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Direito Administrativo I 2013 10 29

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ADMINISTRATIVO I – 29/10/13
Princípios do Direito Administrativo
Vamos hoje concluir o estudo dos princípios de direito administrativo. Claro que concluir é uma palavra que nunca deveria ser usada no estudo do direito, porque os princípios tem um papel tão relevante que se espalham pro todos os temas do direito administrativo de forma tão incisiva que é claro que eles reaparecerão no estudo pontual de cada um dos institutos do direito administrativo. Mas essa é a última aula formal em que nós vamos dedicar algum tempo a esse estudo dos princípios.
Princípio da continuidade dos Serviços Públicos:
Conceito:
Sobre o conceito do princípio da continuidade dos serviços públicos, o termo parece autoexplicativo. Ele significa, em linhas gerais, que a administração pública não dispõe de nenhuma margem de decisão acerca da paralização do funcionamento da máquina administrativa e da prestação dos serviços públicos aos cidadãos.
Basicamente, o que o princípio determina é que a administração mantenha uma certa regularidade no funcionamento dos serviços. Estes que não se submetem a critérios puramente políticos ou econômicos quanto a sua subsistência e quanto a continuidade da sua prestação, do seu oferecimento aos cidadãos.
Regularidade vs. Descontinuidade:
Porque o professor se refere a uma certa regularidade e não à continuidade em seu sentido estrito? E porque o professor fala em razões políticas e econômicas como razões que não são suficientes para justificar a paralisação dos serviços públicos?
Comecemos por “uma certa regularidade”. O professor não usou essa expressão certa regularidade de forma gratuita. Então, porque uma certa regularidade? É necessário que as repartições públicas em geral se mantenham continuamente abertas e em pleno funcionamento durante as 24h por dia? É necessário que o serviço público fique operando na sua carga máxima de atendimento à população durante os 7 dias na semana?
A que se refere essa ideia de certa regularidade? À previsibilidade perante os cidadãos, à previsibilidade no sentido de os cidadãos saberem que há uma regularidade dessas prestações e nos períodos onde há um pico de demanda, os serviços devem ser organizados de forma adequada a atendê-la, e nos períodos onde há menor demanda, os serviços podem manter uma regularidade, mas de forma menos acelerada. Isso exatamente porque a administração lida com necessidades variadas, muitas vezes incalculáveis e com recursos financeiros e humanos limitados.
Então, o princípio da continuidade dos serviços públicos é uma norma jurídica de caráter maios ou menos flexível, que determina que a administração mantenha um atendimento adequado das necessidades dos cidadãos. Esse atendimento não precisa ser contínuo (no sentido de ser igual no seu fornecimento, no sentido de quantidade) e também não há um impedimento de que haja períodos de interrupção que sejam justificáveis em termos econômicos e técnicos, desde que isso não comprometa a regularidade do atendimento das necessidades da população.
Então, quando o professor se refere a “uma certa regularidade”, ele está se referindo à compatibilidade entre oferecimento contínuo dos serviços públicos e a necessidade de se observar as limitações, financeiras, materiais e humanas, da administração pública na prestação de serviços.
É uma ordem de otimização de coisas a serem alcançadas, mas que não pode ser levada ao extremo de se exigir da administração pública uma prestação ininterrupta em todos os casos e de todos os serviços da administração pública. Por isso que essa expressão “certa regularidade” tem um sentido de proporcionalidade da demanda em relação à capacidade de oferta de serviços pela administração pública.
É nesse sentido que cabe falar de regularidade x descontinuidade em que, em relação à demanda, em relação a limitações de ordem material, financeira ou humana, é possível se buscar um ponto de equilíbrio na realização do princípio da continuidade dos serviços públicos.
Continuidade vs. Direito de Greve dos Servidores Civis:
Um outro sentido em que o princípio da continuidade dos serviços públicos é estudado diz respeito à sua harmonização, ponderação, com outros direitos envolvidos na oferta regular desses serviços.
Se o princípio da continuidade dos serviços públicos impõe uma certa regularidade na oferta dos serviços públicos à população, de forma a compatibilizar a demanda por esses serviços com as limitações materiais, financeiras e humanas da administração pública, o princípio também convive com limitações jurídicas à sua aplicação.
A aplicação dele não é plena uma vez que ele tem que ser compatibilizado, por exemplo, com o direito de greve dos servidores civis, que foi assegurado de maneira inédita pela CF, art. 37, VII.
CF, art. 37, VII – “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica;”.
Essa expressão “lei específica” foi resultante de uma alteração nesse inciso promovido pela EC 19/98, que é conhecida como Emenda da Reforma Administrativa. A CF/88 falava em “lei complementar”, então a EC 19 passou a falar em “lei específica”, em parte para afastar a necessidade do quórum de maioria absoluta da lei complementar, mas, de outro lado, também para afastar a possibilidade de aplicação de outras leis de greve, que não a específica para os servidores públicos civis, por analogia. Então, se falou em uma lei específica, que seria uma lei ordinária que cuidasse especificamente do direito de greve dos servidores públicos civis.
No caso dos servidores públicos militares, a CF/88 vedou expressamente a sindicalização e a greve dos servidores públicos militares. Essa decisão foi do constituinte originário, tomada de forma peremptória nos art. 144 c/c 42, §1º da CF/88. Essa norma, no entanto, do art. 37, VII da CF/88 está sujeita a uma lei específica que determine os casos e limites específicos do direito de greve.
Como essas duas normas podem ser compatibilizadas: o direito de greve dos servidores públicos civis x o princípio da continuidade dos serviços públicos? Primeiro, a greve não pode ser uma greve total, porque a greve total, pelo menos nos serviços considerados essenciais, poderia comprometer uma certa regularidade na oferta dos serviços públicos.
Então, a expressão “certa regularidade” também tem utilidade também aqui. O direito de greve é um direito constitucionalmente assegurado aos servidores públicos civis e esse direito tem que ser exercido nos limites definidos em lei específica. O que se imagina é que a lei que esse artigo se refira defina por áreas qual é, em termos qualitativos, a possibilidade do exercício maior ou menor do direito de greve tendo em vista a demanda maior ou menor da população em relação a esses serviços.
Por isso, o professor fala sempre em “certa regularidade”, porque ela pode variar também, além de em função das limitações materiais, financeiras e humanas da administração, de acordo com a área, que comporte maior ou menor oferta conforme a demanda da sociedade, diante do direito de greve dos servidores públicos civis.
A lei deve definir as áreas prioritárias que comportam o direito de greve de forma mais restritiva, as demais áreas que comportam o direito de greve de forma mais ampla e deve também definir formas de salvaguarda dos direitos da população à continuidade dos serviços pela possibilidade de convocação alternativa de outros servidores. Isso normalmente se dá em situação de calamidade pública, através da convocação de servidores militares, que são chamados ao atendimento da população às vezes em bens de uso do povo (praças públicas, etc.) – para garantir alguma regularidade na oferta de serviços públicos que sejam aqueles considerados mais essências a população.
O problema é que essa lei específica ainda não chegou a ser editada e o STF, durante muitos anos, proferiu decisões no sentido de que enquanto não for editada a lei que se refere o art. 37, VII da CF/88, o direito de greve é um direito que não é autoaplicável, que não pode ser imediatamente exercido pelos servidoressem que haja lei.
No entanto, os servidores públicos civis nunca se curvaram a essa decisão do STF, se declaravam em greve e aí se instaurava uma situação de conflagração quase que inconstitucional – já que o judiciário, através de seu órgão de cúpula máximo, entendia que o direito de greve não poderia ser exercido. Era, portanto, uma situação de inconstitucionalidade por uma omissão, já que uma norma constitucional tinha sua aplicabilidade paralisada pela ausência de uma lei infraconstitucional que regulamentasse o direito de greve.
Essa situação começou a ser equacionada de que forma? Nos últimos anos, a partir do julgamento de diversos mandados de injunção, o STF passou a entender que não é possível mais conviver com essa situação, já se passaram 25 anos desde a entrada em vigor da CF/88 e nem lei complementar, nem lei ordinária específica foi editada regulamentando especificamente o direito de greve dos servidores públicos.
Então, o STF passou a admitir o exercício de direito de greve dos servidores públicos civis, com a aplicação analógica de alguns dispositivos da Lei Geral de Greve – que é a lei ordinária que rege o exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. Por analogia, o STF, que sempre rechaçou essa possibilidade, diante da força dos fatos, passou a admitir o exercício desse direito como direito imediatamente exercitável pelos seus destinatários, mas nos limites estabelecidos nesses mandados de injunção que preconizam a aplicação de alguns dispositivos da lei de greve adaptados por analogia aos serviços públicos considerados mais essenciais.
Então, por exemplo, eles preveem percentuais de servidores que tem que se manter em atividade, pois há uma exigência de que, pelo menos nesses serviços essenciais, o princípio da continuidade seja preservado em seu conteúdo essencial – que é o atendimento das necessidades vitais dos cidadãos mesmo diante da greve dos servidores públicos civis.
Seria muito importante que essa lei fosse discutida no Congresso Nacional, primeiro por uma questão de legitimidade democrática, pois a Lei Geral da Greve foi pensada, discutida e votada ara uma realidade diferente da do serviço público, ela foi pensada para trabalhadores particulares. Mas isso seria importante também porque, na lógica do direito do trabalho, prevalece a lógica capital-trabalho, enquanto que na relação servidor estatutário e administração pública, embora essa situação adversarial não desapareça, ela tem natureza diferente, os interesses em jogo são diferentes e é legítimo que o Congresso Nacional sopese esses interesses, dando a solução da compatibilização do direito de greve com o princípio da continuidade dos serviços públicos com balanceamento diferente.
Então, para o professor, seria importante que essa lei fosse logo editada pelo Congresso, até porque o STF não pode se substituir ao legislador na definição democrática dessa ponderação entre o princípio da continuidade do serviço público e o direito de greve dos servidores públicos civis.
Continuidade nos serviços delegados: art. 6º, §3º, Lei 8987/95:
Outra situação que tem evolvido a aplicação do princípio da continuidade dos serviços públicos diz respeito à aplicação desse princípio no campo dos serviços públicos delegados, nos serviços sujeitos à concessão e à permissão contratual. Nesse sentido, a lei que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos, em seu art. 6º, §3º trata dessa matéria nos seguintes termos:
Lei 8987/95, art. 6º, §3º - “Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.”.
Vemos aqui uma aplicação na lei ordinária do que o professor falou, num plano mais teórico, como limites materiais, financeiros ou humanos.
Razões de segurança ou ordem técnica:
Quanto a esse inciso I não há muita dúvida. Havendo razões técnicas ou razões de segurança relevantes que justifiquem a paralisação dos trens de uma concessionária, por exemplo, evidentemente que nesses casos não há como manter a continuidade dos serviços, então é possível a paralisação temporária para os reparos e a volta do funcionamento, do ponto de vista técnico, ou o reestabelecimento das condições mínimas de segurança.
Inadimplemento do usuário:
O inciso II é o que comporta maiores discussões, e inclusive tem justificado uma divisão muito grande entre os tribunais brasileiros quanto a sua constitucionalidade. O que diz o inciso II? Ele diz que não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Então, aqui a ideia é a seguinte: para os serviços sujeitos a concessão e permissão em que há o pagamento de uma tarifa pelo usuário do serviço, a inadimplência do usuário justifica o corte do fornecimento dos serviços. E aí diz o dispositivo da lei: “considerado o interesse da coletividade”.
A pergunta é: É possível o corte no fornecimento de energia elétrica, de água, de telefone, que são atividades regulamentadas no Brasil como serviços públicos, diante do inadimplemento do usuário, ou o princípio da continuidade dos serviços públicos imporia o fornecimento contínuo ainda que diante do inadimplemento do usuário?
De forma mais específica: O inadimplemento justifica o corte sempre, o inadimplemento não justifica o corte nunca, ou depende da natureza dos serviços ou do tipo de usuário que se tratar?
O que o STJ construiu é uma jurisprudência que vai nessa linha, de ponderação entre esses princípios – adotando essa terceira solução mais compromissória. O STJ, pois essa questão ainda não chegou ao STF, porque ela tem sido tratada ainda de na esfera da infralegalidade, embora pareça para o professor que o princípio da continuidade dos serviços públicos possa ser reconhecido como um princípio constitucional implícito, diante das necessidades essenciais da população que dependem da viabilização desse princípio.
No STJ existem duas Turmas que tratam de direito público. Essas Turmas, num primeiro momento estavam em posições diametralmente opostas: uma turma dizia que esse corte diante do inadimplemento é simplesmente inconstitucional, por aplicação da continuidade dos serviços públicos, que tem caráter constitucional; a outra turma dizia que é possível o corte uma vez que a própria continuidade dos serviços públicos na sua prestação depende do nível de adimplemento das tarifas pelos próprios usuários, porque, afinal de contas, o modelo de concessão e permissão pressupõe a contribuição dos usuários pelo pagamento da tarifa. Então, ao se admitir a continuidade do serviço a usuários cronicamente inadimplentes, se poderia gerar um problema de receita que poderia comprometer a própria continuidade do oferecimento de serviço público.
Foram gerados alguns incidentes de uniformização da jurisprudência e o STJ começou a construir exatamente essa jurisprudência compromissória, dizendo o seguinte: o dispositivo é constitucional porque ele próprio menciona no final os interesses da coletividade. Diante disso, como se balanceia os interesses da coletividade com o princípio da continuidade dos serviços públicos e o interesse na adimplência dos serviços?
(1) Primeiro, remetendo a questão à politica tarifária. Esse é um ponto importante. A política tarifária significa exercer o direito de regular o valor da tarifa e quando a tarifa é devida conforme classes diferentes de usuários. Então, há situações em que a chamada tarifa social se impõe, que pode ser a tarifa zero (chamada também de gratuidade dos serviços – que não é propriamente gratuidade, já que é um subsídio do Estado), ou uma tarifa com alguma espécie de desconto, que viabilize a continuidade do serviço público e ao mesmo tempo o acesso por um valor módico à população de baixa renda.
Então,a política tarifária é uma tentativa de, mantendo as concessões e permissões em funcionamento, assegurar acessibilidade ao serviço público sem gerar inadimplência contumaz. Então, a jurisprudência faz referência a uma política tarifária, que existe em diversos serviços públicos, como no transporte coletivo para pessoas idosas, estudantes da rede pública de ensino e deficientes – o que existe aqui nesse caso é uma tarifa social que visa tratar desigualmente os desiguais compatibilizando um serviço que é pago com o acesso àquele serviço pelas camadas mais pobres da população. Essa é a primeira forma de resolver essa questão.
(2) Segundo, para questões graves, em que o inadimplemento é inevitável, o STJ tem construindo uma jurisprudência excepcional, no seguinte sentido: quando o inadimplemento envolver serviços essenciais que coloquem em risco o direito à vida e à incolumidade física das pessoas, o corte dos serviços não é possível. O que concessionário ou permissionário dos serviços pode fazer é realizar por outros meios de cobrança a busca pelo ressarcimento desse crédito que não foi adimplido, mas ele não pode cortar o fornecimento.
Exemplo: fornecimento elétrico e de água a hospitais públicos e a hospitais privados conveniados com o SUS sem fins lucrativos. O STJ entende que é possível a cobrança judicial dos débitos passados, mas não o corte dos serviços, porque haveria interesses superiores: a preservação da vida e da integridade física das pessoas internadas nesses estabelecimentos de saúde.
Outros casos de pessoas em posição extremamente vulnerável também são acolhidos, ainda que não seja um caso coletivo como hospitais. Pessoas idosas, pessoas em situação de extrema pobreza, etc. – nesses casos, o STJ diz que a interrupção do fornecimento não é possível, sendo possível apenas a cobrança pelas vias ordinárias (ação de cobrança).
Pergunta da aluna - referente a um caso da defensoria pública, em que uma senhora teve que pagar para religar a água em sua casa mesmo tendo marido e filhos com uma doença grave, para os quais não poderia faltar água.
Resposta: Quando se fala no movimento tarifa zero nos serviços públicos, o que parece ser defendido como política pública nesses casos é (das duas uma): ou uma ampla política de financiam público que garanta acessibilidade sem pagamento de tarifas a todas as pessoas, o que importaria num tratamento igual de pessoas em situações desiguais, ou à criação de empresas estatais que pudesses prestar esses serviços.
O que se impõe é uma mudança na forma de custeio desses serviços públicos. Custeio não mais feito pelo usuário, mediante pagamento de tarifa, mas pelo contribuinte, mediante o pagamento de tributos. É preciso discutir, num ponto de vista fiscal, qual é o modelo que melhor atende a sociedade brasileira. O que simplesmente não é possível sustentar é uma tarifa zero que não seja custeada nem pelos contribuintes, nem pelos usuários.
Parei em 50 min.
Princípio da Proteção da Confiança Legítima:
Proteção do princípio da segurança jurídica no campo administrativo:
Princípio ínsito a cláusula de Estado de Direito:
Recolhimento pelo STF:
Aplicação ao Campo de Controle de Juridicidade:
Previsibilidade
Estabilidade
Remédios Jurídicos para Proteção da Confiança:
Manutenção de atos ilegais:
Modulação temporal;
Preservação do ato por prazo determinado;
Regime de transição justo:
Alterações no regime jurídico administrativo;
Pagamento de indenizações:
Solução compensatória;
Princípio da Proporcionalidade:
Devido Processo Legal substantivo e Cláusula do Estado de Direito:
Reconhecimento pelo STF:
Aplicabilidade no Direito Administrativo:
Ponderação entre direitos individuais e interesses coletivos;
Controle de aspectos discricionários;
Máximas da proporcionalidade: Adequação / Necessidade / Proporcionalidade em sentido Estrito;
O seg pr que vamos estudar hj é o pr da prot da seg leg. Tem sido entendido como extenção . por influencia da doutrina germ, o stf tem rec ao pr status const como uma norma ínsita a clausula do est de dto. Esse pr pressupor de um lado a prev das normas que orientam a cond doas adm e um certo grau de est de forma a n lesar os adm por dmudanças de orientação em rel a normas destinadas a conformar, orientar, a vida dos administrados.
Em geral, o dto ofere três tipode sol para port:
1 maniutenção nba ordem jur de atos ilegais o que nos leva a auma analogia com a chamada mod temp dos efeitos das ações declar a de insconst. O efeito normal que o da br preconiza para anulação é o efeito ex tunc. Há sit que da anulação de um ato adm de fato ilegal resultam violações a conf lg doa dministrados, que de bf, cumpriram as determinaçõies desses atos e no ett foram, tempos depois colhidos por uma nov de que aquele ato era ilegal. 
Seg o da clássico, ato ilegal tem que ser anula_. Sóe que essas ist n cond com casos em que a e mais adiante a adm vem e diz que aquele ato lá atrás era ilegal, ptt tudo que vc vez é invalido. Ex: licença para contruir é um ato administrativo que limita a lib ind no campo de dto de prop. Ao receber a licença o part faz e term a obra. Anos depois a licença é considerada ilegal. A anulação tem efeitos ex tunc
50(não entendi a pergunta) Professor: O que eu acho, é que a jurisprudência do STJ reconhece os seus limites, o que eu digo pelo judiciário reconhecer os seu limites, no âmbito de um processo judicial, eu não tenho duvidas de que nessas situações extremas, o papel do juiz é de certa forma resguardar o direito a vida, resguardar a continuidade da prestação de serviços, as pessoas morrem, isso não é uma idealidade, de fato isso acontece. Mas quando a jurisprudência exorta o poder executivo, as estâncias decisórias na regulação desses serviços públicos das políticas tarifárias responsáveis, está querendo dizer que pessoas que comprovem uma situação de indigência ou de completa incapacidade de pagamento de serviços, existem mecanismos de pagamento parcelado, existem mecanismos de adequação a tarifas sociais para esses serviços essenciais; o regime jurídico dos serviços públicos tem exatamente essa finalidade, uma finalidade básica, de tornar módicos os valores que se fossem deixados ao sabor das forças de mercado seriam muito mais altos, o estado já faz investimento nisso na hora de fornecer a infraestrutura, na hora de garantir incentivos fiscais etc. Mas há faixas de usuários que tem que ser tratados diferentemente, talvez ai agente possa se utilizar da categoria de mínimo existencial, nessas situações extremas, essas pessoas podem fazer juz a algum enquadramento em uma tarifa social mais baixa, em alguns casos até da tarifa zero, quando agente pensa nas classes de usuários que não pagam, na verdade agente ta pensando num subsídio, ou pelo conjunto dos demais usuários ou pelo conjunto da sociedade, cai dentro de uma ideia maior de justiça fiscal, mas o judiciários não tem nenhum remédio para isso, eu acho que esse remédio deve ser buscado no campo da política tarifária (não entendia a pergunta 52:45) houve incentivo a inadimplência generalizado, esse é um outro lado da questão, não é possível também se conviver com um sistema que foi implantado com base na ideia da tarifa, e que não haja efetividade na cobrança da tarifa porque isso pode ser um incentivo a inadimplência, nesses casos também acho que é possível o corte quando não houver nenhum risco subsistência do individuo direito a vida e tal... Pergunta: Mas ai num caso desse, o juiz na decisão(53:35) o método de cobrança interessa muito mais a prestadora de serviço ne Resposta: O juiz não determina qual o método de cobrança, ele simplesmente defere a medida, muitas vezes a pedido da defensoria pública que patrocina esses hipossuficientes e cumpre um papel social extremamente relevante determinando que o serviço não seja descontinuado - essa expressão horrorosa que agente importa do inglês ne - ele não é interrompido, o fornecimento não é interrompido, mas a questão da cobrança é remetidapara as vias ordinárias, uma empresa enorme como a supervia como o metrô como a cedae tem condições de cobrar, a questão é que a seguinte, a solução judicial, ela não deve ser vista como ponto final da discussão, a solução judicial ela é uma solução precária, por que exatamente não é possível que essa pessoas tenham que ir ao judiciário sempre diante de uma situação de inadimplência, a sociedade precisa compreender as desigualdades socioeconômicas que existem na realidade brasileira e precisa enfrentar isso de maneira responsável, eu acho que enfrentar isso de maneira responsável é no binômio: política fiscal, política tarifária; política fiscal diz respeito a carga geral de distribuição dos tributos, política tarifária a carga geral de distribuição dos preços públicos, como os serviços públicos são financiados. Essas duas políticas têm que se falar, tem que dialogar de forma a viabilizar um funcionamento saudável, é evidente que existem distorções na forma com que as empresas concessionárias e permissionárias agem, é evidente que há um déficit de controle, mas agente está trabalhando com um modelo que pra se aproximar do ideal tem que ter um nível baixo de inadimplência, e que precisa trabalhar com o que agente chama de princípio da modicidade, que é um valor de tarifa razoável que permita acessibilidade do maior número possível de pessoas e que crie condições excepcionais para aquelas pessoas que nem atingem a esse nível do pagamento da capacidade do adimplemento das tarifas módicas. A intervenção do judiciário é uma intervenção em situação realmente, quase que de calamidade, exemplo: cortar o fornecimento de luz e o fornecimento de água pra uma santa casa de misericórdia e decretar a morte de 500 600 pessoas que estão ali internadas, e evidentemente que o judiciário não pode permitir isso, mas ao mesmo tempo viver de liminares que resolvem precariamente essa situação é uma má política tarifária é uma má política fiscal, é preciso criar situações que ao mesmo tempo não estimulem a inadimplência voluntária mas ao mesmo tempo também não é possível nessas situação não contemplar de alguma forma instituições ou pessoas que se encontram em situação de ruína financeira, e acho que pra isso é que existe a ideia de política tarifária, quando agente estudar o regime jurídico dos serviços públicos, o que que é o regime jurídico dos serviços públicos? É uma forma de regulação fora da lógica do mercado, exatamente porque o preço não vai flutuar ao sabor da oferta e da procura, mas ao mesmo tempo, como existe o pagamento de uma tarifa que já é em si módica, e nem essa tarifa módica alguns são capazes de pagar, o regime jurídico dos serviços públicos tem que dar conta disso de alguma forma, e tudo isso dentro de uma realidade de uma responsabilidade fiscal porque a capacidade financeira também não é ilimitada do estado né, e as necessidades muitas vezes são mais amplas, envolvem não apenas mobilidade urbana envolvem educação envolvem saúde envolvem segurança pública envolvem gastos com o judiciário com outros direitos que não apenas direitos sociais, então é uma equação difícil, mas a meu ver a jurisprudência tem agido até bem, o judiciário acode situações calamitosas e tenta exorta o poder executivo, os reguladores a realizarem um apolítica tarifaria e fiscal mais responsável que contemplem essas situações excepcionais. O princípio da continuidade do serviço público tem essas licitudes, lida com direito de greve dos servidores, lida com a questão da segurança e do funcionamento técnico de equipamentos, de maquinas e lida coma a questão da inadimplência, que também é uma questão extremamente séria e relevante. Pergunta inaudivel(58:40) ... Resposta: O que eu posso dizer da experiência que eu tenho visto é que a atuação das defensorias públicas pelo Brasil a fora e dos juizados especiais nesses casos tem sido uma atuação muito efetiva, as ações tramitam muito rapidamente e as liminares normalmente são deferidas até inauditar a outra parte. Então se a partir dessa jurisprudência do STJ é possível enquadrar diversas situações nessa rubrica de situações de calamidade em que a risco do direito a vida em comunidade física das pessoas; o judiciário faz isso, as ele faz sempre de forma precária né, por que a questão das ações de cobrança né, muitas leis já tem isso, na regulação da aneel a direito a parcelamento se a pessoa se enquadrar numa faixa socioeconômica, há tarifas sociais ainda mais baixas, então isso de certa forma tem sido feito, mas e que há sempre um atraso ne, e ai essas situações excepcionais a única porta em que o sujeito tem para bater é a porta do poder judiciário e o juiz tem que ter essa sensibilidade humana de entender que aquela decisão não é decisão que globalmente ,sistemicamente, vai resolver o problema , as vezes pode até agravar porque há situações de frade, vou dar um exemplo, o judiciário brasileiro e craque em deferir liminares pra fornecimento de medicamentos pelo poder público: em São Paulo de médicos que davam atestados à pessoas determinando lá o tipo de medicamento para favorecer determinados laboratórios. E uma máfia que envolvia o próprio poder executivo, na capital de SP ou no interior. O poder executivo diante das liminares do judiciário não realizavam licitação, porque o fornecimento era urgente. Enquadrava lá em uma das hipóteses de dispensa de licitação por emergência. Por urgência no fornecimento. Então adquiria esse remédios por valores muito mas altos do que seriam pagos numa licitação regular sem concorrência dos outros laboratórios. E os médicos faziam parte disso. então é tipo de defeito sistêmico no judiciário. Que o judiciário não tem capacidade de dar conta. Essas situações sistêmicas como é o caso do inadimplemento crônico de determinado tipo de usuário de serviços essenciais. Como é o caso da incapacidade de algumas pessoas adquirirem medicamentos porque os valores são muito elevados. Precisam ser resolvidos nos campos das políticas públicas. Quer dizer que o judiciário dá soluções precárias. Soluções para situações que eu chamei de calamitosas. Mas eu não acho que é uma boa solução pro país que a política nacional de fornecimento de medicamentos, de acessibilidade a medicamentos, seja determinada pelo poder judiciário. O judiciário tem uma função de túnel, que é natural. É inerente a função do juiz. Ele julga um caso. Ainda que ele julgue muitos casos, o juiz não consegue fazer compra de escala. Grandes compras e grandes licitações. O juiz não consegue saber exatamente quais são os melhores medicamentos, os genéricos, quais os que não podem ser comprados por serem similares, sejam de laboratório com menor confiabilidade. essas soluções gerais e sistêmicas estão no plano da política. Não devem estar no plano do direito. A intervenção do juiz, nesses casos, é realmente pontual, precária e pra situações calamitosas. Mas eu repito a vocês. não é isso que tem acontecido no Brasil. Em geral o judiciário é chamado a resolver o problema. o juiz é colocado em uma situação: ou você dá a liminar, e cria um problema sistêmico, ou você não dá a liminar e a pessoa morre. Se cada um de vocês fossem juízes eu acho que teriam que dar a liminar, mas o judiciário institucionalmente tem que se movimentar pros demais poderes políticos também cumprirem seu papel, darem soluções sistêmicas para esse problema. Comentário: Aluna informa que trabalha na suipa, ..., se a pessoa comprovasse que tinha o problema, a doença, mas sempre se buscava outra alternativa porque nem sempre o medicamento era listado como fornecido pelo SUS eram medicamentos específicos muito caros então sempre se pedia que fosse levado um laudo pra se verificar a possibilidade de restituição, na maioria dos casos não era possível e o juiz deferia mesmo assim, tem caso de chegar a 7mil 8 mil reais a cada três meses assim, existe até uma discussão com o professor Daniel sarmento a esse respeito e ele falou que isso tem que entrar no orçamento da saúde - professor concorda - só que é meio complicado porque se é umaquestão política..., enfim. Professor: Eu também não defendo que o juiz seja absenteísta tipo- esse não é um problema meu, essa é uma questão de discricionariedade administrativa - não é essa a questão, quer dizer, um juiz de boa fé e o judiciário brasileiro veio sendo ao longo de uns 20 anos renovado, pessoas jovens muitas vezes oriundas de classe media baixa e até de .. que conhecem a realidade socioeconômica do país e tem essa sensibilidade social, mas institucionalmente não é a melhor forma de resolver o problema, falando em medicamentos, em muitos municípios e estados brasileiros 60, 70, até 80 % do orçamento da saúde é comprometido, é aplicado, para cumprir decisões judiciais, tem que cumprir as decisões judiciais, não há pais de estado democrático de direito que funcione sem cumprimento das decisões judiciais, mas a discussão que se tem que fazer é: essa é a melhor política redistributiva no campo da saúde que nós podemos ter? Uma política determinada por juízes em ações individuais, em alguns casos em ações civis coletivas, mas em maior parte em ações promovidas pela defensoria pública. Que tipo de acesso é dado a população quando o acesso depende do acesso judicial? Já há estudos que demonstram que o acesso a justiça é assimétrico na Brasil também em razão do caráter socioeconômico, da dificuldade de acesso, até da acessibilidade física, defensoria e tal. Então, estamos fazendo uma política redistributiva que beneficia quem tem acesso a justiça né, e as secretarias de saúde preferem muitas vezes cumprir as decisões judiciais para num correrem o risco de prisão por crime de desobediência a ordem judicial ao invés de enfrentar o problema de forma mais sistêmica, vou dar um exemplo: há determinadas doenças que atingem determinadas classes socioeconômicas mais elevadas, essas classes tem um acesso a justiça mais fácil, e o judiciário, da mesma forma, concede o fornecimento dos medicamentos, em certa medida isso pode levar a uma inversão de prioridade de fornecimento de medicamentos gratuitos a populações de classe media ou classe media alta em alguns casos; isso acontece de fato, e ai o juiz fica naquele dilema: Se eu não conceder, eu estou prestigiando um orçamento da saúde um orçamento da saúde que todo mundo diz que é pautado por incorreções morais por corrupção etc... Todo argumento é sempre... - Ah o poder público gasta milhões em publicidade, e é verdade, mas a solução sistêmica do problema passa por uma intervenção pontual do poder judiciário ou ela dever ser vista como um elemento de solução de situações trágicas catastróficas calamitosas, eu acho isso, mas a realidade brasileira tem imposto o contrário, por exemplo: muitos municípios e estados brasileiros não fazem mais política de revisão tarifária hoje em dia por medo da reação popular nas ruas, o que é que esse municípios e estados fazem se a empresa concessionária ou permissionária quer aumento tarifário? "Eu não dou, vá ao judiciário." Isso é uma transferência da responsabilidade política ao judiciário. "Então se vierem fazer passeata na frente da prefeitura, que façam passeata na frente do fórum." Por que? porque a um ônus político a ser pago toda vez que a tarifa se aumenta, a um ônus político a ser pago toda vez que há uma discussão sobre a justiça da política tarifária praticada em todos os níveis, federal estadual e municipal no brasil. Mas acho que essa experiência da defensoria corrobora o que eu disse em resposta a colega, há um esforço concentrado dos órgãos de acesso a justiça defensoria pública e do poder judiciário em atender a essa demanda, então de fato eu acho que isso acontece no Brasil, quem não tem acesso é a população realmente invisível, é realmente quem não consegue nem o acesso a defensoria pública, que existe sem dúvida existe, quer dizer nem chegar lá nem saber o que é, isso realmente também acontece, é a história versão dos afogados do luis fernando veríssimo: "Dizem que o boto é amigo dos náufragos que ele nada sempre em direção a costa, bom isso porque você nunca perguntou a versão dos afogados, os outros 50% se abraçam no boto e boto tava nadando em direção ao alto mar e morrerão afogados." Então até isso a política de acesso a justiça ela num tem como avaliar né, simplesmente é como violação liberdade de expressão, o que não se diz o que fica no silencio ninguém ouve ninguém sabe, se a questão das biografias é assim, biografia fazer fofoca, quem quer escrever uma biografia do Djavan ne? alguém pode ate se interessar, mas por exemplo a biografia do lira neto sobre Getulio Vargas é o melhor livro de historia do Brasil sobre o estado novo que eu já li na minha vida, não é visão dos livros de história de fora pra dentro, é a visão da história de dentro pra fora; a mesma coisa do acesso a justiça, quem não chega lá é invisível, simplesmente é um esquecido é um sujeito que ta fora, pra isso a política pública tem que chegar até a pessoa, políticas que envolvam acessibilidade com tarifas sociais e tal, acho que é um mecanismo mais efetivo, que mais justo, do que a intervenção pontual do poder judiciário que é simplesmente inevitável, a situação de atuação da defensoria e do judiciário é acudir situações de risco de vida eminente né, tanto no fornecimento de medicamentos como nas decisões que impedem o corte no fornecimento de serviços públicos. (professor comenta com aluna) Eu não tenho dúvida, por isso que eu te falei, é fácil você comentar quando você não está no drama social, porque drama do processo é o drama social ne? E o juiz tá inserido ali e ele não pode dizer assim: "não decido isso". Ele tem que decidir e tem que tomar uma decisão, e a decisão tem sempre efeitos colaterais e talvez o menos gravoso seja impedir a morte dessas pessoas E impedir situações sociais ainda mais graves que aquelas que já chegam ao poder judiciário. Pergunta da aluna: como agente faz por exemplo quando... tem um caso lá que era um conquer e era 30 mil por mês e o juiz deferia todo mês 30 mil reais pra uma pessoas então você num tinha frauda descartável para centenas de pessoas... Professor: tem situações e eu vou te dar uma ainda amais grave que foi decidida pelo STF, o voto que decidiu foi dado pelo ministro luis fux, o fux disse o seguinte: o que eu quero é poder dormir em paz. A discussão era sobre se o judiciário devia ou não custear o tratamento de uma doença chamada... "Doença pigmentar na retina", é uma doença pra qual não existe tratamento no mundo, mas existe um tratamento preliminar, ainda sem comprovação de eficácia, em Cuba; é um tratamento caríssimo e o supremo chamou isso de direito a esperança, então o SUS paga passagem estadia e o tratamento das pessoas, eles querem que essas pessoas tenham tratamento, eu também quero, mas qual o custo pro sistema? Quantas pessoas vão deixar de ter uma vacina para febre amarela ou outro tipo de tratamento, milhares! Então, lidar com essas situações trágicas, por isso que o livro que trata disso chama-se “targedy choice” escolhas trágicas, e você, como público... parte confusa (1.12.00), decide quem vai enxergar quem não vai, quem vai andar quem não vai, quem vai ver e quem vai morrer. O que eu acho é que institucionalmente o juiz não é a autoridade melhor situada melhor capacitada pra tomar essas decisões que tenham efeito geral - mas eu concordo com você que numa situação tão trágica se o juiz num fizer intervenção num caso concreto, a situação fica ainda mais calamitosa. Pergunta inaudivel (1.12.40). Resposta: pois é esse é o drama do juiz ele fala: "onde é que tá esse dinheiro ta na propaganda somando forças". Então, o juiz fica nessa situação. Pergunta: Mas de onde sai esse dinheiro de que orçamento, tem previsão? Resposta: Não... sai normalmente do orçamento da saúde, mas o orçamento da saúde num é a casa da moeda né, num é ilimitado, então o problema é exatamente esse, quando você tira do orçamento da saúde toda escolha locativa é uma escolha desalocativa, porque escolher onde você vai aplica é escolher onde você não vai aplicar, ainda que agente não saiba,mas de alguma forma alguma necessidade não vai ser atendida, mas eu concordo, que dizer é uma decisão não mandar alguém fazer um tratamento pra uma doença na retina muito grave da qual a pessoa possa se curar, é uma doença que causa não só a 1.14.00). O segundo princípio que nós vamos tentar estudar hoje, é o princípio da proteção da confiança legítima tem sido entendido como uma projeção do princípio da segurança jurídica do campo do direito administrativo. Por influencia da doutrina germânica, o STF tem reconhecido ao principio da proteção da confiança legitima status constitucional como uma norma incita clausula do estado de direito. Proteção da confiança legítima pressupõe de um lado a previsibilidade das normas que orientam a conduta dos administrados e de outro lado a instabilidade, ou um certo grau de instabilidade, no ordenamento jurídico de forma a não lesar os administrados por mudanças de orientação da administração pública em relação a normas destinadas a conformar, orientar, a vida dos administrados. Em geral, o direito oferece três tipos de remédios ou de soluções para a preservação, proteção, da confiança legítima dos administrados. O primeiro desse remédios tem haver com a manutenção na ordem jurídica de atos ilegais o que nos leva a uma analogia com a chama modulação temporal dos efeitos das decisões declaratórias de inconstitucionalidade de leis; raciocínio analógico, embora a analogia não seja perfeita ela nos é útil pra entender esse mecanismo, vou dar um exemplo: vocês viram, quando estudaram o princípio da auto tela administrativa, que a administração pública pode revogar os seus atos que considere não mais convenientes e oportunos, ou seja, atos legais que simplesmente a administração quer retirar do mundo jurídico pra que não produzam mais efeitos dali pra rente, e pode anular os seus atos que sejam e que entenda em vagos de ilegalidade; a anulação por isso, produz como regra uma eficácia retroativa na expressão latina: produz efeitos "ex tunc" - desde antão- vamos só lembrar relembrar isso todos vocês já sabem essas expressões latinas as vezes complicam o raciocínio jurídico e o importante é o raciocínio não a expressão; quando agente fala em conceitos "ex tunc" agente fala em conceitos retroativos ' desde então', quando agente fala em efeitos "ex nunc" de efeitos prospectivos, daqui pra frente, 'desde de agora'. Porque que a anulação como regra de um ato administrativo ilegal produz efeitos retroativos ou "ex tunc"? porque a ideia básica da anulação é que o ato administrativo num momento um, alguns anos depois de editado, foi detectado como ilegal esse ato administrativo sempre foi ilegal ele sempre contrariou a lei, portanto ele sempre foi inválido, e nesse sentido a anulação busca colher, e portanto anular, todos os efeitos jurídicos já produzidos no tempo por um ato administrativo ilegal. Seria algo antinatural se imaginar um ato ilegal que pudesse ter produzido efeitos válidos enquanto não declarada a sua ilegalidade. Então o efeito normal, vamos dizer assim, que o direito administrativo brasileiro preconiza pra anulação de atos administrativos é o efeito retroativo o efeito "ex nunc". Porque que eu to falando nisso? porque há situações, e há diversas situações em que dá anulação de um ato administrativo de fato ilegal resultam violações a confiança legítima dos administrados, administrados que de boa fé, que atendendo a presunção de legitimidade dos atos da administração pública, cumpriam as determinações desses atos, seguiram o que os atos impunham e no entanto foram, tempos depois, colhidos por uma novidade que foi no entendimento da administração de que aquele ato era ilegal. Que o direito administrativo clássico nos ensinava; ato ilegal tem que ser anulado, anulação de ato administrativo ilegal retroage, e retroage porque, porque seria inconcebível um ato ilegal produzir efeitos validos. Só que essas situações não condiziam com casos em que a administração pública induzia o particular a achar que estava diante de um ato valido, o particular orientava sua vida muitas vezes por anos, muitas vezes era levado a situações irreversíveis, cumprindo o que o ato que estava em vigor determinava e mais adiante a administração vem e diz: "olha meu amigo sabe aquele ato lá atrás, era ilegal. e se ele era ilegal tudo o que você fez é inválido. Exemplo: Licença para construir, o que é licença para construir? É um ato administrativo praticado no chamado exercício do poder de polícia da administração que limita a liberdade individual no campo do direito de propriedade, qualquer um de nós, se tive um terreno e quiser construir, não pode construir livremente, deve solicitar uma licença a autoridade competente do município da prefeitura, da lá licenças pra construir; com que objetivo: Garantir a incolumidade física e a segurança	das pessoas, pra que as construções sejam feitas de acordo com as normas técnicas, então toda obre tem que ter lá: Licença para construir numero tal, provar que é um projeto que a obra tem fundações e alicerces que a obra é conduzida por um arquiteto um engenheiro etc etc... A administração concede a licença, o particular pega a licença e confia na licença, afinal todo ato administrativo, vocês ja aprenderam, é, se presume o que? Legítimo, válido; veras quanto a seus motivos e valido quanto a seus fundamentos jurídicos. Ao receber a licença o particular fica feliz e começa a fazer a obra, termina a obra, anos depois vem a administração e diz: " Sabe aquela licença que eu te dei em 2007, Você construiu? - Construí!. - Concluiu a Obra? - Concluí! - A administração deu o habites? - Deu. - Mas era baseado numa licença ilegal. A anulação do ato tem efeitos "ex nunc", a licença é invalida e infelizmente você vai ter que demolir a sua obra. Nessas situações esdrúxulas, na verdade a situação clássica, a situação numero 1, que é reconhecida e é citada no mundo inteiro é uma situação da chamada nuvem de Berlim: "que foi uma senhora viúva de um militar alemão que morava na Alemanha oriental e que fez uma consulta na Alemanha ocidental, por correio, estamos falando ai do final da década de 40 e início da década de 50, se ela faria jus ou não a pensão pela morte do seu marido que morreu na segunda guerra mundial; - a resposta da administração pública Alemã - Sim, pode vir!". Só que ela tinha que sair da Alemanha oriental, o que ela fez pra sair da Alemanha oriental? Fugiu, num pode mais voltar, evidentemente que era um regime extremamente fechado, um regime totalitário, e ela fugiu porque ia ganhar provavelmente uma pensão muito maior na Alemanha ocidental; Chegou lá, comprovou com os documentos, foi deferida a pensão, e pensão, toda pensão, toda aposentadoria, vai pra um controle de contas pra ver se foi deferida legalmente; quando chegou no tribunal de contas da Alemanha, o tribunal de contas falou assim: essa senhora não se enquadra na lei alemã de pensionamento de pessoas que tombaram na segunda guerra mundial. E ai a velinha ficou desesperada e foi procurar um advogado, o advogado levou a questão - na Alemanha assim como na maior parte dos países da Europa continental, o poder judiciário não controla a administração pública, esse é um modelo anglo-saxônico ao qual o Brasil confuso (1.23.35) - O modelo lá é de jurisdição administrativa, existe poder judiciário que julga litígio entre particulares e a jurisdição administrativa que julga litígios entre particulares a administração, o que que o advogado alemão alegou? - Meu amigo, eu nem quero discutir se ela tem direito ou não a pensão, a pensão pode ser até ilegal, mas essa é uma senhora de 75 anos, fugiu, Deus sabe lá como, da Alemanha oriental e veio pra cá confiando legitimamente num documento oficial do setor de pensionamentos da administração pública alemã de que ela tinha direito a pensão, a pensão foi paga por alguns meses e agora você manda uma carta, uma notificação, dizendo que ela não vai mais receber, ela num tem como voltar pra Alemanha oriental porque lá ela é fugitiva, não tem como restabelecero pagamento da pensão que ela recebia lá, e aqui se ela quiser trabalhar com 75 anos provavelmente ela não teria condições, já deveria estar aposentada, e essa pensão é a única forma de subsistência que ela tem, e ai esse caso chegou ao que seria o conselho de estado da Alemanha, e o supremo tribunal administrativo alemão entendeu o seguinte: Ela, de fato, pela letra da lei não tinha direito a pensão, mas a administração pública criou um a situação em que a senhora foi levada a confiar, a acreditar legitimamente; é por isso que se fala em confiança legítima, não em qualquer confiança, num é passar na frente da secretaria de fazenda e falar " Oh! tenho direito aqui", não é isso, confiança legítima é um ato que do ponto de vista da boa fé objetiva um cidadão seja levado a acreditar que ele tem direito a uma determinada situação jurídica, então nesse caso, na Alemanha, se criou um precedente universal ou proteção da confiança legítima que é o de que: Diante de atos ilegais que ajam, no momento da sua edição, criado no ponto de vista da boa fé objetiva, a crença o entendimento a compreensão de particulares de que estavam diante de um ato legítimo e válido, a administração pública deve preservar o ato em alguns casos - no caso da velinha era a preservação até o fim dos seus dias - em outros casos a preservação por um prazo determinado afim de assegurar um princípio igualmente constitucional que nesses casos concorrem e devem ser ponderados, ser sopesado, com o próprio princípio da legalidade administrativa. Pra isso é interessante agente pensar no princípio da juridicidade, quando agente cruza um expressão diferente é pra designar situações jurídicas diferentes,quando eu falo no princípio da juridicidade como uma resultante de forças	, de normas constitucionais que regem a administração pública, eu penso por exemplo nesse caso, nesse caso da licença, o sujeito construiu com base num a licença que havia sido dada com toda aparência de legalidade, ele confiou legitimamente na licença e construiu, a administração tem o direito de exigir a demolição anos depois porque lá atrás verificou que havia praticado uma ilegalidade. Então nesses casos o princípio da confiança legítima relativiza o próprio princípio da legalidade, levando a administração a preservação ou a manutenção de atos ilegais ainda que reconheça que o ato esta eivado de fato daquela ilegalidade. Então não tem como disfarçar, não é apagar a ilegalidade do ato é invocar que há uma outra situação jurídica, fundada num princípio igualmente constitucional, que é o princípio da proteção da confiança legítima, que dá ao administrado o direito de desfrutar daquele ato, ou até o momento em que o ato vai ser anulado, ou por um prazo fixado dali pra frente, ou no caso da viúva de Berlim um ato que vai ser mantido até os últimos dias de vida daquela administrada. Pergunta do aluno(não entendi). Professor: A administração pública em inúmeros casos, o que se determina é, que a administração honre aquela situação individual que ela gerou perante o administrado e internamente há uma apuração, por uma sindicância ou um processo administrativo disciplinar, pra se apurar a razão pela qual o servidor deu causa aquela situação absurda. Em outros casos em que a preservação do ato não é possível, o que a doutrina e a jurisprudência tem preconizado é a exigência de um regime de transição justo, aqui agente num ta falando propriamente da manutenção de atos ilegais no tempo ou da não pronuncia da nulidade pra trás, agente ta falando por exemplo da revogação de um regime jurídico que vigeu durante muitos anos e que simplesmente foi revogado, vou dar um exemplo, agente sempre trabalhou no Brasil com a seguinte ideia, 'aqui o exemplo é o do regime jurídico dos servidores públicos": durante muito tempo, os servidores públicos se aposentavam com mulheres trinta anos os homens trinta e cinco, e foram acrescidos limites de idade para essa aposentação; o que se dizia era o seguinte, se o servidor não completou o tempo de serviço, a mulher trinta anos, no caso dos professores o regime era de 25 anos, então a mulher com 24 anos como professora, ou a mulher 29 anos como servidora que não seja do magistério, o homem 34 anos ele tem uma mera expectativa de direito, se a lei for alterada ampliando esse prazo, ou criando exigências complementares, quem tem expectativa de direito não tem direito não tem direito, simplesmente não tem direito algum. Agora eu pergunto a vocês: é justo tratar da mesma forma a servidora com 29 anos de serviço e a servidora com 6 meses serviço? Pro entendimento antigo, de que tudo era expectativa de direito o tratamento, o tratamento era idêntico, qual era a identidade do tratamento, todos vocês que estão me ouvindo tem direito nenhum. Então quando se fala num regime de transição justo e agente vai passar no Brasil, governos de direita ou esquerda vão ter que fazer isso no Brasil, mudanças por exemplo no regime geral de previdência sobretudo no regime de previdência aplicado aos servidores públicos, porque a longevidade da população aumenta, a capacidade financeira se mantém estagnada ou até se reduz, e é possível dar conta sistêmica de um sistema que não seja cronicamente deficitário como é o brasileiro; então virão essas alterações. O que se diz é: ninguém tem direito adquirido um regime jurídico, mas as alterações devem contemplar um regime de transição justo para por exemplo aqueles que tem mais tempo naquele regime, um regime diferenciado para aqueles que tem menos tempo de forma a, vamos dizer assim, contemplar de alguma forma a confiança legítima que ao longo dos anos as pessoas depositaram naquele regime, e por isso vão ter um regime de transição mais favorável do que as pessoas que acabaram de entrar naquele regime. E a terceira e última solução é do pagamento de indenizações, que é uma solução puramente compensatória, não é uma solução que passa nem pela manutenção de atos ilegais nem pela instituição de regime de transição justo, por exemplo há situações realmente em que simplesmente não é possível se manter uma licença pra construir, vou dar novamente esse exemplo, porque aquilo teria implicações ambientais insuportáveis, terríveis, nessas situações o que a doutrina preconiza e a pratica administrativa no Brasil tem adotado é: se o ato não pode ser mantido, dar-se ao particular uma indenização compensatória em forma de compensação pela confiança legítima que não se pode preservar, então quer dizer o cara tem uma indenização que permite de um lado que o ato seja desfeito, que o ato da administração seja desfeito, mas o particular não foca a ver navios, ele não vai desfrutar daquele direito em natura, das vantagens que decorriam daquele direito, mas pelo menos ele vai ter uma indenização que vai contemplar aquela situação jurídica da qual ele foi desprovido por uma nova interpretação ou um novo entendimento da administração em relação aquela matéria.

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