Buscar

4 MARCHIORE

Prévia do material em texto

Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
90 
OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO CRISTÃ NA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL DO 
SÉCULO 21 
The challenges of Christian Education in the 21st century Biblical School 
Rogério Lacerda Marchiore1 
RESUMO 
Pode-se observar que os desafios em sala de aula são enormes no século 21. É preciso 
considerar que os educadores cristãos em alguns casos não estão preparados para estes 
desafios. Mas poderá haver soluções para estes desafios? Este artigo se propõe a ajudar 
a responder algumas perguntas importantes sobre o tema. Sabe-se que uma necessidade 
é conhecer o público alvo para aplicar o método mais eficaz de ensino para cada contexto. 
Um dos objetivos deste artigo é expor ideias que ajudem os educadores cristãos a 
identificar qual método lhe proporcionará melhores resultados e um ensino com 
qualidade. Como também incentivar o uso de meios tecnológicos para tornar a aula mais 
atraente. Através da pesquisa bibliográfica, propõe-se expor métodos já empregados, que 
geraram resultados de acordo com seu contexto e sua proposta. Edgar Morin2 destaca 
que é necessário repensar a educação para melhores resultados. Donald Griggs3 afirma 
que sem planejamento é impossível alcançar os resultados esperados. O Resultado desta 
pesquisa aponta que no processo de ensino/aprendizagem cristão é necessários 
educadores compromissados com o Reino de Deus e dispostos a utilizar métodos 
inovadores. Convém observar que é possível resgatar a qualidade de ensino nas salas de 
aula dentro dos ambientes eclesiásticos desde que o professor se disponha a capacitar-se 
para atender a demanda do nosso século. 
Palavras Chave: Tecnologia. Ensino. Métodos. Futuro. Cristã.
 
1 Bacharel em Teologia pela FACEL/PR, Mestrando em Teologia pelas Faculdades Batista do Paraná. E-mail: 
rogerio@smartpoint.com.br. 
2 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2011, p. 15. 
3 GRIGGS, Donald. Manual do professor eficaz. São Paulo: Cultura Cristã, 2015, p. 47. 
Ensaios Teológicos está licenciada com uma Licença Creative Commons 
Atribuição – Não Comercial – Sem Derivações - 4.0 Internacional 
 
 
 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
91 
ABSTRACT 
It can be seen that the challenges in the classroom are enormous in the 21st century. It is 
necessary to consider that Christian educators in some cases are not prepared for these 
challenges. But can there be solutions to these challenges? This article is intended to help 
answer some important questions about the topic. It is known that a need is to know the 
target audience to apply the most effective method of teaching for each context. One of 
the goals of this article is to present ideas that help Christian educators identify which 
method will give them better results and quality teaching. As well as encouraging the use 
of technological means to make class more attractive. Through the bibliographic research 
it is proposed to expose methods already employed that generated results according to 
their context and their proposal. Edgar Morin points out that it is necessary to rethink 
education for better results. Donald Griggs says that without planning it is impossible to 
achieve the expected results. The result of this research indicates that in the process of 
Christian teaching / learning it is necessary educators committed to the Kingdom of God 
and willing to use innovative methods. It should be noted that it is possible to redeem the 
quality of teaching in classrooms within ecclesiastical settings as long as the teacher is 
prepared to be able to meet the demands of our century. 
Keywords: Technology. Teaching. Methods. Future. Christian. 
INTRODUÇÃO 
A educação no século 21 exige de seus educadores um empenho acentuado. Dentro das 
igrejas, o processo de ensino necessita ser desenvolvido com a máxima qualidade, pois exerce 
um papel fundamental para a fé cristã. Com isso serão apresentados pontos em que é possível 
melhorar, para que o ensino compartilhado nestes ambientes seja de boa qualidade. 
As dificuldades encontradas no processo de ensino das Escolas Bíblicas Dominicais, vão 
desde a falta de investimento de valores, o preparo do espaço adequado de ensino, passando 
por uma divulgação simplória e o despreparo dos professores que ministram as aulas. Dentro 
da perspetiva deste artigo, abordar-se-á a questão do despreparo do educador e sua 
capacitação, pois entende-se que este é o primeiro passo para uma Escola Bíblica de 
qualidade. Quando o educador está consciente do seu papel na educação cristã e busca se 
preparar para apresentar uma aula de qualidade, compreende-se que isso levará a um efeito 
cadeia, de modo que as pessoas se interessem pela Escola Bíblica Dominical, que por 
consequência a divulgação será maior e por isso os olhos da igreja se voltaram com um olhar 
especial para este ambiente. 
Será feito o uso de material bibliográfico para a apresentação dos temas, através da 
consulta dos materiais disponíveis. A proposta é escutar aqueles que já pensaram sobre o 
tema e quais saídas encontraram para os desafios da educação neste século, bem como 
trabalharam para conscientização de que os professores são os atores principais para que 
aconteça um ensino de qualidade nas igrejas. 
Uma igreja bem ensinada não será enganada, por isso é de grande relevância este tema. 
É através do ensino que as pessoas solidificam sua fé em Cristo. O ensino bíblico significativo 
é fundamental para uma igreja solidificada na Palavra de Deus, pois por seu meio será possível 
descartar a informação deturpada que contraria os princípios bíblicos. Para que a educação 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
92 
aconteça, serão apresentados alguns princípios que colaboram para que a mesma seja de 
qualidade. Dentre as quais, destaca-se o uso da tecnologia para o ensino. Vive-se em um 
mundo modernizado, com ferramentas excecionais para o ensino, contudo é importante 
saber usar estas ferramentas e como mesclar o uso dos métodos tradicionais com os métodos 
modernos. Afinal, pode-se dizer que se o objetivo é alcançar excelência no ensino cristão, 
então se faz necessária a inovação contínua do processo ensino e aprendizagem, isso porque 
as comunidades cristãs passam por constantes mudanças, assim buscar a inovação do 
processo torna-se um desafio constante de cada educador/a envolvido com o ato educativo, 
principalmente no contexto das igrejas. Observa-se, contudo, que as metodologias vêm 
sofrendo alterações ao longo do tempo, isso ocorre porque o próprio significado de ensino e 
aprendizagem modifica-se no decorrer da história, sendo isso um fator a ser considerado no 
contexto educacional. Repensar metodologias de ensino é o primeiro passo para que se possa 
construir um ensino bíblico relevante, principalmente nos dias atuais em que a nova geração 
pode ser alcançada a partir de ferramentas midiáticas como: Smartphones, Notebook, Tablets 
e redes sociais. Ferramentas que oferecem rapidez e dinâmica no envio e recebimento de 
informações e têm sido pouco utilizadas por educadores cristãos, embora há de se ressaltar 
que até mesmo sua aplicação no ensino deve ser feita de forma planejada e direcionada, 
devido à quantidade de informações infundadas e distanciadas dos princípios bíblicos. 
Conhecer seu público e dominar o conteúdo e a forma como o mesmo será repassado 
aos alunos é importantíssimo para um ensino de qualidade e por isso este também será um 
dos temas apresentado neste artigo.Um professor capacitado é fundamental para uma igreja 
próspera, e isso só será possível alcançar com empenho e dedicação, portanto é preciso ser 
ousado quando se trata de ensino cristão, e não apenas aguardar os incentivos externos. O 
professor deve buscar qualificação de maneira continuada para reproduzir isso em sala de 
aula. 
1. CAPACITAÇÃO DO EDUCADOR CRISTÃO 
Dado o aumento do acesso da população brasileira ao sistema de educação secular, 
houve um crescimento intelectual na população e por consequência nos frequentadores das 
Igrejas, bem como os frequentadores dos ambientes de ensino nestas igrejas. Na sociedade 
secular convém observar uma busca desenfreada para a capacitação dos profissionais que 
lecionam nas mais diversas instituições para suprir uma necessidade crescente de se 
contextualizar e otimizar o processo de ensino dos seus alunos. No ambiente cristão e 
principalmente dentro de algumas Escolas Bíblicas Dominicais, não há o mesmo fenômeno 
pela busca do conhecimento e de métodos que venham ao encontro das necessidades das 
pessoas frequentadoras destes espaços. 
Uma boa parte dos professores escolhe os métodos a serem empregados na sala de aula 
pelo seu conhecimento, sem objetivar os alunos. Esta imperícia, na maioria dos casos, torna 
o trabalho do docente improdutivo e inoperante.1 Desrespeitar as variantes de cada turma 
 
1 TULER, Marcos. Manual do professor de Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 86. 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
93 
não é mais aceitável nos ambientes de ensino eclesiástico, por isso os docentes devem 
proceder com respeito ao seu público alvo, capacitando-se e compreendendo quais os 
métodos serão mais eficazes em cada caso. 
É preciso considerar que o conteúdo apresentado em sala de aula tem um valor 
altíssimo, principalmente quando se fala de educação cristã, que tem como objetivo criar 
alicerces para uma vida pautada pela Palavra de Deus. Por isso não é permitido passar este 
conteúdo de qualquer maneira, assim como a educação secular exige de seus docentes uma 
capacitação cada vez maior, dentro dos ambientes de Escolas Bíblicas Dominicais, deve 
proceder da mesma forma. 
Lemov conceitua o ato de ensinar da seguinte maneira: 
O bom ensino é uma arte. Em outras artes – pintura, escultura, literatura -
grandes mestres alavancavam seu talento com ferramentas básicas para 
transformar o material mais cru (pedra, papel, tinta) no patrimônio mais 
valioso da sociedade.2 
O docente tem a oportunidade de transformar um aluno em uma obra prima, porém 
isso dependerá de como ele vai tratar este material (bruto) aluno. Dar o devido valor e ter 
uma visão futurística é fundamental para o bom docente. 
2. SOLIDIFICACÃO DE VALORES POR MEIO DA ESCOLA DOMINICAL 
A sociedade como um todo está passando por um período que podemos chamar de “a 
crise de valores”. As verdades deixam de serem absolutas e passam a ser relativas, teorias 
transitórias, fragmentação ética. Contudo, dentro do ambiente da Escola Dominical, o cristão 
tem a oportunidade de receber base para argumentar e combater certos conceitos que são 
contra a fé em Cristo. Somente será possível apresentar respostas às perguntas que esta 
geração faz desde que o professor se empenhe em buscar subsídios e materiais sólidos para 
expor ao aluno. Um professor de Escola Bíblica Dominical é um instrumento de transformação 
na vida do cristão, tem a função de moldar esta pessoa de forma teórica (podendo ser prática) 
para que a mesma se torne um verdadeiro discípulo de Cristo (Mt 28.18-20). O educador 
cristão deve apresentar bons princípios que serão úteis para a vida. Para a educação cristã 
existem verdades sólidas, e estas verdades devem ser apresentadas com propriedade para 
não causar dúvida no ouvinte. 
Através dos séculos, a Escola Bíblica Dominical tem sido importante instrumento de 
ensino nas igrejas cristãs, tem como responsabilidade desempenhar o processo de 
continuidade da cultura cristã nas gerações vindouras. É através do ensino sistemático que 
grandes líderes surgem, e em sua grande maioria estes líderes iniciaram sua formação na 
Escola Bíblica Dominical. 
A Escola Bíblica Dominical é o departamento mais importante da Igreja, 
porque ao mesmo tempo que ensina, está evangelizando, atendendo 
 
2 LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de audiência. São Paulo: Da Boa Prosa 
& Fundação Leman, 2011, p. 18. 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
94 
plenamente as duas principais demandas da Grande Comissão (Mateus 
28.19-20).3 
Isso demostra que devemos valorizar este espaço para o ensino e incentivar não apenas 
o professor a se preparar melhor para lecionar, mas devemos motivar todos os cristãos a 
participarem da Escola Bíblica Dominical, porque é através dela que temos a oportunidade de 
debater ideias e receber instruções para um viver com Cristo. 
3. ENSINAR COM QUALIDADE 
Para que o aluno possa aprender, o mesmo necessita estar motivado. E para que o aluno 
se sinta motivado é necessário um estímulo. A escola ou o local de ensino deve ser um 
ambiente que cause felicidade e realização no aluno. E a felicidade que deve ser passada 
nestes ambientes é o sentimento que o aluno está recebendo o saber e assimilando o mesmo 
na sua vida. 
Para um educar com qualidade é necessário; “uma aula inovadora, aberta, 
dinâmica, com um projeto pedagógico coerente, aberto, participativo; com 
infraestrutura adequada, atualizada, confortável; tecnologias acessíveis, 
rápidas e renovadas.4 
E um dos desafios do educador cristão é contribuir com uma educação de qualidade, 
integrando todas as dimensões do ser humano. Para que isso ocorra é preciso pessoas que se 
interessem por seus alunos, abertas, proativas, dispostas a evoluir com aqueles que os 
observam e esperam de si uma saída para satisfazer o desejo pelo conhecimento. É preciso 
tornar a vida do aluno um processo permanente de ensino e isso só será alcançado caso o 
mesmo receba as instruções necessárias para ser conscientizado que o aprender jamais terá 
um final. O educador precisa estar antenado, seus alunos esperam que no mínimo sejam 
transportados para novos caminhos, novos horizontes, a partir da experiência e vivência 
daquele que deve ser a referência e inspiração. 
A educação cristã é imprescindível à Igreja, e esta educação deve ser feita por pessoas 
compromissadas com o Reino de Deus, cientes de que a missão foi dada por Cristo, quando 
deixou o mandamento para que todos fossem ensinados. “Portanto, ide, ensinai todas as 
nações” (Mt 28.19). Enquanto a Igreja for Igreja, ela deve ser educadora e esta tarefa deve ser 
feita com qualidade e respeito por quem se dispõe a ajudar. Não podemos esquecer as 
palavras do Apóstolo Paulo: “Procura apresenta-te a Deus aprovado, como obreiro que não 
tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). 
3.1 Conhecendo seu público alvo 
O Professor deve se perguntar sempre quem são as pessoas a quem ele ensina. Os 
alunos são diferentes, as características gerais dos alunos variam conforme seu 
desenvolvimento físico, mental, social e espiritual. É preciso conhecer seu público alvo para 
 
3 ANDRADE, Claudionor de. Teologia da educação cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p. 35. 
4 MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2015, p. 23. 
 
Revista Ensaios Teológicos– Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
95 
respeitar as diferenças. O conhecimento prévio dos alunos proporciona vantagens para o 
preparo do formato da aula que será aplicada, bem como pensar nos desafios que devem ser 
superados por um caminhar sob um alicerce sólido rumo à construção do saber. “Os grandes 
educadores atraem não só pelas ideias, mas pelo contato pessoal”.5 
A educação do futuro deve ser centrada no ser humano e na sua condição, lembrando 
que pessoas possuem individualidades, sua personalidade deve ser respeita. O local onde o 
aluno está inserido deve ser levado em consideração para o processo de ensino. O aprendiz 
deve ser ensinado situando-se dentro do seu universo, porém não podendo ficar limitado a 
este, sendo continuamente estimulado a vislumbrar novos horizontes, ampliar sua visão tanto 
para dentro de si, como para fora. 
O contato com o aluno deve ser o mais estreito possível, para facilitar a compreensão 
das necessidades e dificuldades de cada um. Uma educação personalizada nem sempre será 
possível, mas o educador cristão não pode ser indiferente com seus alunos. É preciso lembrar 
que o processo de ensino dentro de uma instituição religiosa é mais do que uma função, é 
uma vocação dada por Deus para preparar pessoas a terem uma fé racionalizada e solidificada 
na pessoa de Cristo. 
3.2 Identificando o método apropriado 
O professor deve provocar no seu aluno a sensação de intensa vontade de aprender. 
Mas o que deve ser feito para criar esta sensação no aluno? Como primeiro ponto, o professor 
deve conhecer sua classe. É fundamental ter conhecimento da realidade dos alunos para 
qualquer professor que tem como meta a eficácia e a produtividade do seu ensino. 
Conhecer as dificuldades dos alunos fará com que o professor busque métodos que 
venham ao encontro desta necessidade. Buscar saber também qual é o interesse dos alunos 
colabora com a escolha do método a ser empregado. Saber as circunstâncias em que está 
inserido o aluno resultará em um preparo de aula específico para a classe e, por consequência, 
resultados melhores no processo de ensino. Contudo, o professor não pode classificar todos 
os alunos de uma classe em uma mesma categoria, desrespeitando suas individualidades, é 
necessário um olhar individual, saber do potencial de cada aluno para que em uma mesma 
classe de aula possam ser empregadas várias formas de ensino, de acordo com a necessidade 
da turma. “Não existe um só método que tenha dado o mesmo resultado com todos os alunos. 
O ensino torna-se mais eficaz quando o professor conhece a natureza das diferenças entre 
seus alunos”.6 
É necessário ao professor dominar vários métodos de ensino. A aplicação de dois ou 
mais métodos de ensino em uma classe de aula provavelmente é a combinação ideal para 
alcançar os objetivos. Alguns educadores acreditam que é dever comunicar o máximo do que 
eles aprenderam aos seus alunos, no entanto ensinar não é somente transmitir ou transferir 
 
5 MORIN, 2011, p. 26. 
6 TULER, 2012, p. 105. 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
96 
conhecimento. Ensinar é fazer o aluno pensar, criar hábitos novos é agir diferente, é usar todas 
as formas possíveis para que o aluno compreenda a mensagem que está sendo passada em 
sala de aula. Para isso, o professor precisa dominar os métodos, entre os quais pode ser citado: 
Exposição Oral, Perguntas e Respostas, Discussão ou Debate entre outros. 
3.3 Planejamento de aula 
É inaceitável que um educador cristão realize uma aula sem um planejamento prévio. A 
educação cristã tem como propósito levar os cristãos a maturidade, a pensarem corretamente 
a respeito de Deus. O conteúdo que será ministrado em sala de aula deve ser muito bem 
conhecido por seus professores, isto é uma condição indispensável e essencial para a 
ministração da aula. Na Educação Cristã nunca foi permitido atuar com displicência e sem 
planejamento. Pensar com antecedência sobre a aula que será apresentada demostra 
respeito com os alunos e principalmente com Cristo. O planejamento é a base sólida para o 
sucesso em sala de aula. Banalizar a aula e tratá-la como um ritual não trará a eficácia de que 
o Ensino Bíblico necessita. 
Os dois grandes males que debilitam o ensino e restringem seu rendimento 
são: a rotina, sem inspiração nem objetivo e a improvisação dispersiva, 
confusa e sem ordem. O melhor remédio contra esses dois grandes males é 
o planejamento.7 
É necessário prever de modo inteligente todas as etapas que serão percorridas no 
ensino em sala de aula. Por isso é preciso investigação prévia dos recursos didáticos, do 
conteúdo que será aplicado e do público que estará no processo de aprendizado. Quando a 
missão pessoal e organizacional está bem delimitada e definida, os métodos que serão 
empregados se tornam mais fáceis de serem esclarecidos. Falhar no processo de 
planejamento não significa que os resultados não serão alcançados, mas certamente significa 
que levará muito mais tempo para alcançar os objetivos desejados. 
3.4 O uso de tecnologia para tornar a aula produtiva 
Inserir inovações nas instituições de ensino, principalmente dentro das igrejas, não é 
uma tarefa fácil. Contudo, é uma necessidade se quiser acompanhar a evolução global. Nesta 
época, palavras como Multimídia, Gigabytes, Notebooks, Tablets, Internet e Smartphones são 
comuns para uma pessoa de qualquer idade. Fazem parte da vida das pessoas essas 
tecnologias. Com o crescente acesso da população à Internet, a forma de ver mundo sofreu 
evolução enorme, as informações estão disponíveis nas palmas das mãos e a comunicação se 
tornou fácil e rápida, inclusive entre crianças e avós, grupo que não está fora desta imersão 
digital. 
Com isso, observa-se que os professores possuem ferramentas que podem motivar seus 
alunos a voltarem sua atenção ao conteúdo de aula. O professor é responsável por selecionar 
ou planejar os recursos que são apropriados para seus alunos. Ferramentas audiovisuais 
 
7 TULER, 2012, p. 131. 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
97 
ajudam os alunos na compreensão da informação passada pelo professor e podem ser 
utilizadas com equilíbrio para a contribuição no ensino, trabalhando de forma conjunta com 
as palavras escritas e faladas. 
Um dos grandes desafios para os educadores nesse século é, com certeza, 
conseguir integrar os saberes e inserir as novas tecnologias no ambiente 
interativo da aprendizagem, de forma que essas novas ferramentas sejam 
potencializadoras e promotoras de saberes interessantes para os 
aprendizes.8 
A comunicação eficaz é essencial para que o aluno possa interessar-se pela aula que está 
sendo exposta. Tuler afirma que: “A comunicação entre o professor e a classe nunca deve ser 
unilateral”.9 Por isso os meios tecnológicos podem ser uma abertura para a comunicação 
entre o professor e o aluno que tem uma capacidade verbal debilitada. A comunicação não 
garante a compreensão, a informação deve ser bem transmitida, para que permita a 
inteligibilidade e por fim possa ser colocada em prática. É possível ser um excelente 
comunicador, mas, se não passar um ensino que possibilite ao aluno praticar, a função de 
professor não alcançou os objetivos primários. 
Para Gringss10, existem riscos nos usos de equipamentos e recursos tecnológicos, mas 
estes riscos valem a pena. “Sempre que você usar mídia, sempre que você planeja fazer algo 
além de falar existirá um riscode falha”. Contudo, o professor não pode deixar de usar estes 
recursos tecnológicos pelo risco de falha. Dominar o equipamento e um planejamento eficaz 
podem minimizar os riscos. Ainda os benefícios que estas ferramentas proporcionam no 
processo de ensino fazem valer a pena correr tais riscos de falhas. 
Contudo, visto que ao se usar inovações tecnológicas envolvem risco de falha, é 
importante possuir uma segunda opção; sendo assim, são minimizados os riscos e a aula não 
fica prejudicada. Materiais impressos podem substituir slides, cartazes são úteis nestes casos. 
Ainda é razoável nunca armazenar um arquivo em apenas um dispositivo, não ir a uma aula 
na dependência de algum arquivo disponível apenas na internet, e ainda não verificar o local 
que estará disponível para a aula, pois pode ser que o local não tenha disponíveis 
equipamentos como computador, data show entre outras ferramentas propostas no 
planejamento da aula. 
4. AVALIAR OS RESULTADOS 
Enfrentar as incertezas é necessário. Ser capaz de rever teorias e ideias, torna elevada a 
qualidade dos métodos, pois não é permitido tratar um método absoluto e atemporal. É 
preciso desconfiar das ideias que estão sendo empregadas e reavaliar de forma sistemática os 
 
8 COSTA, Ivanilson. Novas tecnologias e aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak, 2014, p. 15. 
9 TULER, 2012, p. 112. 
10 GRIGGS, Donald. Manual do professor eficaz. São Paulo: Cultura Cristã, 2015, p. 130. 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
98 
métodos de ensino através dos resultados conquistados. O medo de mudar não pode ser 
maior do que o desejo de alcançar bons resultados. 
A avaliação do processo permite ao educador realinhar algo que não tenha obtido o 
resultado satisfatório. É através deste momento que o educador alcança maturidade. Para 
isso é preciso olhar para os resultados com humildade e reconhecer os pontos que precisam 
ser melhorados, bem como pensar em novas formas de trabalhar com situações que 
apresentaram dificuldades. Comparar o que foi planejado com o que foi alcançado é um 
princípio para a reavaliação. Saber o que foi feito e o que deixou de ser feito. Somente com 
uma avaliação sincera será possível direcionar as diretrizes que devem ser tomadas para uma 
melhoria contínua no ensino das Escolas Bíblicas Dominicais. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Para que os desafios deste século sejam vencidos é necessário empenho e dedicação 
dos professores e gestores que estão dispostos a oferecer um ensino de qualidade para a 
igreja atual. Não é permitida, ao educador cristão que deseja exercer suas funções com 
qualidade, a acomodação, estar sempre atento as mudanças que ocorrem no mundo é 
imprescindível para apresentar aos alunos, além de um conteúdo contemporâneo, um 
formato de ensino que proporcione a melhor maneira de aprender este conteúdo. Tratar o 
processo de ensino dentro das Igrejas como um mero ritual, sem o compromisso com a 
formação do caráter cristão no ouvinte, não deve ser aceitável. Se a igreja der prioridades à 
área educacional, entendendo que ela é a base para todas as outras atividades desenvolvidas 
na igreja, então faz-se necessário utilizar de uma metodologia de ensino, a fim de que o 
ensino, sendo relevante e significativo, possa resultar na aprendizagem. A busca pelo 
conhecimento e pela metodologia apropriada para cada grupo de aprendizes deve ser um 
processo contínuo e por isso é esperado que receba atenção especial do educador. 
No que diz respeito tanto aos métodos que apresentaram bons resultados, como os 
métodos que não foram satisfatórios, dentro do processo de ensino a reavaliação dos 
resultados deve fazer parte da rotina do professor. Conhecer o público alvo é primordial para 
o ensino, principalmente por permitir usar a metodologia apropriada para este público, 
dominar técnicas disponíveis, contribui para a troca de conhecimento com segurança, ter 
amplo conhecimento do conteúdo que será aplicado na sala de aula é o mínimo que se espera 
de um professor que se preocupa com a formação do seu aluno, estar aberto para 
modernizações contribui muito para um ensino eficaz. Como já observado, o mundo está em 
constante evolução e o educador cristão deve buscar apresentar um processo de ensino que 
seja compatível com o mundo contemporâneo, sendo que isso não significa que negociar os 
dogmas da igreja, mas usar meios que são comprovados como mais eficazes para este tempo. 
Com isso, observa-se que para que a Educação Cristã ganhe em qualidade é preciso 
buscar aprimoramento. Da mesma maneira que ocorre na educação secular, planejar, avaliar 
professores e alunos, construir ambientes que estimulam o aprendizado, entre outros fatores, 
não podem ser ignorados. O medo é um desafio a ser vencido pelos educadores, pois muitos 
estão atrelados a tradições e por medo da mudança evitam utilizar novos métodos de ensino 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
99 
nos ambientes destinados à instrução do cristão, mas diante do grande desafio que a 
educação cristã passa hoje, salientamos que é preciso ter coragem para ter sucesso, é possível 
modernizar-se sem perder a essência do ensino cristão. A tradição não pode ser superior à 
formação do caráter cristão no aprendiz. 
Ainda assim, existem disponíveis muitas tecnologias que podem ser empregadas nas 
aulas, contudo para que estes meios tecnológicos sejam empregados o educador precisa 
conhecer e dominá-lo de forma que se torne uma ferramenta eficiente na propagação do 
conteúdo da aula. A falta de domínio destas ferramentas tem sido um vilão, pois julga-se que 
muitas tecnologias possuem complexidades para ser dominadas, porém não se está levando 
em conta que, uma vez dominadas estas tecnologias, elas proporcionaram enormes 
vantagens em sala de aula. Ainda assim, outro fator que impede o uso é o risco de falha, mas 
este é outro ponto importante a ressaltar, o risco existe, mas os resultados justificam o risco 
que se corre ao utilizar tecnologias inovadoras para o ensino. 
A qualificação do ensino nas Escolas Bíblicas Dominicais não é uma tarefa fácil, mas, 
como observado neste artigo, não é impossível de ser feito. É necessário que gestores, 
professores e as pessoas que estão envolvidas acreditem nos seus chamados, valorizem este 
espaço criado por Deus para a formação de cristãos fortalecidos na palavra do Criador e se 
empenham ainda mais em uma educação continuada. 
Price11 apresenta Jesus como o mestre em usar técnicas de ensino. Descreve que Jesus 
utilizou os mais avançados métodos para o ensino. Disserta, ainda, que os métodos utilizados 
pelo Mestre eram naturais, e não fruto de deliberados estudos. Não obstante, os resultados 
alcançados foram excepcionais. Afirma ainda que Jesus é incomparável no uso dos métodos, 
ensinou como nenhum outro. Afinal, os métodos que hoje são muito comuns nas atividades 
educacionais foram usados por Jesus. Portanto, como discípulos de Cristo, é preciso fazer o 
melhor para que o Reino dos Céus cresça na terra, e a sua mensagem seja passado da melhor 
maneira. É importante ressaltar que o professor de educação cristã possui o melhor conteúdo, 
informações que vão além de salvar vidas neste tempo, proporcionam ensino que garante a 
vida eterna e, por isso, não é permitido repassar este melhor conteúdo de qualquer maneira. 
A melhor mensagem deve ser repassada da melhor maneira possível. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANDRADE, Claudionor de. Teologia da educação cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2014. 
COSTA, Ivanilson. Novas tecnologias e aprendizagem.Rio de Janeiro: Wak, 2014. 
GRIGGS, Donald. Manual do professor eficaz. São Paulo: Cultura Cristã, 2015. 
LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de audiência. São 
Paulo: Da Boa Prosa & Fundação Leman, 2011. 
 
11 PRICE, J. M. A pedagogia de Jesus: o mestre por excelência. Tradução de Waldemar W. Wey. 5.ed. Rio de 
Janeiro: JUERP, 1986, p. 74. 
 
Revista Ensaios Teológicos – Vol. 02 – Nº 02 – Dez/2016 – Faculdade Batista Pioneira – ISSN 2447-4878 
 
 
100 
MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2015. 
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2011. 
PRICE, J.M. A pedagogia de Jesus: o mestre por excelência. Tradução de Waldemar W. Wey. 
5.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1986. 
TULER, Marcos. Manual do professor de Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes