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TRABALHO CIVIL RESPONSABILIDADE CONTRATUAL

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FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE GUARAPARI
ALINE MORAES
AMON ABREU
ERNANI ALBINO DE FREITAS
EUDER VASCONCELOS
JENNYFER OLIVEIRA
KALIANDRA DOS SANTOS MACHADO
MÁRCIA MOREIRA MATOS
TAINÁ COUTINHO GUIMARÃES
DIREITO CIVIL VIII
GUARAPARI
2018
FACULDADES UNIFICADAS DOCTUM DE GUARAPARI
ALINE MORAES
AMON ABREU
ERNANI ALBINO DE FREITAS
EUDER VASCONCELOS
JENNYFER OLIVEIRA
KALIANDRA DOS SANTOS MACHADO
MÁRCIA MOREIRA MATOS
TAINÁ COUTINHO GUIMARÃES
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL 
GUARAPARI
2018
1 – INTRODUÇÃO
É indiscutível que, o não cumprimento de uma obrigação, dar se o nome de inadimplemento. O inadimplemento não se caracteriza exatamente pela falta de pagamento.
A responsabilidade contratual é o resultado da violação de uma obrigação anterior, logo, para que exista é imprescindível a preexistência de uma obrigação.
Vale ressaltar que, o não cumprimento adequado das obrigações, deverá o devedor uma indenização referente às perdas e danos, em que a outra parte tenha sofrido.
Sendo assim, o Código Civil estabelece responsabilidades contratuais, para o inadimplemento voluntario da obrigação. A responsabilidade contratual funda- se na teoria da culpa (art. 186 do Código Civil). “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
2 – CONSEQUENCIAS DA INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES POR FATO IMPUTÁVEL AO DEVEDOR
Nos casos de inexecução de uma obrigação seja ela, pelo não pagamento de uma prestação dar se o nome desse fenômeno de inadimplemento, caracteriza-se no momento em que todas as circunstâncias que autorizavam o pagamento se reúne e, apesar disso, o cumprimento do pagamento não se realiza. Configurando assim, à inexecução da obrigação. 
O Código Civil no art. 389 diz que: "Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado". Sendo assim aquele que deixar de cumprir adequadamente com as obrigações em que tenha firmado uma obrigação, ele deverá pagar ao credor uma indenização referente as perdas e danos em que a outra parte tenha sofrido. Mas, o art. 402 do CC, estabelece que, salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.[1: VADE Mecum RT / [Equipe RT]. Código Civil Art. 389 - Dos Inadimplemento das obrigações 13º Ed. ver., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. Pag. 209 ]
O art. 1.057, do CC de 1916 definia que: Nos contratos unilaterais, responde por simples culpa o contraente, a quem o contratado aproveite, e só por dolo, aquele a quem não favoreça. Nos contratos bilaterais, responde cada uma das partes por culpa. Estabelece o art. 392, do CC de 2002, que nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
Se o descumprimento da obrigação resultar da parte a quem favorece o contrato, não há que se falar em dolo, porém, a quem interessa a realização do contrato recairá o ressarcimento dos possíveis danos que culposamente venha a causar. 
Em relação dos contratos recíprocos, cada uma das partes responderá culposamente pelo dano que causar, tendo que indenizar ao lesado. A parte não estará obrigada a reparar os danos resultantes de uma inexecução por ela causada. Se não houver dolo, imprudência ou imperícia, o que caracteriza culpa. É possível dizer que se trata de excludente da responsabilidade de quem deixa de cumprir o contrato. Contudo, não se deve entender como expressão de sentido parecido a ausência de culpa e o caso fortuito e força maior.
Para haver responsabilidade contratual será preciso demonstrar a presença dos seguintes requisitos:
Obrigação violada.
Nexo de causalidade entre o fato e o dano produzido.
Culpa, só pode liberar o devedor de cumprir obrigação sem culpa em caso que tenha sofrido eventualidade, no caso fortuito e de força maior, sem que recaia ao credor qualquer ressarcimento. 
Além disso, determina o art. 393: "O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis de evitar ou impedir".
O autor SÍLVIO RODRIGUES faz uma consideração final referente à diferença entre caso fortuito e força maior: o legislador nem sempre fez as distinções adequadas. Mas, ao aplicar a lei, deve o juiz, a meu ver, ter em vista os conceitos que a doutrina depurou, para alcançar um aperfeiçoamento técnico que a complexidade das relações jurídicas está a exigir. 
2.1 – Inadimplemento voluntário da obrigação 
Inadimplemento absoluto 
O inadimplemento absoluto ocorre quando a obrigação não for cumprida no tempo, lugar e forma convencionada, não sendo mais possível o seu cumprimento. Art. 394 CC. “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer”. Para que seja possível a cobrança da mora é preciso que seja possível o cumprimento ainda que tardio, da obrigação. [2: VADE Mecum. Código Civil Art. 394 – Da mora Ed. ver., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. Pag. 209]
Exemplo da orquestra contratada que, apesar de devidamente contratada para tocar em um baile, deixa de comparecer no tempo, lugar e forma convencionada sem um justificado motivo. 
O Inadimplemento absoluto pode ser total ou parcial. Será total quando a obrigação é completamente descumprida. Já o parcial tem lugar quando a prestação é entregue apenas em uma de suas partes. 
Inadimplemento relativo
O inadimplemento relativo, ocorre nos casos em que o devedor ainda pode honrar a sua prestação se dá quando, apesar de a obrigação não tiver sido cumprida no tempo, lugar e forma convencionada, esta poderá, ainda, ser cumprida pela parte que tiver dado causa à inexecução da obrigação, verificando se ainda a interesse à parte prejudicada pelo inadimplemento, desde que o pagamento venha devidamente acompanhado de seus resultados legais, no caso, multa e juros.
2.2 – Noção de inexecução voluntária
O que disponha o inadimplemento da obrigação quando faltar a prestação devida, isto é, quando o devedor não a cumprir, voluntária ou involuntariamente; se o descumprimento resultar de fato imputável ao devedor, haverá inexecução voluntária, que poderá ser dolosa, ou resultar de negligência, imprudência ou imperícia do devedor.
Para MARIA HELENA DINIZ, os tipos de resolução são: “a) resolução por inexecução voluntária do contrato; b) resolução por inexecução contratual involuntária; e c) resolução por onerosidade excessiva”.
Assim, a referida autora cita;
“Para que se opere a resolução contratual por inexecução voluntária, serão imprescindíveis o inadimplemento do contrato por culpa de um dos contratantes, o dano causado ao outro e nexo de causalidade entre o comportamento ilícito do agente e o prejuízo.
Tal resolução por inexecução voluntária, que impossibilita a prestação por culpa do devedor, tanto na obrigação de dar como na de fazer ou de não fazer, produz os seguintes efeitos:
1) extingue o contrato retroativamente, visto que opera ex tunc, se o contrato for de execução única, apagando todas as consequências jurídicas produzidas, restituindo-se as prestações cumpridas, e ex nunc, se o contrato for de duração ou execução continuada, caso em que não se restituirão as prestações já efetivadas, pois a resoluçãonão terá efeito relativamente ao passado; mas serão nulas, nas relações de consumo, as cláusulas que estabelecerem a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução contratual e a retomada da coisa alienada.
2) atinge os direitos creditórios de terceiros, desde que adquiridos medio temporis, ou seja, entre a conclusão e a resolução do ajuste. Dessa forma, se terceiro adquiriu direito real, esta não será atingido pela resolução, e o credor poderá tão somente reclamar indenização do dano sofrido. Porém, autores há que não admitem essa solução, por entenderem que, ante o princípio de que ninguém pode transferir mais direitos do que os que tem, os efeitos da resolução deverão ser idênticos em relação às partes e a terceiros;
3) sujeita o inadimplemento ao ressarcimento das perdas e danos, abrangendo o dano emergente e o lucro cessante; assim, o lesado pelo inadimplemento culposo da obrigação poderá exigir indenização pelos prejuízos causados, cumulativamente com a resolução. Se os contraentes convencionaram cláusula penal para a hipótese de total descumprimento da obrigação, está se converterá em alternativa a benefícios do credor. Se, no entanto, for estipulada para o caso de mora, o credor terá o direito de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o adimplemento da obrigação principal”.[3: LEME, Danilo Teixeira de Oliveira. Apu Maria Helena Jiniz Resolução como forma de extinção do contrato. Disponível em: <https://danilotol.jusbrasil.com.br/artigos/143566576/resolucao-como-forma-de-extincao-do-contrato> Acesso em; 04 abr. 2018 ]
2.3 – Fundamentos e pressupostos da responsabilidade contratual do inadimplente
Todo aquele que romper de forma voluntario o dever jurídico definido em lei ou em relação negocial, gerando prejuízos a alguém, fica o obrigado a compensa-lo, ou repará-lo da forma “statu quo ante”, o estado em que as coisas se encontravam ou fazer devidos ajustes para consertar a coisa. 
Havendo contrato ou declaração unilateral de vontade, evidencia responsabilidade contratual; não havendo essa ligação obrigacional, qualifica responsabilidade extracontratual ou aquiliana. 
“Código Civil Art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. 
Código Civil Art. 927. “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.[4: VADE Mecum RT]. Código Civil Art.186 Dos atos ilicitos. / Art. 927 Da obrigação de indenizar. 13º Ed. ver., ampl. e atual. São Paulo, pag. 201]
3 – CONCEITO DE MORA ART. 394 CC
O artigo que ilustra sobre a mora é o 394 Código Civil, 2002. “Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebe-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou convenção estabelecer”. A mora pode decorrer não só do atraso, ou do cumprimento da obrigação de modo diverso do que a convenção estabelecer, como também do que a lei determinar.[5: VADE Mecum. Art. 394 CC – Da mora. Pag. 209]
A mora recai mesmo quando o devedor puder cumprir com as obrigações, possibilitando o credor de receber aquilo que é devido por direito, tendo ele demonstrado o interesse, também recai sobre inadimplemento absoluto, aquele em que a coisa não tem possibilidade ou pereceu para o credor, ou porque não se atribui mais valor a coisa, tornando a inútil. Contudo se a coisa for útil ao credor havendo utilidade ou proveito, deverá ser cumprida. 
A mora sempre se funda na ausência pela qual se averigue o retardamento ou a demora injusta, falta essa que oriunda de fato ou de omissão imputável à pessoa. Vale ressaltar que nem sempre a mora deriva de descumprimento de convenção. Pode decorrer também de infração à lei, como na prática de ato ilícito. Art. 398 CC.
Para o renomado doutrinador (SILVIO DE SALVO VENOSA), A mora é o retardamento ‘culposo’ no cumprimento da obrigação, quando se trata de mora do devedor. Na mora ‘solvendi, a culpa é essencial. A mora do credor, ‘accipiend’i, é simples ato ou fato e independe de culpa.
Reproduz o professor DE PLÁCIDO E SILVA;
“Sobre o tema: “mora é a falta de execução ou o cumprimento da obrigação no momento, em que se torna exigível”.
Ou seja, é o retardamento ou a demora a execução da obrigação, quando deverá ter sido executada ou cumprida.
Assim, para que se revele a mora, não importa a espécie de prestação, em que se funda ou que é objeto da obrigação.
Tanto basta que ela não se cumpra ou se execute, segundo o dever imposto, Poe fato ou omissão imputável a quem está obrigado a cumpri-la, como devedor, ou por impedimento do credor.
Nesta razão, o retardamento na execução da obrigação, que caracteriza a mora, resulta da violação de um dever preexistente, seja em relação ao devedor, a quem cabe a obrigação de cumpri-la, seja em relação ao credor, a quem compete recebe-la.
Desse modo, a mora tanto se manifesta a respeito do devedor, que não cumpre a obrigação ao tempo, em que se torna exigível, como do credor que impede o cumprimento dela, recusando-se a aceitar a prestação”.
[6: VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. 5ª edição, São Paulo, 2005, p. 27.]
3.1 – Espécies de mora
São três as espécies de mora admitidas em nosso direito 
Mora solventes, ou debitoris, ou mora do devedor;
Mora accipiendi ou mora do credor; e 
Mora de ambos os contratantes; 
3.2 – Mora do devedor (mora solvendi ou mora debitoris)
A mora do devedor nada mais é do que o descumprimento da prestação por culpa do devedor no tempo, lugar ou forma convencionados.
O elemento objetivo da mora é o atraso no cumprimento da obrigação. 
O elemento subjetivo da mora é a culpa.
O requisito fundamental da mora é a exigibilidade da obrigação. 
Para configurar a mora, e imprescritível que a obrigação tenha sido deixada de ser cumprida em seu termo.
A responsabilidade contratual funda-se na teoria da culpa (art. 186 do Código Civil). “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Por tanto para considerar que a mora recaia sobre o devedor é fundamental que tenha agido com culpa. A ausência da culpa não constitui obrigação do pagamento da mora, sendo assim não há que se falar em mora. Previsão legal Art. 396. Do CC. “Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora”
“Durante o lapso temporal acordado;
Sendo assim, imaginemos a seguinte situação: “A” se obriga a guardar para “B” um quadro em sua casa até determinada data. Durante o lapso temporal acordado, a casa de “A” é invadida por ladrões que subtraem o quadro emprestado. Na data convencionada, retornado de viagem, “B” pede a devolução do quadro, o que se tornou impossível. (Presente o elemento objetivo). Porém, “A” não concorreu com culpa para a ocorrência do infortúnio (elemento subjetivo), não sendo justo exigir que este responda pelo prejuízo suportado por “B”. Neste caso, é certo que a mora não existe.
Decorrido o prazo convencionado;
No entanto, imaginemos este mesmo exemplo, com apenas uma diferença. Decorrido o prazo convencionado, “B” retorna de viagem e pede a devolução do quadro. Porém, “A” não atende a solicitação e extrapola o prazo convencionado na posse do quadro. Durante este período em que “A” excedeu a guarda do bem, sua casa foi invadida pelos ladrões e o quadro de “B” foi subtraído.
Neste caso, é certo que ficou caracterizada a mora do devedor, uma vez que a demora em atender à solicitação de “B” foi elemento fundamental para gerar o dano patrimonial (quiçá moral) deste, decorrente, exclusivamente, de sua culpa”.[7:VENOSA, Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. ]
Princípio romano da perpetuatio obligatione, expresso no art. 399 do Código Civil. “Caso o devedor responda pela impossibilidade da prestação, sendo esse resultado de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorreram durante o atraso; salvo se devedor se manifestar por meio de provas, isenção de culpa, ou que o dano sobreviria, ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada”. 
Outra excludente de responsabilidade contratual capaz de afastar a constituição Ada mora do devedor, encontra-se registrada no art. 393, caput, do Código Civil, o qual versa: Art. 393 CC “O devedor não responde pelos prejuízos decorrentes de caso fortuito ou de força maior, se expressamente não houver por eles se responsabilizado. ”
3.2.1 – Efeito da mora debitoris
Para efeito da mora debitoris, ou mora sovendi, ilustramos abaixo o art. 395 do Código Civil Art. 395. “Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. ” Sendo assim o devedor posso suportar os prejuízos a que a sua mora der causa, caracterizando a mora responsabilizada. 
“Se a mora do devedor ocasionar um prejuízo de ordem patrimonial, este fica obrigado a reparar aludida situação ao status quo. Se causar um prejuízo de ordem moral, o devedor ficará obrigado a indenizar o credor (geralmente em dinheiro), de forma a trazer para este uma situação de bem-estar, de consolo, a fim de tornar menos doloroso os efeitos do dano sofrido. Se impediu que o credor auferisse renda, deverá pagar ao credor o que ele, razoavelmente, deixou de lucrar (lucros cessantes) ”.[8: GALHERA, Adriano. Acerca da inexecução das obrigações. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI209313,21048-Acerca+da+inexecucao+das+obrigacoes>. Publicado em: 10 abr. 18 ]
3.2.2 – Classificação da mora 
Podemos classificar a mora em 3 (três) tipos distintos, a saber: Mora ex re (Mora ex persona; e, decorrente de ato ilícito, sobre as quais passamos a discorres.
Mora ex re;
A mora ex re vem regulada pelo caput do art. 397 do Código Civil, o qual dispões que “O inadimplemento da obrigação positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. ” Vale reiterar que os elementos da mora solvendi, no sentido de que a exigibilidade da obrigação é requisito objetivo da mora.[9: VADE Mecum RT]. Código Civil Art. 397 – Da mora. pag. 208]
O devedor que abdicar se da obrigação com cunho negativo, este ficará em mora a partir do momento que praticá-lo indevidamente.
Conforme registra SILVIO DE SALVO VENOSA, (2005, p. 27) “Na aplicação da mora ex re, tem aplicação a regra “dies interpellat pro homine”. O simples advento do dia do cumprimento da obrigação já interpela o devedor...”
(Mora ex persona; e,
Decorrente de ato ilícito, sobre as quais passamos a discorres.
A mora ex persona é prevista no parágrafo único do art. 397 do Código Civil, o qual versa que “não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial”.
O devedor que estiver a frente de uma obrigação com prazo indeterminado, deverá ser constituído em mora mediante interpelação judicial ou extrajudical.
Em se tratando de mora ex persona, o devedor poderá (e deverá) ser constituído em mora por várias formas;
Através da citação válida (art. 219 do CPC); 
Através da notificação extrajudicial nos casos de contratação de prestação de serviços advocatícios; 
Através de avisos de cobrança (Súmula 199 do STJ – L. 5.741, art. 2º, IV); 
Através da denúncia vazia nos casos de locação de imóvel.
3.2.3 – Purgação da mora pelo devedor 
 O devedor oferece a prestação acrescida da importância com juros, correção monetária, despesas contratuais, honorários advocatícios e quaisquer outras perdas e danos
3.3 – Mora do credor (mora accipiendi ou creditoris)
Além do art. 394 do Código Civil que nos traz o conceito de mora, apenas o art. 400 do CC, da mesma lei irá tratar a seu respeito, o qual, no que lhe concerne, enumera seus efeitos quando analisada.
Neste seguimento, convém apresentarmos o seu enunciado:
“Código Civil Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conserva-la, e sujeita-o a recebe-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação”.[10: VADE Mecum RT]. Código Civil Art. 400 Da mora. 13º Ed. ver., ampl. e atual. São Paulo: pag. 212]
Doutrinário dos professores NELSON NERY JÚNIOR a mora do credor é “...o seu não recebimento pelo credor (mora accipiendi ou creditoris), no tempo, lugar ou forma convencionados”. Se a recusa ou inércia forem juridicamente justificáveis, então nada sofrerá o credor. 
O objeto do pagamento deve obedecer aos princípios da identidade, da integralidade e da indivisibilidade. Só caberá a justificativo por parte do credor quando a obrigação for portável, quando o devedor se apresentar para sanar a obrigação. 
Mora accipiendi:
Mora do credor, demora do credor, demora em receber uma dívida. O fato de o proprietário de um imóvel alugado não buscar o aluguel na residência de seu inquilino, incide em mora accipiendi, ou seja, demora por parte do credor em receber a dívida.
Mora creditoris;
É a morosidade ou demora do credor em receber a dívida.
O credor está em mora creditoris, ou seja, o credor está demorando a receber o valor que lhe é devido.
O credor estará em mora creditoris, nas hipóteses que independe da existência de culpa do credor, caso ele não possa ou não queira receber o pagamento devido, ocorrida a impossibilidade do pagamento. 
O elemento objetivo da mora creditoris é a recusa do credor em receber o que lhe é devido.
Os efeitos da mora do credor começam a contar da simples recusa injustificada do credor em receber o que lhe é devido.
Trata-se de um rol taxativo, sobre o qual não se admite interpretação analógica.
SILVIO DE SALVO VENOSA, apud AGOSTINHO ALVIM (São Paulo, p. 163.) sustentou que a mora do credor e seus efeitos começam da simples recusa injustificada. A consignação seria útil, mas não necessária. Sua opinião é bastante lógica. Ocorre, todavia, que em certas situações fáticas a consignação por parte do devedor é a única forma que possui para desvencilhar-se da obrigação. Na prática, portanto, a utilidade da consignação, nos termos do estatuído na lei, torna-se necessária. Só assim, poderá o devedor, por exemplo, desonerar-se pelos riscos da guarda da coisa.
Na dívida quérable, não sendo nem mesmo necessária a oferta do devedor, pois deve ele aguardar a presença da cobrança do credor, o princípio é do dies interpellat pro homine. A mora caracteriza-se pelo fato de o credor deixar de cobrar a dívida junto ao devedor. Mas isso não anula o que dissemos a respeito da utilidade (ou quase necessidade) da consignação. Não vai pretender o devedor, que quer saldar seu débito, esperar indefinidamente até o prazo da prescrição, aguardando iniciativa do credor para opor exceção substancia, imputando, então, de efetivo, a mora do credor.
É, pois, importantíssimo o efeito liberatório da consignação judicial. É importante acentuar que o devedor não impões ao credor a aceitação do pagamento. Ele, o devedor, é que tem o direito de liberar-se da obrigação. Tanto que a consignação é meio idôneo de liberação, quando o credor é desconhecido (art. 335, III; antigo 973, III). 
3.3.1 – Mora de ambos os contratantes
Se dá na ausência de ambas as partes que deveriam ter comparecidos ao local determinado para concretizar o pagamento, com o não aparecimento de ambas contratantes, ocorrera-se a sua compensação aniquilando-se reciprocamente as duas partes as moras. Não caracterizando a mora simultânea, por parte do credor e do devedor concidentemente, a mora de um excluirá a do outro.
3.3.2 – Juros moratórios
Como retardamento da execução do débito aplica se os juros moratórios, pena imposta ao devedor pelo atraso no cumprimento da obrigação. Sendo as taxas dos juros moratórios até 12% anuais ou 1% ao mês. Art. 406 do CC. “Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional”. (Impostos federais). [11: VADE Mecum. Código Civil Art. 406 Dos juros legais. 13º Ed. ver., ampl. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, pag. 210]
A cobrança dos juros moratórios será sempre devida, na taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos, (atualmente, adota-se a taxa SELIC), Sistema Especial de Liquidação e de Custódia. Essa taxa de juros cobradas pelos bancos no Brasil se balizam é motivo de controvérsia por grande parte de juristas.
O advogado LUIZ ANTÔNIO SCAVONE JUNIOR. Defende que se aplique taxa de 12% ao ano, com juros máximos de 1% ao mês, com base na regra hierárquica de que uma lei geral posterior não revoga lei especial anterior. Assim sendo, o Código Civil de 2002 (caráter geral) não revogou a Lei de Usura de 1933 (caráter especial), a qual limitou a estipulação da taxa de juros a 1% ao mês.
A multas de mora proveniente do não cumprimento da obrigação, sendo a relação de consumo, no seu vencimento não recairá mais que 2% do valor da prestação, e o que dispõem o texto da (Lei 8078/90 no Art. 52, § 1 do Código de Defesa do Consumidor). 
Para não serem devidos os juros moratórios, será essencial que a lei estabeleça a isenção, tal como:
Retirando do doador a responsabilidade pelo pagamento dos juros moratórios. (Art.552 do CC)
Proibindo a exigência de juros contra a massa falida, previsto em lei ou em contrato, se o ativo aperado não bastar o pagamento dos credores subordinados. (Art. 124, caput, da lei 11.101/05)
Estipulando que não corriam juros contra previdenciária em liquidação. (Lei Complementar vn. 109/01 por ora revogado). 
Conforme observação do (MINISTRO LUÍS FELIPE SALOMÃO). Vale ressaltar que os juros moratórios legais art. 406 CC estão implícitos no pedido principal, portanto, ainda que não tenha sido formulado pedido expresso na petição inicial prevendo tais juros, estes são incluídos na conta de liquidação, conforme pacificado pela (Súmula nº 254 do STF), visto que “a realização do pagamento sem os juros legais implicaria enriquecimento sem causa do devedor”.[12: VADE Mecum RT. Súmula 254 STF. pag. 2200]
Conforme (Súmula nº 54 do STJ). “Nos casos de responsabilidade contratual (quando há ilícito contratual e culpa contratual), contam-se os juros moratórios desde a citação inicial para a ação; enquanto isso, nos casos de responsabilidade extracontratual (quando não há vínculo anterior entre as partes), os juros são computados desde a data do fato ou evento danoso”. [13: VADE Mecum RT. Súmula 54 STJ. pag. 2210]
3.3.3 – Purgação da mora art. 401 CC
Purgação da mora é o ato pelo qual à parte que incorreu lhe nela retira-lhe os efeitos, seja ela do credor ou do devedor, se consuma com a oferta da prestação e pode-se extinguir os efeitos advindos do estado moroso de um dos contratantes, referindo-se, obviamente, aos efeitos futuros e não aos pretéritos, “emendatio morae”.
Código civil Art. 401. Purga-se a mora: 
I – por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;
Ex; a prestação em dinheiro, ainda que atrasada, acrescendo os juros moratórios.
II – por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.
Ex; ao concordar em reembolsar o devedor das despesas efetuadas com a conservação das res debita, ressarcindo-o da eventual variação no preço etc.
O credor que render aos efeitos da mora, possibilitando receber a prestação até a data do recebimento, receberá reembolso das despesas pela conservação e recebimento da prestação pela estimação mais favorável.
Nos casos de inadimplemento absoluto de uma obrigação, não é possível purgar a mora, sendo assim aos efeitos da purgação da mora, a qual recai no futuro (ex tunc). A partir da purgação da mora, o devedor ou o credor não estão mais sujeitos aos ônus da mora.
Quando o devedor ou o credor se submeter aos seus efeitos, ocorrerá a purga da mora, previstos nos artigos 395 e 400 do CC. 
 “Código civil 2002
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos.
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.”
[14: VADE Mecum RT. Código Civil Art. 395 e 400 - Dos Inadimplemento das obrigações Pag. 209 e 210.]
Há dois exatos momentos para se caracterizar a purgação da mora, 
O legislador estabelece o prazo máximo para a purgação da mora.
Este prazo é indeterminado, exigindo a análise dos posicionamentos doutrinários mais aceitos por nossos tribunais.
Caso o devedor não cumprir com o prazo estabelecido pelo legislador fica ele sob pena de perder esta oportunidade e sujeita aos efeitos da preclusão do ato.
Esse prazo estabelecido por lei diz respeita à alienação fiduciária, a qual, uma vez ajuizada a ação de busca e apreensão pelo credor fiduciário para apreensão do bem alienado em face do devedor inadimplente, o prazo passa a corre após 3 dias da sua citação e o devedor só poderá purgar a mora se tiver pago no mínimo 40% do financiamento. (Dec. 911/69, art. 3º, § 1º).
Nos casos em que não há prazo estabelecido por lei, existem dois posicionamentos:
Para ORLANDO GOMES, o devedor ou o credor podem purgar a sua mora até o momento da propositura da ação judicial pela parte contrária. Todavia, em que pese o notável conhecimento do supracitado autor, entendemos que opinião mais apropriada é aquela defendida pelo mestre AGOSTINHO ALVIM. Para este, a mora pode ser purgada até o prazo para apresentação de contestação, se não houver cláusula resolutória expressa, pois, nesse caso, o advento do termo já constituiu em mora o devedor (dies ad quem).
3.3.4 – Cessação da mora
Acontecerá por fato extintivo de efeitos decorridos do passado e futuro, como acontece quando a obrigação se extingue com a novação, remissão de dívidas ou renúncia do credor. 
4 – PERDAS E DANOS ART. 389 E 395 CC
O dano acontece quando não se verifica mais nenhuma possiblidade de cumprimento da prestação tal qual se tornou inútil ao credor, ela pode ser material ou moral, suportado tendo em conta lesão a bem jurídico contratualmente protegido, sendo o dano avaliado através da reparação, que tem a função de avaliar o dano, depois vem a liquidação, é o momento efeito do pagamento.
Só haverá obrigação de indenização se houver um prejuízo a reparar, sendo facultativo esse requisito na responsabilidade civil. Conduto a que se lembrar que na seara da responsabilidade contratual, em que a lei prevê a existência do dano, liberando o lesado do ônus de provar sua existência. 
4.1 – Espécies
Dano emergente; 
É aquele efetivamente suportado pelo credor. Ex: sinistro de trânsito (os danos materiais) ou enquanto consistem: no valor da reposição das peças do veículo ou seu reparo.
Lucros Cessantes; 
Consiste em perda patrimonial, potencial daquilo que razoavelmente que o credor deixou de lucrar. Necessita ser provado. Não pode representar pedido absurdo em uma realidade diversa da potencial aquisição patrimonial do credor.
Indenizaçãopor perda de uma chance;  
É obtida a partir da ponderação entra o dano sofrido e a real possibilidade de obtenção de êxito, mas nunca consistirá no próprio valor da obrigação prevista. O Brasil adota a Teoria dos danos dos direitos e imediatos. Art. 403 CC.4.2 – Fixação da indenização das perdas e danos
Considerações trazidas por SERPA LOPES (pag.259 Ano.2008). Havendo inexecução da obrigação, o prejudicado terá, direito a uma reparação que possibilite reequilibrar a sua posição jurídica, ressarcindo-lhe todos os prejuízos, mediante a estimação das perdas e danos, realizando-se, então, a composição por meio de certa quantia em dinheiro, correspondente ao valor da prestação descumprida e aos danos sofridos com esse inadimplemento. (Art. 402, CC/02). 
4.2 – Modos de liquidação do dano
Caso venha a ser feito o pagamento em espécie, recairá também sobre a obrigação de pagar os juros e as custas do processo. Art. 404, CC/02)
E nos casos de ação judicial, os juros passa a contar desde o momento da citação, não valendo para ações extrajudiciais (Art. 405, CC/02).
A liquidação se realizará:
Por determinação legal;
Se a lei determinar que seja a indexação devida (Art. 407,940 e 312, CC/02)
Por convenção das partes;
No momento em que contratam, prevendo inadimplemento ou retardamento culposo da obrigação, dispõem relativamente do dano, ex., cláusula penal. 
Por sentença judicial;
Nos casos ordinários, sempre que a liquidação das perdas e danos não tiver sido estabelecida por lei ou pelas partes contratantes.
5 – CLÁUSULA PENAL ART.408 A 416, CC
A cláusula penal acessória e um pacto firmado pelas próprias partes contratantes, que estipulam antecipadamente, pena pecuniária ou multa, contra a parte que deixar de cumprir o ato e o fato, a que se obrigou, sendo ela consequência de inexecução culposa ou de seu retardo. (Art. 408, CC).
A cláusula penal deverá ser sempre aceita na forma escrita, pode-se ainda aceitar a cláusula penal em um instrumento que se refira a uma obrigação convencionada verbalmente. 
O objetivo principal da obrigação da cláusula acessória é estabelecer perdas e danos os casos de total inadimplemento da obrigação ou decorrente da mora. Se acessória ao contrato principal, ocorrer sua anulação, nulo estará também a cláusula penal, por entender que o princípio de que o acessório segue o principal.
Diz o Ministro José de Aguiar Dias que
“[...] a cláusula penal fixa de antemão as perdas e danos pelo inadimplemento da obrigação e também neste caso o credor se isenta do ônus que normalmente lhe caberia. Não precisa provar nem o prejuízo nem o quantum, porque, na exata definição de CARVALHO SANTOS, a cláusula penal imposta “pré-liquidação convencionada do prejuízo do credor”, prevenindo as longas controvérsias que podem surgir na liquidação dos danos, sem possibilidade de prova em contrário, o que, todavia, não obsta a que, em certos casos, ela possa ser reduzida, por medida de equidade ou atenção à moralidade dos contratos. ”[15: DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. ed. Forense v. 1, pag.91-92. ano.1983.]
Função compulsória;
Segundo SAVIGNY (v.2, p.79), estabelecer um meio de forçar o cumprimento do combinado, constituindo numa pena que visa punir uma conduta ilícita e garante o adimplemento da obrigação.
Teria exclusivamente o intuito de reforçar ou garantir a efetivação da obrigação, não levando em conta o ressarcimento do dano, apenas uma sanção ao inadimplemento ao atraso.
Função indenizatória;
Segundo ORIZINDO NONATO (v.2, p.304), por estabelecer antecipadamente as perdas e danos, constituindo uma liquidação convencionada e avançada das perdas e danos recorrentes do inadimplemento da avença. Cabe dispor que, com o descumprimento da obrigação principal, constitui uma compensação dos prejuízos sofridos pelo credor, estabelecidos a priori certo de que cabe perdas e danos.
Função ambivalente 
Segundo os juristas LORENZ E CALMO (v.1, p.369) por reunir dois valores contrários ou não o compulsório e o indenizatório, sendo simultaneamente reforço do vínculo obrigacional, por punir seu inadimplente, e liquidação antecipada das perdas e danos, sendo assim proporciona, dupla vantagem ao credor, por aumentar a possibilidade de cumprimento do contrato e por facilitar o pagamento da indenização das perdas e danos em caso de inadimplemento, poupando o trabalho de provar judicialmente o montante do prejuízo e de alegar qualquer dano. (Art. 416, caput) o credor não poderá exigir indenização suplementar, a pretexto exceder a cláusula penal. (Art. 416, §ú) salvo se for convencionado, pois ela se resulta de avença prévia. 
5.1 – Caracteres 
Podem ser elencadas as seguintes características da cláusula penal (Maria Helena Diniz, v.7, p.265, ano. 2008):
Acessoriedade; 
Segue, portanto, a obrigação principal. SILVIO DE SALVO VENOSA (2003, 166) cita Serpa Lopes dizendo que existem duas exceções em que, mesmo na nulidade do contrato, sobrevive a cláusula penal, pois será obrigação autônoma:
1ª) nas situações em que a nulidade seja tal a ponto de dar margem a uma indenização por perdas e danos, como é o caso da venda de coisa, dolosamente, não pertencente ao devedor;
2ª) quando a cláusula penal foi justamente pactuada para os casos de ser tida como nula a obrigação principal.
Condicionalidade; 
 Pois que o dever de pagar a pena está condicionado à evento futuro e incerto;
Compulsoriedade (intimidatório); 
 Pois é meio forçado do cumprimento da obrigação que consiste numa pena, constrangendo psicologicamente o devedor ao pagamento da obrigação (art. 416, caput, CC – “Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo”)[16: VADE Mecum RT. Código Civil Art. 416 - Da cláusula penal. Pag. 211]
Subsidiariedade;
Salvo no caso de pena moratória. Substitui a obrigação principal não cumprida por culpa do devedor (art. 410, CC – “Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor”).
Ressarcibilidade; 
Por constituir liquidação prévia e convencional das perdas e danos, no caso de inadimplemento futuro do convencionado;
Imutabilidade relativa; 
Pois deverá ser modificada pelo juiz em determinados casos legais (art. 413, CC) – “ A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio”. O juiz só poderá reduzir a cláusula penal nessas duas circunstâncias no firme propósito de evitar enriquecimento sem causa (art.884, CC) ”. [17: VADE Mecum RT. Código Civil Art. 413 - Da cláusula penal. Pag. 210]
Código Civil Art. 409 - “A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora”. Sua estipulação pode ocorrer conjuntamente com a obrigação principal ou em ato posterior. [18: VADE Mecum RT. CC art. 411 - Da cláusula penal. Pag. 210]
SILVIO DE SALVO VENOSA (2003, 166) diz que “É comum as partes camuflarem a cláusula penal, estipulando-a ao avesso, isto é, no contrato de locação, fixam um desconto, caso o devedor pague até determinado dia, rezando a avença que o preço do aluguel é outro, mais elevado. Trata-se de verdadeira multa moratória, como veremos”.
5.2 – Modalidades de Cláusula Penal 
Faz-se exigida a multa compensatória em casos que a prestação se torna indesejável ou inexequível, caracterizando o inadimplemento absoluto (Art. 412. CC - “O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal”.[19: VADE Mecum RT. CC art. 412 - Da cláusula penal. Pag. 210]
Compensatória; 
A multa compensatória não pode ser confundida com a indenização, ela e vista como uma alternativa em benefício do credor. Reconhecido o inadimplemento absoluto, seu valor não poderá ultrapassar o da obrigação principal, o credor pode exigirperdas e danos decorrente da inexecução, em substituição da prestação devida, tendo ela se tornado impossível e indesejável, podendo assim requerer a muita compensatória, fica a critério do credor escolher a melhor alternativa que a convém. Art. 410 CC. - “Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor”.[20: VADE Mecum RT. CC art. 410 - Da cláusula penal. Pag. 210]
Quando vier estipulada para o caso de descumprimento integral da obrigação terá natureza compensatória.
Moratória 
Quando a sanção for imposta em razão de descumprimento da obrigação, ela será moratória, sendo assim poderá estabelecer as perdas e danos com o objetivo de assegurar o ressarcimento decorrente do inadimplemento de uma cláusula no contrato, ou de simples mora. 
CAIO MÁRIO PEREIRA dá alguns exemplos de cláusula penal moratória: pode a cláusula penal aludir à falta oportuna da execução, punindo-a com uma certa soma fixa ou percentual sobre o valor da prestação faltosa; pode estabelecer punição continuada ou sucessiva, em que incorre o devedor por dia de atraso no cumprimento da obrigação; pode sofrer aumento gradativo, na medida em que a demora se estende; como pode conjugar a mora com a resolução do contrato, se atingir um lapso de tempo determinado. [21: GUMARÃES, Luis Cotrim. Apud PEREIRA, Caio Mário da Silva. Art.411 Comentado. Disponível em: <https://www.direitocom.com/codigo-civil-comentado/artigo-411-5> Acesso em: 04 abr. 2018]
Fatores que motivam o nascimento de cláusula penal:
Na formação do contrato;
Forma superveniente; 
Nasce quando do aditivo do contrato, ou seja, de forma posterior.
Objetivos da Cláusula Penal
Assegurar o adimplemento absoluto contratual
Assegurar uma cláusula do contrato
Para casos de simples mora.
5.3 – Cláusula Penal e obrigações divisíveis e indivisíveis
Divisíveis;
Somente pode exigir do devedor culpado ou do seu herdeiro, que responde pela pena convencional, a qual será cobrada na fração que àquele devedor correspondia da obrigação. 
Indivisíveis;
Somente o devedor culpado poderá ser demandado integralmente na pena convencional. Os demais devedores respondem cada um por suas respectivas quotas. Ressalva-se sempre o direito de regresso aos devedores não culposos, contra aquele que deu causa à aplicação da pena (Art.414 §ú CC). 
5.4 – Requisitos para sua exigibilidade 
Existência de uma obrigação principal;
Deverá ser anterior ao fato que motivou a indenização;
Inexecução total da obrigação (Art.409 e 410 CC);
Sendo a cláusula compensatória, é necessário que tenha ocorrido o não cumprimento da obrigação, para a indenização seja descumprida. 
Constituição em mora (Art. 408, 409 e 411 CC);
Se houver prazo convencimento, o simples vencimento do termo, sem o cumprimento da prestação devida, induz o devedor, pleno iure, à mora ex re logo, a pena convencionada poderá ser exigida desde logo. 
Se não houver prazo certo de vencimento, o credor terá de constituir o devedor em mora, mediante interposição judicial ou extrajudicial, conforme (Art.397 §ú do CC c/c Art. 867 do CPC e s.) informando o devedor de que não abrirá mão de seus direitos mora ex persona, submetendo-se aos efeitos da cláusula penal, que se tornará, então, devida e exigível.
Imputabilidade do devedor (Art. 408, 1ª parte CC);
Verificando a causa do inadimplemento do contrato principal por caso fortuito ou força maior, que haja a extinção da obrigação e, por conseguinte, da cláusula penal (Art.393 CC).
A respeito do caso fortuito e da força maior CAIO MÁRIO PEREIRA destaca que,
“[...] pode subsistir responsabilidade ao devedor em casos de; (i) convenção expressa entre as partes nesse sentido; (ii) mora do devedor, exceto se este demonstrar que não teve culpa no atraso ou que o dano teria ocorrido ainda que a obrigação tivesse desempenhada tempestivamente; (iii) substabelecimento a terceiros, s despeito de vedação do mandante, exceto se provar que o dano teria acontecido, independentemente do substabelecimento; (iv) gestão de negócios, quando são firmadas operações arriscadas pelo gestor ou quando este preterir interesses do gerido em benefício seu: (v) tradição de coisas que se vendem marcando ou assinalando, quando as coisas já tiverem sido postos à disposição do credor: e (vi) nos casos de risco profissional, quando previsto em lei.”[22: PEREIRA, Caio Mário da Silva. Teoria Geral das Obrigações, Ed. Forense, pag. 348. Rio de Janeiro.]
5.5 – Efeitos 
O efeito essencial da cláusula penal é o de sua exigibilidade plena iure, no sentindo de que independerá de qualquer alegação de prejuízo por parte do credor, sendo assim não terá que provar que foi prejudicado pela inexecução culposa da obrigação ou pela mora. Tendo somente o credo que demonstrar o acontecido do inadimplemento da obrigação e a constituição do devedor em mora. 
Tendo a possibilidade de o credor optar pela execução da prestação, sem reclamar a pena, exceto se houver impossibilidade da prestação e se configurar a hipótese do Art. 411 do CC – “Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal”.[23: VADE Mecum RT. Código Civil Art. 411 - Da cláusula penal. Pag. 210 ]
Aplica a regra do Art. 414 §ú, e 415 do CC, no caso da pluralidade de devedores, sendo indivisível ou divisível a obrigação, o código intente que a clausula penal não é indivisível, pois em geral, ser estipulada em pecúnia, sendo assim cada um responde por sua quota-parte (concersu partes fiunt). Contudo se tratando clausula penal que contenha obrigação indivisível, a pena poderá ser cobrada de qualquer um dos codevedores, ao qual caberá o devido direto de regresso contra o culpado pelo descumprimento
Quando a cláusula penal for de tipo compensatória, o credor poderá optar por seguir um dos seguintes caminhos, considerando que a escolha de uma alternativa excluirá a outra:
Exigir a quantia da indenização compensatória;
Pleitear perdas e danos, sendo que terá o ônus de provar os prejuízos eventualmente sofridos;
Exigir o adimplemento da prestação contratada.
Todavia, caso a cláusula penal seja do tipo moratória, o credor terá o direito de demandar o adimplemento da indenização moratória, bem como o cumprimento da obrigação principal pactuada.
6 – PRINCÍPIOS ATINENTES À RESPONSABILIDADE CONTRATUAL
A responsabilidade contratual é orientada pelos princípios de que:
a) Para que haja uma responsabilidade contratual é indispensável o vínculo contratual entre o credor e o devedor, pois só assim o credor estará habilitado para exigir do devedor o cumprimento da prestação, até mesmo no Poder Judiciário, se for necessário. Caso a obrigação contratual não seja personalíssima, irá atingir não só as partes da relação, mas também, os seus respectivos herdeiros. O Código Civil, em seu artigo 1.792, nos diz que:
“Art. 1.792 CC. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. ”[24: VADE Mecum RT. Código Civil Art.1.792. Da herança e de sua administração Pag. 284]
Ou seja, caso a obrigação for personalíssima, não é transmitida para terceiros, sendo a responsabilidade única e exclusiva de em devedor e um credor.
Não se pode caracterizar a um terceiro a relação obrigacional, pois só se deve caracterizar como devedor aquele que tem a sua própria vontade sobre a relação, ou seja, o terceiro não pode deixar nas mãos de terceiros a obrigação de fazer da relação, pois caso o terceiro não cumpra com o prometido irá ocorrer o inadimplemento da obrigação.
b) Um contrato é feito de cláusulas e caso uma delas ou todo o contrato não é cumprido, irá ocorrer a responsabilidade civil contratual, que geralmente é causada por um ou ambos os contratantes, ou até mesmo porterceiros, que somente irá ocorrer caso ocorra a intervenção na execução ou cumprimento do contrato, que se dar-se-á na hipótese de o devedor substituir o cumprimento da obrigação, passando a responsabilidade para um terceiro, sem que haja uma autorização do credor e do mesmo modo, se o devedor obter ajuda de outrem para executar o contrato, logicamente, só irá ocorrer essa hipótese, caso a prestação não seja personalíssima, outra modalidade é quando há uma associação de alguém para o uso e gozo do bem que deve ser restituído, ou seja, caso um terceiro dificulte o cumprimento da obrigação, o devedor será responsabilizado.
Ocorre que, o credor e o terceiro não têm qualquer tipo de vínculo, sendo assim, o devedor responsabilizado pelos atos da pessoa do terceiro
 Na relação contratual, podendo ainda, o devedor entrar com uma ação de regresso contra o terceiro que lhe causou o prejuízo.
Vale ressaltar que tanto as pessoas físicas como as pessoas jurídicas são responsáveis pela inexecução do contrato, tanto as de direito privado como a de direito público.
c) É necessário que haja uma conexão entre a causalidade, o dano e a inexecução do contrato, seja ela em relação a obrigação principal ou relativamente acessória. Em um contrato é de fácil entendimento e identificação a responsabilidade contratual, não ocorrendo da mesma forma com as obrigações acessórias, que pode ou não existir. As obrigações acessórias aparecem nos contratos onde a integridade vital do bem e/ou pessoa é de suma importância, ou que estejam em grande perigo. MARIA HELENA DINIZ, nos diz que:
“[...] em face do caso concreto, as circunstâncias em que se afirma a intenção dos contratantes, interpretando sua vontade, se: 1) não houver normas jurídicas supletivas da vontade dos contraentes. P. ex.: não será difícil delimitar a responsabilidade contratual do hoteleiro em relação às bagagens do hóspede, em bora não haja nenhuma conversão sobre o assunto, porque o art. 649, parágrafo único, do Código Civil estabelece que ele deverá responder por elas como depositário; 2) não houver uso local atinente ao meio de estabelecer qual teria sido a intenção das partes contratantes, para a fixação da responsabilidade. ” (DINIZ, 2014, pag. 317). 
 
7 – CONCLUSÃO 
A responsabilidade contratual se origina da inexecução contratual. Pode ser de um negócio jurídico bilateral ou unilateral. Resulta, portanto, de ilícito contratual, ou seja, de falta de adimplemento ou da mora no cumprimento de qualquer obrigação. É uma infração a um dever especial estabelecido pela vontade dos contratantes, por isso decorre de relação obrigacional preexistente e pressupõe capacidade para contratar. A responsabilidade contratual é o resultado da violação de uma obrigação anterior, logo, para que exista é imprescindível a preexistência de uma obrigação.
REFERENCIA
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, 7° vol. Responsabilidade civil, 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. pág.236 a 278.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, 4° vol. Responsabilidade civil. 5° ed. São Paulo: Saraiva, 2010. pág.41 a 55
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. Vol. II. 11° Ed. São Paulo, Atlas, 2011.
DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito civil / Felipe Quintella. 6° ed. rev. atual. São Paulo: Atlas, 2017. Capitulo 5, pag.342 a 361 
VADE, Mecum RT/ [Equipe RT]. Ed.13°. rev., amp. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.

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