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3GE HISTÓRIA 2017 O passo final é reforçar os estudos sobre atualidades, pois as pro- vas exigem alunos cada vez mais antenados com os principais fatos que ocorrem no Brasil e no mundo. Além disso, é preciso conhecer em detalhes o seu processo seletivo – o Enem, por exemplo, é bem diferente dos demais vestibulares. arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ O GE Enem e o GE Fuvest são verda- deiros “manuais de instrução”, que mantêm você atualizado sobre todos os segredos dos dois maiores vestibulares do país. Com duas edições no ano, o GE ATUALIDADES traz fatos do noticiário que podem cair nas próximas provas – e com explicações claras, para quem não tem o costume de ler jornais nem revistas. Um plano para os seus estudos Este GUIA DO ESTUDANTE HISTÓRIA oferece uma ajuda e tanto para as provas, mas é claro que um único guia não abrange toda a preparação necessária para o Enem e os demais vestibulares. É por isso que o GUIA DO ESTUDANTE tem uma série de publicações que, juntas, fornecem um material completo para um ótimo plano de estudos. O ro- teiro a seguir é uma sugestão de como você pode tirar melhor proveito de nossos guias, seguindo uma trilha segura para o sucesso nas provas. O primeiro passo para todo vestibulando é escolher com clareza a carreira e a universidade onde pretende estudar. Conhecendo o grau de dificuldade do processo seletivo e as matérias que têm peso maior na hora da prova, fica bem mais fácil planejar os seus estudos para obter bons resultados. arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ O GE PROFISSÕES traz todos os cursos superiores existentes no Brasil, explica em detalhes as carac- terísticas de mais de 260 carreiras e ainda indica as instituições que oferecem os cursos de melhor qualidade, de acordo com o ranking de estrelas do GUIA DO ESTUDANTE e com a avaliação oficial do MEC. Para começar os estudos, nada melhor do que revisar os pontos mais importantes das principais matérias do Ensino Médio. Você pode repassar todas as matérias ou focar apenas em algumas delas. Além de rever os conteúdos, é fundamental fazer muito exercício para praticar. arrow COMO O GE PODE AJUDAR VOCÊ Além do GE HISTÓRIA, que você já tem em mãos, produzimos um guia para cada matéria do Ensino Médio: GE Matemática, Geografia, Português, Redação, Biologia, Química e Física. Todos reúnem os temas que mais caem nas provas, trazem muitas questões de vestibulares para fazer e têm uma linguagem fácil de entender, permitindo que você estude sozinho. Os guias ficam um ano nas bancas – com exceção do ATUALIDADES, que é semestral. Você pode comprá-los também nas lojas on-line das livrarias Saraiva e Cultura. CAPA: 45 JUJUBAS 1 Decida o que vai prestar 2 Revise as matérias-chave 3 Mantenha-se atualizado FALE COM A GENTE: Av. das Nações Unidas, 7221, 18º andar, CEP 05425-902, São Paulo/SP, ou email para: guiadoestudante.abril@atleitor.com.br CALENDÁRIO GE 2016 Veja quando são lançadas as nossas publicações MÊS PUBLICAÇÃO Janeiro Fevereiro GE HISTÓRIA Março GE ATUALIDADES 1 Abril GE GEOGRAFIA GE QUÍMICA Maio GE PORTUGUÊS GE BIOLOGIA Junho GE ENEM GE FUVEST Julho GE REDAÇÃO Agosto GE ATUALIDADES 2 Setembro GE MATEMÁTICA GE FÍSICA Outubro GE PROFISSÕES Novembro Dezembro APRESENTAÇÃO 6 GE HISTÓRIA 2017 CARTA AO LEITOR JE SUIS CHARLIE Em janeiro de 2015, Paris foi tomada por manifestantes em favor da liberdade de expressão A imagem acima foi captada pelo fotógrafo Stéphane Mahé no dia 11 de janeiro de 2015, quando milhares de pessoas foram às ruas de Paris manifestar seu apoio à liberdade de expressão. A França vivia um período de comoção geral, dias após o aten-tado de extremistas islâmicos à sede do jornal satírico Charlie Hebdo, que deixou 12 mortos entre jornalistas e cartunistas.Para quem acha que a foto é vagamente familiar, sugiro uma consulta rapidinha à imagem da página 56 deste Guia. Vai lá, eu espero... Além da incrível semelhança, a comparação entre a icônica tela de A Liberdade Guiando o Povo, do pintor romântico Eugène Delacroix, e a foto dos manifestan- tes na Place de la Nation se torna mais forte porque ambas as imagens exaltam a liberdade como um valor essencial para uma nação. A tela de Delacroix faz alusão à Revolução Liberal de 1830, quando a população se revoltou contra a decisão do rei Carlos X de abolir a liberdade de imprensa e dissolver a assembleia. A liberdade é representada por uma deusa grega clássica segurando a bandeira francesa. Já a fotografia de Mahé nos mostra vários mani- festantes sobre a escultura O Triunfo da República – um deles segura um enorme lápis, simbolizando a liberdade de expressão e as ideias contra a intolerância. A analogia explica um pouco por que a História é uma disciplina tão fascinante. A partir de um acontecimento que chocou o mundo, construímos pontes com fatos históricos, ampliando a discussão para os valores democráticos e as ale- gorias artísticas, o que torna essas relações temáticas muito mais estimulantes. Nas páginas a seguir, você verá com bastante frequência esse diálogo entre o passado e os fatos que movem o mundo de hoje. Trata-se de uma característica comum a todas as publicações do GUIA DO ESTUDANTE: a união entre a aborda- gem jornalística presente no noticiário atual e o didatismo que a preparação para os exames exige. É um desafio que encaramos com muito prazer e dedicação há quase uma década. E este ano foi ainda mais especial, porque promovemos uma reformulação editorial e gráfica no Guia, com a parceria preciosa e indispensável do professor Julio Cesar de Souza. Boa leitura e sucesso nos exames! arrow Fábio Akio Sasaki, editor – fabio.sasaki@abril.com.br A História e a liberdade 8 EM CADA 10 APROVADOS NA USP USARAM SEL O D E Q UA L IDA D E G U I A D O E S T U D A N T E O selo de qualidade acima é resultado de uma pes- quisa realizada com 351 estudantes aprovados em três dos principais cursos da Universidade de São Paulo no vestibular 2015. São eles: � DIREITO, DA FACULDADE DO LARGO SÃO FRANCISCO; � ENGENHARIA, DA ESCOLA POLITÉCNICA; e � MEDICINA, DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP dot 8 em cada 10 entrevistados na pesquisa usaram algum conteúdo do GUIA DO ESTUDANTE durante sua preparação para o vestibular. dot Entre os que utilizaram versões impressas do GUIA DO ESTUDANTE: 88% disseram que os guias ajudaram na preparação. 97% recomendaram os guias para outros estudantes. TESTADO E APROVADO! A pesquisa quantitativa por meio de entrevista pessoal foi realizada nos dias 11 e 12 de fevereiro de 2015, nos campi de matrícula dos cursos de Direito, Medicina e Engenharia da Universidade de São Paulo (USP). � Universo total de estudantes aprovados nesses cursos: 1.725 alunos. � Amostra utilizada na pesquisa: 351 entrevistados. � Margem de erro amostral: 4,7 pontos percentuais. ST ÉP H AN E M AH É/ RE U TE RS 7GE HISTÓRIA 2017 Sumário arrow História VESTIBULAR + ENEM 2017 EFEMÉRIDES 8 Os principais eventos históricos que completam aniversário em 2016 ANTIGUIDADE 10 Atentado à história O ataque do Estado Islâmico a sítios arqueológicos 12 Primeiras civilizações Pré-História, Mesopotâmia e Egito 14 Civilizações pré-colombianas A América antes dos europeus 15 Grécia O berço da civilização ocidental, da democracia e da filosofia 18 Roma A civilização mais poderosa da história 20 Linha do tempo A cronologia dos principais fatos da Antiguidade 22 Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção IDADE MÉDIA 24 Sob a autoridade de Deus ou do Estado? O Estado laico em debate 26 O poder da Igreja A força da principal instituição da Europa medieval 28 Império Árabe A origem do Islamismo e a unificação política 30 Reino Franco O Império Carolíngio sob o comando de Carlos Magno 31 Feudalismo O sistema político e econômico que predominou na Europa 34 Linha do tempo A cronologia dos principais fatos da Idade Média 36 Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção IDADE MODERNA 38 Sem perder a majestade O longo reinado de Elizabeth II 40 Renascimento O movimento intelectual e artístico que marcou a era 42 Reforma religiosa A contestação dos dogmas da Igreja Católica 44 Absolutismo e mercantilismo O poder nas mãos dos reis 46 Expansão marítima e colonização da América As grandes navegações e as mudanças decorrentes da chegada de Colombo ao Novo Continente 48 Revoluções inglesas do séc. XVII A burguesia contra o Absolutismo 49 Liberalismo e Iluminismo Uma nova forma de pensar no Ocidente 51 Linha do tempo A cronologia dos principais fatos da Idade Moderna 52 Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção IDADE CONTEMPORÂNEA 54 Rota de fuga O drama dos mais de 54 milhões de refugiados 56 Revolução Francesa A revolta burguesa que transformou o mundo 58 Revolução Industrial O capitalismo e as mudanças no trabalho 60 Independência da América espanhola Liberdade sem rompimento 61 Doutrinas sociais e políticas do séc. XIX As teorias do período 62 Primavera dos Povos e Comuna de Paris Insurgências socialistas 63 Unificação da Alemanha e da Itália O surgimento de novas forças 64 Imperialismo As potências europeias partilham o globo entre si 66 I Guerra Mundial O choque de imperialismos e o brutal confronto 68 Revolução Russa Surge a primeira nação socialista do planeta 70 Grande Depressão A quebra da bolsa e a pior crise econômica do século 71 Nazifascismo O avanço do totalitarismo na Alemanha e na Itália 72 II Guerra Mundial O maior conflito da história redefine as forças 74 Guerra Fria A ameaça mútua entre duas superpotências 76 Revolução Chinesa Mao Tsé-tung e o nascimento do gigante comunista 77 Revolução Cubana O comunismo desembarca nas Américas 78 Descolonização afro-asiática As colônias obtêm a independência 79 Guerra do Vietnã A derrota dos Estados Unidos nas selvas asiáticas 80 Fim da Guerra Fria O efeito dominó provocado pela derrocada soviética 82 Linha do tempo A cronologia dos marcos da Idade Contemporânea 84 Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção BRASIL COLÔNIA 86 Direito sobre a terra A comunidade indígena contra os ruralistas 88 Organização político-administrativa Portugal e o controle da colônia 89 Economia e sociedade colonial As riquezas do Brasil para a metrópole 91 Interiorização Bandeirantes e jesuítas desbravam o interior 92 Escravidão A cruel exploração de índios e negros africanos 94 Independência O Brasil ganha soberania sem alterar a estrutura social 96 Linha do tempo A cronologia dos principais fatos do Brasil Colônia 98 Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção BRASIL IMPÉRIO 100 Desafios da integração As divergências entre os membros do Mercosul 102 Primeiro Reinado O breve e conturbado governo de Dom Pedro I 103 Regências Governos provisórios e agitação política 105 Segundo Reinado Dom Pedro II e o último capítulo da monarquia 108 Linha do tempo A cronologia dos principais fatos do Brasil Império 110 Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção BRASIL REPÚBLICA 112 Um governo sob pressão A presidente Dilma e o impeachment 114 República da Espada Os militares comandam um regime centralizador 115 República Oligárquica Minas Gerais e São Paulo dão as cartas 118 Primeiro governo Vargas Desenvolvimento e autoritarismo 120 República Democrática Um período de ameaças institucionais 123 Ditadura militar O golpe de Estado e a violação dos direitos 126 Nova República A volta da democracia e a busca por estabilidade 128 Linha do tempo A cronologia dos principais fatos do Brasil República 130 Como cai na prova + Resumo Questões comentadas e síntese da seção RAIO X 132 As preciosas informações contidas nos enunciados das questões SIMULADO 134 29 questões e resoluções passo a passo EFEMÉRIDES 8 GE HISTÓRIA 2017 500 ANOS - 1516 ȗ�Descoberta do Uruguai 200 ANOS – 1816 ȗ�Independência da Argentina 100 ANOS – 1916 ȗ��-*(0'"�ûç*��*�+-$( $-*�Código Civil Brasileiro ȗ���!ġ.$�*��' (ç*��'� -/��$)./ $)�+0�'$�����Teoria da Relatividade Geral ȗ���-�)� . .� ��' (ç .�. � )!- )/�(�)��Batalha de VerdunǼ�0(��*.�+-$)�$+�$.��*)!-*)/*.�� ��� ��0 --���0)�$�' ȗ��$(����Guerra do Contestado 90 ANOS – 1926 ȗ�Ascensão do imperador��$�#$)*($4��Hiroito��*�/-*)*��*���+ç* ȗ�Posse de Washington LuísǼ�ŭ'/$(*�+- .$� )/ ����� +ŭ�'$���� '#� 80 ANOS – 1936 ȗ� )ġ�$*����Guerra Civil Espanhola ȗ��� )$/*��0..*'$)$� ���*'!� $/' -�+-*�'�(�(�*� $3*��*(�Ȑ� -'$(Ǽ���aliança nazifascista 70 ANOS – 1946 ȗ��0�)��*($)"*�Perón�ą� ' $/*�)���-" )/$)� ȗ����*-���*/*-��*(+�)4�$(+'�)/����automação�)��+-*�0ûç*�� ��0/*(Ł1 $. ȗ���0-$�*���.+�-�Dutra��..0( ����- .$�Ć)�$�� �+-*(0'"����quinta Constituição brasileira ȗ�� - �$/*��*�%0'"�( )/*��*�Tribunal de Nuremberg 60 ANOS – 1956 ȗ���$&$/���-0.�# 1Ǽ��$-$" )/ ��������� )/- �ǔǜǘǖ� �ǔǜǙǗǼ�� )0)�$��*.�crimes cometidos por Stálin ȗ�Tropas soviéticas bombardeiam a Hungria� ȗ�Juscelino��0�$/.�# &�/*(��+*.. � �'�)û��*�Plano de Metas 50 ANOS – 1966 ȗ� )ġ�$*����Revolução Cultural na ChinaǼ�$)./$/0ġ���+*-���*��.ąȐ/0)" 40 ANOS – 1976 ȗ�Reunificação do Vietnã��*��*-/ � ��*��0' ȗ�Início do regime militar na ArgentinaǼ�,0 ��0-�-$���/ą�ǔǜǛǖ ȗ�Morte de Mao Tsé-tung ȗ�Morte de Juscelino Kubitschek ȗ�Morte de João Goulart 30 ANOS – 1986 ȗ��Acidente nuclear em ChernobylǼ�)���)$ç*��*1$ą/$��Ǽ�(�/��ǖǔ�+ ..*�.� �+-*1*���($'#Ń .�� � ���.*.�� ��æ)� - ȗ����ônibus espacial Challenger explode��0-�)/ �*�1**� �(�/��. / ��./-*)�0/�.�� )*-/ Ȑ�( -$��)*. ȗ���"*1 -)*��*.ą���-) 4�'�)û��*�Plano Cruzado 20 ANOS – 1996 ȗ���milícia Taliban toma CabulǼ���+$/�'��*��! "�)$./ç* ȗ���.��$)�*�+*/Ć)�$�.�)0�' �- .��..$)�(�*�Tratado para a Proibição Completa de Testes Nucleares 10 ANOS – 2006 ȗ���)/-�� (�1$"*-�*�Protocolo de KyotoǼ�+-$( $-*���*-�*�" -�'�+�-��- �0ûç*�� � ($..ç*�� � "�. .��*� ! $/*� ./0!� ȗ�Morte de Saddam Hussein Fique de olho nas efemérides em 2016 Efeméride é o nome que damos para aquelas datas redondas, em que lembramos fatos relevantes ocorridos 10, 50 ou 100 anos atrás. Veja quais acontecimentos históricos estão celebrando aniversário e podem ser explorados nos principais vestibulares. 10 GE HISTÓRIA 2017 ANTIGUIDADE 1 CONTEÚDO DESTE CAPÍTULOarrow Primeiras civilizações ....................................................................................12arrow Civilizações Pré-Colombianas .....................................................................14 arrow Grécia ...................................................................................................................15 arrow Roma ....................................................................................................................18 arrow Linha do tempo ................................................................................................20 arrow Como cai na prova + Resumo .......................................................................22 BARBÁRIE NO DESERTO Membros do Estado Islâmico rendem soldados sírios em frente ao anfiteatro da cidade histórica de Palmira, sob controle da organização extremista D esde que se consolidou como uma po-derosa organização militar em 2014, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) vem assumindo o controle de amplas áreas nos territórios da Síria e do Iraque. Em maio de 2015, o EI obteve uma de suas mais importan- tes conquistas: a cidade de Palmira, um oásis localizado na região central da Síria. Além de ser estratégica por dispor de modernas instala- ções militares e estar próxima a campos de gás e petróleo, Palmira também tem um inestimável valor histórico. Fundada há pelo menos 4 mil anos, a cidade converteu-se em um importante polo cultural e comercial nos séculos I e II, abrigando uma rica arquitetura que combina os estilos greco-romano e persa. Mas todo esse legado material histórico está sendo pulverizado pelo EI. Após conquistar Palmira, os insurgentes destruíram relíquias milenares, como os Templos de Bel e de Baal- Shamin, além do Arco do Triunfo da cidade antiga. Esses sítios somam-se à lista de pa- trimônios históricos e culturais que o EI vem transformando em pó nos últimos meses. No Iraque, a cidade histórica de Nimrud, ex-capital do Império Assírio, e a antiga cidade de Hatra, fundada durante o Império Parta, também foram destruídas pelo grupo. Além de promover execuções em massa e sub- meter comunidades inteiras à sua tática de terror, os líderes do EI alegam que estátuas, monumentos e templos históricos estimulam a idolatria a falsos deuses – sempre guiados por sua visão deturpa- da da lei islâmica. Quando não são destruídos, os artefatos são colocados à venda no mercado negro, representando uma expressiva fonte de renda para o grupo. Além disso, a aniquilação desses sítios históricos servem à estratégia do EI de causar um escândalo midiático e chocar o mundo, angariando, assim, mais atenção. Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), enti- dade responsável por preservar e reconhecer os patrimônios da humanidade, as ações do EI são “um crime intolerável contra a civilização”. Mas a instituição ressalta que a destruição desses te- souros arqueológicos não é capaz de apagar a rica história deixada pelas civilizações da Antiguidade. Nas pá- ginas seguintes, você conhecerá um pouco mais sobre a herança histórica e cultural desses povos. Monumentos considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco no Iraque e na Síria são destruídos pelo grupo extremista Estado Islâmico Atentado à história 11GE HISTÓRIA 2017 HO/WELAYAT HOMS/AFP 12 GE HISTÓRIA 2017 ANTIGUIDADE PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES O período conhecido como Pré- História teve início cerca de 5,5 milhões de anos atrás, com o surgimento dos primeiros hominíde- os (família de primatas ancestrais do homem) e se estendeu até aproxima- damente o ano de 4000 a.C., quando a escrita foi inventada e começaram a aparecer as primeiras civilizações. Esses milhões de anos foram marcados pela evolução das espécies humanas, que culminou com o surgimento do homem moderno, chamado de Homo sapiens, entre 200 mil e 100 mil anos atrás. Nesse início da Pré-História, que compreende o chamado Período Paleo- lítico (também conhecido como Idade da Pedra Lascada), os humanos viviam em grupos nômades, isto é, não estavam fixos à terra. Eram essencialmente ca- çadores e coletores. Entre suas carac- terísticas culturais, podemos destacar a fabricação de objetos de pedra, a uti- lização do fogo e o desenvolvimento da linguagem oral, além de datarem dessa época as primeiras pinturas rupestres. Revolução Agrícola e Urbana A situação dos grupos humanos foi radicalmente alterada por volta do ano de 10000 a.C., com o fim da última gla- ciação. As mudanças climáticas e físicas do planeta proporcionaram o surgimento de vales férteis e de imensos rios em re- giões anteriormente áridas. Com isso, os homens se fixaram à terra, iniciando as primeiras práticas agrícolas e a domesti- cação de animais por volta de 8000 a.C. Essas mudanças, conhecidas como Re- volução Agrícola ou Neolítica, marcam o início do Período Neolítico, também co- nhecido como Idade da Pedra Polida. Essa época é caracterizada pela transformação dos grupos humanos de coletores em produtores e pela sedentarização desses grupos, o que permitiu a ocorrência da Revolução Urbana. A sedentarização, o crescimento do número de integrantes das famílias e a progressiva aproximação entre elas conduziram essas comuni- dades à criação de um espaço de vida comum, composto de construções que abrigavam e protegiam seus membros. Foram criadas, ainda, regras para regular o convívio. Construiu-se uma sociedade com base no conceito de cooperação – a terra, os rebanhos e os instrumentos eram de todos, e o indivíduo só poderia se considerar dono deles se pertences- se à comunidade. A economia também evoluiu: as tribos passaram a produzir mais do que precisavam para consumo próprio e a trocar esses excedentes com outras comunidades. Entre 5000 a.C. e 4000 a.C., alguns grupos começaram a utilizar o cobre na fabricação de utensílios e armas, no pe- ríodo que ficou conhecido como Idade dos Metais. Posteriormente também foram descobertos o bronze (2500 a.C.) e o ferro (1.200 a.C.). A superioridade militar desses grupos de metalúrgicos obrigou outras comunidades a torna- rem suas sociedades mais complexas, sendo atribuída aos governos uma nova função: a de proteção de seus membros. Mesopotâmia e Egito O surgimento desses núcleos urbanos deu origem às primeiras cidades-Es- tado, que serviram de base para as pri- meiras civilizações do Oriente Médio: a Mesopotâmia e o Egito. Politicamente, tanto Egito como Mesopotâmia eram organizadas na forma de teocracias, na qual o soberano detinha os poderes político e religioso e a classe dos sa- cerdotes possuía privilégios especiais. De uma forma geral, podemos situar as atividades econômicas de Egito e Mesopotâmia no chamado Modo de Produção Asiático. Por essa definição, todas as terras pertenciam ao Estado e eram utilizadas pela comunidade, que consumia sua própria produção e estava obrigada a entregar o excedente para os governantes. A obrigação de todos os homens livres de prestarem serviços ao Estado é conhecida, nessa forma de organização, como servidão coletiva. Além disso, por estarem situadas ao longo de grandes rios – o Egito banhado pelo Rio Nilo e a Mesopotâmia desen- volvida entre os rios Tigre e Eufrates –, as comunidades dependiam do controle sobre os seus ciclos de cheias e vazões. Desenvolveram, assim, as civilizações de regadio, com o domínio de técnicas de irrigação que envolviam a constru- ção de diques e canais. Ao contrário do Egito, que, desde aproximadamente 3200 a.C., se cons- tituiu como um Estado centralizado, a Mesopotâmia foi dominada por sucessi- vos povos que impunham suas determi- Surge a vida em comunidade Em cerca de 5 milhões de anos, o homem moderno dominou a natureza e inventou a civilização [1] 13GE HISTÓRIA 2017 nações aos dominados, mas sem perder as características gerais da organização da região. Os principais povos a deixa- rem suas marcas na Mesopotâmia foram os sumérios, os amoritas (I Império Babilônico), os assírios e os caldeus (II Império Babilônico). A sociedade das duas civilizações era rigidamente estratifi cada, dividi- da entre dominantes (governantes, sacerdotes, militares e comerciantes) e dominados (camponeses, pequenos artesãos e escravos). As semelhanças culturais são, fundamentalmente, no campo religioso, uma vez que ambas as civilizações praticavam o politeísmo – crença religiosa em mais de um deus. Contribuições As duas civilizações deixaram um expressivo legado cultural: arrow EGITO Elementos da religião do Egito antigo podem ser encontrados nas mais diversas religiões do mundo atual, como a ideia da vida após a morte, a reencarnação e o julgamen- to fi nal. Suas pesquisas voltadas para a mumifi cação dos corpos permiti- ram o desenvolvimento de conhe- cimentos na medicina. Também de- senvolveram estudos em astronomia e matemática, além de sofi sticadas técnicas agrícolas e de construção de templos e pirâmides. arrow MESOPOTÂMIA Os sumérios inventaram a escrita cuneiforme, feita com talhes em placas de argila. Entre as princi- pais contribuições dos babilônios está o Código de Hamurabi, um dos mais antigos códigos jurídicos escritos, que contém a famosa Lei de Talião (“olho por olho, dente por dente”). Os assírios destacaram-se pela criação da Biblioteca de Nínive, com registros preciosos sobre o seu modo de vida e dos povos que dominaram. box HEBREUS, FENÍCIOS E PERSAS FORMARAM OUTRAS IMPORTANTES CIVILIZAÇÕES NA ANTIGUIDADE Além dos egípcios e mesopotâmicos, três outros povos tiveram destaque na Antiguidade Oriental: os hebreus, os fenícios e o persas. Os hebreus fixaram-se na região da Palestina por volta de 2000 a.C., mas, devido a uma seca prolongada, migraram para o Egito, por volta do século XVII a.C., onde foram escravi- zados. A fuga do Egito de volta à Palestina (Êxodo) foi comandada por Moisés, que, durante o retorno, segundo a tradição religiosa, teria recebido de Deus os Dez Mandamentos. De volta à Palestina, foram constantemente invadidos, tendo sido escravizados na Mesopotâmia (Cativeiro da Babilônia). Após retornarem, libertados pelos persas, foram dominados pelos macedônicos e pelos romanos, que os expulsaram da região por volta de 70 d.C., dando início à dispersão hebraica (Diáspora). Os hebreus criaram a primeira religião monoteísta da história (judaísmo), base de duas religiões posteriores, o cristianismo e o islamismo. A Fenícia (atual Líbano) constitui uma civilização diferenciada na Antiguidade Oriental, já que tinha o comércio e as trocas como bases de sua economia e se organizava politicamente em cidades-Estados, enquanto os outros povos, em geral, dedicavam-se à agricultura e possuíam governos centralizados. Entre as principais contribuições dos fenícios está o de- senvolvimento de uma escrita alfabética, base para grande parte dos alfabetos modernos. Na Pérsia (atual Irã) surgiu um dos maiores impérios da Antiguidade. Ciro I foi responsável pelo início da expansão no século VI a.C. Cambises conquistou o Egito, e Dario I levou o império à sua extensão máxima. Os persas conquistaram, além do Egito, a Mesopotâmia, a Palestina, a Fenícia, a Ásia Menor (Turquia) e a Índia. Sob o comando de Xerxes, Dario II e Dario III, o império declinou, até ser conquistado por Alexandre, o Grande, no século IV a.C. A religião persa, o zoroastrismo, defendia que os homens que praticassem boas ações deveriam ser recompensados futuramente. Acreditavam no dualismo, a eterna disputa entre o bem e o mal, e no livre arbítrio, pelo qual o homem escolhe o caminho a seguir, tendo consciência das consequências de seus atos. O ORIENTE MÉDIO NA ANTIGUIDADE Mar Mediterrâneo Mar Arábico Mar Negro Mar Cáspio Mar de Aral M ar Verm elho Golfo Pérsico Rio Nilo BAIXO EGITO ALTO EGITO FENÍCIA PALESTINA MESOPOTÂMIA IMPÉRIO PERSA NÚBIA Algumas das principais civilizações da Antiguidade se estabeleceram entre o Egito e o atual Irã Tebas Mênfis Susa Ecbatana Persépolis Tiro Damasco Jerusalém Limite sul do Antigo Império (3200 a.C.-2000 a.C.) Limite sul do Médio Império (2000 a.C.-1580 a.C.) Palestina Egito Fenícia Império Persa Mesopotâmia Rio Tigre R rRioi EuE frff ar tesee VIDA APÓS A MORTE Ilustração de 1.300 a.C. mostra ritual funerário no Egito antigo: processo de mumifi cação permitiu avanços na área da medicina [1] REPRODUÇÃO/MUSEU BRITÂNICO 14 GE HISTÓRIA 2017 ANTIGUIDADE CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS Ainda não sabemos exatamente quando e como os primeiros hu-manos chegaram ao continente americano. Entre as hipóteses mais acei- tas para a chegada do homem à Amé- rica, a mais tradicional defende que há 12 mil anos um grupo vindo da Ásia teria atravessado a região congelada do Estreito de Bering e de lá se deslo- cado em direção à América Central e à América do Sul. Essa tese é embasada em descobertas arqueológicas, como a de Luzia, na região de Lagoa Santa (MG), o mais antigo esqueleto humano brasileiro conhecido, que teria vivido entre 11 mil e 11,5 mil anos atrás. Uma outra tese sugere que os pri- meiros americanos usaram barcos para passar da Ásia para a América do Norte cerca de 15 mil anos atrás. Uma tercei- ra teoria propõe que teriam chegado ao continente há mais de 60 mil anos, vindos da Oceania, após cruzar o Oce- ano Pacífico. A evidência para a data são ferramentas de pedra e restos de fogueira de 58 mil anos achados no sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato (PI). Milhares de anos após o homem che- gar à América surgiram civilizações que dominaram boa parte do continen- te antes da chegada dos europeus. Os incas, os maias e os astecas possuíam uma organização política, econômica e social muito semelhante à das primei- ras civilizações do Oriente, apesar da grande distância entre elas no tempo e no espaço. Maias A civilização maia foi a primeira a se consolidar como império, atingindo o auge no fim do século IX, período em que dominavam do sul do México à Gua- temala. Eles já entendiam o conceito do número zero, que só posteriormente se- ria bem compreendido pelos europeus, e sua arquitetura era tão grandiosa quanto a egípcia e a romana. Na cidade de Tikal, havia um templo com 70 metros de altu- ra, o maior edifício erguido na América antiga. Acredita-se que guerras ou o es- gotamento das terras cultiváveis levaram a civilização a um rápido declínio a partir do ano 900. No início do século XVI, os maias encontrados pelos espanhóis eram simples agricultores. Astecas Enquanto os maias entravam em deca- dência, os astecas começaram a crescer, por volta do século XII, na região central do México. Seu planejamento urbano era impecável. As obras públicas incluí- am quilômetros de estradas e aquedutos. A capital Tenochtitlán foi erguida em área pantanosa, cuidadosamente drena- da e aterrada para comportar cerca de 100 pirâmides e torres. O império ainda estava se expandindo quando ocorreu o contato com os espanhóis, em 1519. Em apenas dois anos, os europeus domina- ram o mais importante centro asteca: Tenochtitlán, a atual Cidade do México, que tinha mais de 140 mil habitantes e foi a maior cidade das antigas civiliza- ções da América. Incas A partir do século XV, os incas cons- truíram um império com 12 milhões de pessoas. Quando os espanhóis chegaram, dominavam áreas do norte do Equador à região central do Chile. Cuzco, a capi- tal, e Machu Picchu eram as principais cidades. Possuíam conhecimentos astro- nômicos avançados e eram capazes de aplicar conceitos de matemática e geo- metria em suas edificações. Além disso, construíram um complexo sistema de estradas que ligava todo o império, com cerca de 7 mil km de extensão. Epidemias e lutas pela sucessão imperial deixaram a civilização enfraquecida para enfrentar os europeus. Os espanhóis os derrotaram rapidamente, entre 1532 e 1535. box Impérios do Novo Mundo Na América, os incas, os maias e os astecas organizaram Estados teocráticos semelhantes aos das primeiras civilizações do Oriente Incas (XVI) No auge da expansão Maias (IX) Astecas (XVI) PLANO DIRETOR Mural feito pelo artista Diego Rivera no Palácio Nacional da Cidade do México mostra o avançado planejamento urbano dos astecas[1] 15GE HISTÓRIA 2017 ANTIGUIDADE GRÉCIA A civilização grega, na qual fo-ram estabelecidas as bases da política e da cultura ocidentais, começou a se formar em torno de 2000 a.C., na Península Balcânica, e entrou em declínio no século II a.C., quando o território foi ocupado pelos romanos. A história da Grécia antiga é dividida em cinco períodos: Pré-Homérico, Ho- mérico, Arcaico, Clássico e Helenístico. Período Pré-Homérico (séc. XX a.C. – séc. XII a.C.) Os mais antigos resquícios da ocu- pação humana ao sul dos Bálcãs datam de 2000 a.C. A região foi ocupada, su- cessivamente, pelos aqueus, jônios e eólios. Até o século XII a.C., fl oresceu na região uma civilização semelhante às do Oriente, cujo centro era Micenas, situada no norte do Peloponeso. A che- gada dos dórios, povo guerreiro vindo do norte, destruiu a civilização micênica e deu início à primeira diáspora grega. Período Homérico (séc. XII a.C. – séc. VIII a.C.) Recebe esta denominação porque as principais fontes que temos desse perí- odo são os poemas épicos Ilíada e Odis- seia, atribuídos a Homero. Nessa época, a sociedade se organizava em comuni- dades familiares (genos) lideradas por um “pater”, que reinava sobre a família, dependentes, escravos e bens. No início do séc. VIII a.C., essas comunidades fa- miliares passaram por processo de fusão (cinesismo), originando a pólis (cidade). Período Arcaico (séc. VIII a.C. – séc. VI a.C.) O que demarca o começo do Período Arcaico é o surgimento da pólis. Do ponto de vista político, o regime era aristocrático, governado pelas famílias mais tradicionais, que se apossaram das melhores terras. O descompasso entre o crescimento da população e a dispo- nibilidade de áreas férteis deu origem a uma série de confl itos sociais. Como resultado dessas tensões, houve um processo de colonização, que consistiu num movimento migratório que visava à construção de cidades gregas na Ásia Menor, norte da África e sul da Itália (Magna Grécia), também conhecido como segunda diáspora grega. Entre as principais cidades que sur- giram na Grécia no início do Período Arcaico, destacam-se Atenas e Esparta. � ATENAS Do ponto de vista econômico, a principal atividade era a agricultura. Devido à escassez de terras férteis na re- gião, a população logo passou a se dedicar também ao comércio marítimo e à pesca. A sociedade era composta basicamen- te das seguintes classes: eupátridas (fa- mílias mais tradicionais e proprietários das terras mais férteis); georgóis (pe- quenos proprietários); thetas (homens livres pobres); demiurgos (comercian- tes); metecos (estrangeiros residentes na cidade que exerciam várias atividades, como artesãos, professores, artistas e comerciantes); e escravos (que predo- minaram apenas no Período Clássico). Em relação à política, a principal ca- racterística da cidade-Estado grega é que ela se autogovernava. Em Atenas, a monarquia foi extinta logo no início do Período Arcaico, e o governo passou a ser exercido pela aristocracia, por meio do Areópago, um tipo de conselho que reunia os representantes da aristocracia. A desigualdade social marcou a histó- ria de Atenas, com constantes revoltas e instabilidade política. Para tentar resolver as sucessivas crises, alguns legisladores impuseram reformas. O primeiro foi Drá- con, que, em 621 a.C., redigiu as leis – até então orais –, difi cultando sua manipula- ção pelos eupátridas. A rigidez do código inspirou o adjetivo draconiano. As reivindicações populares não ces- saram, e, em 594 a.C., outro legislador entrou em ação: Sólon. Ele aboliu a es- cravidão por dívidas, libertou os devedo- res e determinou a devolução de terras confi scadas pelos credores eupátridas. Apesar das reformas, os confl itos so- ciais se mantiveram, dando origem a uma guerra civil. Aproveitando-se da situação de crise, em 560 a.C. o eupátrida Psístrato tomou o poder, instaurando um novo tipo de governo, a tirania (diferentemente de hoje, o termo não indicava um governo opressor, mas, sim, tomado ilegalmente). Em 507 a.C., Atenas foi varrida por uma revolta popular liderada pelo aristocrata Clístenes. Ele dividiu a cidade em dez tri- bos e fortaleceu as assembleias populares. Com essas mudanças, todos os cidadãos de Atenas podiam participar diretamente do governo. Esse sistema fi cou conhecido Os pais do Ocidente A civilização da Grécia antiga deu origem à cultura ocidental ao inventar a cidadania, a democracia, a fi losofi a, a geometria e o teatro GRUPO DE LAOCOONTE Uma das esculturas mais expressivas do Período Helenístico, a obra de Agesandro, Atenodoro e Polidoro representa cena da Guerra de Troia[2] [1] REPRODUÇÃO/DIEGO RIVERA/PALÁCIO NACIONAL–MÉXICO [2] MUSEU DO VATICANO 16 GE HISTÓRIA 2017 ANTIGUIDADE GRÉCIA como democracia (governo do povo). Para manter a ordem, Clístenes criou o ostracismo, que era a suspensão dos direitos políticos e o exílio de cidadãos que ameaçassem o novo sistema. Existia em quase todas as pólis um espaço público chamado Ágora, no qual os cidadãos se reuniam para discutir temas ligados a justiça, leis, cultura, obras públicas etc. Apesar de a maioria das cidades possuírem esse espaço, foi em Atenas que a Ágora se destacou. arrow ESPARTA Localizada no Peloponeso e fundada pelos dórios no século IX a.C., chamava atenção pelo caráter militar de sua sociedade. Até seu desaparecimento, no século IV a.C., a cidade manteve a estrutura social estratificada (sem mobi- lidade) e o regime oligárquico. Os espar- tanos, descendentes dos dórios, eram os únicos a possuir direitos políticos e monopolizavam o poder; os periecos habitavam a periferia e dedicavam-se ao comércio e ao artesanato; os hilotas, escravos de propriedade do Estado, cul- tivavam as terras dos espartanos. Quem detinha o poder político de fato na cidade era o eforato, formado por cinco magistrados eleitos anualmente. Os demais órgãos administrativos eram a diarquia, composta de dois reis here- ditários que exerciam funções executivas e militares; a gerúsia, constituída de 28 membros vitalícios que apresentavam projetos de leis; e a ápela, ou assembleia popular, formada pelos espartanos com mais de 30 anos, com funções consultivas. Período Clássico (séc. VI a.C. – séc. IV a.C.) Nesta fase, a Grécia antiga atingiu o apogeu e, por fim, acabou destruída por guerras. Atenas, com seu novo sistema de- mocrático, desenvolveu-se e expandiu-se pelo Mar Egeu. Sua política hegemônica, no entanto, esbarrou em outra potência: a Pérsia. A luta pela supremacia marí- tima e comercial entre gregos e persas (ou medos), conhecida como Guerras Médicas, teve como estopim o levante das cidades gregas da Ásia Menor, em 499 a.C., contra a política expansionista do imperador Dario, da Pérsia. Nesse confronto, os gregos consegui- ram vencer a expedição de 50 mil persas enviada à planície de Maratona. Mas os inimigos não desistiram e, em 486 a.C., voltaram a atacar as pólis, que se uniram para vencê-los novamente nas batalhas de Salamina e Plateia. Sabendo que os persas poderiam voltar a atacar, várias cidades se reuniram e, lideradas por Ate- nas, formaram a Confederação de Delos. Responsável pela administração finan- ceira da confederação, Atenas usou os recursos em benefício próprio, impul- sionando sua indústria e seu comércio. Logo se tornou a cidade mais poderosa da Grécia. O apogeu dessa fase ocorreu entre 461 a.C. e 431 a.C., quando a pólis foi governada por Péricles. Durante o século V a.C. (chamado de século de Péricles), ele fez reformas para diminuir o desemprego e realizou obras públicas. VESTÍGIOS DE PALÁCIO MICÊNICO SÃO ACHADOS NA GRÉCIA Da AFP Vestígios de um palácio da época micêni- ca (séculos XVII-XVI a.C.), com importantes inscrições em grego arcaico, foram desco- bertos perto de Esparta, no Peloponeso (sul da Grécia) (...). Esta nova descoberta permitirá obter in- formações sobre a organização política, ad- ministrativa, econômica e social da região e trará à luz novos elementos sobre as crenças e a língua micênicas, segundo o comunicado. As escavações arqueológicas realizadas desde 2009 em Agios Vassilios, uma aldeia próxima a Esparta, a 300 km de Atenas, per- mitiram revelar antigas inscrições na forma mais arcaica do grego antigo. Nas tabuletas de argila há referências a cerimônias religiosas e nomes de lugares. (...) No norte do Peloponeso se encontra o sítio principal da civilização micênica, a cidadela de Micenas, descoberta no século XIX. Com- preende principalmente vestígios do palácio real e túmulos monumentais atribuídos a heróis da mitologia grega. G1, 25/8/2015 SAIU NA IMPRENSA Fonte: Alfredo Boulos Júnior, História: Sociedade & Cidadania – 5ª série, 1 ed., FTD, págs. 214, 220 Mar Adriático Mar Tirreno Massília Nice CÓRSEGA Cartago Siracusa ÁFRICA MA GN A G RÉ CI A SICÍLIA Crotona Síbares Tarento Península Itálica EUROPA Epídamo Tebas Corinto Esparta Cirene Apolônia Atenas Odessa Heracleia Bizâncio Calcedônia Trebizonda FENÍCIA Mileto Éfeso Mar Jônio PELOPONESO CRETA RODES CÁRIA MACEDÔNIA TRÁCIA MÍSIA LÍDIA PERSAS Mar Egeu Mar Negro Mar Mediterrâneo ÁTICA Península Balcânica Colonização grega Grécia antiga MUNDO GREGO Veja como era o território da Grécia e por onde se estendiam suas colônias no século VI a.C. 17GE HISTÓRIA 2017 Nessa época também surgiram grandes artistas, filósofos e dramaturgos. Eram os “anos de ouro” de Atenas. Esse sucesso acirrou a rivalidade entre as cidades e fez com que Esparta liderasse a Liga do Peloponeso, que empreendeu, em 431 a.C., uma guerra contra a Confede- ração de Delos, a Guerra do Peloponeso. Com a vitória espartana e a devastação de muitas cidades, começou o último período da história da Grécia antiga. Período Helenístico (séc. IV a.C.– séc. II a.C.) Após anos de guerras, acabou a hege- monia ateniense e teve início a de Es- parta, que impôs governos oligárquicos em todas as pólis da Confederação de Delos. Mas o auge espartano foi breve. Em 371 a.C., a cidade foi derrotada por Tebas, na Batalha de Leutras. As constantes lutas arrasaram as cida- des e desorganizaram o mundo grego. Empobrecidas e fracas, as pólis foram presas fáceis para o grandioso Exército de Felipe II, rei da Macedônia (região norte da Grécia Continental). Em 338 a.C., teve fim a autonomia das pólis gregas. O filho e sucessor de Felipe, Alexandre, o Grande, foi ainda mais longe: conquistou o Impé- rio Persa e dominou vastos territórios, do Egito até a Índia. Com ele, houve grande aceleração do comércio, da urbanização e da mesclagem de valores gregos com os dos povos conquistados. Essa mistura deu origem à cultura helenística. Em 323 a.C., com a morte de Alexandre, seus generais dividiram o império. No século II a.C., a Grécia e a Macedônia foram convertidas em províncias da nova potência mundial: a civilização romana. box PARA IR ALÉM Os 300 de Esparta (1998) é uma graphic novel escrita por Frank Miller que descreve a Batalha das Termópilas, ocorrida em 480 a.C., na qual o rei Leônidas comanda 300 soldados espartanos em uma luta contra as forças do imperador persa Xerxes. SAIBA MAIS FILOSOFIA GREGA O estudo da filosofia grega antiga, tradicionalmente, divide-se em três períodos: Pré- Socrático, Clássico e Helenístico. Conheça algumas das principais características e autores de cada um deles. PRÉ-SOCRÁTICO ao contrário do que o nome sugere, os filósofos deste período não antecederam a Sócrates necessariamente. Eles são classificados mais pelo objeto de sua filosofia do que por sua cronologia, já que alguns nomes são contemporâneos ou posteriores a Sócrates. Esses filósofos tinham como objeto a cosmologia – o estudo da origem e da evolução do Universo. Eles inauguram uma mentalidade baseada na razão para entender os fenômenos da natureza, na qual se baseavam em princípios naturais, rompendo com o sobrenatural e a tradição mítica. Com a evolução dos estudos filosóficos surgem os sofistas, que mudaram o foco do cosmo para o homem e os problemas morais a ele pertinentes. Nesta linha destacam-se Tales de Mileto, Anaximenes de Mileto, Anaximandro de Mileto, Heráclito, Pitágoras, Xenófanes, Anaxágoras, Demócrito e Diógenes. CLÁSSICO Sócrates surge como divisor do pensamento filosó- fico grego. A partir de seus estudos, as questões da natureza e do princípio das coisas mudam para o indivíduo, o homem da pólis – para ele, mais importantes eram as questões referentes à ética e à existência humana. Sócrates desenvolveu a maiêutica, método de perguntas e respostas para a busca da verdade. Usa o diálogo como método para levar as pessoas a reconhecer a própria ignorância – “só sei que nada sei”. Mas é com Platão e Aristóteles que a filosofia clássica atinge seu auge. Para Platão, discípulo de Sócrates, as ideias são o próprio objeto do conhecimento intelectual. Ao desenvolver sua Teoria das Ideias ou das Formas, afirma que as ideias (formas) não materiais (abstratas) possuem o mais alto e fundamental tipo de realidade, e não o mundo material, mutável, conhecido pelos homens por meio das sensações. O que não se vê é mais real do que o visível, já que é captado pelos “olhos da alma” e não pelos “olhos do corpo”. Dessa forma criou o conceito da filosofia metafísica. Já Aristóteles, criador da lógica e da ética filosófica, defendeu a supremacia do real sobre as ideias, contrariando seu mestre, Platão. Seus estudos tinham por princípio a experimentação, única forma eficiente de comprovar fenômenos da natureza. Defendeu que a inteligência humana é a única forma de alcançar a verdade. Escreveu sobre vários assuntos: política, lógica, moral, ética, escravidão, teologia, metafísica, química, biologia, antropologia, poética, retórica, física, didática... Apesar de suas afirmações científicas terem sido desmentidas ao longo dos séculos, seus estudos filosóficos influenciaram todo o pensamento ocidental posterior. HELENÍSTICO As principais escolas filosóficas do Período Helenístico são o cinismo, o ceti- cismo, o epicurismo e o estoicismo. Todas procuravam, fundamentalmente, estabelecer uma série de preceitos racionais para dirigir a vida de cada ser humano e, dessa forma, por meio da ausência do sofrimento, atingir a felicidade e o bem-estar. Nesta fase o público foi substituído pelo privado como espaço para as reflexões filosóficas. A reflexão política foi abandonada pelos filósofos deste período, já que se preocupavam com as questões da felicidade individu- al. Podemos destacar Plotino, Cícero, Zenão e Epicuro entre seus principais representantes. Além dos filósofos, outros importantes nomes devem ser lembrados como represen- tantes da cultura da Grécia antiga: Hipócrates (considerado o pai da medicina), Euclides (matemático, fundador da geometria), Homero (poeta, a quem são atribuídas a Ilíada e a Odisseia) e Sófocles (dramaturgo, autor de Édipo Rei e Antígona) são os principais destaques. arrow O QUE ISSO TEM A VER COM MATEMÁTICA Pitágoras foi um filósofo e matemático grego que viveu no século VI a.C. e criou o teorema que leva o seu nome. Foi ele quem primeiro observou a relação entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo: a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Para saber mais, veja o GUIA DO ESTUDANTE MATEMÁTICA. 18 GE HISTÓRIA 2017 ANTIGUIDADE ROMA F undada no século VIII a.C., Roma desenvolveu um vasto império, cujas leis, monumentos, táticas militares e instituições infl uenciaram todo o mundo ocidental. Sua queda, em 476, marcou o fi m da Antiguidade e o início da Idade Média. A mítica versão para o surgimento de Roma conta que a cidade foi fundada em 753 a.C. pelos gêmeos Rômulo e Remo. De acordo com a lenda, os dois irmãos foram abandonados ainda bebês no Rio Tibre e só conseguiram sobreviver graças a uma loba que os amamentou. A história romana é dividida pelos es- tudiosos em três grandes períodos: o monárquico, o republicano e o imperial. Monarquia (753 a.C. – 509 a.C.) Nessa época, a sociedade romana estava dividida, basicamente, em três camadas: arrow os patrícios, ricos proprietários de terra; arrow os clientes, parentes pobres ou ser- viçais desses proprietários; arrow os plebeus, homens livres sem di- reitos políticos. A economia era baseada em ativida- des agropastoris. O rei, eleito por uma assembleia, tinha seu poder controlado pelo Senado (ou Conselho dos Anciãos). Durante esse período, Roma foi con- quistada pelos etruscos. O último rei etrusco, Tarquinio, o Soberbo, tentou Donos do mundo Nenhuma civilização foi tão poderosa, por tanto tempo, quanto a romana. Confi ra a ascensão e a queda do último império da Antiguidade se aproximar da plebe. Sentindo-se ameaçados, os patrícios o derrubaram, assumiram o poder e implantaram a república em 509 a.C. República (509 a.C. – 27 a.C.) Entre as principais instituições da República destacam-se: arrow a Assembleia Centuriata, que de- cidia sobre declarações de guerra e votava as leis; arrow as Magistraturas (espécie de Mi- nistério), sendo as principais o Con- sulado, composto de dois cônsules, responsáveis pela política externa e interna; os edis, responsáveis pela organização da cidade; os pretores, pela justiça; e os questores, pelas fi nanças; arrow o Senado, que elaborava os projetos de lei e escolhia os magistrados. Como apenas os patrícios podiam ser senadores ou magistrados, eles contro- lavam a política durante a República. Isso acabou levando a uma série de revoltas da plebe, que resultaram em várias conquistas sociais e políticas. Entre as principais estão: arrow a criação do cargo de tribuno da plebe, que tinha poder de veto no Senado; arrow a Lei das Doze Tábuas (450 a.C.), que compilou o primeiro código de leis escritas de Roma; arrow a Lei Canuleia, que autorizou o ca- samento com patrícios; arrow a Lei Poetélia Papíria, proibindo a escravidão por dívidas. Com a intensifi cação das lutas entre os plebeus e os patrícios, o Senado pa- trocinou inúmeras guerras de expan- são. A disputa pelo controle da região mediterrânea deu origem às guerras contra Cartago (cidade fundada pelos fenícios no norte da África), as Guerras Púnicas. Elas resultaram na derrota de Cartago e na transformação do Medi- terrâneo no Mare Nostrum (Nosso Mar ou Mar Romano). Com as conquistas do período republi- cano, os patrícios compraram as terras dos plebeus, que se tornavam soldados, e formaram grandes propriedades nas quais trabalhavam os escravos capturados nas guerras. Os mercadores prosperaram, e os plebeus, em tempos de paz, não ti- nham como ganhar a vida, tornando-se uma massa de desempregados perigosa e instável. Para evitar revoltas da plebe, entre 133 a.C. e 27 a.C., foram adotadas medidas como a política do pão e cir- co (distribuição de trigo aos famintos e promoção de espetáculos esportivos gratuitos). Ao denunciar que essas me- didas eram paliativas, dois irmãos eleitos tribunos da plebe, Tibério e Caio Graco, propuseram uma reforma agrária, para garantir meios de vida a quem não tinha trabalho. A medida, é claro, não agradou aos patrícios. Tibério e Caio foram mor- tos, e a tentativa de reforma fracassou. POLITEÍSMO Relevo mostra alguns dos deuses da Roma antiga, como Júpiter, Plutão e Netuno [1] 19GE HISTÓRIA 2017 A crescente importância do Exército romano levou os generais a ambicionar o exercício direto do poder. Isso origi- nou uma série de guerras civis entre os chefes militares e disputas de poder entre eles e o Senado. Para tentar ame- nizar os conflitos, foram organizados os triunviratos, que dividiam o poder entre os chefes militares mais importantes. O Primeiro Triunvirato foi formado pelos generais Pompeu e Júlio César e pelo banqueiro Crasso. Ao tentar concentrar os poderes, Júlio César foi assassinado pelos senadores. O Segundo Triunvirato, constituído por Otávio, Marco Antônio e Lépido, também fracassou e culminou com a as- censão de Otávio ao comando de todas as legiões romanas. Otávio aproximou- se do Senado, que, convencido de que ele não representava uma ameaça aos seus interesses, concedeu-lhe poderes que havia negado a Júlio Cesar, tais como os títulos de Príncipe do Senado e de “Augusto” (líder supremo da religião com ascendência divina). A concentra- ção desses poderes inaugurou uma nova etapa da evolução política de Roma, conhecida como Império Romano. Império (27 a.C. – 476 d.C.) Esta fase divide-se em duas partes: o Alto Império – época de prosperidade – e o Baixo Império – tempo de crise. ALTO IMPÉRIO Otávio Augusto governou por 41 anos. No início, ampliou os terri- tórios e permitiu que mercadores ricos tivessem acesso ao Senado. Depois de conter a expansão territorial, iniciou- se um período de paz, conhecido como Pax Romana. Os sucessores de Otávio retomaram as guerras de conquista, e Roma se transformou num centro de comércio intenso. No início do séc. II, as fron- SAIBA MAIS CULTURA E LEGADO Os romanos nos deixaram uma rica herança em diversas áreas. A arqui- tetura, empregada para exaltar as glórias da nação, era a mais desen- volvida das artes, com destaque para a construção de aquedutos, estradas e pontes e edifícios de grande valor artístico, como o Coliseu e o Pan- teão de Roma. Ao lado do idioma – o latim, que é a base de diversas línguas, como o português –, o direi- to é o maior legado romano, base do atual sistema jurídico ocidental. Na literatura, merece menção o poeta Virgílio, autor de Eneida. Por fim, em relação à religião, a pregação de Jesus Cristo, nascido no Império Romano, deu origem ao cristianismo, cujos fiéis eram inicialmente perseguidos. Com a conversão de Constantino, em 313, a religião cristã ganhou força e, com Teodósio, foi oficializada como reli- gião do Império, o que permitiu o sur- gimento da poderosa Igreja Católica. teiras do Império atingiram sua maior extensão. Essa época ficou conhecida como Idade de Ouro e teve como prin- cipais governantes Trajano, Adriano, Antônio Pio e Marco Aurélio. Entre- tanto, com o fim das guerras, Roma começou a mostrar sinais de crise. BAIXO IMPÉRIO A principal causa da decadência do Império Romano foi a crise do sistema escravista. O fim das guerras diminuiu a oferta de escravos, elevando o seu valor. Como eram a base da economia romana, todos os preços começaram a subir. Algumas reformas foram tentadas. Diocleciano, em 284, implantou o colonato (arrendamento de terra por colonos), visando a substituir os es- cravos. Constantino, em 313, buscou o apoio dos cristãos – até então perse- guidos –, legalizando o cristianismo e convertendo-se a ele. Em 330, mudou a capital para Constantinopla – atual Istambul. Teodósio, em 395, dividiu o império em duas partes: Império do Ocidente, com a capital em Roma, e Império do Oriente, com centro em Constantinopla. Porém, com a intensificação das in- vasões dos “bárbaros”, que atacavam as fronteiras romanas desde o século III, o Império do Ocidente não resistiu e caiu em 476. O Império do Oriente, também conhecido como Império Bizantino, duraria até 1453, quando foi dominado pelos turco-otomanos. Com a queda de Roma, ninguém se sentia seguro nas cidades. Começou um processo de desurbanização e regressão do comércio. Do ponto de vista político, a grande transformação é que o poder político centralizado, que vigorava no período do Império, deu lugar a uma multiplicidade de reinos bárbaros, frag- mentando a autoridade no Ocidente. A única esfera de poder centralizado que sobreviveu foi a Igreja (veja mais no ca- pítulo Idade Média, a partir da pág. 26). box Fonte: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, págs. 8, 9, 10 HELVÉCIA DIVISÃO DE TEODÓSIO (395 d.C.) Império Romano do Ocidente Império Romano do Oriente EGITO TRIPOLITÂNIA LÍCIAACAIA ARÁBIA JUDEIA BABILÔNIA MESOPOTÂMIA CAPADÓCIA GALÁCIA CILÍCIA SÍRIA MACEDÔNIA MÉSIA TRÁCIA DÁCIA REINO DO BÓSFORO ARMÊNIA MÉDIA NUMÍDIA MAURITÂNIA HISPÂNIA LUSITÂNIA AQUITÂNIA BRITÂNIA HIBÉRNIA GÁLIA CISALPINA ITÁLIA ILÍRIA PANÔNIA GERMÂNIA GÁLIA Jutos Anglos Saxões Suevos Godos Burgúndios Vândalos Alamanos Visigodos Ostrogodos Hunos Lombardos Oceano Atlântico Mar Mediterrâneo ConstantinoplaRoma Cartago Alexandria RÉCIA SICÍLIA SARDENHA CÓRSEGA CIRENAICA DALMÁCIA DOMÍNIOS ROMANOS Conquistas 1ª metade do século IV a.C. 2ª metade do século IV a.C. Século III a.C. Até 44 a.C. (morte de César) Até o fim do século II (máxima expansão) Invasões bárbaras Confira como evoluiu o território do mais importante império da Antiguidade [1] DIVULGAÇAO/MUSEU NACIONAL ROMANO 20 GE HISTÓRIA 2017 ANTIGUIDADE LINHA DO TEMPO 11.500 ANOS ATRÁS Nessa época vive Luzia, nome dado ao mais antigo fóssil humano brasileiro, encontrado na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais. 5,5 MILHÕES DE ANOS ATRÁS Surgimento dos primeiros hominídeos, ancestrais do homem. É o início da Pré-História e do Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada. Pág. 12 4000 a.C. Revolução urbana com o surgimento das primeiras civilizações e da escrita, o que marca o começo da Antiguidade. A partir da pág. 12 13,7 BILHÕES DE ANOS ATRÁS Segundo a teoria do Big Bang, o Universo surge a partir de uma explosão primordial. É o início de toda a matéria, energia, espaço e da contagem do tempo. 8000 a.C. Começa o Neolítico, ou Idade da Pedra Polida. Tem início a revolução agrícola. Pág. 12 3200 a.C. Os sumérios formam a primeira civilização da Mesopotâmia. Pág. 12 Simultaneamente, tem início a civilização egípcia. Pág. 12 Confi ra os principais eventos da Pré-História e da Antiguidade. Os fatos que têm indicação de páginas (remissões) correspondem aos assuntos que mais caem no vestibular. Pré-História e Antiguidade [1] 150.000 ANOS ATRÁS Nascem os primeiros Homo sapiens, a espécie a que pertencemos. Pág. 12 [4] [5] [7] PR É-H IST ÓR IA ANTIGUIDADE 3000 a.C. 3000 a.C. O atual Líbano começa a ser povoado por tribos semitas, que dão origem à civilização fenícia. Fundam cidades como Sidon, Biblos e Tiro e, a partir do século X a.C., colonizam vastas áreas nas margens do Mediterrâneo. Cartago, instalada no norte da África em 814 a.C., torna-se a mais importante cidade fenícia após a conquista de Tiro pelos macedônios, em 332 a.C. Em 146 a.C., Cartago é destruída pelos romanos nas Guerras Púnicas. Págs. 13 e 18 58.000 ANOS ATRÁS Nessa época, o nordeste brasileiro já seria ocupado por grupos humanos, conforme indicam os mais antigos vestígios arqueológicos do país, encontrados em São Raimundo Nonato, no Piauí. Mas ainda há grande polêmica sobre o assunto: muitos pesquisadores afirmam que a povoação da América e do Brasil só começou milhares de anos depois. [6] 21GE HISTÓRIA 2017 MACEDÔNIA GRÉCIA EGITO Mar Mediterrâneo TRÁCIA CRETA M ar Verm elho ARÁBIA PALESTINA MESOPOTÂMIA Mar Negro ASSÍRIA ARMÊNIA M ar Cáspio Golfo Pérsico PÉRSIA Mar de Aral ARACÓSIA ÍNDIA Extensão máxima, no século V a.C. Fontes: José Arruda e Nelson Piletti, Toda a História, 3 ed., Ática, pág. 7 612 a.C. Uma aliança entre medos e caldeus derrota o Império Assírio, abrindo caminho para o surgimento do II Império Babilônico. Pág. 13 359 a.C. Surge o Império Macedônico, com Alexandre, o Grande. Pág. 16 539 a.C. Comandados por Ciro II, os persas derrotam os medos, que habitavam o planalto do Irã, e fundam o Império Persa. Sob Dario I, que assume em 521 a.C., o império atinge a extensão máxima, indo do Egito à Índia. Os persas constroem estradas e canais para facilitar o comércio e o transporte. Seguem os ensinamentos do profeta Zaratustra, ou Zoroastro, fundador da religião dualista denominada zoroastrismo. Pág. 13 1750 a.C. Entre 1750 e 1400 a.C., os arianos invadem o norte da atual Índia, dando origem à civilização hindu. Os hindus praticam a agricultura, a metalurgia e o comércio. A sociedade divide-se em castas: sacerdotes (brâmanes), guerreiros (chátrias), camponeses (vaisia) e servos (sudras). Os párias não têm casta e podem ser escravizados. Politeístas, os hindus seguem os Vedas, os mais antigos textos sacros conhecidos. 1600 a.C. Surgimento da mais antiga linha dinástica chinesa a deixar registros históricos: a dinastia Shang. 1250 a.C. Os hebreus deixam o Egito – onde foram escravizados – e migram para a Palestina, guiados pelo patriarca Moisés, no episódio conhecido como Êxodo. Durante dois séculos, lutam contra povos da região pela posse da terra. Em 1010 a.C., Saul torna-se o primeiro rei hebreu. Seus sucessores, Davi e Salomão, impõem um período de expansão e prosperidade. Pág. 13 Início da Era Cristã, segundo o calendário gregoriano. 753 a.C. Fundação lendária de Roma, marco da civilização romana. Pág. 18 476 Fim do Império Romano do Ocidente, fato que marca o início da Idade Média. Pág. 19 1792 a.C. Hamurabi dá início à unificação da Mesopotâmia, que origina o I Império Babilônico. Pág. 12 [2] 1200 a.C. Ascensão no Golfo do México da civilização olmeca, que expande seus domínios até o litoral do Pacífico. Os olmecas fornecem a base cultural aos povos que habitariam a região nos séculos seguintes, como maias e astecas. Pág. 14 [3] 2000 a.C. A chegada dos hebreus à Palestina, sob a liderança do patriarca Abraão, segundo a narrativa bíblica, é o marco da civilização hebraica. Pág. 13 [8] 2000 a.C. Tem início a civilização grega. Pág. 15 [9] [10] [11] [12] 2000 a.C. 1000 a.C. ANO 1 [1] [4] [8] [9] DIVULGAÇÃO [2] [6] [11] MUSEU DO LOUVRE/FRANÇA [3] MUSEU NACIONAL DE ANTROPOLOGIA/MÉXICO [5] MARCOS HERMES [7] [12] METROPOLITAN MUSEUM/EUA [10] RUBIN MUSEUM OF ART/EUA 395 O Império Romano divide-se em Império Romano do Ocidente e Império Romano do Oriente. Pág. 19 70 Os romanos destroem o Templo de Jerusalém e expulsam os judeus da Palestina, dando início à segunda diáspora judaica. Eles migram para a Ásia Menor e a Europa. Pág. 13 22 GE HISTÓRIA 2017 COMO CAI NA PROVA 1. (UNESP 2016) A maior parte das regiões vizinhas [da antiga Me- sopotâmia] caracteriza-se pela aridez e pela falta de água, o que de- sestimulou o povoamento e fez com que fosse ocupada por populações organizadas em pequenos grupos que circulavam pelo deserto. Já a Mesopotâmia apresenta uma grande diferença: embora marcada pe- la paisagem desértica, possui uma planície cortada por dois grandes rios e diversos afluentes e córregos. Marcelo Rede. A Mesopotâmia, 2002. A partir do texto, é correto afirmar que a) os povos mesopotâmicos dependiam apenas da caça e do extrativismo vegetal para a obtenção de alimentos. b) a ocupação da planície mesopotâmica e das áreas vizinhas a ela, durante a Antiguidade, teve caráter sedentário e ininterrupto. c) a ocupação das áreas vizinhas da Mesopotâmia tinha características nômades e os povos mesopotâmicos praticavam a agricultura irrigada. d) a ocupação sedentária das regiões desérticas representava uma ameaça militar aos habitantes da Mesopotâmia. e) os povos mesopotâmicos jamais puderam se sedentarizar, devido às dificuldades de obtenção de alimentos na região. RESOLUÇÃO Questão fundamentalmente interpretativa, cujo texto deixa claro que a única alternativa possível é a C. O trecho apresentado demonstra que os povos vizinhos da Mesopotâmia eram nômades devido à aridez da região, que impedia a fixação da população para a prática da agricultura. Já os mesopotâmicos praticavam a agricultura, aproveitando as planícies férteis no vale formado pelos rios Tigre e Eufrates. Os povos da Mesopotâmia desenvolveram sofisticadas técnicas de irrigação para a produção agrícola, conseguindo, assim, fixar-se na região. Dessa forma, a geografia privilegiada dessa região ajudou no surgimento das primeiras cidades-Estado do mundo. Resposta: C 2. (ENEM 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Tra- símaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no cer- to e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de inven- ções humanas. RACHELS. J. Problemas da Filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A Repú- blica, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana. b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. RESOLUÇÃO O sofista Trasímaco negava a existência da justiça como algo importante. Para ele, a justiça não passava de um artifício do mais forte para impor suas determinações e vontades sobre a coletividade, não tendo, portanto, papel significativo na vida das pessoas por não ser real de fato. Dessa forma, a argumentação de Trasímaco reflete a defesa que o próprio Platão fazia da justiça, de que ela deveria ser utilizada como um bem coletivo e não individual. Por ser utilizada para benefício próprio do mais forte sobre os mais fracos, teria perdido seu sentido original e fundamental, que seria o de beneficiar a todos, sem distinção. Resposta: D 3. (FUVEST 2016) O aparecimento da pólis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no pla- no intelectual como no domínio das instituições, só no fim alcança- rá todas as suas consequências; a pólis conhecerá etapas múltiplas e forma variadas. Entretanto, desde seu advento, que se pode situar en- tre os séculos VIII e VII a.C., marca um começo, uma verdadeira inven- ção; por ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será plenamente sentida pelos gregos. Jean Pierre Vernant. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 1981. Adaptado. De acordo com o texto, na Antiguidade, uma das transformações provocadas pelo surgimento da pólis foi a) o declínio da oralidade, pois, em seu território, toda estratégia de comunicação era baseada na escrita e no uso de imagens. b) o isolamento progressivo de seus membros, que preferiam o convívio familiar às relações travadas nos espaços públicos. c) a manutenção de instituições políticas arcaicas, que reproduziam, nela, o poder absoluto de origem divina do monarca. d) a diversidade linguística e religiosa, pois sua difusa organização social dificultava a construção de identidades culturais. e) a constituição de espaços de expressão e discussão, que ampliavam a divulgação das ações e ideias de seus membros. RESOLUÇÃO O desenvolvimento das pólis na Grécia antiga foi responsável por uma série de transformações, seja do ponto de vista da organização política, seja nas mudanças do espaço urbano. Do ponto de vista da política, podemos identificar o aumento da participação dos cidadãos nas questões referentes à organização da cidade, princípio que, com o passar do tempo, levou ao surgimento do regime democrático. Do ponto de vista urbanístico, a criação de espaços para a participação dos cidadãos em discussões e deliberações, principalmente a ágora (espaço central no qual se reuniam as assembleias), é a grande característica das pólis. Destaca-se, ainda, a construção de anfiteatros para a representação de espetáculos que procuravam estimular o civismo e o patriotismo da população. Resposta: E 4. (ESAMC 2016) O que muitos cristãos parecem procurar é o martí- rio. Muitos governadores de províncias, quando recebem cristãos, for- necem a eles todas as oportunidades para se conformarem com os mais básicos requisitos do Estado – uma oferenda de incenso para o gênio do imperador, por exemplo – mas muitas vezes têm sido repeli- dos com repetidas manifestações de fé. Os governadores relutam, mas no final são obrigados a expor esses fanáticos às feras e ao martírio. 23GE HISTÓRIA 2017 RESUMO Antiguidade MESOPOTÂMIA Estado teocrático, cujo poder se ligava à re- ligião, a Mesopotâmia foi berço das primeiras civilizações na Antiguidade. Sua civilização destacou-se pela organização eco- nômica que, ao lado do Egito, desenvolveu o modo de produção asiático – as terras pertenciam ao Estado e eram utilizadas pela comunidade, que consumia sua própria produção e entregava o excedente para os governantes. Culturalmente, contribuíram com a primeira forma de escrita, a cuneiforme, e com o primeiro código de leis escritas que se conhece, o Código de Hamurabi. EGITO O Egito também era um Estado teocrático e tinha sua economia baseada na agricultura de regadio, isto é, controlava os ciclos de cheias e vazões do Rio Nilo. Os faraós eram venerados como o próprio deus vivo. O poder estava concentrado nesses representantes, que eram donos das terras, tinham a função de proteger seus habitantes e conduziam as atividades produtivas. CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS São assim denominados os povos maias, astecas e incas, que precederam a coloniza- ção europeia na América do Sul. Eram organizados de forma semelhante à das primeiras civilizações do Oriente (estado centralizado teocrático, hierarquia rígida, propriedade estatal da terra e exploração dos camponeses), apesar das épocas diferentes. Esses povos dominavam a astronomia e aplicavam conceitos geométricos e matemáticos nas edificações. GRÉCIA A civilização grega estabeleceu as bases da cultura e da política ocidentais. Surgiu por volta de 2000 a.C. e perdurou até o século II a.C. A população vivia em cidades-Estados, das quais Atenas e Esparta eram as mais importantes. Atenas sobressaía pelo desenvolvimento cultural e econômico, enquanto Esparta era uma potência militar. Os gregos criaram a democracia e acabaram dominados pelos romanos. FILOSOFIA GREGA Tradicionalmente, os estudos sobre a filosofia da Grécia antiga se dividem em três grupos. Para os pré-socráticos, o objeto de estudo era o cosmo, não o indiví- duo, e buscavam conhecer o princípio das coisas. A partir dos filósofos clássicos, o objeto de estudo da filosofia deixa de ser o cosmo e passa a ser o indivíduo e suas questões existenciais. Neste período destacam-se Platão e Aristóteles. Os helenísticos abandonaram as questões políticas e morais, direcionando seus estudos para questões que levariam à felicidade dos indivíduos. ROMA Um dos mais importantes impérios da história, dominou quase toda a região do Mar Mediterrâneo. Costuma ser dividido em três grandes períodos: o monárquico, o republicano e o imperial. O Senado, instituição fundamental da política, originou os atuais Parlamentos. Com o fim das guerras de conquista, o número de escravos caiu, prejudicando a economia e a supremacia romanas. Em 476, foi tomada pelos bárbaros germânicos. A queda de Roma marcou o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. Talvez seja isso o que torna a religião cristã tão atraente para alguns. Acima de tudo, eles seguem os preceitos de um fazedor de milagres que foi, ele próprio, crucificado como um criminoso. Fonte: LAURENCE, Ray. Guia do Viajante Pelo Mundo Antigo – Roma no Ano 300 d.C. SP: Ciranda Cultural, 2008, p. 31. Os cristãos mataram muçulmanos nas Cruzadas. Os cristãos mataram judeus em muitos massacres. Enquanto isso, outra dimensão foi adi- cionada: os cristãos começaram a matar companheiros cristãos acusa- dos de “hereges”. [...] Em Alexandria, em 415, a grande cientista Hypa- tia, chefe da Biblioteca de Alexandria, foi espancada até a morte pe- los monges e outros seguidores de São Cirilo, que viam a ciência dela muito como a Igreja, mais tarde, veria a de Galileu. Fonte: HAUGHT, James A. Perseguições Religiosas – Uma História do Fanatismo e dos Crimes Religiosos. RJ: Ediouro, 2003, p. 53. A relação entre os excertos pode ser encontrada em: a) Desde os tempos do Império Romano, os cientistas eram alvo de perseguições, porém, com o fortalecimento do catolicismo, os cientistas cristãos de perseguidos tornaram-se perseguidores. b) As perseguições aos cristãos no Império Romano apresentavam um caráter religioso, enquanto as praticadas pelo catolicismo medieval procuravam eliminar cientistas que contestavam seu poder, independentemente de sua religião. c) Os cristãos do Império Romano foram perseguidos por não aceitarem a divindade dos imperadores, enquanto os professantes de religiões não católicas por defenderem a racionalização do pensamento a partir da Idade Média. d) As perseguições a religiões diferentes da do Estado ocorrem desde os tempos do Império Romano, chegando ao seu auge a partir da ascensão de católicos aos mais altos cargos políticos na Europa Medieval. e) De perseguidos pelo Império Romano, por suas concepções religiosas, os cristãos passaram a perseguidores e, com o fortalecimento do catolicismo, cristãos não católicos também foram por eles perseguidos. RESOLUÇÃO Em seus primórdios, o cristianismo era visto pelos romanos como uma seita a ser combatida. Contrários às guerras, à escravidão e se recusando a prestar cultos ao imperador, considerado divino pelos romanos, os cristãos foram violentamente perseguidos. Entre os séculos II e IV, no entanto, a situação começou a mudar: a expansão da religião tornou-se um dos maiores problemas para a manutenção do império, uma vez que a plebe oprimida associava seu sofrimento ao sofrimento do próprio Cristo. Com a liberdade de culto e a proibição das perseguições, determinadas pelo imperador Constantino, por meio do Edito de Milão, em 313, o número de cristãos aumentou de forma substancial. Entre 380 e 381, o imperador Teodósio oficializou o cristianismo como religião do império ao publicar o Edito de Tessalônica. A partir daí, de perseguidos, os cristãos se transformaram em perseguidores de outras religiões, atingindo seu auge na Idade Média, quando o poder do catolicismo era praticamente incontestável. Incialmente sua fúria se concentrou em religiões não cristãs, as chamadas heresias, mas, a partir da Reforma Protestante, cristãos não católicos também passaram a ser alvo das perseguições do catolicismo. Resposta: E 24 GE HISTÓRIA 2017 IDADE MÉDIA 2 CONTEÚDO DESTE CAPÍTULOarrow O poder da Igreja ..............................................................................................26arrow Império Árabe ...................................................................................................28 arrow Reino Franco .....................................................................................................30 arrow Feudalismo .........................................................................................................31 arrow Linha do tempo ................................................................................................34 arrow Como cai na prova + Resumo .......................................................................36 IGREJA E ESTADO A escrivã Kim Davis celebra a saída da prisão ao lado de políticos no Kentucky (EUA). Ela havia sido detida por se recusar a emitir licenças para casamentos entre homossexuais A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos (EUA) de legalizar a união civil entre pessoas do mesmo sexo, em junho de 2015, foi saudada como uma importante con- quista no campo dos direitos civis. No entanto, para muitos grupos cristãos, a medida representa uma afronta a seus valores religiosos, que consi- deram como matrimônio apenas a união entre um homem e uma mulher. É o que alegou Kim Davis, uma escrivã de um cartório do estado do Kentucky, que se recusou a emitir licenças para casamentos entre homossexuais, em setembro. Ao desafiar a decisão da Justiça norte-ameri- cana, ela acabou sendo detida por desacato. Solta seis dias depois, Davis foi saudada por grupos conservadores religiosos e chegou, inclusive, a receber a visita do papa Francisco, que lhe pres- tou solidariedade quando esteve nos EUA no fim daquele mês. Questionado sobre o que achava da decisão de Davis, Francisco disse que funcioná- rios públicos têm o direito de se recusar a emitir licenças de casamento para homossexuais se o ato violar a sua consciência. “A objeção de consciência deve ser respeitada nas estruturas legais, pois é um direito, um direito humano”, justificou o papa. Por sua vez, o juiz do Kentucky David Bunning enfatizou que “a nossa forma de governo não sobreviverá a não ser que nós, como sociedade, concordemos em respeitar as decisões do Su- premo Tribunal dos EUA, independentemente das nossas opiniões pessoais”. O episódio coloca em pauta a discussão sobre o caráter do chamado Estado laico. Ou seja, até que ponto países como os EUA, onde a Constituição es- tabelece a separação entre religião e administração pública, estariam sujeitos à pressão de preceitos religiosos. Os dogmas cristãos, por exemplo, são fortemente contrários a questões relativas a abor- to, uso de preservativo, realização de pesquisas com células-tronco e casamento entre pessoas do mesmo sexo. O debate, que também começa a ganhar força no Brasil, é se os interesses da socie- dade devem estar submetidos a crenças religiosas em detrimento de uma discussão mais secular e racional sobre essas importantes questões. A influência da Igreja Católica, que ainda é forte em nossa socie- dade, obteve seu ápice durante a Idade Média, quando ela se consoli- dou como a instituição mais poderosa do pe- ríodo. Neste capítulo, você também confere outros importantes marcos dessa época. Decisão da Suprema Corte dos EUA de legalizar o casamento gay bate de frente com os dogmas cristãos e acirra debate sobre o caráter do Estado laico Sob a autoridade de Deus ou do Estado? Lennon Realce Lennon Realce Lennon Realce Lennon Realce 25GE HISTÓRIA 2017 TY WRIGHT/GETTY IMAGES/AFP 26 GE HISTÓRIA 2017 IDADE MÉDIA O PODER DA IGREJA N enhuma instituição foi tão rica, bem organizada e pode-rosa durante a Idade Média na Europa quanto a Igreja Católica. Com a transformação do cristianismo em religião oficial do Império Romano, em 391, durante o reinado de Teodósio, a Igreja passou a acumular fortunas e vas- tos territórios, tornando-se altamente influente também no âmbito político. No século V, já durante a Idade Média, a instituição tinha uma organização hie- rárquica definida – com padres e sacerdo- tes na base da pirâmide, bispos logo acima e o papa no topo – e estava bem instalada no continente. Os religiosos dedicaram-se a converter os bárbaros e a promover sua integração com os romanos, ganhando prestígio e passando a assumir funções
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