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Comentários dos crimes previstos no ECA (art. 225 ao art. 244-B )

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
TÍTULO VII - DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
CAPÍTULO I - DOS CRIMES
Art. 225. Este capítulo dispõe sobre os crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízos do disposto na legislação penal.
O Estatuto tem por objetivo garantir as necessidades básicas da criança e do adolescente, dessa forma busca reprimir os atos praticados contra eles, que ocorrem desde a ação até a omissão. 
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nessa Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo; as pertinentes ao Código de Processo Penal. 
O Estatuto tem os crimes previstos na Parte Geral do Código Penal, já em relação aos procedimentos do processo estão de acordo com o Código de Processo Penal.
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada.
As ações definidas nesta Lei são de atribuição do Ministério Público para serem promovidas, e como são de natureza incondicionada cabe a autoridade policial promover a abertura do inquérito, bastando apenas o conhecimento do delito.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no artigo 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.
O Estatuto teve a preocupação de manter a saúde e a integridade da criança e do adolescente desde a sua existência no ventre da mãe. Dessa maneira buscou preserva os cuidados a serem dispensados a gestante para que possa ter uma gravidez saudável, bem como o seu direito de saber o que ocorreu durante o parto e a evolução do recém nascido. Isto deve constar na declaração de nascido que o objeto pelo qual se obtém a certidão de nascimento da criança. Mesmo que o agente não tenha a intenção incorre em crime culposo.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no artigo 10 desta Lei:
Pena – detenção de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.
Nesse artigo está prevista a omissão daquele que é responsável pela saúde da gestante deixa de proceder aos exames que estão elencados no inciso II do artigo 10 deste código, bem como deixa de identificar corretamente o neonato conforme o inciso II do artigo 10 deste código.
Nesse caso temos um crime instantâneo e próprio, já que o ato se consuma no momento da omissão dolosa ou culposa de médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante.
Art. 230. Privar criança ou adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita ordem escrita da autoridade judiciária competente.
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único: Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais. 
Trata de apreensão ilegal de menor, que não esteja em flagrante ou sem as formalidades legais. Nesse caso temos um crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa, tem como elemento subjetivo o dolo. A consumação se dá com a privação da liberdade da vítima. Vale ressaltar que se a privação ocorrer por outro motivo que não os elencados no artigo 231, o agente responde a crime de sequestro ou cárcere privado.
Art. 231. Deixar autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Trata a obrigação de duplo dever de comunicação do juiz, que deve comunicar o juiz e à família ou pessoa indicada pelo infrator. Essa comunicação deve ser imediata, caso contrario configura o crime citado no artigo 231, aceitando somente a forma dolosa.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Nesse crime se faz necessário a subordinação entre o sujeito passivo e ativo. É um crime de ação múltipla, definidos dentro do vexame e do constrangimento que pode assumir varias formas. O crime é próprio, ou seja, só pode ser cometido por pessoas que tenham criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância. 
Art. 233. Revogado
Art. 234. Deixar autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão.
 Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Este artigo busca punir a omissão de autoridade competente que viola o direito a liberdade da criança ou adolescente, principalmente quando se trata de prisão ilegal. Vale ressaltar que para efeito de lei pessoa com até 12 anos de idade incompletos é criança e nesse caso responde pelas medidas previstas no artigo 101 deste código que não prevê à privação de liberdade, o que torna a prisão ilegal.
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade.
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
O artigo recrimina o descumprimento injustificado de prazo fixado na lei para proteger o adolescente quando se tratar de privação de liberdade. O núcleo do tipo trás uma expressão descritiva e um elemento normativo que seria respectivamente não cumprir prazo fixado em lei. O sujeito ativo é qualquer pessoa que tenha o dever funcional da guarda ou responsabilidade do adolescente detido em flagrante ou por força de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Faz-se necessário o dolo, ou seja, a vontade de descumprir o prazo, não é passível de tentativa. 
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:
 Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Este artigo apresenta dois núcleos, que seria “impedir” e “embaraçar”, ficando indiferente a realização de mais de uma das ações descritas, no que se refere à unidade do delito. A consumação ocorre com o impedimento ou a conduta de embaraçar por parte do a agente a ação da autoridade, admite tentativa, isso ocorre toda vez que. Iniciados os atos de execução, o resultado querido não se aperfeiçoe por circunstâncias alheias à vontade do agente. A ação penal é pública incondicionada.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto: Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa. 
A conduta indiscriminada presente neste artigo consiste em subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda, em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto. É um crime que atinge não somente o pátrio poder, a tutela, mas a guarda. A norma visa à proteção da família, notadamente o interesse da criança e do adolescente, como objetivo principal desta lei em análise. 
Este tipo se assemelha ao previsto no art. 249 do CP, dentre as quais duas diferenças podem ser apontadas, no CP ocorre à subtração de menor de 18 anos, ou interdito, o tipo em estudo em mais detalhado, ao definir o elemento subjetivo do crime. Outra diferença encontra-se em que, na figura definida no Código Penal, o agente subtrai o menor do poder de quem lhe tem a guarda, ou pátrio poder, ou curatela, ou tutela, e o submete à sua própria esfera de vigilância. Já, no tipo previsto no Estatuto, o agente subtrai a criança ou o adolescentecom o fim de colocação em lar substituto.
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa. 
Neste artigo cria-se uma nova uma nova modalidade de entrega de filho menor a pessoa idônea, que está prevista no art. 245 do CP. A diferença desde tipo com o retratado no CP é que dispensa a circunstância elementar do crime, “pessoa em cuja companhia saiba o agente ou deva saber que o menor fica moralmente em perigo”, esta conduta a motivação para sua causa é a paga ou recompensa. Para a consumação este tipo não importa se a situação seja proveitosa para o menor, já que a censura legal é feita em razão da turbação do exercício da tutela ou do pátrio poder.
A expressão “paga ou recompensa” mencionada no parágrafo único indica a existência de um elemento subjetivo deste tipo penal, um fim de agir que é a expectativa de retribuição. Assim quem oferece recompensa ou paga incorre nas mesmas penas.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa. 
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena – reclusão, de seis a oito anos, além da pena correspondente à violência. 
Neste tipo pune-se quem promove ou auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de criança ao estrangeiro sem observância das formalidades legais, ou, numa segunda modalidade, quem, mesmo observando as exigências e procedimentos estabelecidos pelo próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, atua com o fim de lucro. Para a consumação do crime, a lei não exige que a criança ou adolescente deixe o território nacional. Basta a efetivação de ato destinado ao envio da vítima ao Exterior, nas circunstâncias referidas no tipo.
De acordo com o parágrafo único, pune-se com reclusão de seis a oito anos – além da pena correspondente à violência -, a conduta de quem, com emprego de violência, grave ameaça ou fraude, promove ou auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o Exterior, com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro.
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornografia, envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
1° Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput desse artigo, ou ainda que com esses contracena.
2° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete crime:
I – No exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II – Prevalecendo-se de relações domesticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
A objetiva jurídica deste tipo penal é a tutela da integridade moral da criança e do adolescente. O sujeito ativo é qualquer pessoa envolvida direta ou indiretamente no registro, sendo admitida a participação. O sujeito passivo é sempre a criança ou o adolescente envolvido. A conduta descrita no tipo penal é de ação múltipla, isto é, prevê vários verbos núcleos do tipo, configurando o crime desde que o agente realize pratica de uma ou mais de uma ação, porém punindo-se apenas uma delas, conforme disposição do princípio da alternatividade.
Os elementos normativos do tipo são: cena de sexo explícito ou pornográfica. Pornografia nada mais é do que a representação, por quaisquer meios, de cenas ou objetos destinados a serem representados a um público, com exposição de práticas sexuais diversas, com o objetivo de instigar a libido. Sexo explícito é aquele em que a conjunção carnal ou a pratica de ato libidinoso e exposta ao público.
O tipo objetivo é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de praticar uma das condutas previstas no tipo penal incriminador. O crime se consuma com a pratica de apenas uma das condutas previstas, sendo admitida a tentativa apenas na hipótese de, por exemplo, flagrante policial quando do início das filmagens.
As condutas previstas no § 1° são equiparadas as do caput do artigo, isto é, o verbos núcleos do tipo: agenciar, recrutar, coagir, de qualquer modo intermediar e contracenar em cenas de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança e adolescente, são tipos penais assim como os do caput.
Verifica-se que o legislador em algumas das condutas do §1° do referido artigo (agenciar, recrutar e coagir) decidiu por punir o chamado ato preparatório antecedente ao ato de produção, tornando-as condutas típicas. Exceção feita na conduta de contracenar.
O § 2° do artigo citado, estabelece as causas de aumento de pena, são elas: Exercício de Cargo ou Função Pública. Segundo o artigo 3° da Lei 8.112/90, cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que sevem ser cometidas a um servidor, criados por Lei, com denominação própria. Já Função pública, possui um conceito residual do acima descrito, ou seja, é atividade relacionada ao cargo ou emprego, mas podendo ser exercida sem os dois, como por exemplo o de mesário na eleição ou jurado no Tribunal do Júri.
Também são causas de aumento de penas, as relações Domesticas, de coabitação ou de hospitalidade. Mas uma vez o legislador entendeu que deveria punir mais severamente tais relações pessoais e de intimidade. O ambiente doméstico que é estabelecido por integrantes da mesma família: ascende, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, também abrange a hospitalidade e a coabitação.
Também se pune com maior rigor a conduta do infrator que se prevalece da proximidade com a criança ou que exerça autoridade sobre ela e o adolescente, tais como: os tios e sobrinhos (os graus de parentesco até o terceiro grau), o exercício da função de tutor ou curador, de professor, de empregador e etc.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
A conduta típica do crime é vender ou expor a venda, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente. Vender é o ato de transferir a propriedade mediante a cobrança de um preço. Expor à venda significa exibir, mostrar. O escambo, é considerado como venda e também envolve esta modalidade.
O objeto jurídico é a tutela penal da integridade moral da criança e do adolescente. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (crime comum). O sujeito passivo é a criança ou o adolescente. O tipo subjetivo é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de vender ou expor à venda.
A consumação se dá com a efetiva venda ou com a exposição a venda, sendo admitida a tentativa. Ainda no sentido de coibir as práticas lascivas com crianças ou adolescentes, a Lei 11.829/08 criou novos tipos penais, e foi com a edição desta lei que se começou a falar em crimes de pedofilia propriamente ditos, posto que até o advento da lei, estes eram considerados inexistentes sob o ponto de vista do nosso ordenamento jurídico.
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informação ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfico envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Mas uma vez o legislador se preocupou com a rede mundial de computadorese com a facilidade de cometimento do crime utilizando-se dos meios eletrônicos. A conduta delituosa este em oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente. 
Transmitir significa enviar ou encaminhar, muito utilizado com as mensagens de e-mail, por isso mesmo que o legislador entendeu que o meio para a prática do crime é livre, posto que abrange o sistema de telemática e informática. O aparelho celular e a câmara digital, deste que utilizados para extrair imagens pornográficas ou de sexo explícito com crianças e adolescentes também são meios hábeis da prática deste crime.
O dolo do crime, ou seja, seu tipo subjetivo, é a vontade livre e consciente de oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar. Na modalidade transmitir a conduta é permanente, permanecendo a consumação enquanto houver a conduta. Nas demais condutas o crime é instantâneo. Nestes casos quando o crime é instantâneo admite-se a tentativa.
O § 1° inova ao trazer as condutas equiparadas, punindo a conduta da pessoa física que assegura os meios para o armazenamento das cenas ou imagens, como por exemplo abrigando as fotografias em um site (site de relacionamento tais como ORKUT, FACEBOOK e outros, onde é possível inserir fotos). A outra figura típica equiparada permite a punição de pessoa física representante do site que dá acesso por rede de computadores as fotos, cenas ou imagens.
As figuras equiparadas são crimes de perigo, consumando-se com a simples garantia do meio, isto é, assegurando o armazenamento ou facilitando o acesso para a inserção da imagem. Basta disponibilizar ambos, independentemente de que terceiros tenham efetivamente acessado as imagens para que esteja consumado o crime. Por este motivo a tentativa é admitida.
Nas figuras equiparadas entendemos presente uma nova causa de extinção da punibilidade. Isto porque, descoberta a permissão pelo site de relacionamento, por exemplo, a autoridade encarregada da investigação oficiará ao representante legal do site de relacionamento para que, no prazo de cinco dias, retire do ar tal conteúdo. Muito embora o crime já esteja consumado, quis o legislador oferecer uma oportunidade de retratação pelo representante legal do site. Criou-se assim, uma condição objetiva de punibilidade, ao exigir como condição de punição, a omissão do responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado que deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo.
§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
I – agente público no exercício de suas funções;
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
§ 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.
A objetividade jurídica, os sujeitos ativo e passivo, são os mesmos da conduta anterior. Já o tipo objetivo consiste em adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.
Não se trata de crime de bagatela a disposição contida no § 1° do artigo, pois não tornou atípica a posse de pequena quantidade. O § 1° é apenas causa de diminuição de pena de 1/3 a 2/3, ao nosso ver que contraria o objetivo da Lei, e por isso, em nossa opinião deveria ter sido suprimida.
A vontade livre e consciente de adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente, caracteriza a necessidade da existência do Dolo, para configurar o tipo penal, dolo este que pode até ser na sua forma eventual. Não sendo prevista a forma culposa. A consumação se dá com a aquisição, posse ou armazenamento, sendo admitida a tentativa.
O § 2° prevê hipóteses de excludentes de tipicidade, posto que menciona que não há crime se o agente (público no exercício de suas funções – Delegado, Investigador, Membros do Ministério Público e etc. e privado – ONGS legalmente constituídas que tem como finalidade o encaminhamento de notítias criminis referidas neste parágrafo e Representantes Legais de provedores de acesso à internet) possui ou armazena o registro com a finalidade de comunicar a ocorrência dos crimes previstos nos artigos 240, 241, 241 – A e 241 – C) as autoridades competentes. Tais pessoas mencionadas tem o dever de manter sigilo sobre os fatos.
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo.
Embora possa ocorrer o chamado erro de tipo, quando o criminoso possa imaginar que a fotografia pertence a pessoa maior de 18 (dezoito) anos, a prática de manipulação ou simulação da participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito também é considerada crime. 
Os recursos visuais tais como os de photoshop, que é de acesso público através de programas de computador que são baixados pela internet, permite a alteração de imagens, inserindo nelas elementos não existentes, fazendo montagens, dando a entender que determinadas pessoas estariam praticando cenas de sexo explícito ou pornográfica com crianças ou adolescentes. Isso poderia ocorrer e a legislação não previu isso.
Para sanar a lacuna da lei, criou-se esta novatio legis incriminadora, em que se pune a montagem de imagem envolvendo criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica.
A objetividade jurídica e os sujeitos do crime são os mesmos dos tipos penais anteriores. O tipo objetivo incrimina o produtor da representação visual que falsificou a fotografia (adulteração), construiu a fotografia (montagem) ou alterou a fotografia (montagem).
Se a falsificação for grosseira, sendo percebida facilmente, têm-se entendido que mesmo assim se configura o crime, pelo atingimento da integridade moral e psíquica da criança ou adolescente. O crime só pode ser consumado em sua forma dolosa, sendo admitida a tentativa, quando há, por exemplo, o flagrante policial no ato do agente que inicia a adulteração e é surpreendido pela autoridade policial.
O parágrafo único traz a figura equiparada do chamado pedófilo da internet que vasculha os mais variados sites com conteúdo de pedofilia infantil, fotos, vídeos ou registros que contenham montagens de imagens de criança e adolescente. Frise-se que se a imagem não for verdadeira, o crime tipificado será do artigo 241 – B.
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três)anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.
Os verbos núcleos do tipo são os seguintes: Aliciar, que significa atrair a criança com promessas enganosas; assediar, que é importunar a criança; instigar, que significa fazer nascer na criança a ideia de prática do ato libidinoso; e constranger que utilizar de violência ou grave ameaça na conduta. As formas de assédio são livres, podendo ser verbal ou virtual. 
Importante destacar que o tipo penal excluiu a figura do adolescente deste tipo penal, só deixando a figura da criança, por entender que o primeiro consegue ter maior discernimento para não se submeter ao assédio do pedófilo. Por se tratar de crime de perigo, consuma-se o fato independentemente da ocorrência da prática do ato libidinoso. Admite-se a tentativa. O elemento subjetivo do tipo é o dolo e o elemento normativo do tipo é o ato libidinoso, abrangendo a conjunção carnal ou qualquer ato que visa o atendimento da libido. 
O assédio à criança e ao adolescente sem a vontade de praticar ato libidinoso é conduta atípica. O parágrafo único do artigo estabelece também figuras equiparadas. No inciso I têm se a conduta do agente que, por exemplo, envia e-mail com site pornográfico ou que mostre cenas explicitas de sexo. O inciso II, por sua vez, prevê que o agente assedie a criança de forma que ela se exiba de forma pornográfica ou sexualmente explicita.
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Este artigo traz o conceito de cena de sexo explícito e pornográfica envolvendo criança e adolescente. Conceitua-se cena de sexo explícito como toda e qualquer cena de atividade sexual explicita real e simulada.  A simulada também é chamada de cena erótica. Já a cena pornográfica é aquela em que há exibição dos órgãos genitais de criança e adolescente para fins libidinosos ou sexuais.
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.
Com a alteração introduzida pela Lei 10.764, de 12.11.2003, a pena do crime tipificado no art. 242 do ECA ficou agravada para reclusão, de três a seis anos. De ver, entretanto, que o dispositivo ficou parcialmente derrogado pela Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003.
O Estatuto do Desarmamento definiu de maneira mais grave quase todas as condutas típicas previstas no art. 242 do ECA, ainda que se con­sidere a alteração introduzida pela Lei 10.764/2003.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave 
Só existe esse crime se a conduta for praticada sem justa causa, leia-se, sem um motivo justificado. O objeto material desse tipo penal são componentes possam causar dependência física ou psíquica. Não precisa a substância causar esta dependência, basta que um componente apenas da substância possa causar dependência física ou psíquica. Se essa substância que causa dependência for droga, da Portaria 344/98, haverá crime de tráfico de drogas. O preceito sancionador é bem claro: se o fato não constitui crime mais grave. Portanto, esse art. 243 é um crime subsidiário.
A tentativa é perfeitamente possível. Tentar vender, tentar ministrar são exemplos.
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
A interpretação deste dispositivo está ligada aos artigos anteriores da mesma conduta, relativa a substâncias perigosas ou armas e explosivos. Entretanto, há uma exceção que exclui da tipificação aqueles fogos considerados inofensivos, que, pelo seu potencial reduzido, não possam provocar danos físicos, mesmo em caso de utilização indevida; e é preciso definir o que seja esta utilização indevida. 
O bem jurídico tutelado é a integridade física e a saúde. É um crime é impróprio, ou seja, qualquer pessoa (homem ou mulher) pode ser agente deste crime, que é comissivo. O sujeito passivo é a criança ou adolescente, de qualquer sexo, e, em sentido mais amplo, a saúde pública.
A conduta tipificada é vender, entregar ou fornecer a qualquer título, ainda que gratuito, fogos a criança ou adolescente, excetuando-se aqueles que não constituem perigo, mesmo em caso de utilização indevida. A exceção estará a cargo do poder discricionário da autoridade competente para julgá-la. Sendo crime de perigo, consuma-se com a mera conduta, seguindo as regras do crime formal.
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do artigo 2º desta Lei, à prostituição ou exploração sexual.
Pena - reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé.
§ 1º. Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.
§ 2º. Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento
A conduta é submeter (impor coativamente ou moralmente) a vítima à prostituição (atos sexuais habituais com finalidade de lucro) ou à exploração sexual (atos sexuais isolados com finalidade de lucro). Na prostituição, portanto, o crime é habitual, na exploração sexual, não.
Se a prostituição ou exploração ocorrerem em estabelecimentos comerciais, lícitos ou ilícitos, também responderá pelo crime o proprietário, o gerente ou responsável pelo estabelecimento. Só admite a forma dolosa, não existe a forma culposa.
Em relação à consumação e tentativa, a consumação se dá com a simples submissão da adolescente ou criança à prostituição ou exploração, não se exigindo que haja prejuízo à formação moral dela, portanto, estamos diante de um crime formal; a tentativa é possível no caso da exploração sexual, visto que a prostituição é crime habitual e não admite tentativa.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º. Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
§ 2º. As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990
Esse era o crime de corrupção de menores da Lei 2.252/54 (expressamente revogada) e agora configura crime do art. 244-B, do ECA. O tipo penal ficou idêntico.
O sujeito passivo desse crime é o menor de 18 anos. Mas, para grande parte da doutrina é o menor de 18 anos ainda ano corrompido. Não é possível corromper alguém que já está corrompido. Se o menor já estácorrompido, haverá crime impossível por absoluta impropriedade do objeto. A vítima, no entanto, não precisa ficar corrompida para que o crime seja consumado. Basta que o maior pratique infração penal com ele ou o induza a praticá-la.
Esse crime é um tipo penal de forma vinculada. Ou corrupção de forma vinculada. Isso porque a corrupção ou possibilidade de corrupção do adolescente se dá quando o infrator pratica infração penal com a vítima ou induz a praticá-la. O tipo penal fala: “com ele praticando infração penal”. Essa expressão abarca tanto o crime quanto a contravenção. O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, não existe a forma culposa desse crime.

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