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AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica CLÍNICA PSICANALÍTICA Aula 02: Breve história da clínica psicanalítica AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica HISTERIA NA PSICANÁLISE 1 AS INFLUÊNCIAS DE CHARCOT 2 PRÓXIMOS PASSOS Histeria como paradigma AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica A histeria Freud — 1856-1939 (Sigmund Freud) • O caso que trouxe a possibilidade da cura pela fala com Freud foi o da Sra. Emmy von N . (Fanny Moser - 1889 ) que tinha fobia de animais . • O tratamento durou 6 semanas . • A Sra. Emmy pediu que Freud parasse de fazer perguntas e a deixasse falar. (QUINODOZ, 2007) AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica Freud — 1856-1939 Em 1892, Miss Lucy R. não estava respondendo à hipnose e Freud passou a aplicar o método da associação livre para o seu problema de não sentir odores e suas alucinações olfativas. Freud identifica as causas dos sintomas histéricos pelo desejo reprimido da consciência de estar apaixonada por seu patrão. Katharina, em 1893, tinha problemas de sufocação acompanhados da visão de um rosto assustador e foi consultada por Freud. Foi o caso em que Freud mostrou o papel dos traumatismos sexuais na origem dos sintomas histéricos quando elucidou que Katharina presenciara uma relação sexual de seu tio com sua prima 2, anos antes do aparecimento dos sintomas, tio esse que já havia tentado seduzi-la. (QUINODOZ, 2007) A histeria AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica Freud — 1856-1939 Srta. Elisabeth von R. (Ilona Weiss) foi a primeira paciente para quem Freud fez a análise completa de um caso de histeria. Freud tratou dela do outono de 1892 ao mês julho de 1893. Ela sofria de dores violentas nas pernas e distúrbios da marcha que apareceram pela primeira vez quando ela tratava do pai doente. O pai e, em seguida a irmã, morreram. Freud dividiu seu tratamento em três fases: 1ª fase – impossibilidade de estabelecer uma relação entre os seus sintomas e a causa desencadeante não aceitando a hipnose. A histeria AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica Freud — 1856-1939 • 2ª fase – recorreu ao procedimento de pressão na cabeça pedindo que lhe falasse o que viesse à mente. Sua lembrança foi a de uma rapaz por quem ela estava enamorada e teve que abrir mão dele para tratar do pai. Com esta lembrança, a própria paciente descobriu o motivo da primeira conversão (o pai apoiava a perna na sua coxa onde a conversão começou). Nesse momento, Freud ganhou confiança em seu método e se deu conta da resistência. • 3ª fase – os sintomas retornaram e Freud manteve o trabalho até descobrir que a morte da irmã trouxe o pensamento de que seu cunhado estaria livre para ela. Sua consciência moral não permitia que ela amasse seu cunhado e então ela reprimiu esse desejo. Após essa descoberta ela ficou curada. (QUINODOZ, 2007) A histeria AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica Freud — 1856-1939 Construção dos Conceitos Pelo estudo da histeria, Freud começa a perceber alguns de seus primeiros conceitos: • Transferência – ele já apontava que Breuer não havia percebido que a gravidez psicológica de Anna O. era um processo de transferência feito por ela, do pai para o médico. • Resistência – com a dificuldade da Srta. Elisabeth von R. de se recordar ou falar de lembranças que viessem em sua mente, Freud percebe a existência de um mecanismo com um tipo de censura inibindo os pensamentos no tratamento. • Sedução infantil – no curto período de 1895 a 1897 Freud acreditava que suas pacientes realmente haviam sida abusadas na primeira infância, mas seus estudos posteriores o fazem perceber que isso, na verdade, só acontecia em fantasia. A histeria AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica Freud — 1856-1939 • Complexo de Édipo – com as histéricas e posteriormente com a sua autoanálise, Freud se dá conta que deseja a mãe e sente inveja do pai. A esse funcionamento inicialmente reprimido, ele irá chamar de Complexo de Édipo. Entre 1894-1899 • Freud continua a desenvolver seus estudos sobre histeria, fobia e obsessões nos seguintes textos: 1894 — As neuropsicoses de defesa 1895 — Sobre os fundamentos para destacar da neurastenia uma síndrome específica denominada ‘neurose de angústia 1986 — Observações adicionais sobre as neuropsicoses de defesa A histeria AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica Freud entre 1894 e 1899 • No segundo texto, ele delimita a neurose de angústia, hoje conhecida como síndrome do pânico. • Em A sexualidade na etiologia das neuroses (1898), vai falar da importância da sexualidade no adoecimento. • E, em Lembranças encobridoras (1899), fala da substituição de lembranças reprimidas por outras que ocupam o lugar dessas mantendo seu poder patogênico no inconsciente. (QUINODOZ, 2007) A histeria AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica A histeria veio a contribuir largamente para o surgimento da Psicanálise, pois é na clínica da histeria que Freud começa a entrar em contato com as carências apresentadas pelas teorias e pelos métodos de estudo da mente. É a partir dessa clínica que ele começa a construir seu próprio método de análise. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica • Freud ingressou na faculdade de Medicina em 1873, quando tinha 17 anos. • Desde o primeiro semestre, já se interessou por Fisiologia. Neste mesmo semestre, teve o seu primeiro contato com Brucke (psiquiatra e psicólogo alemão). Autor que desenvolveu a estrutura fisiológica específica na qual, mais tarde, tentou modelar suas descobertas psicológicas. • Essa carreira foi perpassada por dois grandes pontos: uma aversão pelo exercício da Medicina e seu gosto pelo trabalho no laboratório. • Devido a sua má condição financeira, porém, um ano e meio após se formar, Freud desligou-se de suas funções no laboratório de Brucke e foi ganhar a vida como médico. O PERCURSO DE FREUD AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica • Ingressou no Hospital Geral de Viena, tendo trabalhado em diversos setores desta instituição, inclusive sob a orientação de Meynert (renomado professor de psiquiatria de Viena). Freud trabalhou com Meynert na clínica psiquiátrica por 5 meses. • Submeteu-se, então, a uma bolsa de pós-graduação em Paris, com Charcot, o principal nome no que dizia respeito às doenças nervosas. Este médico era consultor nacional e internacional nesta área, sendo também o chefe do setor de patologia da Salpêtrière. O PERCURSO DE FREUD AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica O PERCURSO DE FREUD • Freud permaneceu de outubro de 1885 a fevereiro de 1886 como aluno na Salpêtrière, estudando com Charcot. • O que mais impressionou Freud, em Paris, foram as investigações de Charcot a respeito da histeria (FREUD, 1925). Este último provara a autenticidade das manifestações histéricas; a obediência da histeria a leis específicas e definidas; a ocorrência desta doença também em homens e que era possível produzir-se paralisias e contraturas histéricas através da hipnose. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica O PROBLEMA DA HISTERIA • A noção de histeria é muito antiga, remonta à Antiguidade. Sua delimitaçãoacompanhou as mudanças da história da Medicina. • Até a Idade Média, a histeria era considerada possessão, “coisa do diabo” e era tratada pelo padre ou pelo curandeiro. Com o avanço da Medicina, coloca-se a questão se a histeria seria ou não uma doença. Isto porque se observou que ela poderia apresentar os sintomas de várias doenças já conhecidas. Parecia, assim, que a histeria estava acima das demais afecções. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica A partir do séc. XVIII, a histeria passa a ser considerada uma doença. O PROBLEMA DA HISTERIA • A história da histeria foi sempre percorrida por uma dupla corrente: uma baseada na observação de fatos, na compilação de dados objetivos (corrente médica); a outra seria aberta à imaginação, ao sonho, ao subjetivo. • No século XIX, a histeria e a epilepsia eram consideradas “irmãs”. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica O PROBLEMA DA HISTERIA • Charcot na Salpêtrière: quando este médico assumiu seu cargo neste hospital, o que lá encontrou foi uma ala inteira onde pacientes histéricos e epilépticos conviviam lado a lado. • No final deste mesmo século, Charcot e seus alunos ampliam a pesquisa sobre a histeria, utilizando-se do enorme material clínico encontrado na Salpêtrière, colocando essa doença em um lugar de destaque na Medicina, e tendo a incluído numa nova categoria: as psiconeuroses. • Charcot submete a histeria ao método anátomo-clínico, dando a ela a dignidade de doença, apontando seus sintomas, permitindo um diagnóstico específico e diferencial. • Preocupou-se tanto com a etiologia – causa – da doença, quanto com os seus mecanismos. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica CHARCOT E A HIPNOSE Importante contribuição de Charcot, fundamental para o estudo e tratamento da histeria e que teve uma importante influência sobre Freud; foi a introdução da hipnose como forma de investigação e tratamento desta doença. A hipnose era tida como não científica. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica CHARCOT E A HIPNOSE • Charcot demonstrava, nas suas exposições de casos clínicos, que, com o uso da hipnose, poderíamos trazer à tona os sintomas histéricos. • Ele teorizou a origem psicogênica* da histeria, já que os sintomas poderiam ser tratados apenas por ideias. • Charcot foi o primeiro a demonstrar que a explicação da histeria está na Psicologia. * Relacionada às doenças causadas por transtornos psíquicos AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica INFLUÊNCIAS DE CHARCOT SOBRE FREUD • Charcot fez surgir em Freud o interesse pela Psicopatologia (o que muda seu caminho da Neuroanatomia para esta nova área); • Demonstrou ser a histeria uma doença que tem uma causa psíquica e que pode ser tratada apenas por ideias; • A histeria se comporta como se a anatomia não existisse, o que demonstra claramente o caráter psíquico da sua etiologia. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica No final de 1887, ele voltou-se para a sugestão hipnótica. Freud achava que nem sempre era capaz de induzir seus pacientes à hipnose por completo ou de modo suficiente para que o tratamento desse os resultados almejados. As primeiras tentativas de investigação e tratamento de Freud com seus pacientes (ao retornar de Paris) foram com a utilização de eletroterapia, banhos e massagens. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica BERNHEIM E A HIPNOSE Com o objetivo de se aperfeiçoar nesta técnica, Freud foi estudar com Bernheim, em Nancy, no verão de 1889. Bernheim era tido como um grande hipnotizador e elaborou uma teoria do hipnotismo a partir de um fundamento psicológico mais abrangente, fazendo da sugestão o ponto central de sua teoria. A hipnose era simplesmente uma produção da sugestão e todas as manifestações hipnóticas seriam fenômenos psíquicos, efeitos da sugestão. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica BERNHEIM E A HIPNOSE • Sugestão, para Bernheim, era o ato pelo qual uma ideia é introduzida no cérebro e por ele aceita, seja esta de terceiros ou do próprio sujeito. • Segundo Freud, o problema da sugestão foi transportado para a esfera da Psicologia e passou a ser o núcleo do hipnotismo e a chave para a sua compreensão AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica CHARCOT X BERNHEIM • Para Charcot, a hipnose baseava-se em modificações fisiológicas, em deslocamentos da excitabilidade no sistema nervoso, que ocorriam sem a participação das partes conscientes do SN. • Bernheim acreditava que todas as manifestações hipnóticas eram fenômenos psíquicos, efeitos da sugestão. AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica Sendo a hipnose uma mera ferramenta para sugestionar o paciente, Freud percebe que esse instrumento poderia ser trocado por qualquer outro, o que vai levá-lo, mais tarde, a abandonar a hipnose em favor da técnica da mão na testa, método que podemos considerar como uma ponte para a técnica da livre associação. Voltando à Viena, depois de seus estudos com Bernheim, Freud continua utilizando-se da hipnose; agora, no entanto, priorizando os efeitos de sugestão. Isto é muito importante AULA 02: BREVE HISTÓRIA DA CLÍNICA PSICANALÍTICA Clínica Psicanalítica AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO. VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? Breuer, Anna O. e o Método Catártico
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