Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 CURSO DE 2ª FASE PENAL XXII EXAME DE ORDEM Aula 11 MEMORIAIS Continuação. Pedidos subsidiários É importante ter em mente que alguns pedidos subsidiários são muitos recorrentes na petição dos memoriais, dentre eles destacamos: Aplicação da pena mínima; Substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos (art. 44, do CP); Suspensão condicional do processo (art. 89, da Lei 9.099/95); Suspensão condicional da pena (art. 77, do Código Penal); Regime inicial aberto para o cumprimento da pena; 12. PEDIDOS DOS MEMORIAIS NO TRIBUNAL DO JÚRI PEDIDO PRINCIPAL O pedido principal é de absolvição sumária, com fundamento no artigo 415 do Código de Processo Penal. As hipóteses de absolvição sumária no rito do tribunal do júri estão previstas no art. 415 Código de Processo Penal e esta absolvição sumária é ao final da instrução probatória e vai ser pedida em MEMORIAIS. Cuidado que a absolvição sumária do art. 415 do Código de Processo Penal difere da absolvição sumária prevista no art. 397 do mesmo diploma legal que também é aplicada no rito do tribunal do júri de forma analógica, mas para a resposta à acusação. Vamos a análise de cada inciso deste dispositivo. Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I – provada a inexistência do fato; Neste caso fica provado que o fato NÃO existiu. Ex. Sujeito é acusado de homicídio, mas no decorrer do processo a suposta vítima aparece viva. II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; Admite-se que houve o fato, restando este provado, mas provou-se que o réu NÃO foi nem autor nem partícipe do fato. Ex. Mataram um sujeito, restando provado este fato. O réu foi acusado de ter matado o sujeito, entretanto, provou- se no curso da instrução criminal que o réu estava em outra cidade na hora do crime. III – o fato não constituir infração penal; Demonstra-se que o fato NÃO é crime, não possuindo tipificação legal respectiva. Ex. Sujeito é acusado de cometer o crime de suicídio, crime inexistente no ordenamento jurídico, tendo em vista que somente existe o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Caso fique demonstrado que o réu está amparado por uma causa de exclusão de ilicitude ou de culpabilidade será alegado este inciso. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. Atenção! www.cers.com.br 3 A inimputabilidade é uma exceção, pois neste caso deve ser proferida uma sentença absolutória imprópria, sendo o agente inocentado, mas submetido a uma medida de segurança. Porém, desta exceção, caberá outra exceção, no caso de se configurar tese única de defesa. Nesse sentido, pode haver a absolvição sumária mesmo se tratando de inimputabilidade. Vale ressaltar que pode haver a absolvição sumária com base no inciso IV do art. 415 do CPP em decorrência de obediência hierárquica ou embriaguez involuntária proveniente de caso fortuito ou forca maior, pois estas causas isentam de pena do acusado e conduzem à exclusão da culpabilidade. 13. PEDIDOS SUBSIDIÁRIOS DOS MEMORIAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI Impronúncia – art. 414 do CPP A impronúncia ocorrerá quando não há certeza quanto a prova da materialidade e os indícios suficientes de autoria. Ela é uma sentença que não resolve mérito, sendo chamada de sentença interlocutória e o processo fica em sus- penso diante da ausência destes requisitos. Porém, se aparecer fato novo pode haver o prosseguimento do processo enquanto o crime ainda não estiver pres- crito e poder o Estado punir o agente. Destaca-se que a pronúncia ocorre quando o juiz, ao analisar o caso concreto, verificar que existem prova da ma- terialidade do fato e de indícios suficientes de autoria. Ela é também chamada de sentença interlocutória, pois ela não pode adentrar no mérito. O juiz simplesmente não poderá condenar, será o tribunal do júri que poderá fazê-lo. Desclassificação – art. 419 do CPP No caso o juiz diz que houve o crime, com indícios suficientes de autoria e materialidade, o acusado é responsável pelo crime, mas o crime simplesmente NÃO é da competência do Tribunal do Júri. Com isso, o juiz desclassifica o crime e remete para o juiz competente, ela é chamada de desclassificação própria. Ex. Ao final da instrução probatória percebe-se que houve o crime de latrocínio e NÃO de homicídio. A desclassificação NÃO gera nulidade dos atos anteriores praticados, NÃO zera o processo, tudo que foi feito será aproveitado pelo juízo competente. Este é que proferirá sentença. Resumindo... Deve-se pedir: 1º) Absolvição Sumária 2ª) Subsidiariamente se for o caso – Impronúncia 3ª) Subsidiariamente se for o caso – Desclassificação. 14. FECHAMENTO DA PEÇA DE MEMORIAIS Nestes termos, Pede deferimento. Comarca, data. Advogado/OAB. 15. ARROLAMENTO DA(S) TESTEMUNHA(S) É de suma importância esclarecer que nos memoriais NÃO se faz o pedido de arrolamento de testemunhas, pois já houve a instrução probatória e este foi o momento oportuno para fazer tal pedido de arrolamento. www.cers.com.br 4 CASOS PRÁTICOS CASO PRÁTICO 01 Daniel, aluno da Universidade Federal de Pernambuco, foi denunciado pelo representante do Ministério Público pelo crime tipificado no art. 155, parágrafo 1º combinado com o parágrafo 4º, II, todos do Código Penal. Informa a peça inicial acusatória que o agente decidiu furtar os cadáveres existentes no Departamento de Medicina da Universidade com o animus inicial de subtraí-los para, posteriormente, revendê-los a outra localidade. Aduz ainda a denúncia que o agente utilizou-se de sua destreza para furtar os referidos objetos pertencentes à Universidade, já que ninguém percebeu a subtração, apesar de ser 17 horas e o local não estar deserto. Além disso, o representante do parquet tipificou a conduta praticada por Daniel requerendo o aumento da pena em virtude do repouso noturno. O juiz federal da 11ª Vara Criminal da Seção Judiciária do Recife, Capital do Estado de Pernambuco, recebeu a inicial acusatória, por entender presentes os requisitos constantes no art. 41 do Código de Processo Penal, citando o acusado para o oferecimento da resposta à acusação. Após a apresentação da referida peça, o juiz designou audiência de instrução e julgamento para o dia 13 de outubro de 2016. Na referida colheita de provas, ouvidas as testemunhas de acusação, estas não souberam informar nada sobre o caso em apreço. As testemunhas de defesa também não souberam dizer nada do fato, abordando apenas ser o agente portador de bons antecedentes, ter um bom convívio na localidade em que reside e não ser afeito à prática delitiva. Em seu interrogatório, Daniel negou a autoria do crime, não sabendo informar, todavia, quem teria praticado o furto dos cadáveres. Nos autos, ainda, não há provas efetivas do delito em análise, já que a pessoa responsável pelo Departamento de Medicina não soube informar o número exato dos cadáveres existentes na Universidade para o objeto de estudo. Após a instrução probatória, diante da complexidade do caso, o juiz remeteu o processo ao Ministério Público para a apresentação das alegações finais por escrito. Você, advogado de Daniel, é intimado no dia 21 de outubro de 2016, sexta-feira. Em relação ao caso narrado, com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concretoacima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes, datando do último dia do prazo. www.cers.com.br 5 CASO PRÁTICO 02 Alberto, de 20 anos de idade, foi denunciado pelo representante do Ministério Público pelo crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A, § 1º do Código Penal, praticado contra Denise, também com 20 anos de idade. A peça acusatória informa que no dia 10 de maio de 2015, Alberto foi até a residência de Denise, onde estava ocor- rendo uma festa com várias pessoas. Na ocasião, aproveitando-se do fato de ficar sozinho no quarto com Denise, o denunciado manteve com a vítima conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez desta. Embora não tenha se valido de violência real ou de grave ameaça para constranger Denise a manter conjunção carnal, o denunciando aproveitou-se do fato de Denise não ter o necessário discernimento para a prática do ato libidinoso, não podendo dar validamente o seu consentimento, visto ser deficiente mental, incapaz de reger a si mesma. Foram acostados à peça acusatória o depoimento do pai da vítima, informando que Denise estava grávida e prova pericial comprovando a deficiência, bem como o estado gestacional. O juiz da 15ª Vara Criminal da Comarca Z do Estado Beta recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para se defender no prazo legal, tendo sido a citação efetivada e o réu apresentado defesa por intermédio de advogado. Na fase de instrução probatória, não houve a intimação do advogado do réu, bem como não houve a nomeação de um defensor público pelo juiz competente, no intuito de patrocinar a defesa deste durante a instrução. No decorrer da audiência de instrução e julgamento, foi colhido o depoimento da testemunha Leonardo, amigo de Denise, informando este que nunca tivera o conhecimento de que sua amiga possuía alguma deficiência mental, ao longo desses 12 anos de amizade, até porque ela sempre tinha o costume de realizar festas e era muito simpática com todos. O réu, em seu interrogatório, informou que realmente praticou conjunção carnal com a vítima, com o consentimento desta, entretanto, desconhecia completamente que Denise possuía alguma deficiência mental, fato este desconhe- cido, inclusive, pelos amigos próximos da vítima. Finda a fase probatória, diante da complexidade dos fatos, o juiz concedeu prazo para que as partes apresentassem suas alegações finais por escrito. O Ministério Público apresentou suas alegações nos termos da acusação, reque- rendo a condenação do réu com base no artigo imputado na denúncia. Posteriormente, o réu foi intimado no dia 24 de julho de 2015, sexta-feira. Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) constituído(a) pelo acusado Al- berto, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de seu cliente. Em seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação legal e jurídica, explore as teses defensivas e date o documento no último dia do prazo para protocolo. www.cers.com.br 6 RESPOSTA DOS CASOS PRÁTICOS RESPOSTA DO CASO PRÁTICO 01 • Peça: MEMORIAIS, com fundamento no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal. • Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 11ª VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RECIFE CAPITAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO. • Teses: ✓ Indicação da preliminar de ausência de justa causa, uma vez que não há nos autos comprovação da prova da materialidade do crime, tão pouco indícios suficientes de autoria, nos termos do art. 395, inciso III, do Código de Processo Penal. ✓ Desenvolvimento fundamentado acerca da ausência de justa causa, uma vez que não há nos autos com- provação da prova da materialidade do crime, tão pouco indícios suficientes de autoria, nos termos do art. 395, inciso III, do Código de Processo Penal. ✓ Desenvolvimento fundamentado acerca da desclassificação do crime. ✓ Não incidência da majorante do crime de furto pelo repouso noturno. • Pedidos: ✓ Pedido de absolvição com fundamento no art. 386, incisos II e V, do Código de Processo Penal, visto não existir prova da existência do fato nem que o réu tenha concorrido para a infração penal. ✓ Pedido de anulação da instrução probatória em virtude da existência de nulidade em virtude da ausência de justa causa para o exercício da ação penal, o que deveria ter ocasionado de pronto a rejeição liminar da peça acusatória, nos moldes do art. 395, III do Código de Processo Penal. ✓ Pedido de retirada da qualificadora da destreza bem como a não aceitação do aumento de pena pelo re- pouso noturno, uma vez que não restou configurado nenhum dos parágrafos, sendo o acusado condenado pelo furto simples, previsto no caput do art. 155 do Código Penal. ✓ Pedido subsidiário de aplicação da pena mínima no crime de furto simples, previsto no artigo 155, caput, do CP. ✓ Pedido subsidiário da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, conforme previsão no art. 44 do Código Penal. ✓ Pedido subsidiário de aplicação da suspensão condicional do processo, nos termos do artigo 89, da Lei 9.099/95 ✓ Pedido subsidiário do cumprimento inicial da pena no regime aberto, nos moldes do art. 33, §2º, “c” do Código Penal • Datação: 28 de outubro de 2016. www.cers.com.br 7 RESPOSTA DO CASO PRÁTICO 02 • Peça: MEMORIAIS, com fundamento no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal. • Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 15ª VARA CRIMINAL DA CO- MARCA Z DO ESTADO BETA • Teses: ✓ Indicação da preliminar de nulidade por falta de intimação do advogado do réu para a audiência de instrução e falta de nomeação de defensor público ao réu presente, nos termos do art. 564, III, “c” e IV do Código de Processo Penal e art. 5º, LV, da Constituição Federal. ✓ Indicação da preliminar por falta de condição para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II, do Código de Processo Penal. ✓ Desenvolvimento fundamentado acerca da existência do erro de tipo, art. 20, caput, do Código Penal. ✓ Desenvolvimento fundamentado acerca da nulidade por falta de intimação do advogado do réu para a au- diência de instrução e falta de nomeação de um defensor público ao réu presente, nos termos do art. 564, III, “c” e IV do Código de Processo Penal e art. 5º, LV, da Constituição Federal. ✓ Desenvolvimento fundamentado acerca da falta de condição da ação para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II, do Código de Processo Penal. • Pedidos: ✓ Pedido de absolvição com fundamento no art. 386, VI, do Código de Processo Penal. ✓ Pedido de anulação da instrução probatória em virtude da existência de nulidade por falta de intimação do advogado do réu para a audiência de instrução e falta de nomeação de defensor público ao réu presente, nos termos do art. 564, III, “c” e IV do Código de Processo Penal e art. 5º, LV, da Constituição Federal. ✓ Pedido de anulação da instrução probatória por falta de condição para o exercício da ação penal. ✓ Pedido de aplicação da pena do réu no mínimo legal e o regime inicial de cumprimento de pena no semia- berto. ✓ Não sendo acolhido o pleito de pena mínima, que seja reconhecida a atenuante prevista nos art. 65, I, do Código Penal, em virtude de o réu ser menor de 21 anos na data do fato. www.cers.com.br 8 Pedido de intimação e inquirição das testemunhas
Compartilhar