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STF Informativo mensal março 2018

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1 
Março/2018 
 
Sessões de 26 de fevereiro a 16 de março de 2018 
 
77 
número 
 2 
 
 
Março de 2018 
Compilação dos Informativos nos 892 a 894 
 
 
O Informativo por Temas apresenta todos os resumos de julgamentos divulgados pelo 
Informativo STF concluídos no mês a que se refere e é organizado por ramos do Direito e por 
assuntos. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Direito Administrativo 
 
Controle de Constitucionalidade 
Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro 
Intervenção no Domínio Econômico 
Correção monetária e planos econômicos 
Meio Ambiente 
Código Florestal e constitucionalidade 
 
Direito Civil 
 
Pessoas Naturais 
Transgêneros e direito a alteração no registro civil 
 
Direito Constitucional 
 
Liberdade de Expressão 
Reclamação: ADPF 130/DF e censura 
Medida Provisória 
Medida Provisória e Decreto Legislativo 
Medida Provisória e FGTS 
Regime Próprio e Previdência Social 
Vício de iniciativa e fonte de custeio 
 
Direito Eleitoral 
 
Eleições 
Fundo Partidário e recursos destinados às candidaturas de mulheres 
Vacância de cargos políticos e eleições 
Vacância de cargos políticos e procedimento eleitoral 
 
Direito Penal 
 
Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral 
Desacato praticado por civil contra militar e constitucionalidade 
Incitação à Discriminação Religiosa 
Incitação à discriminação religiosa e liberdade de expressão 
 
Direito Processual Civil 
 
Desistência de Recurso 
Fixação de Preços de Medicamentos e Valores Diferenciados 
Recurso 
 3 
Recurso extraordinário e acordão proferido em processo administrativo 
 
Direito Processual Penal 
 
Ação Penal 
Prazo decadencial e direito de representação 
Conflito de Competência 
Terras indígenas em conflito de competência 
Execução Penal 
Execução provisória da pena e trânsito em julgado 
Habeas Corpus 
Decisão judicial transitada em julgado e “habeas corpus” 
Independência funcional das instâncias do Ministério Público 
 
 
 4 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
Controle de Constitucionalidade 
 
Fiscal de Rendas do Estado do Rio de Janeiro 
O Plenário concluiu julgamento de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada 
contra o inciso VII do parágrafo único do art. 118 da Constituição do Estado do Rio de 
Janeiro, que estabelece a adoção de lei complementar para disciplinar a lei orgânica da 
carreira de fiscal de rendas, bem como a totalidade da LC estadual 107/2003, que, 
alterando a LC estadual 69/1990, dispõe sobre as condições para a ocupação de funções 
de chefia e assessoramento superior dos órgãos de direção de fiscalização e tributação e 
dá outras providências (Informativos 328 e 350). 
 
Preliminarmente, o Colegiado, por maioria, não conheceu da ação direta quanto ao 
art. 30 da LC estadual 107/2003, por falta de fundamento. 
 
No mérito, o Tribunal, também por maioria, julgou o pedido parcialmente 
procedente, para: a) declarar a constitucionalidade dos arts. 1º, 6º a 14, 17 a 19, 23, 25, 
26, 28 e 29 da LC estadual 107/2003; e do art. 105, VI, da LC estadual 69/1990, na 
redação dada pelo art. 15 da LC estadual 107/2003; b) declarar a inconstitucionalidade 
dos artigos 5º e parágrafo único, 6º, e 81, “caput”, da LC estadual 69/90-RJ, na redação 
dada pelos artigos 2º, 3º e 5º da LC estadual 107/2003-RJ; c) declarar a 
inconstitucionalidade do art. 105, V e IX, da LC estadual 69/1990, na redação dada pelo 
art. 15 da LC estadual 107/2003; d) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 105, 
VII e VIII, da LC estadual 69/1990, na redação dada pelo art. 15 da LC estadual 107/2003, 
no sentido de tornar facultativa a participação dos representantes da OAB/RJ e do 
CRC/RJ no Conselho Superior da Fiscalização Tributária; e e) declarar a 
inconstitucionalidade da expressão “um entre os membros do Ministério Público e um 
representante da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção RJ”, constante do art. 110 da 
LC estadual 69/1990, na redação dada pelo art. 19 da LC estadual 107/2003. 
 
Vencidos, em parte, os ministros Marco Aurélio (relator), Rosa Weber e Celso de 
Mello. 
 
ADI 2877/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, 
julgamento em 8.3.2018. (ADI-2877) 
Parte 1: Parte 1: 
(Informativo 893, Plenário) 
 
Intervenção no Domínio Econômico 
 
Correção monetária e planos econômicos 
O Plenário, em conclusão de julgamento no qual se discutiu o direito a diferenças de 
correção monetária de depósitos em cadernetas de poupança, por alegados expurgos 
inflacionários decorrentes dos efeitos dos planos econômicos denominados Bresser, Verão, 
Collor I e Collor II, homologou acordo firmado entre poupadores e instituições financeiras — 
exceto no que tange ao plano Collor I (Informativos 730 e 748). 
 
Os termos do acordo preveem o pagamento de mais de 12 bilhões de reais aos 
poupadores, que serão inscritos em plataforma digital preparada pelo CNJ. Os bancos irão 
analisar os requerimentos dos interessados, que terão direito de recorrer a nova análise. Os 
pagamentos serão feitos nas contas correntes dos beneficiários, que receberão os respectivos 
valores à vista ou parceladamente, a depender do montante. 
 5 
 
Terão direito à reparação todos que haviam ingressado com ações coletivas e individuais 
para cobrar das instituições financeiras os valores referentes às correções. No caso das ações 
individuais, poupadores ou herdeiros que ingressaram judicialmente dentro do prazo 
prescricional de 20 anos da edição de cada plano também poderão receber os valores. 
Igualmente poderão aderir os poupadores que, com base em ações civis públicas, requereram 
execução de sentença coletiva até 31.12.2016. 
 
O Colegiado, inicialmente, considerou viável o acordo no âmbito de processo objetivo. 
Esclareceu haver, no bojo da ação, notável conflito intersubjetivo, que comporta solução por 
meio de acordo apresentado para homologação. Assim, ao homologá-lo, o STF não chancela 
nenhuma interpretação peculiar dada à lei. Pelo contrário, não obstante o ajuste veicule diversas 
teses jurídicas, a homologação não as alcança, nem as legitima, e abrange apenas as disposições 
patrimoniais firmadas no âmbito de disponibilidade das partes. Portanto, a homologação apenas 
soluciona um incidente processual, para dar maior efetividade à prestação jurisdicional. 
 
O Tribunal assinalou, ainda, que a ausência de disposição normativa expressa no que 
concerne a associações privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a existência de 
previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de que somente 
podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer tudo que a lei 
não proíbe. 
 
Estabeleceu haver cinco pontos passíveis de exame pelo julgador quanto à viabilidade do 
acordo: a) se realmente houve declaração de vontade de reconhecer o pedido, de renunciar ao 
direito ou de ajustar mútuas concessões entre as partes; b) se a matéria comporta ato de 
disposição; c) se os contratantes são titulares do direito do qual dispõem total ou parcialmente; 
d) se são capazes de transigir; e e) se estão adequadamente representados. 
 
Constatou que os requisitos previstos nos itens “a”, “b” e “d” estão preenchidos. Por sua 
vez, no que se refere ao item “c”, ante previsão no acordo que, supostamente, prolongaria, por 
mais dois anos, a suspensão processual à qual estão sujeitas as ações relativas aos planos 
econômicos, deduziu não ser correta a interpretação. A aludida cláusula prevê, apenas, que 
decorrido o prazo de dois anos, não será mais possível aderir ao acordo, hipótese em que ações 
judiciais prosseguirãoem seu normal andamento. Como não foram as partes que 
convencionaram a suspensão dos processos, elas não teriam competência para fazer persistir 
ou cessar a suspensão. 
 
A respeito do item “e”, o Colegiado afirmou que o acordo foi firmado por entidades com 
relevante histórico de defesa dos interesses de seus associados e com notório interesse e 
participação em ações coletivas relativas ao tema dos planos econômicos. Ressalvou que 
representatividade adequada não previne maus acordos, mas consiste em salvaguarda para 
proteger os interesses de natureza coletiva. A esta salvaguarda, somam-se outras de igual 
envergadura nos presentes autos: a) publicidade ampla a todos os atos processuais e ao acordo 
coletivo; b) admissão de inúmeros “amicus curiae”; e c) a complementação da atuação das 
partes pela fiscalização do Ministério Público, com legitimidade ampla e independência 
funcional para tutelar direitos coletivos. 
 
Apesar da existente controvérsia sobre a justiça do acordo, a incerteza sobre o resultado 
final do litígio e a existência das mencionadas salvaguardas recomendam a homologação da 
avença, com a possibilidade de os interessados aderirem a ela se desejarem. 
 
Além disso, a disseminação das lides repetitivas no cenário jurídico e a possibilidade de 
solução por meio de processos coletivos estimula o STF a estabelecer parâmetros importantes 
para inúmeros casos análogos, conferindo maior previsibilidade a esses litígios. 
 
No que tange aos honorários advocatícios, a despeito da racionalidade firmada no acordo, 
segundo a qual a efetivação dos direitos coletivos é, em regra, individualizada, evoluções na 
 6 
legislação processual conduzem a interpretação no sentido de ser possível e recomendável a 
execução coletiva mandamental. 
 
As disposições do acordo que estabelecem percentuais fixos a serem pagos a título de 
honorários, quando confrontadas com casos em que a verba foi fixada judicialmente em valor 
superior, portanto, não violam direitos dos causídicos. 
 
Isso porque, em primeiro lugar, para os autores individuais e para os exequentes das ações 
coletivas transitadas em julgado, o caráter voluntário do acordo está integralmente preservado. 
Além disso, se a parte e seu advogado decidirem, em conjunto, aderir ao acordo, o ato é 
duplamente voluntário. Se, entretanto, apenas a parte aderir, cabe um acordo privado entre ela 
e seu advogado, ou solução por meio das regras relativas ao contrato de mandato. 
 
No que tange aos exequentes individuais de ações coletivas ainda não transitadas em 
julgado, em que a adesão é obrigatória e o título executivo judicial não está plenamente 
formado, exige-se atenção diferenciada, porque o Ministério Público tem atuado de forma 
preponderante no processo coletivo. A excepcionalidade da tutela privada de interesses 
públicos por meio de ações coletivas decorre da ausência de incentivos financeiros para a 
atuação da sociedade civil. 
 
Assim, é responsabilidade do Judiciário superar as deficiências do sistema processual 
coletivo. O acordo em análise representa oportunidade de firmar incentivos reais para estimular 
as associações a assumir papel mais ativo na atuação processual coletiva, já que elas dispõem 
de vantagens institucionais para agir em nome do particular lesado. 
 
O acordo deve ser, portanto, homologado como proposto, de maneira a pacificar a 
controvérsia espelhada nos autos, sem que isso implique qualquer comprometimento do STF 
com as teses jurídicas nele veiculadas, especialmente aquelas que pretendam, explícita ou 
implicitamente, vincular terceiras pessoas ou futuras decisões do Judiciário. 
 
ADPF 165/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1º.3.2018. (ADPF-
165) 
Parte 1: Parte 1: 
Parte 2: Parte 2: 
(Informativo 892, Plenário) 
 
Meio Ambiente 
 
Código Florestal e constitucionalidade 
O Plenário concluiu julgamento conjunto de ações diretas de inconstitucionalidade 
e de ação declaratória de constitucionalidade em que se discute diversos dispositivos da 
Lei 12.651/2012 (Código Florestal) (Informativo 884 e 891). 
 
O Tribunal julgou parcialmente procedente a ADC 42, para: i) por maioria, 
vencidos os Ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes, e, em parte, o Ministro Alexandre 
de Moraes, declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e 
“instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou 
internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b; ii) por maioria, dar interpretação conforme a 
Constituição ao art. 3º, VIII e IX, de modo a se condicionar a intervenção excepcional em 
APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou 
locacional à atividade proposta, vencidos, em parte, os Ministros Gilmar Mendes e Celso 
de Mello; iii) por maioria, reconhecer a constitucionalidade do art. 3º, XIX, vencidos, em 
parte, os Ministros Cármen Lúcia (Presidente) e Ricardo Lewandowski, que declaravam 
inconstitucional, por arrastamento, o art. 4º, I; iv) por maioria, vencidos os Ministros 
Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, declarar a inconstitucionalidade das expressões 
 7 
“demarcadas” e “tituladas”, contidas no art. 3º, parágrafo único; v) por unanimidade, 
reconhecer a constitucionalidade do art. 4º, III; vi) por maioria, dar interpretação 
conforme ao art. 4º, IV, para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos 
olhos d’água intermitentes configuram área de preservação ambiental, vencidos os 
Ministros Gilmar Mendes e, em parte, Marco Aurélio e Cármen Lúcia (Presidente); vii) 
por maioria, vencidos os Ministros Cármen Lúcia (Presidente) e Ricardo Lewandowski, 
reconhecer a constitucionalidade do art. 4º, §1º; viii) por maioria, vencidos os Ministros 
Cármen Lúcia (Presidente) e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do 
art. 4º, § 4º; ix) por unanimidade, reconhecer a constitucionalidade do art. 4º, § 5º; x) por 
unanimidade, reconhecer a constitucionalidade do art. 4º, § 6º, e incisos; xi) por maioria, 
vencidos, em parte, os Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, reconhecer a 
constitucionalidade do art. 5º; xii) por maioria, vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), 
Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski, reconhecer a 
constitucionalidade do art . 7º, § 3º; xiii) por unanimidade, reconhecer a 
constitucionalidade do art. 8º, § 2º; xiv) por maioria, vencidos os Ministros Marco 
Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski, 
reconhecer a constitucionalidade do art. 12, § 4º; xv) por maioria, vencidos os Ministros 
Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski, 
reconhecer a constitucionalidade do art. 12. § 5º; xvi) por maioria, reconhecer a 
constitucionalidade do art. 12, § 6º, vencidos os Ministros Cármen Lúcia (Presidente), 
Edson Fachin e Rosa Weber; xvii) por maioria, reconhecer a constitucional do art. 12, § 
7º, vencidos os Ministros Cármen Lúcia (Presidente), Edson Fachin e Rosa Weber; xviii) 
por maioria, reconhecer a constitucionalidade do art. 12, § 8º, vencidos os Ministros 
Cármen Lúcia (Presidente), Edson Fachin e Rosa Weber; xix) por maioria, vencido o 
Ministro Edson Fachin, reconhecer a constitucionalidade do art. 13, § 1º; xx) por maioria, 
vencidos os Ministros Edson Fachin e Rosa Weber e, em parte, os Ministros Marco 
Aurélio e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 15; xxi) por 
maioria, vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto 
Barroso e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 17, § 3º; xxii) 
por unanimidade, reconhecer a constitucionalidade do art. 44; xxiii) pormaioria, dar 
interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação apenas 
entre áreas com identidade ecológica, vencidos o Ministro Edson Fachin e, em parte, os 
Ministros Luiz Fux (relator), Cármen Lúcia (Presidente), Alexandre de Moraes, Roberto 
Barroso e Gilmar Mendes; xxiv) por maioria, dar interpretação conforme a Constituição 
ao art. 59, §4º, de modo a afastar, no decurso da execução dos termos de compromissos 
subscritos nos programas de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, 
seja dos ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles 
decorrentes, aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 
12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de 
suspensão da pretensão punitiva”, vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco 
Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski, e, em parte, o Ministro 
Gilmar Mendes; xxv) por maioria, dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, 
§ 5º, de modo a afastar, no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos 
nos programas de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos 
ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, 
aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o 
qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão 
punitiva”, vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, 
Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski, e, em parte, o Ministro Gilmar Mendes; xxvi) 
por maioria, vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Roberto Barroso e 
Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 60; xxvii) por maioria, 
 8 
vencidos os Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, e, em parte, o Ministro 
Edson Fachin, reconhecer a constitucionalidade do art. 61-A; xxviii) por maioria, 
vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski, reconhecer 
a constitucionalidade do art. 61-B; xxix) por maioria, vencidos os Ministros Marco 
Aurélio, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 
61- C; xxx) por maioria, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia, Rosa 
Weber e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 63; xxxi) por 
maioria, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, Rosa Weber e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 66, § 3º; xxxii) por maioria, 
vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, e, em parte, o Ministro Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 66, § 5º; xxxiii) por maioria, 
vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, e, em parte, o Ministro Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 66, § 6º; xxxiv) por maioria, 
vencidos os Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia (Presidente), Edson Fachin, Rosa 
Weber e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 67; xxxv) por 
maioria, vencido, em parte, o Ministro Edson Fachin, reconhecer a constitucionalidade 
do art. 68; e xxxvi) por unanimidade, reconhecer a constitucionalidade do art. 78-A. 
 
A Corte julgou parcialmente procedente a ADI 4901, para: i) por maioria, vencidos 
os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 12, § 4º; ii) por maioria, vencidos 
os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso, Rosa Weber e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 12, § 5º; iii) por maioria, 
reconhecer a constitucionalidade do art. 12, § 6º, vencidos os Ministros Cármen Lúcia 
(Presidente), Edson Fachin e Rosa Weber; iv) por maioria, reconhecer a 
constitucionalidade do art. 12, § 7º, vencidos os Ministros Cármen Lúcia, Edson Fachin 
e Rosa Weber; v) por maioria, reconhecer a constitucionalidade do art. 12, § 8º, vencidos 
os Ministros Cármen Lúcia (Presidente), Edson Fachin e Rosa Weber; vi) por maioria, 
vencido o Ministro Edson Fachin, reconhecer a constitucionalidade do art. 13, § 1º; vii) 
por maioria, vencidos os Ministros Edson Fachin e Rosa Weber e, em parte, os Ministros 
Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 15; viii) 
por unanimidade, reconhecer a constitucionalidade do art. 28; ix) por maioria, dar 
interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação apenas 
entre áreas com identidade ecológica, vencidos o Ministro Edson Fachin e, em parte, os 
Ministros Luiz Fux (relator), Cármen Lúcia (Presidente), Alexandre de Moraes, Roberto 
Barroso e Gilmar Mendes; x) por maioria, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson 
Fachin, Rosa Weber e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 
66, § 3º; xi) por maioria, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, e, em parte, 
o Ministro Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 66, § 5º; xii) 
por maioria, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin, e, em parte, o Ministro 
Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 66, § 6º; xiii) por maioria, 
vencidos os Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia (Presidente), Edson Fachin, Rosa 
Weber e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 67; e xiv) por 
maioria, vencido, em parte, o Ministro Edson Fachin, reconhecer a constitucionalidade 
do art. 68. 
 
O Tribunal julgou parcialmente procedente a ADI 4902, para: i) por maioria, 
vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso 
e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art . 7º, § 3º; ii) por maioria, 
vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso 
e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 17, § 3º; iii) por 
maioria, deu interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §4º, de modo a afastar, no 
 9 
decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de 
regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais 
praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se 
extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a 
prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”, 
vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso 
e Ricardo Lewandowski, e, em parte, o Ministro Gilmar Mendes; iv) por maioria, deu 
interpretação conforme a Constituição ao art. 59, § 5º, de modo a afastar, no decurso da 
execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização 
ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados 
antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se extensivamente o 
disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará 
interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”, vencidos os 
Ministros Luiz Fux (Relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso e Ricardo 
Lewandowski, e, em parte, o Ministro Gilmar Mendes; v) por maioria, vencidos os 
Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski, 
reconhecer a constitucionalidade do art. 60; vi) por maioria, vencidos os Ministros Marco 
Aurélio e Ricardo Lewandowski, e, em parte, o Ministro Edson Fachin, reconhecer a 
constitucionalidade do art. 61-A; vii) por maioria, vencidos os Ministros Marco Aurélio, 
Edson Fachin e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 61-B; 
viii) pormaioria, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 61- C; ix) por maioria, vencidos 
os Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia (Presidente), Rosa Weber e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 63; x) por maioria, vencidos os 
Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia (Presidente), Edson Fachin, Rosa Weber e 
Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 67; e xi) por 
unanimidade, reconhecer a constitucionalidade do art. 78-A. 
 
A Corte julgou parcialmente procedente a ADI 4903, para: i) por maioria, vencidos 
os Ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes, e, em parte, o Ministro Alexandre de 
Moraes, declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e 
“instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou 
internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b; ii) por maioria, dar interpretação conforme a 
Constituição ao art. 3º, VIII e IX, de modo a se condicionar a intervenção excepcional em 
APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou 
locacional à atividade proposta, vencidos, em parte, os Ministros Gilmar Mendes e Celso 
de Mello; iii) por maioria, vencidos os Ministros Gilmar Mendes, e, em parte, a Ministra 
Cármen Lúcia (Presidente), dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII, 
para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água 
intermitentes configuram área de preservação permanente; iv) por maioria, reconhecer a 
constitucionalidade do art. 3º, XIX, vencidos, em parte, os Ministros Cármen Lúcia 
(Presidente) e Ricardo Lewandowski, que declaravam inconstitucional, por arrastamento, 
o art. 4º, I; v) por maioria, vencidos os Ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, 
declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no 
art. 3º, parágrafo único; vi) por unanimidade, reconhecer a constitucionalidade do art. 4º, 
III; vii) por maioria, dar interpretação conforme ao art. 4º, IV, para fixar a interpretação 
de que os entornos das nascentes e dos olhos d’água intermitentes configuram área de 
preservação ambiental, vencidos o Ministro Gilmar Mendes e, em parte, os Ministros 
Marco Aurélio e Cármen Lúcia (Presidente); viii) por maioria, vencidos os Ministros 
Cármen Lúcia (Presidente) e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do 
art. 4º, §1º; ix) por maioria, vencidos os Ministros Cármen Lúcia (Presidente) e Ricardo 
 10 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 4º, § 4º; x) por unanimidade, 
reconhecer a constitucionalidade do art. 4º, § 5º; xi) por unanimidade, reconhecer a 
constitucionalidade do art. 4º, § 6º, e incisos; xii) por maioria, vencidos, em parte, os 
Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, o Tribunal reconheceu a 
constitucionalidade do art. 5º; xiii) por unanimidade, reconhecer a constitucionalidade do 
art. 8º, § 2º; xiv) por maioria, vencidos, em parte, os Ministros Cármen Lúcia (Presidente) 
e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 11; xv) por maioria, 
vencidos os Ministros Relator, Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 17, § 3º; xvi) por unanimidade, 
julgou constitucional o art. 62. 
 
Por fim, o Tribunal julgou parcialmente procedente a ADI 4937, para: i) por 
maioria, vencidos os Ministros Edson Fachin e Gilmar Mendes, e, em parte, o Ministro 
Alexandre de Moraes, declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de 
resíduos” e “instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, 
nacionais ou internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b; ii) por maioria, vencidos os 
Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art . 7º, § 3º; iii) por maioria, vencido 
o Ministro Edson Fachin, reconhecer a constitucionalidade do art. 13, § 1º; iv) por 
unanimidade, reconhecer constitucional o art. 44; v) por maioria, dar interpretação 
conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação apenas entre áreas 
com identidade ecológica, vencidos o Ministro Edson Fachin e, em parte, os Ministros 
Luiz Fux (relator), Cármen Lúcia (Presidente), Alexandre de Moraes, Roberto Barroso e 
Gilmar Mendes; vi) por maioria, dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, 
§4º, de modo a afastar, no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos 
nos programas de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos 
ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, 
aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o 
qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão 
punitiva”, vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, 
Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski, e, em parte, o Ministro Gilmar Mendes; vii) 
por maioria, dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, § 5º, de modo a afastar, 
no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de 
regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais 
praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se 
extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a 
prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”, 
vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Edson Fachin, Roberto Barroso 
e Ricardo Lewandowski, e, em parte, o Ministro Gilmar Mendes; viii) por maioria, 
vencidos os Ministros Luiz Fux (relator), Marco Aurélio, Roberto Barroso e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 60; ix) por maioria, vencidos os 
Ministros Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski, e, em parte, o Ministro Edson Fachin, 
reconhecer a constitucionalidade do art. 61-A; x) por maioria, vencidos os Ministros 
Marco Aurélio, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade 
do art. 61-B; xi) por maioria, vencidos os Ministros Marco Aurélio, Edson Fachin e 
Ricardo Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 61- C; e xii) por maioria, 
vencidos os Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia (Presidente), Rosa Weber e Ricardo 
Lewandowski, reconhecer a constitucionalidade do art. 63. 
 
O Colegiado destacou que o art. 225 da Constituição Federal estabelece que “todos 
têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever 
 11 
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Sob essa perspectiva, o 
meio ambiente assume função dúplice no microssistema jurídico, na medida em que se 
consubstancia simultaneamente em direito e em dever dos cidadãos, os quais se 
posicionam, paralelamente, também de forma simultânea, como credores e como 
devedores da obrigação de proteção respectiva. 
 
Outrossim, o homem é parte indissociável do meio ambiente. Por intermédio das 
interações genéticas biologicamente evolutivas que se sucederam nos últimos milhares 
de anos, o meio ambiente produziu a espécie humana, cuja vida depende dos recursos 
nele contidos. Nesse ponto, nem os mais significativos avanços tecnológicos permitirão 
ao homem, em algum momento futuro, dissociar-se do meio ambiente, na medida em que 
a atividade humana inventiva e transformadora depende da matéria nele contida, sob todas 
as suas formas. 
 
A capacidade de os indivíduos desestabilizarem o equilíbrio do conjuntode 
recursos naturais que lhes fornece a própria existência tem gerado legítimas 
preocupações, as quais se intensificaram no último século. Afinal, recursos naturais são 
escassos; determinados danos são irreversíveis ou extremamente agressivos à natureza; 
alterações climáticas tornaram-se problema real; e a poluição se alastra pelos grandes 
centros, entre outras evidências empíricas da crise ambiental. Portanto, o foco no 
crescimento econômico sem a devida preocupação ecológica consiste em ameaça 
presente e futura para o progresso das nações e até mesmo para a sobrevivência da espécie 
humana. O homem apenas progride como ser biológico e como coletividade quando se 
percebe como produto — e não proprietário — do meio ambiente. 
 
Por outro lado, as políticas públicas ambientais devem conciliar-se com outros 
valores democraticamente eleitos pelos legisladores, como o mercado de trabalho, o 
desenvolvimento social, o atendimento às necessidades básicas de consumo dos cidadãos 
etc. Dessa forma, não é adequado desqualificar determinada regra legal como contrária 
ao comando constitucional de defesa do meio ambiente (CF, art. 225), ou mesmo sob o 
genérico e subjetivo rótulo de “retrocesso ambiental”, ignorando as diversas nuances que 
permeiam o processo decisório do legislador, democraticamente investido da função de 
apaziguar interesses conflitantes por meio de regras gerais e objetivas. Não se deve 
desprezar que a mesma Constituição que protege o meio ambiente também exorta o 
Estado brasileiro a garantir a livre iniciativa (CF, artigos 1º, IV, e 170) e o 
desenvolvimento nacional (CF, art. 3º, II), a erradicar a pobreza e a marginalização, e a 
reduzir as desigualdades sociais e regionais (CF, artigos 3º, III, e 170, VII), a proteger a 
propriedade (CF, artigos 5º, “caput” e XXII, e 170, II), a buscar o pleno emprego (CF, 
artigos 170, VIII, e 6º) e a defender o consumidor (CF, artigos 5º, XXXII, e 170, V). 
 
O desenho institucional das políticas públicas ambientais suscita, assim, o duelo 
valorativo entre a proteção ambiental e a tutela do desenvolvimento, tendo como centro 
de gravidade o bem comum e a pessoa humana, num cenário de escassez. Portanto, o 
desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente não são políticas 
intrinsicamente antagônicas. 
 
Nessa medida, a preservação dos recursos naturais para as gerações futuras não 
pode significar a ausência completa de impacto do homem na natureza, consideradas as 
carências materiais da geração atual e também a necessidade de gerar desenvolvimento 
econômico suficiente para assegurar uma travessia confortável para os nossos 
descendentes. Meio ambiente e desenvolvimento econômico encerram conflito normativo 
aparente, a envolver diversas nuances, em especial a justiça intergeracional, demandando 
escolhas trágicas a serem realizadas pelas instâncias democráticas, e não pela convicção 
de juízes, por mais bem-intencionados que sejam. 
 
 12 
Ademais, o princípio da vedação ao retrocesso não se sobrepõe ao princípio 
democrático, no afã de transferir ao Judiciário funções inerentes aos Poderes Legislativo 
e Executivo, e nem justifica afastar arranjos legais mais eficientes para o desenvolvimento 
sustentável do país como um todo, na linha do que decidido no RE 586.224/SP. 
 
ADC 42/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 28.2.2018. (ADC-42) 
ADI 4901/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 28.2.2018. (ADI-4901) 
ADI 4902/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 28.2.2018. (ADI-4902) 
ADI 4903/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 28.2.2018. (ADI-4903) 
ADI 4937/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 28.2.2018. (ADI-4937) 
Parte 1: Parte 1: 
(Informativo 892, Plenário) 
 
 
 
 
 
 13 
DIREITO CIVIL 
 
Pessoas Naturais 
 
Transgêneros e direito a alteração no registro civil 
O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou a expressão de 
gênero. A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa 
humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-
la. A pessoa não deve provar o que é, e o Estado não deve condicionar a expressão da 
identidade a qualquer tipo de modelo, ainda que meramente procedimental. 
 
Com base nessas assertivas, o Plenário, por maioria, julgou procedente pedido 
formulado em ação direta de inconstitucionalidade para dar interpretação conforme a 
Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica ao art. 58 da Lei 6.015/1973 (1). 
Reconheceu aos transgêneros, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou 
da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, o direito à alteração de 
prenome e gênero diretamente no registro civil. 
 
O Colegiado assentou seu entendimento nos princípios da dignidade da pessoa 
humana, da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, bem 
como no Pacto de São José da costa Rica. 
 
Considerou desnecessário qualquer requisito atinente à maioridade, ou outros que 
limitem a adequada e integral proteção da identidade de gênero autopercebida. Além 
disso, independentemente da natureza dos procedimentos para a mudança de nome, 
asseverou que a exigência da via jurisdicional constitui limitante incompatível com essa 
proteção. Ressaltou que os pedidos podem estar baseados unicamente no consentimento 
livre e informado pelo solicitante, sem a obrigatoriedade de comprovar requisitos tais 
como certificações médicas ou psicológicas, ou outros que possam resultar irrazoáveis ou 
patologizantes. Pontuou que os pedidos devem ser confidenciais, e os documentos não 
podem fazer remissão a eventuais alterações. Os procedimentos devem ser céleres e, na 
medida do possível, gratuitos. Por fim, concluiu pela inexigibilidade da realização de 
qualquer tipo de operação ou intervenção cirúrgica ou hormonal. 
 
Vencidos, em parte os ministros Marco Aurélio (relator), Alexandre de Moraes, 
Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. O relator assentou a possibilidade de mudança 
de prenome e gênero no registro civil, mediante averbação no registro original, 
condicionando-se a modificação, no caso de cidadão não submetido à cirurgia de 
transgenitalização, aos seguintes requisitos: a) idade mínima de 21 anos; e b) diagnóstico 
médico de transexualismo, presentes os critérios do art. 3º da Resolução 1.955/2010 (2), 
do Conselho Federal de Medicina, por equipe multidisciplinar constituída por médico 
psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social, após, no mínimo, 
dois anos de acompanhamento conjunto. Considerou inconstitucional interpretação que 
encerre a necessidade de cirurgia para ter-se a alteração do registro quer em relação ao 
nome, quer no tocante ao sexo. 
 
Os ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes 
condicionaram a alteração no registro civil a ordem judicial e a averbação no registro civil 
de nascimento, resguardado sigilo no tocante à modificação. 
 
(1) Lei 6.015/1973: “Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos 
públicos notórios. Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou 
ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido 
o Ministério Público”. 
 14 
(2) Resolução 1.955/2010 do CFM: “Art. 3 Que a definição de transexualismo obedecerá, no mínimo, aos 
critérios abaixo enumerados: 1) Desconforto com o sexo anatômico natural; 2) Desejo expresso de eliminar os genitais, 
perder as características primárias e secundárias do próprio sexo e ganhar as do sexo oposto; 3) Permanência desses 
distúrbios de forma contínua e consistentepor, no mínimo, dois anos; 4)Ausência de outros transtornos mentais.(Onde 
se lê ‘Ausência de outros transtornos mentais”, leia-se “Ausência de transtornos mentais’)”. 
 
ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson 
Fachin, julgamento em 28.2 e 1º.3.2018. (ADI-4275) 
Parte 1: Parte 1: 
(Informativo 892, Plenário) 
 
 
 
 
 15 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Liberdade De Expressão 
 
Reclamação: ADPF 130/DF e censura 
A Primeira Turma, em conclusão de julgamento, julgou procedente reclamação 
ajuizada por conglomerado da área de comunicação em face de julgado proferido por 
tribunal de justiça que havia determinado a retirada de matéria jornalística de uma de suas 
revistas eletrônicas de publicação semanal. Tornou, assim, definitiva a medida liminar 
que autorizara a permanência da matéria jornalística no sítio eletrônico do reclamante 
(Informativo 822). 
 
O reclamante apontou violação à autoridade da decisão proferida na ADPF 130/DF 
(DJe 6.11.2009), que declarara a não recepção da chamada “Lei de Imprensa” (Lei 
5.250/1967) pela Constituição de 1988. Afirmou que a decisão reclamada consistiria “na 
ratificação de odiosa censura e na tentativa de restringir o direito de liberdade de 
imprensa, bem como a garantia da sociedade de ter acesso a informações e a manifestar 
o seu pensamento”. 
 
De início, o Colegiado considerou cabível a reclamação. Dessa forma, afastou o 
argumento de que o pedido de retirada da matéria da página eletrônica da reclamante 
estaria fundado no art. 20 do Código Civil, e não na Lei de Imprensa. 
 
No mérito, asseverou que se tratava de matéria que havia descrito certa 
personalidade e feito comentários críticos, porém não ofensivos. Afirmou que a retirada 
de matéria de um sítio configura censura em qualquer hipótese. Ressaltou que, apenas em 
situações extremas, admite-se a censura ou a retirada de matéria de circulação. Aduziu 
que a colisão da liberdade de expressão com os direitos da personalidade deve ser 
resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou pela reparação civil. Concluiu pela 
existência de interesse público presumido na livre circulação de ideias e opiniões. 
Ademais, a pessoa retratada se apresentou como pessoa pública a atuar em espaço 
público, sujeita, portanto, a um grau de crítica maior. 
 
Rcl 22328/RJ, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 6.3.2018. (Rcl – 22328) 
(Informativo 893, Primeira Turma) 
 
Medida Provisória 
 
Medida Provisória e Decreto Legislativo 
O Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em arguição de 
descumprimento de preceito fundamental – ADPF para afastar a aplicação do § 11 (1) do 
art. 62 da Constituição Federal aos pedidos de licença para exploração de Centros 
Logísticos e Industriais Aduaneiros – CLIA não examinados pela Receita Federal durante 
a vigência da Medida Provisória 320/2006. 
 
A Medida Provisória em questão foi editada em 25.8.2006, tendo por finalidade 
principal a reestruturação do regime jurídico das atividades de movimentação e de 
armazenagem de mercadorias importadas ou despachadas para exportação. Com a edição 
desse ato normativo, ocorreu a superação do modelo dos Portos Secos — que dependiam 
de permissão e concessão de serviço público para operar, a demandar licitação — pelo 
regime dos Centros Logísticos e Industriais Aduaneiros – CLIA, a operar mediante 
autorização, eliminada a necessidade de procedimento licitatório. 
 
 16 
Durante o período de vigência da Medida Provisória, diversas empresas 
protocolaram, perante a Secretaria da Receita Federal, requerimento de licenciamento 
para exploração de CLIA. Acontece que, em 13.12.2006, o Senado Federal, pelo Ato 
Declaratório 1/2006, reputou inexistentes os pressupostos constitucionais de relevância e 
urgência da Medida Provisória 320/2006 e determinou o seu arquivamento. O Congresso 
Nacional, contudo, não editou decreto legislativo para disciplinar as relações jurídicas 
dela decorrentes, nos termos do art. 62, § 3º (2), da Constituição Federal. 
 
Preliminarmente, o Plenário, por maioria, conheceu da arguição, na medida em que 
a arguente demonstrou a importância da matéria discutida e a possibilidade de se estar em 
face de descumprimento de preceito fundamental. Comprovou, também, que existem 
preceitos constitucionais fundamentais objeto de discussão judicial em diversas ações. 
Outrossim, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite a utilização da ADPF 
para questionar a interpretação judicial de norma constitucional. 
 
Vencidos, no ponto, os Ministros Roberto Barroso, Dias Toffoli, Ricardo 
Lewandowski e Marco Aurélio, que não conheciam da arguição. 
 
No mérito, o Tribunal registrou que o § 11 do art. 62 da CF deve ser interpretado 
com cautela, não se podendo protrair indefinidamente a vigência de medidas provisórias 
rejeitadas ou não apreciadas. Referida norma visa garantir segurança jurídica àqueles que 
praticaram atos embasados em medida provisória rejeitada ou não apreciada, mas isso 
não pode ensejar a sobreposição da vontade do Chefe do Poder Executivo à vontade do 
Poder Legislativo, o que ocorrerá, por exemplo, em situações nas quais a preservação dos 
efeitos de determinada medida provisória rejeitada implicar na manutenção de sua 
vigência. Interpretação diversa ofende a cláusula pétrea constante do art. 2º da 
Constituição, que preconiza a separação entre os Poderes. 
 
Na espécie, verifica-se que o § 11 do art. 62 da Constituição tem servido de 
fundamento para o deferimento de medidas judiciais a determinar à Administração 
Pública o exame de pedidos de licença para exploração de CLIA não analisados durante 
a vigência da Medida Provisória 320/2006. Nesses casos, não havia ato da Administração 
deferindo o pedido de licença para exploração de CLIA, sequer podendo se argumentar 
com a existência de ato jurídico perfeito. Dessa forma, não há falar na existência de 
relação jurídica constituída que torne possível a invocação do referido dispositivo 
constitucional para justificar a aplicação da medida provisória. 
 
Interpretação contrária postergaria indevidamente a eficácia de medida provisória 
já rejeitada pelo Congresso Nacional, e ofenderia não apenas o § 11 do art. 62 da 
Constituição, mas também o princípio da separação dos Poderes e o princípio da 
segurança jurídica. 
 
Vencidos os Ministros Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Ricardo 
Lewandowski, que julgaram improcedente o pedido. 
 
(1) CF: “Art. 62. (...) § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a 
rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados 
durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.” 
(2) CF: “Art. 62. (...) § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde 
a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual 
período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.” 
 
ADPF 216/DF, rel. Min. Cámen Lúcia, julgamento em 14.3.2016. (ADPF-216) 
Parte 1: Parte 1: 
Parte 2: Parte 2: 
(Informativo 894, Plenário) 
 17 
 
 
Medida Provisória e FGTS 
O Plenário, por maioria e em julgamento conjunto, julgou improcedentes os pedidos 
formulados em ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas contra o art. 5º da Medida 
Provisória 1.951-33/2000, atual MP 2.197-43, com relação à parte que introduziu o § 18 
no art. 20 e os artigos 29-A e 29-B na Lei 8.036/1990, a qual dispõe sobre o Fundo de 
Garantia do Tempo de Serviço- FGTS. 
 
A Lei 8.036/1990, a partir dos dispositivos introduzidos pela medida provisória, 
passou a dispor que: a) é indispensável o comparecimento pessoal do titular da conta 
vinculada do FGTS para a realização de levantamento de valores, em determinadas 
hipóteses, salvo em caso de grave moléstia comprovada por perícia médica, quando será 
paga a procurador especialmente constituído para esse fim [§ 18 do art. 20 (1)]; b) 
quaisquer créditos relativos à correção dos saldos das contas vinculadas do FGTS serão 
liquidados mediante lançamento pelo agente operador na respectiva conta do trabalhador 
[art. 29-A (2)]; e c) não será cabível medida liminar em mandado de segurança, no 
procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, 
nem a tutela antecipada que impliquem saque ou movimentação da conta vinculada do 
trabalhador no FGTS [art. 29-B (3)]. 
 
De início, quanto à alegada ofensa aos requisitos de relevância e urgência para 
edição de medidas provisórias (CF, art. 62), o Tribunal reafirmou jurisprudência 
consolidada da Corte no sentido de não caber ao Poder Judiciário verificá-los, pois 
configuram conceitos jurídicos indeterminados que estão situados dentro da 
discricionariedade política do Poder Executivo para edição de tais atos normativos e do 
Congresso Nacional para conversão ou não em lei. 
 
Apenas em caráter excepcional é possível o controle jurisdicional destes requisitos, 
quando existir abuso de poder ou a ausência destes pressupostos for evidente. No entanto, 
essas hipóteses não estão presentes no caso, uma vez que a matéria tratada possui evidente 
relevância e havia considerável urgência na edição da Medida, por meio da qual se buscou 
reduzir os inúmeros casos de fraude envolvendo saques de valores depositados nas contas 
de FGTS dos trabalhadores brasileiros. 
 
No que se refere ao § 18 do art. 20 da Lei 8.036/1990, o Tribunal reputou legítima 
a exigência de comparecimento pessoal do titular da conta de FGTS para levantamento 
de valores. Trata-se, tão somente, de condição procedimental para pagamento, a qual não 
eliminou nenhuma das hipóteses de saque anteriormente previstas, nem vedou a 
possibilidade de os sindicatos ou os advogados atuarem na defesa e representação dos 
seus filiados ou clientes. 
 
A exigência em questão é uma obrigação personalíssima que resguarda o direito do 
titular da conta vinculada, além de evitar fraudes e a malversação dos valores depositados, 
por parte de terceiros. Preservados, assim, o direito de representação e o direito adquirido 
dos trabalhadores. 
 
Em relação à impugnação do art. 29-A, o Colegiado considerou válida a 
explicitação de que os valores suscetíveis de correção do FGTS devem ser lançados na 
conta vinculada do trabalhador. Essa norma garante a devida correção monetária do FGTS 
por meio de lançamento na própria conta vinculada, como ocorre nos depósitos do valor 
principal. Essa medida evita que ocorram saques de parcelas acessórias fora das hipóteses 
que a lei autoriza. 
 
 18 
Por fim, quanto ao art. 29-B, afastou a apontada inconstitucionalidade formal da 
medida provisória na parte em que dispôs sobre o não cabimento de medida liminar, 
cautelar ou tutela antecipada que impliquem saque ou movimentação da conta vinculada 
do trabalhador no FGTS. Isso porque a vedação de medidas provisórias sobre matéria 
processual somente se aplica àquelas editadas posteriormente à Emenda Constitucional 
32/2001. Portanto, ao tempo da edição, as disposições normativas impugnadas 
obedeceram aos parâmetros constitucionais vigentes. 
 
Vencidos, em parte, os Ministros Ricardo Lewandowski (relator) e Alexandre de 
Moraes, que declaravam a inconstitucionalidade formal do art. 29-B, e o Ministro Marco 
Aurélio, que declarava a inconstitucionalidade material do § 18 do art. 20 e do art. 29-B. 
 
(1) Lei 8.036/1990: “Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada nas seguintes 
situações: (...) § 18. É indispensável o comparecimento pessoal do titular da conta vinculada para o pagamento da 
retirada nas hipóteses previstas nos incisos I, II, III, VIII, IX e X deste artigo, salvo em caso de grave moléstia 
comprovada por perícia médica, quando será paga a procurador especialmente constituído para esse fim”. 
(2) Lei 8.036/1990: “Art. 29-A. Quaisquer créditos relativos à correção dos saldos das contas vinculadas do 
FGTS serão liquidados mediante lançamento pelo agente operador na respectiva conta do trabalhador”. 
(3) Lei 8.036/1990: “Art. 29-B. Não será cabível medida liminar em mandado de segurança, no procedimento 
cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, nem a tutela antecipada prevista nos arts. 273 
e 461 do Código de Processo Civil que impliquem saque ou movimentação da conta vinculada do trabalhador no 
FGTS”. 
 
ADI 2382, rel. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, 
julgamento em 14.3.2018. (ADI-2382) 
ADI 2425, rel. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, 
julgamento em 14.3.2018. (ADI-2425) 
ADI 2479, rel. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, 
julgamento em 14.3.2018. (ADI-2479) 
Parte 1: Parte 1: 
(Informativo 894, Plenário) 
 
Regime Próprio de Previdência Social 
 
Vício de iniciativa e fonte de custeio 
O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, julgou procedente ação 
direta para declarar a inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 110 da Lei 
915/2005 do Estado do Amapá (1). 
 
O referido dispositivo — acrescido ao art. 110 do texto original por meio de emenda 
parlamentar — estabelece que a Amapá Previdência assumirá o pagamento dos benefícios 
de aposentadoria e pensão que tenham sido concedidas pelos Poderes do Estado, pelo 
Ministério Público ou pelo Tribunal de Contas durante o período de vigência do Decreto 
87/1991 (Informativos 773 e 817). 
 
De início, o Tribunal reputou inexistente o alegado vício de inconstitucionalidade 
formal. Não há ofensa à reserva de iniciativa legislativa privativa do chefe do Poder 
Executivo para tratar de matéria sobre organização e funcionamento da administração 
pública. A Lei estadual 915/2005 é oriunda de proposição legislativa formulada pelo 
próprio Governador do Estado do Amapá. 
 
A inserção do parágrafo único do art. 110, ora impugnado, resultou de emenda 
parlamentar. Contudo, a Constituição Federal veda ao Poder Legislativo propor emendas 
a projetos de iniciativa exclusiva do Poder Executivo apenas quando delas resultar 
aumento de despesa pública ou se forem totalmente impertinentes à matéria legal. No 
caso, não houve aumento de despesas, pois o pagamento dos benefícios de aposentadoria 
 19 
e pensão já vinha sendo suportado pelo Tesouro estadual. Tampouco se verificou 
impertinência temática da emenda parlamentar em relação ao projeto de lei apresentado 
pelo governador. 
 
No mérito, o Plenário assentou que a transferência de responsabilidade prevista na 
legislação impugnada acarreta grave ofensa à regra de equilíbrio financeiro e atuarial do 
sistema próprio de previdência (2), a qual se destina à preservação da suficiência, presente 
e futura, do fundo de previdência, tendo em vista o sopesamento entre as receitas e as 
despesas com benefícios, o qual restaria prejudicado com a assunção de obrigação 
desprovida de qualquer contraprestação pecuniária. 
 
Ademais, a inclusão do dispositivo via emenda parlamentar e sem qualquer 
indicação de fonte de custeio total (3) destoa por completo do regime contributivo e 
contábil previsto no projeto legislativo original apresentado pelo Governador do Estado. 
 
Desse modo, não cabe à Amapá Previdência arcarcom o pagamento desses 
benefícios, os quais devem permanecer sob a responsabilidade exclusiva e integral do 
Tesouro estadual. 
 
Vencidos os Ministros Teori Zavascki, Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia 
(Presidente), que julgavam improcedente a ação. 
 
Por fim, o Tribunal modulou os efeitos da decisão para que somente produza efeitos 
a partir de seis meses contados da data da publicação da ata de julgamento (Lei 
9.868/1999, art. 27). 
 
(1) Lei 915/2005: “Art. 110. O Estado responderá subsidiariamente pelo pagamento das aposentadorias e 
pensões concedidas na forma desta Lei, na hipótese de extinção, insolvência ou eventuais insuficiências financeiras do 
Regime Próprio de Previdência Social do Estado. Parágrafo único. No prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da 
publicação desta Lei, a Amapá Previdência, desde que provocada pelo Órgão interessado, assumirá o pagamento dos 
benefícios de aposentadoria e pensão que tenham sido concedidos por qualquer dos Poderes do Estado, pelo Ministério 
Público ou pelo Tribunal de Contas durante o período de vigência do Decreto (N) nº 0087, de 06 de junho de 1991, e 
que, nesta data, estejam sendo suportados exclusiva e integralmente pelo Tesouro Estadual”. 
(2) Constituição Federal: “Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter 
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos 
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo”. 
(3) Constituição Federal: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta 
e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...)§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social 
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. (...) “Art. 40. Aos servidores 
titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e 
fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo 
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (...) § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos 
servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime 
geral de previdência social”. 
 
ADI 3628/AP, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 8.3.2018. (ADI-3628) 
Parte 1: Parte 1: 
 (Informativo 893, Plenário) 
 
 20 
Direito Eleitoral 
 
Eleições 
 
Fundo Partidário e recursos destinados às candidaturas de mulheres 
O Plenário, por maioria, julgou procedente ação direta em que se discutiu a 
distribuição de recursos do Fundo Partidário destinados ao financiamento das campanhas 
eleitorais voltadas a candidaturas de mulheres para: a) declarar a inconstitucionalidade da 
expressão “três”, contida no art. 9º da Lei 13.165/2015 (1), eliminando o limite temporal 
até agora fixado; b) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 9º da Lei 
13.165/2015 de modo a equiparar o patamar legal mínimo de candidaturas femininas 
(hoje o do art. 10, § 3º, da Lei 9.504/1997, isto é, ao menos 30% de cidadãs), ao mínimo 
de recursos do Fundo Partidário a lhes serem destinados, que deve ser interpretado como 
também de 30% do montante do Fundo alocado a cada partido, para as eleições 
majoritárias e proporcionais, e fixar que, havendo percentual mais elevado de 
candidaturas femininas, o mínimo de recursos globais do partido destinados a campanhas 
lhe seja alocado na mesma proporção; e c) declarar a inconstitucionalidade, por 
arrastamento, do § 5º-A e do § 7º do art. 44 da Lei 9.096/1995 (2). 
 
O Colegiado afirmou que, se o princípio da igualdade material admite as ações 
afirmativas, utilizar para qualquer outro fim a diferença estabelecida com o objetivo de 
superar a discriminação, ofende o mesmo princípio da igualdade, que veda tratamento 
discriminatório fundado em circunstâncias que estão fora do controle dos indivíduos, 
como a raça, o sexo, a cor da pele ou qualquer outra diferenciação arbitrariamente 
considerada. 
 
Quando da edição da Lei 9.504/1997, os partidos passaram a ser obrigados a 
preencher, do número de vagas de candidaturas, o mínimo de 30% e o máximo de 70% 
para candidaturas de cada sexo. Essa desequiparação é compatível com a Constituição. 
Seja por força do art. 5º, § 2º, da CF, seja pela adoção do princípio “pro homine”, o 
conteúdo do direito à igualdade é muito semelhante ao direito previsto no art. 2º do Pacto 
Internacional de Direitos Civis e Políticos. Nesse sentido, determinadas diferenciações, 
se usadas para corrigir a discriminação, são legítimas. Em outras palavras, é próprio do 
direito à igualdade a possibilidade de uma desequiparação, desde que pontual e tenha por 
objetivo superar uma desigualdade histórica. 
 
Sintetizou que discriminação contra a mulher significa toda distinção, exclusão ou 
restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o 
reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, 
com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades 
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer 
outro campo. 
 
Especificamente no campo da política, embora as mulheres correspondam a mais 
da metade da população e do eleitorado brasileiro, elas ocupam menos de 15% das 
cadeiras do Legislativo federal, sendo que, na Câmara dos Deputados, apenas 9,9% dos 
parlamentares são mulheres. Além disso, apenas 11% das prefeituras do país são 
comandadas por mulheres. Não se vislumbra possibilidade de reversão dessa tendência. 
 
Os obstáculos para a efetiva participação política das mulheres são ainda mais 
graves, caso se tenha em conta que é por meio da participação política que as próprias 
medidas de desequiparação são definidas. Qualquer razão que seja utilizada para impedir 
que as mulheres participem da elaboração de leis inviabiliza o principal instrumento pelo 
qual se reduzem as desigualdades. Em razão dessas barreiras à plena inclusão política das 
 21 
mulheres, são, portanto, constitucionalmente legítimas as cotas fixadas em lei a fim de 
promover a participação política das mulheres. 
 
O caso em exame não impugna as cotas para as campanhas, mas a distribuição dos 
recursos partidários posteriormente fixada por meio da Lei 13.165/2015. Questiona-se a 
fixação de patamares mínimos e máximos para o acesso a recursos públicos do fundo 
partidário. Quanto a esse ponto, a inconstitucionalidade é manifesta. 
 
O estabelecimento de um piso de 5% significa, na prática, que, na distribuição dos 
recursos públicos que a agremiação partidária deve destinar às candidaturas, os homens 
poderão receber no máximo 95%. De outro lado, caso se opte por fixar a distribuição 
máxima às candidaturas de mulheres, poderão ser destinados do total de recursos do fundo 
15%, hipótese em que os recursos destinados às candidaturas masculinas serão de 85%. 
 
Não existem justificativas para essa diferenciação. A autonomia partidária não 
consagra regra que exima o partido do respeito incondicional aos direitos fundamentais. 
Enquanto pessoas jurídicas de direito privado, aplicam-se às agremiações não só a 
garantiada plena autonomia, mas também a liberdade de associação, desvinculada da 
interferência estatal. O respeito à igualdade não é, contudo, obrigação cuja previsão 
somente se aplica à esfera pública. Incide a ideia de eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais, sendo importante reconhecer que é nessa segmentação entre o público e o 
privado que reside a principal forma de discriminação das mulheres. 
 
Tampouco se poderia afirmar que os recursos destinados às campanhas de mulheres 
revelam consenso possível. A não discriminação deve ser compreendida como assentando 
que qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência por qualquer razão como raça, 
cor, sexo, língua, religião, opinião, origem, propriedade ou qualquer outro elemento, que 
tem por propósito ou efeito nulificar ou impedir o reconhecimento, o gozo e o exercício 
por todas as pessoas, de modo igual, de todos os direitos e liberdades. Nessa perspectiva, 
a inexistência de consenso revela não um limite à atuação do legislador, mas uma omissão 
inconstitucional, na medida em que priva as candidaturas de mulheres dos recursos 
públicos que irão custear suas aspirações políticas de ocupar posição democraticamente 
representativa, apenas pelo fato de serem mulheres. 
 
Além disso, não cabe sustentar que o percentual de candidaturas para as mulheres 
limita-se a reconhecer uma igualdade de oportunidades, no sentido de garantir iguais 
condições a partir de uma posição inicial, nomeadamente as candidaturas. Trata-se de 
reconhecer que a concepção de igualdade garantida às mulheres não autoriza o tratamento 
discriminatório por circunstâncias que estão fora de seu controle. Sob essa perspectiva, o 
caráter público dos recursos a elas destinados é elemento que reforça a obrigação de que 
sua distribuição não seja discriminatória. A fundamentalidade das normas constitucionais 
referentes à atividade financeira do Estado na unidade entre obtenção de recursos, 
orçamento e realização de despesas engloba o regime jurídico das finanças públicas em 
máxima conformidade com os fins constitucionais. 
 
Conforme dispõe o art. 38 da Lei 9.096/1995, os recursos do Fundo Partidário são 
constituídos por multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código 
Eleitoral e leis conexas; recursos financeiros que lhe forem destinados por lei; doações de 
pessoas físicas ou jurídicas; e dotações orçamentárias da União. Esses recursos são 
destinados, nos termos do art. 44 do mesmo diploma, à manutenção das sedes e serviços 
do partido, à propaganda doutrinária e política, ao alistamento e às campanhas eleitorais, 
às fundações de pesquisa e de doutrinação política e, mais recentemente, aos programas 
de promoção e difusão da participação política das mulheres. A consignação desses 
recursos é feita ao TSE, que distribui aos órgãos nacionais dos partidos, na proporção de 
sua representação na Câmara. No que tange aos recursos empregados nas campanhas, os 
 22 
partidos possuem autonomia para distribui-los, desde que não transbordem dos estritos 
limites constitucionais. 
 
Em virtude do princípio da igualdade, não pode, pois, o partido político criar 
distinções na distribuição desses recursos exclusivamente baseadas no gênero. Assim, 
não há como deixar de reconhecer como sendo a única interpretação constitucional 
admissível aquela que determina aos partidos políticos a distribuição dos recursos 
públicos destinados à campanha eleitoral na exata proporção das candidaturas de ambos 
os sexos, sendo, em vista do disposto no art. 10, § 3º, da Lei de Eleições, o patamar 
mínimo de 30%. 
 
No que tange ao prazo de três eleições fixado pela lei, deve-se ter em conta que o 
critério de distribuição de recursos oriundos do Fundo Partidário deve obedecer à 
composição das candidaturas e deflui diretamente da cota de 30%. Assim, é 
inconstitucional a fixação de um prazo, porquanto a distribuição não discriminatória dos 
recursos deve perdurar enquanto for justificada a composição mínima das candidaturas. 
Isso porque a legitimidade das políticas afirmativas depende de seu caráter temporário. A 
temporariedade incide, no caso em exame, nas cotas das candidaturas, não na distribuição 
de recursos, que não está sujeita a tratamento discriminatório. 
 
É preciso reconhecer que ao lado do direito a votar e ser votado, como parte 
substancial do conteúdo democrático, a completude é alcançada quando são levados a 
efeito os meios à realização da igualdade. Só assim a democracia é plena. A participação 
das mulheres nos espaços políticos é um imperativo do Estado e produz impactos 
significativos para o funcionamento do campo político, uma vez que a ampliação da 
participação política feminina permite equacionar as medidas destinadas ao atendimento 
das demandas sociais das mulheres. Daí porque a atuação dos partidos políticos não pode, 
sob pena de ofensa às suas obrigações transformativas, deixar de se dedicar também à 
promoção e à difusão da participação política das mulheres. 
 
Vencidos, em parte, os ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Ricardo 
Lewandowski. Os ministros Marco Aurélio e Gilmar Mendes julgaram a ação 
parcialmente procedente, para dar interpretação conforme a Constituição ao art. 9º da Lei 
13.165/2015, e assentar a liberdade de os partidos políticos ultrapassarem os limites 
fixados em lei. O ministro Ricardo Lewandowski, por sua vez, julgou o pedido procedente 
em maior extensão, para excluir do mesmo dispositivo o trecho que abrange os recursos 
a que se refere o art. 44, V, da Lei 9.096/1995. 
 
(1) Lei 13.165/2015: “Art. 9º Nas três eleições que se seguirem à publicação desta Lei, os partidos reservarão, 
em contas bancárias específicas para este fim, no mínimo 5% (cinco por cento) e no máximo 15% (quinze por cento) 
do montante do Fundo Partidário destinado ao financiamento das campanhas eleitorais para aplicação nas campanhas 
de suas candidatas, incluídos nesse valor os recursos a que se refere o inciso V do art. 44 da Lei n. 9.096, de 19 de 
setembro de 1995.” 
(2) Lei 9.096/1995: “Art. 44. Os recursos oriundos do Fundo Partidário serão aplicados: (...) V - na criação e 
manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres, criados e mantidos pela 
secretaria da mulher do respectivo partido político ou, inexistindo a secretaria, pelo instituto ou fundação de pesquisa 
e de doutrinação e educação política de que trata o inciso IV, conforme percentual que será fixado pelo órgão nacional 
de direção partidária, observado o mínimo de 5% (cinco por cento) do total; (...) § 5º O partido político que não cumprir 
o disposto no inciso V do “caput” deverá transferir o saldo para conta específica, sendo vedada sua aplicação para 
finalidade diversa, de modo que o saldo remanescente deverá ser aplicado dentro do exercício financeiro subsequente, 
sob pena de acréscimo de 12,5% (doze inteiros e cinco décimos por cento) do valor previsto no inciso V do “caput”, a 
ser aplicado na mesma finalidade. § 5º-A. A critério das agremiações partidárias, os recursos a que se refere o inciso V 
poderão ser acumulados em diferentes exercícios financeiros, mantidos em contas bancárias específicas, para utilização 
futura em campanhas eleitorais de candidatas do partido. § 6º No exercício financeiro em que a fundação ou instituto 
de pesquisa não despender a totalidade dos recursos que lhe forem assinalados, a eventual sobra poderá ser revertida 
para outras atividades partidárias, conforme previstas no “caput” deste artigo. § 7º A critério da secretaria da mulher 
ou, inexistindo a secretaria, a critério da fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política, os recursos a que 
se refere o inciso V do “caput” poderão ser acumulados em diferentes exercíciosfinanceiros, mantidos em contas 
 23 
bancárias específicas, para utilização futura em campanhas eleitorais de candidatas do partido, não se aplicando, neste 
caso, o disposto no § 5º.” 
 
ADI 5617/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 15.3.2018. (ADI-5617) 
Parte 1: Parte 1: 
Parte 2: Parte 2: 
(Informativo 894, Plenário) 
 
Vacância de cargos políticos e eleições 
O Plenário, por maioria, julgou improcedente ação direta ajuizada em face do § 3º 
do art. 224 do Código Eleitoral e fixou tese nos seguintes termos: "É constitucional 
legislação federal que estabeleça novas eleições para os cargos majoritários simples — 
isto é, Prefeitos de Municípios com menos de duzentos mil eleitores e Senadores da 
República — em casos de vacância por causas eleitorais". 
 
O requerente sustentou que o referido dispositivo não poderia ser aplicado a 
eleições decorrentes de vacância de cargo de Senador, bem como de Prefeito de município 
com menos de 200 mil eleitores, nos quais a investidura no cargo dependeria unicamente 
da obtenção da maioria simples dos votos. Alegou que a norma em questão ofenderia a 
soberania popular e os princípios constitucionais da razoabilidade, da proporcionalidade, 
da legitimidade e da normalidade das eleições, além de causar custos desnecessários para 
a União. 
 
O Tribunal, entretanto, ao adotar postura de deferência ao legislador, ressaltou a 
possiblidade de convocar nova eleição, em observância ao princípio da soberania popular. 
Ademais, celeridade e economicidade cedem, do ponto de vista do privilégio — no caso, 
legítimo —, que há de ser dado ao princípio democrático. 
 
Vencido o Ministro Marco Aurélio, que acolhia o pedido formulado. 
 
ADI 5619/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 7 e 8.3.2018. (ADI – 5619) 
Parte 1: Parte 1: 
Parte 2: Parte 2: 
Parte 3: Parte 3: 
(Informativo 893, Plenário) 
 
Vacância de cargos políticos e procedimento eleitoral 
O Plenário, por maioria, julgou parcialmente procedente ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade da locução "após o trânsito em julgado", prevista no § 3º do art. 224 
do Código Eleitoral (1), e para conferir interpretação conforme a Constituição ao § 4º (2) 
do mesmo artigo, de modo a afastar do seu âmbito de incidência as situações de vacância 
nos cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, bem como no de Senador da 
República. 
 
De início, a Corte afirmou que o fato de a Constituição Federal não listar 
exaustivamente as hipóteses de vacância não impede que o legislador federal, no exercício 
de sua competência legislativa eleitoral (CF, art. 22, I), preveja outras hipóteses, como as 
dispostas no § 3º do art. 224 do Código Eleitoral. Assim, é permitido ao legislador federal 
estabelecer causas eleitorais, ou seja, relacionadas a ilícitos associados ao processo 
eleitoral, que possam levar à vacância do cargo. 
 
Por outro lado, é certo que § 4º do citado art. 224 disciplina o modo pelo qual serão 
providos todos os cargos majoritários na hipótese de vacância. Entretanto, em relação aos 
cargos de Presidente, Vice-Presidente e Senador, a própria Constituição Federal já 
 24 
estabelece o procedimento a ser observado para o seu preenchimento (CF, artigos 56, § 
2º, e 81, § 1º) (3). 
 
Verifica-se, portanto, clara contradição entre o que preveem o texto constitucional 
e a legislação ordinária. 
 
De todo modo, é compatível com a Constituição Federal a aplicação do citado § 4º 
em relação aos cargos de Governador e de Prefeito, porquanto, diferentemente do que faz 
com o Presidente da República e com o Senador, o texto constitucional não prevê modo 
específico de eleição no caso de vacância daqueles cargos. Contudo, há que ser preservada 
a competência dos Estados-Membros e dos Municípios para disciplinar a vacância em 
razão de causas não eleitorais, por se tratar de matéria político-administrativa, 
resguardada sua autonomia federativa. 
 
Outrossim, em relação ao § 3º do art. 224 do Código Eleitoral, o Tribunal concluiu 
que os efeitos práticos da exigência do trânsito em julgado para a perda do mandato 
contrariam o princípio democrático e o princípio da soberania popular. Isso porque a 
exigência em questão permite que exerçam cargo majoritário, por largo período, alguém 
que não foi eleito, na medida em que, a teor do que disposto no art. 171 da Resolução 
23.456/2015 do TSE, “caberá ao presidente do Poder Legislativo assumir e exercer o 
cargo até que sobrevenha decisão favorável no processo de registro”. 
 
Vencido, em parte, o Ministro Alexandre de Moraes, que excluía do âmbito de 
incidência do § 4º do art. 224 também os governadores, prefeitos e os respectivos vices, 
tendo em conta a autonomia federativa. 
 
(1) Código Eleitoral: “Art. 224. (...) § 3 A decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, 
a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em 
julgado, a realização de novas eleições, independentemente do número de votos anulados”. 
(2) Código Eleitoral: “Art. 224. (...) § 4 A eleição a que se refere o § 3 correrá a expensas da Justiça Eleitoral e 
será: I - indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final do mandato; II - direta, nos demais 
casos”. 
(3) Constituição Federal: “Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: (...) § 2º Ocorrendo vaga e 
não havendo suplente, far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término do mandato. 
(...) Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de 
aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os 
cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”. 
 
ADI 5525/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 7 e 8.3.2018. (ADI – 
5525) 
Parte 1: Parte 1: 
Parte 2: Parte 2: 
Parte 3: Parte 3: 
(Informativo 893, Plenário) 
 
 
 
 25 
DIREITO PENAL 
 
Crimes Praticados Por Particular Contra A Administração Em Geral 
 
Desacato praticado por civil contra militar e constitucionalidade 
A 2ª Turma, por maioria, denegou a ordem de “habeas corpus” impetrado em favor 
de civil, condenado pela prática do crime descrito no art. 299 do CPM (desacato). 
 
A defesa sustentou a inconstitucionalidade da imputação do delito a civil, bem 
assim a incompatibilidade da criminalização da conduta com o Pacto de São José da Costa 
Rica. 
 
A Turma assinalou que o delito de desacato, quer conforme tipificado na legislação 
penal comum, quer na militar, tem por sujeito passivo secundário o funcionário público 
(civil ou militar), figurando o Estado como sujeito passivo principal. O bem jurídico 
tutelado é a Administração Pública, levando-se em conta seu interesse patrimonial e 
moral. A tutela penal está no interesse em se assegurar o normal funcionamento do 
Estado, protegendo-se o prestígio do exercício da função pública. Assim, a norma tem 
como destinatário da proteção legal mais a função pública do que a pessoa (civil ou 
militar). Portanto, para a configuração do crime, não é necessário que o funcionário 
público se sinta ofendido, sendo indispensável que o menoscabo tenha alvo certo, de 
forma que a vítima deve ouvir a palavra injuriosa ou sofrer diretamente o ato. 
 
O desacato é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. É essencial 
para a configuração do delito que o funcionário público esteja no exercício da função, ou, 
estando fora, que a ofensa seja empregada em razão dela. Deve, pois, haver

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