Buscar

sondagem gastrico intestinal

Prévia do material em texto

SISTEMATIZAÇÃO DO CUIDAR III
Aula 2: SONDAS GÁSTRICAS, ENTERAIS, ENEMAS
Prof Mariana Braune
1. Definição de Nutrição Enteral (NE)
1.1 Por definição da RDC 63/2000 a NE se define por:
	Um alimento para fins especiais, com ingestão de nutrientes, que pode ser apresentado de forma isolada ou combinada — de composição definida ou estimada, especialmente formulada e elaborada para uso por sondas ou via oral, industrializada ou não — utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme suas necessidades nutricionais em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à síntese de manutenção de tecidos, órgãos e sistemas (BRASIL, 2000).
	“Terapia de Nutrição Enteral (TNE): conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio de NE (BRASIL, 2000)”.
Sistematização do Cuidar III
2. Indicações e Contraindicações
 As NEs podem ter dois tipos de apresentação para os fins de administração no cliente:
Nutrição enteral em sistema aberto: requer manipulação prévia à sua administração, para uso imediato ou atendendo à orientação do fabricante.
Nutrição enteral em sistema fechado: industrializada, estéril, acondicionada em recipiente hermeticamente fechado e apropriado para conexão ao equipo de administração.
(BRASIL, 2000)
	
Em ambas as situações se fará necessária a inserção de dispositivos de acesso que são tubos e/ou sondas 
colocados diretamente no trato gastrintestinal para administração de nutrientes e/ou medicações. 
(BEGHETTO; ASSIS; AZAMBUJA, 2014)
Sistematização do Cuidar III
2. Indicações e Contraindicações
2.1 INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
	O uso das NEs sempre é indicado a pacientes que possuem o TGI com preservação de suas funções havendo alguma incapacidade em modalidade total ou parcial para a ingestão de alimentos pela cavidade oral. (BEGHETTO; ASSIS; AZAMBUJA, 2014)
Indicações para o uso de dispositivos de nutrição enteral:
Manejo alimentar em determinadas doenças crônicas e pós-cirúrgicas (face e pescoço);
Descomprimir o estômago e remover gás e liquido;
Desnutrição identificada;
Lavar o estômago e remover as toxinas ingeridas;
Diagnosticar os distúrbios de motilidade gastrintestinal entre outros;
Administrar medicações e alimentos;
Tratar uma obstrução;
Comprimir um local hemorrágico (Sonda de Sengstaken-Blakemore);
Aspirar conteúdo gástrico para análise.					(SMELTZER, 2010, p. 1042)
Sistematização do Cuidar III
2. Indicações e Contraindicações
b) Contraindicações para o uso de dispositivos de nutrição enteral:
Comprometimento hemodinâmico significativo;
Colapso metabólico;
Fístulas de elevado débito, dependendo de sua localização anatômica;
Pancreatite (contraindicação relativa);
Falência completa do trato intestinal;
Ileus paraliticus;
Diarreia persistente (contraindicação relativa);
Vômito incontrolável;
Passagem de sondas por via nasal em episódios de traumas de face.
(B. BRAUN, 2016)
Sistematização do Cuidar III
3. Tipos de dispositivos
3.1 Sonda de Levin (nasogástrica)
Possui uma luz única em tamanhos de 14 a 18 Fr. (fig. 1);
Apresenta 125 cm de diâmetro;
Possui indicação terapêutica de curto prazo 3-4 semanas;
Medição: Ponta do nariz ao lóbulo da orelha e deste até o apêndice xifoide.
Sistematização do Cuidar III
Fig.1 Sonda de Levin (BIOSANI, 2016, 2 telas).
3. Tipos de dispositivos
3.2 Sonda DobbHoff (nasoenteral) 
Possui dois lúmens (fio guia e injetor lateral para lavagem);
Possui 50 a 150 cm de comprimento (fig. 2);
Possui um fio guia;
Possui na extremidade um peso metálico para facilitar a migração;
Possui marcação radiopaca;
Possui indicação terapêutica de curto prazo 3-4 semanas;
Medição: ponta do nariz ao lóbulo da orelha e deste até a cicatriz umbilical.
Sistematização do Cuidar III
Fig.2 Sonda DobbHoff (CIRÚRGICA LUCENA, 2016, 2 telas)
Podem ser de diferentes sítios de saída. A GEP é estomacal sendo definida como gastrostomia endoscópica percutânea. A JEP possui a localização jejunal sendo definida como jejunostomia endoscópica percutânea. (fig. 3)
3. Tipos de dispositivos
3.3 Gastrostomia (GEP ou JEP) 	
É um procedimento cirúrgico em que uma abertura é criada no estômago ou no jejuno com a finalidade 
de administração de alimentos e líquidos. É aflorado através de procedimento cirúrgico um estoma onde 
o dispositivo fica afixado em caráter permanente ou transitório (SMELTZER, 2005).
Sistematização do Cuidar III
Fig. 3 Sonda tipo (SMELTZER, 205, p. 1056).
3. Tipos de dispositivos
3.4 Sonda retal
Sistematização do Cuidar III
Fig. 4 Sonda retal (BIOSANI, 2016- 2 telas).
Seu comprimento aproximado é de 400 mm com calibres usuais para feminino de 04 a 14 fr. e masculino de 24 a 32 fr. (BIOSANI, 2016).
A administração de enema envolve a instilação de uma solução dentro do reto e do cólon. O enema destina-se ao esvaziamento intestinal. A sonda utilizada é a retal (fig. 4) e a instilação de solução laxativa. 
Enemas são contraindicados após cirurgias de cólon ou retais, assim como:
Infartos do miocárdio presentes;
Condição dolorosa abdominal de origem desconhecida.
Arritmias — uso com cautela (SPRINGHOUSE, 2004).
4. Execução técnica
4.1 Sondagens Nasogástrica e Nasoenteral
Reunindo os materiais necessários:
Bandeja (se houver);
Toalha sobre o peito do paciente para caso de êmese;
Sonda tipo Levin ou DobbHoff em calibre adequado;
Seringa de 20 ml;
Luvas de procedimento;
Gel anestésico;
Pacote de gaze estéril;
Estetoscópio;
Micropore /esparadrapo ou fixador próprio.
Sistematização do Cuidar III
Fig. 5 Materiais para sondagem 
(BEGHETTO, 2014).
4. Execução técnica
b) Passo a passo da técnica:
Reunir materiais;
Lavar as mãos;
Garantir a privacidade do cliente;
Apresentar-se e explicar ao cliente o procedimento;
Elevar a cabeceira do cliente 30 a 45°
Proceder a medição e marcação do limite de inserção (Atenção – medição gástrica ≠ medição enteral);
Lubrificar a narina e a ponta do dispositivo com gel anestésico;
Introduzir a sonda no sentido cranial e, após, para trás e para baixo.
Sistematização do Cuidar III
4. Execução técnica
Solicitar ao cliente que realize movimentos de deglutição (quando cooperativo);
Introduzir a sonda até o limite da marcação;
Realizar a fixação do dispositivo (observar critérios de preservação da autoimagem do cliente);
Proceder testes de averiguação de sua confirmação antes da administração de quaisquer alimentação ou líquidos;
Retirar o fio guia (se DobbHoff);
Registrar, no prontuário, a ocorrência ou não de complicações durante a realização do procedimento e dos testes à beira leito (BEGHETTO, ASSIS e AZAMBUJA, 2014).
Sistematização do Cuidar III
4. Execução técnica
c) Medição e sinais de certeza:
De acordo com Smeltzer (2005), são sinais de certeza do posicionamento correto das sondas:
A mensuração de seu comprimento;
O exame visual do aspirado gástrico;
A medição do pH do aspirado (uso de medicações supressoras do Hcl, como o Omeprazol, podem comprometer a interpretação do resultado).
	Também são importantes metodologias apontadas por Beghetto (2014):
O método auscultatório (introdução de 20 ml de ar pela sonda e ausculta do ar em posição gástrica através do auxilio do estetoscópio (relatos de falsos positivos são registrados na literatura);
A realização de RX (Padrão Ouro).
Nunca: Uso de copos com água para evidência de borbulhas.
Sistematização do Cuidar III
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
4.2 Administração de Enemas:
Reunindo os materiais necessários:
Biombos;
Solução Prescrita;
Suporte IV;
Equipo para solução IV;
Luvas de procedimento;
Lençóis para o procedimento;
Cadeira higiênica e/ou comadres;
Lubrificante hidrossolúvel;
Fraldas descartáveis (tamanho adequado ao cliente);
Papel higiênico ou lençosumedecidos.
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
b) Passo a passo da execução da técnica:
 Preserve a intimidade do cliente com biombos e lençóis;
 Reúna o material necessário;
 Realize a lavagem das mãos;
 Apresente-se e explique o procedimento;
 Monte o equipo à sonda retal preenchendo com a solução recomendada;
 Forre o leito com um lençol;
 Situe o paciente em posição de Sims (decúbito lateral esquerdo).
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
Lubrifique a sonda retal com gel hidrossolúvel;
Introduza o dispositivo no orifício anal de 5 a 7,5 cm evitando forçá-la no trajeto (risco de rupturas);
Caso haja resistência, flua a solução abrindo o equipo e depois tente avançar novamente;
Estreite um gotejamento 75 a 100 ml/min. em enemas de irrigação e menor velocidades para um enema de retenção (SPRINGHOUSE, 2004);
O limite de solução a ser introduzida é de 500 a 1000 ml;
Ofereça a comadre ou a fralda ao cliente;
 Lave as mãos e registre o procedimento e possíveis intercorrências;
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
4.3 Alimentação por JEP ou GEP - (fig. 6)
a) Reunindo os materiais necessários:
Formula de alimentação; 
Seringa de 60 ml;
Gazes;
Micropore;
Bomba de alimentação com equipo adequado (se for prescrito durante 24 h);
Luvas de procedimento;
Água potável (Em casos de pacientes imunocomprometidos e desconhecimento da procedência da água opte pela água estéril).
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
b) Passo a passo da execução da técnica:
Propicie privacidade e lave as mãos;
 Apresente-se e explique o procedimento ao cliente;
Avalie e monitore os sons intestinais;
Peça ao cliente para sentar ou eleve o decúbito em semifowler;
Calce as luvas de procedimento.
Fig. 6 Alimentação por JEP ou GEP 
(SMELTZER, 2005).
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
Meça previamente o resíduo gástrico;
Permita que 30 ml de água fluam previamente no circuito;
Administre a fórmula na temperatura ambiente;
Avalie sinais de cólicas e diarreias;
Após a administração lave o circuito com 30 a 60 ml;
Guarde os materiais, lave as mãos e proceda o registro de enfermagem.
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
4.4 Cuidados com colostomia e ileostomia
Pacientes com colostomia e ileostomia utilizam dispositivos externos para a coleta de material fecal. 
Torna-se atribuição de enfermagem, na impossibilidade do exercício de autocuidado do cliente, realizar 
ao cuidados com o sítio do estoma e a troca das bolsas.
Reunindo os materiais para a troca da bolsa:
Luvas de procedimento;
Bolsa descartável estilo Karaya com medidor; 
Toalha de rosto;
Comadre;
Tesoura;
Gaze estéril e solução fisiológica ou água destilada.
FIG. 7 – (COMACMATERIALMEDICO, 2016)
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
b) Passo a passo da técnica 
Reunir materiais;
Lavar as mãos;
Preservar a intimidade do cliente com biombos;
Posicionar o paciente em decúbito dorsal;
Explicar o procedimento ao cliente;
Calçar as luvas;
Observar a barreira da pele, se há vazamentos e tempo de permanência.
4. Execução técnica
Sistematização do Cuidar III
Medir o estoma através dos círculos medidores;
Realizar o corte com a tesoura sem sobras (o circulo deve ajustar-se perfeitamente ao estoma);
Limpar a pele antes da aplicação da nova bolsa com gaze e solução fisiológica ou destilada;
Remover a fita adesiva;
Aplicar a bolsa estilo Karaya certificando-se de seu clampeamento;
Anotar volumes e aspecto de efluentes;
Desprezar o material sujo; 
Remover as luvas e lavar as mãos; 
Proceder o registro. 
5. Cuidados de enfermagem
Sistematização do Cuidar III
5.1 Cuidados de enfermagem gerais – a todas as técnicas: 
Avaliar a colocação da sonda, manter posição de cabeceira elevada 30 a 40°;
Verificar a resposta clinica do cliente, tolerância e sintomas tais como a: plenitude abdominal, urticárias, náuseas e vômitos, padrão das evacuações;
Pausar a dieta em bomba sempre que abaixar o decúbito do cliente a zero graus;
Medir resíduo gástrico sinalizando a necessidade de uso e procinéticos;
Monitorar o ganho de peso do cliente;
Monitorar níveis glicêmicos;
Monitorar o gotejamento .
5. Cuidados de enfermagem
Sistematização do Cuidar III
Manter dispositivo pérvio através das lavagens pós-administrações alimentares;
Reforçar a higiene oral;
Verificar sinais de desidratação, ofertar líquidos ao cliente;
Monitorar o balanço hídrico;
Realizar troca de curativos com técnica asséptica e fixar a sonda adequadamente trocando os fixadores se sujos ou úmidos;
Zelar pela boa autoimagem do cliente.
5. Cuidados de enfermagem
Sistematização do Cuidar III
5.2 Diagnósticos de enfermagem
Nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais relacionada a problemas com a nutrição enteral caracterizada por diarreia e distensão abdominal;
Risco de infecção relacionado à incisão cirúrgica;
Risco de desequilíbrio de volume de líquidos relacionado à terapia enteral;
Incontinência intestinal relacionada à terapia nutricional caracterizada por alterações no número de evacuações diárias;
Distúrbio da imagem corporal relacionada a dispositivo enteral caracterizado por comportamento antissocial.
REFERÊNCIAS
Material Estácio. Springhouse corporation. Procedimentos de enfermagem - Série incrivelmente fácil. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
B. BRAUN. Nutrição enteral [2 telas]. Disponível em: <http://www.nutricaoenteral-bbraun.com.br/cps/rde/xchg/om-nutricaoenteral-pt-br/hs.xsl/7205.html>. Acessado em 25 de abril de 2016.
BEGHETTO M. G., ASSIS M. C. S., AZAMBUJA F. B. Papel do enfermeiro na terapia nutricional de pacientes debilitados por injurias traumáticas. In: Associação Brasileira de Enfermagem. BRESCIANE H. R., MARTINI J. G., MAI L. D. (org.). PROENF Programa de atualização em enfermagem: Saúde do adulto: Ciclo 9. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014. p. 69-101. 
v. 2.
BIOSANI . Produtos médicos (sondas). [2 telas] Disponível em : <http://www.biosani.net.br/ecommerce/detalhe_produto/14/SONDA+NASO+G%26Aacute%3BSTRICA+LONGA+12#conteudo>. Acessado em 25 de abril de 2016.
BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 63/2000. Brasília: Anvisa; 2000.
Sistematização do Cuidar III
REFERÊNCIAS
COMAC Material Médico. Bolsa de colostomia drenável para placa. Disponível em: <http://www.comacmaterialmedico.com.br/> [2 telas]. Acessado em 26 de Abril/2016.
SMELTZER, Suzane C. Brunner & Suddarth. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
T. Heather (org). Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: definições e classificações 2015-2017. 
Porto Alegre: Artmed, 2015.
Sistematização do Cuidar III
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*

Outros materiais