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GE_OSASCO_10N | NEGOCIAÇÃO ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Prof: EDSON WIGGERS DIREITOS AUTORAIS Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Fundação Getulio Vargas. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao (s) autor (es). Negociação 3 Sumário 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................... 4 1.1 EMENTA .......................................................................................................... 4 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL ......................................................................................... 4 1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 4 1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .................................................................................... 5 1.5 METODOLOGIA................................................................................................... 5 1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO...................................................................................... 6 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ................................................................................. 6 1.7.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE APOIO ................................................................. 6 CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR ................................................................................ 7 2. TEXTO PARA ESTUDO ...................................................................................... 8 2.1 NEGOCIAÇÃO COMO INSTRUMENTO GERENCIAL .............................................................. 8 2.1.1 VISÃO GERAL SOBRE NEGOCIAÇÃO ........................................................................ 8 2.1.2 VISÃO GERAL SOBRE CONFLITOS ........................................................................... 9 2.1.3 NEGOCIAÇÃO E AS ÁREAS DE CONHECIMENTO........................................................... 10 2.2 PRINCIPAIS TIPOS E MODELOS DE NEGOCIAÇÃO ........................................................... 11 2.2.1 BARGANHA POSICIONAL ................................................................................... 11 2.2.2 NEGOCIAÇÃO BASEADA EM PRINCÍPIOS.................................................................. 11 2.2.3 QUADRO COMPARATIVO - BARGANHA POSICIONAL X NEGOCIAÇÃO BASEADA EM PRINCÍPIOS .... 13 2.3 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO ............................................................................ 13 2.3.1 A MACNA DA NEGOCIAÇÃO............................................................................... 13 2.3.2 ROTEIRO PARA PLANEJAMENTO............................................................................ 13 2.3.3 AVALIAÇÃO RACIONAL DA NEGOCIAÇÃO .................................................................. 14 2.4 ESTRATÉGIAS E TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO.................................................................. 15 2.4.1 ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO............................................................................ 15 2.4.2 TÁTICAS DE NEGOCIAÇÃO ................................................................................. 17 2.5 MAXIMIZAÇÃO DE RESULTADOS/RELACIONAMENTO COM AS PARTES..................................... 20 2.5.1 PARA MELHORAR SUA COMUNICAÇÃO ORAL ............................................................. 20 2.5.2 PARA MELHORAR SEU CONTROLE EMOCIONAL ........................................................... 21 2.6 O USO DA INFORMAÇÃO, DO TEMPO E DO PODER .......................................................... 21 2.6.1 SUCESSO PARA HERB COHEN ............................................................................. 21 2.6.2 FONTES DE PODER - HERB COHEN ....................................................................... 21 2.6.3 PODER ....................................................................................................... 21 2.6.4 INFORMAÇÃO ................................................................................................ 22 2.6.5 TEMPO ....................................................................................................... 23 3. SLIDES ......................................................................................................... 24 3.1 MODELO PARA PLANEJAMENTO DE NEGOCIAÇÕES ......................................................... 25 Negociação 4 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1.1. Ementa Negociação como instrumento gerencial. Principais tipos e modelos de negociação. Planejamento e organização. Estratégias e táticas de negociação. Maximização de resultados/relacionamento com as partes. O uso da informação, do tempo e do poder. 1.2. Carga horária total 24 horas-aula. 1.3. Objetivos Fornecer aos participantes a capacitação necessária para que realizem negociações efetivas e sustentáveis, que gerem valor e aprimorem o relacionamento entre as partes. Para isso, ao final da disciplina os participantes serão capazes de optar pela linha de atuação mais adequada, em função de cada fase do processo de negociação e dos fatores objetivos e subjetivos envolvidos, após: x Avaliar e articular as assimetrias de poder entre as partes: recursos, informações, poder, tempo e alternativas. x Reconhecer comportamentos, emoções e estilos dos negociadores. x Identificar as abordagens adotadas pela(s) outra(s) parte(s). Negociação 5 1.4. Conteúdo programático Ementa Conteúdo programático Negociação como instrumento gerencial x Visão Geral sobre negociação x O que é negociação? x O que é conflito? – tipos, causa e formas de intervir x Modelo de conflito intergrupal x Negociação em projetos (A Negociação e Administração de Conflitos no GP, Negociação e as áreas de conhecimento de GP) Principais tipos e modelos de negociação A Diferença entre Interesses e Posições Barganha Posicional, Negociação Áspera X Afável X Baseada em Princípios Teorias em negociação – Roger Fisher Abordagens de Negociação Metodologia de negociação - Elementos Básicos Princípios de negociação Planejamento e organização A MACNA da negociação Como devem ser as Propostas Posicionamento na negociação Área de barganha ou Zona de Acordo Possível Abordagens de natureza prática Agregação de Valor Teoria dos Jogos e Equilíbrio de Nash Etapas da Construção de Consenso Fases no processo de negociação x Preparação e Planejamento x Execução x Controle Avaliando a negociação racionalmente Estratégias e táticas de negociação Estratégias e Táticas de negociação Táticas de negociação Maximização de resultados/ relacionamento com as partes Tempo de coleta de informações Importância das características de negociadores Matriz dos perfis de comportamento Estilos do Negociador Diferenças culturais Os Pecados Capitais para a Negociação As Dez Regras de Ouro da Negociação O uso de informação, tempo e poder Sucesso para Herb Cohen Fontes de Poder - Herb Cohen 1.5. Metodologia O programa a seguir: x parte da exposição dialogada de slides que contêm os conceitos; x inclui apresentação de vídeos e realização de dinâmicas que propiciam a discussão dos conceitos, contextualizando-os para a realidade de cada participante; x apresenta artigos e estudos de caso para discussão e análise da aplicação dos conceitos em empresas reais; Negociação 6 1.6. Critérios de avaliação Os participantes serão avaliados através de prova ou dissertação individual e trabalho em grupo/individual, sendo necessária a nota final mínima de 7,0 (sete) para sua aprovação. 1.7. Bibliografia recomendada CARVALHAL, E. ANDRÉ NETO, A. ANDRADE, G. ARAÚJO, J. V. Negociação e Administração de Conflitos. Série Gerenciamento de Projetos. Rio deJaneiro: Editora FGV, 2006. CARVALHAL, Eugenio do. Negociação – fortalecendo o processo: como construir relações de longo prazo. 4ª ed. Rio de Janeiro: Vision, 2005. COHEN, Herb. Você pode negociar qualquer coisa. Rio de Janeiro: Record, 1980. WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não verbal. Petrópolis: Vozes, 2001. FISHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como chegar ao sim. 2ª ed. Rio de Janeiro: Imago, 1994. RAIFFA, Howard. El arte y la ciência de la negociación. México: Fondo de Cultura Económica, 1991. STONE, Douglas; PATTON, Bruce; HEEN, Sheila. Conversas difíceis. Rio de Janeiro: Campus, 1991. OBS: Esta apostila faz parte do Material Padronizado de Negociação e Administração de Conflitos, compilado e organizado pelos Prof. João Vieira de Araújo e Jeffrey H. Costa. 1.7.1. Referências Bibliográficas de apoio BAZERMAN, Max H.; NEALE, Margaret A. La negociación racional. Barcelona: Paidós, 1993. BERLEW, David; E.; MOORE, Alex; HARRISON, Roger. The Positive Negotiation Program. MA, USA: Situation Management Systems, 1984. BURGESS, Heidi; SPANGLER, Brad. What is consensus building?. Disponível em: www. Beyondintractability.org/m/consensus_building.jsp. Sept. 2003. CARVALHAL, Eugenio do. Estilo, comportamentos e práticas de influência dos negociadores do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Gestão Empresarial), Escola Brasileira de Administração Pública e Empresas, Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, mar. 2001. DAVIS, Flora. A comunicação não-verbal. São Paulo: Summus, 1979. DIMITRIUS, Jô-Ellan; MAZZARELLA, Mark. Decifrar pessoas: como entender e prever o comportamento humano. São Paulo: Allegro, 2000. FIANI, Ronaldo. Teoria dos jogos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. FISHER, Roger; ERTEL, Danny. Estratégias de negociação. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. Negociação 7 FISHER, Roger; SHAPIRO, Daniel. Beyond reason: using emotions as you negotiate. New Yook: Viking – Penguin Group, 2005. GUIDE PMBOK: Um guia do conjunto de conhecimentos do gerenciamento de projetos. 3ª ed. Newtown Square: Prpject Management Instituite, 2004. HENDON, Donald; HENDON, Rebecca; HERBIG, Paul. Cross cultural business negotiations. Westport, Connecticut: Praeger; 1996. KARRASS, Chester. O manual da negociação. Rio de Janeiro: Ediouro, 1994. LAX, David; SEBENIUS, James. The manager as negotiator. New York: Free. 1986. LEVICKI, Roy J.; SAUNDERS, David M.; MINTON, John W. (Org.). Ética em Negociação. In: Fundamentos da Negociação. Porto Alegre: Bookman, 2002. MELLO, José Carlos Martins F. de. Negociação baseada em estratégia. São Paulo: Atlas, 2003. RACKMAN, Neil. The behaviour of successful negotiators. In LEVICKI, Roy J.; SAUNDERS, David M.; MINTON, John W. (Org.). Negotiation: readings, exercises and cases. 3rd ed. Boston: Irwin/McGraw-Hill, 1999. URY, William. Vídeo HSM – Management. WANDERLEY, José Augusto. Negociação Total. São Paulo, Editora Gente, 1998. Curriculum vitae do professor EDSON WIGGERS, Bacharel em Administração de empresas pela FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado/SP. MBA em Gestão Empresarial pela FGV - Fundação Getúlio Vargas. Trabalhou No grupo Allianz entre 1989 e 2002, onde atuou nos segmentos de varejo, bancos e clientes corporativos em São Paulo. Entre 1997 e 2002 gerenciou as unidades de negócios da empresa nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão, onde teve 7 filiais sob sua gestão, tendo uma passagem por Minas Gerais em 2002. Em 2003 assumiu a posição de Superintendente da ACE Seguradora no Rio de Janeiro, com responsabilidade pelos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Nordeste, regiões para as quais elaborou e implementou planejamento estratégico de expansão. Como principal resultado destaca-se a consolidação da empresa entre as Top 10 ao final de 2004, quando assumiu a área Internacional de Resseguros para os segmentos de Petróleo, Gás e Energia. Em 2007 passou a Diretor de Negócios para a América Latina nos segmentos de Energia e Petroquímicas. No segundo semestre de 2008 juntou-se à XL Re Brasil, empresa multinacional de resseguros onde ocupou até Janeiro de 2013 a posição de Country Manager. Em 2014 tornou-se sócio da Miller Brasil Corretora de Resseguros para desenvolver e liderar a área de Contratos de Resseguros. Em Novembro de 2015 a Miller do Brasil foi adquirida pelo grupo Willis Towers Watson. Atualmente ocupa a posição de líder da área de Contratos de Resseguros da Willis Re. Professor da FGV - Fundação Getúlio Vargas no MBA de Gestão de Projetos onde leciona os módulos de Negociação e Administração de Conflitos, Liderança e Trabalho em Equipe, Gestão de Pessoas. Professor convidado da COPPE/UFRJ, onde no MBP - Master Business em Petróleo - leciona o módulo de Seguros e Resseguros para a Indústria do Petróleo. Foi membro do Comitê de Seguros e Resseguros da BRITCHAM RJ - Câmara Britânica de Comércio, Palestrante e Conferencista de temas sobre o mercado de Seguros e Resseguros e segmentos de Petróleo, Gás e Energia, Membro do Comitê de Resseguros da FENASEG - Federação Nacional das Empresas de Seguro. Negociação 8 2. TEXTO PARA ESTUDO 2.1. Negociação como instrumento gerencial A missão do Gerente é buscar um equilíbrio entre escopo, tempo, custo, qualidade e o entendimento e atendimento de expectativas, interesses e necessidades das diversas partes envolvidas no projeto para fazer sua implantação. O PMBOK apresenta as Principais Habilidades da Administração Geral (PMI, 2004, p.15) a serem observadas e desenvolvidas pelos Gerentes - Liderança, Motivação, Comunicação Efetiva, Solução de Problemas, Influência na Organização, Negociação e Gerenciamento de Conflitos. Além disso, destaca a importância do gerente de projeto conseguir apoio de cada um dos interessados (stakeholders), negociar conflitos, conquistar cooperação dos gerentes funcionais, fazer acordos com os membros da equipe, contratar diversos recursos, estabelecer objetivos e ajustar expectativas com o cliente e a equipe, quanto a escopo, custo, qualidade e cronograma. A visão de mundo de cada pessoa depende de sua percepção. Isso é, a forma com que processa as informações captadas por seus sentidos. E a percepção é fortemente influenciada pela educação de cada um, pelas experiências vividas, a cultura em que está inserida, seu estado emocional, seu foco/ interesse, seus objetivos, sua fase de vida etc. A percepção de qualidade, por exemplo, é em grande parte subjetiva. Analisando as Principais Habilidades da Administração Geral (PMI, PMBOK, 2004), revisitadas acima, torna-se claro que comunicação e negociação são instrumentos gerenciais de grande importância para o Gerente saber negociar e administrar conflitos. Além das competências de comunicação e negociação, é necessário que suas competências de planejamento também sejam, o máximo possível, desenvolvidas. O que você tem à disposição, abaixo, e irá vivenciar nas aulas são técnicas e ferramentas para ajudá-lo nessa tarefa, que na verdade é mais uma viagem. Ficam por sua conta, no entanto, outros ingredientes vitais: disciplina, perseverança e sensibilidade, principalmente para identificar as emoções e percepções das diferentes pessoas à sua volta, incluindo você mesmo. 2.1.1. Visão Geral sobre Negociação Para o PMBOK: "Negociar significa discutir com outros com o objetivo de se chegar a um acordo. Os acordos podem ser negociados diretamente ou com o auxílio de uma terceira parte... Negociações ocorrem em torno de diversas questões, em diversos momentos e em vários níveis do projeto.” (PMI, 2000, p.25) As questões relativas à negociação com que equipes de projeto frequentemente se deparam são: "objetivos de escopo, custo e cronograma, mudanças de escopo, custoe cronograma, termos e condições contratuais, designações, recursos" (PMI, 2000, p.25). Negociação 9 Adotaremos como definição que Negociação é a atividade que permite chegar a acordos mutuamente aceitáveis, em toda a espécie de conflitos, de domésticos a internacionais, podendo ou não, utilizar o auxílio de terceiros. Para ser um bom negociador, nos dias de hoje, é preciso desenvolver uma atitude voltada, simultaneamente, para a solução de conflitos e para o desenvolvimento dos relacionamentos, pois cada vez mais se valorizam os que se preocupam em manter os relacionamentos, num processo saudável e mutuamente lucrativo. Uma negociação bem conduzida pode servir para aumentar a confiança, o respeito e o comprometimento entre as partes. Não podemos esquecer que o comportamento de hoje tende a influenciar todas as futuras negociações. Os jogos de soma zero, em que para que um lado ganhe o outro precisa perder, estão ultrapassados já que tendem a impedir ou dificultar novas negociações e novos negócios, além de abalar ou acabar com relacionamentos preexistentes. 2.1.2. Visão Geral sobre Conflitos A abordagem moderna aceita os conflitos como inevitáveis e oferece técnicas e ferramentas para resolvê-los de forma que haja uma contribuição para o crescimento e integração da equipe, fortalecendo o relacionamento entre seus membros. O conflito nem sempre surge de um desacordo pleno. Embora muitas vezes as partes busquem o mesmo objetivo, há discordância em relação à forma de os alcançar. Por isso, enfatiza-se a importância de identificar a origem do conflito e a forma como se desenvolveu. Uma vez identificados esses itens, torna-se mais fácil unir as partes em uma negociação colaborativa (COHEN, 2000). Segundo o PMI (2004, p.5), projeto é "um esforço temporário empreendido com objetivo de criar um produto ou serviço único". Sendo assim, projetos estão sujeitos a diversos tipos de limitações e pressões, favorecendo o surgimento de conflitos em todas as suas fases. E, se esses conflitos forem mal gerenciados, atrapalharão o andamento do projeto, causando atrasos, desmotivando indivíduos fundamentais da equipe e até levando-o ao insucesso. Como boa parte dos conflitos pode ser antecipada pelos gerentes de projeto, com base em sua experiência e no conhecimento dos motivos históricos potenciais, podem-se adotar ações para prevenir seu aparecimento ou para os minimizar, evitando-se que tomem grandes proporções. Os conflitos aparecem com intensidade diferente em cada fase do projeto. Em projetos, suas causas mais comuns são: Prazos e Programação de atividades, Prioridades do Projeto, Disponibilidade e Qualificação dos Recursos Humanos, Questões Técnicas, Procedimentos Administrativos, Choques de personalidades e Custos. Segundo Ivanildo Macêdo (2003), "o grande desafio do líder é saber administrar a ocorrência do conflito", já que é uma forma das partes envolvidas externarem e resolverem diferenças. Desta forma, o "conflito pode ser visto como um ponto de partida Negociação 10 para mudanças individuais e coletivas, uma vez que previne a estagnação, desperta o interesse e a curiosidade pelo desafio da oposição, revela os problemas e demanda sua resolução". Toda resolução de um problema começa pela constatação de sua existência. Logo, o primeiro passo é admitir que o conflito existe. Em seguida, deve-se avaliar individualmente cada situação, à luz das condições encontradas no momento, uma vez que não existem receitas prontas para lidar com todas elas. Existem diferentes modos de lidar com conflitos, como ignorá-los, suavizar as dificuldades, usar o poder etc. No entanto, o confronto construtivo, em que as partes negociam a partir do entendimento dos reais objetivos de cada um, tende a trazer benefícios mais duradouros e fortalecer os relacionamentos. Estes oscilam entre a razão e a emoção e entre a objetividade e a subjetividade. O conflito normalmente se dá no campo da emoção e do subjetivo. A partir desta constatação, podemos afirmar que os métodos mais eficientes para resolver ou evitar conflitos são os que levam ou mantêm os relacionamentos no quadrante da razão e do objetivo. 2.1.3. Negociação e as áreas de conhecimento Todo projeto tem como resultado um produto ou serviço único e, por isso, merece um planejamento específico, para que possa ser executado e controlado de forma otimizada. O Projeto possui seu ciclo de vida – concepção, planejamento, execução e conclusão. Se considerarmos que o Gerente de Projetos é um Gerente de Negócios, ele deve participar desde o início, nas primeiras negociações com o cliente. Uma das dificuldades mais comuns em projetos é o fato do cliente não saber exatamente o que quer. Frequentemente ele descobre o que é o projeto pouco a pouco, durante o desenvolvimento do processo, gerando modificações de escopo. O plano de projeto pode ajudar as empresas a definirem melhor, com seus clientes, os elementos a incluir e a excluir, para que constem no contrato e sejam considerados no custo do projeto. Como os stakeholders são os principais interlocutores do Gerente ao longo do Projeto, é fundamental identificar seus interesses, expectativas e necessidades para gerenciá-los rumo ao sucesso do projeto. Essa identificação auxiliará na escolha dos processos de gerenciamento e liderança, de como se dará a comunicação, por quais meios e como será seu controle, para melhor negociar escopo, objetivos, produtos, prazos, verba, recursos humanos etc. Negociação 11 2.2. Principais tipos e modelos de negociação 2.2.1. Barganha Posicional A Barganha Posicional é o método tradicional de negociação, baseado em disputas de poder ou vontades, e sem o compromisso de desenvolver ou mesmo preservar relacionamentos. Na busca de um acordo favorável, as posições iniciais tendem a ser extremadas, procurando-se iludir a outra parte quanto às reais opiniões. E quanto mais extremadas as posições iniciais e menores as concessões, maior o tempo e o esforço para se chegar a um acordo. Raiva e ressentimento são frequentes entre os que cederam, interesses quando legítimos são deixados de lado. São dois os perfis tradicionais de negociadores. O Afável ou Macio que busca evitar conflitos pessoais e por isso faz concessões para chegar a uma solução rápida e amigável. No entanto, muitas vezes acaba se sentindo explorado. E o Áspero ou Duro que quer vencer sempre, encara cada negociação como uma disputa e por isso pode acabar prejudicando a outra parte, seus recursos e, até mesmo, a si próprio. 2.2.2. Negociação Baseada em Princípios A Negociação baseada em Princípios ou negociação dos méritos (método Harvard) tem como objetivo evitar os principais problemas da Barganha Posicional, mencionados acima. Para isso, é recomendada uma abordagem colaborativa, em que os negociadores passam a ser parceiros na busca da melhor solução para todos os envolvidos. Eis, abaixo, os 4 Princípios a serem adotados: 2.2.2.1. 1.º Princípio: Separe as pessoas do problema x Ponha-se no lugar do outro; x Discuta as percepções de cada um; x Evite deduzir as intenções do outro a partir de seus próprios medos; x Cuide de sua comunicação; x Busque uma abordagem colaborativa: crie um clima em que os negociadores se sintam e ajam como colegas colaborando na busca da melhor solução para as partes envolvidas; x Mantenha seu controle emocional e evite a todo custo reagir às explosões emocionais de outros; x Envolva a outra parte para que participe ativamente do processo de busca da melhor solução. Negociação 12 2.2.2.2. 2.º Princípio: Concentre-se nos interesses, não nas posições x A finalidade de negociar consiste em atender aos interesses das partes; x Quando se examinam cuidadosamente as posições opostas, é possível identificar interesses comuns,compatíveis ou complementares, além dos conflitantes; dessa forma torna-se mais fácil a descoberta de uma posição alternativa que atenda a boa parte dos interesses das partes; x Persiga seus interesses, mas permaneça flexível a soluções diferentes; x Se sua proposta for recusada, evite defendê-la de imediato; explique novamente seus interesses e pergunte se o outro lado tem uma forma melhor de atender aos interesses de todos; x Coloque o problema antes de oferecer sua solução: mostre interesses e razões e depois as conclusões e propostas. 2.2.2.3. 3.º Princípio: Invente Opções de Ganhos Mútuos x Crie uma variedade de possibilidades, Opções, antes de decidir o que fazer, utilizando brainstorming ou desenvolvendo soluções hipotéticas, seguindo o método científico; x Crie soluções mutuamente vantajosas; x Identifique os interesses comuns e harmonize os diferentes; x Indague sobre as preferências do outro, pois saber o que é preferível (mesmo que não necessariamente aceitável) permite apresentar novas opções, com ganhos comuns. 2.2.2.4. 4.º Princípio: Insista em Critérios Objetivos x Elabore critérios objetivos, legitimando-os, sob a forma de padrões justos: valor de mercado, precedentes, tradição, opinião científica/ especializada, padrões profissionais ou morais, reciprocidade, tratamento igualitário etc. x Elabore critérios objetivos, legitimando-os, sob a forma de procedimentos justos: um corta e o outro escolhe, revezamento, sorte, uso de terceiros (mediação, arbitragem, justiça); x Jamais ceda à pressão: convide o outro a explicar suas razões e espere, ou sugira critérios objetivos que você considere aplicáveis. Negociação 13 2.2.3. Quadro Comparativo - Barganha Posicional x Negociação Baseada em Princípios Adaptado de Como chegar ao Sim (Roger Fisher, William Ury, Bruce Patton). 2.3. Planejamento e organização 2.3.1. A MACNA da negociação MACNA é a Melhor Alternativa em Caso de Não Acordo (BATNA, em inglês). Significa identificar e desenvolver a melhor alternativa para satisfazer nossos interesses, no caso da atual negociação fracassar. É responder à pergunta: "se esse acordo não sair, qual a melhor entre as outras opções de que dispomos?", se houver alguma. É importante perceber que quanto melhor sua MACNA for, melhor será sua posição na negociação. Em contrapartida, quanto pior ela for, maior deverá ser seu empenho em fechar esse atual acordo, ao preço de, talvez, necessitar fazer muitas concessões. 2.3.2. Roteiro para Planejamento O planejamento torna mais provável a ocorrência de um futuro desejado. Seu ponto de partida é a definição de onde estamos e onde queremos chegar, para então escolhermos o melhor caminho até lá. Ao planejar, o negociador obtém uma visão mais clara do cenário que irá encontrar e aumenta a probabilidade de que desenvolva novas opções criativas e de ganho mútuo. A dedicação de tempo a planejamento e preparação aumenta a tranquilidade e confiança do negociador, melhorando sua atuação e, portanto, a probabilidade de sucesso na negociação, entre outros benefícios, como a preparação prévia de opções e o contorno das objeções esperadas, entre outras visíveis no próprio roteiro, abaixo. Negociação 14 A seguir, um roteiro para se fazer um bom planejamento. a. Fixe objetivos (o que queremos, resultado ideal) e escolha um posicionamento, com balizadores, para a negociação do que seriam seus resultados satisfatório e mínimo aceitável; aspectos negociáveis e inegociáveis; se necessário, aprove os seus limites na negociação; b. Pense em como você irá lidar com os problemas das pessoas; os negociadores da outra parte também são pessoas como você; quanto mais você os conhecer - quem são, qual sua representatividade e experiência, valores, práticas passadas, táticas, estilos, confiabilidade - e entender, melhor; c. Identifique interesses, expectativas, necessidades da outra parte, tais como prazos, orçamento, e sua ordem de importância; d. Crie opções de ganho mútuox Desenvolva uma pauta, com os principais assuntos; x Avalie possíveis implicações a longo prazo desses assuntos; x Selecione a sequência da pauta mais conveniente para todos os envolvidos na negociação e submeta-a antecipadamente; x Crie uma variedade de Opções mutuamente vantajosas, utilizando brainstorming e/ou desenvolvendo soluções hipotéticas, seguindo o método científico; x Antecipe prováveis obstáculos e prepare respostas e soluções para eles, inclusive, se necessário com acompanhamento de suporte jurídico, fiscal, regulatório, financeiro etc.; e. Identifique critérios que possam ser propostos para orientar as decisões Lembre-se ainda de: x Escolher as condições ótimas para o contato: como e onde (fora de sua empresa é mais difícil ter controle sobre a logística e os horários, além da falta da familiaridade com o ambiente e alguns recursos; por outro lado, no local indicado pela outra parte, esta se torna mais à vontade para falar de suas necessidades; há ainda a opção do local neutro), infraestrutura etc. x Liste o material e as informações necessárias, como garantias, certificados, folhetos, prêmios, tudo que puder apoiar sua posição, quando frente a frente com a outra parte. x Faça reuniões antecipadas com os membros de sua equipe, deixe clara a colaboração de cada um conforme um protocolo previamente estabelecido, oriente-a a demonstrar coesão, mantendo divergências de opinião para reuniões internas. x Se for possível, procure fazer um exercício com alguém capaz de se contrapor a você. 2.3.3. Avaliação racional da negociação Segundo URY & FISHER (1985), "Um acordo sensato pode ser definido como aquele que atende aos interesses legítimos de cada uma das partes na medida do possível, resolve imparcialmente os interesses conflitantes, é duradouro e leva em conta os interesses da comunidade". Negociação 15 2.4. Estratégias e táticas de negociação 2.4.1. Estratégias de negociação As estratégias priorizam tarefas/ resultados ou pessoas/ relações ou, na pior das hipóteses, nem uma coisa nem outra, em uma situação intermediária, tendendo ao meio- termo, à acomodação. Analise a grade de resolução de conflitos e negociação, adaptada de Thomas e Kilman (1974) e de Blake e Mouton (1975), na figura abaixo, para auxiliar na compreensão das cinco estratégias de negociação, detalhadas a seguir. 2.4.1.1. Uso do poder (ganhar/perder - dominação/submissão - pegar ou largar) Situação em que uma das partes tem poder, grande foco em tarefas/ resultados e pequeno foco em pessoas/ relações, levando a uma situação polarizada e antagônica que impede, ou pelo menos dificulta, o desenvolvimento de abordagens, processos e soluções inovadoras e aceitáveis para as partes. Negociação 16 2.4.1.2. Fuga-Desconhecimento (perder/ ganhar - submissão/ dominação - afastar) Situação em que uma das partes tem pequeno foco tanto em tarefas/ resultados, quanto em pessoas/ relações, levando-a a atenuar, ignorar, afastar, enterrar ou fugir da negociação ou conflito. A parte que foge pode tentar retaliar no futuro, se tiver mais poder. 2.4.1.3. Amaciamento (perder/ perder - Acordo/ compromisso - não engajar) As partes priorizam o relacionamento e desistem de alguns ou de todos os seus objetivos, privilegiando a manutenção da relação social. 2.4.1.4. Barganha (perder/ perder - acordo/ compromisso - barganhar) Cada parte desiste de alguns de seus objetivos, através da obtenção de alguma forma de compromisso (troca de valores em abundância que uma parte possui e dos quais a outra parte carece). O regateio é uma forma de barganha. Há um equilíbrio de forças, um recuo da situação de abertura, tendendo a uma solução de meio-termo, que muitas vezes não atende à necessidade das partes. 2.4.1.5. Integração (ganhar/ ganhar - relações de longo prazo - negociar)A integração, confrontação ou ainda o ganhar-ganhar é o método mais racional para a construção de relações duradouras e o fortalecimento da credibilidade entre as partes. A escolha das estratégias a se utilizar está fortemente relacionada à missão da Organização, às políticas emanadas da alta Direção e aos seguintes elementos: Elemento LEGITIMIDADE x vinculação à missão institucional; x concentração nos interesses; x reconhecimento do ambiente político-econômico-social; x levantamento das políticas organizacionais; x avaliação de consequências a curto/ médio/ longo prazos. Elemento INFORMAÇÃO x ouvir e ser ouvido; x perguntar razões e preferências ("por que não?"); x buscar informações privilegiadas; x identificar agentes de informação; x mostrar conhecimento específico; x levantar normas legais, setoriais e organizacionais. Elemento TEMPOx balizar; x agendar;x usar o tempo rumo ao objetivo; x buscar o tempo da outra parte; x identificar os interesses que sejam função do tempo. Elemento PODER x levantar a amplitude decisória; x explorar o poder de assumir riscos (custo x benefício); x identificar o perfil da outra parte; x entender as perspectivas pessoais; x posicionar-se para não ceder a pressões, apenas a princípios. Negociação 17 2.4.2. Táticas de negociação As chamadas táticas de negociação são, na verdade, táticas usadas na negociação para manipular as percepções das demais partes. Por isso, seu uso deve ser ponderado previamente, em função de seus riscos de serem identificados pela outra parte e percebidos como tentativas de manipulação. Como veremos, a seguir, denunciar o uso da tática é uma das formas mais eficazes de neutralizá-la. 2.4.2.1. Táticas mais usuais x Ataques a outra parte (Attacks: "Sua organização não me parece estruturada") ou Insultos pessoais (Personal Insults: "O desconhecimento de detalhes da sua proposta demonstra a sua falta de preparo para negociar o tema") tem o objetivo de desestabilizar a outra parte, levando-a a revelar algo não planejado. x O bom e o mau (Good Guy/ Bad Guy) - Negociação em dupla, em que um interlocutor é mais flexível, facilitando a negociação e o outro mais intransigente, a dificultando. x Reflexão arbitrária - Parafrasear aquilo que foi dito, de maneira a parecer mais forte do que foi dito. Por exemplo: "Então o senhor sugere que minha proposição é absurdamente impraticável?" x Justo e razoável (Fair and Reasonable) – A outra parte tenta analisar o seu negócio e determinar o que ela julga apropriado. Por exemplo: "Sejamos justos e razoáveis, aceite nossa oferta conforme foi proposta e teremos um bom negócio para todos". Uma variação dessa tática é Negociar sobre uma Oferta, em que o comprador toma o preço com desconto como base e oferece um valor central entre esse e o de sua oferta. x Falta de bom senso (Unreasonable) - Transformar a solicitação da outra parte em algo não razoável.x Fora de propósito - Um faz uma proposta absurda e começa a negociá-la, com o objetivo de cansar o outro para que fique mais propenso a aceitar uma oferta menos absurda. Uma variação dessa tática é O Chato: Trata-se de repetir constantemente que a oferta não é boa, sem ser específico, com o objetivo de conseguir concessões para calar o chato. x Negociação com limites: Imposição de limites para a negociação, como dinheiro (por exemplo, "adoramos você, sua empresa e seu produto, mas não podemos pagar mais que X"), capacidade, pessoal, tempo (também conhecido como Data Limite, Deadline; Por exemplo: "Se não fecharmos hoje, não será possível atender seu pedido no prazo") etc. x Blefes ou informação plantada: plantar notícias, espalhar boatos ou Surpreender (Surprise: trazer informação nova para a negociação) ou, ainda, Omitir informação (não revelar a realidade/ totalidade das informações). x Recusa a primeiras ofertas: alguns negociadores são treinados para nunca fazer ou aceitar a primeira oferta, como forma de desvalorizar sua proposta e/ou de protelar decisões. x Autoridade limitada (Limited Authority) - O negociador afirma ter atingido seu limite de competência para a questão ou faz uso de um eventual superior para adiar decisões ou para arrancar novas concessões. x Ausência da Autoridade (Missing Man) - Só alguém indisponível pode autorizar a proposição da outra parte. Negociação 18 x Autoridade total - O negociador afirma ter autoridade total. Por exemplo: "O que eu resolver está resolvido". x Composição de forças - Conjugar-se com outros, quando há mais de duas partes envolvidas. x Sugerir arbitragem (Suggesting Arbitration) - Ameaçar levar a negociação para arbitragem. x Atraso Estratégico (Strategic Delay) - Solicitar um recesso para dispersar a atenção sobre algum tema. Por exemplo: "Vamos tratar do assunto oportunamente". x Retirada (Withdrawal) - Retirar-se da negociação. Alguns negociadores só param de barganhar quando o outro se levanta e sai, indicando que atingiu seu limite. x Acordos Preestabelecidos (Fait Accompli) - Mencionar termos e condições preestabelecidas como assuntos resolvidos. x Isolar um ponto-problema - útil para ambas as partes, pois quando há confiança é possível deixar pontos polêmicos para depois. A médio e longo prazo, no entanto, os manipuladores e os manipulados conscientes tendem a perder a credibilidade. Ao invés de utilizar táticas, concentre-se em entender a outra parte. Abaixo, veja algumas técnicas que facilitam essa tarefa. Ouça com atenção. Evite o monólogo entre surdos, onde as partes apenas declaram suas posições e estão normalmente pensando em suas próximas declarações e não estão realmente ouvindo as demais partes. Há uma chance de você interromper o coro de monólogos se demonstrar disposição para escutar. Escutar é a concessão mais barata em uma negociação. Todos nós possuímos uma profunda necessidade de ser ouvidos e compreendidos, e você pode transformar qualquer negociação satisfazendo essa necessidade. Escutar requer tolerância, paciência e autodisciplina. Ao invés de reagir de imediato ao que está sendo dito ou então ficar pensando sobre seu próximo passo, concentre-se firmemente no que os demais negociadores estão dizendo. Escutar é como abrir uma porta por dentro, você abre uma porta na mente do outro, tornando-o mais propenso a ouvi-lo e motivando-o a cooperar ouvindo-o atentamente. Se o outro negociador estiver irritado ou nervoso, o melhor a fazer é ouvir seu desabafo, evitando interrompê-lo, mesmo que esteja errado. Mantenha contato visual olhos nos olhos, sinalizando entendimento com linguagem verbal e corporal. Pergunte se há algo mais que o outro queira dizer, incentivando-o a falar tudo que deseje, pois é muito saudável que as pessoas sejam ouvidas sobre seus sentimentos e ressentimentos. Os demais negociadores tendem a tornarem-se menos reativos, mais racionais, serenos e acessíveis quando são verdadeiramente ouvidos, e não é coincidência que negociadores eficientes escutam mais do que falam. A força do silêncio. O poder da pergunta está distribuído em duas metades: a primeira é a própria pergunta e a segunda metade é o silêncio que deve se seguir a pergunta, que é o tempo que o outro tem para enfrentar a pergunta e articular uma resposta. Um erro Negociação 19 que muitos cometem é interromper esse silêncio e privar o outro desse momento criativo para responder a sua pergunta. Normalmente isso acontece porque nos sentimos constrangidos com o silêncio e pressionados para interromper o silêncio, e até quando sentimos o outro constrangido com o silêncio também sentimos a pressão para interromper o silêncio. Resista bravamente à tentação de interromper esse silêncio e espere que o outro responda, deixando que o silêncio e o desconforto atuem na mente do outro. Assim, você pode obter uma resposta sobre os Interesses da outra parte, sobre uma possível Opção de acordo ousobre um Critério Objetivo (padrão legítimo). A partir desse ponto ele está participando do Diálogo que pode levá-los a fechar um acordo. Na maioria das vezes, basta apenas uma pergunta e uma resposta para que o jogo do Diálogo se inicie. Portanto, seja persistente. Se a sua pergunta não obtiver êxito na resposta, tente novamente de outra forma, reformule, pergunte indiretamente, enfim, insista como um entrevistador hábil. Os melhores negociadores são perguntadores por excelência. Concorde sempre que puder, sem fazer concessões. Concorde com o que for possível, pois é muito difícil atacar alguém que concorda com você. Você não precisa fazer nenhuma concessão, apenas concentre-se nos pontos que já concordou. É tentador concentrarmos nossa atenção nas diferenças, pois são elas as causadoras do conflito, entretanto, inicialmente é melhor concentrar-se nos pontos em comum. Aproveite todas as oportunidades para concordar, mesmo que seja brincando, pois o humor nos humaniza e nos aproxima do outro. 2.4.2.2. Contra-medidas Por fim, se apesar de seus esforços o outro negociador continuar usando obstruções, ataques e truques, é preciso reformular o diálogo, eventualmente mencionando as táticas utilizadas e buscando negociar o próprio processo de negociação, incluindo as regras do jogo. Em qualquer negociação sempre ocorrem duas negociações em paralelo, uma diz respeito ao objeto da negociação, a substância (preço, prazo, qualidade, quantidade etc.), e a outra é sobre a forma como a negociação está sendo conduzida. Normalmente essa segunda negociação, a negociação do processo, permanece subliminar. No caso do outro abusar de táticas como obstruções, ataques e truques é recomendável explicitar essa segunda negociação, questionando o comportamento do outro e suas táticas. As pessoas que usam essas táticas normalmente estão sondando para saberem até onde conseguem chegar. Ao mostrar-lhes que você sabe o que estão fazendo, talvez isso as faça parar. Ao mencionar a tática, você está passando a seguinte mensagem: "Eu não nasci ontem e sei o que está tentando fazer, isso não vai funcionar comigo". No entanto, busque fazê-lo de forma que não seja percebido como um ataque pessoal, pois isso permite que o outro tenha uma saída elegante. Negociação 20 Se mencionar as táticas usadas não funcionar, é preciso negociar a negociação exatamente como se negocia a substância da negociação. Faça uma pausa, chame o outro à parte se necessário, para lhe dizer algo como: "Acredito que a forma como estamos negociando até agora não vai nos levar ao entendimento que desejamos", ou "Preciso conversar com você sobre algo que está me perturbando". Negocie a forma de negociação, da mesma forma como se deve negociar a substância. E se, apesar de seus esforços, o outro não aceitar discutir nada além de sua posição ou além do objeto negociado, você ainda pode usar variações de "Eu quero construir um acordo que seja mutuamente interessante, de modo amistoso e eficiente. Eu acredito que, para isso, precisamos estar dispostos a dialogar, ouvir um ao outro, trocar informações sobre nossos Interesses, Critérios e Opções aceitáveis para um acordo. Nós podemos e precisamos criar valor e não apenas dividi-lo.” Fale sempre com calma, sem questionar a honestidade ou boa-fé do outro, sobre a injustiça de táticas como pedir mais concessões após fechado o acordo ou sobre a inconveniência de ataques pessoais. Após chegar a um entendimento sobre as regras do jogo, então será possível voltar a negociar o essencial de forma mais construtiva, amistosa e eficiente. 2.5. Maximização de resultados/relacionamento com as partes Para maximizar resultados e relacionamentos com as partes é muito útil cuidar de sua comunicação e de suas emoções. Veja a seguir algumas recomendações para melhor fazer isso. 2.5.1. Para melhorar sua Comunicação Oral x Seja um bom ouvinte, mostrando simpatia, empatia e atenção; x Mostre que está entendendo a mensagem e que considera os interesses do outro como parte do problema; x Espere a sua vez de falar e evite interromper a outra parte; x Use o nome da pessoa com quem fala; x Fale apenas o necessário, com entusiasmo e confiança; x Descubra e ressalte pontos em comum; x Coordene e encadeie idéias objetivamente; x Use linguagem simples, sem gírias ou vulgaridades; x Considere o status cultural e intelectual do outro, falando para ser entendido, enfatizando idéias e argumentos e usando o vocabulário semelhante ao do seu interlocutor;x Fale sobre onde gostaria de chegar e não de onde partiram; x Acompanhe altura, velocidade e entonação de voz do interlocutor; x Evite utilizar a palavra NÃO ou discordar ofensivamente, frases/ expressões ambíguas, depreciativas ou de desaprovação, dar ordens; x Cuidado para que o outro não se sinta atacado: use frases como "corrija-me se estiver errado" (além disso, se não for corrigido estará aceito seu ponto de vista). Negociação 21 2.5.2. Para melhorar seu Controle Emocional x Prepare-se para elaborar soluções conjuntas, evitando climas de batalha; x Incentive a pessoa a falar, concluindo seu raciocínio; x Escute realmente, mostrando que escutou (feedback/ recapitulação); x Deixe de lado as interferências do ambiente; x Pergunte-se se há questões/emoções passadas interferindo, pois explicitar as emoções e reconhecer sua legitimidade ajuda a clarear a dimensão de problemas e facilita uma abordagem mais pró-ativa; x Utilize gestos simbólicos que possam produzir impacto emocional construtivo no outro, com baixo custo para você, como elogios sinceros, públicos e privados, notas de solidariedade, expressão de pêsames, pedidos de desculpas (mesmo quando não se reconhece a responsabilidade pessoal ou qualquer intenção de prejudicar);x Avalie cuidadosamente ideias do seu interlocutor que sejam diferentes das suas; x Mesmo que esteja com pressa, acalme-se; x Evite fazer pouco caso, se o assunto não lhe interessar; x Se algo ruim aconteceu a você, não desconte nos outros: Separe as pessoas do problema ATENÇÃO! Uma negociação bem feita ajuda a produzir acordos duradouros, a estabelecer bons precedentes e a construir relações estáveis. 2.6. O uso da informação, do tempo e do poder 2.6.1. Sucesso para Herb Cohen Para Cohen a probabilidade de sucesso em uma negociação é dada pela fórmula: Sucesso = Timing x Informação x Poder Apesar de matematicamente essa não ser uma equação propriamente dita, a ideia de Cohen era que quando qualquer uma dessas variáveis for zero, será zero também a probabilidade de sucesso. 2.6.2. Fontes de Poder - Herb Cohen 2.6.3. Poder Quanto maior é a autonomia para exercer sanções e oferecer recompensas, maior é o poder relativo que uma parte tem em relação à outra. Um grau maior de autonomia obtida internamente representa maior possibilidade de ser flexível e de fazer concessões passíveis de serem cumpridas numa negociação posterior. Quanto maior a autonomia, maior é a possibilidade de adotar uma estratégia de negociação em sua plenitude, ou optar por estratégias menos flexíveis como "Não engajar" ou "Pegar ou largar". Dentre as diversas bases de poder, estudadas em detalhe por Cohen, e identificadas ao longo dos anos como meios potenciais de influenciar com sucesso o comportamento dos outros, citamos: Negociação 22 2.6.3.1. Poder Coercitivo Baseado no medo. É uma espécie de uso da força, com exercício implícito ou explícito de sanções. O poder percebido de demitir, transferir, rebaixar, congelar, em suma, de punir, pode ser uma forma importante pela qual uma parte induzirá a outra a ceder ou consentir. 2.6.3.2. Poder de Conexão Baseado nas ligações que uma das partes tem com outras pessoas ou grupos importantes e influentes dentro e fora de uma organização ou sistema. 2.6.3.3. Poder de Recompensa Baseadona capacidade de uma das partes prover ou negar recompensas a outra parte. 2.6.3.4. Poder de Referência Baseado nos traços pessoais de uma das partes. Indivíduo ou grupo com personalidade marcante. 2.6.3.5. Poder de Informação Baseado na posse ou acesso, por uma das partes à informação que é percebida como valiosa para a outra parte. 2.6.3.6. Poder de Especialista Baseado na posse por uma das partes de especialização, habilidade ou conhecimento que, pelo respeito suscitado, influencia a outra parte. 2.6.3.7. Poder Legítimo Baseado na posição que um indivíduo, grupo ou organização tem no sistema do qual faz parte. Quanto mais alta a posição, mais alto o poder legítimo. As bases do poder que as partes têm são valores de troca nas negociações. O balanço do poder faz parte do planejamento da negociação. O negociador precisa identificar, antecipadamente, segundo sua percepção, qual é o poder relativo entre as partes. Tenho mais? Tenho muito mais? O poder é equilibrado? Tenho menos? Tenho muito menos? Ao identificar bases de poder/ valores/ argumentos da outra parte, o negociador poderá trabalhar para fortalecer suas bases de poder/ contravalores/ contra-argumentos, ou se preparar para melhor transacionar com eles. 2.6.4. Informação Toda informação é importante para uma negociação, mas as que possibilitem a uma das partes determinar valores alternativos para oferecer a outra parte são vitais. Assim, devemos envidar esforços para descobri-los por meio, entre outras, de: x análise comercial; x pesquisa de mercado; x publicações técnicas; Negociação 23 x Internet;x reportagens;x ranking de empresas; x perspectivas do segmento de mercado; x análise de portfólio; x histórico de negociações (concessões, acordos, implementações); x informações de anúncios; x mudanças tecnológicas; x comunicação com a outra parte; x comunicação com interlocutores da outra parte. 2.6.5. Tempo O tempo é um recurso fundamental nas negociações. É preciso perceber como diferentes negociadores utilizam o tempo. Quanto dedicam a cada etapa do processo e como: uns de forma ritualística e estruturada, outros de forma mais informal e até aleatória. O processo de negociação ocorre no tempo e está associado ao passado, presente e ao futuro. Esses três momentos identificam as fases mais importantes da negociação - planejamento, execução e controle – que o ajudarão a ter cada vez mais sucesso em suas negociações. Negociação 24 3. SLIDES Negociação 25 3.1. Modelo para Planejamento de Negociações IN T ER ES SE S - N o s s o s D e le s M A C N A O P Ç Õ ES / O FE R TA S C R IT ÉR IO S A p e n as N o ss o s B A LI ZA D O R ES - I d e a l M ín im o A c e it á v e l C o m u n ic aç ão : o q u e sa b em o s so b re o o u tr o n eg o ci ad o r? q u e p er gu n ta s d ev em o s u sa r? Negociação 26 IN T ER ES SE S - N o s s o s D e le s M A C N A O P Ç Õ ES / O FE R TA S C R IT ÉR IO S A p e n as N o ss o s B A LI ZA D O R ES - I d e a l M ín im o A c e it á v e l C o m u n ic aç ão : o q u e sa b em o s so b re o o u tr o n eg o ci ad o r? q u e p er gu n ta s d ev em o s u sa r? Negociação 27 IN T ER ES SE S - N o s s o s D e le s M A C N A O P Ç Õ ES / O FE R TA S C R IT ÉR IO S A p e n as N o ss o s B A LI ZA D O R ES - I d e a l M ín im o A c e it á v e l C o m u n ic aç ão : o q u e sa b em o s so b re o o u tr o n eg o ci ad o r? q u e p er gu n ta s d ev em o s u sa r? 1 Negociação Edson Wiggers MBA Objetivo da Disciplina • Desenvolver competências para melhor – Articular uma visão consistente dos processos de • negociação • gestão de conflitos – Realizar negociações efetivas e sustentáveis que • gerem valor • melhorem ou preservem o relacionamento entre as partes • considerem – os comportamentos e estilos dos negociadores – os fatores objetivos e subjetivos envolvidos – as abordagens adotadas pela(s) outra(s) parte(s) – as assimetrias entre as partes, incluindo tempo, informações, poder, recursos e alternativas 2 Autores: Eugenio do Carvalhal Antônio André Neto Gersem M. de Andrade João Vieira de Araujo Bibliografia Recomendada 3 A Importância da negociação Achar uma solução para satisfazer interesses... que seja melhor do que qualquer outra alternativa analisada 3 Negociação - Definições “...um processo bilateral de comunicação com o objetivo de alcançar uma decisão compartilhada”. (Fisher/Ury, 1985:30) “...a utilização da informação e do poder, buscando influenciar o comportamento em uma rede de tensão”. (COHEN, 1980:13) “Campo de conhecimento e empenho que visa à conquista de pessoas de quem se deseja alguma coisa”. (COHEN, 1980) “...um processo de interação potencialmente interessante pelo qual duas ou mais partes, com algum aparente conflito, procuram, através de decisões conjuntas, fazer melhor do que fariam de outro modo”. (LAX/SEBENIUS, 1986:11) “Atividade que envolve um elemento de negócio ou barganha ...para possibilitar que ambas as partes atinjam um resultado satisfatório”. (HODGSON, 1996) “Atividade que pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os participantes”. (NIERENBERG, 1991) “Processo por meio do qual as partes se movem das suas posições iniciais divergentes até um ponto no qual o acordo pode ser obtido”. (STEELE et al, 1989) “Negociar é discutir com os outros com o fim de se chegar a um acordo”. (PMBOK, 2004) “Negociar é transacionar, trocar, ajustar uma questão; contratar outrem para fazer algo; comprar ou vender; fazer acordo da mais variada espécie; convencionar sobre determinadas matérias.” (Dicionário Aurélio, 2011) Negociação em projetos • O Gerente de Projetos negocia para – implementar projetos • que, em geral, promovem mudanças de cultura e/ou estrutura, o que causa resistências • buscar, mobilizar e compartilhar recursos – acomodar mudanças • em normas, regulamentos, padrões, alocações, aquisições... • no contexto • nos interesses de clientes ou superiores • devido a influências culturais Negociação é um exercício de influência 4 ARTE ou CIÊNCIA Paixão Dor Prazer Medo Beleza Sonhos Delírios Amor Transcendência Criatividade Compaixão Intuição Confiança Vontade Complexidade Auto-Estima Incerteza Sistemática Método Técnica Cálculo Conceitos Processos Teoremas Evidências Controle Previsão Experimentos Modelos Certeza Racionalidade Impessoalidade E M O C IO N A L R A C IO N A L Negociação: Arte ou Ciência? ? 7 “Divergência percebida de interesses, ou uma crença de que os atuais objetivos das partes não podem ser alcançados simultaneamente” Conflito Pruitt e Rubin (1986) POSITIVOS Melhoram Desempenho NEGATIVOS Pioram Desempenho 5 Tipos de Conflitos • Intrapessoais • Interpessoais • Intergrupais• Interorganizacionais Intervenção estrutural (causas reais) Encontrar objetivos comuns Encontrar objetivos comuns Criar sistemas de recompensa Criar sistemas de recompensa ReagruparReagrupar Estimular a rotação Estimular a rotação SepararSeparar Intervenção no processo (causas emocionais) DesativarDesativar ConfrontarConfrontar ColaborarColaborar MediarMediar Intervenção mista (causas mistas) Estabelecer regrasEstabelecer regras Organizar grupos de trabalho Organizar grupos de trabalho Criar papéis de ligação Criar papéis de ligação Atribuir papéis integradores Atribuir papéis integradores Formas de intervir no Conflito 6 Principais Causas de Conflitos Causa Definição Recomendação Prioridades Visões diferenciadassobre atividades e tarefas Desenvolver plano compatível com estratégias Organizacional Como o projeto será organizado e gerenciado Clareza de papeis, e responsabilidades no início do projeto Interfaces Como são passadasas informações entre níveis Atenção na comunicação e na gestão de partes interessadas Questões Técnicas e de Performance Requisitos, especificações de performance, funcionalidades Utilizar avaliação por pares e decisão em comitês. Recursos Humanos Mobilização de pessoas,como contratá-las e quando Desenvolver EAP e matriz de responsabilidades Custos e Orçamento Estimativas de custose alocação orçamentária Desenvolver orçamento detalhado por tarefas e atividades Prazos Prazos, sequenciamento Cronograma integrandoos subprojetos Interpessoal Estilos, motivações, valores, poder Foco no Desenvolvimento da equipe Resultados Diferenciação dos Grupos Atividades interdependentes Recursos Compartilhados Percepção da oportunidade de interferência Percepção da incompatibilida de de objetivos Conflito CONDIÇÕES ANTECEDENTES O PROCESSO DE CONFLITO RESULTADOS Seja suave com as pessoas e duro com os problemas. FISHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como Chegar ao Sim. 1985. adaptado de Scmidt e Kocham (1972) Modelo de Conflito Intergrupal 7 POSIÇÕES 9 dinheiro 9 números 9 cotas 9 produtos 9 pessoas 9 descontos INTERESSES 9 necessidades 9 aspirações 9 preocupações 9 esperanças 9 desejos 9 receios 9 temores Interesses Posições Interesses e Posições são coisas diferentes! NEGOCIAMOS PARA SATISFAZER INTERESSES Foco nos Interesses • Foque os Interesses e não as posições – Os interesses são os motivos das posições. – A posição tende a esconder • o que realmente se quer • interesses comuns e compatíveis ou complementares 8 • É a Melhor Alternativa em Caso de Não Acordo – principal fonte de PODER na negociação • Se a negociação fracassar – que alternativas tenho para satisfazer meus interesses? Qual é o meu plano B? • Se sua MACNA for – boa = poder na negociação – ruim = fazer concessões A MACNA da negociação A MACNA é sua alternativa de retirada Tipos de negociação: Abordagem Competitiva • Competitiva ou Distributiva (Barganha Posicional) – orientada para reivindicar valor – participantes são adversários (Informação = poder) – o ego se identifica com a posição – discutir posições é, em geral, ineficaz • parte-se de posições iniciais extremadas, que dificultam mudanças de posição • busca-se o melhor resultado imediato, se necessário iludindo o outro • o uso de competências, táticas e poder para obter o máximo possível de concessões põe relacionamentos em risco – busca-se um ganha-perde • mas frequentemente se obtém um perde-perde 9 Tipos de negociação: Abordagem Colaborativa • Colaborativa ou Integrativa – Orientada a criar valor – Negociadores são colegas solucionadores de problemas • busca-se a melhor solução possível (ganha-ganha) • os interesses do outro são parte do problema, buscando-se atendê- los, na medida do possível e resolver imparcialmente os conflitantes • relacionamentos são valorizados e a comunidade considerada – Condições • confiança, respeito, troca de informações (Informação = ferramenta) – Também chamada de Baseada em Princípios ou Negociação de Méritos • Pessoas • Interesses • Opções • Critérios Negociação... Áspera X Afável X Princípios Adaptado de FISHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como Chegar ao Sim. 1985. Pessoas, interesses, opções e critérios 10 Sucesso = T x I x P • 19 COHEN, Herb. Você pode negociar qualquer coisa. Rio: 1980. Sucesso para Herb Cohen Fontes de Poder • Poder da concorrência • Poder da legitimidade • Poder dos riscos • Poder da especialização • Poder de conhecer as necessidades • Poder do investimento • Poder da recompensa e punição • Poder da identificação • Poder da moralidade • Poder do precedente • Poder da persistência • Poder da capacidade persuasiva • Poder da atitude COHEN, Herb. Você pode negociar qualquer coisa. Rio: 1980. 11 Equilíbrio de Nash • Equilíbrio de Nash - Non-cooperative games – Criada por John Nash, 1951 – Não se restringe aos jogos de soma zero. Resulta de cada jogador adotar a estratégia que é a melhor resposta às estratégias dos demais jogadores Fases e estágios do processo de negociação Fases Estágios Planejamento Planejamento Preparação Execução Preliminar Abertura Exploração Encerramento Controle Controle das condições Avaliação 22 12 Planejamento e Preparação Fases do processo - Planejamento • A dedicação de tempo ao planejamento e preparação – melhora a atuação e aumenta a probabilidade de sucesso da negociação – Proporcionam ao negociador • uma visão mais clara do cenário • a redução do grau de ansiedade e insegurança geradas por situações novas e desconhecidas Planejamento e Preparação Planejamento Tático O que se pretende negociar (Objeto e Objetivos) Partes envolvidas MACNA, ZOPA Interesses e Posições Opções, Moedas de Troca, Fontes de Poder Características pessoais das partes Equipes de Preparação e de Negociação Conciliadores, Mediadores e Intermediários Local Agenda Cronograma Tempo Simulação antecipada, Aspectos Culturais etc... 13 Busque reciprocidade e proteção com o formato "Se... Então..." Como devem ser as Propostas (Opções) • Separe tempo para criar uma variedade de Opções – Explore diferentes pontos de vista • identifique interesses comuns e harmonize os diferentes – Pense em ganhos mútuos • invente diversas opções e pergunte ao outro qual delas prefere – Torne fácil e atraente para o outro tomar a decisão que você quer – Devem ser suficientes, realistas e operacionais Legitimidade Legitimidade se refere à percepção que as partes tem de quão justo é um acordo. 9 Um acordo fará as partes se sentirem tratadas com justiça na medida que se basear em parâmetros, critérios objetivos ou princípios externos, além da vontade de cada uma das partes. 14 Por que usar Critérios • Use Critérios para... – Orientar decisões de forma objetiva, com parâmetros definidos previamente – Reduzir o poder de vontades subjetivas das partes – Legitimar suas ofertas Como escolher Critérios • Critérios objetivos podem ser – Padrões • valor de mercado • reciprocidade, precedentes, tradição • opinião científica/ especializada • padrões profissionais ou morais – Procedimentos • “um corta, o outro escolhe” • revezamento, sorte, terceiros... Desenvolva antecipadamente alguns critérios alternativos e reflita sobre a aplicação a seu caso 15 Posicionamento na negociação • Posição máxima ou ideal – O que você aspira obter se puder ter tudo o que deseja (otimismo com realismo)• Posição alvo ou satisfatória – O que você pode considerar como um acordo razoável, levando em conta a posição da outra parte • Posição mínima ou mínimo aceitável – O mínimo de suas aspirações atendidas que você está disposto a aceitar para chegar a um acordo Esperar e pedir mais frequentemente produzem acordos em níveis mais elevados do que quando se fazem demandas mais modestas (ancoragem) Comprador $ 85 $ 90 $95 Vendedor $ 100 Zona de Possível Acordo Acordo Possível Metas realistas ZOPA – Zona de Possível Acordo 16 ZOPA – Zona de Possível Acordo Comprador $ 85 $ 90 $ 95 Vendedor $ 100 Não Há Zona de Possível Acordo Acordo Impossível Faixa do vendedor VALOR - PREÇO ZOPA – Zona do Possível Acordo Faixa do comprador Esforços do comprador Esforços do vendedor VALOR PREÇO Zona de Possível Acordo • Duas visões da barganha nas negociações – Contexto DISTRIBUTIVO: Negociação, como um “jogo de soma zero” com objetivos conflitantes – Contexto INTEGRATIVO: Negociação como um processo de adição de valor 17 Avaliando a negociação racionalmente • Avalie – o que fará se não fechar o acordo – o que o outro fará se não fechar o acordo – as verdadeiras questões da negociação – quão importante cada questão é para você – quão importante cada questão é para o outro – a Zona de Provável Acordo – onde há possibilidade de trocas – o grau de influência do ambiente sobre as partes Diferenças culturais • Procure conhecer um pouco sobre – idioma, expressões e gestos – principais expressões artísticas e culturais – foco: individualidade ou coletividade – o que dá orgulho ao povo • Evite – fazer juízos de valor sobre • sistema educacional • crenças, religião • organização social (ex.: família, sindicato) • organização política (ex.: governo, partidos) – ferir o orgulho das pessoas 18 Estágios da Fase Execução • No estágio preliminar – crie um clima positivo para a negociação – firme valores sobre a forma de tratamento entre as partes • Na abertura – defina a natureza, parâmetros e escopo do negócio • Na exploração – identifique os interesses subjacentes – encontre e teste valores alternativos • No encerramento – estruture o acordo, formalizando-o – planeje as ações necessárias para garantir que o compromisso seja cumprido Comunicação interpessoal Não-verbal • Sinais de receptividade – Sorrir – Balançar a cabeça afirmativamente – Fazer sinal positivo com o polegar – Inclinar o corpo para a frente – Descruzar pernas e braços – Abrir mais os olhos, aumentar o contato visual • Sinais de resistência – Franzir a testa – Balançar a cabeça negativamente – Fazer sinal negativo com o polegar ou indicador – Inclinar o corpo para trás – Cruzar pernas e braços – Reduzir o contato visual – Demonstrar impaciência/tédio • Olhar para relógio/porta • Guardar coisas, fechar mochila/bolsa, pegar chaves • 36 Preste atenção aos sinais, interpretando-os como indícios Corpo (com tom de voz), roupas, distâncias, objetos, símbolos... 19 Comunicação interpessoal – Verbal Como levantar interesses? qual foi sua linha de raciocínio? o que é mais importante para você? Negociadores habilidosos perguntam, testam entendimento, parafraseiam, resumem, fazem silêncio para que o outro fale, ouvem ativamente Fases do processo - Controle • Controle das Condições e Avaliação – Analise sistematicamente os resultados • ajuda a construir os alicerces da credibilidade, por meio da implementação dos acordos – defina quem faz o quê, por quê, quando e em que prazo, onde, quantas vezes, a que custo • após cada interação e ao final – oriente o autodesenvolvimento e a melhoria dos resultados 20 Características do Bom Negociador Planeja Múltiplas Opções Conhece o Tema Tem Moedas de Troca Foca no Relacionamento Faz Perguntas Sabe Ouvir Testa o Entendimento Sumariza Frequentemente Entende os Sentimentos Avalia Sua Performance Pensa a Longo Prazo Táticas de negociação • Blefes ou informação plantada – Omitir, mentir, plantar notícias ou espalhar boatos – Contramedida • faça pesquisa prévia e cheque novas informações • se algum fato novo surgir, pergunte e confirme • Composição de forças – Conjugar-se com outros, quando há mais de duas partes envolvidas • Negociação com limites – Tempo, dinheiro, capacidade, pessoal etc. – Contramedida • busque uma concessão equivalente a cada uma que fizer • por exemplo, “se reduzirmos o preço, teremos que reduzir o escopo do projeto ou excluir Y” 21 Táticas de negociação • Recusa a primeiras ofertas – Contramedida • afirmar o valor de sua proposta e destacar como a protelação pode levar a perdas • essa tática perde parte do sentido, quando uma das partes tiver reputação de ser justa • Insultos pessoais ou Ataques a outra parte (Attacks) – Objetivam desestabilizar o outro – Contramedida • ignorar • Autoridade limitada ou ausente – Uso de um superior (real ou não) para adiar decisões ou para arrancar novas concessões – Contramedida • determine de antemão o real poder do outro • em negociações com grupos, identifique o decisor e busque negociar com ele Táticas de negociação • Retirada ou Saída intempestiva – Levantar para sair, na intenção de indicar um limite – Contramedida • se a tática for usual, retire-se antes disso • “Justo e razoável” – O outro analisa o seu negócio para definir o que julga justo ou apropriado – Contramedida • Delicadamente ignore essas análises e traga a atenção de volta para o valor de sua proposta • Fora de propósito – Um faz uma proposta absurda e começa a negociá-la – Contramedida • afirme delicadamente que a proposta está fora de questão e depois ignore-a; avalie prós e contras de continuar negociando 22 Táticas de negociação • Tira bom / tira mau – Um é mais flexível e o outro mais intransigente – Contramedida • denuncie o uso da tática • Atraso Estratégico (Strategic Delay) – Recesso para dispersar a atenção sobre algum tema • Cone de silêncio – Aumentar a ansiedade do outro, levando-o a fazer propostas diferentes da original – Contra-medida • faça perguntas objetivas que demandem respostas sobre os interesses da outra parte Ao longo do tempo, manipuladores e manipulados conscientes tendem a perder a credibilidade Júlio, Carlos Alberto - A Magia dos Grandes Negociadores - Elsevier, 2005. Baseado no trabalho do psicólogo suíço Carl Gustav Jung • Gestos = Largos • Tom de voz = Alta inflexão • Gestos = Suaves • Tom de voz = Baixa Inflexão • Tom de voz = Firme • Gestos = Impositivos • Tom de voz = Constante • Gestos = Pensativos ANALÍTICO PRAGMÁTICO EXPRESSIVOAFÁVEL Lento Rápido Emoção Razão Características do negociador Matriz dos Perfis de Comportamento 23 ESTILO DOS NEGOCIADORES Estilo Como é visto Analítico Sério, organizado, paciente, cuidadoso, controlado, indeciso, meticuloso, teimoso, perfeccionista. Afável/ Apoiador Amável, compreensivo, prestativo, bom ouvinte, integrador, fingido, ineficiente. Expressivo/ Catalisador Criativo, empreendedor, entusiasmado, estimulante, persuasivo, superficial, exclusivista, impulsivo, inconstante. Pragmático/ Controlador Decidido, eficiente, rápido, objetivo, exigente, crítico, impaciente, insensível. Junqueira, Luiz A. Costacurta – Negociação: tecnologia e comportamento PERFIL ANALÍTICO 9 Prefere informações e detalhes9 Cumpre o que promete9 É cauteloso9 Busca evidências por escrito9 Trabalha sozinho9 Não divide informações9 Tomada de decisão lenta PERFIL PRAGMÁTICO 9 Preferetrabalhar rápido e sozinho9 É orientado para resultados9 Não aceita falhas nem explicações9 Fala o que pensa9 Tem dificuldade para lidar com as diferenças9 Busca poder e controle PERFIL EXPRESSIVO 9 Necessita ser reconhecido9 Não aceita críticas9 Rejeita análises detalhadas9 Impulsivo9 Decisões são imediatas9 Orientado para ideias9 É criativo9 Compartilha informações PERFIL AFÁVEL 9 Busca aceitação do grupo, amigo de todos9 Orientado para pessoas9 Trabalha bem em equipe9 Tem dificuldade em dizer não9 Decisões são mais demoradas Perfis dos negociadores 24 • "Resultados" – Racional – Lógico – Analítico – Crítico – Quantitativo • "Processos" – Organizado – Detalhista – Planejador – Sequencial • "Experimentação" – Criativo – Imaginativo – Intuitivo – Rompe regras – Impetuoso • "Pessoas" – Emocional – Sentimental – Comunicativo-social Lidando com os diversos stakeholders O Modelo de Dominância Cerebral de Ned Herrmann Os 7 elementos da Negociação • Manter comunicação eficaz • Cuidar do bom relacionamento • Descobrir os interesses da outra parte • Elaborar opções coerentes • Comprovar a legitimidade das opções • Definir alternativas caso não haja acordo (MACNA) • Assumir o compromisso com ações definidas FISHER, Roger; ERTEL, Danny. Estratégias de Negociação. Rio de Janeiro: 1997 25 Obrigado e Sucesso!!! “Julgue um homem por suas perguntas, não por suas respostas” Voltaire “Em negócios, palavras são palavras, explicações são explicações, promessas são promessas, mas apenas os resultados são realidade.” Harold Geneen Edson Wiggers edson.wiggers@fgvmail.br
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