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DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 1. INTERVENÇÃO VOLUNTÁRIA DE TERCEIRO 1.1. Regra geral: no processo civil, a intervenção de terceiros é regida pelo princípio segundo o qual a intervenção em processo alheio só é possível mediante expressa permissão legal. 1.2. Conceito: é o ingresso de um terceiro em um processo em curso. 1.3. Conceito de Terceiro: é todo aquele que não é sujeito de um processo, mas nele ingressa e passa a participar. O terceiro somente é terceiro até antes da intervenção, após, passa a condição de parte ou sujeito do processo. 1.4. Classificação: a. De acordo com a iniciativa do terceiro: Intervenção voluntária ou espontânea: é aquela em que o terceiro espontaneamente vai ao processo e postula sua intervenção; Intervenção obrigatória ou provocada: ocorre quando o terceiro ingressa no processo independentemente de sua vontade e até mesmo contra ela, sendo CITADO. Obs: como as normas do processo civil em regra são cogentes é o próprio CPC, quem determina qual a modalidade de intervenção aplicável a cada caso concreto. Entre os casos de intervenção voluntária temos: a assistência e o recurso do terceiro prejudicado. Entre os casos de intervenção forçada temos: a denunciação à lide; o chamamento ao processo e intervenção resultante do incidente de desconsideração de personalidade jurídica. A. ASSISTÊNCIA. (artigo 119 do NCPC) Na assistência temos a intervenção de terceiro no processo com o intuito de auxiliar uma das partes, seja o autor ou o réu, em razão da existência de interesse jurídico na vitória da parte assistida. A assistência é cabível em qualquer causa pendente em processos cognitivos, pois busca alcançar uma sentença favorável, o que define dizer que não cabe nos processos executivos ou na fase de cumprimento de sentença. A assistência também cabe em qualquer grau de jurisdição, de modo que, o assistente recebe o processo no estado em que se encontra (Parágrafo único, do artigo 119 do NCPC); Não cabe ao assistente atuar em atos anteriores a sua intervenção no processo, visto que para ele já estão preclusos. Ex: o assistente interveem após o saneamento do processo, pelo que já não pode mais impugnar o valor atribuído à causa pelo autor, que deve ocorrer no momento da contestação pelo réu (artigo 293 NCPC); a.1. Procedimento (artigo 120 NCPC): * O assistente formula requerimento de sua admissão nos autos; * Recebido pelo juiz deverá intimar as partes para ouvi-las em 15 dias; * Não havendo impugnação, o pedido de assistência será deferido, salvo se for caso de REJEIÇÃO LIMINAR, quando não estão presentes os requisitos para a intervenção, ou seja, demonstração de INTERESSE JURÍDICO. (PARÁGRAFO ÚNICO, ARTIGO 120 NCPC); a.2. Requisito essencial para deferimento da intervenção: INTERESSE JURÍDICO NA CAUSA (artigo 119 NCPC). Temos duas hipóteses: a.2.1. Assistência Simples (art.s 121 a 123 NCPC): haverá assistência simples quando o assistente tendo interesse jurídico no resultado do processo, não é o titular da própria relação jurídica deduzida em juízo, logo, tem interesse jurídico indireto. * O terceiro na assistência simples é titular de outra relação jurídica, distinta mais VINCULADA (SUBORDINADA, DEPENDENTE OU CONEXA) à relação deduzida nos processo; Ex1: o locador ajuizou ação de despejo em face do locatário. Com o locatário, em face de autorização no contrato de locação, o terceiro sublocatário tem uma relação de locação com o locatário e não com o locador, logo ,tem interesse que o locatário ganhe o processo para não perder sua relação jurídica. Ex2: contrato de fiança. O afiançado e o credor discutem em juízo a anulação d contrato principal. O contrato de fiança é acessória, logo, o fiador tem interesse que o afiançado consiga sentença favorável para anular o contrato principal, pois por tabela torna sem efeito o contrato acessória da fiança. (art. 184 CC) a.2.2. Assistência Litisconsorcial ou qualificada (artigo 124 NCPC): ocorre quando o interesse for direto, ou seja, quando o terceiro for o titular da própria relação jurídica deduzida em juízo, tendo relação com o adversário do assistido. Ex1: Ministério Público ajuíza ação em substituição processual de um menor em demanda de investigação de paternidade em face de seu suposto pai. O menor poderia intervir com a representação da mãe com advogado como assistente litisconsorcial. Ex2: Demanda proposta pelo credor em face de apenas um devedor solidário. Aquele ou aqueles que não foram citados no processo podem intervir como assistente litisconsorcial, pois ao ser devedor solidário pode também responder por toda a obrigação e, se conseguir sentença favorável que entende pelo não pagamento do débito, será beneficiado. Ex 3: Ação de cobrança de valores inadimplentes. O assistente litisconsorcial do autor, p. ex. pode ser dele um credor, tendo interesse que o mesmo ganhe o processo em face do réu, que lhe pagará o devido nos autos. Recebendo o autor os valores, o assistente poderá receber o autor que lhe é devido. – tem interesse direto na procedência da ação. Se o autor perder, a decisão em favor do réu prejudicará o assistente. Efeitos: Assistência Simples: a. Atua como auxiliar do assistido, exercendo os mesmos poderes e se sujeitando aos mesmos ônus processuais (artigo 121 NCPC); b. Pode praticar todos atos que o assistido pode praticar como: deduzir alegações e provas; interpor recursos; impugnar atos praticados pela parte adversa; c. Fica sujeito ao mesmo ônus processual do assistido, ou seja, tem que observar as exigências que são impostas ao assistido, para que seus atos sejam admitidos no processo: TEMPESTIVIDADE e RECOLHIMENTO DAS CUSTAS, por exemplo; d. Caso o assistido não conteste, seja omisso, portanto, REVEL, o assistente pode atuar como seu SUBSTITUTO PROCESSUAL, AGINDO EM NOME PRÓPRIO NA DEFESA DE INTERESSE ALHEIO NO EXERCÍCIO DE UMA LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA (artigo 121, parágrafo único do NCPC); e. A assistência simples não impede que a parte principal pratique atos dispositivos, tais como: reconhecimento da procedência do pedido, a desistência da ação; a renúncia a pretensão; a transação (artigo 122 NCPC), pois o assistente, que não é o titular do direito direto, não pode impedir o assistido de dispor de seus interesses. f. EFICÁCIA DA INTERVENÇÃO (artigo 123 NCPC): havendo assistência simples e a sentença de mérito nos autos, o seu transito em julgado impõe este efeito, ou seja, uma vez tornada irrecorrível a sentença, o ASSISTENTE NÃO PODE EM OUTRO PROCESSO DISCUTIR A MESMA RELAÇAO JURÍDICA E NEM OS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA (EFICÁCIA PRECLUSIVA DA COISA JULGADA). EXCEÇÃO A ESTA REGRA: 1. Se o assistente mostra no processo posterior que, quando recebeu o processo anterior, no estado em que se encontrava ou pelas declarações ou atos do assistido ficou impedido de produzir provas que influenciassem na sentença; 2. Que desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, na se valeu nos autos (exceptio male gesti procssus). Assistência litisconsorcial: a. aqui o assistente é equiparado ao litisconsorte (art.124 do NCPC). O assistente terá uma forma de intervenção principal na qual o interveniente exerce verdadeira ação paralela a uma das partes em face da outra. Aqui poderá recorrer, poderá produzir as provas; b. pode agir no processo e conduzir sua atividade sem subordinação ao assistido, podendo ir além do assistido e até contrariar sua vontade; c. Possui advogados distintos (de diferentes escritóriosde advocacia); d. Possuem prazos dobrados (artigo 229 NCPC), salvo se for processo eletrônico (artigo 227, parágrafo 2º do NCPC); e. Se o autor e o réu quiserem transacionar no processo será a concordância do assistente litisconsorcial, pois o mesmo em interesse direto na relação jurídica de direito material discutia no processo; f. Possui os mesmos poderes do assistido e os mesmos ônus processuais; g. E é alcançado pelo efeito da EFICÁCIA DA INTERVENÇÃO.
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