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Fortaleza – CE 2011 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães Francisco das Chagas Medeiros Paulla Vasconcelos Valente Luciano Silveira Pinheiro ginecologia baseada em problemas Ficha Técnica Organizadores Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães Paulla Vasconcelos Valente Luciano Silveira Pinheiro Francisco das Chagas Medeiros Coordenação editorial Antônio Miguel Furtado Leitão Revisão ortográfica Antônio Edson de Alencar Libório Ana Luisa Nunes Timbó Castro Editoração eletrônica Sheila Peixoto dos Santos Furtado Coordenação de design Jônatas Barros – John Capa e projeto gráfico Juscelino Guilherme Catalogação na fonte Tusnelda Maria Barbosa Coutinho - CRB-3 nº 423 /79 Impressão: GRÁFICA E EDITORA LCR Tel. 85 3272.7844 | Fax. 85 3272.6069 Rua Israel Bezerra, 633 | Dionísio Torres | Fortaleza | CE atendimento01@graficalcr.com.br | www.graficalcr.com.br G492 Ginecologia baseada em problemas. Organizada por Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães et.all. Fortaleza: Fortaleza: Faculdade Christus, 2011. 470p. ISBN 978-85-99562-15-4 1. Ginecologia 2. Ginecologia - Problemas I. Título II. MAGALHÂES, Maria de Lourdes Caltabiano – Org. III. MEDEIROS, Francisco das Chagas – Org. IV. PINHEIRO, Luciano Silveira – Org. V. VALENTE, Paulla Vasconcelos – Org. VI. LEITÃO, Antônio Miguel Furtado – Coord. CDD 618.1 AgrAdecimentos Uma das grandes preocupações da Instituição Christus tem sido, ao longo do tempo, manter elevado nível no que tange à instrução e educação dos seus alunos. Com a publicação de atuali- zado livro-texto de Ginecologia, a responsabilidade dos autores de capítulos, dos organizadores e do editor se tornou muito grande, por constituir tarefa nada fácil de ser cumprida. Não obstante os óbices inerentes a esse procedimento e que foram pouco a pouco superados, inclusive com a ativa participação dos alunos, o livro chegou ao lumen. Este livro-texto Ginecologia Baseada em Problemas, resultante da experiência pedagógica, clínica e cirúrgica de docentes da Faculdade Christus, curso de Medicina, certamente deve apresen- tar falhas despropositadas e que deverão ser sanadas nas edições vindouras. Agradecemos à direção dessa Instituição e à Gráfica LCR, por terem tornado realidade os sonhos e os objetivos dos participantes da elaboração de mais um livro-texto que fará parte da literatura ginecológica brasileira. Organizadores dedicAtóriA Como estudantes e profissionais, dedicamos esse livro aos nossos pais, pelo incentivo cons- tante ao crescimento pessoal e profissional e aos nossos esposos, esposas, filhos e filhas, pelo cari- nho e pela compreensão nos momentos de privação do convívio e do lazer. Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães Paulla Vasconcelos Valente Luciano Silveira Pinheiro Francisco das Chagas Medeiros Autores ÂNGELA CLOTILDE RIBEIRO FALANGA E LIMA Graduada em Medicina. Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASCO. Título de Habilitação em Ultrassonografia na área de ginecologia e obstetrícia conferido pela FEBRASGO e Colégio Brasileiro de Radiologia. Mestre em Tocoginecologia pela Faculdade de Medicina da Uni- versidade Federal do Ceará. Professora do Curso de Medicina da Faculdade Christus. ANTÔNIO MIGUEL FURTADO LEITÃO Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Anatomia pela Univer- sidade Federal do Ceará. Atualmente, Coordenador Adjunto do Curso de Medicina da Faculdade Christus, Coordenador Pedagógico do Colégio Christus e Professor de Anatomia da Universidade Estadual do Ceará. ANTÔNIO RIBEIRO DA SILVA FILHO Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Anatomia pela Escola Pau- lista de Medicina. Doutor em Anatomia pela Escola Paulista de Medicina. Professor Titular pelo De- partamento de Morfologia da Universidade Federal do Ceará. Coordenador do Curso de Medicina da Faculdade Christus. DIRLENE MAFALDA IDELFONSO DA SILVEIRA Graduada em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba. Especialização em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Mestrado em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará. Residência Médica pela Maternidade Escola Assis Chateaubriand UFC e Aperfeiçoamento em Introduccion en Salud Publica para El Area Perinat pelo Centro Latino Americano de Perinatologia Y Desarrolo Humano. Atualmente é Estatutária da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, Autônoma da Clínica São Marcos Assistência Integral em Saúde Ltda, Colabo- radora da Fundação Instituto Cearense de Saúde Reprodutiva, Professora do Curso de Medicina da Faculdade Christus e Professora da Faculdade Integrada do Ceará. FRANCISCO DAS CHAGAS MEDEIROS Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Farmacologia pela Univer- sidade Federal do Ceará. Doutor em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente é Chefe do Departamento de Saúde Materno-Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e Professor do Curso de Medicina da Faculdade Christus. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Reprodução Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: Endometriose, Infertilidade, Histeroscopia, Ginecologia e Educação Médica. FRANCISCO EDSON XIMENES GOMES PEREIRA Graduado em Medicina. Especialista em Ginecologia. Preceptor do estágio de Cirurgia Ginecoló- gico da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza. Staff do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Geral César Cals. Plantonista de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Distrital Governador Gonzaga Mota José Walter. Preceptor, Professor e Coordenador do Módulo de Ginecologia e Obs- tetrícia do Internato do Curso de Medicina da Faculdade Christus. HELENA MARIA BARBOSA CARVALHO Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente é Coordenadora de Me- dicina Legal da Perícia Forense do Estado do Ceará, Professora da Faculdade de Medicina Christus e Médica Pediatra, com atuação em Clínica Particular. Tem experiência na área de Medicina Legal e Pediatria, com ênfase em Neonatologia e Puericultura, atuando principalmente nos seguintes temas: recém-nascido, nutrição infantil, pacientes cirúrgicos, suporte nutricional e saúde perinatal. É mestre em “Saúde da Criança e do Adolescente” e doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP. JOÃO MARCOS DE MENESES E SILVA Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional da Asa Sul – Brasília-DF e Hospital Geral de Fortaleza-CE. Mestre em Saúde Coletiva pela UFC. Doutor em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Biotecnologia em Saúde, HZI-Alemanha e Células-Tronco – Instituto Valenciano de Infertilida- de – IVI-Espanha. Chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Geral do Exército de Fortaleza – HGeF. Professor do Curso de Medicina da Faculdade Christus. JOSÉ DE ARIMATÉA BARRETO Graduado em Medicina. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará. Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO E AMB. Mestre em Tocoginecologia pela Universidade Federal do Ce- ará. Médico do Serviço de Medicina Materno-fetal da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará e Professor do Curso de Medicina da Faculdade Christus. JOSÉ NIVON DA SILVA Graduado em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em Pediatria e Infectologia Pe- diátrica pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Patologia pela Universidade Federal do Ceará e Professor do Cursode Medicina da Faculdade Christus. LÍGIA HELENA FERREIRA E SILVA Graduada em Medicina pela Universidade de Catanduva-SP. Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital Regional da Asa Norte – Brasília-DF e Hospital Geral de Fortaleza-CE. Especialista em Biotecnologia em Saúde, HZI-Alemanha. Especialista em Ultrassonografia Geral. Professora do Curso de Medicina da Faculdade Christus. LUCIANO SILVEIRA PINHEIRO Graduado em Medicina. Mestre e Doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Univer- sidade de São Paulo. Professor Titular de Ginecologia e Obstetrícia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Coordenador do Módulo Concepção e Formação do Ser Humano no Curso de Medicina da Faculdade Christus. MANOEL CLÁUDIO AZEVEDO PATROCINIO Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (1992), Residência Médica pelo Hospi- tal Geral de Fortaleza (1995), Mestre em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará (1997) e Doutor em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará (2004). Atualmente é Professor do Curso de Medicina da Faculdade Christus, Anestesiologista do Instituto Dr. José Frota e Anestesio- logista da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand. Tem experiência na área de Medicina. MARIA DE LOURDES CALTABIANO MAGALHÃES Médica Ginecologista e Obstetra – TEGO. Mestre pelo Departamento de Obstetrícia da Escola Pau- lista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo - Fellow of the International Federation of Pediatric and Adolescent Gynecology–FIGIJ. Docente da Faculdade Christus Curso de Medicina. Pós-Graduada pelo “Consejo Superior de la Universidad de Buenos Aires”, “Sociedad Argentina de Ginecologia Infanto Juvenil”, Argentina. Especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescência – LACRI – Universidade de São Paulo. Especialista em Educação Sexual – Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. MARIA DO LIVRAMENTO LEITÃO VILAR Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Saúde Pública (FIO- CRUZ/RJ), Clínica Médica (UFC) e Dermatologia (SBD). Mestre em Clínica Médica (UFC). Doutora em Medicina e Saúde Humana (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública). Professora e Coordena- dora do módulo horizontal de Comunicação, Habilidades e Atitudes (CHA) do Curso de Medicina da Faculdade Christus. MARIA JOSÉ ARAÚJO GOMES CERQUEIRA Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Residência em Clínica Médica pela Universidade Federal do Ceará. Experiência em nefrologia clínica, diálise e transplante, tendo sido aprovada em concurso público federal na UFC na área de Nefrologia, Residência em Endocrinoloi- ga pela UFC. Mestre em Clínica Médica (área de concentração: Endocrinologia) pela Universidade Federal do Ceará e Professora do Curso de Medicina da Faculdade Christus. MIGUEL NASSER HISSA Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especialista em Endocrinolo- gia. Mestre em Medicina e Doutor em Cirurgia pela Universidade Federal do Ceará. Professor Asso- ciado de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da UFC. Chefe do Serviço de Endocrinologia e Diabetes do Hospital Universitário Walter Cantídio – UFC. Coordenador do Centro de pesquisas em Diabetes e Doenças Endocrino-metabólicas da UFC. Fellow do Colegio Americano de Endocrinolo- gista Clínico. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Diabetes e Professor do Curso de Medicina da Faculdade Christus. OLGA VALE OLIVEIRA MACHADO Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (1982), Mestre em Patologia pela Uni- versidade Federal do Ceará (1996). Atualmente é gestora dos sinais – Secretaria Estadual da Saúde atuando principalmente nos seguintes temas: infecção, perfurocortantes, antibióticos, nosocomial e bacilos gram negativos, AIDS e tuberculose. Professora e Coordenadora do Centro de Pesquisa e Monitoria do Curso de Medicina da Faculdade Christus. PAULLA VASCONCELOS VALENTE Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Ginecologia e Obste- trícia (TEGO). Especialista em Mastologia (TEMA). Mestre em Tocoginecologia pela Universidade Federal do Ceará e Docente do Curso de Medicina da Faculdade Christus. RANDAL POMPEU PONTE Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Especialização em Anatomia Humana pela Universidade Federal do Ceará. Especialização em Gestão de Organizações e Sistemas de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas – RJ. Especialização em Ultrassonografia Geral pela Universidade Fede- ral do Ceará. Residência Médica pela Universidade Federal do Ceará (1994). Atualmente é Professor do Curso de Medicina da Faculdade Christus e Médico do Hospital Distrital Dr. Fernandes Távora. SHEILA MÁRCIA DE ARAÚJO FONTENELE Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Residência e Mestrado em Reumatolo- gia pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Doutora em Ciências da Saúde pela Fiocruz. Médica assistente em Reumatologia e Coordenadora da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital Geral César Cals. Professora dos Cursos de Medicina da Universidade Estadual do Ceará e Faculdade Christus. TEREZA DE JESUS PINHEIRO GOMES BANDEIRA Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Saúde Pública pela Univer- sidade Federal do Ceará. Especialista em Patologia Clínica pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. Atualmente é Diretora Médica Regional (Ceará) do LabPasteur - Diagnósticos da América SA e Consultora Técnica e Presidente da CCIH do Hospital de Messejana da Secretaria Estadual de Saúde. Professora do Curso de Medicina da Faculdade Christus e Assessora Científica da Associação Cearense de Estudos para o Controle de Infecções Hospitalares - ACECIH. coAutores Acadêmicos do Curso de Medicina da Faculdade Christus Ádila Mitzi Oliveira Costa Adriana Paiva Marques Lima Adriano Saboia de Andrade Aline Chaves Freire Aline Moreira do Vale Mota Aline Tereza Carneiro Montenegro Alysson Sales Melo Ana Cecília de Sousa Silva Ana Mônica Pinto Moreira André Luis Nunes Albano de Meneses André Pinho Sampaio Andréa Edwirges Pinheiro de Menezes Barreto Ane Larissa Barreto Martins Antônio Enéas Vieira Filho Antônio Pierre Aguiar Júnior Augusto Saboia Neto Camilla Viana Goes Arrais Camylla Felipe Silva Carla Franco Costa Lima Caroline Franco Machado Chiári Teixeira de Mendonça Dandara Costa Santos Danilo Santos Guerreiro Daphinis Diana Brito Cavalcante Denise Neiva Santos de Aquino Diego de Queiroz Tavares Ferreira Diego Lima Vasconcelos Eulália Diógenes Almeida Fernanda Luna Neri Benevides Fernando Sérgio Mendes Carneiro Filho Francisco Nilson Fernandes Cardoso Filho Gabriela Nasser Louvrier Gabriella Girão Campos de Barros Germana Barros Oliveira de Freitas Albuquerque Germana Bastos Pontes Giovana Araújo Borges Guilherme Alencar de Medeiros Guilherme de Holanda Cota Helena Nogueira Brasil Igor Siqueira Cavalcante Ítalo Mendonça Lima João Henrique Pinheiro de Menezes Barreto Juliana Costa Alencar Karolinne Saraiva de Araújo Larissa Vasconcelos Bastos Larissa Xavier Santiago da Silva Leonardo Pereira Cabral Leonardo Rodrigues de Morais Lia Maria Bastos Peixoto Leitão Lia Pontes de Melo Liana Capelo Costa Liana Ferreira Alencar Silva Livia Cintra Medina Lívia de Freitas Gurgel Alves Livia Mara Almeida Silveira Luana Pontes Vasconcelos Lima Lucas Lima de Albuquerque Luiz Gustavo Lucena Augusto Lima Marcella Costa Maia Nogueira Marcelo Labanca Delgado Perdigão Maria Thereza da Frota Quinderé Mariana Rodrigues Landim Marta Gabriela Silvestre Coelho Carvalho Nathália Fernandes Rebouças Patrícia de Freitas França Paula Neves Pimentel Gomes Paula Soares de Mattos Carneiro Paulla Sátiro Timbó Priscila Lopes Studart da Fonseca Priscila Luna da Silva Rafaela Benevides Rodrigues Raíssa Quezado da Nóbrega Rálison Yure SoaresMelo Raoni Carlos Madeiro Raquel Fernandes Garcia Rebeca Dourado Porto Figueiredo Rebeca Mendes de Paula Pessoa Rebeca Santiago Duarte Renata Cavalcante Lima Roberta Vieira da Nóbrega Rodrigo Carvalho Barroso Rodrigo Francisco Magalhães Barbosa Rodrigo Randal Pompeu Sidrim Rômulo Cesar Costa Barbosa Filho Samantha Cavalcante de Brito Sanna Roque Pinheiro Sara Lourinho Firmino Sara Menezes Pinheiro Sarah Portella Costa Suelen Rios de Melo Tayná de Lima Freire Thâmia Martins Marques Thays Mendes da Silva Thiago Emannoel Nogueira Ramos Tiago Toscano Cavalcante Yuri Oliveira Machado ApresentAção Ginecologia Baseada em Problemas é um livro diferente. Temos certeza que será extrema- mente útil a todos os ginecologistas como um livro objetivo de consultas rápidas como também a todos os acadêmicos de medicina na sua formação e nos seus concursos. Ele nasceu de um sonho, o de proporcionar uma oportunidade aos alunos de participar de uma obra que terá grande repercussão dentro da Ginecologia. Como uma gravidez, foi desejado, planejado e construído, passo a passo, com muito carinho. Aborda de maneira prática os principais temas da ginecologia, priorizando o raciocínio clíni- co, sem, no entanto, abrir mão do conhecimento teórico e dando ênfase ao diagnóstico e à prope- dêutica. Funda-se na experiência de seus autores, com suas especialidades e resulta em uma obra de alta qualidade acadêmica e de um guia teórico prático assistencial. Este livro traz ao alcance informações sérias, disseminando ao maior número possível de pessoas o conhecimento aprendido e sistematizado em vários anos de trabalho dedicado. Para nós, profissionais, foi um processo de aprendizagem constante e crescimento contínuo escrever com os acadêmicos além de muito gratificante vê-los comprometidos com essa impor- tante tarefa. Agradecemos a todos os colegas que compartilharam do nosso sonho e o tornaram possível. Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães Paulla Vasconcelos Valente sumário Agradecimento ...................................................................................................................................................................3 Dedicatória ............................................................................................................................................................................5 Autores ....................................................................................................................................................................................7 Coautores ............................................................................................................................................................................11 Apresentação .....................................................................................................................................................................13 Prefácio ................................................................................................................................................................................21 CAPÍTULO 1 ANATOMIA APLICADA AO EXAME GINECOLÓGICO .........................................................................................23 Antônio Miguel Furtado Leitão, Antônio Ribeiro da Silva Filho, José de Arimatea Barreto, Tayná de Lima Freire CAPÍTULO 2 SEMIOLOGIA GINECOLÓGICA ...................................................................................................................................35 Francisco das Chagas Medeiros, Rálison Yure Soares Melo CAPÍTULO 3 FARMACOLOGIA PARA GINECOLOGIA APLICADA À PRÁTICA GINECOLÓGICA .................................... 45 Manoel Cláudio Azevedo Patrocínio, Paulla Sátiro Timbó, Thiago Emannoel Nogueira Ramos CAPÍTULO 4 CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E O EIXO NEUROENDÓCRINO ....................................................... 57 João Marcos de Meneses e Silva, Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Luana Pontes Vasconcelos Lima, Sara Lourinho Firmino CAPÍTULO 5 ENDOCRINOLOGIA DO CICLO MENSTRUAL .........................................................................................................63 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Liana Capelo Costa, Luiz Gustavo Lucena Augusto Lima CAPÍTULO 6 A FLORA VAGINAL NORMAL NAS DIVERSAS FASES DA VIDA ......................................................................69 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Giovana Araújo Borges CAPÍTULO 7 A IMPORTÂNCIA DA CITOLOGIA ONCÓTICA E SUA INTERPRETAÇÃO COLPOSCÓPICA ..................... 73 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, André Luis Nunes Albano de Meneses, Carla Franco Costa Lima CAPÍTULO 8 COALESCÊNCIA DE PEQUENOS LÁBIOS ................................................................................................................81 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Ângela Clotilde Ribeiro Falanga e Lima, Samantha Cavalcante de Brito CAPÍTULO 9 VULVOVAGINITES NA INFÂNCIA ..............................................................................................................................85 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Gabriella Girão Campos de Barros, Maria Thereza da Frota Quinderé Ribeiro CAPÍTULO 10 VULVOVAGINITES NA ADOLESCÊNCIA ..................................................................................................................93 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Lívia Mara Almeida Silveira, Marta Gabriela Silvestre Coelho Carvalho CAPÍTULO 11 VULVOVAGINITES NO MENACME ............................................................................................................................97 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Juliana Costa Alencar CAPÍTULO 12 VULVOVAGINITES NO CLIMATÉRIO .......................................................................................................................101 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Raoni Carlos Madeiro CAPÍTULO 13 ÚLCERAS GENITAIS .......................................................................................................................................................103 Olga Vale Oliveira Machado, Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Maria do Livramento Leitão Vilar, Ana Mônica Pinto Moreira, Antônio Pierre Aguiar Júnior CAPÍTULO 14 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS .....................................................................................................113 José Nivon da Silva, Augusto Saboia Neto CAPÍTULO 15 HPV .....................................................................................................................................................................................121 Olga Vale Oliveira Machado, Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Marcella Costa Maia Nogueira, Yuri Oliveira Machado CAPÍTULO 16 DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA ........................................................................................................................127 José de Arimatea Barreto, Dandara Costa Santos CAPÍTULO 17 DOR PÉLVICA CRÔNICA .............................................................................................................................................133 João Marcos de Meneses e Silva, Lígia Helena Ferreira e Silva, Caroline Franco Machado, Thâmia Martins Marques CAPÍTULO 18 ENDOMETRIOSE ............................................................................................................................................................141 Francisco das Chagas Medeiros, Diego Lima Vasconcelos CAPÍTULO 19 DISMENORREIA .............................................................................................................................................................149 Ângela Clotilde Ribeiro Falanga e Lima, AlyssonSales Melo, Thays Mendes da Silva CAPÍTULO 20 MASSAS PÉLVICAS .......................................................................................................................................................155 Francisco Edson Ximenes Gomes Pereira, Guilherme de Holanda Cota, Sarah Portella Costa CAPÍTULO 21 ABDOME AGUDO GINECOLÓGICO .......................................................................................................................161 Francisco das Chagas Medeiros, José Albuquerque Landim Junior, Rômulo Cesar Costa Barbosa Filho CAPÍTULO 22 TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL ........................................................................................................................................169 Lígia Helena Ferreira e Silva, João Marcos de Meneses e Silva, Aline Chaves Freire, Lia Maria Bastos Peixoto Leitão CAPÍTULO 23 TELARCA E PUBARCA PRECOCE ..............................................................................................................................173 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Adriano Saboia de Andrade CAPÍTULO 24 PUBERDADE PRECOCE ................................................................................................................................................179 Miguel Nasser Hissa, Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Priscila Luna da Silva, Rafaela Benevides Rodrigues CAPÍTULO 25 PUBERDADE TARDIA ....................................................................................................................................................185 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Aline Moreira do Vale Mota, Nathalia Fernandes Rebouças CAPÍTULO 26 SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLIMICROCISTOS (Síndrome da Anovulação Crônica Hiperandrogênica) .................................................................................195 Francisco das Chagas Medeiros, Idália Luzia Fortaleza Chaves Pedrosa, Valcler Antônio Cabral Rodrigues CAPÍTULO 27 SÍNDROMES HIPERANDROGÊNICAS ....................................................................................................................203 Miguel Nasser Hissa, Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Ádila Mitzi Oliveira Costa, Camylla Felipe Silva CAPÍTULO 28 PERDA SANGUÍNEA GENITAL NA INFÂNCIA .....................................................................................................209 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Germana Bastos Pontes, Suelen Rios de Melo CAPÍTULO 29 SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL NA ADOLESCÊNCIA .......................................................................213 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Rebeca Santiago Duarte CAPÍTULO 30 SANGRAMENTO GENITAL NO MENACME ..........................................................................................................219 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Ana Cecília de Sousa Silva CAPÍTULO 31 SANGRAMENTO GENITAL NO CLIMATÉRIO .......................................................................................................225 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Roberta Vieira da Nóbrega CAPÍTULO 32 AMENORREIA PRIMÁRIA ...........................................................................................................................................229 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, João Henrique Pinheiro de Menezes Barreto, Karolinne Saraiva de Araújo CAPÍTULO 33 AMENORREIA SECUNDÁRIA ....................................................................................................................................237 João Marcos de Meneses Silva, Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Patrícia de Freitas França, Paula Soares de Mattos Carneiro CAPÍTULO 34 SÍNDROME CLIMATÉRICA .........................................................................................................................................243 Francisco das Chagas Meneses, Ane Larissa Barreto Martins CAPÍTULO 35 MENOPAUSA ..................................................................................................................................................................249 Francisco das Chagas Meneses, Rodrigo Francisco Magalhães Barbosa CAPÍTULO 36 MIOMATOSE UTERINA ................................................................................................................................................255 José de Arimatea Barreto, Leonardo Rodrigues de Morais, Lívia de Freitas Gurgel Alves CAPÍTULO 37 CÂNCER DO COLO UTERINO ...................................................................................................................................261 Luciano Silveira Pinheiro, Lucas Lima Albuquerque CAPÍTULO 38 CARCINOMA DE ENDOMÉTRIO ..............................................................................................................................269 Luciano Silveira Pinheiro, Danilo Santos Guerreiro, Sanna Roque Pinheiro CAPÍTULO 39 SARCOMA UTERINO .....................................................................................................................................................279 Luciano Silveira Pinheiro CAPÍTULO 40 MASTALGIA .....................................................................................................................................................................285 Paulla Vasconcelos Valente, Daphinis Diana Brito Cavalcante CAPÍTULO 41 DERRAME PAPILAR ......................................................................................................................................................289 Paulla Vasconcelos Valente, Fernanda Luna Neri Benevides, Germana Barros Oliveira de Freitas Albuquerque CAPÍTULO 42 NÓDULOS BENIGNOS DA MAMA ..........................................................................................................................293 Paulla Vasconcelos Valente, Chiári Teixeira de Mendonça, Fernanda Luna Neri Benevides CAPÍTULO 43 TUMORES MALIGNOS DA MAMA .........................................................................................................................299 Paulla Vasconcelos Valente, Helena Nogueira Brasil, Liana Capelo Costa CAPÍTULO 44 PROLAPSO DOS ÓRGÃOS PÉLVICOS ....................................................................................................................307 Luciano Silveira Pinheiro, Leonardo Pereira Cabral CAPÍTULO 45 INCONTINÊNCIA URINÁRIA .....................................................................................................................................317 Luciano Silveira Pinheiro, Lia Pontes de Melo CAPÍTULO 46 INFECÇÃO URINÁRIA NA MULHER (GRÁVIDA E NÃO GRÁVIDA) ..............................................................327 Tereza de Jesus Pinheiro Gomes Bandeira, Antônio Enéas Vieira Filho CAPÍTULO 47 CONTRACEPÇÃO HORMONAL ...............................................................................................................................337 Francisco das Chagas Medeiros, Livia Cintra Medina CAPÍTULO 48 CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA .......................................................................................................................345 Francisco das Chagas Medeiros, Rebeca Mendes de Paula Pessoa CAPÍTULO 49 INICIAÇÃO SEXUAL E SEXO SEGURO ....................................................................................................................341 Dirlene Mafalda Idelfonso da Silveira, Ítalo Mendonça Lima, Mariana Rodrigues Landim CAPÍTULO 50 SEXUALIDADE NA INFÂNCIA ....................................................................................................................................359 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, André Pinho Sampaio, Rebeca Dourado Porto Figueiredo CAPÍTULO51 SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA .......................................................................................................................365 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Marcelo Labanca Delgado Perdigão, Sara Menezes Pinheiro CAPÍTULO 52 SEXUALIDADE NO MENACME .................................................................................................................................373 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Larissa Xavier Santiago da Silva, Paula Neves Pimentel Gomes CAPÍTULO 53 SEXUALIDADE NO CLIMATÉRIO ..............................................................................................................................377 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Guilherme Alencar de Medeiros, Renata Cavalcante Lima CAPÍTULO 54 SEXUALIDADE NA GESTAÇÃO .................................................................................................................................383 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Paulla Vasconcelos Valente, Fernando Sérgio Mendes Carneiro Filho, Larissa Vasconcelos Bastos CAPÍTULO 55 ASSISTÊNCIA À CRIANÇA E À ADOLESCENTE, VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA ................................................391 Helena Maria Barbosa Carvalho, Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Francisco Nilson Fernandes Cardoso Filho, Raquel Fernandes Garcia CAPÍTULO 56 ASSISTÊNCIA À MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA ............................................................................................399 Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Eulália Diógenes Almeida, Gabriela Nasser Louvrier CAPÍTULO 57 INFERTILIDADE CONJUGAL: PRINCIPAIS CAUSAS E IMPLICAÇÕES ..........................................................409 Francisco das Chagas Medeiros, Liana Ferreira Alencar Silva CAPÍTULO 58 EXAMES DE IMAGEM NA CLÍNICA GINECOLÓGICA .......................................................................................415 Randal Pompeu Ponte, José de Arimatea Barreto, Rodrigo Randal Pompeu Sidrim, Tiago Toscano Cavalcante CAPÍTULO 59 HISTEROSCOPIA – INDICAÇÕES .............................................................................................................................421 Francisco das Chagas Medeiros, Igor Siqueira Cavalcante, Rodrigo Carvalho Barroso CAPÍTULO 60 VIDEOLAPAROSCOPIA EM GINECOLOGIA ..........................................................................................................427 Francisco das Chagas Medeiros, Priscila Lopes Studart da Fonseca CAPÍTULO 61 OBESIDADE NA CLÍNICA GINECOLÓGICA ..........................................................................................................437 Maria José Araújo Gomes Cerqueira, Adriana Paiva Marques Lima, Camilla Viana Goes Arrais CAPÍTULO 62 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE ...........................................................................................441 Sheila Márcia de Araújo Fontenele, Andréa Edwirges Pinheiro de Menezes Barreto CAPÍTULO 63 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA ..................................................................................449 Paulla Vasconcelos Valente, Diego de Queiroz Tavares Ferreira, Raissa Quezado da Nóbrega CAPÍTULO 64 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO .............................................................455 Luciano Silveira Pinheiro, Denise Neiva Santos de Aquino CAPÍTULO 65 VACINAS NA ADOLESCÊNCIA ...................................................................................................................................463 Olga Vale Oliveira Machado, Maria de Lourdes Caltabiano Magalhães, Aline Tereza Carneiro Montenegro prefácio Os cursos de Medicina tradicionais e aqueles surgidos nas duas últimas décadas no Brasil têm vivido uma verdadeira profusão de novas metodologias e modelos pedagógicos consequen- tes, tanto ao desenvolvimento da tecnologia (e da informática, em particular), como da necessida- de de “ajustar” a formação médica ao modelo de saúde pública adotado no nosso país, tudo isso acrescido da necessidade de formar bons profissionais dentro de um prazo limitado (seis anos) a partir de um conhecimento científico que cresce em proporções exponenciais. Os novos modelos pedagógicos propostos para a graduação em Medicina têm procurado “otimizar” a interconexão das disciplinas básicas com as várias disciplinas aplicadas à clínica e à cirurgia, facilitando a integração do conhecimento e a abordagem do binômio saúde-doença com ênfase na pessoa a partir dos seus aspectos social, psíquico, físico e econômico. Tais avan- ços, entretanto, não se fizeram acompanhar pela editoração de compêndios que contemplassem essa nova realidade. O livro Ginecologia Baseada em Problemas representa um marco nesse novo paradigma do ensino médico – aborda os principais temas da Ginecologia de forma objetiva, estruturada e atual, a partir dos objetivos de aprendizagem extraídos dos problemas que simulam as situações mais prevalentes relacionadas à saúde da mulher brasileira. Indispensável registrar a relevância dos ca- pítulos que abordam a sexualidade nas várias fases da vida, bem como aqueles que enfocam um grave problema de saúde pública – a violência contra a mulher. O livro é igualmente inovador em um outro aspecto marcante – cada capítulo foi editado por professores experientes em coautoria com estudantes de Medicina que já haviam cursado a disciplina de Ginecologia – o que ensejou o surgimento de um texto com fácil assimilação sem a perda da qualidade e da adequada profundidade necessárias para a boa formação de um médico generalista de excelência. Antônio Ribeiro da Silva Filho Antônio Miguel Furtado Leitão Grijalva Otávio Ferreira da Costa Olga Vale Oliveira Machado Marcos Kubrusly Coordenadores do Curso de Medicina Faculdade Christus cApítulo 1 ANATOMIA APLICADA AO EXAME GINECOLÓGICO Antônio Miguel Furtado Leitão Antônio Ribeiro da Silva Filho José de Arimatea Barreto Tayná de Lima Freire A- PROBLEMA P.M., 63 anos, dona de casa, natural de Caucaia-CE, procurou atendimento ginecológico devido à sensação de peso no baixo ventre que, segundo ela, acentua-se durante esforço físico, piora ao longo do dia e melhora com o repouso. Refere também obstipação, dificuldade no ato de defecar, exteriorização de uma “bola” pela vagina, ardor ao urinar, aumento da frequência das mic- ções e incontinência urinária. Relata dois episó- dios de infecção urinária nos últimos seis meses. Paciente G8 P1 A1; seis partos por via va- ginal e um por via abdominal para realização de laqueadura tubária. Exame ginecológico – Inspeção estática: observa-se fenda vulvar entreaberta às custas de tumoração rosácea de 5cm de diâmetro. Inspe- ção dinâmica: através de manobra de Valsalva ou pinçamento do colo uterino observa-se distopia. O médico preceptor fez várias hipóteses diagnósticas como pólipos uterinos, mioma pa- rido, cistocele, retocele, mas resolveu solicitar aos alunos uma revisão da Anatomia da pelve para melhor entender os achados e confirmar o diagnóstico de distopia genital. B- OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 1. Rever a Anatomia dos órgãos genitais femi- ninos e suas correlações topográficas. 2. Rever a Anatomia dos sistemas osteoarticu- lar e muscular da pelve feminina com ênfase no suporte dos órgãos intrapélvicos. 3. Rever a Anatomia da genitália externa feminina. 4. Conhecer a vascularização e a inervação dos órgãos do Sistema Genital Feminino. 5. Conhecer as formas mais prevalentes de distopia genital e suas possíveis causas e fa- tores predisponentes. C- ABORDAGEM TEMÁTICA 1. Osteoarticular O suporte dos órgãos pélvicos é deriva- do de uma interação dinâmica dos ossos da pelve, tecidoconectivo endopélvico e muscu- latura do assoalho pélvico. Anatomicamente é plausível que tanto a perda de suporte ho- rizontal do assoalho pélvico quanto o alarga- mento do hiato predispõem ao prolapso de órgãos pélvicos. A pelve é um anel ósseo interposto entre a parte móvel da coluna vertebral, a quem su- porta, e os membros inferiores sobre os quais se apoia. Compõe-se de quatro ossos: os dois ossos do quadril (ossos ilíacos) lateral e ventral- mente, o sacro e o cóccix, dorsalmente. Em lactentes e crianças, cada osso do quadril é formado por três ossos, o ílio, o ísquio e o púbis, unidos por uma cartilagem trirradia- da no acetábulo que se articula com a cabeça do fêmur. Após a puberdade eles se fundem. Os dois ossos do quadril são unidos anteriormente na sínfise púbica e articulam-se posteriormente com o sacro nas articulações sacroilíacas para formar o cíngulo do membro inferior. 24 Faculdade christus Capítulo 1 O ílio é a parte superior do osso do qua- dril e tem forma de leque. A asa do ílio repre- senta a abertura do leque; e o corpo do ílio, o cabo do leque. A crista ilíaca, a borda do leque, possui uma curva que segue o contorno da asa entre as espinhas ilíacas ântero-superior e pós- tero-superior. A face côncava, ântero-medial da asa, forma a fossa ilíaca. Posteriormente, a face sacropélvica do ílio possui uma face auricular e uma tuberosidade ilíaca para, respectivamente, realizar a articulação sinovial e sindesmótica com o sacro. O ísquio possui um corpo e um ramo. O corpo do ísquio ajuda a formar o acetábulo e o ramo do ísquio forma parte do forame obtura- do. A grande protuberância póstero-inferior do ísquio é o túber isquiático; a pequena projeção póstero-medial pontiaguda perto da junção do ramo e do corpo é a espinha isquiática. A concavidade entre a espinha isquiática e o tú- ber isquiático é a incisura isquiática menor. A concavidade maior, a incisura isquiática maior, é superior à espinha isquiática e é parcialmente formada pelo ílio. O púbis é um osso angulado, formado por um corpo e dois ramos: o ramo superior do púbis, que ajuda a formar o acetábulo, e o ramo inferior do púbis, que ajuda a formar o forame obturado. Um espessamento na parte anterior do corpo do púbis é a crista púbica, que termi- na lateralmente como um botão ou tumefação proeminente, o tubérculo púbico. Na parte late- ral do ramo superior, o púbis possui uma estria oblíqua, a linha pectínea do púbis. A pelve é dividida em pelve maior e pelve menor por um plano oblíquo que passa através da proeminência do sacro, das linhas arqueadas e pectíneas (face interna do ílio e margem su- perior do ramo superior e corpo do púbis, res- pectivamente) e da margem superior da sínfise púbica. A circunferência deste plano é denomi- nada linha terminal ou borda pelvina. A pelve maior ou falsa é a porção expan- dida da cavidade, situada cranial e ventralmente à linha terminal. A pelve menor ou verdadeira é a parte da cavidade pélvica situada distalmente à linha terminal. Por conveniência de descrição, é dividida em uma cavidade, uma entrada limi- tada pela circunferência superior e uma saída limitada pela circunferência inferior. A circunferência superior equivale à refe- rida linha terminal. Tem três diâmetros princi- pais: ântero-posterior, transverso e oblíquo. O diâmetro ântero-posterior ou anatômico esten- de-se do ângulo sacrovertebral à sínfise púbi- ca; sua medida habitual é de cerca de 11cm na mulher. O diâmetro transverso estende-se pela maior largura da abertura superior, do meio da linha terminal de um lado para o mesmo pon- to no lado oposto; mede cerca de 13,5cm na mulher. O diâmetro oblíquo estende-se da emi- nência iliopectínea de um lado à articulação sa- croilíaca do lado oposto; tem cerca de 12,5cm. A circunferência inferior da pelve é pos- teriormente delimitada pela ponta do cóccix e lateralmente pela tuberosidade do ísquio. Os dois diâmetros da saída da pelve são ântero- -posterior e transverso. O diâmetro ântero-pos- terior estende-se da ponta do cóccix para a par- te inferior da sínfise púbica; mede 9 a 11,5cm na mulher e o diâmetro transverso, medido entre as partes dorsais das tuberosidades dos ísquios, tem cerca de 11cm. Alguns estudos radiológicos dos os- sos da pelve têm encontrado diferenças sig- nificativas entre mulheres com prolapso de moderado a severo e as com suporte pélvico intacto. Nas mulheres que apresentam uma di- minuição da lordose lombar fisiológica e, por conseguinte, uma abertura superior orientada mais horizontalmente, a maior parte do peso das vísceras abdominais é suportada pelo as- soalho pélvico. Outro achado importante é o fato de que alterações osteoporóticas signifi- cativas provocam um aumento na cifose dor- sal fisiológica, que, por sua vez, tem associa- ção com prolapso. Especula-se que mulheres que possuem um maior diâmetro transverso (distância en- tre as faces superiores da linha terminal) e uma menor conjugada obstétrica (menor dis- tância entre o promontório do sacro e a sínfi- se púbica) podem ser mais propensas a sofrer lesões do tecido neuromuscular e conjuntivo durante o trabalho de parto, predispondo à neuropatia pélvica, prolapso de órgão pélvi- cos, ou ambos. As articulações sacroilíacas são formadas por articulação sinovial anterior e sindesmose posterior. Elas apresentam mobilidade muito limitada e forte união entre os ossos. Os liga- mentos sacroilíacos anteriores representam a parte anterior da cápsula fibrosa do compo- nente sinovial da articulação. Os ligamentos 25 Faculdade christus Capítulo 1 sacroilíacos interósseos e posteriores fazem parte da massa de tecido fibroso responsável pela transferência do peso do esqueleto axial para os dois ílios e destes para esqueleto apen- dicular. Os ligamentos iliolombares são acessó- rios desse mecanismo. O ligamento sacroespinhal insere-se na es- pinha isquiática. Superiormente à espinha, a inci- sura isquiática maior é transformada em forame pelo ligamento sacroespinhal que dá passagem ao músculo piriforme, aos vasos e nervos glúteos superiores e inferiores, aos nervos isquiático e cutâneo posterior da coxa, aos vasos e nervos pu- dendos internos, e aos nervos para o obturatório interno e quadrado do fêmur. Inferiormente à es- pinha, a incisura isquiática menor é transformada pelos ligamentos sacrotuberal e sacroespinhal em forame que dá passagem ao tendão do obturató- rio interno, ao nervo que supre este músculo e aos vasos e nervos pudendos internos. A sínfise púbica consiste em um disco interpúbico fibrocartilagíneo e ligamentos ad- jacentes unindo os corpos dos ossos púbis no plano mediano. O ligamento púbico superior une as faces superiores dos corpos do púbis e disco interpúbico, estendendo-se lateralmente até os tubérculos púbicos. O ligamento púbico inferior (arqueado) une as faces inferiores dos componentes articulares. As vértebras L5 e S1 articulam-se na sín- fise intervertebral anterior e nas duas articula- ções dos processos articulares; os ligamentos iliolombares fortalecem essas articulações. A articulação sacrococcígea é formada por uma fibrocartilagem e os ligamentos sacro- coccígeos anteriores e posteriores. Até os 10 anos de idade existe um único tipo de pelve para ambos os sexos, a antropói- de. Após essa idade, iniciam-se as diferenças sexuais, que se tornam evidentes entre 16 e 18 anos. Geralmente, nos homens, a pelve se torna antropoide ou androide e nas mulheres forma- -se a pelve ginecoide. Figura 1- Vista anterior da pelve óssea feminina. 26 Faculdade christus Capítulo 1 Figura 2- Vista superior da pelve óssea feminina. Figura 3- Diâmetros pélvicos (pelve feminina). 27 Faculdade christusCapítulo 1 2. Muscular As fixações dos músculos obturadores internos cobrem e protegem a maior parte das paredes laterais da pelve. As fibras con- vergem posteriormente, atravessando o fora- me isquiático menor, para se fixarem no tro- cânter maior do fêmur. Os músculos piriformes originam-se na parte superior do sacro, lateralmente a seus forames anteriores. Deixam a pelve menor através do forame isquiático maior para se fi- xarem na margem superior do trocânter maior de cada fêmur. Profundamente a esses mús- culos estão os nervos do plexo sacral. O assoalho pélvico é constituído pelo diafragma da pelve formado pelos músculos isquiococcígeo e levantador do ânus e pelas fáscias que recobrem as faces superior e infe- rior desses músculos. Os músculos isquiococ- cígeos originam-se nas faces laterais da parte inferior do sacro e cóccix, suas fibras situam- -se subjacentes à face profunda do ligamento sacroespinhal. O músculo levantador do ânus é a parte maior e mais importante do assoalho pélvico. Uma abertura anterior entre as mar- gens mediais dos músculos levantadores do ânus de cada lado – o hiato urogenital – dá passagem à uretra e, em mulheres, à vagina. O tônus basal ativo do músculo levan- tador do ânus mantém a porção superior da vagina e as vísceras pélvicas suportadas pelo platô do levantador e conserva o hiato uro- genital fechado. Esses músculos também se contraem reflexamente em resposta à tosse ou a outra atividade que aumente a pressão intra-abdominal. O músculo levantador do ânus possui três partes: Puborretal: parte medial, mais estreita e mais espessa do músculo levantador do ânus. Consiste em fibras contínuas entre as faces posteriores dos corpos do púbis di- reito e esquerdo. Forma uma alça muscu- lar com formato de U que passa posterior à junção anorretal limitando o hiato urogeni- tal. É tido como o verdadeiro músculo ele- vador do ânus. Pubococcígeo: parte intermediária com ori- gem lateral ao músculo puborretal. Segue posteriormente; suas fibras laterais fixam-se ao cóccix e suas fibras mediais fundem-se àquelas do músculo contralateral para for- mar uma lâmina tendínea. Iliococcígeo: parte póstero-lateral que se origina no arco tendíneo posterior e na es- pinha isquiática. É fina e também se funde, posteriormente, ao corpo anococcígeo. A cúpula vaginal é sustentada pelo liga- mento cardinal bilateral que se estende até a parede pélvica e pelo ligamento útero-sacro, que fixa o ápice vaginal ao sacro. A parede vaginal lateral é fixa à pelve pelo paracolpo – conjunto de tecidos conectivos constituídos de espessamentos de fáscia endopélvica, à semelhança do paramétrio, porém mais cur- tos. Um espessamento da fáscia endopélvica, chamado de fáscia vésico-vaginal, é fixado ao arco tendíneo, bilateralmente. A fáscia endo- pélvica que se insere no arco tendíneo con- tinua caudalmente formando um coxim su- buretral chamado ligamento uretro-pélvico e uma condensação do terço médio da uretra com o púbis, o ligamento pubo-uretral. O es- pessamento da fáscia endopélvica localizado entre o reto e a parede vaginal posterior que se insere superiormente no ligamento útero- -sacro, inferiormente no corpo perineal e la- teralmente no arco tendíneo, é chamado de septo retovaginal. De grande importância anatomocirúrgi- ca é o ligamento largo do útero (paramétrio), que contém estruturas nobres entre as suas duas camadas, como a parte distal dos ure- teres, os vasos uterinos, o ligamento redondo do útero e os vasos linfáticos. É importante ci- tar que se encontram na parede lateral pélvica os vasos ilíacos internos e seus ramos, o plexo nervoso hipogástrico, os nervos esplâncnicos pélvicos e cadeias de linfonodos ilíacos de im- portância anatomocirúrgica. As cirurgias para correção de distopia genital podem ser benéficas por abolirem os sintomas causados pela afecção, bem como pela reconstituição da Anatomia, mas tais procedimentos podem, em contrapartida, de- sencadear disfunção sexual por causa orgâni- ca (dano neural, vascular, fibrose ou estenose) ou emocional. 28 Faculdade christus Capítulo 1 Figura 4- Genitália externa. Figura 5- Vista dos músculos superficiais do períneo e do assoalho pélvico feminino. 29 Faculdade christus Capítulo 1 3. Órgãos genitais internos femininos 3.1 Vagina É um órgão tubular, ímpar e mediano, que no menacme mede cerca de 7 a 8cm de compri- mento. Prende-se superiormente à cérvice uteri- na, formando, com sua reflexão, os fórnices vagi- nais, e estende-se inferiormente até o vestíbulo vulvar onde se abre entre os pequenos lábios. A vagina relaciona-se anteriormente com a bexiga e a uretra; posteriormente, no terço inferior, com a cunha perineal; no terço médio, com o reto pélvico; e superiormente, com o fun- do-de-saco de Douglas, permitindo uma via de acesso à cavidade pélvica, de grande importân- cia clínica e cirúrgica. Nesse órgão, distinguem-se histologica- mente a túnica mucosa, de natureza pavimento- sa estratificada e pregueada na mulher adulta, a túnica muscular e a túnica adventícia. A vagina da recém-nascida mede aproxi- madamente 3,5cm e suas paredes apresentam-se espessadas, amolecidas e úmidas, estimuladas pelos hormônios maternoplacentários; aos 6 anos de idade, tem cerca de 4 a 5cm, e o epi- télio vaginal encontra-se adelgaçado, formado por algumas camadas celulares; as paredes va- ginais são secas, atróficas, róseas e pregueadas. No período pré-puberal, ocorre um cres- cimento acelerado da vagina, alcançando 8cm e no menacme, ela atinge 10 a 12cm de profun- didade; aumenta sua elasticidade e apresenta leucorreia fisiológica. A maior parte da vagina está localizada na pelve, recebendo sangue das artérias uterina e vaginal, ramos pélvicos da artéria ilíaca interna e drenando o sangue venoso diretamente para o plexo venoso uterovaginal, enquanto a linfa flui através das vias profundas (pélvicas) para os linfonodos ilíacos internos, ilíacos externos e sacrais. A parte inferior da vagina está loca- lizada no períneo, recebendo sangue da artéria pudenda interna. A drenagem linfática ocorre através das vias superficiais (perineais) para os linfonodos inguinais superficiais. Apenas a quinta ou quarta parte inferior da vagina tem inervação somática, que provém do nervo perineal profundo, um ramo do nervo pu- dendo que conduz fibras aferentes somáticas. Os três quartos a dois quintos superiores são de inervação visceral. Os nervos são derivados do plexo nervoso uterovaginal, que se estende do plexo hipogástrico inferior às vísceras pélvicas. 3.2 Útero O útero tem o formato de pera invertida, normalmente encontra-se antevertido e ante- fletido, de forma que o corpo fica sobre a bexi- ga. Recebe sustentação passiva significativa dos ligamentos transversos do colo e sustentação ativa dos músculos do assoalho pélvico. Esta estrutura é formada pela junção dos condutos paramesonefros ou de Muller e apre- senta, às vezes, anomalias de importância prá- tica – útero didelfo, bicorno, unicervical, bicorno duplo, septado – e pode ser, eventualmente, re- presentado tão somente por um maciço fibroso típico da síndrome de Rokitanski-Kuster-Hauser. A irrigação arterial se faz principalmente pela artéria uterina (ramo da hipogástrica ou ilí- aca interna) e pela artéria ovárica, ramo da artéria aorta abdominal. Os vasos linfáticos oriundos do fundo uterino acompanham a artéria ovariana e drenam para os linfonodos paraórticos; os pro- venientes do corpo e da cérvice se destinam aos linfonodos pélvicos ilíacos internos e externos. A inervação origina-se, principalmente, do plexo hipogástrico. É importante a relação entre o ureter e o útero, pois, no seutrajeto pélvico, após cruzar anteriormente os vasos ilíacos, o ureter penetra na escavação pélvica e cruza a artéria uterina cerca de 1,5 a 2cm da cérvice supravaginal. O útero da recém-nascida pode apresen- tar-se em ligeira retroversão ou estar retificado, sem flexão axial. Está situado na parte estreita superior da bacia e pesa cerca de 4g, medin- do em torno de 3cm de comprimento. O colo é relativamente espesso em relação ao corpo e constitui dois terços do volume total do útero (relação corpo/colo de 1:2). O orifício cervical encontra-se aberto. As glândulas cervicais, bem desenvolvidas, secretam muco em abundância, e seus cristais filiformes constituem o corrimen- to fisiológico e transparente da recém-nascida que, contendo células epiteliais, torna-se es- branquiçado. Cinco a seis dias após o nasci- mento pode ocorrer sangramento genital por privação dos hormônios maternopla centários. Na menacme, a relação corpo/colo é de 2:1 e a consistência do colo é maior que a do corpo. 30 Faculdade christus Capítulo 1 3.3 Tubas uterinas São formações tubulares que se estendem a partir dos cornos uterinos, uma de cada lado, e se abrem na cavidade peritoneal, próximo aos ovários. Cada uma tem aproximadamente 10cm e localiza-se na margem superior do ligamento largo. Descrevem-se quatro porções: a intramu- ral, a ístmica, a ampular e a fímbrica. São irrigadas pelas artérias uterinas e ovarianas, inervadas pelo plexo hipogástrico e possuem vasos linfáticos que drenam para os linfonodos ilíacos internos e paraórticos. 3.4 Ovários São as gônadas femininas, com formato e tamanho semelhantes aos de uma amêndoa, nas quais se desenvolvem os óvulos. Estão situados nos cavos retrouterinos, na parte lateral da escavação pélvica e atrás do ligamento largo. Têm uma extremidade medial em relação com o útero, o ligamento útero-ova- riano, e uma lateral, que se continua com uma placa peritoneal lombovariana, o ligamento suspensor do ovário, onde penetram os vasos ovarianos, nervos e linfáticos, envolvidos por um tecido conjuntivo denso (albugínea). No ovário, observam-se duas camadas: a cortical e a medular. A primeira contém os folí- culos ovarianos – os primordiais, os secundários e os terciários (de Graaf) – e as formas em re- gressão (corpora albicantia). A medular contém vasos, nervos, linfáticos (hilo do ovário) e res- quícios embrionários, área importante na etio- patogenia dos tumores ovarianos. Os ovários, nas recém-nascidas, situam-se na cavidade abdominal; a partir de mais ou menos 1 a 1,5 anos, quando a menina começa a caminhar, eles se alojam na pelve. Nesta fase, o ovário tem de 10 a 15mm de comprimento, 3mm de largura e 2,5mm de espessura, pesando aproximadamente 3,5g. Na perimenarca, os ovários alcançam o peso de 4g. Na mulher adulta, o ovário possui de 25 a 26mm de comprimento, 14 a 16mm de largura e 10 a 12mm de espessura e tem forma ovoide, não sendo coberto pelo peritônio. 4. Órgãos genitais externos femininos Correspondem aos lábios maiores, aos lá- bios menores, ao vestíbulo, ao clitóris e ao monte pubiano ou de Vênus que, em seu conjunto, cons- tituem a vulva. Os lábios maiores ou grandes lábios são pregas cutâneas que delimitam a vulva: terminam anteriormente no monte púbico e, posteriormen- te, ao unirem-se, formam a fúrcula. No bojo dos grandes lábios estão o tecido conjuntivo e as fi- bras terminais do ligamento redondo. Os lábios menores, pequenos lábios ou ninfas, são duas pregas cutâneas dispostas sagi- talmente, com uma extremidade posterior que quase sempre se perde no contorno dos grandes lábios. Anteriormente se bifurcam, envolvendo o clitóris (prepúcio), e, imediatamente abaixo, for- mam o freio do clitóris. O espaço interlabial é virtual e apresenta uma fenda – a rima vulvar. Quando os pequenos lábios são separados, visualiza-se o espaço cha- mado vestíbulo que apresenta, anteriormente, o orifício externo da uretra ladeado pelas glândulas de Skene e, posteriormente, o óstio da glândulas de Bartholin (glândulas vestibulares maiores) e, em toda a sua extensão, as glândulas vestibulares menores ou de Hugurer. Inserido no contorno do orifício vaginal, encontra-se o hímen, que pode ser bilabiado, fenestrado, puntiforme ou até im- perfurado. O clitóris, homólogo ao pênis, é formado pela confluência dos órgãos eréteis: raízes dos corpos clitoridianos e bulbos do vestíbulo. Na recém-nascida, a vulva encontra-se hi- peremiada, os grandes lábios são espessos, ver- melhos ou levemente cianosados e se visualizam os pequenos lábios, o clitóris, o orifício uretral e o hímen. A mucosa do vestíbulo é rósea e túrgida. O hímen apresenta-se como uma membrana espes- sa com orifício de 4mm de diâmetro. Nos primeiros anos da infância, os grandes lábios perdem sua turgescência e transformam- -se em delgadas pregas cutâneas que se tocam e cobrem os pequenos lábios; os pequenos lábios não recobrem o vestíbulo da vagina; o hímen en- contra-se adelgaçado e translúcido e a mucosa do vestíbulo é vermelha e atrófica. O crescimento mais pronunciado da vulva e do monte-de-vênus inicia-se em torno dos 7 anos de idade. Na perimenarca, a vulva é mais poste- rior e horizontal, os grandes lábios se ingurgitam, e os pequenos lábios se pigmentam, o hímen se engrossa, seu orifício alcança 1cm de diâmetro e sua elasticidade é maior. As mucosas vulvares são 31 Faculdade christus Capítulo 1 pálidas e úmidas devido à secreção das glândulas de Bartholin e das parauretrais de Skene. A artéria pudenda interna, ramo da artéria ilíaca interna, é a principal artéria da vulva, dividin- do-se em ramos perineais, perianais, retais inferio- res, dorsal do clitóris e labiais posteriores. A iner- vação provém principalmente do nervo pudendo, que acompanha os vasos pudendos internos por baixo do ligamento sacrotuberal, passando pelo Figura 6- Desenho dos órgãos genitais femininos – Hemi-pelve direita. Figura 7- Órgãos genitais femininos – Hemi-pelve direita. Fonte: SILVA FILHO, A.R.; LEITÃO, A.M.F.; BRUNO, J.A. Atlas-Texto de Anatomia Humana Aplicada. Fortaleza: LCR, 2009. canal pudendo e chegando ao períneo abaixo do túber isquiático, onde se ramificam. Os linfáticos estão distribuídos em dois grupos: o superior, que recolhe a linfa do clitóris e do vestíbulo, drenando para os linfonodos femo- rais, e o inferior que abrange fúrcula, grandes lá- bios, pequenos lábios e vestíbulo, drenando para os linfonodos inguinais superficiais e femorais. 32 Faculdade christus Capítulo 1 Figura 9 – Desenho da genitália externa feminina. Figura 8 – Genitália externa feminina. Fonte: SILVA FILHO, A.R.; LEITÃO, A.M.F.; BRUNO, J.A. Atlas-Texto de Anatomia Humana Aplicada. Fortaleza: LCR, 2009. 33 Faculdade christus Capítulo 1 5. Correlações Topográficas 5.1 O períneo anatômico Parte superficial da parede inferior do tron- co, suavemente encurvada entre o baixo ventre, anteriormente, e o cóccix, posteriormente, estan- do limitada pelas coxas e nádegas, lateralmen- te. O períneo anatômico é delimitado, anterior- mente, pelo ângulo púbico; posteriormente, pelo cóccix e, lateralmente, pelos túberes isquiáticos, apresentando a forma de um losango quando as coxas são abduzidas. Uma linha que passa trans- versalmente na frente das tuberosidades isquiáti- cas divide o períneo anatômico em um triângulo posterior ou anal e outro anterior ou urogenital. 5.2 O períneo ginecológico É o espaço situado entre a comissura dos lábios menores ou fúrcula vaginal e o ânus, em forma de cunha triangular, cuja parede anterior é formada pela face posterior da vagina peri- neal e do vestíbulo vulvar. A parede posterior corresponde à borda anterior doânus, à face anterior do canal anal e do reto perineal. O vértice corresponde à extremidade inferior do tabique vaginorretal. A base é formada pelo es- paço entre a fúrcula e o ânus, sendo ocupado pela confluência dos músculos esfíncter externo (estriado) do ânus, transversos superficial e pro- fundo, bulbo-esponjoso e fibras retais do levan- tador do ânus. Importante na estática genital, rompe-se frequentemente no trabalho de parto e é onde se faz a episiotomia. 5.3 Superfície Na rima do pudendo, entre os lábios me- nores, estão os óstios da vagina e da uretra. Na virgem, a abertura vaginal está parcialmente fe- chada pelo hímen, sendo que depois da cópula os resquícios do hímen são representados pelas carúnculas himenais. Entre o hímen e os peque- nos lábios, no vestíbulo vaginal, encontram-se, bilateralmente, os óstios das glândulas vesti- bulares maiores (de Bartholin). Essas glândulas, quando aumentadas, são palpáveis na parte posterior do óstio vaginal. 5.4 Exame vaginal A vagina tem paredes anterior, posterior e laterais. As paredes anterior e posterior, bas- tante distensíveis, se acolam abaixo da porção vaginal do colo do útero que se salienta no teto da cavidade vaginal. Os recessos formados en- tre o colo e as paredes vaginais são denomina- dos fórnices vaginais. A parede anterior, menor que a posterior, está separada, na sua parte superior, da bexi- ga e dos ureteres por tecido conjuntivo frouxo. Inferiormente, a parede anterior tem correlação topográfica com a uretra, estando dela separa- da pela fáscia endopélvica. A parede posterior da vagina estende-se do vestíbulo vaginal até o colo uterino e está separada do canal anal e do reto por tecido conectivo pouco vascularizado. Com um dedo na vagina, por um lado, e exercendo-se pres- são na parede abdominal anterior, por outro, pode-se palpar todo o colo e o corpo do útero. Se se introduzir um espéculo na vagina, podem ser expostas, para o exame visual, as paredes do canal vaginal, a porção vaginal do colo e o seu óstio externo. O óstio externo da uretra está situado an- teriormente à abertura da vagina, no vestíbulo. Distante aproximadamente 2,5cm do óstio ex- terno da uretra, anteriormente, estão a glande e o prepúcio do clitóris e, ainda mais anterior e externamente, o monte da pube. D- Referências Bibliográficas ANDERSON, J. R. Anatomia e Embriologia. In: BEREK, J. Berek & Novak: Tratado de Gineco- logia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. p.57-97. CASTRO. E. B. et al. Defeitos do compartimento vaginal posterior: fisiopatologia e tratamento da retocele. Femina, São Paulo, v.35, n.6, p. 363- 367, Jun 2007. CHAVES, F. N.; FURTADO, F. M.; LINHARES FILHO, F. A. C. Noções de anatomia do aparelho genital feminino. In: MAGALHÃES, M. L. C. Ginecologia infanto-juvenil diagnóstico e tratamento. Rio de janeiro: MedBook, 2007. p.7-16. GRAY, H; GOSS, C. M. Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia orienta- da para a clínica. 5. ed., Rio de Janeiro: Guana- bara Koogan, 2007. 34 Faculdade christus Capítulo 1 OLIVEIRA, I. M.; CARVALHO, V. C. P. Prolapso de órgãos pélvicos: etilogia, diagnóstico e trata- mento conservador, uma metanálise. Femina, v.35, n.5, p.285-293, Maio 2007. PONTE, J. G.; BRUNO, J. A. Anatomia clínico-ci- rúrgica das mamas e dos órgãos genitais femi- ninos. In: HALBE, H. W. Tratado de ginecologia. 3. ed. São Paulo: Roca, 2000. p.153-163. PONTE, J. G.; SILVA FILHO, A. R.; ALMEIDA, F. M. L. Aspectos anatômicos e funcionais do apare- lho genital feminino. In: MAGALHÃES, M. L. C.; ANDRADE, H. H. S. M. Ginecologia infanto-ju- venil. Rio de Janeiro: Medsi, 1998. p.5-9. PRADO, D. S. et al. Avaliação do impacto da correção cirúrgica de distopias genitais sobre a função sexual feminina. Revista Brasileira de Ginecologia-Obsterícia. v. 29, n.10, p. 519- 524, 2007. SILVA FILHO, A.R.; LEITÃO, A.M.F.; BRUNO, J.A. Atlas-Texto de Anatomia Humana Aplicada. 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C- ABORDAGEM TEMÁTICA 1. Introdução 1.1. Comunicação com pacientes A comunicação é definida como a trans- missão de informações, pensamentos e senti- mentos para que eles sejam satisfatoriamente recebidos ou entendidos. Uma boa comunica- ção com a paciente envolve reconhecer e res- ponder à paciente como um todo, sendo essa abordagem conhecida como cuidado centra- do no paciente. Ela implica também em reco- nhecer que de qualquer interação médico-pa- ciente dois fatores estão presentes: primeiro, o do médico que tem o conhecimento clínico e segundo, o do cliente que tem o conhecimen- to de fatores sociais e cultu rais que influen- ciam efetivamente o tratamento e o cuidado. Abordaremos a seguir o modelo centrado no paciente. Apresentaremos algumas estratégias simples para promover a boa comunicação com o paciente dentro do ambiente clínico atual. É sabido que os médicos que acreditam na importância dos aspectos psicossociais do paciente são mais eficientes na comunicação e atendem melhor a suas necessidades. No entanto, alguns fatores estressantes como o tempo, podem interferir na capacidade de comunicação do médico com seus pacientes, podendo levar a um mal resultado clínico. As- sim, deve-se levar em conta o nível social, res- peitar o ponto de vista da paciente, não fazer julgamentos precipitados, evitar suposições, demonstrar empatia e respeito, compreender as barreiras, ajudá-la a superar obstáculos, envolver os familiares e nunca se esquecer de tranquilizar a paciente. O médico deve ser par- ceiro de sua paciente/doente; para isso, deve se mostrar flexível, negociar papéis quando necessário e trabalhar em conjunto em prol da saúde da mesma, devendo sempre explicar a ela todo o andar da consulta e sempre se cer- tificar de que está sendo realmente entendido e de que ela também o entende. Um problema que pode interferir nessa relação diz respeito a questões culturais; então, devemos sempre le- var em conta a cultura e a crença, assim como o ponto de vista da paciente 1.2. Por que uma boa comunicação com o paciente é importante a) Satisfação do paciente. Há evidências de que se desenvolve uma associação positiva 36 Faculdade christus Capítulo 2 entre a satisfação da paciente com os médi- cos que demonstram capacidade e vontade de se comunicar com elas. b) Benefícios para a prática: As estraté- gias para melhorar a comunicação com a paciente podem produzir uma maior efi- cácia na prática. Por exemplo, perguntar às pacientes sobre suas preocupações e permitir que elas concluam suas declara- ções, aumenta em pouco tempo a con- sulta, enquanto aumenta enormemente a possibilidade de adquirir informações dos pacientes. c) Uma melhor retenção de informação pelos pacientese as reduções nas queixas de ne- gligência são benefícios adicionais das prá- ticas que têm sido associadas com a comu- nicação eficaz médico-paciente. 1.3. Estratégias práticas para o ambiente clí- nico atual A implementação de um número simples de estratégias que adicionam pouco tempo ao encontro clínico pode melhorar a comunicação da paciente e ir além, entre eles, os requisitos essenciais são ter o cuidado com a comunica- ção pessoal ao interagir com o paciente e ter flexibilidade de saber se adequar à paciente. 1.4. Tornando o encontro com o paciente efi- caz (consultas, visitas etc.). Nos encontros clínicos, como na maioria das outras interações humanas, as primeiras im- pressões são as que ficam. Esteja sempre segu- ro do que você irá realizar e mantenha sempre uma atitude amigável. Cumprimente a paciente pelo nome e se refira a ela utilizando o prono- me de tratamento adequado (Senhora). Per- gunte como gostaria de ser chamada. Caso haja acompanhante, cumprimente-o(a). Algumas es- tratégias facilitam esse encontro como: Faça contato pessoal; olhe diretamente nos olhos, uma exceção para esta regra ocorre em casos em que a cultura da paciente pode ver essa prática como uma atitude rude e inapro- priada. Respeite o comportamento da paciente. Sente-se ao nível da paciente, nem mais alto nem mais baixo. Use expressões faciais para responder aos co- mentários da paciente como uma forma de demonstrar atenção. Encare a paciente durante a entrevista. Após o exame físico comece o contato tera- pêutico somente quando a paciente estiver completamente vestida. 1.5. Monitore sua linguagem corporal Uma boa comunicação contém elemen- tos verbais e não verbais. A linguagem corporal geralmente tem mais significado para o pacien- te do que a linguagem falada. Mantenha a área do peito aberta e os braços des- cruzados para evitar a formação de uma barreira à comunicação, assim como o corpo relaxado. Olhe sempre para a paciente. Mantenha uma postura fletida em direção à paciente e uma distância apropriada. Evite olhar para a paciente por cima dos olhos, pois pode demonstrar superioridade; retirar os óculos pode demonstrar interesse. Continue focado na paciente que pode lhe estar falando algo importante para o caso em questão. 1.6. Pratique habilidades de uma escuta eficiente Ser um bom ouvinte é a chave para pro- ver um cuidado centrado na paciente; demons- tre empatia, interesse e preocupação com os problemas da paciente. A paciente que sente que o médico foi um bom ouvinte fica confor- tada, segura e mais à vontade para fornecer as informações sobre seu problema. Estudos mos- tram que a maioria dos diagnósticos podem ser dados somente com a anamnese. Além de ouvir o que está sendo falado, devemos mostrar que estamos fazendo isso, como uma forma de en- corajar a paciente a continuar falando. Para isso, podemos utilizar: Mudanças súbitas de expressões faciais, uma leve abertura de olhos em resposta a uma descrição de algo doloroso, isso mostra que você além de ouvir, está dando a devida atenção. Acene com cabeça em pontos chaves das fra- ses da paciente. Incline-se levemente para a frente e faça con- tato visual. Faça confirmações breves para mostrar que você está ouvindo e entendendo. 1.7. Escutando com empatia Abordar os elementos emocionais da ex- periência da paciente pode demonstrar empatia, e não leva mais que 30 a 60 segundos, podendo, em alguns casos, reduzir o tempo de consulta. 37 Faculdade christus Capítulo 2 Para isso, é importante dizer frases de amparo e suporte do tipo: “você está ansiosa”, deve-se perguntar como ela se sente e encorajá-la a falar sobre suas preocupações em vez de escondê-las. Fazer perguntas é uma forma de demonstrar in- teresse e também serve para que o médico pos- sa colher mais dados sobre a paciente ou sobre sua doença. É importante que as perguntas se- jam abertas, a fim de encorajá-la a falar. 1.8. Resultados clínicos Resultados que têm como base os cri- térios objetivos mostram uma melhora da co- municação quando os prestadores incorporam essas técnicas em sua prática diária. 2. A História Clínica Antes de iniciar a anamnese é necessário que o médico se apresente. Você pode iniciar a anamnese com uma conversa sobre a paciente como, por exemplo, perguntando o que ela gos- ta de fazer, como se relaciona com as pessoas ou comentando alguma notícia recente; com isso, você conseguirá conhecê-la melhor, o que interpretar as várias situações que aparecerem durante a consulta. Isso repercutirá no grau de confiabilidade das informações cedidas pela paciente. A identificação da paciente deve ser a mais completa possível. 2.1. Motivo da consulta Deve ser registrado o motivo que levou a paciente à consulta. Nem sempre o motivo da consulta é uma queixa principal. 2.2. História da Doença (HDA)/ Problema atual Nesse momento é importante deixar a paciente falar livremente, o médico só deve in- terromper com o intuito de esclarecer algo que ficou nebuloso ou que necessite mais esclare- cimentos. É imprescindível que na HDA, todos os sintomas/problemas relatados pela paciente sejam caracterizados quanto a(aos): localização, início, fatores precipitantes, qualidade, irradia- ção, intensidade, periodicidade, manifestações associadas. Nessa parte, as perguntas feitas pelo médico devem ser abertas e não devem induzir a uma resposta. 3. Sinais e Sintomas em Ginecologia Antes de descrevermos os principais si- nais e sintomas, vamos inicialmente diferenciar sinal de sintoma. Sintoma relaciona-se com o que a paciente sente, são relatados pela pacien- te com o intuito de esclarecer sua condição clí- nica. Sinal é aquilo que o examinador encontra na anamnese ou no exame físico. Durante a anamnese devem-se enfatizar perguntas abertas com a finalidade de esclare- cer ao máximo possível o problema da paciente, exemplos: Dor - Fale-me sobre sua dor! Sente essa dor em outro local? Qual? Você nota algum outro pro- blema quando essa dor aparece? Qual? Sangramento anormal - Como é seu ciclo menstrual? Ocorre perda de sangue entre os períodos? Quantos absorventes a senhora utiliza por dia; eles ficam muito encharcados? Corrimento - Como é esse seu corrimento? Qual a cor? Apresenta algum odor? Poderia descrever? Seu parceiro apresenta algum sin- toma que possa associar-se ao seu? Sintomas pré-menstruais - A senhora nota algum outro sintoma? Há algo que o alivia? Ou que o piora? A senhora utiliza alguma me- dicação para esse problema? Quanto isso está interferindo em suas atividades diárias? Sintomas de menopausa - Quando foi sua última regra? A senhora sente algum sintoma que associa com o caso atual? A senhora se sente feliz com sua vida, atualmente? A se- nhora faz uso de alguma medicação? Sintomas urinários - A senhora tem algum queixa/problema quando vai urinar? Como é sua urina, poderia descrever? A senhora sente mais algum problema? Está fazendo uso de algum remédio? Fale sobre eles! 4. História Médica Pregressa 4.1. História menstrual Começa-se buscando informações sobre a menarca, como, por exemplo, perguntando quando ocorreu e se ela apresentou algum sinto- ma associado. Se a paciente já estiver no climaté- rio pergunte acerca da menopausa, como ocor- reu (cirúrgica ou espontânea), quais sintomas ela videnciou, se fez ou faz uso de terapia hormonal. Caso a paciente esteja na menacme (período reprodutivo), deve-se investigar os ciclos mens- truais quanto à regularidade, o número de dias, 38 Faculdade christus Capítulo 2 a quantidade de sangue eliminado e sobre sinto- mas associados. Para facilitar essas observações o médico pode pedir
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