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RESUMO DE PSICOLOGIA Estudar a Psicologia na área da Enfermagem faz-se necessário para que os profissionais da saúde tenham conhecimento do sujeito como um todo, desde a sua concepção até a terceira idade, considerando os aspectos afetivos, emocionais, físicos, cognitivos e sociais, o que dá a visão do desenvolvimento integral de cada pessoa. Podemos dizer que a Psicologia científica tem como objeto de estudo a mente humana, o comportamento da mente humana. Traz como campo de estudo a humanidade. Apresenta várias teorias com linguagens rigorosas, objetivas. Mas isso não foi sempre assim. Portanto, para compreender como a Psicologia se estabelece como ciência, há a necessidade de compreendermos melhor a história da Psicologia. ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOLOGIA a história da Psicologia tem sua base na Antiguidade, na filosofia grega. Naquela época alguns homens tentaram compreender o homem em relação aos seus aspectos interiores, e é nesse momento que surge a primeira tentativa de pensar de forma sistemática os aspectos da alma, psyché, e da razão, logos, do homem. Essas palavras dão origem ao termo Psicologia, que significa “estudo da alma”, que quer dizer estudar os sentimentos, as sensações, desejos, percepções e pensamentos dos seres humanos. Sócrates, Platão e Aristóteles foram pensadores da Idade Antiga. A PSICOLOGIA NO SÉCULO XX a psicologia no século XX, assim como a psicologia do século XIX, apresenta inclinações psicológicas que nos ajudam a compreender melhor o desenvolvimento humano e suas aprendizagens, essas tendências são: behaviorista, cognitivista, sociointeracionista, psicanalista e psicossocial. Teoria cognitiva Jean Piaget As teorias cognitivas enfatizam os aspectos mentais do desenvolvimento, esses aspectos envolvem o raciocínio, a memória, habilidades motoras, a lógica, a atenção, a capacidade de imaginar e a construção do pensamento. Todos os desenvolvimentos ocorrem devido à interação do sujeito com o meio que ele está envolvido. O teórico que se destaca nessa perspectiva é Jean Piaget (1896-1980). Piaget era biólogo, mas dedicou-se aos estudos da epistemologia genética e desenvolvimento do pensamento lógico nas crianças porque queria entender como se dá a construção do conhecimento e, para tanto, nada melhor que estudar onde esse conhecimento nasce. Para Piaget a construção do conhecimento se dá na interação do sujeito com o meio em que está inserido, pois a cada interação os sujeitos desenvolvem conflitos que desencadeiam na necessidade de soluções. Essa busca, motivação, leva a novos conhecimentos. *Hereditariedade – todo se humano herda estruturas que são necessárias à construção de seus conhecimentos, essas estruturas são as físicas, neurológicas, os reflexos e o modus operandi. * Reflexo – os reflexos são necessários pois eles mostram como cada sujeito irá conhecer o mundo e desenvolver as estruturas mais complexas.* Conflito – desequilíbrio. * Equilíbrio – posição estável. * Equilibração majorante – sair de um estado menor de conhecimento para um estado de maior conhecimento.Assim, Piaget se dedica a compreender os estágios em que ocorreram essas grandes modificações. Estágio sensório-motor – 0-2 anos Nesse estágio o bebê conhece o mundo pelos seus sentidos e habilidades motoras. Estágio pré-operatório – 2-6 anos Esse período se inicia com o uso dos símbolos, a capacidade de brincar com o faz de contas e a linguagem. A criança utiliza os números, letras e outros símbolos para representar o mundo. Tal representação acontece a partir da visão da sua realidade e perspectiva própria. Nesse período, o que de mais importante acontece é o aparecimento da linguagem. Como decorrência do aparecimento da linguagem, o desenvolvimento do pensamento se acelera. A interação e a comunicação entre os indivíduos são as consequências mais evidentes da linguagem. Um dos mais relevantes é o respeito que a criança nutre pelos indivíduos que julga superiores a ela. Nesse período, a maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina (pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, segurar o lápis corretamente e conseguir fazer os delicados movimentos exigidos pela escrita). Estágio operatório concreto – 6-12 anos No estágio das operações concretas a criança realiza ações em pensamento (operações) com base em situações lógicas concretas. Esse estágio se utiliza dos símbolos nas formas convencionais e da lógica. Nessa idade a criança está pronta para iniciar um processo de aprendizagem sistemática. A criança adquire uma autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores morais. A grupalização com o sexo oposto diminui. A criança, que no início do período ainda considerava bastante as opiniões e as ideias dos adultos, no final passa a enfrentá-los. Estágio operatório formal – 12 anos em diante Nesse estágio já estamos falando dos adolescentes, para Piaget é o último estágio do desenvolvimento da lógica, no qual o sujeito é capaz de lidar e manipular abstrações, ideias e hipóteses. As ideias de Piaget serão a base para explicar o desenvolvimento cognitivo em cada fase do desenvolvimento mais adiante. O adolescente nesse período é capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça etc. É capaz de tirar conclusões de puras hipóteses. O alvo de sua reflexão é a sociedade, sempre analisada como possível de ser reformada e transformada. No aspecto afetivo, o adolescente vive conflitos. Psicanálise: A psicanálise também traz grande contribuição para a compreensão do ser humano. Nessa teoria de Freud o desenvolvimento afetivo e da personalidade aparece com grande destaque. Freud vai compreender os sujeitos a partir de seu inconsciente. Em um primeiro momento ele deixa claro que todo sujeito se comporta a partir dos conteúdos que tem em seu inconsciente. E todo sujeito tem uma energia interna, a libido, que proporciona o prazer e traz as forças motivadoras para os diferentes comportamentos do sujeito. Isso fundamenta a base da personalidade de cada um. Tratando de personalidade, para Freud esta se apresenta em três partes: o Id, o ego e o superego. * Id – inteiramente comandado pela libido, prazer inconsciente que impulsiona para realizações impulsivas. Opera desde o nascimento da criança com a busca da necessidade de se satisfazer. * Superego – se desenvolve na segunda infância, aproximadamente nos seis anos, e atua como um juiz moral que contém as regras da sociedade. *Ego – esta parte já de caráter consciente se desenvolve entre os dois ou três anos a partir das regras e limites impostos pelo superego, porém, sem violar o id, mantendo o equilíbrio sem conflitar com as três partes da personalidade. Vejamos estas fases ou estágios: 1ª Fase – oral Do nascimento ao primeiro ano a energia, libido, está centrada na boca, lábios e língua. Nesse período o desmame é a principal tarefa, exemplificando melhor, a criança sente seu prazer pela boca, compreende o mundo por essa região e constrói relação afetiva a partir desse evento, sendo assim, como a criança é alimentada, seu mundo e prazer se resumem à mãe ou àquele que a alimenta. Nessa fase as crianças têm a necessidade de colocar tudo na boca. Nesse período, como nos demais, há a necessidade de frustrar, adequadamente, as ações do bebê e, dependendo da forma que ocorre essa frustração, ocorre a fixação no adulto em áreas relacionadas a esse período, como é o caso de fumar, comer muito, beber, ser passivo etc. A frustração adequada em cada período se faz necessária para que neuroses sejam evitadas.2ª Fase – anal Esta se dá do primeiro aos, aproximadamente, três anos, tendo como foco a libidono ânus, trazendo como principal tarefa para o desenvolvimento o controle dos esfíncteres e o treinamento da higiene. Nessa fase se exige perceber a importância que a criança dá a sua produção, fezes, e com isso valorizar suas ações em direção ao sucesso e treinamento da higiene. Frustrações inadequadas nesse período podem caracterizar fixações de insegurança, excesso de ordem, obstinação ou o contrário, desordem e desorganização. 3ª Fase – fálica A fase fálica se dá dos três aos seis anos, aproximadamente. A energia libido está centrada nos órgão genitais. E é nesse período que a criança busca a identificação com seu genitor do mesmo sexo. Nesse momento também ocorre o Complexo de Édipo. Segundo Boyd e Bee: 4ª Fase – latência Nessa fase, dos seis aos 12 anos, deve-se observar que a libido não tem nenhum foco de centração, e por essa razão não há também fixações específicas, porém, é um período em que as crianças se identificam com os pares do mesmo sexo, desenvolvem atividades voltadas para o aspecto intelectual com grande destreza e também mecanismos de defesa. 5ª Fase – genital Passada a fase de latência, com aproximadamente 12 anos, o foco da energia libido são os genitais, por essa razão a principal tarefa do desenvolvimento dessa fase é a realização da intimidade sexual madura. Nesse período não encontramos nenhuma característica específica de fixação e, se ocorreu a integração dos estágios anteriores, neste acontece um sincero interesse pelo outro e o desenvolvimento de uma sexualidade madura. 1º Estágio Confiança versus desconfiança – de 0 a 1 ano O desafio dessa idade é desenvolver a percepção de que o mundo é seguro, um lugar bom. E como essa sensação se desenvolve? Para Erikson esse é o período em que a criança desenvolve o apego pelos cuidadores e, quanto mais apego essa criança desenvolver, mais facilmente entenderá que o mundo também é seguro. Outro fator correspondente a esse período, que implica o desenvolvimento da segurança, se relaciona com os cuidados que o bebê recebe do mundo que o cerca. Se os cuidados com a higiene não forem adequados, a criança percebe que o mundo a trata com desdém e ela não irá confiar nesse mundo instável e hostil. 2º Estágio Autonomia versus vergonha e dúvida – de 1 a 3 anos Nesse momento a criança começa a explorar o espaço que a cerca e, por desenvolver e utilizar suas novas habilidades, ela encontrará um ambiente de incentivo que lhe permite fazer escolhas ou um ambiente que a reprime, cheio de “nãos” por parte dos cuidadores. No ambiente que lhe possibilita escolhas ela desenvolverá a autonomia e independência, aprendendo o autocuidado e a realização de sua higiene. 3º Estágio Iniciativa versus culpa – de 3 a 6 anos As crianças nessa idade desenvolvem novas experiências e são capazes de organizar atividades com propósito, o que as leva à compreensão de êxito a partir de atitudes iniciadas. Porém, quando há o fracasso, a criança tem condições de lidar com eles compreendendo a sua atitude em cada atividade. Nesse período Erikson compreende que, devido ao Complexo de Édipo ou de Electra, a criança pode se sentir culpada pelo conflito com o progenitor do mesmo sexo. Nessa fase a assertividade toma corpo, e a agressividade também. 4º Estágio Produtividade versus inferioridade – dos 6 anos à adolescência A produtividade aqui também deve ser compreendida como competência. A criança nessa fase é capaz de desenvolver habilidades e ações competentes, o que a torna produtiva. Contrária a essa capacidade seria a incompetência para realizar atividades, o que poderá provocar na criança o sentimento de inferioridade. Nesse estágio as crianças são capazes de ter a compreensão das normas culturais, habilidades sociais, capacidade de trabalhar com os outros, utilizar e ter domínio de ferramentas. 5º Estágio Identidade versus confusão de identidade – adolescência Com as mudanças no desenvolvimento físico, há a necessidade de se adaptar a esse corpo. O mesmo ocorre em relação à busca da identidade, ao quem sou eu. O adolescente entra em um conflito emocional buscando estabilidade e definições que lhe ajudarão a definir sua identidade. Nessa busca ele desenvolve como característica positiva a fidelidade, capacidade de fazer escolhas quanto ao futuro e a busca de novos valores. 6º Estágio Intimidade versus isolamento – início da vida adulta – dos 18 aos 30 anos Essa fase trata do período em que a pessoa está pronta para viver com o outro em um relacionamento amoroso, ou seja, tem a capacidade de desenvolver um relacionamento íntimo que vai além do entusiasmo da adolescência. 7º Estágio Geratividade versus estagnação – dos 30 anos à velhice O adulto vive a fase de que ou produz agora ou ficará parado para o futuro. “Ou faço agora ou não farei mais.” Nessa fase da meia-idade o adulto revive o que fez pensando no que ainda pode fazer, como amar, criar os filhos, se realizar profissionalmente, se ocupar e se cuidar. Enfim, ele entende que ainda pode fazer e auxiliar os outros. 8º Estágio Integridade versus desespero – velhice Estágio marcado pela sabedoria, pois, ao observar a vida que viveu, faz uma avaliação encarando-a como satisfatória. Mas, se foi angustiante e não atingiu seus propósitos, tende a entrar em desespero por entender que lhe resta pouco tempo para realizar algumas coisas e há outras que não dá mais para fazer, o que leva à angústia e ao desespero. De modo geral, a Teoria Psicossocial de Erik Erikson colabora para a compreensão do desenvolvimento da personalidade e nos ajuda a explicar os diferentes comportamentos do ser humano, pois, para Erikson, cada um dos períodos é um período de conflito, crise, que precisa ser superado com equilíbrio e de forma satisfatória, pois a má resolução da crise tende a influenciar diretamente na característica da personalidade e o mesmo acontece com a resolução satisfatória. Essa teoria se limita a descrever apenas uma crise para cada período. Formação do vínculo O sucesso das relações entre as pessoas depende do entrosamento entre elas, e isso só é possível se houver um vínculo que garanta o entendimento e a comunicação. Para melhor compreender, vamos às explicações: Aplicada à Fisioterapia O apego é um vínculo emocional recíproco e duradouro entre um bebê e um cuidador, cada um deles contribuindo para a qualidade do relacionamento. O apego tem valor adaptativo para os bebês, assegurando que suas necessidades psicossociais, bem como físicas, sejam atendidas. Segundo a teoria etológica, bebês e pais possuem uma predisposição biológica para se ligarem um ao outro. A Teoria do Apego propõe que a segurança do apego influencia a competência emocional, social e cognitiva das crianças. A pesquisa tende a confirmar isso. Quanto mais seguro é o apego da criança a um cuidador, mais fácil parece ser para a criança posteriormente tornar-se independente daquele adulto e desenvolver boas relações com os outros. AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO, EMOCIONAL E SOCIAL DAS CRIANÇAS DE ZERO A 12 ANOS A fase que compreende os dois primeiros anos de vida é a que apresenta o ritmo de desenvolvimento mais acelerado e perceptível. Ao nascer, o neonatal possui uma inabilidade relativa e, progressivamente, em um curto período de tempo, torna-se capaz de se movimentar com desenvoltura, responder com maior precisão aos estímulos sensoriais e perceptivos além de iniciar o desenvolvimento da linguagem oral. DESENVOLVIMENTO NEONATAL: O nascimento de todo ser humano traz consigo uma série de desafios. Ao sair do útero da mãe, o recém-nascido está diante de um ambiente novo e totalmente diferente daquele onde esteve por nove meses. De forma abrupta, modifica oseu modo de respirar e alimentar, tendo que assumir funções que antes eram da mãe. A nova realidade impõe mudanças decorrentes da diferença entre o meio em que estava e o novo, ao qual precisa se adaptar. O bebê mal chega ao mundo e já precisa passar por uma série de procedimentos e testes para avaliar a saúde e as condições físicas de adaptação à vida extrauterina. Essas medidas adotadas consistem numa assistência preventiva que contribui para a redução da mortalidade neonatal e na identificação de possíveis problemas no desenvolvimento. Ao nascer, o bebê possui diversos reflexos originados no sistema nervoso central (SNC), indispensáveis à sua sobrevivência. Eles são usados como forma de interação e adaptação com o meio exterior. Esses reflexos consistem em respostas físicas involuntárias promovidas por um estímulo. A ausência, inibição ou excesso de algum deles em uma determinada fase do desenvolvimento é um indicativo de problemas neurológicos que podem comprometer o desenvolvimento da criança.Desenvolvimento físico-motor O crescimento físico nos dois primeiros anos de vida é rápido e notório. Nos primeiros doze meses o bebê cresce cerca de 25 cm, triplica o peso e adquire diversas habilidades motoras, amplas e finas. Desenvolvimento cognitivo o desenvolvimento cognitivo refere-se aos processos mentais que envolvem pensamento, aprendizagem, memória, atenção, percepção e linguagem. A cognição é a faculdade responsável pelo processo de aquisição e construção do conhecimento que explica. 1º subestágio – reflexo (nascimento a um mês): a criança exercita e adquire controle de seus reflexos primitivos. Coordena e aperfeiçoa, por exemplo, o reflexo de sucção, passando a sugar toda vez que os lábios são tocados. São as primeiras respostas aos estímulos recebidos. 2º subestágio – reações circulares primárias (um a quatro meses): o nome circular nesta fase se deve ao caráter repetitivo de exercitar os esquemas básicos no intuito de acomodá-los. Primário porque o bebê pratica e experimenta seus esquemas reflexivos de agarrar, sugar e ouvir. Nesse período, é capaz de olhar em direção a um estímulo sonoro, como a voz da mãe. 3º subestágio – reações circulares secundárias (quatro a oito meses): as ações do bebê não estão mais restritas a manutenção dos reflexos primários concentrados ao seu próprio corpo, uma vez que se torna mais consciente dos eventos exteriores. Este interesse pelo que ocorre no ambiente exterior o leva ao exercício, por tentativa e erro. Por isso, consegue, por exemplo, pegar um móbile e acompanhar o movimento de um objeto. Neste período, o bebê descobre, por acaso, que consegue fazer certas ações que lhe são agradáveis e as repete inúmeras vezes, experimentando suas potencialidades. 4º subestágio – Coordenação de esquemas secundários (oito a 12 meses): esta fase é marcada pelo início de um comportamento mais intencional. O bebê já é capaz de utilizar os esquemas já assimilados para atingir seus objetivos imediatos, como atirar um brinquedo ao chão, várias vezes, para perceber os diferentes barulhos que pode produzir. Não é capaz de planejar as suas ações, mas opera sob os fatos percebidos e circundantes. 5º subestágio – reações circulares terciárias (12 a 18 meses): ocorre um comportamento mais intencional, o que caracteriza a tentativa de um controle voluntário das próprias ações. Nesta fase, suas ações têm um caráter mais proposital, o que justifica balançar o chocalho para perceber o barulho ou sorrir diante de um rosto conhecido. 6º subestágio – primórdios da representação mental (18 a 24 meses): início do pensamento representacional ou simbólico. Esta fase é caracterizada pela percepção da existência de símbolos que representam eventos e objetos. Em vez de agir por tentativa e erro, a criança já começa a utilizar a dedução para resolver pequenos problemas, o que justifica o fato do bebê pensar em tirar um objeto que, a seu juízo, constitui um obstáculo ao engatinhar por um caminho. Desenvolvimento psicossocial Os fundamentos do desenvolvimento psicossocial nos dois primeiros anos de vida residem na compreensão das primeiras emoções e na relação afetiva entre o bebê e sua mãe (ou principal cuidador). Papalia (2001) afirma que é possível perceber algumas emoções nos recém-nascidos manifestadas pelo volume e intensidade dos gritos, no modo como sacodem as pernas e braços e na surpreendente maneira como se acalmam com o som da voz da mãe. Segundo Erikson (1976), entre zero e 18 meses a criança vive experiências que a permitirão aprender o que é ter ou não confiança. Esse sentimento está intrinsecamente ligado com o tipo de interação adquirido entre o bebê e a mãe. As relações afetivas com os pais tem um papel decisivo na formação da personalidade e identidade da criança, principalmente pela qualidade do cuidado dado aos bebês em relação às suas necessidades individuais. Desenvolvimento da linguagem: Tendo como pressuposto que a linguagem implica comunicação, não se pode dizer que a criança começa a usar a linguagem quando começa a dizer as suas primeiras palavras. Há diversas formas de o bebê se comunicar antes de chegar à linguagem oral. O choro, em seus diversos estilos, é uma dessas formas que o bebê usa para manifestar que está com fome, precisa trocar a fralda, está com cólica, fome, sono ou que está sentindo algum desconforto. De igual modo, os resmungos, sorrisos, caretas e gestos compõem um grande arsenal de recursos pré-linguísticos ou pré-verbais utilizados pelos bebês para se comunicarem. Desenvolvimento físico e motor: Ao observar as crianças de dois a seis anos brincando, um aspecto que não passa despercebido é a energia com que saltam, pulam, correm e também o prazer que sentem em se movimentar. Trata-se de um período em que o desenvolvimento físico ocorre de modo constante, porém mais lento, se comparado à fase anterior. O peso e a altura aumentam de modo mais previsível, sendo o crescimento anual de cinco a sete centímetros e cerca de dois a três quilos. Os profissionais da saúde utilizam uma métrica estatística para avaliar o peso e a altura considerados normais em cada idade e sexo: a Classificação Percentil. Trata-se de um valor de referência médio em torno do qual se distribuem os valores das curvas de referência, o que permite confrontar os dados avaliados aos valores de referência esperado para determinada idade. Desenvolvimento cognitivo: É também um período em que a curiosidade aumenta e, progressivamente, a criança deseja entender o como e o porquê as coisas acontecem, denominada “fase dos porquês”. Por volta dos três anos a criança adquire um pouco mais de autonomia, sendo que a maioria já deixou a fralda, consegue se alimentar sozinha (embora derrame e se suje) e manifesta seus interesses e preferências. Aos quatros anos está no ápice da brincadeira simbólica ou faz de conta, possibilitada pela função semiótica. A capacidade de usar símbolos, iniciada entre os 2 anos de idade, marca a transição do nível sensório-motor para o pré-operatório. Para Piaget a criança de dois a seis anos se encontra no período pré-operatório. Esse nome é compatível com um período anterior àquele que a criança consegue operar logicamente. Desenvolvimento da linguagem: O vocabulário da criança amplia de modo significativo dos dois aos seis anos, assim como a compreensão da sintaxe e da gramática da língua materna. Por volta dos dois anos a criança tem um vocabulário com cerca de 600 palavras, avançando para quase 15.000 palavras aos cinco anos,é de fundamental importância que os adultos que convivem com as crianças nessa fase as estimulem, introduzindo palavras novas ao seu vocabulário durante as brincadeiras, músicas, contaçõesde histórias e permitindo que elas interajam com outras crianças. Também é importante dar atenção e ouvir o que elas dizem, perguntando como foi o seu dia ou que relatem o que acharam de uma história ou filme que assistiram. Desenvolvimento físico-motor, cognitivo e psicossocial da criança de seis a 12 anos Nesse período as crianças adquirem mais força, velocidade, agilidade e resistência. Melhoram no equilíbrio, no controle postural, na coordenação e na precisão dos movimentos. Tornam-se mais fortes, rápidas e bem coordenadas, por isso adquirem mais autonomia para a realização das tarefas diárias. Também já conseguem desempenhar algumas atividades com um nível de execução mais elevado, como, por exemplo, tocar um instrumento musical, caso passem por uma instrução específica. Na terceira infância, o desenvolvimento físico não é tão rápido como nos períodos anteriores. Entre seis e 12 anos, geralmente, crescem cerca de cinco a sete centímetros e ganham 2,5 kg por ano. As meninas passam pelo surto de crescimento, atingindo cerca de 94% da altura adulta, enquanto os meninos chegam 84%.Desenvolvimento cognitivo Segundo Piaget (1967), na terceira infância a criança desenvolve o pensamento operatório-concreto, caracterizado pelo raciocínio indutivo e lógico. Esse desenvolvimento modifica a sua linguagem, aperfeiçoando as habilidades de conversação. Maneja a gramática e a sintaxe de modo mais refinado; em seus discursos as narrativas se tornam mais complexas, são inseridas a voz passiva e sentenças condicionais, bem como frases do tipo “É obvio!”, “É claro!” e “Então”. Desenvolvimento psicossocial A terceira infância é uma fase marcada pelo desenvolvimento da percepção das próprias competências por parte da criança. A construção do autoconceito é proporcionada pela capacidade de realizar uma autoavaliação; um olhar mais atento para si mesmo. Por iniciativa pessoal, ela começa a analisar o que consegue ou não desempenhar. Os parâmetros utilizados nessas avaliações sobre si estão associados às expectativas de aprendizagens e comportamentos para a faixa etária, geralmente compartilhados culturalmente. Aprender a ler e andar de bicicleta são exemplos dessas expectativas. Desenvolvimento atípico A criança ao longo do processo evolutivo pode apresentar algum problema de ordem biológica ou advindo do próprio meio que comprometerá o seu desenvolvimento. Algumas dessas alterações são percebidas no aspecto emocional, enquanto outras, no comportamento ou nas características físicas. O desenvolvimento na adolescência e a puberdade: Enxergar a adolescência para além de um tempo de espera para ingressar na vida adulta é recente. O conceito de adolescência ganhou força no século XX. Com o desenvolvimento da sociedade atual, cada vez mais complexa, estendeu-se a duração da fase adolescente que, até poucas décadas atrás, quase coincidia com a puberdade que, em geral, acontece dos 11 aos 13 anos de idade. O primeiro estudo publicado sobre essa fase da vida foi em 1904. Nos anos 1920 aparecem vários estudos sobre aspectos biológicos da adolescência, que se tornaram cada vez mais importantes para a compreensão da puberdade, entendida como o aspecto biológico da adolescência. A adolescência se caracteriza por ser uma fase do desenvolvimento em que o indivíduo estabelece sua identidade adulta a partir de internalizações e identificações ocorridas na infância, principalmente na relação com seus pais, mas também considerando as influências da sociedade em que está inserido. A adolescência é uma fase em que o desenvolvimento físico apresenta grandes transformações. Você conseguiria explicar quais são as diferenças entre adolescência e puberdade? Provavelmente você deve ter uma noção, mas para que possamos esclarecer sob o ponto de vista científico, vejamos: em geral, considera-se que a adolescência começa com a puberdade, processo que conduz à maturidade sexual ou fertilidade, ou seja, a capacidade de reprodução. As mudanças biológicas da puberdade, que sinalizam o fim da infância, resultam em rápido crescimento em altura e peso, mudanças nas proporções e na forma do corpo e obtenção de maturidade sexual. Essas mudanças físicas radicais fazem parte de um longo e complexo processo de amadurecimento que se inicia mesmo antes do nascimento, e suas ramificações psicológicas continuam até a idade adulta. Puberdade: Os termos puberdade e pubescência – derivados do latim pubertas, a idade da maioridade, e pubescere, apresentar cabelos no corpo – muitas vezes são utilizados como sinônimos de adolescência. Lembrando do que foi discutido no início desta unidade, a adolescência é uma invenção social. O conceito de puberdade está relacionado com transformações fisiológicas e é um fenômeno universal, que ocorre de forma semelhante na maioria dos seres humanos. As transformações físicas que ocorrem nessa etapa da vida dependem da ação do hipotálamo, que está situado na base do cérebro, cujos hormônios estimulam os ovários, os testículos e as glândulas adrenais a produzirem os hormônios sexuais que desencadeiam todo processo de crescimento físico e maturidade reprodutiva. Como características principais das transformações biológicas nos meninos temos: * surgimento de pelos nas regiões axilares (axila), inguinais (pubianos) e torácicos (peito); * aumento em volume dos testículos e tamanho do pênis; • crescimento de pelos faciais (barba); *oscilação com posterior entonação da voz; * alargamento da omoplata (escápula/ombros); * desenvolvimento da massa muscular * aumento de peso e estatura; * início da produção de espermatozoides. Nas meninas as mudanças se processam com: *expansão óssea da cintura pélvica (bacia); * início do ciclo menstrual; * surgimento de pelos nas regiões axilares (axila) e inguinais (pubianos); *depósito de gordura nas nádegas, nos quadris e nas coxas; * surgimento do broto mamário e desenvolvimento das mamas. Fases da adolescência: A adolescência é marcada pelas transformações psicossociais, sendo considerada a fase mais complexa e dinâmica, do ponto de vista físico e emocional, na vida do ser humano. Com o corpo em franco desenvolvimento, o jovem agora necessita se reconhecer física e emocionalmente. A adolescência pode ser dividida em duas fases principais. A primeira fase tem como marca intensos e repentinos impulsos eróticos e agressivos que, por sua vez, acabam gerando muitos conflitos internos e a busca do equilíbrio e da manutenção do controle. Os adolescentes, principalmente os meninos, precisam gastar muita energia no controle de sensações eróticas repentinas, e isso pode provocar certa inibição do potencial intelectual nesse período. Essa fase costuma terminar aproximadamente aos 16 anos. As características dessa primeira fase são: * rebelião contra os adultos e seus valores; *intenso narcisismo com acentuada preocupação com o próprio corpo; * busca por pertencer a um grupo, uma tribo; * impulsos e emoções sexuais se intensificam e ganham expressão, a princípio em fantasias, depois em atividades masturbatórias e a busca de relações sexuais; *aumento da agressividade; * aumento da capacidade intelectual e emocional; * mudanças repentinas e imprevisíveis de humor e comportamento. A segunda fase da adolescência, que acontece depois dos 16 anos, tem como característica uma maior estabilidade no que diz respeito às intensas oscilações hormonais e suas consequências. Com o apoio das identidades já adquiridas, se constrói um novo mundo social. Ao final dessa segunda fase o adolescente consegue: • efetuar a separação e independência dos pais; * estabelecer uma identidade sexual; * ser capaz de desenvolver uma atividade econômica;* desenvolver um sistema pessoal de valores morais; * ter capacidade de estabelecer relações amorosas duradouras; * regressar aos pais numa relação baseada em igualdade relativa. Os adolescentes demonstram condutas típicas desse período, dentre essas condutas evidenciam-se a busca de reconhecimento entre o grupo de pares e entre os adultos e o ingresso em atividades sociais, políticas e profissionais. Na nossa sociedade ocidental, a primeira oportunidade para exercer e usufruir as prerrogativas adultas ocorre na segunda fase da adolescência, como exemplo: votar; dirigir; fumar. É nesse momento que o adolescente entra no mundo adulto, embora nem sempre aceite as regras e valores impostos. Desenvolvimento psicossexual, psicossocial e cognitivo na adolescência: O desenvolvimento nessa etapa da vida não é apenas físico, mas também na maneira de raciocinar e de interagir com o mundo a seu redor. Para entender todo esse processo, primeiramente vamos explicitar o que significa desenvolvimento psicossexual, psicossocial e cognitivo. Desenvolvimento psicossexual: Esse impulso pela busca do prazer, libido, se manifesta no ser humano desde o início da vida. Freud demonstrou em sua teoria que o ser humano é movido por suas pulsões libidinais direcionadas à busca do prazer, e elas se manifestam muito precocemente. O desenvolvimento psicossexual foi classificado pelo autor em cinco fases, que, para ele, correspondem a estágios do desenvolvimento da personalidade: oral, anal, fálica, latência e genital, conforme a idade do indivíduo e a localização corporal da principal fonte de sentimentos prazerosos. Então podemos dizer que o desenvolvimento psicossexual se faz por meio dos vários estágios que correspondem à prevalência de diferentes zonas erógenas, isto é, de partes do corpo cuja estimulação pode produzir prazer. Desenvolvimento psicossocial: O segundo conceito é a configuração da identidade propriamente dita, período correspondente à adolescência (identidade x confusão de papéis), e o terceiro corresponde às três etapas finais da vida, em que cada uma delas corresponde a um momento de produção, quer ao nível interno ou social (intimidade x isolamento, generatividade x auto absorção, integridade do ego x desesperança). Todos sabemos que a adolescência é marcada como uma fase difícil tanto para o jovem quanto para a família, afinal, é como se os pais perdessem sua criança e precisassem então reconhecer o filho, que agora se apresenta com vontade própria e, na maioria das vezes, questionando e contestando tudo. É um momento complicado, e faz com que o jovem busque no grupo de amigos a referência para sua identidade. Assim, é possível que ele frequente diferentes grupos, sejam eles da escola, grupos religiosos ou outros de seu interesse. Todos os valores sociais e familiares são questionados nesse momento. O que até então era aceito sem dificuldades é agora contestado. Desenvolvimento cognitivo: Somente a partir da interação do sujeito com o meio e da experimentação do objeto a conhecer é que esse desenvolvimento vai acontecer. A experimentação e interação com o meio não constituem condições suficientes ao pleno desenvolvimento cognitivo, é necessário ainda o exercício do raciocínio, o processo interno de reflexão. A maneira de pensar e de raciocinar do ser humano sofre mudanças ao longo de seu desenvolvimento cognitivo. Ou seja, uma criança tem estruturas mentais diferentes de um adulto. A maneira como raciocina e encontra soluções para desafios e problemas que lhe são apresentados varia em função do estágio, período de desenvolvimento cognitivo em que esteja, conforme apontam estudos de Piaget (1973). Conflitos e crises da adolescência: As transformações corporais sofridas a partir da puberdade são vividas pelo adolescente, geralmente, com ansiedade. O ser humano nessa etapa da vida ainda possui um pensamento infantil, situado em um corpo que vai se transformando rapidamente sem que se tenha controle sobre ele. Não seria exagero dizer que, na realidade, o adolescente frente a essas mudanças é um mero espectador. A imagem e o esquema corporal também necessitam ser mudados, e isso se torna possível à medida que ocorre a elaboração da perda, do luto pelo corpo infantil. Há estudos que relacionam os lutos e as perdas vividas pelo adolescente. Lutos estes que se referem a aspectos infantis, alguns são perdidos e outros renunciados para darem passo ao crescimento, à maturidade e à vida adulta. A importância do grupo na adolescência: O grupo constitui a transição necessária entre família e o mundo externo para alcançar a individualização adulta. Assim, fazer parte de um grupo e ter um sentimento de pertencimento facilita ao adolescente estabelecer uma identidade adulta, pois permite o distanciamento necessário dos pais e, ao mesmo tempo, permite novas identificações, o que o leva a novas construções e reestruturações da personalidade. É possível dizer que atuações do grupo e dos seus integrantes representam a oposição aos pais e às regras preestabelecidas por eles, determinando uma identidade diferente à do meio familiar. Portanto, os grupos têm um papel fundamental na superação da confusão de papéis (assinalada por Erikson), típica da adolescência. A vida adulta e o processo de amadurecimento: A fase adulta, fenômeno do desenvolvimento humano, traz consigo novas responsabilidades, novos referenciais de existência e novas conquistas em busca de um melhor entendimento dessa importante e mais abrangente etapa da vida humana. Caracteriza-se como a fase mais longa da existência do ser humano, e por essa razão, merece especial atenção. A vida adulta jovem: A juventude é usualmente denominada segunda adolescência ou período de amadurecimento adolescente devido ao prolongamento da adolescência na sociedade contemporânea. É possível afirmar então que se trata de uma etapa artificial de transição, até o indivíduo chegar à autonomia e à responsabilidade plena. Durante esse período, do ponto de vista físico, os jovens geralmente se encontram em uma fase em que suas capacidades físicas e de saúde estão normais, sendo que é na fase adulta que se assenta a base para o funcionamento físico de todo o restante da vida. É também nesse período que estão no auge do funcionamento sensório e motor. O desenvolvimento cognitivo nessa fase: Em relação aos aspectos cognitivos do jovem adulto, as estruturas intelectuais se encontram em seu ponto mais alto. É possível que a escolha profissional seja feita pela conclusão do Ensino Médio ou pela continuidade dos estudos no Ensino Superior. A base dos relacionamentos íntimos tem início no começo da vida adulta jovem. Esse período é marcado por intensas mudanças nos relacionamentos pessoais, em que as pessoas estabelecem, renegociam ou consolidam laços baseados na amizade, na sexualidade e no amor. A idade adulta: Nessa fase, provavelmente já se tenha conseguido alcançar objetivos particulares, de família constituída, de emprego e de moradia. Mas é também um tempo de olhar tanto para frente como para trás, ou seja, para aquilo que já se viveu e para o que ainda se viverá. O conceito de maturidade refere-se à evolução, que chega ao fim previsto; amadurecer como movimento de progredir em direção a uma determinada meta. O amadurecimento pessoal é atingido gradualmente ao orientar a sua vida segundo o sentido da sua existência. Vida adulta tardia ou segunda vida adulta: À medida que o tempo passa, os traços de personalidade tanto positivos quanto negativos vão se cristalizando e solidificando. Dessa maneira torna-se mais difícil nessa fase da vida aceitar e produzir mudanças em si mesmo. Esta é também uma etapa em que a “mascarasocial” utilizada nos relacionamentos como forma de ser aceito vai deixando de existir, cedendo lugar a um ego mais austero. Segundo Erikson (1983), o ego pode atingir a integridade, que é própria da vida adulta tardia. A integridade está associada à segurança acumulada do ego. Quem tem integridade está sempre pronto para defender a dignidade de seu próprio estilo de vida, e significa também a aceitação do próprio ciclo vital. Cognição: Ainda que as alterações nas capacidades de processamento possam refletir deterioração neurológica, existe grande variação individual, sugerindo que os declínios no funcionamento não são inevitáveis e que podem ser prevenidos. Em relação à cognição, a aprendizagem vitalícia pode manter pessoas mais velhas mentalmente alertas. É necessário, entretanto, que materiais e métodos sejam adaptados às necessidades dessa faixa etária, pois assim os adultos mais velhos terão sua capacidade de aprender ampliada. Velhice: As pesquisas científicas sobre a velhice, seus processos e enfrentamentos são muito recentes, assim como é recente o desenvolvimento na medicina e na psicologia das especialidades em gerontologia (geriatria) e psicogerontologia (psicologia evolutiva da velhice). Esta última se desenvolveu praticamente a partir da década de 1960. O interesse tardio pela pesquisa no que se refere à pessoa idosa se justificou pelo fato de que essa população era demograficamente pequena, pois o tempo de vida médio calculado para alguns povos da Antiguidade era de aproximadamente 30 anos. Dessa forma os idosos representavam uma minoria, que por terem conseguido sobreviver e terem com isso acumulado experiências de vida eram muito valorizados. Velhice e aspectos físicos: As modificações corporais são mais perceptíveis entre 75 e 80 anos. São elas: • Modificações corporais: o idoso encurva-se, os ligamentos e articulações enrijecem-se, ossos frágeis, perda da elasticidade, do tecido muscular, atividades metabólicas e respiratórias diminuem, perda de mobilidade, agilidade, autonomia. Irrigação sanguínea diminui, afetando as extremidades (cérebro). Diminui a função sensorial: visão, audição, perda gustativa, olfativa, necessidade de próteses. Acontece também a perda de reflexos. • Embora o cérebro mude com a idade, as mudanças ali processadas variam consideravelmente e geralmente são modestas. Elas incluem perda ou redução das células nervosas e um retardo geral das respostas. Contudo, o cérebro também parece ser capaz de produzir novos neurônios e de formar novas conexões posteriormente na vida. A vida sexual do idoso: A sexualidade do idoso foi negada durante muitos anos, principalmente antes da redefinição do conceito introduzido por Freud. Embora essa escola considere que aceitar a sexualidade dos idosos significa aceitar a sexualidade dos próprios pais, que se estende geralmente a todas as pessoas mais velhas, muitos ainda encaram o idoso como alguém sem capacidade sexual e as relações sexuais nessa fase de forma preconceituosa. O fator mais importante na manutenção do funcionamento sexual na terceira idade é a atividade sexual regular ao longo dos anos. Um homem saudável que se manteve sexualmente ativo geralmente pode continuar alguma forma de expressão sexual ativa durante os 70 ou 80 anos. As mulheres são fisiologicamente capazes de atividade sexual ativa durante toda a vida; o principal obstáculo para uma vida sexual satisfatória para elas tende a ser a ausência de um parceiro. Cognição: As funções psicológicas atingem seu ponto máximo em momentos diferentes. Com a idade aumentam as faculdades compreendidas no conceito de inteligência cristalizada (conhecimentos gerais, saber com base na experiência, vocabulário, compreensão da linguagem). No que se refere à aprendizagem, há diferenças significativas entre adultos e os idosos. Os idosos necessitam de mais tempo e material mais organizado e menos complexo. Os idosos estão mais sujeitos a perturbações no processo de aprendizagem. A aprendizagem global é mais favorável para essa população. A decadência do rendimento intelectual é maior no caso do idoso que tem menor formação intelectual. A função intelectual, a memória e a aprendizagem são as mais questionadas no rendimento senil. Porém, pesquisadores atuais enfatizam as diferenças qualitativas entre o idoso e o jovem ou o adulto em seus desenvolvimentos e conquistas. Modificações da personalidade: Também é característica da personalidade do idoso a tendência à regressão e a retração do mundo externo para o interno. Juntamente com a regressão, a negação é outra das defesas próprias desse momento. Observa-se a negação seletiva em que a pessoa tende a negar a existência daquilo que lhe é penoso. A personalidade como constante relação entre o eu e o mundo, nesse momento da vida, é objeto de retraimento, de um voltar-se para o interior cada vez maior. De acordo com Griffa e Moreno (2001), disso decorrem a elevação das defesas diante do externo e a dor provocada pelos aspectos perdidos da personalidade, que sempre estão em um processo de mudança contínuo. MORTE: Morrer, cientificamente, é deixar de existir; quando o corpo acometido por uma patologia ou acidente qualquer tem a falência de seus órgãos vitais, tendo uma parada progressiva de toda atividade do organismo, podendo ser de uma forma súbita (doenças agudas, acidentes) ou lenta (doenças crônico-degenerativas), seguida de uma degeneração dos tecidos. A morte não é somente um fato biológico, mas um processo construído socialmente, que não se distingue das outras dimensões do universo das relações sociais. Assim, a morte está presente em nosso cotidiano e, independentemente de suas causas ou formas, seu grande palco continua sendo os hospitais e instituições de saúdeAs reações de uma pessoa frente a sua própria morte são as seguintes: • negação; • raiva; • barganha por mais tempo; • depressão; • aceitação. As reações de uma pessoa frente à morte de um ente querido são: • choque e descrença; • preocupação com a memória da pessoa falecida; • resolução. Embora a morte se associe a sentimentos como dor, tristeza, medo, perda e ruptura, permite também que a pessoa entre em contato com a sua potência, capacidade de amar, de se vincular e estar vivo. Pode ser também que a possibilidade de transformação e da morte faça emergir uma nova vida, como, por exemplo, o que ocorre na transição entre a infância e a adolescência. Conforme vimos durante o percurso estudado, o adolescente tem que elaborar uma série de lutos, é um processo doloroso, mas dele emerge uma nova possibilidade de ser no mundo. Outro aspecto relevante é que muitas vezes a maioria das pessoas descreve as mortes como inesperadas, porém, não há certeza maior do que a da morte. Philippe Ariès (1981) descreveu várias representações da morte: • morte domada; • morte de si mesmo; • vida no cadáver ou vida na morte; • morte do outro; • morte invertida. O luto é compreendido como um processo que congrega inúmeras reações diante de uma perda. A dor, a doença e a morte O idoso e sua família enfrentam a dor, a doença e a morte agregando a esse momento a figura do médico. Esse triângulo que compreende ancião-família-médico interage de diferentes formas. Refletindo sobre religião e bem-estar emocional na velhice: Segundo dados de outra pesquisa, afro-americanos idosos são mais envolvidos em atividades religiosas do que brancos idosos, e as mulheres são mais envolvidas do que os homens. Idosos negros que se sentem apoiados por sua igreja tendem a relatar níveis mais elevados de bem-estar; quanto mais ativamente religiosos, mais satisfeitos são com suas vidas. Podemos a partir desses resultados perceber que o envolvimentoreligioso, independentemente do tipo, tem um impacto positivo sobre a saúde física e mental e sobre a longevidade. Isso é verdade independentemente de gênero, raça, etnia, educação e condição de saúde, e também pode estar em parte relacionado com a disponibilidade de apoio social em época de necessidade.
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