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Resumo Civil Isaías

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Resumo de D. Civil III (Av1).
Princípios fundamentais do direito contratual.
1 – autonomia da vontade: as partes contratam se quiserem, com quem quiserem e sobre o que quiserem. Esse princípio
teve seu apogeu após a revolução francesa, com o individualismo em ascensão, e determinou que o contrato faz lei entre
as partes, por respeitar a vontade das mesmas. Serve de fundamentação para a formação dos contratos atípicos. Consiste
em um poder conferido aos pactuantes de autorregulamentação e autogoverno em sua esfera jurídica.
Tal princípio sofre algumas limitações, quais sejam: se quiserem (o licenciamento de um veículo condicionado
ao contrato de seguro obrigatório; o fornecedor de produtos, segundo o CDC, art. 39, II, na medida de sua
disponibilidade de estoque); com quem quiserem (serviço público sobre monopólio; relações consumeristas); sobre o
que quiserem (limitações de ordem pública, sobretudo as relativas à função social do contrato).
2 – supremacia da ordem pública: havendo colisão de interesses, prevalecerá o interesse social em detrimento do
interesse privado. Com o advento do liberalismo econômico, as desigualdades e o desequilíbrio causavam a exploração
do economicamente mais fraco, exigindo do Estado a sua interferência a fim de que fosse restabelecida a igualdade
contratual através de normas protetivas. Hoje, a intervenção estatal é tão grande que, para alguns doutrinadores,
configura-se quase um dirigismo contratual. 
Segundo Silvio Rodrigues, a “ideia de ordem pública é constituída por aquele
conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe à sociedade preservar.
Por conseguinte, os princípios de ordem pública não podem ser alterados por
convenção entre os particulares. Jus publicum privatorum pactis derrogare non
potest”. 
O novo Código Civil brasileiro, por sua vez, proclama, no parágrafo único do
art. 2.035: “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem
pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função
social da propriedade e dos contratos”.
3 – consensualismo: contrapondo-se ao formalismo, leciona tal princípio que basta o consenso/acordo de vontades (solo
consensu) para o contrato seja considerado perfeito. O pagamento e a entrega da coisa encontram-se em outra fase, qual
seja a do cumprimento das obrigações decorrentes do contrato. Funda-se no “princípio ético do respeito à palavra dada e
na confiança recíproca que as leva a contratar”. 
4 – relatividade dos efeitos do contrato: determina que os efeitos do contrato só se realizam em relação aos pactuantes e
só afetam seu patrimônio, vez que, no modelo clássico de contrato, este visa à satisfação das necessidades individuais.
Tal princípio foi relativizado, ou teve sua força mitigada, no novo código civil pelo princípio da supremacia da ordem
pública e da função social do contrato, que impõe a revisão dos contratos individuais, face a direitos coletivos e
individuais que sejam afetados, permitindo a tutela externa do crédito.
5 – obrigatoriedade dos contratos: também denominado de princípio da intangibilidade dos contratos, ou da força
vinculante dos contratos, em respeito ao princípio da autonomia da vontade, impõe que as partes não podem se
forrarem ao cumprimento de cláusulas contratuais estipuladas por si mesmos, não cabendo ao juiz se preocupar com a
severidade de tais cláusulas e nem às partes invocarem equidade. “Significa, em essência, a irreversibilidade da
palavra empenhada”. Tem por fundamento a necessidade de segurança nos negócios e a intangibilidade ou
imutabilidade dos contratos, fazendo lei entre as partes (pacta sunt servanda). O seu inadimplemento confere à parte
lesada o direito de fazer uso dos instrumentos judiciários para obrigar a outra a cumpri-lo, ou a indenizar pelas perdas e
danos, sob pena de execução patrimonial (CC, art. 389). 
6 – revisão dos contratos ou onerosidade excessiva: tal princípio faz com que se considere, implicitamente, a existência
de uma cláusula rebus sic stantibus, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, que determina
a obrigatoriedade do contrato somente quando permanecer inalterada a situação de fato à época da formação do vínculo
obrigacional, permitindo às partes recorrerem ao judiciário a fim de que seja restabelecida a equidade contratual,
isentando total ou parcialmente a parte lesada em face do advento de fato extraordinário capaz onerar substancialmente
a prestação de uma das partes. Tal teoria assentou-se entre nós como a teoria da imprevisão, exigindo-se, assim, que o
fato não fosse somente extraordinário, mas também imprevisível. 
Cumpre observar, portanto, que a aplicação do princípio da revisão contratual
pressupõe a observância anterior do princípio da obrigatoriedade dos
contratos (pacta sunt servanda) e a existência de uma cláusula implícita (rebus
sic stantibus), que exige a inalterabilidade das condições em que se estabelecer
as cláusulas a que se obrigarem as partes. 
Em tempo, atente-se para o fato de que a resolução do contrato, nos termos dos artigos 317, 479, 480, do CC/02, será
sempre a opção derradeira, devendo-se efetivar sempre que não houver possibilidade de se conservar o contrato. 
7 – boa-fé e probidade: impõe a boa-fé objetiva que as partes se portem, desde as tratativas, passando pela formação e
chegando à execução do contrato, com honestidade e lealdade, segundo os moldes do homem comum, os usos e
costumes no local e na época da formação do vínculo. O juiz, ao examinar a lide, dará por pressuposta a boa-fé,
devendo a má-fé ser provada. 
A boa-fé pode ser forma de conduta (subjetiva) ou norma de comportamento
(objetiva). Em seu aspecto subjetivo, entende-se como o estado psicológico de
convicção ou de livre convencimento do indivíduo quanto a um direito. Já no
aspecto objetivo, impõe, como norma geral a ser observada, uma conduta leal
e honesta pela parte contratante.
A despeito da omissão do art. 422, o princípio de boa-fé deverá ser observado, também, nas tratativas
preliminares (fase de puntuação), e nas obrigações decorrentes do contrato, ainda que já executado. Na fase de
puntuação, como dever de esclarecimento quanto ao objeto mediato, pela simples aproximação contratual. A violação a
esse dever dito “secundário” pode ensejar indenização, por gerar na outra parte uma expectativa de realização do
contrato, para o qual se preparou e até efetuou gastos.
Assim sendo, ainda que não haja inadimplemento absoluto ou mora, pode ser caracterizado o inadimplemento
pelo que a doutrina chamou de violação positiva do contrato, por inobservância de um dever secundário/anexo, como
os de esclarecimento, proteção, conservação, lealdade e cooperação.
Interpretação dos contratos.
O tema assume importância quando, para a execução de um contrato, exige-se a correta compreensão da
vontade das partes. Ou seja, faz-se necessário precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração de vontade.
Sendo assim, a hermenêutica das cláusulas contratuais e as normas de interpretação aplicáveis serão, em um
primeiro momento, aplicadas pelas partes contratantes. Somente quando não houver entendimento quanto ao real
alcance das do pactuado é que caberá a interpretação pelo poder judiciário.
A interpretação poderá ser declaratória ou construtiva/integrativa. Declaratória quando tiver por finalidade
apenas descobrir a real intenção das partes. Construtiva quando objetivar suprir lacunas e pontos omissos. O judiciário o
fará com recurso à lei, à analogia, aos costumes do local e à equidade, como norma jurídica individual que é o contrato.

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