 devem	 controlar	 as	
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inferiores.	 O	 resultado	 disso	 é	 que	 a	 educação	estatal	não	ensina	conhecimentos	 realmente	úteis	para	o	trabalho,	o	empreendedorismo	ou	uma	vida	moral,	mas	praticamente	todos	os	alunos	saem	do	sistema	 escolar	 com	 baixíssimas	 capacidades	 de	pensamento	 crítico,	 pouquíssimo	 conhecimento	sobre	 história,	 uma	 aceitação	 passiva	 e	normalizada	 com	 a	 autoridade	 imposta	 e	 um	flagrante	desconhecimento	sobre	direitos	naturais.	Isto	foi	recentemente	temperado	no	Brasil	com	um	molho	adicional	de	doutrinação	socialista,	pois	era	conveniente	aos	que	controlavam	o	estado.		A	mídia	também	opera	como	um	veiculo	de	doutrinação,	 afinal	 seus	 repórteres	 e	 editores	também	 são	 formados	 na	 educação	 estatal,	 e	portanto	são	incapazes	de	perceber	o	estado	como	raiz	dos	vários	problemas	que	 jornais	de	todos	os	tipos	 reportam	 no	 dia-a-dia.	 Culpa	 por	 crimes,	crises	e	desastres	é	atribuída	a	qualquer	entidade,	organização,	 ideia	 ou	 pessoa,	 e	 até	 mesmo	 é	atribuída	 ao	 governo	 atual	 que	 não	 exerceu	 seu	poder	de	coerção	de	maneira	“correta”,	mas	jamais	o	 estado	 é	 questionado,	 ocasionalmente	frequentemente	 por	 pura	 incapacidade	 dos	repórteres	e	editores	de	identificar	este	problema,	mas	muito	frequentemente	por	suas	orientações	e	alianças	políticas.	Ademais	 governos	 rapidamente	reconheceram	que	a	mídia	possui	amplos	poderes	de	convencimento	e	se	empreenderam	em	cooptar	e	 censurar	 mídias	 de	 todos	 os	 tipos,	 criando	autorizações	 e	 licenças	 de	 todos	 os	 tipos	 que	podem	 ser	 revogadas	 a	 praticamente	 qualquer	momento	e	oferecendo	benefícios	a	jornalistas	que	estejam	dispostos	a	glorificar	o	status-quo,	 seja	 lá	
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qual	 for.	 Finalmente,	no	 caso	Brasileiro,	 vimos	no	governo	do	PT	como	dinheiro	de	empresas	estatais	ou	 dinheiro	 desviado	 de	 esquemas	 de	 corrupção	não	só	financiava	bases	políticas,	mas	também	era	orientado	para	uma	estrutura	de	mídia	digital	que	exaltava	 as	 ações	 do	 governo	 e	 atacava	 seus	opositores,	embora	obviamente	esta	estratégia	não	tenha	sido	criada	pelo	PT	em	si.		O	 segundo	 método	 é	 o	 simples	 suborno.	Num	governo	qualquer	haverá	os	que	o	apoiam,	os	que	 não	 o	 apoiam	 e	 os	 indecisos,	 e	 este	 governo	fará	 a	 coisa	 mais	 lógica	 imaginável:	 usar	 uma	perversão	da	lei	para	roubar	dos	que	não	o	apoiam	para	distribuir	 o	 esbulho	 entre	 seus	 apoiadores	 e	caso	 seja	 necessário	 num	 ano	 eleitoral,	 entre	 os	indecisos	 também.	 Na	 mente	 do	 estatista	 os	 que	não	apoiam	o	governo	atual	nem	estão	dispostos	a	vender	seu	apoio	não	importam,	pois	não	possuem	poder	 algum.	 Opositores	 não	 precisam	necessariamente	 ser	 vistos	 como	 parte	 da	população	e	sim	como	a	fonte	de	riqueza	que	será	“redistribuída”	entre	os	apoiadores	do	governo,	 já	que	 os	 opositores	 também	 estão	 domesticados	 a	aceitar	passivamente	que	o	estado	tem	autoridade	para	roubar	a	quantia	que	quiser.	Os	que	o	apoiam	recebem	 benesses	 na	 forma	 de	 serviços,	 cargos,	poder	de	agressão	ou	em	vários	casos	pagamentos	diretos,	 garantindo	 assim	 que	 continuarão	defendendo	o	governo	atual.		 Este	 modelo	 de	 doutrinação	 e	 suborno	para	manutenção	 do	 poder	 já	 é	 velho.	 Já	 foi	 feito	por	uma	combinação	do	clero	como	doutrinador	e	exército	 como	 repressor,	 de	 divisão	 de	 terras	 e	feudos	 como	 suborno,	 de	 expansão	 do	 governo	
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para	abrigar	apoiadores	em	cargos	diversos	e,	via	repressão	 e	 fuzilamento	 de	 opositores	 e	 no	sistema	 democrático	 atual,	 com	 a	 monopolização	do	ensino	e	o	suborno	via	o	“estado	de	bem-estar	social”.			 Adicionado	a	estes	dois	métodos	temos	no	Brasil	 o	 trabalhismo	 de	 Vargas,	 a	 implantação	 de	sindicatos	 nas	 profissões	 mais	 cruciais	 –	 e	eventualmente	 em	 todas	 as	 profissões	 –	 e	 a	obrigatoriedade	 de	 filiação	 e	 sustentação	 destas	organizações,	 restringindo	 o	 acesso	 ao	 trabalho	honesto	e	pacífico	e	criando	mais	uma	camada	de	controle	 entre	 o	 estado	 e	 a	 população	domesticada.	 É	 interessante	 como	hoje	 sindicatos	de	 todos	 os	 tipos	 são	 análogos	 a	 uma	 concessão	feudal,	onde	um	grupo	de	pessoas	tem	o	direito	de	explorar	 o	 trabalho	 de	 “inferiores”	 e	 os	trabalhadores	 não	 possuem	 direito	 de	 contestar	esta	estrutura.	Assim	sendo,	estes	sindicatos	farão	o	lógico:	ao	invés	de	representar	os	trabalhadores	daquela	classe,	se	empreenderão	em	fazer	alianças	políticas	 para	 continuar	 vivendo	 do	 trabalho	alheio	e	para	estender	sua	capacidade	de	controle.	Para	 isso	 precisarão	 gastar	 amplas	 somas,	 quase	sempre	 confiscadas	 dos	 próprios	 trabalhadores	que	 eles	 alegam	 defender,	 para	 enganar	 seus	filiados	com	ideias	protecionistas	e	mercantilistas,	criando	uma	virtual	abominação	do	livre-mercado	e	uma	necessidade	narcótica	de	proteção	estatal.			 A	 infiltração	 destas	 estruturas	 (educação,	mídia,	 sindicatos	 e	 política)	 por	 libertários	 não	 é	uma	violação	do	princípio	de	não-agressão	e	pode	fazer	muito	 para	 destruir	 sua	 influência	 e	 ligação	com	o	estado,	 libertando	as	pessoas	submetidas	a	
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elas,	 sejam	 eles	 estudantes	 de	 audiência	 cativa	 e	presença	obrigatória,	leitores	desavisados	que	são	enganados	 por	 mídias	 estatistas,	 sindicatos	 que	buscam	 criar	 uma	 mentalidade	 permanente	 de	Síndrome	 de	 Estocolmo	 e,	 no	 ponto	mais	 alto	 da	pirâmide,	 a	 população	 escravizada	 e	 domesticada	pela	classe	política	e		seus	associados.				 		 	
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ESTRATÉGIAS	POLÍTICAS			ABSTENÇÃO			 Antes	de	analisar	que	possíveis	medidas	e	ações	políticas	podem	ser	tomadas,	vamos	analisar	a	proposta	de	abstenção	completa	e	suas	possíveis	implicações.		Em	 2014	 nas	 eleições	 presidenciais	 34,4	milhões	de	pessoas	votaram	nulo	ou	se	abstiveram	do	processo.	Mais	4,4	milhões	votaram	em	branco,	mas	 é	 difícil	 avaliar	 estes	 números	 já	 que	muitos	não	 sabem	 a	 diferença	 entre	 um	 voto	 branco	 ou	nulo.	Somados,	temos	38,8	milhões	de	pessoas,	ou	27%	do	eleitorado.	 Isto	conta	apenas	pessoas	que	podem	 votar,	 os	 143	milhões	 de	 eleitores	 de	 200	milhões	 de	 habitantes,	 ou	 seja,	 38,8	 milhões	 de	pessoas	que	podem	votar	escolheram	nada,	e	mais	57	milhões	 sequer	 podem	 escolher	 alguma	 coisa,	resultando	 em	 95,8	 milhões	 de	 pessoas,	praticamente	metade	da	população	brasileira.		Um	 em	 cada	 quatro	 eleitores	 desprezou	 o	processo	 e	 apenas	 uma	 em	 cada	 dois	 brasileiros	escolheu	 algum	 político.	 Apenas	 uma	 em	 quatro	escolheu	 Dilma	 Rousseff,	 indicando	 que	 75%	 da	população	não	votaram	a	favor	do	governo	atual.	O	numero	é	ainda	menor	quando	se	leva	em	conta	de	que	 muitos	 que	 votaram	 pelo	 governo	 atual	somente	o	fizeram	por	medo	do	seu	concorrente,	e	não	 porque	 aprovavam	 o	 projeto	 que	 venceu	 o	pleito.	 O	 verdadeiro	 número	 de	 eleitores	 do	governo	atual	pode	bem	ser	15%	da	população	ou	menos.	 O	 estado	 se	 incomodou	 com	 isso?	
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Absolutamente	não.	O	assunto	sequer	 foi	erguido,	e	os	38,8	milhões	que	escolheram	ninguém	são	um	número	 extremamente	 expressivo,	 maior	 que	 os	34,9	 milhões	 de	 votos	 que	 Aécio	 Neves	 teve	 no	primeiro	turno	da	eleição,	e	ainda	assim	o	segundo	turno	 foi	 Dilma	 versus	 Aécio,	 e	 não	 Dilma	 versus	ninguém	ou	versus	a	abolição	do	estado.			 Quanto	 aos	 deputados	 federais,	 8,8	milhõesde	 pessoas	 votaram	 em	 branco	 e	 7,8	milhões	votaram	nulo.	Somados	aos	27,7	que	nem	sequer	 foram	 votar,	 temos	 44,3	 milhões	 de	eleitores,	ou	31%	do	eleitorado.	Se	somarmos	aos	que	 não	 podem	 votar,	 temos	 101,3	 milhões	 de	pessoas,	 a	 maioria	 da	 população	 brasileira.	Eleições	 para	 deputado	 usam	 o	 truncado	coeficiente	 partidário,	 então	 é	 impossível	 dizer	exatamente	quantos	deputados	teriam	sido	eleitos	pelo	partido	do	“dane-se”,	mas	os	70	deputados	do	PT	 somados	 aos	 66	 do	 PMDB	 são	 26%	 dos	deputados	 totais,	 ou	 seja,	 o	 partido	 do	 “dane-se”	muito	 provavelmente	 seria	 uma	 fortíssima	bancada	na	câmara.	Ainda	assim,	isto	não	é	levado	em	consideração,	 nem	as	 votações	dos	deputados	são	 corrigidas	 para	 levar	 este	 fator	 em	 conta,	forçando	 leis	a	serem	aprovadas	por	uma	maioria	real,	 ou	 seja,	 os	 a	 favor	 contra	os	 contrários	mais	os	 que	 escolheram	 nada.	 O	 partido	 do	 “dane-se”,	por	 regimento	 da	 câmara,	 seria	 presidente,	 vice-presidente	ou	relator	na	maioria	das	comissões	do	legislativo,	 e	 talvez	 até	 conseguisse	 eleger	 um	presidente	da	 câmara,	 tornando-se	 capaz	de	ditar	o	 andamento	 dos	 projetos,	 aceitar	 ou	 recusar	pedidos	 de	 Impeachment	 e	 estar	 na	 linha	sucessória	a	presidência.	Novamente	pergunto:	em	
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algum	 momento	 isto	 incomodou	 o	 estado	 ou	levantou	 alguma	 palha	 de	 dúvida	 sobre	 se	 ele	deveria	existir	ou	é	legítimo?		 Nos	estados	unidos,	onde	o	voto	é	opcional,	a	situação	é	mais	bizarra	ainda:	45,1%	das	pessoas	que	 podem	 votar	 simplesmente	 não	 votaram.	 Em	algum	momento	isto	trouxe	um	pingo	de	incômodo	aos	 poderes	 do	 estado	 americano?	 De	 maneira	alguma.	 Apenas	 126	 milhões	 de	 americanos	votaram	 em	 2012,	 de	 uma	 população	 de	 320	milhões,	 ou	 seja,	 60%	 da	 população	 votaram	 em	absolutamente	 ninguém,	 e	 tudo	 continua	 como	sempre.	 O	 atual	 presidente	 Obama	 foi	 eleito	 com	20%	dos	votos	da	população	do	país,	e	novamente	preciso	lembrar	que	enorme	parte	deles	votou	não	em	 Obama,	 mas	 contra	 seus	 concorrentes,	reduzindo	 o	 numero	 de	 apoiadores	 do	 governo	Obama	 a	 algo	 na	 ordem	 de	 10%	 da	 população,	talvez	menos.	Estes	números	mostram	um	 fato:	o	estado	simplesmente	não	se	importa	se	você	vota	ou	não,	ou	 se	 você	 aceita	 ele	 ou	 não.	 Ele	 continuará	 seu	processo	e	continuará	alegando	propriedade	sobre	você,	 confiscando	 seu	 dinheiro	 via	 impostos	 e	punindo	 você	 por	 evadir	 as	 arbitrariedades	agressivas	do	estado.	Não	me	parece	fazer	sentido	especular	 que	 o	 estado	 se	 incomodaria	 se	 as	abstenções	não	fossem	60%	mas	sim	80%	ou	90%	da	 população.	 E	 mesmo	 se	 tais	 números	 de	abstenção	 fossem	alcançados,	governantes	podem	resolver	que	dado	que	 a	maioria	das	pessoas	não	vota	 e	 aparenta	 não	 se	 importar	 com	 o	 processo,	talvez	 seja	mais	prático	 simplesmente	cancelar	as	eleições	 e	 governar	 eternamente	 os	 mesmos	
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cargos,	o	que	resultaria	ou	em	aceitação	por	parte	da	população	 ou	manifestações	massivas	 pedindo	o	 poder	 de	 voto,	 o	 que	 por	 sua	 vez	 não	mudaria	muito	a	situação	atual.	A	 abstenção	 que	 de	 fato	 exerceria	 um	enorme	 efeito	 no	 estado	 é	 a	 abstenção	 de	tributação,	isto	é,	se	o	estado	não	consegue	captar	dinheiro	da	população	que	controla,	não	consegue	se	 sustentar	 já	 que	 não	 consegue	 manter	 suas	estruturas	de	doutrinação	e	suborno.	O	problema	é	que	 a	 estrutura	 do	 estado	 que	 tende	 a	 ser	 mais	eficiente,	rápida	e	violenta	é	seu	departamento	de	receita,	 ou	 seja,	 existe	 enorme	 desincentivo	 para	que	 pessoas	 não	 paguem	 seus	 impostos	 já	 que	 o	estado	 cada	 vez	 melhor	 monitora	 nossas	 vidas	 e	cada	vez	mais	rápido	nos	pune	por	não	aceitar	ser	seu	 escravo.	 É	 evidente	 que	 ações	 contra-econômicas	 como	 o	 uso	 de	 moedas	 digitais,	aplicativos	 de	 trabalhos	 que	 conectam	 indivíduos	sem	 intermediadores,	 comércio	 on-line	 e	 outros	sistemas	podem	ajudar	a	libertar	pessoas	e	devem	ser	 fortemente	 incentivadas,	 mas	 é	 mais	 correto	dizer	 que	 elas	 usarão	 estas	 iniciativas	 não	 para	acabar	 com	 o	 estado,	 mas	 para	 se	 proteger	 dele,	assim	 como	 quem	 usa	 um	 agasalho	 quer	 se	aquecer,	 e	 não	 exterminar	 o	 frio.	 De	 qualquer	forma	não	existe	sentido	em	exigir	que	libertários	se	 abstenham	 completamente	 de	 pagar	 todos	 os	impostos	 e	 sejam	 encarcerados	 ou	 mortos,	 até	porque	o	confisco	de	sua	propriedade,	ato	que	será	conjunto	 a	 prisão,	 acabará	 por	 dar	 ainda	 mais	recursos	 ao	 estado,	 e	 o	 movimento	 libertário	 se	jogará	 no	 suicídio	 rapidamente,	 muito	 para	 a	conveniência	do	estado.	
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Se	 libertários	 completamente	 se	ausentarem	 da	 ação	 política	 e	 da	 infiltração	 da	estrutura	 do	 estado,	 dedicando-se	 a	 converter	todos	os	outros	ao	 libertarianismo	e	ao	abandono	da	política,	é	de	se	imaginar	que	ficarão	dentro	do	estado	 apenas	 os	 mais	 ferrenhos	 defensores	 da	agressão	 estatal,	 especialmente	 os	 socialistas	 e	comunistas.	 Conceder	 todo	 o	 poder	 do	 estado	 a	eles	 por	 desistência	 implica	 que	 eles	 poderão	doutrinar	a	população	como	quiserem	e	criar	seus	grupos	 cada	 vez	 mais	 militarizados,	 como	 vimos	no	 caso	 da	 Venezuela.	 A	 implicação	 disso	 é	 que	eventualmente	podemos	chegar	num	cenário	onde	o	 estado,	 tomado	 pelos	 piores	 socialistas	 e	comunistas,	passa	leis	que	ordenam	a	perseguição,	confisco	 de	 propriedade,	 prisão	 e	 execução	 de	libertários,	 liberais	 ou	 mesmo	 qualquer	 um	 que	não	 abertamente	 se	 declare	 socialista	 ou	comunista.	 Não	 faltam	 exemplos	 históricos.	 Já	existem	grupos	hoje	que	defendem	tais	políticas,	e	abandonar	 o	 estado	 para	 estes	 grupos	 resultará	em	enorme	violência.			 A	 política	 estatal	 é	 nojenta,	 mas	 não	podemos	deixa-la	para	os	piores	dos	estatistas.					DIRETAS	E	INDIRETAS			 Até	 2016	 defensores	 da	 liberdade	 foram	forçados	 a	 tarefa	 humilhante	 de	 escolher	 qual	candidato	 destruiria	 a	 sociedade	 mais	vagarosamente.	A	escolha	de	um	candidato	dentro	da	 lógica	 do	 voto	 defensivo	 é	 um	 dos	 maiores	exercícios	em	futilidade	imagináveis,	já	que	é	uma	
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certeza	 dada	 que	 o	 candidato	 escolhido	 não	defende	 valores	 libertários	 e	 será	 uma	 enorme	decepção,	 mesmo	 para	 quem	 tiver	 baixas	expectativas.	 Como	 podemos	 esperar	 que	 os	políticos	atuais	sejam	amigáveis	a	ideias	contrárias	a	 estrutura	 do	 estado	 se	 em	 muitas	 ocasiões	sequer	 são	 amigáveis	 as	 próprias	 ideias	 que	 eles	defendem	 e	 aos	 partidos	 que	 os	 acolhem?	Obviamente	 somos	 forçados	 a	 este	 recorrente	debate	 quando	 nenhuma	 opção	 libertária	 se	apresenta,	 mas	 não	 é	 uma	 estratégia	 que	 dará	algum	 resultado	 além	 de	 um	 retardo	 da	implantação	 do	 totalitarismo,	 onde	 os	 libertários	serão	apenas	mais	uma	frente	de	idiotas	úteis	que	avaliza	 candidatos	 estatistas,	 embora	 em	 menor	grau.		 Outra	 possibilidade	 é	 a	 tentativa	 de	influenciar	 candidatos	 perifericamente,	estabelecendo	 estruturas	 de	 educação	 e	informação,	promovendo	uma	visão	 libertária	dos	problemas	 que	 se	 apresentam	 aos	 governantes	 e	criando	 uma	 base	 de	 pessoas	 interessadas	 em	propostas	 de	 redução	 e	 eliminação	 do	 estado,	simultaneamente	sinalizando	a	políticos	propostas	libertárias,	 apresentando	 uma	 grande	 base	popular	 que	 as	 apoiaria	 e	 direcionando	 o	 voto	destas	 pessoas	 para	 políticos	 que	 já	 defendem	ideias	mais	 liberais.	Esta	estratégia	 tem	mostrado	alguma	 capacidade	 de	 influência	 já	 que	 nos	últimos	 anos,	 ou	 em	 mais	 verdade	 nos	 últimos	meses,	vemos	mais	e	mais	políticos	citando	mídias	libertárias,	 inclusive	 apresentando-as	 em	discursos	e	em	propostas	de	lei.		
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	 	A	 limitação	 desta	 estratégia	 é	 que	fundamentalmente	 trata-se	 de	 vitória	 por	conversão,	 e	 rapidamente	 fica	 evidente	 que	 não	podemos	 esperar	 derrotar	 os	maiores	 defensores	do	 estatismo	 via	 conversão	 por	 mídias	majoritariamente	digitais,	 além	dofato	de	que	 tal	estratégia	 só	 encontra	 espaço	 nos	 políticos	 já	céticos	 do	 tamanho	 do	 estado	 e	 que	 sentem	 falta	de	 orientação,	 já	 que	 os	 socialistas,	 os	nacionalistas	 paternalistas,	 os	 protecionistas	 e	 os	políticos	 que	 se	 elegem	 com	 o	 puro	 intuito	 de	comércio	 de	 poder	 dificilmente	 darão	 ouvidos	 a	causa	libertária.		 Estas	duas	estratégias	chamo	de	 indiretas,	pois	 nelas	 os	 libertários	 estão	 fora	 do	 sistema	eleitoral	 de	 maneira	 completa,	 porém	 sua	aplicação	não	pode	ser	o	centro	do	método	já	que	como	 vimos	 estão	 fadadas	 ao	 fracasso,	 devendo	ser	 utilizadas	 como	 estepes,	 como	 posições	indesejáveis	 na	 ausência	 de	 um	 envolvimento	direto.	Aprendi	desde	cedo	que	se	você	realmente	se	importa	com	algo,	faça	você	mesmo,	e	que	não	é	razoável	 esperar	 que	 outros	 se	 importem	 tanto	com	 a	 sua	 causa	 tanto	 quanto	 você.	 O	 caminho	político	 direto,	 embora	 não	 seja	 simples,	 é	 a	 de	candidaturas	 de	 libertários,	 sejam	 elas	 dentro	 de	um	 partido	 de	 ideologia	 libertária	 ou	 não,	 porém	não	 podemos	 imaginar	 que	 essas	 candidaturas	podem	 acontecer	 sozinhas,	 num	 vácuo	 social	quase	perfeito,	 e	 sim	devem	ser	entendidos	 como	uma	ponta	de	lança	de	um	corpo	libertário	maior.	Se	 esperarmos	 apenas	 o	 período	 eleitoral	 para	propor	 candidatos,	 expor	 ideias	 e	 provocar	debates	no	curtíssimo	tempo	permitido,	levaremos	
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milênios	 para	 conseguir	 alguma	 coisa.	 Segue-se	que	 precisamos	 compreender	 qual	 é	 este	 corpo	que	embasa	um	partido,	como	este	corpo	funciona	e	onde	podemos	operá-lo.		 Felizmente	 já	 temos	 uma	 pequena	experiência	para	aprender.	Até	o	ano	de	2016	era	inimaginável	 propor	 candidatos	 libertários	 já	 que	o	 estabelecimento	 político	 não	 os	 aceitaria	 e	 a	criação	 de	 um	 partido	 no	 Brasil	 é	 extremamente	difícil,	mas	o	cenário	mudou.	Uma	piada	recorrente	hoje	 é	 que	 todos	 os	 libertários	 do	Brasil	 antes	 de	2010	 caberiam	 dentro	 de	 uma	 Kombi,	 sentados.	Saímos	 desta	 situação	 para	 em	 2016	 apresentar	candidatos	 a	 vereador	 em	 ao	 menos	 quatro	partidos	diferentes,	 vários	 com	chance	de	eleição,	e	 uma	 candidatura	 a	 prefeitura	 de	 Porto	 Alegre,	mesmo	 que	 todas	 as	 campanhas	 estejam	 sendo	organizadas	 com	 praticamente	 zero	 experiência	eleitoral	e	financiamento.		 E	de	onde	veio	este	crescimento	explosivo	que	em	alguns	poucos	anos	saiu	de	um	punhado	de	libertários	declarados	para	hoje	um	numero	mais	próximo	de	100mil,	ou	talvez	mais?	Ora,	do	recém	nascido	mas	 crescente	 corpo	 libertário	 brasileiro.	É	importante	compreender	as	bases	deste	corpo	e	suas	 chaves	 para	 sucesso	 especialmente	comparado	ao	desastre	que	foi	o	Partido	Libertário	americano	 por	muito	 tempo.	O	 Partido	 Libertário	foi	 fundado	 nos	 EUA	 em	 1971	 com	 virtualmente	nenhuma	base,	estrutura	ou	organização	libertária	no	país,	 e	 o	 próprio	Murray	Rothbard,	 criador	 do	termo	“Anarcocapitalismo”	e	maior	teórico	vivo	do	libertarianismo	 abertamente	 fez	 troça	 ao	 fato	 de	que	o	partido,	com	seus	menos	de	100	afiliados,	o	
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convocou	para	 ser	 candidato	 a	presidência	 com	o	que	Rothbard	chamou	de	um	“dilúvio	de	5	cartas	e	telefonemas”.	 Algumas	 décadas	 precisaram	 se	passar	 para	 que	 o	 PL	 tivesse	 maior	 projeção	 e	capacidade,	e	isto	só	ocorreu	quando	organizações	libertárias	 em	 outras	 instituições	 libertárias	surgiram	 para	 sustenta-lo,	 já	 que	 até	 então	 era	uma	cabeça	sem	corpo,	uma	mente	que	não	 tinha	pernas	 para	 andar.	 Ninguém	 sabia	 o	 que	 era	Libertarianismo	nem	se	 interessava	porque,	antes	de	 tudo,	 não	 haviam	 libertários	 suficientes	 para	explicar	o	tema	calmamente.			 Um	partido	não	é	uma	organização	fechada	em	 si,	 mas	 sim	 parte	 de	 uma	 rede	 maior	 que	promove	 educação	 e	 divulgação	 das	 ideias,	 uma	rede	 que	 conecta	 instituições	 pessoas	 que	 estão	nas	 diferentes	 organizações	 da	 sociedade,	 entre	elas	 a	 educação	básica	 e	 superior,	 a	 arte,	 a	mídia,	os	 sindicatos,	 as	 forças	 armadas,	 os	 clubes	 e	associações	comunitárias,	e	mais	recentemente	na	internet.	 A	 esquerda	 ocupa	 praticamente	 todos	estes	 espaços	 e	 por	 isso	 não	 é	 surpresa	 sua	enorme	 influência,	 já	 que	 transforma	 este	 corpo	numa	arma	extremamente	letal	de	atuação	política	e	 eleitoral,	 provocando	 o	 que	 é	 chamado	 de	 uma	morte	 por	 mil	 cortes.	 Libertários	 no	 Brasil	conseguiram	 encontrar	 um	 espaço	 muito	importante	no	veículo	mais	potente	para	estrutura	estatal	 no	 longo	 prazo:	 a	 educação,	 e	 estão	encontrando	 outro	 lugar	 na	 mídia.	 Além	 destes	também	 precisamos	 entender	 o	 papel	 do	trabalhismo	e	o	sindicalismo	que	estão	enraizados	no	pensamento	do	 trabalhador,	 o	 curioso	 caso	do	setor	 empresarial	 que	 pede	 mais	 intervenção	
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estatal	 e	 a	 ação	 social	 de	 caridade.	 A	 limitação	 a	estes	cinco	casos	não	quer	dizer	que	são	os	únicos,	mas	 os	 que	 são	 mais	 influentes	 hoje	 no	 aparato	político.			 	
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AS	BASES	LIBERTÁRIAS			A	EDUCAÇÃO		 		 Nossa	 situação	educacional	 atual	 encontra	vários	 paralelos	 com	 a	 reforma	 da	 linguagem	descrita	 por	 Orwell	 em	 1984:	 o	 governo	 do	 livro	estava	alterando	a	linguagem	e	apagando	palavras	para	 evitar	 que	 as	 pessoas	 fossem	 capazes	 de	pensar	 sobre	 certos	 conceitos	 e	 questionar	 o	 que	estava	 acontecendo.	 Similarmente	 a	 enorme	maioria	dos	brasileiros	toma	a	estrutura	do	estado	como	 absolutamente	 necessária	 e	 inquestionável,	uma	 obviedade	 tão	 forte	 que	 sequer	 lhes	 ocorre	refletir	sobre	isso.	Esta	situação	não	é	uma	criação	da	 esquerda	 atual,	 já	 que	 ela	 na	 verdade	 apenas	tomou	 o	 controle	 da	 educação	 da	 mão	 dos	positivistas	e	estatistas	de	diferentes	tipos,	e	assim	como	Orwell	aponta	que	quem	controla	o	presente	controla	 o	 passado,	 e	 quem	 controla	 o	 passado	controla	 o	 futuro,	 os	 estatistas,	 positivistas	 e	depois	a	esquerda	apagaram	do	passado	brasileiro	a	 tradição	 liberal,	 pintaram	 os	 governantes	trabalhistas	 como	 a	 salvação	 da	 população	 e	retrataram	 o	 período	 monárquico	 como	 uma	ditadura	 escravocrata.	 A	 história	 comercial	 do	Brasil	 é	 retratada	 como	 uma	 história	 de	exploração,	 onde	 primeiro	 éramos	 roubados	 por	Portugal,	 depois	 pela	 Inglaterra	 e	 atualmente	somos	 roubados	 pelos	 Americanos.	 O	 período	 de	desenvolvimento	 forçado	 e	 intervencionista	 que	dominou	a	primeira	parte	do	século	20	é	retratado	como	 bem	 intencionado	 e	 bem	 sucedido,	 embora	
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não	 tenha	 sido	 intervencionista	 o	 suficiente,	 e	 a	grande	 inflação	 da	 época	 e	 enorme	 atraso	 em	relação	 a	 outros	 países	 que	 adotavam	 políticas	liberais	é	simplesmente	ignorada.	A	cereja	do	bolo	é	 o	 suposto	 neoliberalismo	 que	 supostamente	destruiu	 o	 Brasil	 na	 presidência	 de	 Fernando	Henrique	Cardoso,	provando	de	uma	vez	por	todas	que	 qualquer	 tentativa	 de	 política	 fora	 do	populismo	 intervencionista	 certamente	 matará	 a	população	inteira	de	fome	em	menos	de	6	meses.		 Com	uma	visão	tão	distorcida	da	história	a	conclusão	 sequer	 precisa	 ser	 dita	 para	 os	estudantes.	 Segue-se	 logicamente	 que	 o	 país	deveria	 nacionalizar	 praticamente	 tudo,	 eleger	presidentes	 mais	 intervencionistas,	 atacar	 o	 livre	comércio	 e	 regulamentar	 pesadamente	 o	empreendedorismo	 e	 colocar	 o	 empresariado	maligno	 de	 joelhos	 para	 a	 glória	 do	 trabalhador	explorado.	 Se	 existe	 um	 problema,	 este	 problema	deve	 ser	 imediatamente	 resolvido	 pelo	 governo,	afinal	 a	 iniciativa	 privada,	 embora	 bem	intencionada,	 é	 incapaz	 de	 coordenar	 coisas	sozinha	e	explorará	a	população	inteira	através	de	monopólios	e	salários	irrisórios.			 Tal	 nível	 de	 condicionamento,	 cegueira	histórica	 e	 econômica	 significa	 que	 os	 conceitos	mais	básicos	terão	que	ser	ensinados,	que	palavras	terão	 que	 ser	 aprendidas	 e	 reaprendidas,	 e	 que	alguns	 entenderão	 a	 ideia	 rapidamente	 e	 outros	não.	 Isto	 significa	 que	 libertáriosprecisarão	exercitar	 extensivamente	 sua	 paciência	 e	habilidades	 de	 comunicação.	 Estamos	 tentando	derrubar	uma	cadeia	de	montanhas	de	proporções	continentais	de	 filosofia	estatista,	 intervencionista	
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e	 socialista,	 e	 onde	antes	da	 internet	 só	 tínhamos	um	cinzel	e	uma	picareta	como	ferramentas,	agora	temos	dinamite,	mas	ainda	é	um	trabalho	árduo	e	por	 vezes	 muito	 frustrante	 que	 demorará	 muito	tempo	a	ser	concluído.		 Felizmente	 este	 trabalho	 já	 está	 em	andamento,	embora	em	seus	primeiros	ensaios.		 Com	o	advento	da	 internet	uma	porta	dos	fundos	 para	 a	 educação	 foi	 aberta,	 e	 por	 ela	entraram	os	libertários.	Antes	disso	a	presença	na	educação	 poderia	 se	 dar	 somente	 com	 aval	governamental	ou,	no	caso	da	esquerda	durante	o	regime	 militar,	 a	 doutrinação	 em	 universidades.	Quando	 os	 militares	 se	 retiraram	 do	 poder	 a	esquerda	 já	 havia	 treinado	 duas	 gerações	 de	professores,	 estes	 que	 depois	 se	 espalharam	 por	toda	a	rede	de	educação	básica	e	de	outras	tantas	disciplinas	 do	 ensino	 superior,	 criando	 uma	hegemonia	de	pensamento	que	dominou	o	sistema	formal	 de	 educação	 até	 recentemente.	 Esta	hegemonia	 recebeu	 grande	 ajuda	 do	 excelente	trabalho	 empreendido	 pelo	 regime	 militar	 em	destruir	 quase	 todas	 as	 bases,	 organizações	 e	partidos	 conservadores	 e	 liberais	 de	 longa	tradição,	 enquanto	 deixou	 florescer	 a	 ação	socialista	 na	 educação,	 especialmente	 no	 nível	superior.	 Finalmente	 há	 de	 se	 reconhecer	 que	 o	positivismo	 nacionalista	 e	 intervencionista	característico	 da	 ditadura	 foi	 um	 bom	 ponto	 de	partida	para	a	doutrinação	e	condicionamento	que	se	 seguiram	 nos	 anos	 após	 o	 regime,	 já	 que	educadores	 socialistas	 não	 precisaram	demonizar	o	 capitalismo	 nem	 o	 empreendedor,	 pois	 os	militares	já	tinham	feito	isso.	
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	 Esta	hegemonia	pedagógica	da	esquerda	só	foi	 desafiada	 quando	 a	 porta	 dos	 fundos	 da	internet	 trouxe	 vários	 veículos	 diferentes	 de	divulgação	libertária,	e	com	a	determinada	ação	de	divulgação	 de	 alguns	 libertários	 que	 correram	 o	país	 dando	 palestras,	 fomentando	 grupos	 e	promovendo	 debates	 contra	 as	 outras	 escolas	econômicas,	 políticas	 e	 históricas,	 além	 da	 vital	participação	 do	 Estudantes	 Pela	 Liberdade,	 uma	organização	 internacional	 dedicada	 a	 treinar	 e	educar	estudantes	para	serem	lideres	na	defesa	da	liberdade.		 Estas	vozes	encontraram	ouvidos	naqueles	que	 sentiam	 um	 cheiro	 estranho	 no	 ideário	socialista	 mas	 não	 sabiam	 o	 que	 era,	 que	 ainda	mais	 sofriam	 com	 a	 crença	 de	 estarem	 sozinhos,	imersos	 numa	 aparente	 hegemonia	 absoluta	 da	esquerda,	quando	em	verdade	os	dissidentes	eram	uma	 grande	 massa	 silenciosa,	 órfã	 de	 ideias,	sozinha	 em	 seu	 silêncio.	 Tão	 fértil	 era	 o	 solo	 que	rapidamente	estes	veículos	saltaram	para	milhões	de	acessos	mensais,	palestras	e	eventos	aparecem	mais	 e	 mais	 e	 grupos	 de	 estudo	 começaram	 a	 se	formar	 nas	 universidades	 e	 escolas	 de	 ensino	médio	em	várias	regiões	do	Brasil.			 Estes	 grupos	 concorreram	 a	 eleições	 e	começaram	 a	 capturar	 Centros	 Acadêmicos,	 e	mesmo	 onde	 não	 ainda	 o	 fizeram	 estão	 sendo	capazes	 então	 de	 reverter	 a	 doutrinação	 e	condicionamento	 socialista	 e	 estatista,	promovendo	 uma	 educação	mais	 livre	 e	 trazendo	pensadores	 liberais	 e	 libertários	 para	 dentro	 das	salas	 de	 aula.	 Este	 evento	 não	 pode	 de	 maneira	alguma	 ser	 subestimado,	 afinal	 justamente	 no	
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ponto	 mais	 forte	 da	 doutrinação	 estatista	 os	libertários	 encontraram	 um	 porto	 onde	 atracar.	Destes	 grupos	 e	 associações	mais	 e	mais	 veículos	surgiram,	 como	 sites	 de	 notícias	 completamente	libertários,	ou	mesmo	apenas	defensores	do	livre-mercado,	 grupos	 locais	 com	 reuniões	 recorrentes	não	 ligadas	 a	 atividade	 acadêmica	 e	 hoje	apresentam	candidatos	e	bases	eleitorais.		 Fora	 da	 educação	 formal	 a	 capacidade	 de	divulgação	 via	 internet	 encontrou	muito	 solo	 nos	ouvidos	 dos	 “revoltados	 sem	 respostas”,	 as	milhões	 de	 pessoas	 que	 sabiam	 quase	instintivamente	 que	 algo	 fundamental	 estava	errado,	 exigem	 respostas	 e	 mudanças,	 mas	 não	fazem	 ideia	 de	 como	 consertar	 o	 sistema.	 Ao	oferecer	 uma	 nova	 explicação,	 uma	 explicação	diferente,	 coesa	 e	 filosoficamente	 embasada,	 uma	explicação	 com	 propostas	 simples	 e	 que	 atacam	diretamente	 a	 raiz	 do	 problema,	muitos	 puderam	finalmente	 ver	 que	 é	 na	 estrutura	 do	 estado	 que	devemos	buscar	a	origem	dos	problemas	que	hoje	se	 manifestam	 na	 sociedade.	 Foi	 com	 uma	mensagem	simples	e	clara	que	luz	foi	jogada	onde	antes	 só	 havia	 enrolação,	 politicagem	 e	 repetição	de	 tentativas	 falhas.	 Ao	 ouvir	 que	 “Imposto	 é	roubo”,	 “o	 	 estado	 é	 uma	 gangue	 de	 criminosos”,	“tudo	deve	ser	privatizado”	e	tantas	coisas	mais,	a	mente	de	muitas	pessoas	 se	abriu	para	uma	nova	possibilidade	que	nunca	é	questionada,	o	que	por	sua	 vez	 cada	 vez	 mais	 está	 forçando	 políticos	 e	estatistas	 de	 todos	 os	 tipos	 a	 defender	 suas	posições	com	relação	a	impostos,	a	CLT,	restrições	de	comércio,	burocracias	e	bloqueio	de	aplicativos.	
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	 Este	 é	 outro	 ponto	 que	 não	 pode	 ser	subestimado.	 Creio	 fortemente	 que	 milhões	 de	brasileiros	 prontamente	 se	 identificariam	 como	libertários	se	soubessem	que	a	proposta	de	fechar	o	 estado,	 abolir	 os	 impostos	 e	 privatizar	 tudo	 é	possível,	válida	e	melhor	do	que	o	sistema	atual	e	não	 só	 um	 pensamento	 que	 nos	 ocorre	 em	momentos	de	raiva	e	revolta.		 Onde	 na	 época	 de	 Konkin	 a	 educação	 era	extremamente	 centralizada	 e	 verticalizada,	praticamente	 imune	 a	 influências	 exteriores,	 e	 no	caso	 do	 Brasil	 onde	 praticamente	 inexistem	influenciadores	que	não	sejam	do	campo	socialista,	hoje	temos	uma	superfície	extremamente	porosa	a	ideias	 externas	 e	 avessas	 ao	 programa	governamental	e	ao	controle	de	professores.	Antes	da	 internet	 alunos	 dissidentes	 precisariam	empreender	uma	enorme	pesquisa	para	encontrar	algum	 livro	 de	 qualidade	 capaz	 de	 contradizer	 a	doutrina	 socialista,	 mas	 hoje	 artigos	 de	 todos	 os	níveis	de	complexidade,	vídeos,	livros	traduzidos	e	mídias	 sociais	 permitem	 um	 acesso	 facílimo	 ao	contraditório.	Se	alguém	quisesse	criticar	as	ações	do	Banco	Central,	por	exemplo,	precisaria	possuir	livros	 e	 manuais	 de	 outros	 países	 e	 outras	vertentes	 econômicas,	 mas	 como	 isso	 seria	possível	 se	 praticamente	 ninguém	 os	 conhecia	também?	Onde	 você	 começaria	 a	 procurar,	 sendo	que	 nem	 imagina	 o	 que	 está	 procurando?	 Como	poderíamos	 chegar	 a	 uma	 forma	 diferente	 de	conhecimento	 se	 os	 livros	 precisariam	 ser	traduzidos	por	editoras	que	dificilmente	o	 fariam,	já	que	não	havia	 incentivo	 financeiro	para	 tal?	Os	que	 não	 viveram	 esta	 era	 já	 estão	 acostumados	
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com	 o	 fato	 de	 que	 podemos	 divulgar	 a	 custo	negligenciável	 quase	 toda	 a	 bibliografia	 da	Escola	Austríaca	 de	 Economia,	 os	 livros	 de	 liberais	clássicos	 como	 Mill	 e	 Locke,	 os	 tratados	 mais	obscuros	 de	 Oakeshott,	 Burke	 e	 Tockeville,	 e	finalmente	 autores	 extremamente	contemporâneos	 como	 Hoppe,	 de	 Soto	 e	 Block.	Mais	importante	ainda,	temos	acesso	praticamente	gratuito	 e	 imediato	 a	 milhares	 de	 horas	 de	palestras	de	economistas,	filósofos,	historiadores	e	tantos	 mais	 via	 YouTube.	 Sem	 esta	 revolução	digital	 seria	 impensável	 uma	 infiltração	 libertária	na	 educação,	mas	hoje	 o	 acesso	 é	 tão	 fácil	 que	 se	torna	quase	banal.		 Vamos	colocar	este	esforço	e	resultado	em	perspectiva.	O	estado	gasta	dezenas	de	bilhões	de	reais	 todos	 os	 anos	 com	 a	 doutrinação	 de	 sua	população	jovem,	e	a	décadas	implanta	no	sistema	de	 educação	 uma	 mentalidade	 intervencionista,	anti-capitalista,	 anti-empreendedorismo	 e	infantilizadora.	 Os	 socialistas	 controlam	 este	aparato	 já	 a	 algumas	 décadas	 e	 já	 foram	hegemônicos.	 Eles	 possuemdezenas,	 talvez	centenas	 de	 milhares	 de	 professores	 direta	 ou	indiretamente,	 consciente	 ou	 inconscientemente	treinando	 jovens	 para	 o	 pensamento	 socialista.	Com	 a	 ação	 dedicada	 de	 algumas	 centenas	 de	pessoas	e	poucos	recursos	ao	 longo	de	cinco	anos	nós	 libertários	 já	 abrimos	 um	 grande	 buraco	 na	hegemonia	 socialista,	 conquistamos	 milhares	 de	alunos	 e	 estamos	 em	 franco	 crescimento.	 Mais	 e	mais	 professores	 aderem	 as	 ideias	 liberais	 e	libertárias,	e	cada	vez	mais	possuem	mais	material	e	fontes	para	ensinar	adequadamente	seus	alunos.	
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Assim	 como	 o	 Uber	 quebrou	 o	 monopólio	 dos	táxis,	 a	 infiltração	 libertária	 está	 quebrando	 o	monopólio	das	escolas.	A	assimetria	de	resultados	é	brutal,	 e	demonstra	assim	a	eficácia	e	eficiência	destes	métodos.			 Contrário	 a	 situação	 do	 Partido	 Libertário	americano,	temos	cada	vez	mais	pessoas	educadas	no	libertarianismo	e	com	capacidade	de	divulga-lo	e	 defende-lo,	 e	 esta	 é	 a	 base	 mais	 fundamental	para	 uma	 ação	 política	 de	 sucesso	 e	 para	 servir	como	 incubadora	 para	 futuros	 candidatos	libertários.	A	penetração	cada	vez	maior	das	ideias	de	 livre-mercado	 e	 direitos	 naturais	 na	 educação,	especialmente	sua	crescente	presença	na	academia	transforma-as	em	 ideias	 cada	vez	mais	 aceitáveis,	sendo	 portanto	 uma	 enorme	 força	 para	 mover	 a	janela	de	Overton	para	longe	das	ideias	socialistas	e	na	direção	de	mais	liberdade.			 A	 participação	 política	 de	 libertários	 e	 o	aumento	 das	 chances	 de	 que	 sejam	 eleitos	 está	fundamentalmente	 ligada	 a	 educação,	 seja	 ela	formal	ou	a	educação	disponível	 fora	das	salas	de	aula.	Ajudar	uma	é	ajudar	a	outra.				 			A	MÍDIA			 A	queda	da	hegemonia	da	mídia	tradicional	é	 mais	 uma	 das	 grandes	 portas	 abertas	 pela	revolução	digital	e	pelo	advento	das	mídias	sociais.	Emitir	opinião	 costumava	 ser	um	 trabalho	duro	e	visto	 por	 poucos.	 Para	 publicar	 em	 um	 jornal	precisa-se	 vencer	 o	 crivo	 de	 dois	 editores	 e	potencialmente	 dos	 patrocinadores	 do	 veículo,	
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resultando	 que	 discordantes	 eram	 reduzidos	 a	jornais	 locais,	 facilmente	 censuráveis	 e	 de	 custo	relativamente	 alto.	 A	 televisão	 e	 	 sua	 devoção	maníaca	pela	mediocridade	então	eram	um	veículo	inalcançável,	 e	 o	máximo	 de	 crítica	 dissidente	 do	status-quo	 poderia	 ser	 emitido	 em	 uma	 ou	 duas	novelas,	 ou	 numa	 reportagem	 sobre	 um	 fato	qualquer	 que	 desagradasse	 o	 governo.	 O	 sistema	passado	 gerava	 uma	 opinião	 homogênea	 e	 rasa,	facilmente	 influenciada	 por	 políticos	 e	 ideólogos	que	controlavas	as	prensas	e	as	câmeras,	mas	hoje	pequenas	pessoas	podem	discordar	fortemente	do	status-quo,	 afinal	 com	 um	 celular	 ou	 um	computador	 qualquer	um	se	 torna	 um	 veículo	 de	mídia,	 e	 isto	é	um	enorme	perigo	para	o	estado	e	uma	 enorme	 oportunidade	 para	 libertários.	Adicione	 isto	 a	uma	pesquisa	 recente	da	FGV	que	indicou	 que	 45%	 das	 pessoas	 confiam	 na	 mídia	impressa	e	34%	confiam	na	televisão,	ou	seja,	55%	
não	 confiam	 nos	 jornais	 e	 revistas	 e	 um	 brutal	66%	não	confiam	na	televisão,	e	vemos	que	existe	um	 enorme	 espaço	 vazio	 na	 comunicação	 de	eventos	e	narrativas.			 Uma	 verdadeira	 guerra	 de	 narrativas	 foi	empreendida	 na	 campanha	 presidencial	 de	 2014,	com	 o	 lado	 socialista	 vermelho	 do	 PT	 e	 seus	aliados	 pintando	 um	 país	 lindo	 e	 melhorando,	enquanto	 o	 lado	 socialista	 azul	 do	 PSDB	 e	 seus	aliados	 pintava	 um	 país	 e	 declínio	 e	 risco.	 A	narrativa	dos	vermelhos	acabou	por	ganhar,	mas	a	duras	 penas	 e	 talvez	 apesar	 da	 narrativa	 que	tentaram	 retratar.	 Veículos	 de	 todos	 os	 tipos	questionavam	 a	 narrativa	 empreendida	 pelo	governo	 com	dados	 de	 uma	 crise	 iminente,	 e	 isto	
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forçou	o	governo	a	se	explicar	e	tentar	desviar	do	que	posteriormente	seria	provado	como	realidade.	Obviamente	 teria	 sido	 mais	 fácil	 para	 o	 governo	sustentar	 sua	 narrativa	 fantástica	 do	 Brasil	 se	ainda	 estivesse	 no	 campo	 mais	 controlado	 dos	anos	 80	 ou	 90.	 Tanto	 é	 verdade	 que	 o	 governo	empreendeu	grandes	quantias	de	dinheiro	para	se	fazer	 presente	 no	 espaço	 digital	 para	 tentar	rebater	as	acusações	que	sofria,	 e	posteriormente	foi	 revelado	 e	 provado	 como	 usava	 dinheiro	oriundo	de	esquemas	de	corrupção	para	 financiar	blogs	que	o	apoiassem.			 	O	perigo	das	mídias	digitais	é	ainda	maior	por	 sua	 capacidade	 de	 potencializar	 uma	mensagem.	 Um	 pequeno	 vídeo	 pode	 alcançar	milhões	de	pessoas,	um	artigo	bem	escrito	em	um	site	 razoável	 pode	 eliciar	 respostas	 de	 veículos	maiores.	O	Instituto	Mises	Brasil	com	seu	humilde	site,	 alguns	 colunistas	dedicados	e	 traduções	bem	escolhidas	 lançou	 uma	 nova	 vertente	 de	pensamento	econômico	no	país,	agora	começando	a	estabelecer	parcerias	com	universidades	para	ter	influência	 no	 meio	 acadêmico,	 algo	 que	dificilmente	 aconteceria	 caso	 seus	 defensores	apenas	 tivessem	 pedido	 educadamente	 sem	 uma	massa	 de	 centenas	 de	 milhares	 de	 acessos	mensais.	 Sites	 como	 o	 Spotniks	 e	 o	 Mercado	Popular	 ofereceram	 uma	 narrativa	 libertária	menos	 acadêmica	 e	 mais	 popular,	 cativando	milhões	de	 leitores	 todos	os	meses	 e	 se	 tornando	referencia	 até	 para	 o	 discurso	 de	 deputados	 e	senadores.	 Seus	 artigos	 são	 agora	 parte	 influente	da	 mídia	 digital	 e	 também	 estão	 sendo	 grande	incômodo	 para	 a	 estrutura	 estatal.	 Embora	 não	
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seja	 uma	 iniciativa	 libertária,	 O	 Antagonista	 hoje	atinge	 dezenas	 de	milhões	 de	 visualizações	 todos	os	 meses	 e	 embora	 a	 mídia	 convencional	 resista	fortemente	 em	 valida-lo,	 se	 tornou	 referencia	entre	 aqueles	 que	 buscam	 saber	 sobre	 a	 política	brasileira,	 e	 forçou	 os	 políticos	 a	 mudarem	 seus	discursos	 várias	 vezes,	 e	 isso	 sendo	 que	 um	 dos	seus	criadores	sequer	está	no	país.			 A	mídia	digital	é	uma	arma	ainda	maior	em	campanhas	eleitorais,	já	que	o	tempo	convencional	alocado	 para	 partidos	 pequenos	 e	 emergentes	 é	praticamente	nulo,	uma	estrutura	desenhada	para	manter	 o	 status-quo	 e	 forçar	 ideias	menores	 a	 se	reduzirem	e	entrarem	em	acordos	medíocres	com	poderes	 maiores.	 Hoje	 uma	 campanha	 pode	 ser	feita	quase	inteiramente	pela	internet	via	vídeos	e	textos,	 a	 um	 custo	 muito	 inferior	 do	 que	 a	panfletagem	 clássica	 de	 não	 mais	 que	 dez	 anos	atrás.	O	estado	criou	um	muro	contra	novas	ideias,	e	agora	temos	uma	escada.	Possivelmente	a	maior	demonstração	 atual	 disso	 no	 Brasil	 seja	 o	fenômeno	 Bolsonaro,	 que	 embora	 tenha	 uma	mensagem	longe	do	ideal	libertário,	mostrou	como	uma	ideia	diferente	pode	ir	longe	com	um	público	que	 espontaneamente	 o	 defende	 e	 divulga.	 Nos	Estados	 Unidos	 a	 campanha	 de	 Gary	 Johnson	conseguiu	sair	de	1%	de	votos	em	2012	para	uma	presença	 de	 12%	 nas	 pesquisas	 até	 agora,	 e	embora	 isso	 possa	 ser	 em	 parte	 atribuído	 ao	completo	desastre	que	são	seus	oponentes,	não	se	pode	 negligenciar	 o	 fato	 de	 que	 sua	 presença	digital	 e	 a	 capacidade	 de	 gerar	mídia	 de	maneira	irrestrita	 e	 relativamente	 barata	 também	 tem	um	efeito	forte.		
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	 É	 notório	 o	 dizer	 de	 Mises	 que	 somente	ideias	podem	 iluminar	a	escuridão,	 e	a	assimetria	de	 forças	 com	 mídias	 digitais	 transforma	 nossas	tochas	em	verdadeiros	incêndios,	forçando	assim	o	conflito	 de	 ideias	 que	 antes	 era	 evitado	 com	 o	acobertamento	de	opositores.	Agora	podemos	 ser	ouvidos.	Aproveitem	para	falar.			 			O	TRABALHISMO			 A	 politização	 e	 estatização	 da	 estrutura	sindical,	quase	totalmente	infiltrada	por	socialistas	ou	mesmo	comunistas	dos	tipos	mais	antiquados,	é	uma	 fortíssima	 base	 para	 a	 expansão	 do	 poder	estatal	 e	 a	 disseminação	 da	 influencia	 socialista	contra	a	sociedade.	Não	é	por	acidente.	Durante	a	segunda	guerra	mundial	o	Reino	Unido	mobilizou	fortemente	 sua	 população,	 organizando	 brigadas	de	 trabalho	 e	 sindicatos	 e	 criando	 várias	 leis	 que	os	 davamvastos	 poderes.	 O	 resultado	 foi	 que	apenas	 dois	 meses	 após	 a	 rendição	 da	 Alemanha	nazista,	Winston	Churchill	e	o	partido	conservador	foram	 derrotados	 por	 uma	 margem	 de	 11%	 nas	eleições	 nacionais,	 o	 que	 colocou	 o	 partido	trabalhista	 no	 poder,	 e	 o	 Reino	 Unido	 sofreu	 a	estagnação	 brutal	 do	 sindicalismo	 e	 o	planejamento	 central	 por	 três	 décadas	 até	 que	Margaret	Tatcher	finalmente	desafiou	o	poder	dos	sindicatos.	 Nos	 Estados	 Unidos	 os	 sindicatos	 de	professores	 controlam	 a	 educação	 do	 país,	garantindo	 seus	 empregos	 de	 maneira	 quase	eterna	 em	 detrimento	 da	 qualidade	 de	 educação,	além	de	serem	abertamente	de	esquerda.		
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	 O	 Brasil	 não	 foge	 a	 regra,	 e	 o	 uso	 do	sindicalismo	como	uma	base	de	poder	do	governo	Vargas,	 e	 sua	 mecanização	 como	 ferramenta	estatal	 foi	 fortalecida	 junto	 com	a	 criação	da	CLT.	As	leis	sindicais	e	trabalhistas	foram	elaboradas	ou	por	influência		do	fascista	Vargas	ou	por	influência	de	 pensadores	 abertamente	 socialistas	 e	comunistas.	É	óbvio	que	o	intuito	desta	estrutura	é	o	 controle	 da	 população,	 a	 nacionalização	 das	relações	e	um	forma	de	estender	o	poder	federal	e	infiltra-lo	para	dentro	de	todas	as	empresas.		 Sindicatos	 possuem	 tantas	 regalias	 que	frequentemente	 me	 refiro	 a	 eles	 como	 as	capitanias	 hereditárias	 modernas.	 A	 chamada	“contribuição	 sindical”	 nada	 mais	 é	 do	 que	 um	imposto	 destinado	 a	 sustentar	 a	 classe	 dos	dirigentes	de	sindicato,	confiscando	3,1	bilhões	de	reais	 dos	 trabalhadores	 brasileiros	 apenas	 em	2015,	 recursos	 que	 ou	 foram	 desperdiçados	 por	sindicatos	 parasíticos	 ou	pior,	 usados	 para	 erodir	ainda	 mais	 a	 liberdade	 de	 trabalho,	 e	recentemente	 as	 organizações	 sindicais	propuseram	 ainda	 mais	 uma	 taxação	 no	trabalhador,	 embora	o	projeto	esteja	 longe	de	 ser	aprovado.	 Todo	 mês	 uma	 nova	 profissão	 é	“regulamentada”	e	colocada	embaixo	da	asa	de	um	sindicato	 que	 poderá	 fazer	 desta	 profissão	praticamente	o	que	bem	entender,	estes	sindicatos	novos	se	 tornam	braços	de	partidos	e	veículos	de	financiamento	 político,	 divulgação	 de	 ideias,	pressão	 política	 e	 centros	 de	 treinamento	 e	promoção	de	futuros	políticos	socialistas.			 Vários	 sindicatos	 agem	 para	 imobilizar	profissões	 regulamentando	 salários	 e	 fechando	
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recém	 formados	 para	 fora	 do	 trabalho,	encarecendo	 o	 acesso	 ao	 serviço	 fornecido	 e	piorando	 a	 vida	 de	 praticamente	 todos	 os	envolvidos,	ou	seja,	não	agem	para	proteger	o	seu	representado,	 mas	 para	 proteger	 os	 profissionais	já	 inseridos	 no	 mercado	 contra	 a	 competição	 de	novos	trabalhadores.	Um	caso	notório	é	o	sindicato	dos	bancários,	que	faz	greve	todos	os	anos	com	dia	marcado	mesmo	que	a	maioria	dos	bancários	seja	contra	 e	 considere	 o	 ato	 todo	 uma	 enorme	palhaçada,	 furando	 as	 greves,	 trabalhando	“clandestinamente”	 e	 frequentemente	 pedindo	desculpas	 aos	 clientes	 pelas	 politicagens	 de	 um	grupo	que	não	identificam	como	seus	“defensores”.	Os	resultados	são	que	alguns	recebem	um	pequeno	aumento	que	é	pago	pela	demissão	de	funcionários	e	aumento	de	taxas	para	os	clientes,	e	mais	e	mais	empregos	 são	 cortados	 pelos	 bancos	 que	progressivamente	 enxergam	 seus	 funcionários	como	problemas	em	potencial.		 Outra	 influência	nefasta	dos	sindicatos	é	a	quase	 incansável	 defesa	 dos	 supostos	 benefícios	da	 CLT,	 que	 na	 verdade	 nada	 mais	 é	 do	 que	 um	conjunto	 de	 impostos,	 a	 reserva	 de	 mercado,	 o	encarecimento	 do	 trabalho	 e	 portanto	 aumento	forçado	 do	 desemprego	 e	 a	 obrigatoriedade	 de	participação	 num	 esquema	 de	 pirâmide	 chamado	INSS.			 Praticamente	nenhum	político	ousa	 atacar	os	sindicatos	e	suas	quase	infinitas	fontes	de	renda	e	 poder,	 resultando	 que	 o	 poder	 sindical	 apenas	cresce	e	torna-se	cada	vez	mais	um	partido	político	se	encaminhando	para	status	de	quarto	poder.	
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	 É	 justamente	 por	 isso	 que	 sindicatos	podem	 ser	 uma	 base	 de	 atuação	 para	 libertários:	para	 libertar	 as	 pessoas	 desta	 relação	 de	exploração	 travestida	 de	 cuidado.	 Sindicatos	obviamente	tem	uma	função	como	uma	associação	de	 trabalhadores	 que	 busca	 aumentar	 seu	 poder	de	 negociação	 e	 melhorar	 as	 condições	 de	 sua	profissão.	 O	 problema	 é	 que	 esta	 relação	 foi	completamente	 pervertida	 e	 imposta	coercitivamente	 a	 todos	 os	 trabalhadores,	 sendo	obrigados	a	sustentar	um	sindicato	que	não	talvez	não	queiram	e	obedecer	regras	que	talvez	 	achem	estúpidas	 e	 desnecessárias.	 Estes	 trabalhadores	insatisfeitos	 com	 a	 representação	 forçada	 em	muitos	 casos	 se	 sentem	 isolados,	 presos	 ou	abandonados,	 e	 caso	 se	 oponham	 são	discriminados,	 difamados,	 perseguidos	 e	 até	agredidos	 fisicamente.	 Existe	 portanto	 uma	enorme	 demanda	 de	 milhões	 de	 trabalhadores	silenciosos	 que	 bem	 gostariam	 de	 ficar	 com	 o	dinheiro	de	sua	“contribuição”	sindical	e	trabalhar	nas	 condições	 que	 quiserem,	 sem	 sustentar	 uma	enorme	classe	política.	Libertários	precisam	ouvir	esta	 demanda	 e	 ajudar	 a	 defender	 estes	trabalhadores	da	coerção	dos	sindicatos.		 Obviamente	 é	 recomendável	 estar	 numa	profissão	 com	 menos	 intervenção	 estatal,	 e	 é	verdade	 que	 parte	 do	 poder	 sindical	 está	 sendo	erodido	 pela	 economia	 digital,	mas	 ainda	 existem	casos	onde	isto	demorará	para	acontecer,	mas	isto	ainda	 está	 longe	 de	 ser	 universal	 e	 uma	 grande	massa	 de	 pessoas	 não	 tem	 condições	 de	simplesmente	 abandonar	 suas	 profissões.	 	 Caso	 o	libertários	 encontrem-se	 em	 uma	 profissão	 onde	
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sindicatos	 exercem	 forte	 controle,	 é	 importante	que	 busquem	 unir	 os	 dissidentes	 e	 tomar	 este	controle	 das	 mãos	 de	 intervencionistas	 e	socialistas,	 retornando	 a	 função	 original	 de	representação	 do	 trabalhador	 e	 associação	 de	profissionais,	 reduzindo	 os	 custos	 aos	trabalhadores	que	anualmente	 tem	um	dia	de	seu	trabalho	confiscado.				 Sindicatos	 precisam	 ser	 expostos	 e	denunciados,	 pois	 não	 realmente	 protegem	 seus	trabalhadores	 e	 sim	 os	 utilizam	 como	 fonte	 de	renda	 e	 poder	 político.	 Isto	 deve	 ser	 feito	 pelos	trabalhadores	 libertários,	 por	 candidatos	libertários	 e	 por	 políticos	 libertários	 eleitos.	 É	 de	se	 esperar	 que	 os	 lideres	 sindicais	 nos	 ataquem	como	inimigos	dos	trabalhadores,	mas	são	eles	os	inimigos	 e	 devem	 ser	 apontados	 como	 tal,	 afinal	são	 eles	 que	 precisam	usar	 o	 poder	 coercitivo	 do	estado	 para	 roubar	 o	 salário	 de	 trabalhadores	 e	são	eles	que	querem	impor	suas	ideias	a	força	nos	seus	 supostos	 representados.	 É	 fundamental	quebrar	esta	relação	de	doutrinação	de	defesa	dos	supostos	 direitos	 dos	 trabalhadores	 para	 que	 as	massas	acordem	para	o	fato	de	que	defendem	algo	que	 os	 prejudica.	 Os	 libertários	 são	 os	 que	realmente	 defendem	 os	 trabalhadores	 e	 sua	liberdade	 de	 trabalhar,	 e	 devem	 se	 apresentar	como	tal,	enquanto	os	sindicatos	defendem	apenas	seus	 líderes	 e	 suas	 ideologias	 e	 devem	 assim	 ser	denunciados.	 Devemos	 perguntar	 sempre:	 se	sindicatos	são	tão	importantes	e	benéficos,	por	que	tem	 medo	 que	 a	 filiação	 e	 pagamento	 possam	deixar	de	ser	obrigatórios?		
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	O	EMPRESARIADO	E	O	EMPREENDEDOR			 No	 capitalismo	 de	 compadrio	 brasileiro	 já	tradicional	 de	 séculos,	 o	 empresariado	 aprendeu	de	 um	 jeito	 ou	 de	 outro	 que	 seu	 sucesso	 está	atrelado	 a	 sua	 colaboração	 com	 o	 governo,	 e	 em	específico	 com	 os	 governantes.	 Logicamente	quanto	mais	intervencionista	a	política	de	um	país,	mais	 valioso	 é	 o	 poder	 da	 caneta	 dos	 políticos	 e	mais	 comercializado	 ele	 será.	 Não	 surpreende	então	a	observação	de	que	grande	fatia	do	grande	empresariado	 brasileiro	 está	 na	 cama	 com	 o	governo,	de	maneira	geral	pouco	importando	qual	é	 o	 governo,	 desde	 que	 esteja	 no	 poder,	 e	 que	 as	campanhas	 vitoriosas	 nos	 recentes	 ciclos	 tenham	sido	 as	 que	 mais	 receberam

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