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Língua Brasileira de Sinais - Libras - Unidade 1

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Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
5
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Esta apostila busca apresentar a você, aluno(a) do curso de graduação em Pedagogia e Licencia-
turas da Unisa, na modalidade a distância, os fundamentos da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Nesta 
disciplina, temos como objetivos: refletir acerca das diferenças entre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e 
o Português; entender a importância da Língua Brasileira de Sinais para os surdos; conhecer e respeitar a 
diferença linguística entre surdos e ouvintes; e capacitar futuros educadores na Libras.
Discutiremos aspectos fundamentais sobre língua e linguagem, a diferença entre as línguas orais-
-auditivas e visuais-espaciais, a estruturação da língua, assim como aspectos diferenciados da gramática 
da Libras. Desenvolveremos a competência e habilidade de percepção visual e observação, aprendendo 
a diferenciar a estrutura linguística das línguas orais e a de sinais, e percebendo as características dos 
sinais a partir dos seus parâmetros. Iremos estudar, também, o alfabeto datilológico, a composição dos 
sinais e sua legitimidade enquanto língua. 
Lembramos que o conteúdo apresentado é introdutório e que, portanto, ninguém, ao término des-
te curso, terá proficiência em Libras, mas o foco desta disciplina é propor questionamentos e apontar 
possibilidades de trabalho com alunos surdos, em relação à sua língua materna. Não há respostas pron-
tas em relação à língua, mas temos a certeza de que cada conteúdo aqui discutido irá beneficiar a sua 
reflexão e o trabalho com seu(sua) aluno(a). Bem-vindo ao mundo das línguas visuais.
 
Bom trabalho!
Profa. Marcia Regina Zemella Luccas
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
7
MOVIMENTO HISTÓRICO DA LÍNGUA 
DE SINAIS1
Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu 
aceitei a pessoa... Quando eu rejeito a língua, eu 
rejeito a pessoa, porque a língua é parte de nós 
mesmos... Quando eu aceito a língua de Sinais, 
eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em 
mente que o surdo tem o direito de ser surdo. Nós 
não devemos mudá-los, ensiná-los, ajudá-los, 
mas temos que permitir-lhes ser surdo.
Anônimo
Caro(a) aluno(a), escrever sobre a história 
da Libras e do movimento que ocorreu no Brasil 
é uma tarefa árdua, pois, quando falamos sobre 
esse assunto, não estamos falando somente de 
um modo de comunicação, mas de uma concep-
ção de sujeitos e nos referindo à possibilidade de 
respeito a essa população surda, que, muitas ve-
zes, é invisível (MONTEIRO, 2006).
É importante salientar que é bastante difí-
cil conhecer o número de deficientes auditivos e 
surdos existentes no Brasil, pois, quando é reali-
zado o censo populacional, o Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela 
pesquisa, tem dificuldades para especificar este 
número, uma vez que a pesquisa solicita o nú-
mero geral de “pessoas portadoras de deficiên-
cias”, não especificando a questão da surdez.
Alguns autores, entre eles Monteiro (2006), 
apontam que, apesar de todas as dificuldades, 
dados recentes do IBGE estimam que o número 
total de surdos brasileiros seja de 5,7 milhões (di-
vididos em: surdos profundos e deficientes au-
ditivos). Esses dados também apontam que, no 
Estado de São Paulo, há 480.000 e que, na capital 
paulista, esse número é de 150.000 surdos e defi-
cientes auditivos.
Podemos observar pelos dados citados que 
o número de pessoas surdas é gigantesco. En-
tendemos, então, que a Lei nº 10.436/02 (BRASIL, 
2002), que institui a Libras, é importante não só 
para que se reconheça uma língua, mas um movi-
mento social e político para o resgate dos surdos 
da marginalização linguístico-educacional viven-
ciada por eles durante décadas.
Saiba maisSaiba mais
Podemos entender a deficiência auditiva quando há 
uma diminuição da audição, que produz uma redu-
ção na percepção de sons e dificulta a compreen-
são das palavras. A dificuldade aumenta com o grau 
de perda. O deficiente auditivo é aquele que, com a 
utilização de uma prótese auditiva (aparelho de ampli-
ficação sonora), poderá reconhecer os sons do meio 
ambiente, inclusive os sons da fala. A surdez pode 
ser caracterizada pela impossibilidade de se ouvir, 
mesmo com a utilização de próteses.
DicionárioDicionário
Lei: (do verbo latino ligare, que significa “aquilo 
que liga”, ou legere, que significa “aquilo que se 
lê”) é uma norma ou conjunto de normas jurídi-
cas criadas através dos processos próprios do ato 
normativo e estabelecidas pelas autoridades com-
petentes para o efeito. 
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei.
Marcia Regina Zemella Luccas
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8
O Reconhecimento da Libras como Língua
Vamos entender agora como, então, a Li-
bras passou a ser reconhecida como língua?
Foi um processo longo e deveu-se prin-
cipalmente ao envolvimento e movimento da 
comunidade surda. Pensar é produzir conheci-
mento, portanto, a partir do reconhecimento da 
Libras como a língua própria dos surdos, houve 
uma mudança na caracterização dos surdos bra-
sileiros, pois, no momento em que sua língua foi 
reconhecida socialmente, eles passaram a ser 
considerados cidadãos.
Como você já deve saber, os conhecimen-
tos que compõem a sociedade são transmitidos 
pela classe dominante e esta acaba por “ditar” as 
normas através das quais os seres humanos serão 
julgados. Muitas vezes, a sociedade vê no cidadão 
surdo apenas um ser com um limite na audição 
e nega reconhecer nessa pessoa um ser de direi-
tos e deveres, com uma língua e cultura próprias. 
A conquista e o reconhecimento da Libras como 
língua, e a modificação da visão do surdo como 
uma pessoa que não possui uma deficiência, mas 
uma diferença no modo de aprender e apreen-
der o mundo, ainda são tímidos, mas já houve 
resultados significativos, como, por exemplo, a 
aprovação da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro 
de 2000, que prevê a formação de intérpretes 
de língua de sinais para possibilitar aos surdos o 
acesso à informação (BRASIL, 2000). Com a Lei nº 
10.436/02, que institui a Libras como língua ma-
terna dos surdos, o que passa a existir é a possibi-
lidade de uma mudança de comportamento e de 
visão da sociedade em relação a essa população.
Preste atenção agora!
Lei nº 10.436, de 24 de Abril de 2002.
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais 
– Libras e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional de-
creta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º É reconhecida como meio legal de 
comunicação e expressão a Língua Brasi-
leira de Sinais – LIBRAS e outros recursos 
de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Lín-
gua Brasileira de Sinais – LIBRAS a forma 
de comunicação e expressão, em que o 
sistema lingüístico de natureza visual-
-motora, com estrutura gramatical pró-
pria, constituem um sistema lingüístico 
de transmissão de idéias e fatos, oriundos 
de comunidades de pessoas surdas do 
Brasil.
Art. 2º Deve ser garantido, por parte do 
poder público em geral e empresas con-
cessionárias de serviços públicos, formas 
institucionalizadas de apoiar o uso e difu-
são da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS 
como meio de comunicação objetiva e 
de utilização corrente das comunidades 
surdas do Brasil.
Art. 3º As instituições públicas e empre-
sas concessionárias de serviços públicos 
de assistência à saúde devem garantir 
atendimento e tratamento adequado aos 
portadores de deficiência auditiva, de 
acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4º O sistema educacional federal e 
os sistemas educacionais estaduais, mu-
nicipais e do Distrito Federal devem ga-
rantir a inclusão nos cursos de formação 
de Educação Especial, de Fonoaudiologia 
e de Magistério, em seus níveis médio e 
superior, do ensino da Língua Brasileirade Sinais – LIBRAS, como parte integran-
te dos Parâmetros Curriculares Nacionais 
– PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de 
Sinais – LIBRAS não poderá substituir a 
modalidade escrita da Língua Portugue-
sa.
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de 
sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181º da Inde-
pendência e 114º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza. (BRASIL, 2002).
Como dito anteriormente, a Lei nº 10.436 foi 
sancionada a partir do movimento das comuni-
dades surdas brasileiras. Vale ressaltar que, apesar 
Libras
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9
anteriores. Determina, ainda, que a Libras deve 
ser disciplina curricular obrigatória nos cursos de 
formação de professores para o exercício do ma-
gistério, em nível médio e superior, e nos cursos 
de Fonoaudiologia. Assim, todos os cursos de li-
cenciatura nas diferentes áreas do conhecimento 
também deverão oferecer essa disciplina.
Assim, caro(a) aluno(a), afirmamos que a lín-
gua de sinais preenche as mesmas funções que 
a língua portuguesa falada, portanto, para ser 
adquirida, preferencialmente é necessário que 
crianças surdas tenham o convívio com adultos 
surdos, que possam inseri-las no funcionamento 
linguístico-discursivo dessa língua.
dessa lei ter sido sancionada em 2002, somente 
em 22 de dezembro de 2005 é que sua regula-
mentação foi aprovada, no Decreto nº 5.626, que 
define o que são pessoas com surdez, em seu art. 
2º: “Considera-se pessoa surda aquela que, por 
ter perda auditiva, compreende e interage com 
o mundo por meio de experiências visuais, mani-
festando sua cultura principalmente pelo uso da 
Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS.” (BRASIL, 2005).
Saiba que é importante ressaltar que, nes-
sa nova legislação, há uma mudança significati-
va: passa-se a utilizar o termo ‘surdo’ no lugar de 
deficiente auditivo, presente em documentos 
DicionárioDicionário
Decreto: refere-se a atos meramente administrati-
vos da competência dos chefes dos poderes exe-
cutivos (presidente, governadores e prefeitos). Um 
decreto é usualmente utilizado pelo chefe do po-
der executivo para fazer nomeações e regulamen-
tações de leis (como para lhes dar cumprimento 
efetivo, por exemplo), entre outras coisas.
AtençãoAtenção
A Lei nº 10.436 aponta um grande avanço na 
questão do reconhecimento dos surdos enquan-
to sujeitos de direito, bem como o reconheci-
mento da sua comunicação enquanto uma cul-
tura diferenciada.
Neste capítulo, observamos a dificuldade que os surdos tiveram para que pudessem ser reconhe-
cidos como pessoas que têm uma cultura diferenciada e principalmente uma língua própria. A Lei nº 
10.436/2002 e o Decreto nº 5.626/2005 modificam a perspectiva dessa comunidade surda e suas possi-
bilidades de interação social.
1.1 Resumo do Capítulo
Vamos verificar sua aprendizagem?
1. Quem são as pessoas consideradas surdas nessa legislação?
1.2 Atividade Proposta
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21
Caro(a) aluno(a), neste capítulo você irá 
conhecer mais sobre as metodologias de ensino 
para alunos surdos. 
Como vimos nos capítulos anteriores, as 
tendências de educação escolar para pessoas 
com surdez concentram-se basicamente em dois 
polos: a inserção dos alunos em escolas comuns 
ou em escolas especiais para surdos. Existem di-
versos métodos de ensino para surdos, porém os 
mais importantes ao longo da nossa história po-
dem ser delimitados basicamente a três tendên-
cias educacionais: a oralista, a comunicação total 
e a abordagem bilinguista.
As escolas comuns ou especiais que utili-
zam o oralismo visam à capacitação da pessoa 
com surdez para utilizar a língua na modalida-
de oral, como única possibilidade linguística, de 
modo que se utilize a voz e a leitura labial, tanto 
na vida social quanto na escola. 
O oralismo não conseguiu alcançar resul-
tados muito positivos, pois, de acordo com Sá 
(1999), ocasiona déficits cognitivos e legitima a 
manutenção do fracasso escolar, provocando di-
ficuldades no relacionamento familiar. Este méto-
do não aceita o uso da língua de sinais e discrimi-
na a cultura surda.
O Oralismo 
AS TENDÊNCIAS NA EDUCAÇÃO DOS 
SURDOS3
Na abordagem oralista, a linguagem fala-
da é tida como forma prioritária de comunicação 
com os surdos e a aquisição da linguagem oral 
como fundamental para o desenvolvimento glo-
bal da criança surda. Dentro do processo da orali-
zação, ficam proibidos os usos de sinais ou gestos 
e do alfabeto datilológico. 
Como você pode ir percebendo, a via sen-
sorial priorizada, nessa abordagem educacional, 
é a oral, sendo enfatizadas as habilidades audi-
tivas (restos auditivos) e a leitura orofacial como 
pré-requisitos para o desenvolvimento da lingua-
gem. 
A abordagem dominou a educação de sur-
dos tanto na Europa quanto nas Américas desde 
1880, quando ocorreu o Congresso Internacio-
nal para Surdos em Milão, no qual foi aprovada a 
obrigatoriedade do uso exclusivo da linguagem 
oral na educação de surdos. Diversos autores dis-
correram sobre as abordagens do oralismo: há 
métodos de ensino unissensoriais, em que o indi-
víduo só se utilizaria de restos auditivos; e os mul-
tissensoriais, nos quais diversos canais (sensoriais, 
táteis e visuais) são utilizados como pistas para o 
surdo acessar a informação.
Como vimos anteriormente, com a dissemi-
nação do oralismo, a imagem social dos surdos foi 
sendo progressivamente danificada, sendo que 
passaram a ser tratados apenas como deficien-
tes. Como consequência do método oralista e a 
forte ênfase que era dada à oralização, observou-
-se uma dificuldade significativa de aprendiza-
gem desses sujeitos e, ao invés de os educado-
res questionarem o método de ensino, que dava 
ênfase somente ao canal sensorial que faltava ao 
surdo, passou-se a questionar a possibilidade de 
cognição dos surdos. Capovilla (2000) observa 
AtençãoAtenção
A tendência educacional do oralismo fundamen-
ta-se na perspectiva de aquisição da linguagem 
oral como requisito básico para que o surdo seja 
integrado à sociedade, que é ouvinte.
Marcia Regina Zemella Luccas
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22
que, na Inglaterra, foi analisado que, após anos de 
escolaridade especial, dos alunos com 15/16 anos 
somente 25% conseguiam articular-se de modo 
inteligível aos seus professores e que menos de 
10% desses alunos tinha nível de leitura apropria-
do à sua idade. 
Apesar de todas as críticas a esse método, 
vamos explicitar alguns dos aspectos práticos 
para que possa ser desenvolvida a aprendizagem 
dos surdos através do método oralista (ressalta-
mos que ainda hoje ele é muito utilizado).
Para o máximo aproveitamento auditivo, 
o Oralismo tem como princípio a indica-
ção de prótese individual, que amplifica 
os sons, admitindo a existência de resí-
duo auditivo em qualquer tipo de surdez, 
mesmo na profunda. Esse método procu-
ra assim, reeducar auditivamente a crian-
ça surda, através da amplificação dos 
sons juntamente com técnicas específi-
cas de oralidade. Quanto ao trabalho de 
AtençãoAtenção
Os aspectos que devem ser desenvolvidos com o 
aluno deficiente auditivo são:
•	diagnóstico precoce (anterior aos dois anos de 
idade): este é um dos aspectos fundamentais 
e, de certa forma, determinante até os dias de 
hoje para que o surdo possa desenvolver fala;
•	adaptação de Aparelho de Amplificação Sono-
ra Individual (AASI), nos dois ouvidos, logo após 
o diagnóstico de deficiência auditiva;
•	estimulação auditiva precoce (até os cinco 
anos de idade);
•	desenvolvimento da fala através de feedback 
auditivo;
•	desenvolvimento de leitura orofacial: discrimi-
nação e identificação dos movimentos orais do 
emissor;
•	 treinamento para o desenvolvimento de pistasvisuais, auditivas e táteis;
•	 treinamento auditivo, que seria a estimulação 
auditiva (com a utilização de próteses), para 
reconhecimento e discriminação de ruídos e 
sons ambientais;
•	 treinamento e desenvolvimento da fala: emis-
são e recepção de fonemas utilizando exercí-
cios, mobilidade e tonicidade dos músculos da 
face; 
•	exercícios de relaxamento e respiração para co-
locação dos fonemas.
linguagem, desenvolvido no Oralismo, 
procura-se ‘ensinar’ linguagem através de 
atividades estruturais sistemáticas. (DOR-
ZIAT, 2008).
Você deve ter percebido que são utilizados 
para o desenvolvimento da linguagem oral em 
crianças surdas aparelhos de amplificação sonora, 
treinamento auditivo, entre outras técnicas. Todas 
elas, segundo Goés (1999), têm o propósito tera-
pêutico de tratar e reduzir os déficits auditivos, ou 
seja, ela assume o surdo como um deficiente au-
ditivo, alguém a quem falta um dos sentidos, a au-
dição, mas que pode, através de tratamento, rea-
lizar de forma compensatória a leitura orofacial. 
Ainda, a educação oralista vê no surdo alguém 
que precisa ser reabilitado, entendendo a língua 
oral como meta e objetivo final de compreensão 
e de possibilidade de inserção desses sujeitos na 
sociedade ouvinte. 
Você conseguiu perceber a dificuldade dos 
surdos em desenvolver a língua oral? Pois é, mas 
houve mudanças ao longo dos anos, apesar de in-
felizmente podermos dizer que ainda muitas fa-
mílias apostam nessa aprendizagem, bem como 
médicos, terapeutas e professores.
Comunicação Total
Vamos agora conhecer outro tipo de ensino, 
a Comunicação Total! Depois de quase um século 
envolta em um ensino oralista os surdos puderam 
ter acesso a outra forma de aprendizagem. Esta 
era composta de oralização e também de sinais.
Vamos conhecê-la um pouco mais.
A Comunicação Total envolve o uso de todas 
as modalidades possíveis de comunicação: língua 
de sinais, alfabeto digital, amplificação sonora 
com AASI, fala, leitura orofacial, leitura e escrita, 
expressão facial, mímica e gestos; todos esses re-
cursos podem ser utilizados a fim de potencializar 
as interações sociais e possibilitar um melhor de-
senvolvimento da competência linguística. 
Libras
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
23
Essa abordagem educacional tem como 
meta estimular o desenvolvimento linguístico, 
permitindo que a criança surda tenha acesso ao 
maior número de códigos possível, de forma que 
possa eleger aquele que lhe permita ter melhor 
compreensão.
Essa filosofia de ensino possui uma maneira 
própria de compreender o surdo, ou seja, não o 
considera portador de uma patologia, mas uma 
pessoa e a surdez, uma marca, que adquire ca-
racterísticas e significações sociais. A Comunica-
ção Total é incorporada em diversos lugares, mas, 
como não é um método, apresenta versões mui-
to variadas, caracterizando-se basicamente pela 
aceitação de vários recursos comunicativos, com 
a finalidade de ensinar a língua majoritária e pro-
mover a comunicação. 
Como vimos, a Comunicação Total se pro-
punha a fazer uso de qualquer meio de comuni-
cação (palavras, símbolos, gestos, sinais naturais 
ou artificiais), tudo para permitir que a criança 
surda adquirisse linguagem. Aparentemente, 
essa filosofia de trabalho traria um desenvolvi-
mento linguístico e competência em leitura e 
escrita. Entretanto, esse fato não acontece, pois a 
comunicação total, apesar de utilizar a comunica-
ção de modalidade visual-motora, usava os sinais 
na estrutura da língua oral. 
Marchesi (1987) apresenta a variedade 
desses sistemas: língua falada de sinais 
(codificada em sinais); língua falada sina-
lizada exata (variante do sistema anterior, 
distinguindo-se pela busca da reprodu-
ção precisa da estrutura da língua); asso-
ciação de códigos manuais para auxiliar 
na discriminação e articulação de sons 
(configuração) de mão perto do rosto, 
dando apoio à emissão de cada fonema); 
e combinação diversa de sinais, fala, dati-
lologia, gesto, pantomina etc.
A abordagem educacional bimodalista 
destaca-se nesses sistemas. As práticas 
são qualificadas como bimodais ou si-
multâneas porque envolvem combina-
ções de uso concomitante de duas mo-
dalidades, isto é, os sinais e a fala. Para 
Stewart (1983), entretanto, a utilização 
da fala codificada em sinais, caracteriza-
-se como duas modalidades da mesma 
língua, porque baseia-se apenas na lín-
gua majoritária. Góes (1994) diz que essa 
idéia é variável entre pesquisadores e 
educadores, porque existe também a no-
ção de um instrumento de comunicação 
em que se inserem parâmetros de uma 
língua de sinais para acompanhar a fala. 
(DORZIAT, 2008).
Nos Estados Unidos, como os resultados 
esperados não foram alcançados, as aulas de pro-
fessores que utilizavam a língua inglesa sinalizada 
foram filmadas e, posteriormente, analisadas. O 
que pode ser percebido é que, com a criação de 
muitos sinais artificiais para se marcar flexões ver-
bais, conjunções e outros aspectos utilizados na 
língua oral, o discurso não fazia sentido nem para 
os professores nem para os alunos.
Saiba maisSaiba mais
A Comunicação Total foi importante na história da 
educação dos surdos, pois possibilitou depois de qua-
se um século o retorno dos sinais na vida dessa co-
munidade. Apesar de ter como objetivo o desenvol-
vimento da fala e a utilização do sinal somente como 
apoio.
Saiba maisSaiba mais
“Apesar da idéia generalizada de oposição entre Co-
municação Total e Oralismo, devido à inclusão de si-
nais na prática daquela, Marchesi (1987) afirma que a 
Comunicação Total não está em oposição à utilização 
da língua oral, mas apresenta-se como um sistema de 
comunicação complementar. Os adeptos da comuni-
cação total consideram a língua oral um código im-
prescindível para que se possa incorporar a vida social 
e cultural, receber informações, intensificar relações 
sociais e ampliar o conhecimento geral de mundo, 
mesmo admitindo as dificuldades de aquisição, pelos 
surdos, dessa língua.” (DORZIAT, 2008).
Marcia Regina Zemella Luccas
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24
A sociedade educacional percebe que a uti-
lização dos sinais auxiliou no desenvolvimento 
dos alunos surdos, pois o canal de comunicação 
era visual. Nessa época, início da década de 1980, 
vários linguistas estudavam as línguas de sinais 
e perceberam a riqueza dessas línguas; assim, a 
sociedade começou a perceber que talvez o bi-
linguismo fosse a saída para o desenvolvimento 
integral dos surdos.
Bilinguismo
Apesar de variações entre os profissionais 
de diferentes países, em relação à época em que 
vai se introduzir as duas línguas e se a segunda 
língua será a oral ou a escrita, o consenso entre 
todos é a importância do contato da criança sur-
da com a língua de sinais logo cedo.
Um dos primeiros países a adotar o bilin-
guismo foi a Suécia, que reconheceu politicamen-
te os surdos como minoria linguística, com direi-
“Para tanto, eles filmaram as aulas em comunica-
ção total ministradas pelas professoras em que 
elas sinalizavam e falavam ao mesmo tempo [...] 
mostraram as professoras a filmagem sem som, e 
quando estavam impossibilitadas de ouvir a fala 
que acompanhava a sinalização, as professoras 
exibiram uma grande dificuldade em entender 
o que elas próprias haviam sinalizado. [...] A con-
clusão desconcertantemente obvia é a de que 
durante todo o tempo, as crianças não estavam 
obtendo uma versão visual da língua falada na 
sala de aula, mas sim, uma amostra lingüística in-
completa e inconsistente, em que nem palavras 
faladas e nem os sinais.” (CAPOVILLA, 2000, p. 108).
CuriosidadeCuriosidade
tos assegurados à educação em línguas faladas e 
de sinais.
Vários autores, baseados em diversas pes-
quisas realizadas na Dinamarca, Suécia e Estados 
Unidos, apontama importância da educação bi-
língue. 
Veja um aspecto importante: a maioria 
dos alunos surdos chega à escola sem o desen-
volvimento da linguagem, muito diferente das 
crianças ouvintes que chegam à escola com a 
linguagem desenvolvida, cabendo à instituição 
educacional trabalhar e desenvolver o conheci-
mento da linguagem escrita. Para os surdos, dife-
rentemente, cabe à escola, muitas vezes, desen-
volver a linguagem desse aluno, principalmente 
a língua de sinais. 
Para Ferreira Brito (1993), numa linha bi-
língue, o ensino do Português deve ser 
ministrado para os surdos da mesma for-
ma como são tratadas as línguas estran-
geiras, ou seja, em primeiro lugar devem 
ser proporcionadas todas as experiências 
lingüísticas na primeira língua dos surdos 
(língua de sinais) e depois, sedimentada 
a linguagem nas crianças, ensina-se a 
língua majoritária, (a Língua Portugue-
sa) como segunda língua. Apesar dos 
argumentos favoráveis à aprendizagem 
da língua de sinais, existem obstáculos 
para sua concretização. Esses vão além 
da habilidade manual. A competência 
na língua de sinais depende também do 
conhecimento de como a própria comu-
nidade de surdos se organiza, através do 
DicionárioDicionário
Bilinguismo: aplicado ao indivíduo, pode significar 
simplesmente a capacidade de expressar-se em 
duas línguas.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bilinguismo.
AtençãoAtenção
“A aprendizagem do bilinguismo inclui, o desen-
volvimento adequado de competências linguís-
ticas e comunicativas, aquisição espontânea da 
linguagem, com o desenvolvimento intuitivo de 
regras linguísticas e em contextos sociais motiva-
dos linguisticamente a conexão baseada na ex-
periência entre o uso da linguagem e a formação 
de conceitos, o desenvolvimento de padrões de 
linguagem apropriados a faixa etária, e finalmen-
te o respeito e identidade próprios como pessoa 
surda.” (CAPOVILLA, 2000, p. 112).
Libras
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contato extra-institucional do professor 
com os surdos. Tal contato é reduzido de-
vido às limitações de oportunidades para 
que isso ocorra. Além disso, os surdos, no 
contato com os ouvintes, realizam adap-
tações e ajustes na língua de sinais (lin-
guagem pidgen), visando a um melhor 
entendimento, que acaba dificultando a 
exposição dos professores à língua de si-
nais. (DORZIAT, 2008).
E no Brasil?
Aqui no Brasil, concebemos a perspectiva 
da educação bilíngue a partir da ideia de que a 
Libras é a primeira língua dos surdos, é sua língua 
natural, e a Língua Portuguesa, em sua modali-
dade escrita, a segunda língua. É por esse motivo 
que hoje você está estudando esta disciplina!
A partir dessa concepção, entendemos que 
a criança surda deve viver “a” e “na” língua de si-
nais, não somente restrita ao ambiente escolar, 
mas em todos os ambientes em que habita so-
cialmente. 
Se a língua de sinais é uma língua natu-
ral adquirida de forma espontânea pela 
pessoa surda em contato com pessoas 
que usam essa língua e se a língua oral é 
AtençãoAtenção
O bilinguismo, como o próprio nome indica, pro-
põe a exposição do surdo a duas línguas, sendo a 
primeira a língua de sinais.
adquirida de forma sistematizada, então 
as pessoas surdas tem o direito de ser 
ensinadas na língua de sinais. A proposta 
bilíngüe busca captar esse direito. (QUA-
DROS, 1997, p. 49).
Para finalizar, a educação bilíngue tem 
como meta o desenvolvimento da criança sur-
da, para que ela possa perceber e compreender 
o interlocutor surdo. Para isso, deverá conhecer 
e utilizar a língua de sinais para realizar pedidos, 
estabelecer uma comunicação, estabelecer con-
versas informais, dando sua opinião, concordan-
do ou discordando de seus interlocutores. A partir 
da aprendizagem e desenvolvimento da língua, 
como qualquer outra pessoa que vive em uma so-
ciedade, o surdo terá possibilidades de desenvol-
ver a aprendizagem da língua escrita e ter acesso 
a todo o conhecimento desenvolvido pela socie-
dade.
Podemos concluir, então, caro(a) aluno(a), 
que o oralismo e a comunicação total obtêm resul-
tados questionáveis. Os enfoques, tanto da comu-
nicação total quanto do oralismo, negam a língua 
natural das pessoas surdas e provocam perdas 
consideráveis nos aspectos cognitivos, socioafe-
tivos, linguísticos, político-culturais e na apren-
dizagem desses alunos. Por fim, o bilinguismo é 
visto, hoje, como a melhor forma de abordagem 
educacional para o surdo, pois visa a capacitá-lo 
na utilização de duas línguas: a língua de sinais e 
a língua escrita da comunidade em que vive. A lín-
gua de sinais é, certamente, o principal meio de 
comunicação entre as pessoas com surdez.
Para você conhecer um pouco mais sobre a sur-
dez e os métodos de ensino, assista aos filmes:
Mr. Holland: Meu Adorável Professor
Filhos do Silêncio
MultimídiaMultimídia
Marcia Regina Zemella Luccas
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Caro(a) aluno(a), pudemos verificar neste capítulo as diferentes metodologias de ensino para os 
surdos ao longo da história, porém ainda hoje há muita controversa quanto à melhor forma de ensinar o 
surdo. Sabe-se por meio de pesquisas que o bilinguismo tende a ser a melhor metodologia, pois a criança 
irá desenvolver em primeiro lugar a comunicação em sinais e depois irá aprender a língua escrita de seu 
país como segunda língua. Apesar desse fato, ainda há muitas famílias e profissionais da medicina que 
apostam no oralismo. 
3.1 Resumo do Capítulo
Vamos checar sua aprendizagem?
1. Descreva brevemente:
a) Oralismo.
b) Comunicação Total.
c) Bilinguismo.
3.2 Atividade Proposta

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