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ADM I parte introdutória.

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UNESA.
Direito Administrativo I.
Profª Patrícia Knöller.
1) Conceito de Direito Administrativo: “é o conj. de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir”. (José dos Santos Carvalho Filho)
Direito Administrativo é um ramo do direito público e toda controvérsia ou litígio entre a Administração Pública e o particular resolve-se perante o Poder Judiciário, devido ao sistema de jurisdição una ou única adotado em nosso ordenamento jurídico – pois não temos o sistema do contencioso administrativo (sistema francês, onde as causas de interesse da Administração Pública não são julgadas pelo Poder Judiciário, mas por órgãos administrativos).
2) Fontes do Dir. Administrativo: lei (primária), doutrina, jurisprudência, costumes e analogia (secundárias).
3) Administração Pública: é o conj. de agentes, órgãos e entidades que integram a estrutura administrativa do Estado. Envolve atividade de gestão dos interesses e das necessidades em benefício da coletividade.
	
Atenção! Adm. Pública e Governo não são sinônimos! A Administração não pratica atos de governo, apenas atos de execução, de acordo com a competência de determinado órgão e de seus agentes. Governo é objeto de dir. Constitucional, enquanto Adm. Pública é objeto do Dir. Administrativo. Governo envolve atividade política e discricionária. A Adm. Pública irá materializar a opção política do Governo através de seus órgãos. O Governo fará uso da Administração Pública para atingir a finalidade pública = bem da coletividade. 
	
Logo, a Adm. Pública não pratica atos de governo. E a função administrativa não é monopólio do Poder Executivo, cabendo apenas a este exercer a função administrativa do Estado como função típica.
	
Atenção! Administração Pública (maiúscula) = designa o conj. de órgãos e entidades que exercem a função administrativa do Estado, é o Estado-Administração = sentido subjetivo.
		 
 administração pública (minúscula) = designa a função administrativa do Estado, distinta da função legislativa e jurisdicional = sentido objetivo.	
4) Função administrativa: “é a função em que o Estado ou quem lhe faça as vezes exerce na intimidade de uma estrutura e regime hierárquico e que se caracteriza por ser desempenhada por comportamentos infralegais, submissos a controle de legalidade pelo Poder Judiciário” (Celso Antônio Bandeira de Mello).
	A função administrativa tem sido considerada de caráter residual, pois, o que não caracterizar função legislativa ou judicial, refletirá o exercício da função administrativa, atendendo às necessidades de comando, planejamento, coordenação e exercício do cumprimento da ordem legal e da gestão dos interesses da coletividade.
5) Natureza jurídica e fins da Adm. Pública: sua natureza é a de um “múnus público”, que se caracteriza por um “dever de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade” (Hely Lopes Meirelles). Assim, a defesa do interesse público corresponde ao próprio fim do Estado.
6) Processo de criação da estrutura da Adm. Pública Brasileira:
A estrutura da Administração Pública brasileira é criada por dois grandes processos, o processo de descentralização e o processo de desconcentração. 
Desconcentração administrativa = subdivisão interna de uma pessoa jurídica que já existe, (não há criação de nova pessoa jurídica) que, por sua vez, será fragmentada em órgãos, pressupondo, portanto, que haja hierarquia e subordinação.
Ex: A União, que para melhor exercer a sua função, através da desconcentração, cria a Presidência da República, Ministérios, Secretarias, Departamentos, e o mesmo se dá com os Estados e Municípios.
 
 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA
 união
 
 presidência (Órgãos do executivo)
 da
 república
 Ministérios
 SECRETARIAS
Atenção! Órgão não é uma pessoa jurídica, ele está numa pessoa jurídica. A Presidência da República não é uma pessoa jurídica, é um órgão da pessoa jurídica União.
Falar-se em Administração Pública Direta é falar-se em entes federativos (U, E, DF e M). Executa diretamente o serviço público, por sua conta e risco próprios. A Adm Pública Direta ou centralizada são os órgãos do Poder Executivo. 
Órgão público é um centro de competência. Órgão não é pessoa jurídica, é um centro de competência ou uma universalidade reconhecida. Os órgãos públicos são criados através do processo de desconcentração administrativa.
	Note-se que na estrutura dos órgãos é onde os cargos públicos se situam e neles a pessoa física (agente público) poderá ser investida. Os atos praticados pela pessoa física, administrativos ou não, são atribuídos ou imputados à pessoa jurídica (um órgão público ou uma entidade estatal ou da Administração).
Existem hoje três teorias que acolhem e defendem a tese da atuação da pessoa física ser respondida pelo Estado.
6.1) Teorias do Órgão: 
Teoria do mandato: pela qual os agentes públicos seriam os mandatários do Estado (mas quem teria outorgado esse mandato?).
Teoria da representação: pela qual os agentes públicos seriam os representantes do Estado (mas o instituto da representação não é para os incapazes?)
Teoria da imputação volitiva (de Otto Gierke) ou Teoria do Órgão: pela qual a vontade do órgão público é IMPUTADA à pessoa jurídica a cuja estrutura pertence este órgão. Logo, órgãos são “centros de competências administrativas”. Esta é a teoria vigente na atualidade!
Assim, os órgãos apresentam três características marcantes: 1. ausência de personalidade jurídica; 2. ausência de patrimônio próprio; 3. ausência de capacidade processual.
Atenção! Diferença entre capacidade processual e capacidade judiciária do órgão: se órgão não possui personalidade judiciária, logo, não poderá ele litigar, devido à sua incapacidade processual. Então, como explicar que alguns órgãos litigam?? 
Tal condição só será atribuída aos órgãos de dicção constitucional, como o Ministério Público, Defensorias Públicas, Procuradorias etc., podendo litigar na condição de AUTORES (nunca como réus!), quando a eles, será atribuída a capacidade judiciária (ou personalidade judiciária – STF). Ex: ALERJ é órgão público, não tem personalidade jurídica. Logo, quem responde por seus atos é o Estado do Rio de Janeiro, que tem personalidade jurídica de direito público. Mas a Const. Estadual confere personalidade judiciária para atuar em Juízo para a defesa de suas prerrogativas, quando violadas por outro Poder. (Ex: O Chefe do Executivo se nega terminantemente em repassar uma verba que, por exemplo, a Câmara faz jus a receber.) 
6.2) Classificação dos órgãos:
Quanto à atuação funcional, podem ser órgãos singulares ou colegiados.
A) Singulares: são os que agem e atuam por meio de um só agente, que é o seu titular, quem tem poder de decisão. Ex: Secretarias de Estado; Presidência da República; Ministérios.
	B) Colegiados: são compostos por diversos membros, em que a decisão é conjunta, mediante deliberação. Ex: Tribunais; Congresso Nacional; Conselho de Contribuintes.
Quanto à composição dos próprios órgãos, podem ser simples ou compostos.
Simples: são as menores unidades de atuação da Administração Pública, não possuindo subdivisões, são órgãos de uma única competência. Ex: Seções das repartições públicas (estão todas dentro do MESMO órgão); Procuradoria Regional do Banco Central no RJ.
Compostos: existe subdivisão em vários outros órgãos, hierarquicamente inferiores. Ex: Ministérios(Min. Da Justiça, do qual faz parte o Departamento de Polícia Rodoviária Federal) e Secretarias de Estado.
Quanto à posição que ocupam na estrutura estatal, podem ser órgãos independentes, autônomos, superiores ou subalternos.
Independentes: são os órgãos criados ou previstos pela CF, formados por agentes políticos, estão no ápice da pirâmide da organização governamental de cada Poder. Ex: Executivo: Presidência da República; Governadorias; Prefeituras. Legislativo: Congresso nacional; Assembléias legislativas; Câmaras Municipais. Judiciário: STF; STJ; TRFs e Juízes Federais; TST e Varas do Trabalho; TSE; STM; TRMs; TJs; TJúri e Varas de Juízo Comum.
Autônomos: estão diretamente subordinados aos chefes dos órgãos independentes, mas têm amplo poder normativo, técnico e decisório. Nesse sentido, são órgãos autônomos. Ex: Ministérios; Secretarias Federais, Estaduais e Municipais; AGU.
Superiores: são subordinados aos órgãos autônomos, não têm autonomia administrativa nem financeira. Ex.: Secretaria da Receita Federal, órgão subordinado ao Ministério da Fazenda; Superintendências; Gabinetes.
D) Subalternos: subordinados a todos os outros órgãos, têm reduzido poder decisório, exercendo basicamente funções rotineiras e de atendimento aos usuários. Ex: Serviços e Seções.
Descentralização administrativa = por este processo cria-se uma pessoa jurídica nova, via lei ou contrato administrativo. Trata-se de opção política do Estado, que pode escolher desempenhar a função administrativa diretamente ou indiretamente.
	
Quando se cria uma nova pessoa jurídica esta recebe o nome de entidade administrativa (e não de órgão!). O Estado poderá criar esta entidade via outorga ou via delegação. Na outorga, o Estado, ao criar uma nova pessoa jurídica, estará lhe repassando a titularidade e a execução do serviço ou atividade pública, enquanto que, na delegação, o Estado transferirá apenas a execução do serviço ou atividade pública, nunca a sua titularidade.
	
Na descentralização administrativa, quando a execução das tarefas administrativas é transferida para outras pessoas jurídicas diferentes daquelas que as criaram, os serviços públicos serão desempenhados de forma indireta pelo Estado, mais especificamente através da Administração Pública Indireta (que passa a ter uma relação de VINCULAÇÃO com a Administração Pública Direta, sua criadora). 
	
Por sua vez, a Administração Pública Indireta é formada (art. 4º, II e suas alíneas, do DL nº 200/67) por Autarquias (ex: INSS), Empresas Públicas (ex: CEF), Sociedades de Economia Mista (ex: Petrobrás) e Fundações Públicas (ex: FIOCRUZ), cujo estudo detalhado de cada uma destas entidades será alvo da disciplina de Dir. Administrativo II.
ÓRGÃO 
PÚBLICO
DELEGAÇÃO
OUTORGA
CRIA UMA NOVA PESSOA JURÍDICA INDEPENDENTE 
As leis instituidoras das agências reguladoras estabeleceram um processo peculiar de nomeação de seus dirigentes, não sendo através de concurso público, provimentos de cargos de confiança através da livre nomeação ou contratação excepcional de mão-de-obra temporária.
A diretoria é composta através da escolha dos dirigentes (pessoas de reputação ilibada e notório saber do setor regulado) pelo Chefe do Poder Executivo, passando em seguida pela aprovação do Poder Legislativo, conhecido como sabatina do Congresso.
Trata-se portanto de agentes políticos e não de agentes administrativos, não tendo que estar portanto submetido às condições de “contratação” do servidor público nas formas vistas (concurso, livre nomeação ou temporário). Submetem-se, os dirigentes das agências reguladoras, a critérios definidos em lei, que determina a forma e as condições de sua contratação e sua exoneração, não podendo sê-la feita senão nas hipóteses legalmente autorizadas.
Deve ainda a lei estipular que durante o mandato ou na quarentena posterior a ele não poder os dirigentes da agência manter qualquer vínculo com o concedente, concessionário ou associação de usuários.A JURÍDICA
NÃO CRIA UMA NOVA 
PESSOA JURÍDICA
DESCENTRALIZAÇÃO
DESCONCENTRAÇÃO
DESCENTRALIZAÇÃO
PROCESSO DE CRIAÇÃO 
DA ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

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