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Material de Direito Constitucional II 2017.1

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Direito Constitucional II
Da Organização do Estado Brasileiro (Arts. 18/36, CRFB)
	A Constituição Federal de 1988 consagrou, como forma de organização do Estado Brasileiro a forma federativa, admitindo como membros da federação a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, todos autônomos na forma do artigo 18, caput. da CRFB.
	Tal autonomia deve ser compreendida como a capacidade conferida a cada um dos entes federativos para atuar livremente, nos limites de competência que lhe foram determinados pela Constituição Federal.
	Devemos ressaltar ainda, que a autonomia conferida aos entes federativos é dotada de quatro características essênciais: autorganização, autolegislação, autogoverno e autoadministração.
	O artigo 1º, caput. CRFB/88, consagra a indissolubilidade do vínculo federativo, sendo assim, veda expressamente o exercício do direito de secção, que seria o direito de desligamento da federação. Caso algum membro da federação venha a atuar nesse sentido, será passivo de intervenção federal, pois cabe a União manter a integridade do território nacional (Art. 34, I, CRFB).
	Finalmente, cabe observar que a forma federativa do estado brasileiro foi consagrada como cláusula pétrea da CRFB/88, no artigo 60, §4º, I, ou seja, durante a vigência dessa constituição não será possível a adoção de qualquer outra forma de organização do estado brasileiro.
A) Critério empregado pela CRFB/88 para partilhar competências:
	O critério empregado pela Constituição Federal para distribuir competências entre os membros da federação, foi o critério da predominância de interesses, com isso o sistema de interesse nacional foram incluídos no rol de competências da União, os de interesse regional foram conferidos aos Estados e os de interesse local restaram sob as competências dos municípios.
	O distrito Federal foi tratado como caso à parte pela CRFB/88, isso porque, ao vedar sua divisão em municípios (Art. 32, caput.), lhe atribuiu simultaneamente o exercício das competências legislativas e as administrativas reservadas aos municípios, artigo 32, §1º.
B) Técnica empregada pela CRFB/88 para partilhar competências:
	A técnica empregada pela CRFB/88 para compartilhar competências entre os entes federativos foi a técnica das competências remanescentes. Nesse sentido, em termos de competência legislativa, por exemplo, o artigo 22 da CRFB, descreve de modo taxativo as competências da União; o artigo 30, I da CRFB atribui aos municípios a competência para legislar sob assuntos de interesse local. Enquanto aos estados foram atribuídas as competências remanescentes na forma do artigo 25, §1º, CRFB.		
Autorganização: é a capacidade conferida pela CRFB aos estados para se organizarem através de constituições próprias, sempre observando os parâmetros de organização estabelecidos pela CRFB (Art. 25, caput.). Do mesmo modo, os municípios e o distrito federal auto organizam-se, pois não obstante não o façam através de constituição, podem exercer tal capacidade através de lei orgânica (Art. 29, caput. e 32, caput.).
Autolegislação: é a capacidade de disporem de legislação própria, sendo essencial que observem a divisão de competências estabelecidas pela CRFB. Sendo assim, quando um ente federativo legisla sob matéria que não consta no seu rol de competência, pratica ato inconstitucional.
Autogoverno: é a capacidade conferida aos entes federativos para disporem de governantes próprios, em geral, eleitos pelo povo. Essa capacidade repercute em outra característica importante da federação: a regra da não intervenção.
Sendo assim, em regra, um ente federativo não poderá intervir em outro, somente podendo fazê-lo naquelas circunstâncias excepcionais estabelecidas pela CRFB. O artigo 34, prevê intervenção da União nos municípios de territórios federais e os estados intervirem nos municípios. A União não pode interferir em municípios.
Autoadministração: é a capacidade conferida aos entes federativos para disporem de administração própria e para prestarem serviços próprios. Tal capacidade repercute em outra: A capacidade para instituir e arrecadar tributos próprios, assim como estabelecido pela CRFB, pois, somente assim, poderá dispor de receita indispensável ao funcionamento de sua administração e a prestação de seus serviços.
	A federação brasileira é composta atualmente por, 27 unidades federativas, 26 estados e o distrito federal. Entretanto a CRFB autoriza a criação de novos estados, de novos municípios e territórios federais, desde que observados os requisitos previstos no artigo 18, §3º e §4º.
1.1. A Autonomia Relativa do Distrito Federal (Arts. 21, XIII e XIV, CRFB c/c art.32 CRFB)
	Em princípio, poderá aparecer que o distrito federal é dotado de uma autonomia muito mais robusta do que aquela conferida aos estados e municípios, isso porque acumula competências legislativas e administrativas estaduais e municipais.
	Entretanto a autonomia do distrito federal é apenas relativa, pois compete a União organizar e manter o poder judiciário, o ministério público, a defensoria pública, assim como as polícias e corpo de bombeiro civil e militar que atuam no distrito federal.
1.2. A Natureza Jurídica dos Territórios Federais (Art. 33, CRFB)
	Atualmente não existem territórios federais em funcionamento no Brasil, porém o artigo 18, §3º, CRFB, autoriza a criação de novos territórios federais, desde que tal criação seja precedida por autorização popular, através de plebiscito, e por autorização do congresso nacional através de lei complementar.
	Devemos notar que a criação de um território federal sempre resultará de um atendimento 
a um interesse da União, daí sua natureza jurídica ser a de autarquia federal. Logo, ainda que seja dotado de personalidade jurídica, será mantido por verbas da União, não tendo autonomia administrativa e financeira.
	 O governador de território federal, ao contrário do que ocorre nos estados, não será eleito pelo povo, e sim, nomeado pelo presidente da república, após uma autorização do senado federal, na forma do artigo 84, XVI, CRFB.
	Por outro lado,a população do território federal terá direito à representação na câmara dos Deputados, na forma do artigo 45, §2º. Contudo diversamente do que ocorre nos estados, essa representação não será proporcional å população. Cada território sempre terá 4 deputados.
	As contas dos territórios federais deverão ser fiscalizadas pelo Congresso Nacional com parecer prévio do Tribunal de Contas da União, o que significa pelo fato de sua natureza jurídica ser de autarquia federal, de ser mantido por verbas do orçamento da União.
	Outra curiosidade se da em relação a fiscalização das contas, dos municípios localizados em território federal. Como tais municípios não estão vinculados em qualquer estado, não haveria como suas contas serem fiscalizadas por um Tribunal de Contas Estadual, logo, tais contas serão fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União.
	Por último, devemos observar, que nos territórios federais, os órgãos de segurança judiciários, do ministério público e da defensoria pública serão todos vinculados a União. 
1.3. Da Divisão de Competências legislativas e Administrativas
A)- Competências Legislativas (Competências Privativas)
	União: Art. 22, CRFB.
	Estados: Art. 25, §1º, CRFB.
	Municípios: Art. 30, I e II, CRFB.
	Distrito Federal: Estados + Municípios.
B)- Competências Administrativas (Competências Exclusivas)
	União: Art. 21, CRFB.
	Estados: Art. 25, §1º, CRFB.
	Municípios: Art. 30, III - IX, CRFB.
	Distrito Federal: Estados + Municípios.
C)- Competências Concorrentes (Competências Legislativas)
	Artigo 24, CRFB.
D)- Competências Comuns (Competências Administrativas)
	Artigo 23, CRFB.
	O artigo 24 da CRFB, menciona a distribuição de competências concorrentes entre a União, os Estados e o Distrito Federal. Entretanto, determinadas competências legislativas, previstas em tal dispositivo também poderão ser objetos de legislação concorrentemunicipal, na forma do artigo 30, II da CRFB, que autoriza os municípios a legislarem de forma suplementar em relação a legislação federal e estadual.
	É bem verdade que a atuação municipal na legislação suplementar não poderá ocorrer sobre todas as matérias previstas no artigo 24 da CRFB, e sim, sobre aquelas que tenham relação com o interesse local, por exemplo o artigo 24,I (Direito Tributário) e IX (Educação).
	Em princípio, a a possibilidade de tais entes federativos legislarem simultaneamente sobre determinada matéria, poderá ocasionar conflitos insolúveis, Contudo, o próprio artigo 24, §1º/§4º, CRFB, estabelece regramentos que buscam evitar tais conflitos normativos.
	Nesse sentido, caberá a União legislar sobre normas gerais, restando aos Estados e eventualmente aos Municípios, a legislação suplementar. Porém, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os estados poderão legislar plenamente sobre a matéria (gerais + suplementares).
	Diante de legislação federal superveniente e contrária à aquela sobre normas gerais fixadas pelo Estado, haverá de prevalecer a lei federal, que suspenderá os efeitos da legislação Estadual (Art. 24, §4º, CRFB).
	
	Obs.: Assim como ocorre no âmbito de competências privativas, no campo da legislação concorrente também não há hierarquia entre legislação federal e estadual. A lei federal somente suspende a eficácia da normatização do Estado, porque é competência da União legislar sobre normas gerais, logo o Estado somente pode atuar nesse campo enquanto inexista a legislação da União.
Da Defesa do Estado a das Instituições Democráticas
2.1. Estado de Defesa (Art. 136, CRFB)
	O Estado democrático e suas instituições podem, eventualmente, atravessar momentos de crise, o que poderia mesmo comprometer o próprio modelo democrático e o sistema de proteções que a constituição oferece.
	Nesse sentido, para os momentos de crise que possam conduzir a tal resultado, a própria Constituição Federal previu instrumentos para combate-los, que são os seguintes: o Estado de Defesa e o Estado de Sítio.
	 Apesar das aparências o Estado de Defesa e o Estado de Sítio não significam retrocessos democráticos, pois, as restrições que impõe aos indivíduos e a sociedade tem o objetivo maior de preservar a democracia.
	A competência para decretar o Estado de Defesa é do Presidente da República, entretanto, para que possa fazê-lo, deve ouvir previamente os conselhos de defesa e da república.
	Devemos observar que trata-se de um ato discricionário, ou seja, observando os critérios da conveniência e da oportunidade, o presidente é livre para optar ou não pela decretação. Logo o presidente não estará vinculado aos pareceres emitidos pelo conselho.
	O artigo 136, caput. da CRFB, prevê que o Estado de Defesa poderá ser decretado diante de duas situações: desordem pública ou social ameaçadas ou violadas por grave e eminente instabilidade política ou desastres de grandes proporções produzidas pela natureza.
	É de se notar, ainda, que o Estado de Defesa somente poderá ser decretado em locais restritos e determinados. Com isso, caso a crise se manifeste em âmbito nacional, será certo o descabimento da decretação do Estado de Defesa
	 Portanto, o decreto deverá indicar precisamente as áreas abrangidas pelo Estado de Defesa, bem como, especificar sua duração.
	O prazo de duração do Estado de Defesa, não poderá ser superior a 30 dias, admitindo-se somente uma prorrogação, que deverá observar o mesmo limite temporal (Art. 136, §2º, CRFB).
	Além disso, será indispensável que o presidente da república submeta o decreto, no prazo máximo de 24 horas, ao congresso nacional, o qual terá 10 dias, contados da data de seu recebimento para votá-lo. Sua aprovação somente poderá ocorrer por maioria absoluta. Não atingindo o quorum exigido, o decreto estará rejeitado, cessando imediatamente o Estado de Defesa.
	As medidas coercitivas a vigorarem durante o Estado de Defesa são aquelas previstas no artigo 136, §1º e §2º da CRFB, sabendo-se que em regra, não serão todas implementadas simultaneamente. Será a motivação do decreto que orientará as decisões sobre as medidas implementadas pelo decreto.
	
	Obs.: Há cerca de cinco anos, diante da situação de calamidade na saúde pública do município do Rio de Janeiro, a União decretou intervenção em alguns hospitais municipais. tal medida é flagrantemente inconstitucional, pois viola a autonomia do Estado do Rio de Janeiro. Entretanto nada impediria a decretação do Estado de Defesa, na forma do artigo 136, §1º, II, CRFB, ou seja, durante seu prazo de vigência, a União poderia ocupar os hospitais municipais e prestar serviços de saúde no âmbito de seu município.
2.2. Estado de Sítio (Arts. 137/141, CRFB)
	O Estado de Sítio somente poderá ser decretado pelo presidente da república, desde que previamente ouvidos os conselhos de defesa e da república, ainda que seus pareceres não sejam vinculantes. Entretanto diversamente do que ocorre no Estado de Defesa, no Estado de Sítio, a decretação só poderá ocorrer mediante autorização prévia do Congresso Nacional.
	O artigo 137, I e II da CRFB, dispõe sobre as causas que podem conduzir a decretação do Estado de Sítio. Entretanto, devemos observar que a motivação sempre deverá ter um caráter nacional, ainda que a decretação em si, possa abranger as áreas determinadas.
	O decreto do Estado de Sítio deverá designar sua duração, as medidas coercitivas a vigorarem e as áreas a serem abrangidas pela decretação, caso esta não ocorra para abranger todo o território nacional.
	Quanto ao prazo de duração, este poderá ser determinado ou indeterminado, o que vai depender de sua motivação. No caso de decretação na forma do artigo 137, I, CRFB, admitisse-a a decretação por, no máximo 30 dias, com a possibilidade de sucessivas prorrogações, sempre previamente autorizadas pelo Congresso Nacional e por prazo não excedente a 30 dias.
	Caso a decretação ocorra na forma do artigo137, II, CRFB, ou seja, em caso de guerra declarada ou de estado de guerra, não haverá prazo fixado para sua duração, mantendo-se toda sua vigência durante todo o período que perdurar sua motivação.
	Convém ressaltar ainda, que a apreciação do pedido do presidente da república ao Congresso Nacional para decretar o Estado de Sítio, deve ser feito de imediato. Caso o Congresso esteja em recesso será convocado imediatamente pelo seu presidente devendo reunir-se no prazo máximo de 5 dias.
	As medidas coercitivas a vigorarem durante o Estado de Sítio, vão depender, quanto a sua extensão, dos motivos que conduziram a decretação, sendo assim quando a decretação ocorrer na forma do artigo 137, I, CRFB, somente poderão ser executadas aquelas medidas previstas no artigo 139, I ao VII, CRFB.
	Contudo, quando a decretação ocorrer na forma do artigo 137, II, CRFB, teremos duas possibilidades:
1)- Em caso de guerra declarada, qualquer medida poderá ser executada, inclusive a pena de morte, na forma do artigo 5º da CRFB;
2)- Em caso de estado de guerra, serão admitidas todas as medidas, exceto a pena de morte.
2.3. Das Forças Armadas e da Segurança Pública (Arts.142/144, CRFB)
	As Forças Armadas tem como funções recíprocas a defesa nacional, a defesa do regime democrático e de suas instituições, e ainda, em última instância, a defesa da lei e da ordem.
	Em situação de normalidade não caberá as Forças Armadas atuarem no campo da segurança pública, função que foi às polícias civil e militar e aos corpos de bombeiros militares dos estados. Não obstante, temos precedentes da atuação das Forças Armadas na área de segurança pública, como ocorreu algumas vezes no Rio de Janeiro, porém, em todas as situações ouve um convênio, uma colaboração administrativa entre a União e o Estado, descaracterizando a medida como uma intervenção. 
	Mais recentemente, tivemos a criação da Força Nacional de Segurança, que também caracterizou um convênio entre as entidades federativas, logo, seus membros tem origem nas ForçasArmadas e nos órgãos de segurança de diversos estados.
	A organização militar encontra-se fundada em dois princípios: a hierarquia e a disciplina. É certo que, não haverá hierarquia sem disciplina, por isso, teremos um regulamento disciplinar prevendo sanções à aqueles que o violarem. Nesse contexto, o artigo 142, §2º, CRFB, prevê o não cabimento de habeas corpus em razão da restrição de liberdade de locomoção do militar, como decorrência de sanção disciplinar. Entretanto, o poder judiciário brasileiro tem admitido tal impetração quando tais sanções violarem a legalidade ou forem desproporcionais em relação as infrações praticadas.
	O artigo 14, §3º, V da CRFB, prevê que é condição de ilegibilidade a filiação partidária e por sua vez o artigo 142, §3º, V da CRFB, prevê que o militar da ativa não poderá ser filiado a partidos políticos. Logo, aparentemente, o militar da ativa não poderia ser eleito.
	Entretanto, o artigo 14, §8º da CRFB, admite que o militar da ativa se apresente como candidato, o que parece incoerente com a vedação de sua filiação partidária. Entretanto, a jurisprudência eleitoral tem consentido que os militares da ativa se apresentem em convenção partidária, mesmo antes de sua filiação, e caso sejam indicados em convenção, deverão se afastar da atividade de militar, ficando agregados, para que possam se filiar ao partido político que os indicou.
	Caso o militar tenha menos de 10 anos de serviço, seu afastamento será definitivo; com mais de 10 anos, caso não seja eleito, poderá retornar à atividade militar, e sendo eleito, no ato de sua diplomação, passará imediatamente à inatividade.
	Os órgãos de segurança pública encontram-se relacionados pelo artigo 144, I ao V, CRFB, sendo todos de natureza federal ou estadual. Entretanto, o artigo 144, §8º, CRFB, faculta aos municípios a criação de guardas municipais, os quais, além de atuarem na preservação dos bens e das instalações municipais, também atuam como órgãos de segurança pública.
	No âmbito dos Estados a segurança pública foi compartilhada entre a polícia militar, a civil e o corpo de bombeiro militar. Muito embora, em alguns estados exista uma integração entre a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro Militar.
	A Polícia Militar é a polícia ostensiva, que realiza o patrulhamento com a finalidade de prevenir a prática de crimes, por isso mesmo é chamada de Polícia Preventiva.
	Por outro lado a Polícia Civil, atua tipicamente na investigação de crimes ocorridos, ou seja atua como órgão auxiliar do Ministério Público, colhendo elementos probatórios que instruam a ação penal. Pode, ainda, atuar como auxiliar do poder judiciário, quando do cumprimento de mandados judiciais, por isso também é chamada de Polícia Judiciária.
	
	Obs.: Apesar de tais funções serem exercidas tipicamente pela Polícia Militar e Civil, nada impede que, atipicamente, a Polícia Militar atue na investigação ( Ex.: inquérito policial militar.) e a Polícia Civil atue como polícia ostensiva.
	No âmbito da União, tais funções foram reunidas na Polícia Federal, que exerce a função de policiamento ostensivo na guarda das fronteiras, nos portos e aeroportos, enquanto que a função de polícia de investigação é exercida em auxílio ao Ministério Público Federal, ou a justiça federal, quando do cumprimento de seus mandados.
	Por fim, devemos observar que não há impedimento quanto a estruturação de modalidades específicas de patrulhamento, seja no âmbito da Polícia Militar, seja no âmbito da Polícia Civil. Por isso, muitas polícias estaduais realizam patrulhamento aéreo e marítimo, pois, não temos em tais hipóteses uma afronta as funções da Forças Armadas. O que seria vedado pela Constituição Federal, por violar o sistema se segurança por ela previsto, seria a criação de um órgão de patrulhamento aéreo e marítimo.
Da Intervenção Federal (Arts. 34/36, CRFB)
	A forma federativa de estado adotada pela Constituição Federal de 1988, denota a existência de autonomia na relação entre os membros da federação. Por isso, como regra a Constituição não permite que a União intervenha nos Estados e no Distrito Federal, entretanto, as exeções permitidas foram previstas no artigo 34, I-VII, CRFB.
	Devemos concluir, então, que a intervenção guarda duas características exenciais:
Expecionalidade;
Temporariedade.
	Portanto, a intervenção não deverá ocorrer, como regra, contudo, se for decretada, será temporária, destinando somente a decisão do problema que a motivou. Solucionada sua motivação, cessará a intervenção, restaurando-se a autonomia do ente federativo.
	A intervenção federal somente poderá ocorrer através de um decreto do presidente da república, exigindo-se em algumas hipóteses que ouça aconselhamento dos conselhos da república (Art. 90, I, CRFB) e da defesa nacional (Art.91, §1º, II, CRFB).
	O presidente da república somente ficará dispensado da consulta aos respectivos conselhos quando estiver diante das hipóteses de intervenção provocada por ordem judicial, pois, nestas situações não lhe cabe fazer juízo de valor sobre a conveniência de decretar a intervenção, pois ela será obrigatória.
	Devemos observar, que a Constituição Federal de 1988 traçou duas hipóteses gerais de intervenção, quais sejam:
Intervenção Espontânea: é aquela que será decretada pelo presidente da república sem qualquer provocação de outro órgão ou poder, sendo um ato discricionário, ou seja, o chefe do poder executivo avalia a conveniência e a oportunidade de fazê-lo.
Intervenção provocada: é aquela realizada a partir de uma solicitação (Art. 34, IV, CRFB), ou de uma requisição (Art. 34, IV, VI, VII e 36, I, II, CRFB).
	Devemos salientar portanto, que a intervenção provocada por solicitação nada mais é do que um pedido, ou seja, é da discricionariedade do presidente decretá-la ou não, por outro lado, a intervenção provocada por requisição é uma ordem, sendo um ato vinculado, ou seja, o presidente será obrigado a realizar a intervenção, sob pena de ser responsabilizado politicamente caso não a efetive.
	Obs.: Artigo 36, III, CRFB- a intervenção provocada pela violação ao artigo 34, VIII, da CRFB, ou pela recusa a execução da lei federal, dependerá de uma decisão do Supremo Tribunal Federal , em ação proposta naquele tribunal pelo procurador geral da União (chefe do MPU). Esta ação denomina-se “Ação Direta Interventiva”.
	Em regra, o decreto de intervenção expedido pelo presidente deverá ser submetido ao Congresso Nacional, em 24 horas, o que ocorrerá nas hipóteses de intervenção espontânea e naquela de intervenção provocada, prevista no artigo 34, IV, CRFB, quando quem sofrer a coação for o poder executivo ou legislativo.
	Não será necessário submeter o decreto ao Congresso Nacional quando ocorrer qualquer das outras hipóteses de intervenção provocada, pois, em todas ela haverá requisição, ordem cumprida pelo presidente (Art. 36, §3º, CRFB).
Do Poder Legislativo (Art. 44/76, CRFB)
4.1. Das Casas do Congresso Nacional
A- Câmara dos Deputados (Art. 45, CRFB):
Casa de representação do povo;
Mandato de deputado federal: 4 anos, com reeleições sucessivas;
A representação é proporcional à população ( Para os territórios federais serão quatro deputados);
Renovação total de 4 em 4 anos.
B- Senado Federal (Art. 46, CRFB):
Casa de representação dos Estados e do Distrito Federal;
Mandato de senador: 8 anos, com reeleições sucessivas;
A representação é fixa, 3 senadores por estado e distrito federal;
Renovação parcial de 4 em 4 anos ( 1/3 ou 2/3).
4.2. Da Estrutura da Câmara dos Deputados e do Senado Federal 
 
 Câmara dos Deputados Senado Federal
 
 Mesa Diretora Mesa Diretora
 
 CCJ CCJCT 	 CT
 
 Plenário Plenário
Mesa Diretora: é o órgão colegiado encarregado da administração da casa legislativa, assim como, da direção dos trabalhos legislativos da competência do plenário. A Mesa Diretora é composta por 7 cargos efetivos. São eles: presidência, 1º vice-presidência, 2º vice-presidência, 1º secretário, 2º secretário, 3º secretário e 4º secretário. Além dos 7 titulares, serão eleitos 7 suplentes, todos com mandato de 2 anos admitida uma reeleição.
	
	Obs.: Caso a casa tenha as duas mesas, a forma será (Art. 57, §5º, CRFB)
Câmara dos Deputados Senado Federal
 Presidente Presidente
 1º Vice- presidente 1º Vice- presidente 
 2º Vice-presidente 2º Vice-presidente
 1º Secretário 1º Secretário 
 2º Secretário 2º Secretário 
 3º Secretário 3º Secretário
 4º Secretário 4º Secretário
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça): esta comissão exerce duas funções: analisa a constitucionalidade das propostas legislativas apresentadas à casa, assim como, sua juridicidade, ou seja, seu enquadramento na técnica legislativa.
CT (Comissão Temática): tal comissão é aquela prevista pelo regimento da casa como componentes para analisar projetos sobre determinado tema ou matéria. Sendo assim tal comissão irá atuar no sentido de aperfeiçoar o projeto de sua competência.
	Ex.: Comissão de Saúde; Comissão de Meio Ambiente; Comissão de Educação.
	As casas do Congresso Nacional dispõem de comissões permanentes e de comissões temporárias, as quais, na medida do possível, serão ocupadas respeitando-se uma representação proporcional aquela que o partido tem no plenário da casa.
	As comissões permanentes são aquelas previstas nos respectivos regimentos internos, quais sejam, a CCJ e a CT. Por serem permanentes, seu funcionamento ocorrerá, de modo interruptível, durante toda a sessão legislativa.
	As comissões temporárias são aquelas constituídas para funcionarem durante um certo período, afim de atenderem a um objetivo específico que não poderia ser materializado pela obra de qualquer uma das comissões permanentes.
	As comissões temporárias podem ser de duas ordens:
A- Comissões Especiais: é aquela constituída para analisar determinado projeto, cuja matéria não se enquadra na competência de qualquer das comissões temáticas permanentes. Sendo assim, havendo deliberação sobre o projeto em questão, a comissão especial será dissolvida.
	Ex.: A comissão constituída para análise do projeto do pré-sal;
B- Comissões Parlamentares de Inquérito: esta comissão é constituída para investigar um fato certo, por tempo determinado. Em princípio, sua duração máxima será de 120 dias, podendo ser prorrogada, de cada vez, por 60 dias, tendo como limite temporal o final da legislatura. Ao final de seus trabalhos, a CPI emitirá um relatório com as suas conclusões, que tem equivalência ao inquérito policial. Tal relatório, deverá ser enviado ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores.
	Em princípio as CPIs terão poderes de investigação idênticos àqueles interessados ao poder judiciário, ressalvadas quatro hipóteses, que são temas de reserva de jurisdição:
Decretação de prisão, salvo a prisão em flagrante;
Decretação de interceptação das comunicações telefônicas;
Decretação de indisponibilidade dos bens, por ser medida acautelatória processual;
Decretação de ordem e busca e apreensão domiciliar.
Informativos sobre CPI
1. Requisitos para criação da CPI: a inconstitucionalidade da exigência de submissão da subscrição de requerimento de instauração à deliberação plenária.
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 434
2. Não indicação de membros para composição da CPI: frustração ao
direito das minorias
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 393
3. Número máximo de CPI’s em funcionamento na Casa Legislativa:
Constitucionalidade da previsão
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 207
4. Investigação de fatos conexos que surjam no iter da CPI:
possibilidade
STF, PLENÁRIO, INQUÉRITO 2245
5. Limitação cronológica: a locução prazo certo e a possibilidade de
prorrogação
STF, PLENÁRIO, HC 71.261
 
 6. Poderes Instrutórios das autoridades judiciais. Limites: Decretação de prisão, salvo a prisão em flagrante; decretação de interceptação das comunicações telefônicas; decretação de indisponibilidade dos bens, por ser medida acautelatória processual; decretação de ordem e busca e apreensão domiciliar.
STF, PLENÁRIO, HC 80.240
7. Direito ao silêncio e a não auto-incriminação
STF, PLENÁRIO, HC 75.244 (...) Não importa que na CPI – que tem poderes de instrução, mas nenhum poder de processar e julgar – a rigor não haja acusados. A garantia contra a autoincriminação não tem limites especiais nem procedimentais: estende-se a qualquer indagação por autoridade pública de cuja resposta possam advir subsídios à imputação ao declarante da prática do crime (...). (HC 75244/DF, rel. Sepúlveda Pertence, 26.04.1999).
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 184
A condição de testemunha não afasta a garantia constitucional do direito ao silêncio (CF, art. 5º, LXIII: "o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado"). Com esse entendimento, o Tribunal, confirmando a liminar concedida, deferiu habeas corpus para assegurar ao paciente - inicialmente convocado à CPI do Narcotráfico como indiciado -, na eventualidade de retornar à CPI para prestar depoimento, ainda que na condição de testemunha, o direito de recusar-se a responder perguntas quando impliquem a possibilidade de auto-incriminação. HC 79.589-DF, rel. Min. Octavio Gallotti, 5.4.2000.
8. Quebra de sigilo Bancário, Fiscal e de Dados (inclusive os telefônicos)
STF, PLENÁRIO, MS 23.452
9. Decisões das CPIs: necessidade de fundamentação
STF, PLENÁRIO, INFORMATIVO 223
10. Respeito ao Princípio da Colegialidade
STF, DECISÃO MONOCRÁTICA, INFORMATIVO 185
11. Medidas processuais cabíveis contra os atos das CPI’s e a
competência originária do STF para apreciá-las
STF, PLENÁRIO, MS 23.452
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, em sede originária, mandados de segurança e habeas corpus impetrados contra Comissões Parlamentares de Inquérito constituídas no âmbito do Congresso Nacional ou no de qualquer de suas Casas.
12. STF, DECISÃO MONOCRÁTICA, MS 24.630
Cuida-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado pela Ordem dos Advogados do Brasil em favor do advogado Bruno Romero Pedrosa Monteiro e da sociedade de advogados denominada Monteiro e Filho Advogados Associados S/C. Figura como autoridade coatora o Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Combustíveis da Câmara dos Deputados - Deputado Federal Carlos Santana. (MS 24.630, Rel. Min. Gilmar Ferreira Mendes, 26-08-2003).
Impetração contra ato praticado pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Futebol. A Mesa do Senado Federal, não sendo responsável pela quebra do sigilo, não tem legitimidade para compor o pólo passivo do writ. 1. Os poderes de investigação próprios das autoridades judiciárias de que as CPIs são constitucionalmente investidas (CF, artigo 58, § 3º) não são absolutos. Imprescindível a fundamentação dos atos que ordenam a quebra dos sigilos bancários, fiscais e telefônicos, visto que, assim como os atos judiciais são nulos se não fundamentados, assim também os das comissões parlamentares de inquérito. (MS 23.957, Rel. Maurício Corrêa, 20-09-2001).	STF, PLENÁRIO, MS 23.957
4.3. DoProcesso Legislativo
4.3.1. Procedimento Legislativo Ordinário (Arts. 61, 64, 65, CRFB)
Iniciativa
 1- Aberta ou concorrente: Art. 61, caput, CRFB.
 2- Reservada ou privativa: Arts. 61, §, 1º, I e II; 93, caput, CRFB; 
 3- Popular: Arts. 61, §, 2º, CRFB.
	Obs.: Na grande maioria dos casos a Câmara dos Deputados exercerá o papel de casa iniciadora do projeto, cabendo ao Senado Federal de casa revisora. Entretanto o Senado Federal também poderá ser a casa iniciadora, o que somente ocorrerá em duas hipóteses:
Quando o projeto for apresentado por um senador;
Quando o projeto for apresentado por uma comissão do senado.
Quando for apresentado por comissão mista, de forma alternada.
Discussão e Emendas
Votação
	Em regra, os projetos em tramitação nas casas legislativas serão votados de forma definitiva pelos seus respectivos plenários. Entretanto, o artigo 58, §2º, I, CRFB, dispõe que os regimentos internos das respctivas casas poderão dispensar a votação de determinados projetos pelo plenário, restando as próprias comissões realizar sua votação definitiva.
	Obs.: Os projetos de lei ordinária devem ser aprovados por maioria simples ou relativa, ou seja, pela maioria dos presentes à cessão de votação. Devemos observar, contudo que uma cessão deliberativa somente poderá ser instaurada se estiver presente no mínimo a maioria dos menbros da casa.
	Caso o projeto seja aprovado pela casa iniciadora com ou sem emendas seguirá diretamente para a casa revisora. Por outro lado será arquivado.
	Se o projeto for aprovado sem emendas na casa revisora, seguirá diretamente ao presidente da república, para sanção ou veto. Caso seja aprovado com emendas, as emendas feitas pela casa revisora serão enviadas a casa iniciadora, que deverá deliberar sobre sua admissibilidade. Nesse caso, após a deliberação sobre as emendas, o projeto seguirá para o presidente da república para sanção ou veto.
	O projeto de lei rejeitado será arquivado definitivamente. Porém, o artigo 67, CRFB, prevê que sua matéria poderá constituir objeto de outro projeto. Em prinípio, este novo projeto somente poderá ser apresentado na cessão legislativa seguinte, entretanto, se tiver a assinatura da maioria absoluta dos menbros de qualquer das casas, poderá ser apresentado na mesma cessão legislativa.
Sanção ou Veto
Sanção: 1- Tacita, art. 66, §3º, CRFB
 2- Expressa, art. 66, caput. CRFB
Veto: 1- Total, art. 66, §1º, CRFB
 2- Parcial, art. 66, §2º, CRFB
	O veto deve ser entendido como a manifestação da discordância do presidente da república em relação a um projeto de lei, que poderá incidir sobre seu conteúdo integral (veto total) ou sobre determinados dispositivos (veto parcial).
	O prazo do veto é de 15 dias úteis, contados da data do recebimento do projeto, entretanto, o veto não prevalecerá se não for motivado nas 48 horas subsequentes, hipótese que configurará sanção tácita. Os motivos do veto são os sequintes:
1. A inconstitucionalidade do projeto (veto jurídico);
A sua contrariedade ao interesse público ( veto político).
	Devemos observar que o veto não tranca de modo absoluto o processo legislativo, pois o artigo 66, §4º, CRFB, prevê que caberá ao Congresso Nacional apreciá-lo, em cessão unicameral.
Promulgação e Publicação
	O ato da promulgação em pricípio caberá ao presidente da república, entretanto, se não o fizer caberá ao presidente do Senado Federal tal promulgação (Art. 66, §7º, CRFB).
	A promulgação deve ser entendida como um atestado de validade, que informa a sociedade que a ordem jurídica foi renovada, contudo, a vigência da lei somente poderá ter início após sua publicação, ou seja, sua veiculação no órgão oficial do Estado (Diário Oficial).
Procedimento Legislativo Sumário ou Regime de Urgência (Art. 64, CRFB)
	O procedimento sumário observa as mesmas fases do procedimento ordinário, contudo, conserva algumas diferenças que são as seguintes:
A casa iniciadora sempre será a Câmara dos Deputados, pois, o regime de urgência sempre poderá ser empregado quando a iniciativa do projeto for do presidente da república.
Diversamente do o que ocorre no procedimento ordinário, no regime de urgência as casa legislativas terão prazo para concluir a votação. Em pricípio este prazo será de 45 dias para a Câmara dos Deputados e mais 45 dias para o Senado Federal, admitindo-se sua prorrogação por mais 10 dias para a apreciação das emendas feitas pela casa revisora.
Das Espécies Normativas (Art.59, I- VII, CRFB)
1. Emenda à Constituição (art. 60, CRFB)
Limites formais
Tratam do procedimento de elaboração da emenda:
Iniciativa da PEC: art. 60, I, II e III, CRFB
Tramitação da PEC: Art 60 §§ 2º, 3ºe 5º CRFB
Qual o procedimento de modificação?
 
Art. 60, § 2º, CRFB
	 
	Votações 
	Quorum
	LO
	1
	MS
	LC
	1
	MA
	EC
	2
	3/5
Art. 60, § 3º, CRFB
A Emenda será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
Art. 60, § 5º, CRFB
A matéria de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada somente poderá ser objeto de nova apreciação na sessão legislativa subseqüente.
Limites circunstanciais (Art 60 § 1º CF)
 São empregados nas hipóteses de anormalidade constitucional (Estado de Defesa, Estado de Sitio e Intervenção Federal), com a finalidade de evitar eventuais rompimentos com a ordem constitucional sem que o povo tenha plena capacidade de mobilização em sua defesa, posto que em tais circunstancias pode não dispor da integralidade dos direitos fundamentais.
Limites materiais 
Explícitos: cláusulas pétreas (Art 60 § 4º, inc. I a IV, CF)
Implícitos: decorrem da interpretação da Constituição
2 – LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA
 A Lei Complementar tem a finalidade específica de regulamentar normas da Constituição Federal, sendo admitida tanto para aquelas que dispõem sobre a reserva à lei complementar, como àquelas que autorizam regulamentação por lei ordinária. 
 A Lei Ordinária, por sua vez, tem como finalidade disciplinar temas previstos na Constituição, cujas normas não exijam regulamentação através de lei complementar, assim como todos os demais temas disciplinados por lei. 
 A doutrina constitucionalista não trata de modo uníssono a questão da existência de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. Vejamos:
 
1 – Há hierarquia entre elas em razão dos procedimentos de elaboração serem diferenciados, ou seja, o fato de uma lei complementar ser votada por maioria absoluta, enquanto a lei ordinária é votada por maioria simples, colocaria o primeiro num patamar superior, imediatamente abaixo da constituição (minoritária).
2 – Sustenta a inexistência de hierarquia com fundamento na tese de que, a LC e a LO tem campos de atuação diversas, sendo assim, seria irrazoável supor a existência de um conflito entre eles (majoritária). Esta posição tem sido também adotada pelo Supremo Tribunal Federal, que admite a revogação de lei complementar por lei ordinária, desde que a primeira não tenha atuado em campo a ela reservado (ex: art. 7, I, CRFB; art. 93, caput, CRFB). 
3 - LEI DELEGADA (ART. 68, CRFB)
	As leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, mediante delegação do Congresso Nacional, logo, trata-se de uma lei que tem origem no Poder Executivo com autorização do órgão que tipicamente exerce a função legislativa.
	Devemos observar que ao autorizar a atuação do Poder Executivo no campo de sua competência, o Congresso Nacional estabelece limites. Note-se que o Presidente da República solicita a delegação ao Congresso Nacional para elaborar a Lei Delegada, podendo o Poder legislativo negar-lhe tal licenciosidade. Contudo, na hipótese do Congresso Nacional optar por autorizar a delegação, deverá fazê-lo através de uma Resolução, que também especificará os limites da delegação e determinação a eventual apreciação futura do projeto de Lei Delegada.
	Caso o Congresso Nacional venha a apreciar o projeto deLei Delegada, será vedada a possibilidade de alterar o projeto, apondo-lhe emendas, servindo tal apreciação somente para aprová-lo ou rejeitá-lo.
 Em consequência, caso o projeto seja aprovado pelo Congresso Nacional, o será de acordo com a vontade presidencial, o que subtrai qualquer necessidade de aposição de vetos. Ocorrendo, eventualmente, a violação dos limites da delegação estabelecida pelo Congresso Nacional, a providência adotada pelo Poder Legislativo será àquela prevista no art. 49, inc. V, da CF, ou seja, o Congresso Nacional haverá de aprovar um projeto de decreto legislativo, com o fito de sustar os efeitos da Lei Delegada.
	Por fim, saliente-se que a Lei Delegada é uma espécie normativa com hierarquia de Lei Ordinária. Por isso, eventuais antinomias entre ambas devem ser sanadas pelos demais critérios jurídicos tradicionais de solução de conflitos normativos: critério da especialidade ou critério cronológico. 
4 - MEDIDA PROVISÓRIA (art. 62, CRFB)
	A medida provisória tem natureza de ato normativo federal, pois somente deve ter como objeto matérias de relevância e urgência, que não admitam a tramitação no âmbito do Congresso Nacional, sob a forma de projeto de lei ordinária. 
	A inspiração desse modelo de normatização oriunda do Poder Executivo vem da Constituição Italiana de 1947, que confere ao primeiro-ministro a competência para inovar a ordem jurídica através de normatização de urgência. 
	
	Ocorre que, como sabemos, a Itália experimenta um sistema de governo parlamentarista, o que, por si, inviabiliza qualquer abuso da parte do primeiro-ministro quanto ao numero exacerbado de edições da referida normatização de urgência. Trata-se, ainda que momentaneamente, de verdadeira usurpação da competência do Parlamento, o que jamais seria admitido por este, a quem deve justificativas de seus atos o primeiro-ministro, sob pena de ter votada a sua desconfiança, com a consequente perda da condição de chefe do Poder Executivo.
 	No Brasil, desde a promulgação da CRFB/88, uma questão que sempre despertou a atenção dos juristas foi o abuso quanto ao número de edições e reedições de MP’s, isto porque, os únicos critérios existentes para limitá-los eram a sua relevância e sua urgência, pois, o Presidente da Republica tem mandato por prazo certo, o que retira do Poder Legislativo a possibilidade de abreviatura d seu mandato, ressalvada a hipótese da abertura de processo de impeachment, por crime de responsabilidade (o que, em tese, seria possível no caso do abuso da prerrogativa de editar normatização de urgência, na forma do art. 85, CRFB).
 
	A bem da verdade, nem mesmo os pressupostos da relevância e da urgência vinham sendo objeto de criteriosa fiscalização do Congresso Nacional, o que tornou o Poder Executivo, desde então, um órgão cuja atuação revelava flagrante primazia de vontade sobre o Poder Legislativo. 
	Com a promulgação da Emenda Constitucional N. 32/01, uma série de modificações foram introduzidas, iniciando-se pela determinação constitucional de algumas matérias seriam insuscetíveis de disciplina através de Medida Provisória (Art 62 §§ 1º e 2º CRFB/88). Ademais, no que pertine ao período de vigência da Medida Provisória, este passou a ser de 60 dias, com a possibilidade de que esta seja reeditada por uma única vez, pelo mesmo período.
	
	Sobre a tramitação do projeto de conversão da Medida Provisória devemos ressaltar alguns aspectos:
1 – Caberá a uma comissão mista (Deputados e Senadores) a elaboração do projeto de conversão;
2 – A votação de tal projeto na Câmara dos Deputados deverá ocorrer em até 45 dias da publicação da Medida Provisória, sob pena de trancamento da pauta. (ver. Art. 62, § 6º). O mesmo se aplica ao Senado Federal.
 	Convém salientar que, esgotado o prazo de deliberação sobre o projeto de conversão, a medida provisória perde os seus efeitos desde a sua edição, devendo o Congresso Nacional, no prazo de 60 dias, disciplinar as relações jurídicas dela decorrentes, através de um Decreto Legislativo. Em caso de inércia do Congresso Nacional, ficam convalidados os efeitos da medida provisória, no período de sua vigência, como forma de preservar a segurança das relações jurídicas. 
	Finalmente é possível falar em veto sobre o projeto de conversão, pois o Congresso Nacional poderá emendá-lo, transformando o texto original da Medida Provisória.
5. Decreto Legislativo (Art. 59, VI, CRFB)
	O decreto legislativo é a espécie normativa destinada a viabilizar o exercício das competiências exclusivas do Congresso Nacional, na forma do artigo 49, CRFB. É de se notar, portanto, que não será admitida a edição de decreto legislativo pelas casas do CN, em separado.
	Outra peculiaridade do decreto legislativo, diz respeito ao âmbito de sua eficácia. Em geral, o decreto legislativo opera efeitos externos ao CN, ainda que o artigo 49, VII, CRFB, possa ser reconhecido como uma exceção a esta regra.
	A de;iberação sobre o projeto de decreto legislativo será operada em sessão conjunta da câmara e do senado, por maioria simples, não sendo possível amanisfestação do chefe do poder executivo através de veto.
6. Resolução (Art. 59, VII, CRFB)
	A resolução é a espécie normativa destinada ao exercício das competências do cn que dispensem o decreto legislativo (Ex.: Art. 68, §2º, CRFB), além disso, podem ser editadas pelas casas do CN, em separado. No caso da Câmara dos Deputados, para viabilizar o exercício de suas competências privativas (Art. 51, CRFB), no caso do Senado suas competências privativas estão descritas no artigo 52.
	A aprovação do projeto de resolução, caso a CF não determine em contrário, também será operado por maioria simples.
Em geral, as resoluções operam efeitos internos ao CN, oque poderá ser expecionado em algumashipóteses, a exemplo do artigo 52, p.ú., CRFB e o artigo 155, §2º,V, a, CRFB.
5. DAS PRERROGATIVAS PARLAMENTARES 
a) Imunidade material ou inviolabilidade (art. 53, caput, CRFB)
	A imunidade material, prevista no art. 53, caput, CRFB, garante aos parlamentares federais a inviolabilidade de seu mandato em decorrência da manifestação de suas opiniões, palavras e votos, não podendo ser responsabilizados civil e criminalmente. Devemos notar que a inviolabilidade não protege o mandato do parlamentar somente no âmbito do Congresso Nacional, mas também fora dele, desde que a manifestação decorra do exercício do respectivo mandato.
	Em decorrência, os Deputados Federais e Senadores, quando emitir qualquer manifestação que guarde conexão com o mandato, não praticam os chamados crimes de palavra (calúnia, injúria e difamação), pois a norma constitucional exclui a possibilidade de vir a ser aplicada a norma penal, sancionando a conduta do parlamentar. 
	Decerto, a imunidade material alcança também a responsabilidade civil decorrente de atos praticados por parlamentares no exercício de suas funções, desde que demonstrada a relação de pertinência com o mandato, não havendo sequer a possibilidade do Poder Judiciário conhecer de ação de indenização proposta contra o parlamentar em razão de manifestações decorrentes do exercício da função parlamentar, mesmo que as opiniões atacadas tenham sido proferidas, por exemplo, em uma entrevista concedida a qualquer órgão de imprensa. 
	Finalmente, parece razoável supor que inexiste, por igual, a possibilidade de sancionar politicamente o parlamentar, sob qualquer das modalidades de punição previstas no regimento da Casa Legislativa, por absoluta falta de coerência com a finalidade proposta pelo instituto, ou seja, conferir independência ao exercício da atividade parlamentar. Obviamente, tal assertiva deve ser tomada com reserva, pois, a falta de decoro por parte do parlamentar haverá de ensejar denúncia à comissão de ética da respectiva Casa, podendo resultar em punição, inclusive em cassação do mandato. 
OBS1: A imunidade material se presume quando está na Casa Legislativa, e deve ser comprovada quando o sujeito esteja forada Casa Legislativa.
Caso Bolsonaro x Maria do Rosário
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por entrevista na qual ele disse que a deputada Maria do Rosário (PT-RS) não merecia ser estuprada. Ao jornal "Zero Hora", ele declarou em dezembro de 2014 que ela era “muito ruim” e “muito feia”, e por isso não seria merecedora do estupro. Com a decisão, Bolsonaro passa à condição de réu. Ele vai responder por incitação ao crime, que tem pena de três a seis meses, e injúria, cuja punição varia de um a seis meses de detenção. Após as declarações de Bolsonaro, Maria do Rosário apresentou uma queixa-crime no STF pelos crimes de injúria e calúnia (este segundo crime foi rejeitado). Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) acionou o tribunal por apologia ao crime. A defesa de Bolsonaro argumentou que suas declarações são protegidas pelo artigo 53 da Constituição, que estabelece a imunidade parlamentar, não podendo ser responsabilizado civil ou penalmente por isso.
O relator do caso no STF, ministro Luiz Fux, argumentou que a imunidade parlamentar não se aplica a declarações dadas à imprensa e sem relação com o exercício do mandato. O fato de Bolsonaro ter dado a entrevista em seu gabinete, por telefone, é "meramente incidental", segundo Fux. Outros três ministros da Primeira Turma — Edson Fachin, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso — acompanharam o voto de Fux. Apenas Marco Aurélio Mello votou contra, usando o argumento da imunidade parlamentar.
OBS2:Fora da Casa Legislativa, o ato deve guardar conexão com o mandato parlamentar para que haja proteção da imunidade.
OBS3:O abuso nas imunidades pode acarretar falta de decoro parlamentar, e por conseqüência gerar a perda do cargo (art. 55).
OBS4:Conforme decidiu o STF no informativo 232, o jornalista que divulga na literalidade o fato sobre difamação/ofensa de senador em relação a outro congressista, não se responsabiliza por ele, salvo se emitir alguma opinião.
OBS5:Os fatos amparados pela imunidade material não ensejam crime em virtude da ausência de tipicidade. 
b)Imunidade formal (art. 53, §§ 2º, 3º, 4º e 5º, CRFB)
	A primeira fisionomia assumida pela imunidade formal consiste na impossibilidade dos parlamentares federais, após a diplomação, virem a sofrer prisão, salvo em flagrante, decorrente da prática de um crime inafiançável. Significa dizer que, em regra, desde a diplomação, os parlamentares federais não podem ser presos, seja em decorrência da prática de um crime, seja em decorrência de uma das causas de decretação da prisão civil, na forma do art. 5º, LXVII, CRFB.
OBS: De acordo com o inquérito 510, STF, os congressistas também podem ser presos por sentença penal condenatória definitiva.
	Entretanto, mesmo que ocorra a prisão, naquela excepcional hipótese de flagrância de crime inafiançável, os autos deverão ser remetidos em, no máximo, vinte e quatro horas, à Casa Legislativa por integrada pelo parlamentar federal, para que esta delibere sobre a manutenção da prisão, podendo resolver, por maioria absoluta, pela sua cessação imediata, na forma do art. 53, § 2º, CRFB.
OBS: No informativo 437, o STF afastou a incidência da imunidade do art. 53, §2º, ao argumento de que a absurda anomalia institucional impedia a Casa Legislativa de apreciar com imparcialidade a manutenção ou não da prisão (a quase totalidade dos membros da Casa estava envolvida com a prática criminosa). O parlamentar teve o pedido feito no HC denegado (situação excepcional). 
	A segunda fisionomia assumida pela imunidade formal ganha contornos decorrentes de suas implicações sobre os processos criminais que tenham em seu pólo passivo os parlamentares federais. Segundo a dicção atual do art. 53, § 3º, CRFB, recebida pelo Supremo Tribunal Federal denúncia (ou queixa) contra o parlamentar, por crime praticado após a diplomação, deverá o Tribunal dar ciência à respectiva Casa, podendo, por iniciativa de partido político nela representado, pelo voto da maioria absoluta dos membros da Casa, sustar o andamento do processo criminal, desde que ainda não tenha sido proferida decisão com trânsito em julgado.
	
	É de se notar que não mais se pode falar em imunidade processual em relação aos crimes praticados antes da diplomação, a uma, porque não haverá a necessidade do órgão julgador dar ciência do processo criminal à Casa Legislativa, a duas, porque não subsiste a possibilidade de sustação do processo por iniciativa de partido político nela representado.
OBS1. Imunidades dos deputados estaduais e distritais (arts. 27,§1º e 32, §3º)
- Possuem as mesmas imunidades que os congressistas.
OBS2. Imunidades dos vereadores (art. 29, VIII)
- Não possuem nenhuma imunidade formal, apenas material.
- Se a CE ou a LOM trouxerem referidas imunidades formais para os vereadores, os dispositivos serão considerados inconstitucionais. 
- Vereadores possuem imunidade material, mas limitada à circunscrição do município e no exercício da função.
c) Foro especial por prerrogativa de função 
	De acordo com o art. 53 §1º, os Deputados Federais e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o STF, pela prática de qualquer tipo de crime. A questão da competência para o julgamento dos parlamentares foi especificamente disciplinada pelo art. 84, CPP, entretanto, algumas questões devem ser analisadas sob o enfoque constitucional. 
1) crime cometido após a diplomação 
	A competência para o julgamento será do STF, podendo receber a denúncia ou a queixa sem qualquer licença prévia da Casa Legislativa, bastando que se lhe dê ciência do processo, podendo a Casa, a requerimento de partido político nela representado, por maioria absoluta, sustar o andamento do processo, desde que ainda não tenha sido proferida decisão com trânsito em julgado, ficando suspenso o prazo prescricional (CRFB, art. 53, § 5º). Cessado o mandato do parlamentar sem o julgamento definitivo, o processo deverá ser remetido à instância ordinária, pois, ao cancelar a súmula 394, o STF passou a entender que o foro especial cessa com o término do mandato. 
2) crime cometido antes da diplomação 
	Nesta hipótese, após a diplomação o processo deve ser remetido ao STF que, entendendo preenchidos os requisitos, dará prosseguimento à ação penal. Como se trata de crime praticado antes da diplomação, não incide a imunidade formal, significando dizer que o Poder Legislativo nada poderá fazer quanto ao andamento do processo. Encerrado o mandato sem que se tenha proferido decisão, cessará a competência do STF, que deverá remeter o processo ao juiz natural. 
OBS: na AP 396 (deputado Natan Donadan) o STF julgou a ação mesmo tendo o deputado renunciado na véspera do julgamento. A Corte entendeu ter havido inaceitável burla à sua jurisdição constitucional e também que a renúncia era abusiva. 
OBS2: parlamentar federal, ainda que licenciado da Casa para ocupar função de Ministro de Estado, Secretário de Estado, para tratamento de saúde, por exemplo, não perde o mandato, mantendo a ligação com o Poder Legislativo, de forma que deve manter o decoro parlamentar, sob pena de perda do cargo. Entretanto, fica com as imunidades material e formais suspensas, restando mantida intacta a prerrogativa de foro perante o STF.
d) Limitação ao dever de testemunhar (art. 53, § 6º, CRFB)
	Os Deputados Federais e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações (CRFB, art. 53, § 6º). Sendo assim, nada indica que os parlamentares estejam desobrigados a testemunhar, ou seja, se intimados na condição de testemunha deverão prestar depoimento, se reservando o direito de nada dizer acerca de informações ou fontes que lhes confiaram tais informações, se as tiver obtido em razão de sua condição de parlamentar.
	Entretanto, podemos dizer que, assim como outras autoridades,os parlamentares federais podem designar o local em que o seu depoimento será colhido, podendo ser em sua própria casa ou no local em que exerce o mandato, sendo razoável supor que ainda podem designar a data e o horário em que desejam fazê-lo. Não por outra razão, o art. 411, VI, CPC, designa tal possibilidade. 
e) Isenção do serviço militar (art. 53, § 7º, CRFB)
	Os parlamentares federais gozam, ainda, da imunidade quanto à prestação de serviço militar. Denota-se que a atividade parlamentar pressupõe o exercício de uma função da maior relevância para o País e para a sociedade brasileira. Por isso, esta prerrogativa desobriga o parlamentar de se incorporar às forças armadas, ainda que em tempo de guerra, sem prévia autorização de sua Casa Legislativa. Sendo assim, mesmo que o Congressista deseja se incorporar não poderá fazê-lo, salvo se renunciar ao mandato (CRFB, art. 53, § 7º). 
6. DO PODER EXECUTIVO
Os Conselhos da República e Conselho de Defesa Nacional
	O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, sendo que as suas manifestações não terão, sob qualquer hipótese, caráter vinculatório em relação às opções do Presidente da República (CRFB, art. 89, caput). Compõem o Conselho da República, além do Presidente da República, que o convoca e o preside, o Vice-Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal, os líderes da maioria e da minoria nas respectivas Casas, o Ministro da Justiça, assim como seis cidadãos brasileiros natos, maiores de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelas Casas do Congresso Nacional, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. 
	A Lei n. 8041/90 regula a organização e o funcionamento do Conselho da República, cujas competências constitucionais foram definidas no sentido de se pronunciar sobre a intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio, bem como questões reputadas relevantes pelo Presidente da República para a estabilidade das instituições democráticas.
 
	O Conselho de Defesa Nacional, também convocado e presidido pelo Presidente da República (CRFB, art. 84, XVIII), é órgão de consulta deste, nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático e dele participam como membros natos o Vice-Presidente da República, o Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal, o Ministro da Justiça, o Ministro de Estado da Defesa, O Ministro das Relações Exteriores, o Ministro do Planejamento e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
	A Lei n. 8183/91 regula a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional, competindo-lhe, nos termos da Constituição:
opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração de paz, bem como sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal;
propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a preservação e exploração dos recursos minerais de qualquer tipo;
estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático. 
	
Responsabilidade do Chefe do Poder Executivo Federal 
	
Os Crimes de Responsabilidade 
	O exercício de funções públicas, notadamente em razão de investidura de natureza política, direciona ao exercente (agente político) deveres que não são extensíveis aos demais agentes públicos (como os servidores, por exemplo). Sendo assim, o regime de responsabilização dos agentes políticos não sugere apenas a aplicação das normas previstas no Código Penal e na legislação penal especial, subsistindo um regime próprio de responsabilização.
	Os ilícitos praticados por agentes políticos, notadamente aqueles praticados pelo Presidente da República, em geral, são pluriobjetivos, ou seja, significam a violação de bens jurídicos tutelados em mais de uma esfera do Direito, importando na aplicação de sanções penais, civis, administrativas e políticas.
	Os crimes de responsabilidade correspondem às infrações político-administrativas, cujas sanções importam a vacância do cargo, a desinvestidura do agente e a sua inabilitação para o exercício de funções públicas por um determinado tempo. Consistem, assim, em sanções não penais, podendo ser aplicadas sem prejuízo destas.
	A Constituição Federal de 1988, em seu art. 85, estabelece em rol exemplificativo que serão considerados crimes de responsabilidade aqueles citados em seus incisos, entretanto, a Lei n. 1079/50, recentemente alterada pela Lei n. 10.028/00, trata de outras hipóteses de crime de responsabilidade, com ênfase nos crimes contra a lei orçamentária.[2: De acordo com a Súmula 722 do STF, a União é competente para legislar sobre crime de responsabilidade (definição, normas de processamento e julgamento).]
	Além do Presidente da República, também poderão ser responsabilizados politicamente e destituídos de seus cargos através de processo de impeachment, o Vice-Presidente da República (CRFB, art. 52, I), os Ministros de Estado, nos crimes conexos com aqueles praticados pelo Presidente (CRFB, art. 52, I), os Ministros do STF (CRFB, art. 52, II), os membros do Conselho Nacional de Justiça (CRFB, art. 52, II), o Procurador-Geral da República (CRFB, art. 52, II), bem como os Governadores e Prefeitos, como veremos adiante. 
	O processo de impeachment tem seu procedimento determinado pela Lei n. 1079/50, sendo seccionado em duas fases: 1) Juízo de Admissibilidade (Câmara dos Deputados) ; e 2) Processo e Julgamento (Senado Federal).
1) Juízo de Admissibilidade
	Nesta fase inicial, a Câmara dos Deputados se encarrega de analisar a possibilidade do processo prosseguir, ou seja, diante dos fatos e das provas produzidas pelo denunciante, aquela Casa Legislativa, pela maioria de 2/3 de seus membros, poderá admitir que o processo de impeachment seja instaurado e endereçado ao Senado Federal. Note-se que a Casa não há de formular juízo de valor sobre a procedência ou a improcedência das acusações, mas, tão somente, se pronunciar sobre a sua plausibilidade.[3: 	 A acusação poderá ser formalizada por qualquer do povo, desde que no pleno gozo de seus direitos políticos.]
OBS: Conforme decidiu o STF no MS 21564, já existe direito de defesa no curso desse juízo de admissibilidade realizado pela Câmara dos Deputados.
2) Processo e Julgamento
	Após a autorização da Câmara dos Deputados, o Senado Federal deverá instaurar o processo, sob a presidência do Presidente do STF, submetendo o Presidente da República a julgamento, assegurando-lhe a ampla defesa e o contraditório, podendo ao final absolvê-lo ou condená-lo pela prática do crime de responsabilidade.
	É oportuno lembrar que, instaurado o processo, o Presidente da República ficará suspenso de suas funções pelo prazo de cento e oitenta dias. Se o julgamento não estiver concluído no aludido prazo, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (CRFB, art. 86 §1º, II e § 2º).
	A sentença condenatória materializar-se-á através de uma Resolução do Senado Federal, somente podendo ser proferida se obtido voto da maioria qualificada de 2/3 de seus membros, limitando-se a condenação à perda do cargo e à inabilitação para o exercício de qualquer função pública por oito anos, sem prejuízo da aplicação das demais sanções judiciais cabíveis (CRFB, art. 52, parágrafo único).
	Ainda convém ressaltar que o art. 15, da Lei n. 1079/50, estabelece que “a denúncia só poderá ser recebida enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, deixado definitivamente o cargo”. O ex-Presidente Fernando Collor de Mello impetrou mandado de segurança no STF, alegando que houvera renunciado antes de proferida a sentença pelo Senado Federal, o que sustariaa tramitação do processo de impeachment. O STF, no julgamento do MS 21.689-1, por maioria de votos, decidiu que a renúncia ao cargo não extingue o processo que já fora este iniciado.
OBS: As penas perda de cargo e inabilitação por 8 anos não guardam entre si a relação de principal/acessória, são ambas autônomas (caso Collor, em que a renúncia inviabilizou a perda do cargo mas a inabilitação foi aplicada). Havendo renúncia ao cargo, quando já fora instaurado o processo, este prosseguirá até o fim.
	Ademais, o juízo natural do Presidente da República, quando do cometimento de crime de responsabilidade, é mesmo o Senado Federal, razão pela qual não subsiste qualquer possibilidade de que a decisão de tal órgão venha a ser revista pelo Poder Judiciário, no caso, pelo Supremo Tribunal Federal. 
OBS1: A autorização dada pela CD vincula o SF (que agora deverá processar o Presidente pelo crime de responsabilidade), mas não vincula o STF, que ainda fará novo juízo de admissibilidade da denúncia ou da queixa-crime e ao, final, poderá condenar ou absolver o Presidente, independente da decisão proferida pelo Senado Federal. 
OBS2: O SF é instância única e originária para o julgamento, por isso o STF não pode rever a decisão de mérito prolatada pelo SF (isto feriria o princípio da separação dos poderes); a Corte só pode avaliar (acionada através de MS) o respeito à legalidade e aos princípios constitucionais, como a ampla defesa / contraditório.
 Os Crimes Comuns
	A Lei n. 8038/90 instituiu normas procedimentais para os processos em face do Presidente da República, por crimes comuns, complementadas pelo Regimento Interno do STF (artigos 230 a 246). A Constituição Federal de 1988, em seu art. 86, prevê que o processo contra o Presidente da República, por crime comum, incluídos os crimes eleitorais, as contravenções penais, os delitos contra a vida e outros, também terá duas fases: 1) Juízo de Admissibilidade (Câmara dos Deputados) ; e 2) Processo e Julgamento (Supremo Tribunal Federal). 
1) Juízo de Admissibilidade
	Nesta fase inicial, a Câmara dos Deputados se encarrega de analisar a possibilidade do processo prosseguir, ou seja, diante dos fatos e das provas produzidas pelo denunciante, aquela Casa Legislativa, pela maioria de 2/3 de seus membros, poderá admitir que o processo de criminal siga seu curso. Note-se que, também aqui, a Casa não há de formular juízo de valor sobre a procedência ou a improcedência das acusações, mas, tão somente, se pronunciar sobre a continuidade ou não do processo.[4: 	 Interessa notar que apenas o desencadeamento da ação necessitará da licença parlamentar, não sendo exigível para a instauração do inquérito policial ou parlamentar (CPI) ou para o oferecimento da denúncia, da queixa subsidiária ou da queixa-crime. ][5: 	 A denúncia, quanto aos crimes comuns, deve ser oferecida pelo Procurador-Geral da República, em se tratando de ação penal pública. Em se tratando de ação penal privada, a queixa-crime deve ser oferecida ao Tribunal pelo próprio ofendido. ]
2) Processo e Julgamento
	Esta fase se inicia com o recebimento da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal, ficando, da mesma forma que no caso anterior, o Presidente da República afastado de suas funções durante o prazo de cento e oitenta dias. Se o julgamento não estiver concluído no aludido prazo, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo (CRFB, art. 86 §1º, II e § 2º).
A condenação pelo crime comum implica na perda do cargo e a suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da pena (CRFB, art. 15, III). Normalmente, a inelegibilidade cessa com a extinção da pena, entretanto, em se tratando dos crimes elencados na alínea e do inciso I, do art. 1º , da LC n. 64/90, esta se prolongará por mais três anos.
	Cabe salientar que a renúncia do Presidente da República, a sua condenação ou mesmo a sua absolvição quanto à prática de crime de responsabilidade, não inibe a possibilidade de que se aplique sanção penal, contudo, depois de cessado o mandato, o processo deverá ser remetido pelo STF para o órgão competente para conhecer da matéria. 
OBS1: As penas são aquelas previstas em abstrato no tipo penal. 
OBS2:Como conseqüência da condenação, temos no art. 15, III, a suspensão dos direitos políticos, o que gera a perda do cargo (o que se dá de forma reflexa). A condenação aplicada será a prevista no tipo penal, e não a perda do cargo (como pena principal), que só ocorrerá no caso de crime de responsabilidade. 
OBS3:A denúncia, nos casos de ação penal pública, será ofertada pelo PGR.
As imunidades do Presidente da República
O Presidente da República não possui imunidade material, apenas imunidades formais. 
1. Prisão (art. 86, §3º)
	O Presidente da República somente poderá ser preso depois que sobrevier sentença penal condenatória (CRFB, art. 86, § 3º). 
OBS: Não há prisão em flagrante, preventiva ou temporária. (Não confundir este art. com o 53, §2º)
2. Cláusula de irresponsabilidade penal relativa (art. 86, §4º)
	Conforme a regra do art. 86, §4º , da CRFB, o Presidente da República, durante a vigência do mandato, não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. Desta forma, as infrações penais por ele praticadas somente serão passíveis de processo e julgamento, com eventual condenação, se guardarem relação com o exercício do mandato presidencial.
	Assim, as infrações penais praticadas antes do início do mandato ou durante a sua vigência, que não tenham se produzido em razão do mandato, não poderão ser objeto de persecução criminal, ficando esta provisoriamente inibida, acarretando a suspensão do prazo prescricional. Trata-se, na espécie, de verdadeira irresponsabilidade penal relativa, pois a imunidade atinge somente os crimes praticados antes do mandato, ou durante, sem relação funcional. 
	
	Quanto às infrações de natureza civil, política, administrativa, fiscal ou tributária, poderá o Presidente ser responsabilizado, pois a imunidade somente abrange os ilícitos penais que não tenham sido praticados em razão do mandato. Note-se que, em caso de condenação criminal do Presidente da República durante o curso de seu mandato, hipótese que somente poderá ocorrer se o crime for dele decorrente, a sanção a ser aplicada é aquela prevista no tipo penal. A perda do cargo somente ocorrerá por via reflexa, pois, ficando suspensos os direitos políticos do Presidente da República (CRFB, art. 15, III), não poderá continuar a exercer a função para a qual fora eleito. 
OBS: Somente a imunidade referente à autorização pela Câmara dos Deputados lhe foi entregue enquanto Chefe de Governo; as demais foram previstas para o Chefe de Estado. Por isso, de acordo com a interpretação do STF, as regras sobre a imunidade formal em relação à prisão (art. 86, §3º), bem como aquelas relacionadas à imunidade penal relativa (art. 86, §4º), não podem ser estendidas aos Governadores e Prefeitos por atos normativos próprios, na medida em que as regras sobre a matéria estão reservadas à competência exclusiva da União. 
OBS2: A infração penal praticada antes do mandato não tem qualquer relação funcional, ficando provisoriamente inibida e acarretando a suspensão do curso da prescrição.
Responsabilidade do Chefe do Poder Executivo e dos Secretários Estaduais 
	
Os Crimes Comuns e os Crimes de Responsabilidade
	Os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, quanto aos crimes comuns, são julgados perante o Superior Tribunal de Justiça, após a autorização de, pelo menos, 2/3 dos membros da respectiva Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, não subsistindo em favor de tais Chefes do Poder Executivo a imunidade quanto à prisão e a cláusula de irresponsabilidade penal relativa.[6: O STF decidiu na ADI 1021 e no HC 80511 que somente a imunidade referente à autorização do processo seria extensível aos Governadores, se houver previsão expressa na respectivaConstituição Estadual.]
	
	Constituem crimes de responsabilidade dos governadores dos Estados ou dos seus Secretários, quando por eles praticados, os atos definidos como crimes na Lei n. 1079/50, sendo permitido a todo cidadão denunciar o Governador perante a Assembléia Legislativa pela prática de qualquer dos crimes de responsabilidade elencados pela legislação. 
	
	A denúncia assinada pelo denunciante e, com a firma reconhecida, deve ser acompanhada dos documentos que a comprovem, ou da declaração de impossibilidade de apresentá-los com a indicação do local em que possam ser encontrados, não podendo ser recebida a denúncia depois que o Governador, por qualquer motivo, houver deixado definitivamente o cargo.
	Apresentada a denúncia, se a Assembléia Legislativa, por maioria absoluta, decretar a procedência da acusação, será o Governador imediatamente suspenso de suas funções, devendo ser julgado pela forma que determinar a Constituição do Estado e somente poderá ser condenado à perda do cargo, com inabilitação até cinco anos para o exercício de qualquer função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 
	Quando o tribunal de julgamento for de jurisdição mista serão iguais, pelo número, os representantes dos órgãos que o integrarem, excluído o Presidente, que será o Presidente do Tribunal de Justiça. Em qualquer hipótese, só poderá ser decretada a condenação pelo voto de dois terços dos membros de que se compuser o tribunal de julgamento.
       
	Nos Estados, onde as Constituições não determinarem o processo nos crimes de responsabilidade dos Governadores, aplicar-se-á o disposto na Lei n. 1079/50, devendo, porém, o julgamento ser proferido por um tribunal composto de cinco membros do Legislativo e de cinco desembargadores sob a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá direito de voto no caso de empate. Os membros do Poder Legislativo serão escolhidos mediante eleição pela Assembléia Legislativa, enquanto os desembargadores o serão mediante sorteio.
        Convém ressaltar, ainda, dois aspectos: os Secretários de Estado, nos crimes conexos com os dos governadores, serão sujeitos ao mesmo processo e julgamento e, desde o recebimento da denúncia ou da queixa-crime pelo STJ (somente após a autorização da Assembléia Legislativa) ou após a autorização do processo político-adminsitrativo pela Casa Legislativa estadual ou distrital, o Governador ficará suspenso de suas funções.
Responsabilidade do Chefe do Poder Executivo e dos Secretários Municipais 
Os Crimes Comuns e os Crimes de Responsabilidade
	Os Prefeitos, quanto aos crimes comuns, inclusive os dolosos contra a vida, os crimes de ação penal privada e as contravenções penais, e nos “crimes de responsabilidade” elencados no DL 201/67, que são denominados “crimes de responsabilidade impróprios” porque nada têm de infração político-administrativa, são julgados perante o Tribunal de Justiça do Estado em que se localiza Município por ele governado, independentemente de autorização da Câmara Municipal.
	
	O inquérito policial ou a ação penal contra a pessoa que toma posse como prefeito devem ser encaminhados ao Tribunal de Justiça, podendo as diligências virem a ser acompanhadas pelo Procurador-Geral de Justiça ou por membro do Ministério Público por ele designado, assim como o oferecimento da denúncia. 
	No entanto, se o crime é praticado contra patrimônio da União ou relacionado a bens cuja prestação de contas seja feita a órgão federal, a competência para o julgamento do Prefeito passa a ser do Tribunal Regional Federal (Súmula 208, STJ), mas, caso a verba já tenha sido incorporada ao patrimônio do Município, a competência permanece sendo do Tribunal de Justiça (Súmula 209, STJ).
	A condenação definitiva por crime comum ou de responsabilidade impróprio implica a suspensão dos direitos políticos do Prefeito (CRFB, art. 15, III), a perda do mandato e a inelegibilidade por três anos, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. 
OBS: Os crimes do art. 1º do Decreto Lei 201/67 são comuns e serão julgados no Judiciário. Já as infrações político-administrativas do art. 4º do mesmo Decreto são efetivamente crimes responsabilidade, portanto de julgamento a ser realizado na Câmara dos Vereadores.
DO PODER JUDICIÁRIO: FUNDAMENTO, ATRIBUIÇÕES E GARANTIAS
Espécies de garantias do Poder Judiciário 
As garantias do Poder Judiciário encontram sua melhor classificação nos ensinamentos de José Afonso da Silva, que as divide em duas espécies principais: garantias institucionais e garantias funcionais. 
As garantias institucionais subdividem-se em garantias de autonomia orgânicoadministrativa e garantias de autonomia financeira. 
As garantias de autonomia orgânicoadministrativa consistem na capacidade que o Judiciário tem de estruturar e promover o funcionamento dos seus próprios órgãos, sem a interferência de outros poderes. Estão previstas no artigo 96 do texto constitucional. 
Já as garantias de autonomia financeira estão dispostas no artigo 99 da Constituição e se manifestam no poder que o Judiciário tem de elaborar seu próprio orçamento. 
No tocante às garantias funcionais, estas “asseguram a independência e a imparcialidade dos membros do Poder Judiciário” e por sua vez, desmembram-se em garantias de independência dos órgãos judiciários (previstas no artigo 95 da Lei Fundamental) e garantias de imparcialidade dos órgãos judiciários, arraigadas no § único do artigo 95 da carta constitucional, bem como no artigo 36 da Lei Complementar 35/1979. 
Garantias de independência dos órgãos judiciários
As garantias de independência dos órgãos judiciários configuram a denominada tríplice garantia e compreendem a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios, institutos explicitados a seguir. 
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: 
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; 
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; 
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 14 
VITALICIEDADE
 É a garantia constitucional prevista no inciso I do artigo 95 da Constituição Federal que só pode ser adquirida no primeiro grau de jurisdição após dois anos de estágio probatório e confere ao magistrado a vinculação deste ao seu cargo, em ânimo definitivo. Isso significa dizer que o juiz vitalício só perde o cargo “por vontade própria (exoneração e aposentadoria), pela aposentadoria compulsória aos setenta anos ou por sentença judicial transitada em julgado,” em processo adequado onde lhe seja assegurado o contraditório e a ampla defesa ou ainda, por disponibilidade.
Durante o estágio probatório, a perda do cargo depende de proposta do Tribunal ou Órgão Especial competente, acolhida pelo voto da maioria absoluta de seus membros efetivos, conforme preceitua a Resolução 30/2007 do CNJ.
Nesse período serão avaliados critérios específicos para a aquisição da vitaliciedade, tais como as aptidões do juiz, sua idoneidade moral, bem como a adaptação ao cargo e às funções, consoante o disposto no artigo 15 da Resolução n° 1/2008, do Conselho da Justiça Federal. O Superior Tribunal de Justiça acresce a estes critérios de avaliação os requisitos da disciplina, assiduidade e eficiência.
Em se tratando de vitaliciedade, a disponibilidade dar-se-á no caso de extinção do cargo, por motivo de interesse público, de acordo com a Súmula n° 11 do Supremo Tribunal Federal.56 Nesta hipótese os proventos são proporcionais ao tempo de contribuição. 
Os membros dos Tribunais Superiores também gozam das mesmas garantias dos demais membros do Poder Judiciário, porém, aqui, a vitaliciedade possui

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