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CLÁUSULAS ABUSIVAS
CONCEITO:
Cláusulas abusivas são aquelas que colocam o consumidor em desvantagem nos contratos de consumo. O consumidor que se deparar com uma cláusula abusiva poderá recorrer à Justiça para pleitear sua nulidade, e, consequentemente, livrar-se da obrigação nela prevista. São abusivas não só as cláusulas contratuais a que se refere o Código do Consumidor, como também aquelas previstas nas Portarias do Ministério da Justiça.
 
Regra geral: estabelece obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloque o consumidor em desvantagem exagerada, ou que seja incompatível com a boa-fé ou a equidade. Diz-se que uma vantagem é exagerada quando:
 (I) ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; 
(II) restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato de modo a ameaçar seu objeto ou o equilíbrio contratual;
(III) mostra-se excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e o conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
Art. 51 do CDC
São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.
§ 2º A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
§ 3º (Vetado).
§ 4º É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
Exemplos de cláusulas abusivas
1. Supermercados e padarias que dão balas e chicletes de troco na falta de moedas - prática abusiva, por representar uma vantagem exagerada para o fornecedor e gerar o seu enriquecimento ilícito. Se balas e chicletes passarem a ser aceitos como "moeda", o consumidor também terá o direito de i-las juntando e, um dia, pagar sua compra com as guloseimas que guardou.
3. Hotéis, pousadas e resorts que, nos feriadões festivos (Natal, Réveillon, Carnaval, Semana Santa etc.) só oferecem "pacotes" de hospedagem - prática abusiva, pois frustra a liberdade de escolha do consumidor e configura o ilícito da consumação mínima obrigatória, o fornecedor é obrigado a atender o consumidor na exata medida da sua "disponibilidade de estoque", proibidas quaisquer discriminações.
4. Companhias aéreas que cobram multas exorbitantes para cancelar uma passagem adquirida pela internet, dentro do prazo (de reflexão) de sete dias - cláusula abusiva, já que frustra o direito de arrependimento e de reembolso integral do consumidor que faz compras "fora do estabelecimento comercial". Afinal, qual é o prejuízo que a empresa sofre se a venda é realizada automaticamente (sem interferência do ser humano) e o consumidor, ao cancelar, libera o lugar no voo em tempo hábil de ele ser vendido para outra pessoa? Trata-se, de outro caso de vantagem exagerada para o fornecedor, que ocasiona o seu enriquecimento ilícito.
5. Restaurantes japoneses que avisam e cobram, no sistema de rodízio, multa pelo sushi que o cliente deixa no prato - cláusula abusiva, visto que pequenas sobras (e não o desperdício exagerado) fazem parte da natureza do próprio rodízio, caracterizando o ilícito da vantagem exagerada para o fornecedor. Afinal, alguém é cobrado por um pedaço de picanha deixado no prato numa churrascaria a rodízio?
6. Estacionamentos privados que avisam por meio de placas e impressos(o que equivale a uma cláusula contratual) que não são responsáveis pelos danos causados aos veículos ou pelos pertences neles deixados, mesmo que o estacionamento seja "gratuito" - cláusula abusiva, visto que exonera a responsabilidade legal do fornecedor de garantir a segurança do serviço que presta, pelo qual ele cobra direta ou indiretamente, no último caso embutindo o custo do estacionamento em outros produtos ou serviços que vende.
7. Fabricantes de softwares que vendem programas de computador sabendo que eles possuem defeitos de fábrica (os chamados de bugs), deixando para o consumidor o ônus de descobri-los e saná-los - prática abusiva, pois ofende o princípio jurídico da qualidade-adequação dos produtos e serviços ofertados no mercado, ainda colocando o consumidor em desvantagem exagerada.
13. Seguradoras que, nos contratos de seguro de vida, excluem a cobertura de evento decorrente de doença preexistente, exceto nas hipóteses em que a seguradora comprove que o consumidor tinha conhecimento da referida doença à época da contratação - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada.
14. Seguradoras que, nos contratos de seguro de automóvel estipulem o ressarcimento pelo valor de mercado, se este for menor que o previsto no contrato - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada.
15. Empresas prestadoras de serviços públicos essenciais (como água, energia elétrica e telefonia) que, com respaldo em dispositivo contratual, incluem na conta, sem autorização expressa do consumidor, a cobrança de outros serviços - cláusula abusiva visto que autoriza o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração. Segundo a SDE/MJ, não são abusivos os casos em que a prestadora do serviço essencial informe e disponibilize gratuitamente ao consumidor a opção de bloqueio prévio da cobrança ou utilização dos serviços de valor adicionado.
16. Empresas prestadoras de serviços públicos essenciais (como água, energia elétrica e telefonia) que, com base em contrato, impõem ao consumidor, em caso de impontualidade no pagamento, a interrupção do serviço, sem aviso prévio - cláusula abusiva por desrespeitar os princípios da continuidade dos serviços essenciais e dadignidade da pessoa humana, além de violar o equilíbrio das relações de consumo, assim colocando o consumidor em situação de desvantagem exagerada.
17. Administradoras que estabelecem, contratualmente, prazos de carência para o cancelamento do contrato de cartão de crédito - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada, bem como por autorizar o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor.
18. Empresas que, no contrato de compra e venda de imóveis, estabelecem a incidência de juros antes da entrega das chaves - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada.
19. Instituições financeiras que prevêem, em contrato, a cobrança de juros capitalizados mensalmente - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada, desrespeitando o equilíbrio contratual.
20. Instituições bancárias que, embasadas em dispositivo contratual, retiram da conta do consumidor ou cobram dele restituição dos valores usados por terceiros que, de forma ilícita, estejam de posse de seus cartões bancários ou cheques, após comunicação de roubo, furto ou desaparecimento suspeito, ou requisição de bloqueio ou de encerramento da conta - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada, infringindo a boa-fé e o equilíbrio contratuais.
12. Escolas e faculdades particulares que exigem do consumidor, no contrato, o pagamento antecipado de períodos superiores a 30 dias referentes à prestação de serviços educacionais ou similares - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada.
22. Escolas e faculdades particulares que estabelecem, nos contratos de prestação de serviços educacionais e similares, multa moratória (por atraso) acima de 2% do valor da prestação - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada.
23. Escolas e faculdades particulares que, diante da desistência do consumidor em manter o contrato de prestação de serviços educacionais, não devolvem os valores pagos a título de pagamento antecipado de mensalidades - cláusula abusiva por assegurar ao fornecedor vantagem exagerada, além de estar em desacordo com o sistema de proteção do consumidor, que proíbe as "cláusulas de decaimento" (aquelas que estabelecem a perda total ou limitam a devolução das prestações pagas).
24. Empresas que, com amparo no contrato, impõem a perda total ou desproporcional das prestações já pagas pelo consumidor, em razão do inadimplemento ou da desistência contratual do consumidor - cláusula abusiva por assegurar ao fornecedor vantagem exagerada, além de estar em desacordo com o sistema de proteção do consumidor, que proíbe as "cláusulas de decaimento" (aquelas que estabelecem a perda total ou limitam a devolução das prestações pagas).
25. Empresas que, diante do inadimplemento(falta de pagamento) do consumidor, alegam cláusula contratual para não fornecer informações de interesse do consumidor, tais como histórico escolar, registros médicos e outras do gênero - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada e estar em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor, que estabelece a informação como direito básico do consumidor.
26. Fornecedores que, na cobrança de dívidas, se utilizam de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer - prática abusiva por valer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, além de configurar crime contra as relações de consumo, punível com prisão.
27. Profissionais e empresas que executam serviços sem entregar ao consumidor um orçamento prévio discriminado, expressamente autorizado por ele - prática abusiva por desrespeitar o direito básico do consumidor à informação e colocá-lo em situação de desvantagem exagerada.
28. Fabricantes e importadores que não garantem a oferta de componentes e peças de reposição enquanto durar a fabricação ou a importação do produto e, uma vez cessada, por um período razoável de tempo - prática abusiva por desrespeitar a boa-fé e o equilíbrio da relação de consumo.
29. Empresas que enviam ou entregam ao consumidor sem solicitação prévia, qualquer produto, ou lhe fornecem qualquer serviço - prática abusiva por desrespeitar a liberdade de escolha do consumidor e a boa-fé exigida nas relações de consumo, além de colocá-lo em situação de desvantagem exagerada. Note-se que os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese acima, equiparam-se a "amostras grátis", não existindo nenhuma obrigação de pagamento por parte do consumidor.
30. Empresas que organizam e arquivam informações sobre o consumidor, especialmente as negativas, dificultando ou impedindo o conhecimento, o acesso e a eventual retificação desses dados por parte do consumidor - prática abusiva por desrespeitar o direito básico do consumidor à informação, bem como infringir a boa-fé e a transparência exigidas nas relações de consumo, além de poder configurar crime contra as relações de consumo, punível com prisão.
31. Empresas que, com suposto amparo contratual enviam o nome do consumidor a cadastros de consumidores (como SPC, Serasa etc.) enquanto exista discussão judicial relativa à relação de consumo - cláusula abusiva por infringir a boa-fé contratual e impor ao consumidor onerosidade excessiva.
32. Empresas que, com suposto respaldo contratual, enviam o nome do consumidor a bancos de dados e cadastros de consumidores, sem notificá-lo previamente de forma comprovada - cláusula abusiva por desrespeitar o direito básico do consumidor à informação, além de infringir a boa-fé contratual e impor ao consumidor onerosidade excessiva.
33. Serviços de Atendimento ao Consumidor por telefone (SACs) que, no âmbito dos serviços regulados pelo Poder Público Federal, recusam ou dificultam, quando solicitados pelo consumidor ou por órgão competente, a entrega da gravação das chamadas efetuadas para o SAC, no prazo de dez dias, seja por meio eletrônico, seja por correspondência, seja pessoalmente, a critério do solicitante - prática abusiva por colocar, no mercado de consumo, serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, o que gera a presunção relativa de veracidade dos fatos que, por meio da gravação, o consumidor pretendia provar.
Exemplo relacionado ao tema do trabalho:
Os contratos de plano de saúde e seguro saúde, além de estarem de acordo como o Código de Defesa do Consumidor, conforme determina a Súmula 469 do STJ, também devem obedecer ao estabelecido na Lei nº. 9.656/98 e nas normas regulamentadoras da ANS.
O art. 51 do Código de Defesa do Consumidor é claro sobre a nulidade de pleno direito das cláusulas contratuais consideradas abusivas. E a jurisprudência tem entendido que a negativa de cobertura baseada em cláusula nula gera direito à indenização por danos morais ao consumidor que tem frustrada uma legítima expectativa. Podendo o consumidor se socorrer do Poder Judiciário a qualquer tempo visando a declaração de nulidade de cláusulas contratuais abusivas.
Fizemos aqui uma relação das principais cláusulas contratuais dos planos de saúde e seguro saúde, tidas como abusivas pela jurisprudência:
Caso concreto principal:
EDITE DA PAIXAO SODRE, precisou realizar de urgência um procedimento cirúrgico de Angioplastia coronária. Após realização do procedimento recebeu a noticia que teria que pagar pelo material utilizado pois o seu plano de saúde não tinha cobertura contratual para tal procedimento.
Outros casos concretos:
 Planos de saúde que limitam o tempo de internação hospitalar contrariando prescrição médica - prática abusiva por exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, reconhecida pela Portaria nº 7 de 2003 da SDE/MJ, além de cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada, reconhecida pela Súmula 302, do STJ.
Planos de saúde ou empresasde seguro-saúde que impõem, nos contratos "não regulamentados" (aqueles assinados antes da Lei 9.656 de 1998), limites ou restrições a procedimentos médicos (como consultas, exames médicos e laboratoriais, internações hospitalares, UTIs e similares), contrariando prescrição médica - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada.
Planos de saúde ou empresas de seguro-saúde que, nos contratos assinados antes da Lei 9.656 de 1998, aumentam o valor das prestações em razão da mudança de faixa etária do consumidor, sem que haja previsão expressa e definida - cláusula abusiva por permitir ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral.
Planos de saúde ou empresas de seguro-saúde que estabelecem, em contrato, a não-cobertura de doenças de notificação obrigatória pelo consumidor - cláusula abusiva por colocar o consumidor em desvantagem exagerada.
Jurisprudência:
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - IMPLANTAÇÃO DE STENT - CLÁSULA CONTRATUAL QUE EXCLUI COBERTURA DA ÓRTESE LIGADA AO ATO CIRÚRGICO - NULIDADE. A jurisprudência deste Tribunal de Justiça já se consolidou no sentido de ser nula, por abusiva, a cláusula que exclui de cobertura a órtese que integre, necessariamente, cirurgia ou procedimento coberto por plano ou seguro de saúde, tais como stent e marca-passo.Incidência da Súmula 112 do TJ/RJ. Recurso conhecido e improvido.
(TJ-RJ - APL: 00091866920058190001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 41 VARA CIVEL, Relator: RICARDO COUTO DE CASTRO, Data de Julgamento: 19/12/2006, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 02/02/2007)
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
3 Câmara Cível
Apelação nº 36371/2006
41 Vara Cível da Comarca da Capital
Apelante: GRUPO HOSPITALAR DO RIO DE JANEIRO LTDA
Apelado: MARIA HELENA SILVA
Relator: JDS. Des. RICARDO COUTO DE CASTRO
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER – IMPLANTAÇÃO DE STENT – CLÁSULA CONTRATUAL QUE EXCLUI COBERTURA DA ÓRTESE LIGADA AO ATO CIRÚRGICO – NULIDADE.
A jurisprudência deste Tribunal de Justiça já se consolidou no sentido de ser nula, por abusiva, a cláusula que exclui de cobertura a órtese que integre, necessariamente, cirurgia ou procedimento coberto por plano ou seguro de saúde, tais como stent e marca-passo”.
Incidência da Súmula 112 do TJ/RJ.
Recurso conhecido e improvido.
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº 36371/2006, em que é apelante GRUPO HOSPITALAR DO RIO DE JANEIRO LTDA, e apelado MARIA HELENA SILVA.
ACORDAM os Desembargadores que integram a 3 Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento ao recurso, pelas razões que se seguem.
2
O recurso interposto é tempestivo, e guarda os demais requisitos de admissibilidade, de forma a trazer o seu conhecimento.
Passado este ponto, entra-se na sua análise.
Objetiva o apelante a reforma da sentença, para tornar insubsistente os efeitos da antecipação de tutela deferida, bem como seja o pedido julgado improcedente e a apelada condenada a ressarcir o apelante pelas despesas efetuadas em razão da ordem judicial.
A cláusula que exclui de cobertura a órtese que integre, necessariamente, cirurgia ou procedimento coberto por plano ou seguro de saúde, tais como stent ou marca-passo, é nula, porque abusiva.
Essa questão já se encontra sedimentada nos Tribunais Superiores e no TJ/RJ por meio da Súmula de nº 112.
As cláusulas de exclusão de coberturas, por limitarem as obrigações assumidas pelas operadoras de planos de saúde, e às quais os consumidores aderem por força da própria natureza (de adesão) do contrato, sem possibilidade de a elas se opor, devem ser interpretadas à luz dos princípios da bo -fé e da equidade, e na forma do que dispõe o artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor.
A mencionada cláusula restritiva, que embasa a negativa do pedido da apelada, é abusiva na medida em que veda a prestação de serviço que é inerente à própria natureza do contrato, serviço esse que é necessário à preservação da vida do paciente que, após a cirurgia necessita da colocação do stent.
Há que destacar-se, que se insere na prestação de serviços de saúde, ainda que sem expressa previsão legal ou contratual, o atendimento às necessidades do tratamento médico coberto. Tal atendimento decorre dos comandos constitucionais e infraconstitucionais garantidores da saúde e do consumidor.
3
Logo não merece reparos a sentença guerreada.
Pelo exposto, vota-se no sentido de conhecer-se e negar-se provimento ao recurso.
Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2006.
DES. LUIZ FERNANDO DE CARVALHO
PRESIDENTERICARDO COUTO DE CASTRO
JDS DESEMBARGADOR
RELATOR

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