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Resumo Clínica de Equinos

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Clínica Médica e Cirúrgica de Equinos II 
1 
Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
Afecções de Sistema Digestivo 
 
A ordem de passagem do alimento inicia-se no estômago (baixa capacidade de 
armazenamento, apresentando aproximadamente 0,4 metros, com capacidade de 8 a 15 
litros), duodeno, jejuno, íleo (intestino delgado: até 22 metros com 50 litros), ceco 
(microorganismos, câmara fermentativa, degradação da celulose e produção de ácidos 
graxos voláteis, apresentando 1 metro e 30 litros), cólon ventral direito, flexura esternal, 
cólon ventral esquerdo, flexura pélvica, cólon dorsal esquerdo, flexura diafragmática, cólon 
dorsal direito, cólon transverso, cólon menor (3,5 metros e 20 litros), reto, ânus. 
A presença de alterações morfofuncionais ou do trânsito intestinal, como o aumento 
da secreção de líquidos e redução da absorção, gera uma inflamação dos vasos, que 
causam desidratação e dilatação intestinal. Esse líquido reflui para o estômago, causando 
uma dilatação gástrica. 
A dor é causada devido a modificações dos alimentos, que fermentam e produzem 
gases, dilatando as alças intestinais, o que gera um estímulo de neurônios. 
Existem alguns locais propícios de parada do alimento, os quais são o orifício íleo-
cecal, flexura pélvica (estreita a luz do cólon) e cólon transverso (transição do cólon dorsal 
direito para o cólon menor). 
 
Abdômen Agudo Equino ou Síndrome Cólica 
 
Se a cólica clínica for mal atendida pode se tornar cirúrgica. O tempo que o intestino 
está distorcido é crucial para o sucesso na cirurgia, quanto mais cedo o veterinário tomar 
as medidas preventiva, melhor será o prognóstico. 
O objetivo do exame clínico é identificar rapidamente a necessidade da cirurgia e dar 
um diagnóstico específico. A taxa de sobrevivência está relacionada com a decisão do 
veterinário quanto ao tratamento clínico ou cirúrgico. Entretanto, em casos de dúvida, 
encaminhar para um hospital que tenha condições de realizar cirurgia. 
A cólica pode estar localizada em várias regiões seja no estômago, seja no intestino. 
E a etiologia podem ser por distensão gasosa, por mudança da ração, por mudança de 
ambiente, por compactação etc. O fator idade estará relacionado com alguns tipos mais 
frequentes em potro, cuja causa pode ser por retenção de mecônio ou no cavalo árabe e 
na mula que manifestam sinais clínicos diferentes, um é mais sensível que o outro, 
respectivamente. 
Os fatores predisponentes são a presença de um estômago relativamente pequeno; 
o cavalo não regurgita nem vomita, o que impede o esvaziamento gástrico, logo, ocorre a 
distensão do estômago e se romper e causar peritonite deve-se eutanaziar o animal; a 
posição anatômica do esfíncter cárdia que é muito musculoso; o intestino delgado longo e 
livre na cavidade abdominal, preso apenas na raíz do mesentério; a fermentação no ceco 
e cólon; acúmulo de gases principalmente no intestino delgado que tem baixa capacidade 
de distensão; locais predispostos ao estrangulamento; compactação; baixo limiar à dor; 
animal adaptado à alimentação volumosa e pastejo constante. Sendo assim, alguns fatores 
como parição, água gelada, compactação nos pontos de parada, torção, obstrução e 
hipermotilidade são situações de risco para a cólica equina. 
O intestino delgado é preso apenas na região dorsal da cavidade abdominal, o 
aumento de gases nas alças intestinais e o ato de rolar pode complicar a situação, pois o 
animal termina com as alças todas enoveladas. 
O ceco quando distendido de gás pode empurrar o diafragma e causar uma dispneia 
no cavalo, para aliviar essa situação pode-se realizar uma tiflocentese e a seguir induzir o 
paciente na anestesia para tentar reverter o quadro de cólica. 
Clínica Médica e Cirúrgica de Equinos II 
2 
Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
A fermentação gasosa é muito mais dolorida e rápida que a cólica por compactação. 
 
Graus de cólica: 
 
A gravidade do processo de cólica depende muito do local de acometimento das 
alças e do tempo. É muito mais grave a cólica que ocorre nos intestinos delgados 
comparado ao cólon ou ao ceco (intestino grosso). Isso se explica pelo fato que o ID tem 
baixa capacidade de distensão e chega a necrosar se ficar distendido com gás, além disso, 
nessa região o cavalo tem maior chance chegar ao quadro de SIRS (síndrome da resposta 
inflamatória crônica). Pode-se realizar como medida de salvamento a enterectomia com 
ressecção e anastomose de até 70% do ID, mas também é comprometido a sobrevivência 
do animal (longevidade do animal). 
“A maior causa de cólica nos equinos é o homem”. Essa frase significa que quando 
o Homem alimenta uma vez ao dia o animal pode causar fermentação em grandes 
quantidades devido à alta quantidade de alimento oferecida de uma só vez. 
Toda vez que se tem uma cirurgia de cólica, tem-se aliado uma peritonite junto que 
deve ser acompanhada durante e no pós-operatório. 
A anatomia do intestino do equino tem algumas particularidades como o cólon ventral 
direito que é bastante saculado, já o mesocólon e cólon menor são mais gordurosos O cólon 
transverso é preso no teto da cavidade e é um local suscetível para compactação de 
alimento e formações de enterólitos gerando dor e cólica. 
A presença de dor por distensão devido a uma compactação na válvula ileocecal 
causa distensão da alça intestinal e inflamação dos vasos intestinais, essa inflamação 
causa edema no intestino delgado onde o cavalo perde líquido do organismo para a luz 
intestinal, consequentemente, desidratando-se. A evolução desse quadro é empurrar o 
conteúdo alimentar para o estômago causando a distensão desse órgão e o animal 
apresentando dor, entrando em hipovolemia, hipotensão, consequentemente, choque, além 
disso, a vasodilatação dos vasos intestinais permite a entrada de bactérias intestinais para 
o sistema levando ao quadro de septicemia, por isso que se demorar muito, ou aplicar 
analgésico prévio, o animal pode vir a óbito, pois ocorre mascaramento dos sinais e a 
situação do quadro se agrava muito levando a um prognóstico ruim. 
Clínica Médica e Cirúrgica de Equinos II 
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Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
➢ Diagnóstico 
O diagnóstico é realizado com base no exame clínico completo do equino com cólica. 

• Anamnese 
A anamnese deve ser realizada de maneira objetiva e rápida, durante a realização 
do exame clínico. 
 
• Parâmetros Vitais 
Realiza-se a avaliação dos parâmetros vitais, como frequência cardíaca, frequência 
respiratória, temperatura retal e de extremidades, pulso, coloração das mucosas, TPC, 
turgor cutâneo e movimentação intestinal. 
Assim, alterações como, aumento da frequência cardíaca (normal: 20 a 40 bpm; 
levemente elevada: 40 a 70 bpm; elevada: >70 bpm ) e da frequência respiratória (normal: 
8 a 16 mrpm; Elevada: > 30 mrpm) 
As mucosas congestas ou endotoxêmicas (mucosa pálida, vermelha ou cianótica), o 
TPC aumentado (apresentando de 3 a 4 segundos ou de 5 a 6 segundos no início da cólica). 
O aumento de temperatura (pequeno aumento: 38,9ºC, hipertermia grande aumento: 
> 39,1º C--> animal que fica no sol e está agitado deitando e rolando ou hipotermia --> 
animal toxêmico). 
A desidratação pela alteração no turgor cutâneo, avaliação do hematócrito, da 
proteína total e coloração das mucosas (mucosa branca ainda indica prognóstico bom, a 
mucosa vaginal é um ótimo parâmetro de avaliação do estado do animal, avermelhada a 
roxa, cianótica mais grave o quadro do animal com inflamação sistêmica e tempo de 
reperfusão capilar. 
A auscultação do TGI com ausência de borborígmas intestinais (- :atonia intestinal, 
indicativo de íleo paralítico ou íleus; +: hipomotilidade; ++: normal; +++: hipermotilidade). O 
pulso digital deve estar fraco a ausente. A motilidade depende da causa pode estar em hipo 
ou atonia mau prognóstico e bom prognóstico está relacionadocom motilidade ainda 
existente. A hipermotilidade está relacionada com alguns casos de parasitoses. 
 
• Comportamento 
Avalia-se o comportamento e estado geral do animal, grau de dor e distensão 
abdominal (o aumento ventral dorsal é indicativo de distensão por gás). 
Animal pode estar alerta, apático ou inquieto, olha para o flanco, rola. 
O uso de analgésico dependendo desse estado do animal, usando alguns fármacos 
de ação rápida como os alfa2 agonistas (xilazina, detomidina) com ¼ dose tendo 20 min de 
analgesia. Uma segunda opção é o butorfanol (opioide) 1mL para cada 450kg com 30 min 
de analgesia. Hiosina (escopolamina antiespasmódico) que quando composto vem 
associado com dipirona que diminui a motilidade e o tempo de ação da hiosina pura é 30 
min e da dipirona (5-22mg/kg 20 mL para 450kg ou em potros 10mL para 200kg) durando 
6 horas. A escopolamina pode ser usada em casos onde foi utilizado imizol e o cavalo está 
com hipermotilidade. Os AINEs são de última escolha como flunixin meglumine que dura 
de 12 a 24 horas. 
Clínica Médica e Cirúrgica de Equinos II 
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Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
O animal com abdômen redondo é um sinal de cólica. 
 
• Sonda Nasogástrica 
Auxilia e muito e pode orientar a direção do diagnóstico se é uma cólica de origem de 
estômago ou ID. Sempre deve-se realizar a lavagem gástrica. Apenas para-se a lavagem 
quando eliminar um muco do estômago, conteúdo de proteção da mucosa. 
Pode ser necessário sedar com Xilazina em doses menores para que não haja um 
efeito analgésico por longos períodos e mascare o efeito da cólica, devendo ser realizada 
a sedação com fármacos de curta duração e em doses reduzidas. Não é recomendado 
administrar Flunixin, pois possui duração de 12-24 horas. 
Deve ser avaliado o volume, pH e aparência do conteúdo. 
Quando o gás durante a sondagem for marrom e fétido, indica que o problema é de 
intestino, apresentando pH alto (alcalino). Entretanto, se não apresentar conteúdo ou 
conteúdo esverdeado, a indicação é de afecção estomacal, portanto pH baixo (ácido). 
A lavagem estomacal deve ser realizada com no máximo 2 litros, verificando o 
volume que retorna pela própria sonda. Realiza-se esse processo por uma ou duas horas, 
ou até parar de retornar conteúdo e apresentar muco. 
A sonda não deve ser retirada, evitando o rompimento do estômago. 
 
• Hemograma 
A avaliação laboratorial do sangue, deve ser avaliada quanto hematócrito e proteína 
total. O Ht alto e a PT alta indicam animal desidratado realizando a fluidoterapia com 40L 
no mínimo, mas em geral, realiza-se 150 a 200 L de soro. 
A hidratação é muito melhor pela VO, mas o animal deve ter motilidade e não deve 
estar com refluxo, caso contrário realiza-se a perfusão IV. O soro oral é realizado com água, 
açúcar e sal no laboratório. 
Os leucócitos totais com 22.000 é um sinal de infecção, agora se o animal estiver em 
leucopenia significa sequestro e consequentemente ao controlar a inflamação ou causa 
inflamatória, o animal começa a demonstrar a leucocitose. 
 
• Paracentese 
Consiste de uma avaliação laboratorial, que verifica a presença de rupturas e 
integridade das alças. Deve ser realizado, após tricotomia e antissepsia, a perfuração da 
linha alba com bisturi e depois insira a cânula mamaria, bem próximo ao externo (5 cm atrás 
do xifoide) para não perfurar o cólon. Animais obesos podem fazer com que a cânula não 
alcança o conteúdo peritoneal, recomenda-se a colocação de uma cânula maior. 
Entretanto, se mesmo assim não for o suficiente, a colheita será improdutiva e não se 
saberá a situação das alças desse animal. 
 
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Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
O líquido peritoneal normal apresenta coloração amarelo claro e límpido, com até 
3000 células nucleadas/μl (sendo 60% neutrófilos e 10-20% linfócitos, com relação de 2 
neutrófilos: 1 macrófago), ausência de hemácias, proteínas totais de 1 a 1,5 g/dl e 
densidade de 1,001. 
Pode ocorrer coloração alterada, aumento de proteínas, presença de hemácias e de 
neutrófilos degenerados. Pode ter alteração devido à contaminação de hemácias do 
subcutâneo, tornando o líquido amarelo claro e não transparente. A mudança de alteração 
de cor gradativa significa degeneração de alças. 

• Palpação Retal 
Realizado para verificar a presença de compactação, deslocamento ou distensão 
gasosa. 
As cólicas que podem ser tratadas clinicamente são a distensão gástrica gasosa ou 
por compactação, úlcera gástrica, enterite duodenojejunite causada por Clostridium, 
Salmonella e outros anaeróbicos, timpanismo cecal, compactação de cólon maior (se 
diagnosticada no início), timpanismo de cólon maior, hipermotilidade espasmódica de ID e 
IG. 
 
➢ Classificação das Cólicas 
• Obstruções Simples: Causada pela falta de ingestão de água geralmente na época 
da seca com alta quantidade de sais, água gelada, fedida, suja. Pode ser causada por 
problemas de fluxo da ingesta. Inicialmente não há comprometimento da circulação (não 
estrangulante), como fecalomas/enterólitos, compactações, sablose (areia ingerida quando 
o animal toma água de rio, que machuca a mucosa e facilita a absorção de toxinas, 
facilitando a toxemia, o tratamento clínico é com psyllium-mucomucil ou 
carboximetilcelulose que se mistura com a areia e retira ela da parede gástrica, a dose em 
caso de cólica é 1g/kg BID durante 3 dias, quando não está com cólica, a dose diminui e 
trata durante 60 dias colocando a carboxi na ração), trico (ingestão de pelos) e fitobezoares 
(ingestão de bananeira ou raízes), enovelados de vermes (após dose de vermífugo mata 
os vermes e esses se enovelam no intestino levando à compactação) etc. O deslocamento 
de cólon maior que dobra e faz uma obstrução simples, dorsal a esquerda por 
encarceramento nefroesplênico, nesse caso, ocorre sempre uma retroflexão para esquerda 
e quando a flexura pélvica gira para o lado direito é uma destroflexão. Na região dorsal, a 
raiz do mesentério, o cólon dorsal direito, o cólon transverso e a base do ceco são presos 
no assoalho dorsal. Enquanto o resto do intestino é inteiramente solto. Na hipertrofia de 
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Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
íleo, de causa desconhecida, o íleo perde função de motilidade e é necessário realizar uma 
anastomose. 
• Obstruções Estrangulativas: Comprometimento circulatório grave com 
comprometimento do fluxo alimentar. Primeiramente venoso (obstrução hemorrágica) e 
depois arterial (obstrução isquêmica por hipovolemia). O comprometimento de circulação 
se deve ao fato do acúmulo de alimento recrutar água e comprimir os vasos, impedindo a 
saída e entrada de sangue, o que compromete a circulação, gerando isquemia 
(aumentando a dor do cavalo). Como ocorre em torções, vólvulos, intussuscepções e 
hérnias inguinais dos garanhões. O forame epiplóico é um espaço virtual no cavalo onde 
pode ocorrer o encarceramento de alças intestinais nesse espaço, causando a hérnia 
diafragmática, ruptura do ligamento gastro-esplênico que possui uma fístula onde há 
encarceramento de alça e com a presença de alimento e motilidade, o cavalo sofre 
inflamação essa região. 
• Infarto Não Estrangulante: Sem interferência com o fluxo da ingesta, mas com 
comprometimento vascular grave, como ocorre no aneurisma por S. vulgaris, que forma 
coágulos que entram nas veias e artérias do intestino necrosando o local do coágulo e 
gerando muita dor. Na cirurgia é possível observar porções vermelhas e/ou outras 
arroxeadas devido a formações de trombos. 
 
➢ Tratamento 
Inicialmente deve ser realizada a fluidoterapia com ringer lactato e hemogasometria 
para reposição eletrolítica adequada. 
As indicações de laparotomia no abdômen agudo dos equinos são: dor 
severa/incontrolável, refratária à analgésico(inquieto, dor intermitente, dor contínua, dor 
leve, dor moderada, dor severa e incontrolável), deprimido, apático, escavar o chão, olhar 
para o flanco, mexer na água, escoicear/ morder flanco, mímica de decúbito, decúbito, 
bruxismo, erguer os lábios, sentar, rolar, suar, gemer, hiperexcitabilidade. 
A utilização de cimeticona, carboxi, sorbitol (anti-efiséticos) são tratamentos pré-
cirúrgicos para diminuir um pouco de gás no intestino e entrar na cirurgia. 
Quando o animal tem muita dor, posso utilizar Xilasina 2% (0,2 a 0,4 m/kg, dura de 15 
a 40 min), Butarfonol (analgesia de 30 a 40 min), Dipirona (5 a 22 mg/kg, dose menor com 
duração de 4 a 6 horas), Flunixin (duração de 12 horas 1,1 mg/ Kg, pode usar menor dose), 
Fenilbutazona (duração de 24 horas 4,4 mg/kg, associar com Omeprazol), não devendo 
nunca mascarar a dor. Utiliza-se a dose mínima de anti-inflamatório apenas para conforto 
do animal. 
Saber a causa da enterite ou colite, geralmente a colite gera uma diarreia bastante 
nauseabunda, e as causas podem ser tanto por dieta quanto infecciosas, quando é 
infecciosa realiza-se o tratamento com antibioticoterapia, muitas vezes deve ser associado 
mais de um princípio ativo, pois alguns fármacos não pegam todos os microrganismos 
predisponentes (salmonella, clostridiose etc.) como associação entre sulfa e metronidazol. 
Pode estar alterado o refluxo gástrico, apresentando menos de 4 L, pH diminuído, 
odor fétido, coloração esverdeado, com presença de gás e alimento, sendo indicativo de 
afecção estomacal. Ou ainda quando o fluído é amarelo/marrom, com mais de 4 litros, pH 
alcalino e odor fétido, indica conteúdo de intestino delgado. 
No exame retal apresenta a distensão de alças, presença de corpo estranho, 
deslocamento de segmentos, intestino delgado distendido, cólon maior distendido e 
deslocado, cólon maior deslocado, ceco distendido e deslocado, hérnia inguinoescrotal 
(palpação de alças intestinais), hérnia diafragmática e/ou encarceramento nefro-esplênico 
(não se palpa a flexura pélvica e o cólon maior). 
Clínica Médica e Cirúrgica de Equinos II 
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Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
Na auscultação intestinal, o animal não apresenta borborígmas, devido à ausência de 
motilidade do trato gastrointestinal. Ou seja, se o animal apresentar dor contínua moderada 
ou severa, ausência de borborígmas, refluxo amarelo, fétido e alcalino, palpação retal 
alterada, fluido peritoneal com coloração alterada e turvo, deve ser encaminhado para o 
tratamento cirúrgico. Sendo preferível enviar um animal para a laparotomia sem a 
necessidade do que demorar a enviar o animal com estado mais grave para a laparotomia. 
A laparotomia é contra-indicada em casos que o animal não apresente dor, com dor 
controlável ou deprimido, temperatura maior que 39,2º C, neutropenia (menos que 4000/μl), 
auscultação com borborígmas progressivos, nenhuma anormalidade observada no exame 
retal e fluido abdominal normal. 
De acordo com a causa do abdômen agudo equino, deve ser realizada uma 
intervenção. No deslocamento, deve-se reposicionar o intestino e realizar a 
drenagem/ordenha de gás e conteúdo do ID para o ceco. Na obstrução simples, realizar a 
enterotomia e retirada da compactação ou corpo estranho. Enquanto na obstrução 
estrangulativa com necrose, realizam-se a enterectomia e enteranastomose. 
 
• Laparotomia Exploratória 
A indicação para cirurgia é dor severa, incontrolável e para saber se há indicação 
cirúrgica, administra-se um analgésico de curta duração e se o paciente não responder é 
porque a indicação é realmente cirúrgica. Dor intermitente (que vai e que passa), depressão 
e apatia não são indicativos de cirurgia, o primeiro indica dificuldade na passagem de 
alimento em algum local anatômico do TGI e alterações depressivas no comportamento 
significa que já passou o tempo da cirurgia. 
A recomendação é que coloque o cavalo para andar se a dor ainda é suportável. 
A outra indicação é refluxo gástrico com mais de 4L e pH aumentado com odor fétido 
significando a presença de conteúdo duodenal de coloração amarela a marrom. A enterite 
é o único caso que não é cirúrgico. O fluido ácido é apenas no estômago e a presença de 
gás é cólica gasosa. A retirada do líquido do estômago, não se deve esquecer de realizar 
fluidoterapia, se o cavalo chegar em choque hipovolêmico, realiza-se solução hipertônica 
(NaCl 7,5%) na dose de 2L/500kg de imediato para reestabelecer e a seguir colocar o 
animal na solução 0,9%. 
O exame retal é importante evidenciando distensão de alças, deslocamento dos 
seguimentos e a presença de enterólitos ou corpo estranho. O normal/fisiológico da 
palpação retal é encontrar do lado direito o ceco, do lado esquerdo o baço, o rim e o cólon 
maior, na região central o cólon menor com as síbalas. 
A compactação não é um caso cirúrgico imediato pode se tratar clínico até 3 dias, 
assim como distensão gasosa, já o encarceramento nefroesplênico com encarceramento 
do cólon entre o ligamento nefroesplênico comprimindo a irrigação do baço e causando 
esplenomegalia, além de exsudação de sangue de origem do baço para o líquido peritoneal. 
A palpação de delgado distentido, cólon maior distentido e deslocado, cólon maior 
deslocado, ceco distendido e deslocado, corpo estranho, hérnia inguino-escrotal, hérnia 
diafragmática (bastante complicado o prognóstico) e encarceramento nefroesplênico. 
A auscultação intestinal com ausência de borborigmas depende do quadro clínico se 
o animal está com a motilidade normal ou ausente, esta irá depender dos outros sinais. 
FC maior que 60bpm, TPC aumentado e pulso aumentado e forte no início da cólica 
ou fraco e ausente quando há mais tempo de cólica com congestão de mucosas ou 
mucosas endotoxêmicas. 
A temperatura deve estar normal se estiver levemente aumentada é devido a uma 
hipertermia solar. Quando o animal está hipotérmico significa que está em choque e em 
hipertermia é um sinal de infecção. 
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Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
O líquido peritoneal que mede a integridade das alças intestinais, logo a presença de 
hemácias, leucócitos acima de 3000/mm3 de coloração alaranjada, proteína > 2,5% com 
aspecto turvo indica maior gravidade do processo. 
A dor contínua, sondagem nasogástrica, presença de palpação alterada, alteração em 
líquido peritoneal são um conjunto de sinais para a tomada da decisão de cirurgia. 
As contra-indicações de cirurgia são animal sem dor ou dor controlável ou animal 
deprimido, hipertermia (>39,2°C), neutropenia <4000/ul por deslocamento ou torção, 
deslocamento de alças, presença de borborigmas. 
Laparotomia ou celiotomia consiste na 
abertura e posterior fechamento da cavidade 
abdominal. 
Em equinos deve ser mediana 
préumbilical ou pré-retro umbilical (cólon 
muito cheio) após a tricotomia abdominal 
ampla, limpeza prévia com iodo degermante 
durante 5 minutos, sondagem nasogástrica 
(cavalo deve entrar nessa condição na 
cirurgia) e/ou tiflocentese, anestesia geral 
inalatória devido ao longo tempo de duração 
da cirurgia. 
O animal deve estar em decúbito dorsal 
e a técnica cirúrgica consiste em realizar uma 
incisão na linha média (20 cm), na pele, no 
subcutâneo, na linha branca (alba), na 
gordura retroperitoneal, no ligamento 
falciforme e no peritônio. 
Deve seguir uma ordem para não 
ocorrer erros durante a cirurgia esquecendo 
algum órgão ou porção não examinada. 
Assim, encontrar o ceco e prega cecocólica 
para punção e retirada do gás (tiflocentese) e 
a prega ileocecal, realizar a punção para aspirar ao gás, exposição do cólon maior cólon 
ventral direito, cólon dorsal esquerdo, exposição do ID e ordenha de seu conteúdo para o 
ceco, palpação das regiões fixas artéria mesentérica cranial, palpação diafragma, palpação 
do duodeno e estômago, bexiga, anéis inguinais verificandose não há alças intestinais, 
baço e ligamento nefro esplênico, porção não exposta do cólon menor, reto. Assim como, 
devem ser verificados todas as porções fixas do lado esquerdo (estômago, baço e rim 
esquerdo no lado esquerdo) e do lado direito (fígado, duodeno e rim direito, base do ceco 
início cólon direito / final do íleo), a seguir sutura do subcutâneo e pele. 
O fechamento da cavidade é realizado com sutura do peritônio que sela a região da 
cavidade contra bactérias e possíveis infecções (varia de cirurgião para cirurgião com 
sutura contínua com fio absorvível sintético 2-0 a 3-0, a seguir sutura da linha alba (fibrosa 
que leva no mínimo 21 dias para cicatrizar) com fio não absorvível (ideal) ou fio absorvível 
com perda de tensão tardia com sutura contínua nº 2 (ideal) ou simples separada ou sultan 
de tamanho 0,6mm (fio nylon de pesca). Os pontos separados garantem a não ocorrência 
de evisceração. 
 
• Enterectomia, Enterotomia e Anastomose 
Situações cirúrgicas que indicam as técnicas de enterotomia para compactação de 
cólon e presença de enterólitos e enterectomia e enteroanastomose em situações que 
ocorra gangrena/necrose intestinal. Pode ser realizada em ID, cólon (diminui a sobrevida 
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Fernanda Ciconello e Carol Comanini 
do paciente) e tiflectomia são possíveis, entretanto, estômago não se é possível abrir. O 
intestino delgado, cólon devem ser suturados com fio absorvível 2-0 com 2 planos 
(Schimiden-Cushing). Atenção com estenose no ID, por isso, realizasse hoje apenas 1 
plano extramucosa com fio absorvível 2-0 ponto simples separado ou contínua com 0,3 a 
0,5 cm da borda de incisão. Em IG, essa preocupação é menor da distância da borda, pois 
o risco de estenose é muito menor. Outra preocupação é a anastomose de vasos 
sanguíneos e ligadura para não necrosar a parte ainda funcional do ID. O corte do ID é em 
bisel para aumentar a luz e diminuir as chances de estenoses. 
A abertura do cólon menor é em cima da tênia, realizando 2 planos (Schimiden-
Cushing). 
 
A rafia da parede abdominal, tanto para a 
laparotomia exploratória como para enterectomia, 
enterotomia e anastomose, deve ser realizada em 3 
lanos: o primeiro consiste do fechamento da 
musculatura, juntamente com o peritônio (este último 
pode ou não ser suturado), naylon 0.60 ou poliglactina 
910 Nº 3 ou ácido poliglicólico Nº 2, em ponto simples 
separado ou simples contínuo ou Sultan; o segundo 
sendo a aproximação do subcutâneo com poliglactina 
910 Nº 0 ou 1, e o último com o fechamento da pele, 
com pontos simples separados ou Wolff ou ancorado de 
Ford ou simples contínuo, nylon 0,60 ou suturamid 4. 
 
O pós-operatório deve ser realizado antibioticoterapia (Penicilina benzatina, 40.000 
UI/kg, IM, a cada 48 horas; e Gentamicina, 6,6 mg/kg IV, SID, para realizar o amplo 
espectro, ou Ceftiofur, 2 mg/kg, IM, BID que é uma ampicilina de 3ª geração e de amplo 
espectro), curativo local diário com iodo 2%. O uso de AINES (Flunixin meglumine, 0,25 
mg/kg IM ou IV, TID- antiendotoxêmica ou 1,1 mg/kg IM ou IV, BID analgésica quando a 
situação é mais drástica, mas pode utilizar a Dipirona para analgesia associada ao flunixin 
na menor dose possível, pois pode atrapalhar/retardar a cicatrização; Cetoprofeno, 0,5 
mg/kg IM ou IV, TID- antitoxêmica ou 2,2 mg/kg IM ou IV, BID- analgésica; Fenilbutazona: 
4,4 mg/kg IV ou VO, SID ou BID). O uso de drogas estimulantes da motilidade intestinal 
(Metoclopramida, 0,5 mg/kg/h IV em dose baixa ou 0,5mg/kg IM; Neostigmine: 0,02 mg/kg 
SC; Ioimbina, 0,12 mg/kg; Betanecol, 0,03 mg/kg QID, Gluconato de Cálcio**, 100 ml/animal 
diluído em soro) e fluidoterapia utilizada para lavar o paciente e retirar as toxinas da 
cavidade abdominal. 
Além disso, deve tratar e/ou prevenir endotoxemia e laminite, monitorizar 
constantemente o paciente, com exame clínico completo 3 a 4 vezes/dia, jejum até 
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ausência completa de refluxo gástrico, iniciar a alimentação com volumosos e retorno com 
o concentrado deve ser gradual. 
Complicações como evisceração, contaminação, miíase na ferida, laminite, 
tromboflebite (ausência de fluxo de cabeça com formação de coágulos e edema de cabeça, 
endotoxemia podem ocorrer). A maior medida de contenção é a reperfusão, mas para 
conter maior complicação (laminite) é colocar gelo nos membros até 72 horas. O gelo 
diminui o metabolismo do casco e consequentemente realiza a fluidoterapia mais flunixin, 
hidrocortisona de curta duração para diminuir a toxemia do cavalo. 
 
Obstrução Simples 
 
Apresenta uma evolução mais longa devido à compactação do íleo, do cólon maior 
(flexura pélvica) e do cólon menor. Outras causas podem ser a hipertrofia do íleo, enovelado 
de vermes, intestino delgado, corpos estranhos, enterólitos, fito ou tricobezoares, cólon 
transverso, cólon menor, corpos estranhos (enterólitos, fito ou tricobezoares) tanto no cólon 
transverso quanto no cólon menor, sablose no ceco e cólon maior. 
 
Hipertrofia de Íleo 
 
Tem causa desconhecida. Pode ter lesões na mucosa por migração de larvas de 
Strongylus, de origem neurogênica, que ocasionam cólicas intermitentes, as quais ficam 
mais graves e constantes com o tempo. 
Pode ser necessário a remover do íleo, aplicando o by pass, alterando o caminho da 
ingesta do jejuno para o ceco ou jejuno para o cólon. 
 
Intussuscepção 
 
Causada por Aplocephala (próximo a região ceco cólica) e por Parascaris, que 
podem levar o animal a óbito em 12-14 horas. É um tipo de obstruções estrangulativas, com 
evolução mais aguda, mais frequente no jejuno de potros. 
 
Vôlvulos/ Torções 
 
Mais frequente no jejuno; sendo muitas vezes irreparáveis; de evolução aguda. 
Vólvulo/torção de intestino delgado acomete principalmente a raiz do mesentério, em 
hiperperistaltismo e mesentério amplo e livre. Pode também ocorrer a torção de ceco e de 
cólon maior. 
 
Encarceramento no ligamento nefro-esplênico 
 
Ocorre o encarceramento do segmento do cólon maior esquerdo e flexura pélvica 
sobre o ligamento nefro-esplênico. 
O diagnóstico deve ser realizado por meio de palpação retal (ausência do cólon 
maior e da flexura pélvica na região da pelve) ou paracentese, onde ocorre extravasamento 
de hemácias na cavidade abdominal devido à compressão realizada pelo cólon maior sobre 
o baço. Além disso, pode-se notar esplenomegalia devido ao comprometimento da irrigação 
sanguínea do baço. 
 
 
 
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Hérnia inguinal dos garanhões 
 
Descrito mais à frente nas afecções de sistema reprodutor, geralmente envolvendo 
o jejuno ou íleo. Diagnosticado na palpação com aumento de tamanho testicular e 
gelado/frio com presença de alça intestinal. 
 
Ruptura do Ligamento Gastro-esplênico 
 
O ligamento gastro-esplênico é um espaço virtual anatômico no mesocólon do dorso 
do cavalo que permite a migração de alças intestinais do jejuno da região caudal para a 
cranial através desse espaço causando um estrangulamento de alça. Sendo o diagnóstico 
e tratamento cirúrgicos. 
 
Lipoma Pedunculado 
Consiste de um pêndulo que quando o animal rola ele se enlaça. O diagnóstico é 
realizado durante a cirurgia. Irrigar com a temperatura a 37°C para verificar se está 
melhorando e de acordo com o resultado, decide-se o que fazer. Se estiver roxo, faz 
ressecção e anastomose. 
 
Afecções de Sistema Reprodutor 
 
O pênis consiste do músculo ísquio cavernoso, que insere o pênis na pelve, o 
músculo bulbo esponjoso e os músculos retratores do pênis, que o mantém retraído. 
Quando os músculos retratores relaxam ocorre a exposição do pênis. O equino possui um 
pênis do tipo elástico, que apresenta maior quantidadede tecido erétil (corpo cavernoso), 
com as lâminas prepuciais externa e interna da externa, lâminas prepuciais externa da 
interna e interna da interna, que é saculada e responsável pela exteriorização de um maior 
volume e inserção do pênis. A seguir vem a túnica albugínea e a glande do pênis. A uretra 
é ampla, elástica, circundada por corpo esponjoso particular. Os corpos cavernoso e 
esponjoso são ricos em vasos sanguíneos e permitem a ereção do pênis. O tecido externo 
do pênis é chamado de túnica albugínea (tecido conjuntivo conectivo no pênis), anel 
prepucial (mais fibroso) e orifício prepucial que podem levar a uma estenose no pênis. O 
prepúcio prende-se no pênis onde está localizado o processo uretral que é ventral. 
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Afecções de Pênis e Prepúcio 
 
Injúrias Traumáticas 
 
As injúrias traumáticas podem ocorrer com lacerações do corpo cavernoso e corpo 
esponjoso do pênis, que implicam na dificuldade de guardar o pênis. Apresentando na 
forma de feridas, lacerações, hematomas e fraturas. Ocorre principalmente devido a saltos 
sobre barreiras, cobertura sobre cercas, queda sobre objetos pontiagudos, cerdas da cauda 
ou bandagem de cobertura mal aplicada e masturbação. 
As complicações possíveis são contaminação, injúrias uretrais transversas, ruptura 
de vasos e parafimose. Caso não seja tratado, ocorre complicações como a dificuldade de 
guardar o pênis e ocorrência de fibrose. Esses tipos de lesões são considerados 
diagnósticos diferenciais de parafimose. 
 
Priapismo 
 
A etiologia consiste da falha de detumescer (encher) o corpo cavernoso do pênis, 
com bloqueio de impulso alfa simpático. A estase vascular gera um aumento da pressão 
parcial de CO2, com acúmulo de eritrócitos, impedimento de fluxo venoso, formação de 
coágulos, edema e fibrose se não corrigido rapidamente. Ocorre mais frequentemente em 
garanhões, devido a algumas medicações como a acepromazina que vasodilata o pênis e, 
consequentemente, o animal tem dificuldade de realizar vasoconstrição devido ao fármaco. 
A primeira alternativa de tratamento é compressa com gelo cada 15 minutos, duchas, 
corticoide (dexametazona) durante 2 a 3 dias. Pode-se realizar o procedimento de guardar 
o pênis, com auxílio de glicerina, e suturar o anel prepucial em bolsa de fumo, depois entrar 
com AINE – flunixin meglumine – durante 7 dias. Deve-se manter o pênis para cima, preso 
na barriga do garanhão, evitando a denervação. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento pode ser não cirúrgico, com bloqueio colinérgico (mesilato de 
benztropin) e injeção de estimulador alfa adrenérgico (metaraminol), menos comum. 
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Existe o tratamento cirúrgico, feito pelo recolhimento do anel prepucial e da lâmina 
prepucial interna da externa que será suturada na lâmina prepucial externa (técnica mais 
laboriosa) ou pela circuncisão (melhor prognóstico). Assim como, pode-se efetuar a 
irrigação do corpo cavernoso do pênis com Ringer Lactato heparinizado e anastomose do 
corpo cavernoso com o corpo esponjoso do pênis. 
 
Fimose 
Consiste do estreitamento do orifício do prepúcio, que torna impossível puxá-lo para 
trás sobre a glande do pênis. Raramente é congênita, sendo mais comum ser adquirida 
devido a tumores, problemas de cicatrização etc. As causas são feridas que fazem uma 
estenose e dificulta a saída desse pênis. O tratamento é apenas remover o tecido fibroso 
da lâmina externa prepucial. 
 
Neoplasias 
As neoplasias mais comuns do pênis e prepúcio são os papilomas escamosos, 
sarcóides, carcinoma de células escamosas, melanomas, mastocitomas e hemangiomas. 
A decisão de amputação vem com o acometimento do tumor e com a presença do tamanho 
da retirada de margens para retirada da neoplasia. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento pode ser realizado com a circuncisão do prepúcio e recolhimento 
quando acomete o pênis a amputação, dependendo da localização e da gravidade. 
Realiza-se o garroteamento do pênis antes de iniciar a cirurgia para evitar 
hemorragias. 
 
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A excisão é feita em triângulo na túnica albugínea, o cavalo deve estar sondado para 
localização da uretra (1). Após realizar incisões retas até a albugínea do pênis, deve suturar 
a mucosa da uretra na albugínea do pênis (2). O fio utilizado é absorvível, sintético, número 
2-0. Realiza-se o corte enviesado do pênis expondo o corpo cavernoso (3), que deve ser 
fechado com sutura simples separada (4), realizar a ligadura das arteríolas dorsais do 
pênis. Após essa etapa faz a sutura da mucosa da uretra em corpo cavernoso. No final, 
realiza-se o fechamento da mucosa da uretra na albugínea do pênis formando um triângulo 
de 4 a 5 cm (5). 
 
Afecções do Testículo 
 
Criptorquidismo 
 
Consiste da retenção anormal dos testículos na cavidade abdominal, no canal 
inguinal, que é separado em externo e interno, ou no subcutâneo. É resultante de uma falha 
na descida do testículo ou função imprópria do gubernáculo que se liga à túnica vaginal e 
pode estar encurtado, por isso, não ocorre a descida dos testículos. Caso o comprimento 
dos ligamentos do gubernáculo estiver alterado, os testículos não descem. Isso gera 
alteração da regressão testicular, que pode ser uni ou bilateral. 
A etiologia pode ser genética, intersexualidade, falha na produção de testosterona 
(pelas células de Leydig) ou na espermatogênese, não sendo completamente elucidada. 
Deve-se aguardar até 2,5 a 3 anos no cavalo e no jumento até 4,5 a 5 anos para confirmar 
que esses animais são criptorquidas. A utilização da indução hormonal para descida 
testicular, com hormônio liberador de gonadotrofina (HCG) não é eficiente. 
O diagnóstico e localização podem ser por ultrassom ou dosagem de hormônio 
(testosterona). 
 
 
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➢ Tratamento 
Realiza-se a retirada do testículo da cavidade, junto com a ruptura do gubernáculo. 
A sutura deve ser realizada com fio absorvível no canal inguinal externo. Geralmente o 
testículo está separado do epidídimo. 
O tratamento consiste da castração/retirada de ambos os testículos. Mesmo que um 
dos testículos tenha descido normalmente, isso se deve por ter transmissão hereditária. 
Assim como, caso seja um criptorquida bilateral deve-se localizar e retirar os dois testículos. 
A hemicastração não é recomendada, pois existe a possibilidade de ser um defeito 
congênito e genético, passando assim para sua prole. Aguardar 2,5 a 3 anos, para realizar 
a castração dos 2 testículos. 
 
Monorquidismo Congênito 
 
Consiste da agenesia, ou ausência, de um testículo. Essa condição é rara em 
equinos. 
 
Intersexo 
 
O intersexo pode ser apresentado em hermafroditas verdadeiros, 
pseudohermafroditas machos e pseudohermafroditas fêmeas, sendo uma condição rara em 
equinos. 
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Varicocele 
 
Varicocele é a dilatação das veias presentes dentro do escroto, a bolsa de pele solta 
abaixo do pênis que detém os testículos. 
 
➢ Diagnóstico 
O diagnóstico só é realizado mediante punção e ultrassonografia. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento conservativo consiste de anti-inflamatório, ducha e massagem, caso 
não resolva, deve ser realizado a orquiectomia. 
Deve realizar diagnóstico diferencial para orquite, hidrocele, hematocele, torção de 
cordão ou neoplasia feito pela palpação clínica e verificando o acometimento de um ou mais 
testículos. Pode realizar o ultrassom e pode realizar a castração hemilateral. 
 
Tumores 
 
Os mais comuns sãoseminomas, sertoliomas, leydigoma, teratomas, 
teratocarcinomas e carcinomas embrionários. 
 
Calculose 
 
A calculose pode ser uretral, vesical, ureteral ou renal. Ocorre devido o pH alcalino, 
podendo gerar ninhos de células descamadas do epitélio, leucócitos, sangue, muco e tecido 
necrótico e depósito de cristais como o carbonato de cálcio. 
Decorre da ingestão de água ou alimento com elevado teor de minerais e retenção 
de urina. Em casos mais frequentes, ocorre na bexiga. 
O pH alcalino da urina com formação de ninhos camadas do epitélio. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sinais clínicos gerais são de ataxia, encolhimento de posterior, incoordenação, 
devido à dor nos rins, redução da ingestão de água e desidratação. 
 
• Calculose Uretral: Predominantemente em machos, geralmente próximos ao arco 
isquiático ou porções finais da uretra. Ocorre a distensão vesical, podendo com o tempo 
causar necrose uretral e ruptura de bexiga com posterior peritonite. Os sintomas são 
desconforto abdominal, exposição do pênis e tentativa frequentes de micções. 
O diagnóstico pode ser realizado com palpação retal (difícil), sondagem 
(Acepromazina, equipo como sonda uretral, ou sonda gástrica de humanos) e 
uretrocistoscopia. 
O tratamento deve ser realizado com a remoção por uretrostomia, se existir necrose 
desviar a uretra. Além disso, deve-se controlar a água e a nutrição, em casos de excesso 
de sais. 

• Calculose Ureteral e Renal: Normalmente é assintomático, entretanto, em casos 
mais crônicos pode apresentar desconforto abdominal suave, dor lombar com ataxia, 
anorexia, depressão e perda de peso. Pode gerar falência renal, com polidipsia, poliúria, 
desidratação moderada, hiponatremia, hipocloremia e hipercalcemia. 
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O diagnóstico pode ser realizado com palpação retal (palpação do rim esquerdo) e 
ultrassom. 
O tratamento consiste de laparotomia pelo flanco (evita-se a linha média pela 
dificuldade no acesso) ou acesso paralombar, para retirada do(s) cálculo(s). A fluidoterapia 
é lenta e contínua, pode realizar buscopam para a dor abdominal e lombar. A sonda é 
utilizada para manter a micção. 
 
• Calculose Vesical: Mais frequente em machos, únicos e ovais, irregulares ou 
espiculados. Causa cistite, além de sinais clínicos de disúria, hematúria, acúmulo de cristais 
ao redor da uretra e na coxa. A urinálise evidencia a cristalúria e a cistite. 
O diagnóstico pode ser realizado com palpação retal, uretrocistoscopia e ultrassom. 
O tratamento pode ser realizado com laparotomia ou uretrostomia isquiática em 
campo. A litotripsia eletrohidráulica (quebra o cálculo e retira os fragmentos), porém, está 
apenas descrita na literatura. 
 
Persistência do Úraco 
O úraco consiste da comunicação da bexiga com o cordão umbilical. Após o 
nascimento, essa comunicação se fecha. No cordão umbilical, a veia umbilical retrocede e 
vira o ligamento falciforme, as artérias retrocedem e viram o ligamento redondo da bexiga. 
No caso, o úraco persistente, a barriga do cavalo sempre está úmida. Sendo de 
maior complicação a entrada de bactérias. O tratamento é cirúrgico com a separação de 
úraco e clampear o canal do úraco e suturar a vesícula urinária em dois planos (Schimiden-
Cushing). 
No caso de complicações como a presença de pus nos vasos infeccionados, deve-
se retirar o pus e realizar uma ligadura evitando a formação de abscessos abdominais. 
 
➢ Sinais Clínicos 
O principal sinal é o animal que urina pela genitália e pelo umbigo. Essa abertura 
consiste de uma porta de entrada para bactérias, podendo gerar cistites. 
 
➢ Diagnóstico 
Consiste do principal sinal clínico, patognomônico. 
 
 
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➢ Tratamento 
O tratamento consiste de laparotomia para correção. A técnica é realizada com dois 
planos (lambert ou cushing, com fio absorvível sintético). 
Deve ter atenção especial na anestesia, já que se trata de um recém-nascido. 
 
Hérnia Inguinal 
Pode ser classificada em indireta (alça intestinal que invade o anel inguinal) e a direta 
(com ruptura de musculatura regional pela alça intestinal). A direta é mais complicada e 
raramente ocorre, a alça sofre necrose e a cirurgia é acompanhada de laparotomia 
exploratória. A enteroanastomose é realizada na cavidade abdominal. 

• Hérnias Inguinais 
Também denominado de orquiocele ou osqueocele, sendo normalmente hérnias 
inguino-escrotais. Possuem uma classificação quanto a sua deslocação, podendo ser 
diretas ou indiretas, sendo esta a mais comum. A hérnia inguinal indireta é a passagem da 
víscera abdominal através do anel inguinal profundo, onde o saco herniário tem contato 
com a túnica vaginal. Na hérnia inguinal direta, as vísceras abdominais passam por um 
defeito no peritônio e na fáscia transversa, fora do anel inguinal profundo e permanece 
externamente à túnica vaginal, junto ao subcutâneo. 
 
Hérnia Inguinal Aguda ou Estrangulada do Garanhão: 
Consiste de uma emergência cirúrgica, devido ao estrangulamento e gangrena 
intestinal. Ocorre com a passagem de vísceras da cavidade abdominal pelo canal inguinal, 
possivelmente até o escroto. Frequentemente acomete os potros ou garanhões. Os órgãos 
herniados mais comuns são intestino delgado (jejuno e íleo), cólon menor, flexura pélvica 
e bexiga. 
Os casos congênitos apresentam-se nos primeiros dias de vida e podem regredir 
espontaneamente até os 4 meses de idade. Já os adquiridos, a idade de aparecimento 
varia de 1 a 17 anos. 
 
➢ Etiopatogenia 
Sua etiologia tem causa determinante do aumento da pressão intra-abdominal, e 
causas predisponentes como monta, fator hereditário, peso dos testículos, ação dos 
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músculos cremaster, traumatismos próximos ao anel inguinal e desenvolvimento deficiente 
dos músculos abdominais ao nível dos anéis inguinais. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sintomas apresentam evolução rápida, como cólica (inquietude, cava o solo, deita 
e rola, sudorese intensa, postura de cão sentado), taquicardia, taquipneia e aumento de 
volume em um testículo. O não tratamento após 12 a 15 horas resulta em uma “calma 
aparente”, entretanto gera a necrose da alça intestinal herniada, com mucosas cor de tijolo. 
 
➢ Diagnóstico 
O diagnóstico pode ser realizado através dos sintomas, pela avaliação do canal 
inguinal pela palpação retal, com identificação da alça intestinal herniada, palpação externa, 
com escroto com aumento de volume com consistência firme e temperatura diminuída, ou 
ainda através da ultrassonografia. 
O diagnóstico diferencial deve ser realizado para torção de funículo espermático, 
trombose da artéria testicular, tromboflebite, hidrocele, hematoma do escroto e neoplasias. 
Essa patologia sempre é uma afecção grave devendo ter uma intervenção rápida, já que a 
necrose intestinal a partir de 12h consiste de um prognóstico ruim. Em 70% dos casos 
morrem com necrose moderada e 100% morrem com necrose avançada. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento deve ser hospitalar, com herniorrafia. O animal deve estar em decúbito 
dorsal, com anestesia geral inalatória e assepsia da região inguinal, linha média e escrotal. 
A técnica consiste da incisão cuidadosa da pele e o tecido subcutâneo sobre a anel inguinal 
externo afetado. Após, expor e incisar a túnica vaginal nas hérnias indiretas, avaliar o 
intestino (em casos de necrose, realizar a ressecção intestinal e anastomose). Em seguida, 
realizar a orquiectomia do lado afetado, já que pode ter causado danos irreparáveis ao 
testículo (devido à congestão vascular) e fazer o fechamento seguro do anel herniário, 
reduzir a hérnia, com fechamento da túnicavaginal (torce e transfixa) e do anel inguinal 
externo (pontos em X, fio absorvível sintético de calibre grosso, como vycril 1), redução do 
subcutâneo e sutura de pele. 
O pós-operatório deve ser realizado com Antibioticoterapia (Penicilina Benzatina 
(20UI/Kg por 7 dias), fluidoterapia (ringer lactato), AINES (Flunixin meglumine, 0,25 a 1,1 
mg/kg IM ou IV, BID, 5 dias) e prevenção e tratamento do choque endotoxêmico 
(fluidoterapia). 
 
Hérnia Inguinal Congênita do Potro: 
Ocorre em neonatos, de caráter hereditário, que aparece nos primeiros meses de vida 
e pode desaparecer até os 4 meses. Pode ser uni ou bilateral e geralmente é indireta, 
podendo atingir um grande aumento de volume. 
 
➢ Tratamento 
Se não houver encarceramento até os 4 meses, deve esperar para realizar a cirurgia. 
Com o encarceramento, consiste de uma emergência, que deve ser corrigida com 
intervenção cirúrgica. Essa técnica consiste da redução aberta do saco herniário com 
fechamento dos anéis inguinais externos (com PSS com fios inabsorvíveis, como nylon, 
supramid ou absorvíveis sintéticos como vycril) e após orquiectomia bilateral. 
O pós-operatório deve ser realizado com antibioticoterapia (Penicilina Benzatina 
(20UI/Kg por 7 dias), AINES (Flunixin meglumine, 0,25 a 1,1 mg/kg IM ou IV, BID, 5 dias) e 
drenos no escroto. 
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Afecções Oftálmicas 
 
Sistema Ocular 
O sistema ocular consiste do globo ocular, órbita, pálpebras, cílios, membrana 
nictitante, conjuntivas bulbar e palpebral, glândulas lacrimais, músculos oculares em pares, 
região retrobulbar inervação e canal nasolacrimal. 
O segmento anterior é constituído de filme lacrimal pré-corneano, córnea, limbo 
(fundo do olho) e esclera, ângulo iridocorneano (drenagem de humor aquoso), íris, corpo 
ciliar e coróide (úvea) – produz e drena o humor aquoso, pupila, lente ou cristalino. No 
segmento posterior, existe o vítreo, retina, coroide e nervo óptico. 
O exame oftalmológico deve ser realizado com testes de reflexos e testes 
diagnósticos, como teste da lágrima de Schirmer, culturas de material corneano (suabe), 
raspados corneanos com uso de colírio anestésico para citologia, teste de fluoresceína 
(para úlceras corneanas superficiais), patência do sistema nosolacrimal (sonda na narina 
com injeção de soro ou fluresceína para ver se há extravasamento), exame da câmara 
anterior – lâmpada de fenda, pressão intraocular (tonômetro de aplanação, Tonopen), 
avaliação da resposta pupilar à luz, instilação de midriático (tropicamida 1%) para exame 
de fundo de olho e avaliação da lente (posicionamento e presença de opacidade ou 
catarata). Além desses, ainda é possível, com oftalmoscópio direto ou indireto, realizar o 
exame do fundo do olho e exame da retina e nervo óptico, eletroretinograma e ultrassom 
de varredura, tomografia computadorizada e ressonância magnética para avaliação de 
lesões intra-oculares e orbitais. 
 
Afecções das Pálpebras: 
 
Entrópio 
 
Consiste do reviramento da pálpebra em direção ao globo ocular, fazendo com que 
os cílios toquem a córnea. 
 
➢ Etiopatogenia 
Pode ser causado por condições congênitas, como disposição anatômica das 
pálpebras em relação à órbita e ao globo ocular, microftalmia, tamanho do globo ocular é 
desproporcionalmente menor em relação à órbita ou projeção da área dos cílios em direção 
ao globo, ou adquirido, como em lesões dos músculos palpebrais, secundário ao 
blefaroespasmo, lesões traumáticas nas pálpebras ou retração do globo ocular devido ao 
emagrecimento crônico ou desidratação. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Como sinais clínicos dessa patologia temos lesões da córnea (ceratite), ulceração 
da córnea, descemetocele (prolapso da membrana de Descemet), perfuração e 
exteriorização do humor aquoso, lacrimejamento, dor, blefaroespasmo e fotofobia. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento pode ser realizado de maneira paliativa, com o corte dos cílios e 
utilização de pomadas sobre a córnea para lubrificação, como anti-inflamatórios, 
antibióticos e cicatrizantes de uso oftálmico (2 a 4 vezes ao dia, administrando 1 cm de 
pomada) e correção da causa desencadeante. 
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O tratamento corretivo é feito pela técnica cirúrgica, blefaroplastia, muitas vezes é 
necessária, com a remoção do excesso de pele e posicionamento correto da pálpebra e a 
linha dos cílios, e após o tratamento de lesões causadas na córnea com pomadas 
oftálmicas. 
O colírio é muito mais eficiente sendo aplicado cada 2 horas e a pomada é realizada 
três vezes ao dia. 
Pode ser temporário ou permanente. 
 
Ectrópio 
 
Consiste do reviramento da pálpebra para fora do globo ocular, com exposição da 
córnea à ação de agentes como o vento, poeira e corpos estranhos. 
 
➢ Etiopatogenia 
Pode ser causado por lesões cicatriciais que acometem as pálpebras, senilidade ou 
paralisia flácida (disfunção do nervo facial). 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sinais clínicos apresentados são epífora (lacrimejamento), conjuntivite (conjuntiva 
avermelhada, hiperêmica), congestão dos vasos da esclera e/ou ceratite seca. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento pode ser paliativo, com a lavagem dos olhos e conjuntiva com água 
boricada e colírios ou pomadas oftálmicas a base de antibióticos (neomicina, gentamicina, 
cloranfenicol) associados à anti-inflamatório. 
Também pode ser realizado uma plástica corretiva com ressecção da pele em V ou 
Y da região do canto externo das pálpebras e sutura em T. 
 
 
 
 
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Tumores Palpebrais 
Os tumores palpebrais mais comuns em equinos são: 
• Carcinomas primários de 3ª pálpebra: Consiste de massas exuberantes que se 
projetam da 3ª pálpebra e podem invadir a região retrobulbar. Apresentam rápido 
crescimento e comprimem o globo ocular para o fundo. 
• Sarcóide Palpebral: Apresenta crescimento lento, implantado abaixo da conjuntiva 
palpebral e pode aflorar à pele com característica ulcerativa e de coloração avermelhada, 
liso e brilhante, entretanto é não infiltrativo. 
• Linfoma: Pouco frequente, podendo apresentar edema de pálpebra, aumento na 
conjuntiva das pálpebras inferior e posterior, assim como membrana nictitante, ausência de 
secreção ocular, pode levar a cegueira. A etiopatogenia é metastática. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento para os tumores palpebrais é cirúrgico com a sua ressecção, às vezes, 
enucleação. 
Em especial os carcinomas quase sempre recidivam devido à dificuldade em se 
retirar toda a massa tumoral quando envolve estruturas além da 3ª pálpebra. 
 
Conjuntivites 
 
Consiste de um processo inflamatório que acomete a conjuntiva palpebral, podendo 
ser conjuntivite traumática, conjuntivite mecânica (ectrópio, entrópio, triquíase, corpos 
estranhos), conjuntivite tóxica (alimentar), conjuntivite alérgica ou conjuntivite infecciosa 
(origem primária, no globo ocular e anexos em apenas um olho, ou de origem secundária, 
nos processos gerais ou sistêmicos que acomete os dois olhos). 
Pode ainda apresentar forma aguda ou crônica, unilateral ou bilateral. 
➢ Etiopatogenia 
Pode ser causado por vírus, bactérias e fungos presentes no saco conjuntival, 
parasitos (Onchocerca cervicalis ou Habronemose spp), irritações pelo vento ou corpos 
estranhos. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sinais clínicos observados são hiperemia conjuntival, congestão de vasos 
esclerais, quemose, epífora ou secreção ocular (serosa, mucosa ou purulenta), dor e/ou 
blefaroespasmo (e posterior entrópio espástico). 
 
➢ Tratamento 
O tratamento deve maneira a controlar as causas de irritação conjuntival e tratar a 
doença primária (quando secundárias). Podeser local ou sistêmico (tratamento mais 
prático). 
Deve ser realizado lavagem do olho com água boricada ou solução fisiológica para 
remover a secreção, pelo menos 2x/dia, e aplicação de colírios (a cada 2 horas nas 
primeiras 24 horas, e após, a cada 4 horas nos dias seguintes até a cura, durante o dia) e 
pomadas com antibióticos (cloranfenicol e/ou gentamicina, a cada 6 horas até a cura, 
durante a noite). 
Em suspeitas virais ou de ulceração de córnea, colírios ou pomadas com 
antiinflamatórios corticosteróides ou AINE devem ser evitados. Em conjuntivite viral, utiliza-
se pomadas oftálmicas de 5-iodo-2-deoxyuridina, em casos de conjuntivites micóticas, 
aplicação subconjuntival de Anfotericina B (2 a 3 mg, 2 em 2 dias, durante 2 a 3 semanas) 
e Nistatina (0,015%, 3 a 6 vezes ao dia). 
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Em conjuntivite traumática, que pode ocorrer hifema (derrame sanguíneo na câmara 
anterior), o tratamento deve ser realizado com aplicação subconjuntival de corticosteróides 
e antibióticos e remoção cirúrgica do coágulo (para restabelecer visão). 
Na conjuntivite alérgica, utiliza-se corticosteróides tópicos ou sistêmicos e anti-
histamínicos sistêmicos. 
Nos casos de úlceras, não utilizar corticoide, pois pode ocorrer abrasão e ulceração 
da córnea, por isso, deve-se utilizar apenas AINE via sistêmica para diminuir a migração de 
leucócitos na córnea, assim como diminuir a dor. 
 
Ceratite 
 
Consiste de inflamações que acometem a córnea, normalmente acompanhadas de 
conjuntivites. Pode ter apresentação, superficial com vascularização, superficial sem 
vascularização, ceratite profunda que pode ser ulcerativa ou ceratoconjuntivite. 
 
➢ Etiopatogenia 
Pode ser causada por traumatismos (farpas de capim ou feno), irritações (palha de 
arroz e maravalha), entrópio e/ou tumores palpebrais. Pode ser classificada em ceratite 
superficial profunda ou superficial. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sinais clínicos são epífora, quemose, blefaroespasmo, fotofobia, dor e conjuntivas 
congestas. No início do quadro, apresenta córnea opalescente, com a evolução, córnea 
esbranquiçada. Pode gerar lesões extensas que ultrapassam a camada epitelial, com 
formação de vasos sanguíneos provenientes da região esclero-corneal que se dirigem em 
direção a lesão, e ulceração. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento deverá ser realizado de acordo com a apresentação da ceratite. Em 
ceratite não ulcerativa, deve ser realizado o tratamento da conjuntivite com corticosteróides 
subconjuntival (48 a 72 horas). Já a ceratite ulcerativa, o tratamento da conjuntivite deve 
ser realizado com a cauterização da úlcera (tintura de iodo 2%), Epitezam (4 h), Garamicina 
subconjuntival (40mg/mL, no 1º dia), Garamicina colírio (mínimo 4x/dia, até cicatrização da 
úlcera). Em casos de blefaroespasmo e fotofobia, utilizar Ciclopégicos (atropina colírio 1%) 
e tapa-olho. 
Pode-se realizar a mistura de Tobramicina (1,2 ml), Atropina 1% (6ml), Acetilcisteína 
20% que inibe a colagenólise (6ml) e lagrima artificial (10,8 ml) para a composição de um 
eficiente colírio. Podendo a Tobramicina ser substituída por Succinato de Cloranfenicol 20% 
(1,2 ml) e Gentamicina 5% (1,5ml). Eficiência também é apresentada pela utilização de soro 
equino, pela coleta do sangue e decantação de hemácias (dissoração) e aplicar o soro, pois 
há fatores de crescimento que ajudam na cicatrização. Reservar o soro excedente, podendo 
utilizar por até 3 dias. 
Pode ser utilizada a solução de iodo pvpi diluída a 2%, ou até 5%, para limpeza da 
borda da úlcera, sempre com colírio anestésico. 
O uso de corticoides pode ser feito após a remodelação da úlcera, com intuito de 
diminuir o tecido fibroso de cicatrização. Alguns veterinários utilizam ciclopégicos (atropina 
1%) para dor, mas existe a possibilidade de dar cólica. 
 
 
 
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Ulceração Corneana 
Condição que apresenta risco à visão, devendo ser tratadas agressivamente. Pode 
ser simples defeitos ou abrasões superficiais até perfuração corneana de espessura 
completa, com prolapso de íris. Condições como infecção cornena e a uveíte são as 
principais preocupações. Ruptura do globo, phthsis bulbi (olho seco e murcho) e cegueira 
são as sequelas possíveis. 
O cavalo faz a úlcera em melting, pois ele realiza colagenólise na úlcera. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento das úlceras superficiais consiste de antibiótico (colírio), antimicótico, 
soro equino, EDTA, acetilcisteína, cicloplégicos/midriáticos. 
Como terapia cirúrgica adjuvante pode-se colocar lente de contato flexível 
terapêutica; debridamento, ceratectomia. A ceratotomia é realizada nos casos de remoção 
do tecido necrótico e debris bacterianos. A ceratotomia em grade ou superficial pontilhada 
pode ser realizada nos casos de úlceras superficiais. 
Os enxertos conjuntivais são realizados em casos de liquefação profunda, amplas 
úlceras corneanas, descemetocele, úlceras corneanas perfuradas com prolapso de íris, 
com enxerto em 360º, revestimento em ilha, pedículo ou ponte, mantidos por 4 a 12 
semanas. Outras técnicas de enxertos são o recobrimento com a terceira pálpebra que é 
suturada na pele; tarsorrafia temporária (sutura da pálpebra) e colocar o sistema de 
lavagem ocular; os enxertos com membrana amniótica; ou enucleação podem ser 
utilizados. 
Em ceratites ulcerativas ou descemetocele, deve-se realizar o flap de conjuntiva 
palpebral e utilizar corticóide subconjuntival para a cicatrização. 
 
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Causado por traumas violentos, golpes com bastões, penetração de pontas de 
arames, galhos de árvore ou arbustos, que geram lesões graves com solução de 
continuidade da córnea e extravasamento do líquido da câmara anterior. 
Quando profundos podem comprometer a íris e o cristalino, com lesões irreversíveis, 
além de invasão bacteriana de difícil controle e tratamento, ou ainda, causar encefalite. 
 
➢ Tratamento 
Indica-se enucleação do globo quando está estourado ou com prolapso de íris. 
Pode-se realizar a sutura de córnea e preencher com líquido especial ou ringer 
lactato. 
 
Oftalmia periódica, uveíte recorrente ou iridociclite recorrente 
 
Consiste da principal causa de cegueira em cavalos, sendo um processo inflamatório 
da íris, corpo ciliar e coróide (úvea ou trato uveal), com etiologia não bem definida. 
Entretanto, sabe-se de uma importante participação imunomediada nesse processo, além 
de bactérias (leptospirose, brucelose), vírus (influenza), parasitas (toxoplasma, onchocerca, 
estrôngilus) e traumas (inflamação), ou ainda decorrente de uma afecção sistêmica 
desencadeante de resposta imune ou que afete o olho. 
Fatores nutricionais e hereditários não são comprovados, podendo estar 
relacionados com deficiências de vitamina A, B2, C e predisposição hereditária. 
Apresenta como processo agudo ou crônico, unilateral ou bilateral, dependendo da 
periodicidade ou recorrência da manifestação clínica. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Apresenta como sinais clínicos dor, epífora, blefaroespasmo, quemose, apatia e 
anorexia, distúrbios visuais, opalescência e turvação da córnea, hipópio (derrame na 
camada anterior do olho – proteína e fibrina), hifema, pupila com miose e sinéquia 
(aderência) posterior, descoloração da íris, catarata, subluxação ou luxação de cristalino e 
glaucoma. 
Em mais ou menos 15 dias o quadro melhora espontaneamente, podendo ser 
recorrente e gerar lesões oculares irreversíveis como cegueira. 
 
➢ Diagnóstico 
Deve ser realizado com base nos sinais clínicos buscando a etiologia através de 
sorologia (brucelose, leptospirose, toxoplasmose) e/ou biópsia conjuntival (microfiláriasde 
onchocerca). 
 
➢ Tratamento 
Deve ser utilizado, para dor e sinéquia, midriáticos e cicloplégicos, como Atropina 1-
4% e Fenilefrina 10%, 4 a 6 aplicações no 1º dia e 2 a 4 aplicações nos demais dias; 
Dexametasona e Gentamicina, 4 a 6 aplicações por dia ou subconjuntival nos 2 primeiros 
dias; Flunixin Meglumine sistêmico, BID, 3 dias. 
Imprescindível o tratamento da etiologia com antibiótico apropriado e desverminação. 
Manter o animal em baia sem luz direta ou tapa olho. Em casos de uveíte crônica unilateral, 
recorrente e sem resposta terapêutica, recomenda-se a retração degenerativa do globo 
ocular “phtisis bulbi” e enucleação. 
 
 
 
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Afecções de Cabeça 
 
Os maiores problemas da fratura de cabeça são os problemas neurológicos. Portanto 
devemos tratar com corticoide, pois reduz o edema cerebral, assim como o uso de 
midazolam ou diazepam (evita convulsão) e manitol (diurético osmótico para diminuir o 
edema cerebral). 
 
Fratura na Cabeça 
 
Os ossos do crânio possuem uma dupla tábua díploe, que aumenta a sua resistência 
e tabiques que unem a tábua díploe. Esse tecido possui uma elevada capacidade de 
remodelamento, com cicatrização fácil e com elevado fluxo sanguíneo. 
A principal medida para a fratura na cabeça é voltada para verificar lesões 
neurológicas e de edema cerebral. Para redução da pressão intracraniana pode-se utilizar 
diurético osmótico (manitol, 1-4 g/kg) e corticoide. 
A maior parte das fraturas são secundárias, e pode ser causada por afundamento ou 
por arrancamento. Limpar sempre com água e sabão e iodo bastante diluído porque 
geralmente o cavalo deglute. Nunca anestesiar para que o sangue de origem do hematoma 
não faça falsa via e cause pneumonia aspirativa. É possível lavar com antibióticos e solução 
fisiológica. 
 
• Fratura na Cabeça Recente 
Deve ser realizada a sutura com fio de aço ou nylon (quando quebrar osso), após a 
recolocar do osso no seu lugar, obtendo uma plástica perfeita com o término da 
cicatrização. Sempre monitorar a ocorrência de sinusite. 
 
• Fratura na Cabeça de Horas ou Dias 
Deve ser retirado os pedaços ósseos, realizar a limpeza e proteger com gaze 
embebida com antisséptico. A cicatrização da pele será por 2ª intenção, já que a sutura irá 
dar deiscência devido à contaminação local, não adiantando assim suturar. 
 
• Fratura Osso Incisivo 
Pode ocorrer na mandíbula ou maxilar, devendo ser realizado cerclagem com fio de 
aço (fazendo apoio no espaço entre os dentes), ou realizar um apoio com resina de acrílico, 
por 30 a 40 dias. Para colocar a resina deve-se manter boca com algodão e água, já que 
ocorre uma reação exotérmica, que libera calor e pode queimar a gengiva. 
No pós-operatório deve ser realizada higiene bucal com antisséptico bucal ou líquido 
de Dakin. Em casos de potros, furar e fazer a cerclagem, em seguida curar com Clorexidine. 
A cerclagem é o procedimento mais seguro, uma vez que os pinos podem causar a lise 
óssea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Palato 
 
Palatite 
 
Consiste de um processo congestivo passivo, através do crescimento anormal da 1ª 
onda do palato, além do nível do dente incisivo. Está relacionada à ingestão constante de 
alimentos grosseiros (grãos) e/ou da troca dos dentes incisivos. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sinais clínicos são anorexia, emagrecimento, protrusão ou saliência do palato duro 
por trás dos dentes incisivos superiores. 
 
• Tratamento 
O tratamento consiste de uma alimentação adequada com farelo mais triturado, se 
relacionada com a ingestão constante de alimentos grosseiros, e quando associada à troca 
de dentes, o crescimento do dente permanente corrige o problema. 
Atualmente, a cirurgia não é mais recomendada, sendo que a correção da causa pela 
mudança de alimento mais triturado ou crescimento dos dentes permanentes regridem a 
patologia. Além disso, a cirurgia gera grande risco de hemorragia incontrolável pela 
presença de grandes vasos no palato (como a artéria palatina). Pode ser utilizado o sulfato 
de alúmen (pó), pedra pome moída que enxuga o local, 2 a 3 vezes por semana para auxiliar 
a retração, associado a um anti-inflamatório. 
 
Língua 
 
A língua dos equinos possui os grandes vasos escondidos na porção inferior da língua 
(20% da língua) assim como a inervação, apresentando elevada irrigação e excelente 
cicatrização. 
 
Laceração de Língua 
 
Em casos de laceração de língua, deve ser realizada a limpeza do corte, reavivando 
o tecido, aplicando sutura interna, dos planos profundos e sutura externa (usar fio sintético 
não absorvível). 
Pode fazer a lidocaína ou uma anestesia geral (EGG), mas nunca se deve segurar 
pela ponta porque pode acabar causando a ruptura da língua. 
 
Dentes 
 
Os dentes dos equinos são classificados como hipsodontes, ou dentes complexos, 
onde apresentam dentes raiz que não completam o desenvolvimento, não se fecham e 
continua o crescimento de camadas concêntricas de esmalte, cemento e dentina. Sua 
vantagem é o seu crescimento continuo, entretanto, as pontas de esmalte precisam ser 
desgastadas (triturando alimento). Contudo, grosar o dente em excesso reduz a vida do 
cavalo. 
Periodontite Alveolar 
 
Ocorre acúmulo de sujeira na raiz do dente, acometendo as fibras de sharpei ou os 
ligamentos periodontais. Como consequência, existe uma infecção da raiz do dente, 
principalmente o quarto pré-molar e primeiro molar superiores. 
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➢ Sinais Clínicos 
O animal apresenta sinais de edema, eventual formação de sinus (devendo drenar o 
pus), anorexia, febre, emagrecimento crônico, cólicas, rebeldia à montaria e sinusite, em 
casos avançados. 
 
➢ Diagnóstico 
O diagnóstico pode ser realizado com o exame completo da cavidade oral e 
radiografias simples da cabeça e contrastadas do sinus. Na qual apresenta uma detecção 
de área radiopaca na região sinusal e de raízes dentárias, indicando acúmulo de secreção. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. O clínico consiste da administração de 
AINES (Flunixin meglumine, 1,1 mg/kg IM SID, 5 dias) e antibióticos (como, Penicilina 
benzatina, 20000-40000 UI/kg IM a cada 48 h TID; Sulfa e Trimetoprin, 30 mg/kg SID, 5 
dias; Enrofloxacina, 4 mg/kg SID 7-10 dias). 
Se houver sinus, deve-se irrigar a raiz do dente com antibiótico (gentamicina ou 
neomicina), DMSO, água oxigenada e iodo. Esse tipo de tratamento deve ser realizado por 
2 semanas, caso não apresente melhoras, deve ser 
realizado o tratamento cirúrgico. 
O tratamento cirúrgico é realizado com a extração 
dentária, necessitando de instrumental adicional (como, 
abre-bocas, martelo, recalcador, boticão, trépano, cureta). 
Através de anestesia geral inalatória, realiza-se a 
trepanação, com abertura dos ossos da cabeça e acesso à 
raiz dos dentes. Realiza-se a luxação do dente com o 
desmótomo e o boticão (rompendo os ligamentos 
periodontais e retirando o dente, respectivamente), e com o 
recalcador e o martelo, bate-se na raiz do dente até sua extração. Em seguida, realiza a 
curetagem do alvéolo do dente e preencher com gaze embebida com antissépticos. 
Os cuidados pré-operatórios devem abranger antibioticoterapia, soro antitetânico e 
irrigação o local diária com solução antisséptica (água oxigenada e iodo), devendo ter 
cuidado com alimentação. 
 
Seios Paranasais 
 
Sinusite 
 
Consiste da inflamação dos seios paranasais, sendo, em equinos, 50% da 
consequência de periodontite alveolar e fratura de ossos da face, e em bovinos, secundária 
à fratura decorno e descorna contaminada. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sinais clínicos são edema, distorção da cabeça e descarga nasal purulenta e 
crônica. 
➢ Diagnóstico 
O diagnóstico é realizado por percussão dos seios paranasais apresentando som 
sólido e radiografia com alteração radiotransparente nas regiões dos seios paranais. 
 
 
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➢ Tratamento 
O tratamento clínico geralmente não é suficiente com antibioticoterapia. A cirurgia 
deve ser realizada com fenestração ou trepanação dos seios paranasais frontal e/ou 
maxilar. Após com a tricotomia e assepsia, deve realizar uma incisão circular de 4 a 5 cm 
de diâmetro na pele, dissecar e retirar essa “ilha” de pele, expondo os ossos da face. Em 
seguida, incidir em cruz sobre o perióstio e afastá-lo, com o trépano realizar a abertura, 
drenar a secreção e irrigar o seio com solução antisséptica (clorexidine ou antisséptico 
diluído em soro fisiológico, nunca usar iodo e água oxigenada, pois é uma região de mucosa 
fina e sensível). A trepanação (mediante anestesia local e sedação) fica aberta por 10 a 12 
dias (colocar seringa aberta para evitar o fechamento), devendo ser realizada a irrigação 
com antissépticos diariamente. Depois disso o tecido de granulação começa a obliterar o 
portal e com 3 a 4 semanas já está totalmente cicatrizado, devendo ser realizado curativos 
diários com pomada cicatrizante. 
No pós-operatório deve ser realizado antibioticoterapia e AINES. 
 
Fossas Nasais 
 
Hematoma Etmoidal 
 
O etmoide consiste de um tecido folheado do fundo da narina, abaixo da base do 
cérebro (cornetos etmoidais), sendo formado por sensores de olfação. 
Essa patologia consiste do desenvolvimento de uma massa, tecido não definido se é 
tumoral ou não, como um hematoma recém organizado, entretanto, não evolui como 
hematoma, sendo um tecido de crescimento progressivo com aspecto de hematoma. 
Seu crescimento é benigno e progressivo, localmente invasivo e destrutivo de origem 
na mucosa do etmoide, geralmente é unilateral. Em 30% dos casos bilateral podem causar 
asfixia. Acomete principalmente cavalos com mais de 8 anos. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sintomas são corrimento nasal serossanguinolento ou seromucoso leve, inodoro, 
espontâneo, intermitente e não postural, episódios de tosse (corrimento que escoa para 
região da laringe), agitação da cabeça, respiração de odor fétido, obstrução nasal ipsilateral 
ou até bilateral, ruídos respiratórios (devido ao impedimento da passagem do ar). Com a 
evolução do quadro, o corrimento serossanguinolento se torna mais persistente, animal 
exala constantemente um odor fétido devido à necrose da massa etmoidal e dos ossos 
adjacentes, mas também pode ser um conteúdo seroso ou sem cheiro, ocorre o 
crescimento até obstrução das narinas, podendo causar a deformação dos ossos da face 
ou sair pela narina. Entretanto não há escoamento quando se abaixa a cabeça do animal, 
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é necessário que animal se esforce através de espirros ou tosse para saída do conteúdo 
de secreção; 
 
➢ Diagnóstico 
O diagnóstico pode ser realizado com radiografia e endoscopia. Na radiografia, há 
presença de uma massa radiopaca, enquanto na endoscopia/rinoscopia, apresentam-se 
massas cinzentas, amarelo-esverdeadas ou amareladas (que pode ser confundida com 
granuloma fúngico no fundo etmoide), ossos e septo nasal vão sendo torcidos e deformados 
de acordo com a evolução do quadro. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento clínico consiste de injeção de formol (40%) na base desse tecido 
gerando a parada de crescimento tecidual, que necrosa, cauteriza e fixa o tecido. Após sua 
evolução, só é efetivo o tratamento se for cirúrgico. 
A cirurgia é realizada com a abertura de flap no local e remoção de toda massa 
(trepanação). Realiza-se a incisão de pele, rebate pele, periósteo, trepana osso, retira 
hematoma e sutura osso (fio de aço ortopédico), sendo uma cirurgia relativamente 
complicada. É necessário, a avaliação da localização e tamanho da massa para se verificar 
viabilidade. 
No pós-operatório embeber uma gaze com um antifúngico ou com iodo povidine 
diluído e deixar a gaze dentro com uma ponta saindo pelo nariz para depois puxar. 
 
Ducto Nasolacrimal 
 
Os olhos possuem duas entradas dos ductos lacrimais, uma inferior e uma superior 
(na pálpebra). O nariz apresenta uma abertura em cada narina (bem evidente, quase na 
abertura da mesma). 
 
Obstrução do Ducto Nasolacrimal 
 
Causado por poeira, sujeira ou ração farelada, que apresenta secreções de infecção 
respiratória severa, habronemose, sarcóide e carcinoma espinocelular (3ª pálpebra com 
porção despigmentada). 
 
Agenesia (Parcial) do Ducto Nasolacrimal 
 
Consiste da mal-formação genética, geralmente na porção ventral, que gera 
lacrimejamento, dermatite onde escorre a lágrima e queda de pelos. 
 
➢ Diagnóstico 
O diagnóstico deve ser feito através de líquido no ducto naso-lacrimal (normalmente 
fluoresceína), que aplica nos olhos e escorre no nariz, ou através de radiografias 
contrastada (com lipiodol ou iodo, criocistografia). 
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➢ Tratamento 
O tratamento é realizado com a sondagem e a lavagem com soro fisiológico. Se 
contaminada, administrar soro e antibióticos. Pode ser realizada a técnica de perfuração do 
óstio na narina ou do olho, onde realiza uma comunicação e deixar com sonda para a 
persistência do ducto aberto. A secreção lacrimal não deixa fechar o canal, forma uma 
fístula, o tecido do canal epiteliza, devendo ser mantida a sonda por alguns dias. Se existir 
a presença de tumor, este deve ser retirado, mantendo o ducto sondado e se preciso retira 
o orifício lacrimal e abre-se outro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bolsa Gutural 
 
Estrutura anatômica exclusiva de equinos, próximo dos linfonodos retro faríngeos 
(divertículo da tuba auditiva, porção final da tuba de Eustáquio, está dorsal na faringe e 
ventral no atlas, possui parede fina e delicada em contato com artérias de grosso calibre), 
na qual cabe 300 mL nos equinos. A função da bolsa é aquecer ou esfriar o sangue ao 
entrar ou sair o ar. 
 
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Timpanismo De Bolsa Gutural 
 
Consiste do acúmulo de ar em uma ou nas duas bolsas guturais, acometendo 
principalmente os potros com má-formação, podendo ser confundido com timpanismo. 
Através de um defeito na abertura da bolsa gutural na faringe (orifício faríngeo), o ar entra 
na bolsa gutural e não consegue sair. Geralmente é unilateral, podendo ser bilateral quando 
o defeito na abertura é dos dois lados. Pode comprimir o esôfago e a traqueia. 
 
➢ Sinais Clínicos 
Os sintomas são aumento de volume indolor próximo ao ramo vertical da mandíbula, 
compressão da traqueia, com sua diminuição por pressão manual, mas volta conforme o 
animal respira, disfagia e em casos graves pneumonia por aspiração, não apresentando 
dor e febre, o que diferencia de garrotilho. 
Em casos de potros, pode ocorrer falsa via, agravado pela pneumonia aspirativa e 
consequentemente secreção nasal. 
 
➢ Diagnóstico 
O diagnóstico consiste de radiografia ou endoscopia. A primeira apresenta uma região 
da bolsa radiotransparente, enquanto a endoscopia apresenta mucosa do orifício laríngeo 
defeituosa. 
 
➢ Tratamento 
O tratamento pode ser cirúrgico, através da cistoguturotomia e fenestração do septo 
medial. Essa fenestração cria uma comunicação entre as duas bolsas guturais. 
Pode também ser realizada a retirada da mucosa do orifício faríngeo para retirar o 
defeito. A técnica

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