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Metodologia Lydia Godoy Milano do Trabalho Científico GOVERNO FE DERAL Presidência d a República F ederativa do Brasil Dilma Vana R oussef Ministério da Educação Renato Janin e Ribeiro COORDENAÇÃ O DE APERFE IÇOAMENTO D E PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR – C APES Presidente da CAPES Jorge Almeid a Guimarães Diretor de Ed ucação a Dist ância Jean Marcs G eorges Mutzig GOVERNO EST ADUAL Governo do E stado de Goiá s Marconi Ferre ira Perillo Jún ior UNIVERSIDAD E ESTADUAL D E GOIÁS – UEG PARCERIA CO M UNIVERSIDA DE ABERTA DO BRASIL – UAB Reitoria UEG Haroldo Reim er Vice-reitoria Valcemia Gon çalves de Sou sa Novaes Pró-reitoria d e Pesquisa e Pós-Graduaçã o Ivano Alessan dro Devilla Pró-reitoria d e Graduação Maria Olinda Barreto Pró-reitoria d e Extensão, C ultura e Assu ntos Estudant is Marcos Antôn io Cunha Torr es Pró-reitoria d e Planejamen to, Gestão e F inanças José Antônio Moiana Núcleo de Se leção Eliana Macha do Pereira No gueira UNUEAD/Centro de Ensino e Apr endizagem em Rede - CEAR Diretor Valter Gomes Ca mpos Coordenação Ad ministrativa Débora Vieira Fi délis Coordenação Pe dagógica Valéria Soares d e Lima Coordenação Ad junta de Pesqui sa e Pós-graduação Cláudio Roberto Stacheira Coordenação Ad junta de Extens ão, Cultura e Assuntos Estuda ntis Pollyana Pereira dos Reis Fansto ne Coordenação Ad junta de Estági o Gislene Lisboa d e Oliveira Coordenação de Produção Peda gógica Melca Moura Bra sil Coordenação de Tutoria Alda Maria Teod oro Moreira Coordenação de Tecnologia e Si stemas EaD Luana Silva de A raujo Professor(a) Con teudista Lydia Godoy Mil ano Revisão de Text o Dllúbia Santclai r Matias Revisão de Cont eúdo Ricardo Wobeto Diagramação Ana Flávia Batis ta Coelho Tiago Alves Mota Patrícia Michely de Lima Tibúrc io © Copyright – U NUEAD/CEAR 2 015 É proibida a rep rodução, mesm o que parcial, p or qualquer me io, sem autorizaçã o escrita dos au tores e do dete ntor dos direito s autorais. (C) UEG/UnUEAD/CEAR – 2015. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO BR-153 – Quadra Área Km 99, 75.132-903 – Anápolis – GO Coordenadora de Projetos e Publicações Coordenadora Editorial: Elisabete Tomomi Kowata Revisão Técnica: Thalita Gabriele Lacerda Ribeiro Pró-Reitoria de Graduação Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede – CEAR Revisão Linguística Dllubia Santclair Matias A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9.610/98. Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Catalogação na Fonte Comissão Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais (SIBRE), Universidade Estadual de Goiás Esta obra é produto de Fomento ao uso das Tecnologias de Comunicação e Informação no Âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB, financiado com verba proveniente de Fomento ao uso das Tecnologias de Comunicação e Informação nos Cursos de Grafuação/CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do ano de 2010 a 2015. A exatidão das referências, a revisão gramatical e as ideias expressas e/ou defendidas nos textos são de inteira responsabilidades dos autores. Impresso no Brasil Printed in Brazil 2015 Catalogação na Fonte Comissão Técnica do Sistema Integrado de Bibliotecas Regionais (SIBRE), Universidade Estadual de Goiás M637m Milano, Lydia Godoy. Metodologia do trabalho científico / Lydia Godoy Milano. - Anápolis : Universidade Estadual de Goiás, 2015. 59 p. ISBN 978-85-63192-82-0 1. Metodologia científica. 2. Pesquisa científica. 3. Trabalhos científicos. I. Milano, Lydia Godoy. II. Título CDU 001.8 Seja Bem Vindo(a) ao PEAR! O Programa de Ensino e Aprendizagem em Rede– PEAR é resultado do Convênio MEC/UAB/UEG e ao Edital nº 15, de 23 de março de 2010, publicado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, que fomenta o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos cursos de graduação. Em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação – PrG. O PEAR tem como objetivo promover a integração e convergência de disciplinas curriculares dos cursos de graduação presencial dos 41 Câmpus Universitários da Universidade Estadual de Goiás - UEG, à modalidade de Educação a Distância com o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação. Vale lembrar-lhe que o PEAR não promove uma simples substituição de modalidades, mas propicia alternativas para que você amplie suas oportunidades de integralização curricular e acesso às novas tecnologias, que inclusive serão úteis para realização de outros cursos. O nosso desejo é que você juntamente com os processos formativos propostos, construa coletivamente os conhecimentos necessários para a consolidação dos seus estudos e a continuação destes. UNIDADE 1 - Ti p o s d e c on h ec im en t o s 0 9 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO DE CONHECIMENTO 10 1.1 - O QUE É CONHECIMENTO? 10 1.2 - O PROCESSO DE CONHECIMENTO: RELAÇÃO ENTRE SUJEITO E OBJETO - O IDEALISMO E O MATERIALISMO 10 1.3 - AS FONTES DO CONHECIMENTO: EMPIRISMO E/OU RACIONALISMO 11 2. OS VÁRIOS TIPOS DE CONHECIMENTO 12 2.1 CONHECIMENTO DO SENSO COMUM 12 2.2. CONHECIMENTO RELIGIOSO 13 2.3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO 13 2.4. O CONHECIMENTO CIENTÍFICO 15 UNIDADE 2 - Le i t u r a , an á l i s e s e p r od u ç ã o d e t ex t o s c i en t í f i c o s 2 5 1. LEITURA 26 1.1 COMO LER 26 1.2 PASSOS DA LEITURA 27 2. PRODUÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS 29 2.1 RESUMO 29 2.2 - RESENHAS (FILMES, OBRAS, TEXTOS, ARTIGOS ETC) 32 2.3 - FICHAMENTO (FICHAS E FICHÁRIO) 36 3. A PRODUÇÃO DE TEXTOS CIENTÍFICOS 37 3.1. ARTIGO CIENTÍFICO 38 3.2. ENSAIOS 38 3.3. RELATÓRIOS (DE ESTÁGIOS E DE PESQUISA) 39 UNIDADE 3 - Apre s en t a ç ã o d e t r a b a l h o s c i en t í f i c o s , p e s q u i s a c i en t í f i c a 4 7 1. APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS 48 1.1 - SEMINÁRIO 48 1.2 - PAINEL 49 1.3 - FÓRUM 50 1.4 - SIMPÓSIO 50 1.5 - DRAMATIZAÇÃO 51 2. TIPOS DE PESQUISA 51 2.1 - PESQUISA QUANTITATIVA 51 2.2 - PESQUISA QUALITATIVA 52 3. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÕES. 53 3.1 - POSITIVISMO 53 3.2 - MATERIALISMO DIALÉTICO 54 3.3 - FENOMENOLOGIA 56 4. MÉTODOS DE PESQUISA EMPIRÍCA 57 4.1 - ESTUDO DE COMUNIDADE 57 4.2 - ETNOGRAFIA 58 4.3 - ESTUDO DE CASO 58 5. PROJETO DE PESQUISA 58 5.1 - TEMA 59 5.2 - PROBLEMA 59 5.3 - HIPÓTESE 60 5.4 - JUSTIFICATIVA 60 5.5 - OBJETIVOS 60 5.6 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 60 5.7 - METODOLOGIA 60 5.8 - CRONOGRAMA 60 5.9 - BIBLIOGRAFIA 61 Caro estudante! É com imenso prazer que participo com você dos estudos em Metodologia do Trabalho Científico. Espero que todo o conteúdo desta disciplina venha auxiliá-lo em suas tarefas acadêmicas no decorrer do seu curso. Durante o curso de graduação, os professores exigem muitos trabalhosque requerem técnicas de elaboração e, nesse sentido, perguntamos a nós mesmos: como realizar um trabalho de maneira adequada? Assim, coloco a importância desta disciplina para orientar você nas suas atividades acadêmicas, no saber e no saber fazer em qualquer disciplina, tanto nos cursos de graduação quanto nos de pós-graduações. O processo do conhecimento não só se respalda na teoria, mas, sobretudo, numa prática metodológica. Então, muitos questionam: é muita técnica? Sim, é verdade – muita técnica. É um “saber fazer”. Vejamos algumas situações: quando criança; você foi alfabetizada – houve um procedimento da professora alfabetizadora para que isto acontecesse, não foi?! Você se lembra? Neste curso, você tem que dominar a internet e outros meios digitais, não é? Então, posso adiantar-lhe sobre o que fazemos todos os dias: é aprender a fazer! Aprender a escrever; a dirigir um automóvel; a cozinhar; a andar de bicicleta; digitar um texto etc. É saber fazer, de forma correta, qualquer tipo de situação quer seja algo comum na vida cotidiana como nas atividades intelectuais. Outro exemplo, conhecido de qualquer professor de colégio ou universidade são os trabalhos exigidos para aprimoramento ou avaliação de um determinado conteúdo. Geralmente, pedem-se resumos, resenhas ou mesmo a realização de um seminário. Pois bem, a maioria desses trabalhos exige uma prévia escrita e, geralmente, os alunos apresentam-na em uma linguagem confusa, obscura e quase misteriosa. Só com o tempo, algumas escritas vão adquirido qualidade do estilo científico: clareza, concisão e precisão. A compreensão de um texto é questão de esforço e de honestidade intelectual. É claro que temos dificuldades na escrita, sobretudo, porque nos ensinaram somente a copiar palavras e a lê-las durante todo o tempo de formação, sem que obrigatoriamente fizéssemos a compreensão do texto. Para que possamos compreender um texto, há também uma técnica que veremos nessa unidade. Para que possamos dominar um conteúdo, devemos saber ler, depois saber escrever. Não é uma leitura em que nossos olhos percorrem as sílabas ou palavras, mas leitura nas entrelinhas, ou seja, o que está por detrás das palavras. Não é fácil estudar, mas estudar e obter conhecimento e ainda realizar um conhecimento é algo prazeroso e inerente ao homem. Assim, entramos na engrenagem do conhecimento do mundo e, principalmente, de nós mesmo. Como o grande educador Paulo Freire já propalava que o conhecimento do mundo permite o conhecimento de nós neste mundo. Bons estudos! Professora Lygia Godoy Milano U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 1 UNIDADE I A unidade I tem como título “Tipos de conhecimento”. Para melhor apreensão desta unidade, dividimo-la em duas partes: a primeira refere-se ao entendimento básico dos conceitos epistemológicos. Na segunda parte, trataremos especificamente de três tipos de conhecimento: conhecimento religioso, filosófico e o científico. Considero extremamente importante os estudos dos conceitos básicos no processo de conhecimento, sobretudo, considero-o uma porta para o entendimento não só dos aspectos teórico em que estaremos sempre envolvidos, mas em possibilidades de interpretação da realidade em que vivemos em todos os sentidos. U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 2 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO DE CONHECIMENTO 1.1 - O que é conhecimento? Antes de responder o que é conhecimento, vamos acrescentar algumas interrogações que, com certeza, elas fornecerão pistas para responder o conceito de “conhecimento”. Vejamos: quem é o homem? Como ele adquire conhecimento? Qual sua relação com o conhecimento? O homem é um ser parte integrante da natureza e, por natureza, entendemos todo espaço físico, clima, vegetação, todo tipo de animais, solo etc. Assim, o homem para sobreviver, experimenta todo tipo de situação, interagindo de todas as formas com a natureza, ou seja, manipula-a, experimenta-a e modifica-a. No ato de interação ou, propriamente, experimentação com a natureza, adquire conhecimentos que serão repassados de geração a geração conduzindo, portanto, o processo da existência humana. No processo de produção da existência humana, o homem, além de construir objetos, desenvolve ideias, valores, crenças que se transformarão ao longo dos tempos. A percepção da natureza, de si próprio e de seus pares desenvolve-se em diferentes formas como; senso comum, religioso, filosófico, científico, estético etc. Você percebeu que praticamente respondemos aquelas questões do início do texto. Pois bem, vamos caminhando por partes, ainda temos um pequeno caminho a percorrer. Vamos buscar o entendimento da maneira em que o homem interage com a natureza, ou seja, da relação do homem com a natureza num processo de conhecimento. O processo de conhecimento se dá numa relação do sujeito com o objeto. O sujeito então é um ser dotado de consciência e de vontade e está sempre de frente com o mundo material, ou seja, um mundo de objetos. A função do sujeito é apreender o objeto e a função do objeto é ser apreensível e ser apreendido pelo sujeito. No desempenho de conhecer certo objeto, o sujeito se vê diante de duas situações: uma situação de objetividade e uma situação de subjetividade. Na objetividade, é a ação do sujeito de observar o objeto. Na subjetividade, já é o objeto observado, ou seja, aquilo que o sujeito apreendeu do objeto, algo que já está nas suas ideias, em sua consciência. A subjetividade, o que o sujeito sente e pensa, perpassa pela influência da cultura, da religião, da educação e pelas experiências adquiridas. No próximo item, veremos a forma como tudo isso se processa, sobretudo, a forma como se determina o processo de conhecimento. 1.2 - O processo de conhecimento: relação entre sujeito e objeto - O Idealismo e o Materialismo Constatamos até o momento que a apreensão do conhecimento é algo inerente do homem para sua sobrevivência e se processa numa relação a do sujeito com o objeto. Nesse sentido, durante toda história humana, o próprio homem vem indagando como se dá essa relação. Para tanto, volvem as seguintes questões: quem primeiro determina o processo de conhecer: a matéria (objetos) ou a consciência (sujeito) – como o dito popular: quem nasce primeiro? o ovo ou a galinha? É claro que não temos uma resposta pronta; algumas pessoas dirão: é o ovo! E outros dirão: é a galinha! Qualquer que seja a resposta, ela dependerá de cada pessoa - do sujeito. No conhecimento científico, isto fica claro: cada pessoa possui uma forma de interpretação da realidade. O ato de conhecer alguma coisa, desde então, parte dos seguintes pressupostos: qual o fator primeiro que determina o conhecimento – o sujeito o abstrato e complexo, considerando-os como “o problema fundamental da filosofia”, de forma que, tanto um pressuposto quanto o outro, indicam concepções que se têm de homem e de mundo. Cada pressuposto então se divide em dois grandes campos no processo de conhecimento: O Idealismo e o Materialismo. Tanto o Idealismo quanto o Materialismo subdividem-se em várias doutrinas que U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 3 não iremos tratar nesta disciplina, pois fazem parte da disciplina de filosofia. No entanto, buscaremos o conceito básico de cada pressuposto, lembrando que estes conceitos não devem ser confundidos com o sentido popular e moral existentes na vida cotidiana. Para ampliar esse conhecimento, visite o Site: www.mundodosfilosofos.com. br. Neste site você encontrará vários conteúdos sobre processo de conhecimentos. Vejamos tanto o conceito básico no processo de conhecimento, quanto o conceito popular: Quadro – 1 Idealismo e Materialismo Idealismo (conceito popular) Idealismo (processo deconhecimento) Materialismo (conceito popular) Materialismo (processo de conhecimento) Significa uma pessoa que possui um ideal, um objetivo a alcançar. Significa que a ideia ou a consciência existe antes da matéria. Significa uma pessoa que tem interesse em bens materiais, desprezando os bens ideais ou espirituais Significa que a matéria existe independentemente do homem. Significa também que as ideias, a consciência é reflexo do mundo material, ou seja, já existem no mundo material. Rosental, (s/d). Se, no processo de conhecimento, partimos de qualquer um destes pressupostos, poderíamos então levantar a seguinte questão: qual a fonte que possibilita o sujeito ser tanto materialista quanto ser idealista? A resposta encontra-se nos conceitos de – empirismo e/ou racionalismo, que veremos no próximo item. 1.3 - As fontes do conhecimento: Empirismo e/ou Racionalismo Num momento em que o sujeito busca apreender um determinado objeto, ou seja, buscando obter um conhecimento deste objeto, como saber se nesta apreensão ele (o sujeito) apreende de forma fiel e correta as qualidades desse objeto? A forma correta é relativa, dependerá de cada sujeito e de cada forma de apreensão. Vejamos a forma de apreensão empírica, ou o que seja empirismo: consta no Dicionário Filosófico de Rosental (s/d) que “os empiristas consideram que o conhecimento empírico, sensível, é obtido por meio dos órgãos dos sentidos (tato, paladar, visão, audição e olfato) e, os sentidos são suficientes para obter conhecimento”. Para os empiristas, ao nascer, a mente humana está completamente vazia, um papel em branco, uma tábula rasa, que a partir das experiências vividas vai adquirindo conhecimentos. Outra forma de apreensão do conhecimento é o racionalismo, uma doutrina que afirma que a razão humana, o pensamento abstrato é a única fonte do conhecimento. Segundo os racionalistas, um conhecimento é verdadeiro somente quando é logicamente necessário e universalmente válido. Esse conhecimento só será obtido pela razão. U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 4 Como vimos, tanto o empirismo quanto o racionalismo são doutrinas unilaterais. Enquanto o primeiro considera os nossos sentidos (experiência) como base da fonte do conhecimento, o segundo considera a razão (pensamento). Na verdade, os cientistas, os pesquisadores, atualmente, buscam fazer a síntese dos dois, ou seja, a razão está intimamente ligada aos nossos sentidos, de modo que nós apreendemos a realidade concreta e a elaboramos por meio de nossa capacidade de pensar. Em todo momento de nossa vida, estamos adquirindo e repassando conhecimentos, isto é tão comum que nem damos importância a esta situação. No entanto, mesmo que seja conhecer algo comum, em situações corriqueiras da vida, estaremos diante de algo que foi construído, adquirido, conceituado ou que está em processo de transformação. Consintamos agora que nosso papel de sujeito (estudante) diante de um conteúdo ou uma teoria (objeto) a ser estudado. Como você obterá conhecimento deste conteúdo? Muitos irão decorá-lo ou memorizá-lo. Mas quero antecipar que para apreender um determinado conteúdo, sobretudo, os fundamentos e/ou teorias, é necessário a interpretação do texto. O princípio para interpretar um texto científico é captar o sujeito (autor) e de onde ele parte com sua teoria, qual seu objeto, o que ele tem a dizer sobre este objeto, ou seja, sua argumentação a respeito deste objeto. Nesse sentido, no próximo item de título “Tipos de conhecimentos” iremos conhecer as várias formas de conhecimento e entender o ser humano em cada um destes conhecimentos. A vida real ou, a vida concreta é complexa e cheia de contradições. O homem diante da realidade que o cerca, interpreta esta realidade e se revela nesta interpretação. Assim, diante da vida real e dos conhecimentos adquiridos, quer seja do senso comum, do conhecimento religioso, filosófico ou científico, o homem vem construindo sua cultura, seu jeito de ser, sua história. 2. OS VÁRIOS TIPOS DE CONHECIMENTO Até o momento, procuramos entender como se processa o conhecimento. Assim, na aquisição de um determinado conhecimento há uma relação entre o sujeito que busca conhecimento e o objeto a ser conhecido. Todo o conhecimento é construído, elaborado em um certo tempo e espaço, isto é, num determinado tempo-histórico e numa determinada sociedade, de forma que o homem sempre buscou e ainda busca dar respostas aos vários fenômenos da natureza e da vida, sobretudo, sabemos que o homem não consegue viver sem respostas. 2.1 - Conhecimento do Senso Comum No estágio mais antigo, o homem não conhecia as causas reais de alguns fenômenos da natureza. Nesse sentido, para explicar o que não era natural para eles, usavam de agentes sobrenaturais (agentes divinos, místicos, duendes, espíritos, deuses etc.). Mas, qualquer que seja uma sociedade e em qualquer tempo histórico, encontramos um tipo de conhecimento, a que chamamos de senso comum ou conhecimento popular. O senso comum é uma forma de conhecimento apreendido por meio das experiências empíricas e por observações imediatas na vida cotidiana. Esse tipo de conhecimento não busca explicações de suas causas ou explicações científicas. Nem sempre o conhecimento do senso comum é errado, mas as pessoas não sabem explicar o porquê de tal conhecimento. Por exemplo, muitas pessoas sabem que em tempos de chuvas com trovoadas e raios não devemos ter em mãos objetos pontiagudos e/ou nos esconder debaixo de árvores, pois estaremos atraindo para nós uma descarga elétrica – o raio, no entanto, não sabem explicar cientificamente este U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 5 fenômeno. Outro exemplo: tomar chá de camomila para dores de estômago, mas não sabem o principio ativo da planta que possibilita combater dores de estômago. 2.2 - Conhecimento Religioso Podemos chamar o conhecimento religioso de estágio teológico. O estágio teológico compreende três fases: fetichismo; politeísmo e monoteísmo. O Fetichismo é a fase mais primitiva. Nesta fase, os homens atribuem as causas dos fenômenos às forças mágicas imanentes que existiriam dentro dos objetos (coisas, animais ou pessoas). Exemplo: alguns povos adoravam o sol, outros adoravam a vaca e ainda, objetos que poderiam fazer o bem ou o mal. Na fase do Politeísmo o que comandava era a força mágica. Os homens atribuíam as causas dos fenômenos à vontade dos deuses (deus do sol, da chuva, dos trovões etc). Na antiga Grécia denominavam o deus do amor – Eros; a deusa da beleza – Vênus; a deusa da caça - Diana etc. Se o mar estava agitado, era porque o deus Netuno estava zangado. A colheita foi boa porque a deusa Ceres assim o quis. Já na fase do Monoteísmo, os homens atribuíam as causas dos fenômenos a um só deus. Por exemplo: no Cristianismo, Islamismo, Judaísmo, etc. Deus é criador de tudo que existe e responsável por tudo que acontece no mundo. (ANDERY, 2006) Se com o passar dos tempos os conhecimentos vão se transformando, os homens vão adquirindo mais experiências e, consequentemente, mais conhecimentos. Se antes o entendimento do mundo perpassava pelo viés da religiosidade, posteriormente essa forma foi sendo substituída por uma forma mais racionalizada, por concepções mais abstratas. O conhecimento, então, passa a ter predominância na metafísica, ou seja, pelo período dos “por quês”: por que chove? Por que os corpos caem? Por que os homens pensam? A marca deste período histórico é o que chamamos de período filosófico. O período filosófico se caracteriza pela busca de explicações sobre a origem, composição do universo e explicações da existência do homem. Vejamos a seguir como é esse tipo de pensamento - o filosófico. 2.3 - Conhecimento Filosófico.O conteúdo sobre “Conhecimento filosófico” que estudaremos a seguir faz parte de uma síntese da obra clássica de Jean-Pierre Vernant, da editora paulista Difel, referente à 4ª edição em 1984. É importante que você possa ampliar os conhecimentos a seguir lendo esta obra e outras que trazem o mesmo tema. Filosofia (do grego - amor à sabedoria) é o tipo de conhecimento que busca explicações sobre a existência do homem e do mundo, a partir de argumentos racionais, desprezando, em princípio, os procedimentos empíricos. A filosofia estuda as leis mais gerais sobre o mundo, o homem, a sociedade e o pensamento. A filosofia nasceu na antiga Grécia. Naquele tempo não havia ciências particulares e os pensadores da época chamavam-se sofos que significa sábios. A sabedoria para os primeiros sábios gregos compreendia não só o que hoje denominamos ciência, isto é, as explicações das coisas pelas suas causas reais e naturais. Para os gregos, sabedoria seria, propriamente, amor à verdade. A filosofia, então, tinha por finalidade, conhecer o princípio da realidade, a origem, a essência das coisas, o valor e o sentido do universo e da vida. A filosofia também tinha por intento a conduta do homem, sobretudo, em relação aos seus pares e, igualmente, em relação à própria natureza. (ANDERY, 2006; HUHNE, 2002; VERNANT, 1984) U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 6 Podemos então dizer que o conhecimento humano, propriamente, começou com a filosofia. Se a filosofia se ocupou e ainda se ocupa de compreender a realidade, por realidade entendemos um todo, ou seja, o que é real, o que existe: o mundo, o homem, a sociedade, a natureza etc. Como a realidade é um todo inseparável, dificilmente compreenderíamos esse todo. Então, para compreender, separam-se em partes o todo, surgindo, portanto, diferentes disciplinas denominadas de ciências particulares, como: a biologia, a física, a matemática, a antropologia, a sociologia etc. Podemos dizer que cada disciplina ou cada ciência particular possui uma concepção filosófica, isto é, uma forma de apreender um determinado conhecimento, ou seja, como vimos anteriormente num parágrafo o que seja o sujeito e o objeto – você se lembra? Então, vamos recordar: a filosofia se ocupa de alguns princípios básicos na apreensão de um determinado conhecimento, isto é, de duas grandes reflexões: é a consciência ou a matéria que vem primeiro? é a consciencia um reflexo e reprodução do mundo exterior, ou, ao contrário: o mundo exterior é um reflexo e uma reprodução de nossa consciência? As respostas para tais indagações fez que surgissem duas grandes correntes básicas: o materialismo e o idealismo. Pois bem! Por meio das reflexões filosoficas, percebemos agora que a apreensão de um conhecimento dependerá do sujeito, quer ele seja materialista ou idealista. No conhecimento, então filosófico, encontramos também dois aspectos: o teórico e o prático. A filosofia teórica, compreende a ontologia e agnosiologia, que se limitam a buscar o conhecimento do objeto como tal, como ele é (juízos de realidade). A filosofia prática compreende a axiologia que indica como deve ser o ideal nos homens ou, a conduta humana que nada mais é que um juízo de valor. (ROSENTAL, s/d). Vejamos como é cada aspecto: Quadro – 2 Aspectos da filosofia teórica e prática Filosofia Teórica Filosofia Prática ONTOLOGIA AGNOSIOLOGIA AXIOLOGIA • Busca conhecimentos da origem, a essência e a causa primeira do cosmo, da vida e do pensamento; • Busca conhecimento da relação entre o ser e o pensamento. • Busca conhecimento da origem, a essência e a validade do conhecimento. • Estuda a filosofia do homem (antropologia e filosofia); • Estuda a filosofia da fé (teologia); • Busca conhecimento das questões da ética; da estética (do belo); do justo (direito, política). Rosental,( s/d.) Entre os três aspectos do conhecimento filosófico, destacaremos a gnosiologia, entendo-a como base de todo o tipo de conhecimento. Gnosiologia do grego (gnosis = conhecimento) e (logos = ciência) ou teoria do conhecimento. Este tipo de conhecimento se divide tambem em três partes: a própria gnosiologia, a epistemologia e a metodologia. A gnosiologia, propriamente dita, estuda a essência do conhecimento, a possibilidade de conhecer a realidade e a validade do conhecimento. A epistemologia (do grego, episteme = ciência) estuda a validade do conhecimento científico (das ciências particulares). A metodologia estuda os meios e métodos de investigação do pensamento correto e do pensamento verdadeiro. A metodologia divide-se em: lógica formal que estuda os princípios formais do pensamento e a lógica dialética que estuda as condições subjetivas e objetivas do conhecimento da realidade, ou seja, conjugam a teoria e a prática na busca do conhecimento. (ROSENTAL, s/d) U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 7 Vejamos, no quadro, as ciências particulares e seus fundadores. Quadro 3 – Ciências particulares e seus fundadores DISCIPLINA PERÍODO (Sec.) Fundador Matemática III a.C Euclides Astronomia XVI Copérnico Física XVII Galileu Quimica XVIII Lavoisier Biologia XIX C. Bernad e G. Mendel Biologia XIX Lamarck, Darwin Antropologia XIX Wundt, Ferchner, Freud Sociologia XIX Comte, Durkheim, Marx, Engels Andery, (2006). 2.4 - O conhecimento Científico O presente texto é uma pequena interpretação da obra “Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica”, editado pela Garamond, Rio de Janeiro e organizado pela pesquisadora Maria Amália Andery. Você também encontrará os conteudos a seguir na obra “Metodologia científica”, da editora Agir, Rio de Janeiro, organizado pela pesquisadora Leda Miranda Hühne. O conhecimento científico busca estudar as causas e a comprovação de um determinado fenômeno (objeto), abandonando as explicações teológicas, dando ao conhecimento, explicações mais laicas. Isto ocorreu durante o período medieval, onde toda a vida intelectual e todo o conhecimento produzido ficavam sujeitos às determinações da igreja: a teologia, a filosofia e a ciência traziam, umas mais, outras menos explicitamente a marca da religião. Nesse contexto, o conhecimento científico começou a intensificar-se a partir do século XI com um caráter mais prático que explicativo. Se considerarmos, o sujeito do conhecimento e a sua forma de relação com o objeto no processo de aquisição de conhecimento é na Idade Moderna que a ciência dá seus primeiros passos. Surge uma nova visão de mundo e de homem substituindo a visão medieval. O homem agora era fator principal, ou seja, as relações Deus e homem enfatizado pelo teocentrismo medieval foram substituídas pela relação homem e a natureza – o antropocentrismo. O conhecimento científico ou, propriamente, ciência moderna surgiu com o advento do capitalismo, ou seja, com a ascensão da burguesia, com o renascimento do comércio, o crescimento das cidades, as grandes navegações, a reforma, a contra reforma, a divisão do trabalho etc. Todo tipo de acontecimento: social, político e econômico abriu as portas para o conhecimento científico. Galileu Galilei, filho mais velho de Vicenzio Galilei. Nasceu a 15 de Fevereiro de 1564, na cidade de Pisa. O seu pai era um brilhante músico, que adquiriu alguma notabilidade na sociedade italiana. Em 1581, Galileu ingressou no curso de medicina, na Universidade de Pisa. Rapidamente verificou que o seu verdadeiro interesse era a Matemática, e mudou de curso. Galileu apercebeu- se de que a Ciência só poderia progredir se fossem realizadas experiências para provar as teorias. Assim afastar-se-iam do modelo de pensamento de Aristóteles, que apenas utilizava a lógica para chegar a conclusões. Fonte: www.suapesquisa.com/biografias/galileu/. U N ID AD E 1- T ipo s d e con he cim en tos 8 Foi com Galileu Galilei (astrônomo, filósofo e físico) que o método de investigação científica foi formulado, ou seja, o método experimental com observações e demonstrações matemáticas dos dados obtidos. Galileu, com suas experiências, colocou dúvida sobre as concepções existentes do universo – hierarquizado e finito. Para Galileu, os fatos reais e objetivos como a matemática e sua definição são bases fundamentais para a construção do conhecimento e afirmou este pressuposto ao dizer “o grande livro da natureza está escrito em caracteres geométricos”. Quanto ao processo de observação, Galileu utilizava o telescópio como instrumento. René Descartes filho de uma família burguesa abastada, e foi nascido em La Haye, na França, em Março de 1596. É considerado como um dos maiores filósofos de sempre. Com apenas dez anos foi estudar num colégio dirigido por padres jesuítas, o Colège Royal de la Flèche, considerado como um dos melhores estabelecimentos de ensino da época. Com 18 anos, deixa o colégio para se matricular no curso de Direito em Poitiers, completando a sua licenciatura em 1616. Dedica- se, então, à carreira militar, alistando-se no exército protestante holandês de Maurício Nassau, onde conhece o sábio Isaac Beeckman. Passa depois pela Dinamarca e daí para a Alemanha onde se alista nas tropas católicas do duque Maximiliano da Baviera. Fonte: www.ahistoria.com.br/biografia-rene-descartes/. René Descarte, é uma pessoa notável no desenvolvimento do conhecimento científico. Ele acreditava que a razão era fator fundamental no processo de conhecimento. Com a crença na razão, Descartes coloca ênfase na “dúvida” como procedimento metódico em qualquer processo de conhecimento. Se de um lado Descartes colocava “dúvida” em qualquer coisa a ser conhecida, por outro lado, justificava que a única coisa em que não teria dúvida seria o pensamento –“penso, logo existo”. A contribuição de Descartes ao conhecimento científico, portanto, foi à elaboração do “Método cartesiano”, regras metodológicas – a intuição e a dedução. A intuição consiste numa apreensão de evidências indubitáveis extraídas da observação por meio dos sentidos. A dedução consiste no processo conclusivo do conhecimento, ou seja, por meio das relações em que foram feitas a partir de evidências indubitáveis. Nesse sentido, Descartes atribuiu importância aos procedimentos matemáticos, sobretudo, a geometria e a explicação mecânica do mundo e ainda, o rigor no processo de conhecimento. (ANDERY, 2006) Para o desenvolvimento do conhecimento científico, destacamos a contribuição de Isaac Newton. Isaac Newton desenvolveu a teoria da gravitação universal (o movimento de corpos celestes e a queda de um corpo na superfície da terra). Suas descobertas foram bases para diferentes áreas do conhecimento da natureza, como: a matemática, a astronomia e a física. Para fazer ciência, ou obter conhecimento, a base fundamental de Isaac Newton era a matemática e a experimentação. Com tantas descobertas, desde Galileu Galilei, René Descartes, Isaac Newton dentre outros, o conhecimento científico considerado, até então, Ciências da Natureza começou a exercer todo o encanto na mentalidade entre o século XVIII ao Século XIX estendendo-se até os dias atuais. Nesse contexto, não só os aspectos da natureza eram fundamentais, existia o homem e todo o seu envolvimento político, econômico e social a ser desvendado. Assim, nascem as ciências humanas, tendo como objeto o “homem” e como modelo de conhecimento as ciências da natureza e o espírito do positivismo. O que vem a ser espírito do positivismo? Podemos dizer que o positivismo foi à primeira corrente U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 9 teórica racionalista da concepção de sociedade desenvolvida por Auguste Comte. As investigações, nesta concepção, seguiam aos padrões estabelecidos das ciências da natureza como a física, a geometria (matemática) e a biologia. No entanto, a sociologia, como ciência da sociedade, tornou-se, de fato, ciência a partir dos estudos de Emile Durkheim, que definiu com precisão o objeto, o método e a metodologia de investigação, ou seja, elaborou técnicas de pesquisas utilizadas por muitos pesquisadores. O objeto então da sociologia são os “fatos sociais”, que deveriam ser quantificados, observados e comparados sem influência do pesquisador. Assim, nasce um dos critérios da cientificidade, ou seja, a neutralidade no processo de conhecimento científico. (ANDERY, 2006). Karl Heinrch Marx , filósofo e economista alemão, nasceu em Trier ( atual Alemanha Ocidental ) a 5 de maio de 1818 . Estudou na Universidade de Berlim, interessando-se, principalmente, pelas ideias do filósofo Hegel. Formou-se pela Universidade de Viena, em 1841. Em 1842, assumiu o cargo de redator – chefe do jornal alemão Gazeta Renana , editado em Colônia, onde tinha a postura de um liberal radical.Ele queria descobrir a causa dos conflitos de classes provocadas pela revolução Industrial e o meio de os resolver. Algumas influências no desenvolvimento do pensamento de Marx: leitura crítica da filosofia de Hegel ( método dialético ), contato com o pensamento socialista francês e inglês (uma transformação social total). No ano de 1843, transferiu-se para Paris. Lá conheceu Engels, um radical alemão de quem se tornaria amigo íntimo e com quem escreveria vários ensaios e livros. Sua doutrina, a revolução tinha de se realizar não só na França e na Inglaterra, mas em todo mundo civilizado ( universal ). De 1845 a 1848 viveu em Bruxelas, onde participou de organizações clandestinas de operários e exilados. Fonte: www.suapesquisa.com/biografias/marx/ Por fim, temos as contribuições de Karl Marx no processo do conhecimento científico. A partir de seus estudos sobre as sociedades, o capitalismo, a economia, a filosofia, a história, a política entre outros, desenvolveu um dos mais discutidos procedimentos de investigação – o materialismo histórico dialético. O materialismo histórico dialético orienta-se em reflexões sobre o homem e a sociedade, as relações entre o indivíduo e a sociedade, entre as ideias e a base material, entre a realidade e sua compreensão pela ciência. O conhecimento não é um reflexo passivo e simples da realidade, mas um processo dialético e complexo. Por processo dialético, compreende-se que qualquer fenômeno ou objeto de conhecimento é constituído de elementos que encerram movimentos contraditórios. Os elementos e movimentos encaminham necessariamente a uma solução, a um novo fenômeno, propriamente, uma síntese. No entanto, uma síntese não é uma solução definitiva, encerra nela uma nova contradição, um movimento que requer uma nova solução. (ANDERY, 2006). Sabemos, portanto, que o homem procura dispor de toda série de interpretações sobre si e sobre o mundo e não basta só cogitar o que é válido, mas, sobretudo, comprovar a veracidade do conhecimento. Para tanto, desenvolveram técnicas e explicações em vários campos de conhecimento, possibilitando, portanto, o surgimento de várias disciplinas autônomas a partir das normas e regras do conhecimento científico: psicologia, sociologia, antropologia, ciencia politica, economia etc. U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 10 • http://www.clubedeautores.com.br/book/30592-- Metodologia_Cientifica • http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met01.htm • http://www.mundodosfilosofos.com.br/ • http://www.oficinadapesquisa.com.br • http://tvcultura.cmais.com.br/cafefilosofico/ A Unidade I, de título “tipos de conhecimentos”, permitiu que fizéssemos uma pequena excursão na história humana. Assim, ao percorrer por vários caminhos (os vários tipos de conhecimento), verificamos que o homem sempre buscou compreender e explicaro mundo no sentido amplo de dominação e também de sobrevivência, apresentando, evidentemente, sua forma de ser e estar no mundo. Este passeio histórico também permitiu que verificássemos que a partir do século XVIII, o termo ciência e/ou conhecimento científico aparece com um sentido mais preciso, sobretudo, quando emergem os debates a respeito da forma de apreensão da realidade — empirismo e/ou racionalismo e a forma de representação e apresentação dessa realidade, ou seja, numa concepção de idealismo e/ou materialismo. Qualquer que seja a forma de elaborar conhecimento, ou qualquer que seja o tipo de conhecimento, é, que na atualidade, deparamos-nos com inúmeros conhecimentos técnico-científicos. No processo de conhecimento, há uma relação intencional entre o sujeito que busca conhecimento e o objeto a ser conhecido. No desempenho de conhecer certo objeto, o sujeito se vê diante de duas situações: uma situação de objetividade e uma situação de subjetividade. Na objetividade, é a ação do sujeito de observar o objeto. Na subjetividade, já é o objeto observado, ou seja, aquilo que o sujeito apreendeu do objeto. No processo do conhecimento encontramos duas fontes: o empirismo (experiência por meio dos sentidos) e o racionalismo (a razão humana, o pensamento abstrato). O que determina o conhecimento é o sujeito ou o objeto? A realidade exterior ou a consciência? Tentando solucionar este problema, considerado como o “problema fundamental da filosofia”, surgem duas doutrinas o “idealismo e o materialismo”. Em nossos estudos, verificamos que o homem em toda sua trajetória histórica sempre procurou obter conhecimentos e, em cada tempo histórico, vislumbra um tipo de conhecimento retratando uma forma de viver e ser do homem neste mundo. Assim, nós nos deparamos com o conhecimento religioso ou estágio teológico que compreende três fases: fetichismo; politeísmo e monoteísmo. O conhecimento filosófico é o tipo de conhecimento que busca explicações sobre a existência do homem e do mundo a partir de argumentos racionais desprezando, em princípio, os procedimentos empíricos. Nesse tipo de conhecimento, encontramos dois aspectos: o teórico e o prático, onde a filosofia teórica compreende a ontologia e agnosiologia e a filosofia prática compreende a axiologia, que indica como deve ser o ideal nos homens ou, na conduta humana (juízo de valor). Já na Idade Moderna principia-se um conhecimento mais elaborado e sistemático: o conhecimento científico. A partir deste periodo, o homem torna-se centro das atenções; surge o capitalismo com a ascensão da burguesia; o renascimento do comércio; o crescimento das cidades; as grandes navegações; a reforma; a contra reforma; a divisão do trabalho, etc, de forma que qualquer que seja a forma de elaborar conhecimento, ou qualquer que seja o tipo de conhecimento, é, que na atualidade, nós nos deparamos com inúmeros conhecimentos técnico-científicos em prol não só da sobrevivência humana, (como exemplo, o desenvolvimento na área da saúde), mas também o desenvolvimento econômico e a manutenção do capitalismo. U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 11 Espero que esta unidade tenha proporcionado a você o entendimento de como se processa um conhecimento. Assim, fica a certeza de que nunca esgotaremos todo o conhecimento produzido e os que serão produzidos. No entanto, espero que os conhecimentos que serão repassados a você neste curso sejam eficientes, não só para obter uma nota máxima nas suas avaliações, mas que possibilite a compreensão maior do mundo e de si mesmo neste mundo. Na próxima unidade, estudaremos com mais detalhes as várias formas de lidar com o conhecimento adquirido, ou seja, estudaremos como realizar os inúmeros trabalhos acadêmicos solicitados pelos professores. O QUE É CONHECIMENTO PARA VOCÊ? 1) Relate pelo menos um conhecimento científico que você considera importante para a humanidade. Por exemplo: no campo da saúde, da economia, da tecnologia, da educação etc. Ao indicar o conhecimento, procure saber como ele foi produzido e quem foi o pesquisador deste conhecimento (sua vida, a área de conhecimento e outros conhecimentos desse pesquisador que por ventura tenha sido realizado). AtividadesAtividades U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 12 2) Em relação ao processo de conhecimento como você interpretaria a tirinha abaixo? __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 3) Faça um quadro resumo das três linhas de conhecimento. Use outras fontes bibliográficas. Os sites indicados possuem textos que tratam sobre as várias formas de conhecimentos. Você poderá pesquisar outras fontes e, consequentemente, ampliar estes conhecimentos. Conhecimento religioso Conhecimento filosófico Conhecimento científico Fonte:http://www.sempretops.com/diversao/tirinhas-da- mafalda/ U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 13 4) Interprete o quadro abaixo, considerando um dos princípios do conhecimento filosófico. Procure escrever um pequeno texto, dando ênfase à importância deste conhecimento para a formação humana. Fonte: http://www.sempretops.com/diversao/tirinhas-da-mafalda/ U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 14 INDICAÇÕES DE FILMES ALEXANDRIA – ÁGORA • Direção: Alejandro Amanábar • Genero: Drama/histórico. • Origem: Espanha • Tipo: Longa Metragem. • Sinopse: Alexandria, 391. Hypatia ensina astronomia, matemática e filosofia. Seu aluno Orestes está apaixonado por ela, assim como Davus, seu escravo pessoal. À medida que o Cristianismo da cidade, chefiado por Ammonius e Cyril, ganha poder político, as grandes instituições de aprendizagem e administração podem não sobreviver. 20 anos depois, Orestes, o prefeito da cidade, tem uma paz intranquila com os Cristãos, chefiados por Cyril. Os Cristãos forçam a moralidade pública; primeiro, vêm os Judeus como seu obstáculo, depois as mulheres. Hypatia não tem interesse na fé; está interessada nos movimentos dos corpos celestes e na irmandade de todos. A GUERRA DO FOGO • O filme se passa nos tempos pré-históricos, em torno da descoberta do fogo. A tribo Ulam vive em torno de uma fonte natural de fogo. Quando este fogo se extingue, três membros saem em busca de uma nova chama. Depois de vários dias andando e enfrentando animais pré-históricos, eles encontram a tribo Ivakas, que descobriu como fazer fogo. Para que o segredo seja revelado, eles sequestram uma mulher Ivaka. QUASE DEUSES • Título original: (Something the Lord Made) • Lançamento: 2004 (EUA) • Direção: Joseph Sargent • Atores: Alan Rickman, Mos Def, Mary Stuart Masterson, Kyra Sedgwick. • Duração: 110 min • Gênero: Drama • Sinopse: No Filme “Quase Deuses”, podemos observar características do conhecimento empírico. O personagem Vivien Thomas, mesmo com um limitado grau de educação formal, teve uma participação fundamental no desenvolvimento de técnicas usadas para o tratamento cardíaco.O Doutor Alfred Blalock (médico pesquisador) usava cães como cobaias até obter provas concretas sobre sua pesquisa. No filme, podem-se observar características do conhecimento científico e técnicas de pesquisas. U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 15 An t r o p o c e n t r i sm o :(Nome grego: ciência do homem) teoria que considera o homem como centro do universo. Cap i t a l i sm o : Regime social político que sucedeu ao feudalismo. Modo de produção econômica Con c e i t o :Forma de pensamento humano que permite captar os caracteres gerais, essenciais das coisas e dos fenômenos da realidade. C i ê n c i a : Sistema de conhecimento sobre a natureza, a sociedade e o pensamento, acumulados no curso da História Con c e p ç ã o d e mund o : Sistema de opiniões, de noções e de representações sobre o mundo, sobre a sociedade, idéias filosóficas, sociais, políticas, éticas, estéticas, cientificas etc. D i a l é t i c a : Arte do dialogo. Maneira de colocar em debate a tese e a antítese na busca de uma síntese. Emp i r i sm o : (do grego= experiência) doutrina filosófica que coloca a experiência sensorial como fonte única do conhecimento E s t é t i c a : Ciência que estuda as leis do desenvolvimento da arte, seu papel social e as formas e métodos da criação artística. É t i c a : Do grego moral, caráter, costume. Ciência que trata da moral, das regras e normas de condutas do homem F e t i c h i sm o : A divinização de certos objetos, atribuição de um poder sobrenatural, místico e mágico aos objetos. Gn o s i o l o g i a : Do grego = estudo do conhecimento) doutrina filosófica que trata da possibilidade do homem conhecer a realidade, as fontes do conhecimento e suas formas de conhecimento. L ó g i c a : a lógica é o ramo da filosofia que cuida das regras do bem pensar ou do pensar correto, sendo, portanto, um instrumento do pensar. A aprendizagem da lógica não constitui um fim em si. Ma t e r i a l i sm o : Corrente filosófica que considera a matéria como dado primário, e, as idéias, a consciência, como dado secundário. Me t a f í s i c a : Método filosófico de abordar os fenômenos da natureza. On t o l ó g i c o : Ontologia (em grego onto = ser e logia conhecimento) conhecimento do ser. Trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres. Fonte:Rosental (s/d). U N ID AD E 1 - T ipo s d e con he cim en tos 16 ANDERY, Maria Amália (org). Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. CARVALHO, Maria Cecilia M. de. (org). Construindo o saber: metodologia cientifica, fundamentos e técnicas. Campinas, SP: Papirus, 1989. HÜHNE, Leda Miranda. (org). Metodologia científica: caderno de textos e técnicas. Rio de Janeiro: Agir, 2002. LÜDKE, Menga & ANDRÈ, Marli, E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica. São Paulo: Atlas S.A, 2004 OLIVEIRA, Paulo de Salles (org). Metodologia das Ciências Humanas. São Paulo: Hucitec, UNESP, 1998. ROSENTAL, M. Pequeno Dicionário Filosófico. São Paulo: Livraria Exposição do Livro, s/d. SAVIANI, Dermeval. Educação: Do senso comum à consciência filosófica. Campinas, São Paulo, 2007 SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2003. VERNANT, Jean-Pierre. As origens do Pensamento grego. São Paulo-SP: Difel, 1984. U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 17 UNIDADE II Você sabe que em nossa jornada acadêmica, muitos trabalhos são pedidos pelos nossos professores e, às vezes, temos muitas dificuldades em poder realizá-los. Pois bem! Esta unidade tem como objetivo ajudar você a compreender várias técnicas de trabalhos acadêmicos. Segundo Antônio Joaquim e de acordo com Severino (2002), os trabalhos didáticos exigidos, sobretudo, nos cursos de graduação, seguem um caráter universal de estruturação lógica e de organização metodológica, ou seja, são procedimentos que ainda fazem parte intrínseca da formação técnica ou científica do estudante. Então, essa formação técnica ou cientifica que o autor ressalta, são os objetivos desta unidade. Para que você possa compreender como são as técnicas de trabalhos acadêmicos, o importante é que você saiba estudar bem o conteúdo e, portanto, saber ler bem o texto. Assim, para a compreensão de um texto, como outras atividades, existe uma técnica que estudaremos a seguir. Posso adiantar que não é a técnica de memorização igual às que vemos em cursos oferecidos à comunidade, mas técnica de compreensão do conteúdo. U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 18 1. LEITURA Existem várias formas de realizar leituras. O notável educador Paulo Freire sempre ressaltou a importância da “leitura do mundo”. Como seria a “leitura do mundo” para este educador? Resumidamente, podemos responder que a “leitura do mundo” está no dia a dia de nossas vidas, ou seja, cotidianamente interpretamos e damos significados a uma porção de eventos. Vejamos: quando analisamos as causas e os efeitos de algum acontecimento; quando justificamos alguma atitude; quando procuramos entender um texto escrito ou mesmo alguma mensagem por meio de ícones; quando estamos diante de uma obra de arte; quando tentamos interpretar o balbucio de uma criança, estamos, portanto, realizando um ato de leitura. Ler é o eixo fundamental de todo processo de aprendizagem. Aprendemos por meio de nossas experiências cotidianas (leitura de vida) e aprendemos também por meio de conhecimentos adquiridos culturalmente e historicamente, ou seja, conhecimentos técnicos de alguma atividade prática, conhecimentos teórico/científicos e ou filosóficos. Nesse sentido, como ler e apreender os conteúdos de um determinado texto? Simplesmente, como estudar? Vejamos alguns critérios: ¨ 1º Ter certa disciplina; ¨ 2º Adquirir espírito investigativo; ¨ 3º Eliminar atitudes mecânicas; ¨ 4º Não memorizar o conteúdo, mas saber interpretá-lo; ¨ 5º Procurar manter diálogo com o autor. 1.1 Como Ler A leitura de um texto se dá primeiramente a partir do processo de decodificação, isto é, quando temos contato com o “conteúdo” e buscamos compreendê-lo. Segundo Fulgêncio e Liberato (1998, p. 13), “a leitura não é a simples decodificação do sinal gráfico que se aprende no início da alfabetização, mas uma compreensão de textos”. A decodificação, além dos sons e grafia, refere-se em situarmos autor e conteúdo no contexto da produção. Você pode perguntar: como tudo isto se dá? Como posso situar autor e texto num contexto? O contexto pode ser o meio social, o meio cultural, o político, o estético em que autor e obra estão situados. Por exemplo: para compreendermos de maneira eficiente alguns conteúdos da física: o que é o princípio da relatividade? ou: quais são as leis do principio da inércia? ou propriamente: qual é a lei da caída livre dos corpos? e ainda: o que é composição das forças? então, para saber todos esses conhecimentos é importante contextualizar quando e como surgiram, ou seja, as causas que motivaram a obtenção de tais conhecimentos, qual a importância destes conhecimentos, quem foi o sujeito que realizou estes conhecimentos e, assim por diante. Dessa forma, continuando o exemplo sugerido, vamos procurar contextualizar, ou seja, ir além de decodificar o texto dos conhecimentos da física. Podemos, em princípio, pesquisar na história da humanidade quando e como aconteceram estes conhecimentos e estaremos, portanto, situando obra e autor num determinado tempo (época) e espaço (sociedade). Assim,na História, durante o século XVI para o século XVII vamos encontrar uma personalidade notável em conhecimentos da física, Galileu Galilei (1564-1642). Veja como em “Saber mais” Ao saber sobre Galileu e como sucederam-se seus conhecimentos, fica mais fácil de entender o conteúdo sobre a física mecânica. Podemos agora definir o que seja contextualizar, que significa em: saber como, de que forma, em qual situação um conhecimento foi realizado. • Saber como é o mesmo que saber o que levou o autor a pesquisar determinado objeto ou assunto. Saber as razões ou o “por quê?” Nesse sentido, existem vários acontecimentos de ordem política, econômica, social, cultural, entre outros que levou o autor ou o pesquisador a realizar tal fato. • De que forma? Como foi realizado o trabalho do autor, se ele (o autor ou o pesquisador) realizou uma pesquisa de laboratório, um estudo de caso, um estudo historiográfico, entre outros tipos de estudos. • Em qual situação? Foi por uma necessidade, uma circunstância ou uma ocorrência, isto é, um fenômeno que pode ser num meio educacional, na saúde, ou um fenômeno da natureza entre outros. Outra forma de contextualizar é relacionar o conteúdo de uma disciplina às outras disciplinas, o que chamamos de interdisciplinaridade. Por isso, quanto mais variado o campo de conhecimento, mais facilidade você encontrará em ler e interpretar textos. U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 19 1.2 Passos da leitura. Existem várias formas de realizar uma boa leitura, talvez você já tenha uma. Gosto muito de escrever ao lado do parágrafo, colocando perguntas ao autor, questionando-o, concordando com ele e, às vezes, contradizendo-o. Quando o parágrafo traz algo muito importante, coloco um rostinho feliz; quando, ao contrário, coloco um rostinho infeliz. Assim, este é meu jeito de ler e estudar, portanto, sabemos que cada um arranja um jeitinho de estudar. O quadro abaixo possui alguns tópicos do texto “Ato de estudar” da professora Leda Miranda Hühne (2002). A autora sugere que para uma boa leitura, devemos seguir alguns passos de leitura como: leitura seletiva, leitura exploratória, leitura analítica, leitura interpretativa e leitura crítica. Vejamos como se procede em cada passo: Leitura seletiva É o mesmo que fazer revisão bibliográfica, isto é, a fase em que você seleciona uma obra entre várias outras sobre o mesmo assunto. ¨ Buscar em sites e em bibliotecas obras que tratam do assunto a ser estudado; ¨ Ler introdução, resumos, folha de rosto das obras; ¨ Verificar nas leituras introdutórias se o assunto contempla o que você busca. Leitura exploratória É a fase em que se deve prestar atenção à diretriz do pensamento do autor. ¨ Realizar uma leitura breve; ¨ Poderá procurar dados sobre a vida e obra do autor, sobre momentos históricos em que ele viveu; ¨ Procurar fazer um esquema das grandes partes do texto: introdução, desenvolvim- ento e conclusão. Leitura analítica É a fase do exame do texto, ou, o momento de dialogar com o autor. ¨ Deixar o autor falar: para tentar perceber o quê e como ele apresenta o assunto; ¨ Realizar perguntas: de que fala o texto? Como está problematizado? Que tipo de raciocínio o autor segue na argumentação? ¨ Procurar sublinhar a ideia central de cada parágrafo; ¨ Sublinhar as ideias secundárias do texto; ¨ Procurar, em cada tempo, reconstruir o texto a partir das palavras grifadas. Leitura interpretativa É a fase de assimilação do conhecimento. ¨ Elaborar uma síntese do que foi apreendido; ¨ Buscar outras fontes para sistematizar o assunto; ¨ Descrever a problemática do texto (para tanto, ver o que seja problemática num item abaixo). U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 20 Leitura crítica É a fase conjunta da leitura exploratória, analítica e interpretativa. É o momento em que você já domina o conhecimento. ¨ Desenvolver uma construção lógica do processo em que o tema foi desenvolvido; ¨ Saber refazer as linhas de raciocínio (as argumentações) do autor; ¨ Analisar e debater com o autor o alcance se suas conclusões e consequências; ¨ Refazer o que está subentendido no texto, ou seja, nas entrelinhas das argumentações emitidas pelo autor. É importante saber que criticar uma obra exige de você muito conhecimento do assunto, isto é, saber fundamentar, ter certa propriedade do assunto. A crítica de um conteúdo não é dizer que o assunto é falso ou verdadeiro; se você gosta ou não gosta; se você concorda ou não concorda, mas emitir uma critica é um trabalho intelectual sistemático, com finalidade de explicar o conteúdo, relacioná-lo a outras interpretações do mesmo assunto e trazer o que não está explícito no discurso do texto. Como diz Marilena Chauí (s/d): A tarefa da crítica é fazer falar o silêncio, colocar em movimento um pensamento que possa desvendar todo o silêncio contido em outros pensamentos, em outros discursos. “[...] assim, a tarefa da crítica é realizar um trabalho interpretativo com relação a pensamentos e discursos dados.” (CHAUÍ, s/d) O QUE É PROBLEMATIZAÇÃO? Qualquer que seja um texto: teórico, poético, documentário, literário e outros, o autor, ao escrevê-lo, teve como ponto de partida resolver um problema. Assim, procura-se responder questões: Por quê? O que fazer? Para quê? Para quem? • O “por quê?” é a própria dúvida, a indagação de uma determinada situação problema, por exemplo: por que, no Brasil, existe um índice significativo de analfabetos? • “O que fazer?” é a própria busca de elementos para verificar tal situação e tentar resolvê-la. • “Para quê?” acompanha a própria precisão e destinação do problema resolvido. • “Para quem?” envolvem não só os aspectos pessoais como também os de ordem política, econômica, social, educacional, psicológica, sociológica etc. É importante saber que qualquer que seja o ato humano, este ato, sempre estará envolvido numa situação “problema”, ou seja, uma necessidade, por exemplo: atravessar uma rua (por que tenho que atravessar uma rua?); tomar uma decisão política importante (quais são os motivos?), o que fazer para o jantar da família? Como cuidar de uma criança? Como realizar uma boa aula? Tal necessidade é que fornece a essência do ato ou ação humana, ou seja, “o problema” e, para resolver este problema, levantamos todo o contexto, ou seja, tudo o que envolve tal problema. De forma que, levantar o contexto de um determinado problema é o mesmo que examinar as ocorrências (quer seja no meio social, político, econômico, psicológico ou mesmo algo pessoal), a que chamamos de “problematização”. Vejamos o exemplo de um texto teórico: o autor antes de elaborar seu texto, verifica a seguinte ocorrência: as crianças num período de alfabetização não conseguem apreender noções básicas de matemática. Assim, o autor quer saber o “por quê”? nesse caso, ou saber deste “problema”. Mas, antes de responder o “por quê”, o autor busca verificar toda situação que vem provocando tal problema, ou seja, busca contextualizar tal problema (o não aprendizado em matemática das crianças). Ao contextualizar a situação, o autor verifica que tal fato pode estar relacionado em vários contextos ou situações, o que possibilita o não aprendizado das crianças como: escolas precárias; falta de recursos pedagógicos; professores desqualificados; situação econômica baixa dos alunos etc. De forma que ao contextualizar o problema o autor estará problematizando o fato. U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 21 2. PRODUÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS. Até o momento denossos estudos, tratamos sobre como ler e estudar determinado conteúdo. Saber estudar é uma arte que requer dedicação, empenho e também um sentido, ou seja, um objetivo a ser atingido. Se estudar é uma arte, transmitir o conhecimento também o é. A transmissão de um conhecimento não se dá de forma aleatória; existem formas ou regras convencionais para sua apresentação. Nesse sentido, como apresentar um relatório, um resumo, uma monografia, um projeto entre outros tipos de trabalhos? A orientação para a produção e apresentação de trabalhos acadêmicos, não vem desta sua professora, mas de um órgão que estabelece regras e normas para cada tipo de trabalho, desde como fazer um palito de fósforo até a construção de um avião. Estou me referindo a ABNT que quer dizer: Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão responsável pela normalização técnica no Brasil. A ABNT é a única entidade responsável para emitir normas e regras para qualquer tipo de produção. Ela é uma entidade privada, sem fins lucrativos e de utilidade pública, fundada em 1940. 2.1 Resumo O resumo acadêmico de um texto, capítulo ou mesmo o resumo de uma obra é na realidade a recapitulação da(s) ideia(s) do autor, isto é, “o aluno ao resumir um texto com as próprias palavras deve manter-se fiel às ideias do autor em questão” (CARVALHO, 2003; HÜHNE, 2002; SEVERINO, 2002). Como fazer um resumo? A primeira coisa é não copiar pedaços do texto. Muitos alunos cometem esta atrocidade, sobretudo, alguns professores aceitam este tipo de trabalho, que lhe digo – Isto não é um resumo! Vejamos a maneira certa de realizar um bom resumo: ao ler o texto, procure sublinhar as ideias centrais do autor. Mas o que vem a ser “ideias centrais”? As ideias centrais num texto, num parágrafo ou mesmo numa frase são as argumentações do autor. Podemos, então, chamar de sujeito o autor e o objeto é aquilo que ele trata no texto. O sujeito, então, descreve e argumenta sobre o seu objeto, isto é: desenvolve um contexto, um assunto. Lembra das aulas de português? Numa frase existe o sujeito e o objeto que pode ser direto ou indireto?! É nesse caminho, só que agora estamos tratando no campo filosófico, ou seja, a maneira como se apreende um conhecimento. Pois bem! vamos então recordar a Unidade I, onde estudamos sobre o processo de conhecimento, ou seja, como se apreende o conhecimento de algo. “O sujeito que busca conhecimento e o objeto a ser conhecido”. Qualquer que seja um texto, nele existe um sujeito, que adquiriu conhecimento sobre um determinado objeto. Assim, o sujeito repassa para os leitores, por meio de um texto, todo o processo de conhecimento deste objeto. Então: a ideia central no texto está justamente onde o autor situa seu objeto – nas argumentações que trata do objeto. É importante saber que nem todos os parágrafos há necessidade de sublinhar as ideias centrais, pois muitas vem sendo repetidas e, para tanto, devemos estar atentos à leitura. Feito todo este procedimento, já é hora de voltarmos ao texto e sistematizar o que foi apreendido. Após leitura e sublinhar as ideias centrais, com suas próprias palavras, você escreve um pequeno texto. A escrita surge a partir do que foi sublinhado e interpretado por você, assim, você acaba de construir um resumo. É necessário lê-lo e (no caso) perceber se não estamos repetindo a mesma coisa entre os parágrafos que você está construindo. Assim, um resumo, segundo Medeiros (2004), possui poucas palavras; é a apresentação concisa e frequentemente seletiva do texto. A construção, portanto, acontece ao destacar os elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais ideias (o desenvolvimento do objeto) do autor da obra. Modalidades de resumos O resumo é um tipo de trabalho que desde o ensino fundamental é solicitado pelos nossos professores. Muitos acham que resumir é copiar partes do texto, ou seja, estilhaça o conteúdo, o tornado sem U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 22 nexo, sem sentido. Existem duas modalidades de resumos: o resumo que geralmente os nossos professores pedem como trabalho na faculdade e o resumo técnico-científico. O resumo técnico-científico é feito pelo próprio autor da obra com a intenção de apresentá-la de forma breve aos leitores. O resumo como trabalho escolar possui o mesmo critério de elaboração do resumo técnico/ científico, ou seja, para apresentá-lo, existe uma norma técnica emitida pela ABNT (Associação Brasileira de Normas de Trabalho). Vejamos como: Estrutura de um resumo ¨ Cabeçalho, no qual são inseridos os elementos bibliográficos do texto (referência bibliográfica); ¨ Resumo do conteúdo do texto, abordando: tema, objetivos, métodos e as conclusões do autor. Tipos de resumo ¨ Indicativo ou descritivo: faz referência às partes mais importantes do texto, ou seja, quais sejam as ideias centrais do autor. Para que você possa captar as idéias centrais de um texto, é importante, em primeiro lugar, saber qual é o assunto do texto, ou seja, de que trata o texto, qual é o objeto do autor. Uma dica que vale é a de verificar as argu- mentações do autor sobre seu objeto. Geralmente, é nas argumentações que encontra- mos as ideias centrais. Nas argumentações encontramos algumas conjunções, exemplo: portanto, por isso, da mesma forma, assim como, da mesma maneira, de outra parte, entretanto etc. Um resumo indicativo ou descritivo não é a transcrição direta de pará- grafos, mas aquilo que você captou do texto. Para realizá-lo, é importante a leitura completa do texto, lembrando que nesse tipo de resumo não deve haver citações. ¨ Informativo ou analítico: Este tipo de resumo também considerado resumo técnico- científico. Segundo Severino (2002, p.131), “consiste na apresentação concisa do con- teúdo de um trabalho de cunho científico (livro, artigo, dissertação, tese, etc.) e tem a finalidade específica de passar ao leitor uma ideia completa do teor do documento analisado”. Nesse sentido, o resumo deve ser redigido em um só parágrafo, com o máx- imo de 200 a 250 palavras. Deverá conter todas as informações principais apresentadas no texto, como exemplo: indicando o objeto tratado, os objetivos visados, as referências teóricas de apoio, os procedimentos metodológicos adotados e as conclusões/resultados a que se chegou pelo trabalho pesquisado. ¨ Crítico: O resumo crítico segue os mesmos critérios do resumo informativo ou analítico, acrescentando, porém, a formulação de um julgamento sobre a obra. O re- sumo crítico faz parte da estrutura de uma resenha que veremos posteriormente como se faz. A seguir há um exemplo de resumo descritivo ou indicativo de um artigo. Neste resumo, encontramos a estrutura formal indicada pela ABNT. Veja bem! Num resumo (qualquer que seja a modalidade), a referência bibliográfica é o próprio título. U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 23 ENGUITA, Mariano Fernandez. A ambiguidade da docência: entre o profissionalismo e a proletarização. Porto Alegre: Teoria & Educação, n. 4, p. 41-61, 1991. O autor aborda a crise de identidade do professor devido à ambivalência da posição do docente, localizado em um lugar intermediário e instável entre a profissionalização e a proletarização, no espaço de uma semiprofissão enquanto grupo assalariado, cujo nível de formação é similar aos profissionais liberais, mas que, submetido à autoridade de seus empregadores, busca manter ou ampliar sua autonomia quanto à distribuição de renda, ao poder e ao prestígio. Para o autor, a categoria dos docentes compartilha características próprias dos grupos profissionais com outras características da classe operária. O autor destaca a natureza específicado trabalho docente, que não se presta facilmente à padronização, à fragmentação externa das tarefas. Outros fatores vão à mesma direção, a saber: a igualdade de nível de formação entre docentes e profissionais liberais, a crescente atenção social dada à problemática da educação, etc. Analisando as características básicas de definição de uma profissão, aponta: a competência, a vocação, a licença, a independência e a auto-regulação. A seguir, o autor analisa em que medida os docentes compartilham essas características. […] conclui afirmando que a solução só poderá vir através de mecanismos que garantam, ao mesmo tempo, certa capacidade de controle da sociedade sobre a profissão docente e certo campo de autorregulação desta, que assegure um sistema de estímulo e contra- estímulo. Para tanto, diz da necessidade de a sociedade fixar os fins do ensino e o grupo profissional arbitrarem os meios. No plano da carreira docente, apontam o emprego das oportunidades de acesso, rebaixamento, diferenciais de salário e os benefícios como instrumentos positivos e negativos de sanção, mas de maneira que, uma vez estabelecidos os critérios, sejam os próprios docentes quem os apliquem. Resumo retirado em: “Formação de Professores no Brasil (1990-1998)”. Organização: Marli Eliza D. A. de André. Brasília: MEC/Inep/Comped, 2002. 364 p. : il. (Série Estado do Conhecimento, ISS 1676-0565, n. 6) Vejamos, agora, um exemplo de resumo técnico-científico (informativo) feita pelo próprio autor da obra. A ANÁLISE CRÍTICA DA ESCOLA PÚBLICA BRASILEIRA NA VISÃO DE QUATRO AUTORES: O QUE EXPLICA O INSUCESSO DA ESCOLA? MILANO, Lydia Godoy Pontifícia Universidade Católica de Goiás Comunicação: Estado e Políticas Educacionais Resumo: Este trabalho visa captar a visão de quatro autores sobre os percalços da escola pública brasileira nos últimos 20 anos. A motivação para este estudo surgiu de constatações de que, a despeito da ampliação dos investimentos públicos na educação, da democratização do acesso aos anos iniciais da escola da quase totalidade de crianças e jovens, da propaganda dos governos mostrando progressos na educação, da ampliação da produção intelectual na área, mantêm-se, no geral baixíssimos níveis de desempenho U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 24 escolar dos alunos, os quais sinalizam que a educação brasileira tem, ainda, um longo caminho a percorrer na oferta de um ensino de efetiva qualidade de ensino, sobretudo, no sentido de promoção do desenvolvimento de capacidades intelectuais dos alunos. As explicações para essa complexa problemática têm desafiado estudiosos e analistas, e não têm alcançado efetividade na mudança da situação. Este estudo é uma parte de um levantamento de dados sobre o estado da arte da pesquisa educacional dos últimos 20 anos sobre a atuação dos fatores intraescolares na determinação do insucesso da escola pública. Visa, especificamente, apresentar a visão de quatro autores sobre possíveis explicações do insucesso da escola pública e, assim, possibilitar o delineamento de pistas de análise para a compreensão mais ampliada do tema. Tais autores são: Freitas (2002); Frigotto (2005); Libâneo (2010) e Paiva (2005). Palavras chaves: Estado, Educação Pública, Fracasso Escolar. 2.2. Resenhas (filmes, obras, textos, artigos etc) A resenha tem um papel importante em nossa vida de estudante, sobretudo, possibilita que possamos compreender a obra do teórico estudado com maior profundidade. Segundo SEVERINO (2002, p. 131-132), “Resenha ou análise bibliográfica é uma síntese ou um comentário dos livros publicados ou feitos em revistas especializadas de várias áreas da ciência, das artes ou da filosofia”. Uma resenha pode ser puramente informativa quando apenas expõe o conteúdo do texto; é crítica quando se manifesta sobre o valor e o alcance do texto. O aluno, nesse sentido, analisa este conteúdo expondo e construindo comentários sobre o texto estudado, abrindo um diálogo com os autores. Nessa perspectiva, o procedimento de uma resenha torna-se distinto de um resumo, pois o resenhista pode expor suas ideias coincidentes ou não com as ideias que o autor apresentou. Para Severino (2002), “o comentário é normalmente feito como último momento da resenha, após a exposição do conteúdo. Mas pode ser distribuído difusamente, junto com os momentos anteriores: expõe-se e comentam-se simultaneamente as ideias do autor”. É importante lembrar que para a elaboração de uma resenha crítica requer-se de certa maturidade intelectual, domínio de métodos de investigação ou um amplo conhecimento do tema em questão. “Não se faz crítica sem fundamentação”. Geralmente, nos cursos de graduação, raramente o professor solicita esse tipo de resenha. Critérios para a elaboração de resenha de uma obra textual 1. Referência da obra a ser resenhada: sobrenome do autor maiúscula, nome, título da obra, local da editora, editora e ano de publicação, número de páginas. 2. Apresentação do autor (os credenciais); 3. Apresentação da obra (salientando objeto, objetivo, gênero se é poesia, prosa, ensaio literário etc. Nesse sentido, uma descrição sumária de partes, capítulos, etc.); 4. Resumo da obra 5. Comentário da obra (Se for resenha crítica, o resenhista deverá preocupar-se em analisar aspectos como: a coerência do texto, a originalidade da obra, a validade e a relevância das ideias dando destaque à problemática do tema); 6. Identificação do resenhista. U N ID AD E 2 - L eit ur a, an áli ses e p ro du ção d e tex tos c ien tíf ico s 25 Vejamos um exemplo de resenha informativa. (Lembrando que, de acordo com a ABNT, tanto na resenha quanto em qualquer tipo de resumo, o título é a própria referência bibliográfica). SHIROMA, Eneida Oto (org). Política educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. 140.p Peri Mesquida* O texto das professoras Eneida Otto Shiroma, Maria Célia Marcondes e Olinda Evangelista, da Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisadoras do CNPq, aborda, a partir de documentos nacionais e internacionais, do Banco Mundial, da CEPAL, da UNCESCO, da OREALC, a política educacional no Brasil, de 1930 à década de 1990. As autoras percebem a “política” como um “conjunto de atividades que, de uma forma ou de outra, são imputadas ao Estado moderno capitalista ou dele emanam”, e veem o processo educativo como elemento formador de “aptidões e comportamentos que lhes são necessários, e a escola como um dos seus locus privilegiados”. Lançando mão de uma linguagem acadêmica, mas, muitas vezes irônica, as pesquisadoras buscam em Gramsci a categoria de “intelectual”, atribuindo- lhe a tarefa de agir no sentido de formar o “consenso”. Dessa maneira, decolam a sua reflexão das reformas da década de1930 e aterrisam no “reformismo” dos anos de FHC, com a Reforma da Educação Básica, o Ensino Superior e a formação de professores. Não deixam, é claro, de fazer uma crítica aguda aos exames nacionais de avaliação, como o SAEB e o ENEN, percebendo neles instrumentos que elas chamam de “apartheid educacional”, na medida em que utilizam o “mérito” como paradigma para definir quem pode ou não “cruzar o portal do shopping educacional”. As pesquisadoras concluem o texto mostrando como a formação de professores, por meio de uma imposição legal, criou uma “corrida” do ouro simbolizada pela busca do certificado ou diploma, dando margem à expansão da oferta privada
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