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ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA TIPOS DE ARGUMENTOS A ARGUMENTAÇÃO A argumentação é um recurso que tem como propósito convencer alguém, para que esse tenha a opinião ou o comportamento alterado. No momento da construção textual, os argumentos são essenciais, esses serão as provas que apresentaremos, com o propósito de defender nossa ideia e convencer o leitor de que essa é a correta. É necessário, para se elaborar uma argumentação jurídica, formular argumentos e apresentar os raciocínios que a constituem. Neste aspecto, cabe analisar as diversas possibilidades de construções argumentativas. TIPOS DE ARGUMENTOS ARGUMENTO DE AUTORIDADE É a citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área da atividade humana para: Reforçar uma tese, um ponto de vista; Criar a imagem de que o falante sabe o que está falando (uma vez que já leu o que pensaram outros autores sobre ele) Tornar os autores citados fiadores de veracidade. Um argumento de autoridade é um argumento baseado na opinião de um especialista. São fundamentais para a progressão do conhecimento, nomeadamente para a Ciência, e por seu alto valor jurídico é um dos mais utilizados nos textos jurídicos por meio da citação da doutrina, jurisprudência, além de outras fontes do Direito. Regras a ter em conta para que o argumento de autoridade possa ser considerado um bom argumento: O especialista invocado deve ser muito bom no assunto em causa; Não haver discordâncias significativas entre os especialistas quanto à matéria em discussão; Não haver outros argumentos mais fortes ou de força igual a favor da conclusão contrária; Os especialistas não terem interesses pessoais na afirmação em causa. Ex: Assim parece ser porque, para Piaget, “toda moral consiste num sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras” (Piaget, 1994, p.11). A essência da moral é o respeito às regras. A capacidade intelectual de compreender que a regra expressa uma racionalidade em si mesma equilibrada. ARGUMENTO BASEADO NO CONSENSO É o argumento construído a partir de um conhecimento tomado como senso comum (consenso), tido como um saber partilhado. A educação é a base do desenvolvimento. A família é a base da organização social. Mas não em: O brasileiro é um preguiçoso. A Aids é um castigo de Deus. Esse tipo de argumento possui pouca eficácia no Direito pois poucas teses específicas são de senso comum (consenso), porquanto a concordância quanto à interpretação da lei é rara. Além do mais esse argumento tem força de persuasão fraca, “pois seu alcance é por demais vago, obtuso” além do que, as duas partes do litígio podem utilizá-la (RODRIGUEZ, 2004, p.263). Assim sendo, para garantir a eficácia desse argumento, ele deve estar “acompanhado de outros argumentos que lhe venham a dar sustento” (Idem: ibdem). ARGUMENTO BASEADO EM PROVAS CONCRETAS É o argumento baseado em fatos comprobatórios (cifras e estatísticas, dados históricos, fatos da experiência cotidiana), os quais devem ser: Pertinentes Adequados Fidedignos Suficientes Exemplo: "A aplicação de castigo físico a mulheres de 'mau comportamento' continua a ser vista como um dever e um direito da família. Uma pesquisa feita em 2008 com 4700 afegãs mostrou que 87% já tinha sido vítimas de espancamentos ou abusos sexuais e psicológicos – em 82% dos casos, infligidos por aparentes." Veja, 19 de maio, 2010. ARGUMENTO DE PROVA Estratégia argumentativa em que se utiliza “os elementos probatórios” com o objetivo de fazer deles “uma valoração favorável às intenções do argumentante”. As provas podem ser: “depoimentos das partes e das testemunhas, os laudos, as fotografias, as gravações, os documentos”. (RODRIGUEZ, 2004, p. 230) De acordo com Rodriguez, é possível refutar o argumento de prova de duas formas: “Apresentar argumento que diminua o valor impingido pela parte contrária à prova que traz” e apresentando outro elemento de convencimento “mais forte que a prova da parte adversa.” Portanto, a prova é capaz de convencer quando elaborada como argumento de prova, se o advogado ou julgador “as transforma em fundamentos.” (Idem: p. 232-233). Argumento a Simili ou por Analogia É aquele em que o advogado cita e associa, para validar a sua tese, tese anterior acolhida e utilizada pela Jurisprudência. “A justiça deve tratar de maneira idêntica casos semelhantes”, ainda que o ordenamento jurídico forneça várias “teses e entendimentos” e valorize diferentemente as provas. Busca-se uma similitude nas decisões dos tribunais, ainda que haja autonomia por parte do julgador ele não decidirá contrario aos “seus iguais, (...) principalmente para manter a equidade no judiciário como um todo” (RODRIGUEZ, 2004, p. 248). Argumento por analogia, assim como o por autoridade, se faz persuasivo pela fundamentação, que no presente caso necessita de “demandas semelhantes em sua essência. (p.249-251) (...) qualquer atividade persuasiva tanto será mais convincente quanto mais elementos, diferentes, forem mostrados para aproximar o caso paradigma do caso concreto” (p.252). Assim, a analogia ARGUMENTO POR MODELO Estratégia argumentativa que busca associar o elemento principal de uma tese a um modelo aceito e reconhecido pela coletividade. “Para servir de modelo é preciso um mínimo de prestígio. Às vezes trata-se de um modelo a ser seguido por um pequeno grupo, às vezes é um padrão a ser seguido em determinadas circunstâncias.” (Magalhães: 2016) ARGUMENTO POR ANTIMODELO Argumento em que prevalece o que deve ser repugnado, o não-exemplo. “O antimodelo impele à mudança de atitude em razão da repulsa ao erro. Nesse caso, busca-se distinguir alguém pela ação contrária ou pelo afastamento.” (Magalhães: 2016) O ARGUMENTO AO ABSURDO O argumento pelo absurdo, também chamado prova pelo absurdo, consiste em demonstrar a invalidade de uma tese, pressupondo-a verdadeira, e mostrando que sua aplicação leva a resultados incongruentes, contraditórios, antijurídicos, inadmissíveis: absurdos, enfim. Trata-se de demonstrar a falsidade de uma afirmação ou a invalidade de uma ideia mostrando que seus efeitos, desdobramentos ou aplicações práticas contradizem essa mesma ideia, ou conduzem ao impossível, ao inadmissível ou ao antinômico (contraditório). Usa-se o argumento pelo absurdo para mostrar que a aceitação de uma certa interpretação da norma levaria a) a contrariar o fim visado pela mesma norma, ou b) a contradizer norma hierarquicamente superior, ou c) à antinomia entre a norma interpretada e o sistema em que está inserida, ou d) a uma inconstitucionalidade, etc.. ARGUMENTO COM BASE NO RACIOCÍNIO LÓGICO É o argumento baseado nas relações lógicas entre proposições e provas (causa e consequência, explicação ou justificativa, conclusão, etc.). Alguns defeitos dessa argumentação: Fuga do tema Tautologia* Indicação de causa de um fato o que não é causa dele. A tautologia é , na retórica, um termo ou texto redundante, que repete a mesma ideia mais de uma vez. 22 ARGUMENTO DA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA É o argumento baseado no modo de dizer, ou seja, na utilização de um vocabulário adequado à situação de interlocução, usando a norma culta da língua, o que atribui credibilidade às informações veiculadas. ATENÇÃO O conteúdo da argumentação no processo é mais valioso que a forma, porém, é inquestionável que “a forma, o modo de expressão e o meio pelo qual as ideias são encaminhadas” tenham sua parcela de contribuição ao deslinde final, além de definir um conceito ao advogado (Rodrigues: 2004, p. 266). ATENÇÃO Ao analisar o fato, relacione o sentido conforme as fontes de direito e não interprete-o de acordo com visões passionais e preconceituosas para não tornar seus argumentos vulneráveis. BIBLIOGRAFIA GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione, 1997. PLATÃO & FIORIN. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1996. RODRIGUEZ, Victor Gabriel. Manual deRedação Forense. Campinas: LZN Editora, 2004, p. 215-285. SANTOS, Alberto. Base de conhecimentos do gabinete da 4ª Vara Cível de Maringá. Disponível em: http://nsvg4.site44.com. Acessado em 15/04/2018. SERAFINI, Maria Teresa. Como escrever textos. São Paulo: Globo, 1997.
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