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Uberlândia 2017 Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Química RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA Absorbância de soluções de Cr(VI) em diferentes concentrações. Bacharelado em Química Industrial Disciplina: Análise Instrumental Experimental Alunos: Aline Carvalho Felipe Cavalcanti Maurício Lima Caroline Silva 1. Introdução O comportamento químico do crômio é bastante amplo, sendo que o mesmo pode assumir cores, geometrias e números de oxidação diversos, que podem variar de -2 até +6. O Cr(VI), especificamente, existe apenas na forma de oxo-espécies; suas principais espécies em solução aquosa são os íons bicromato (HCrO4 -), cromato (CrO4 2-) e dicromato (Cr2O7 2-). A relação entre as concentrações dos íons cromato e dicromato pode ser estabelecida através do equilíbrio mostrado na Equação 1. Diversos estudos mostram que a presença de ácido crômico (H2CrO4) pode ser observada somente em soluções com pH abaixo de 0; HCrO4 - predomina em pH entre 1 e 6 e, em maiores concentrações (10-3 mol L-1), coexiste com Cr2O7 2-; em valores de pH maiores que 8, a presença de CrO4 2- é predominante. A interconversão entre as espécies com a alteração do pH pode ser percebida no Gráfico 1. 2CrO4 - (aq) + 2H + (aq) Cr2O7 2- (aq) + H2O(l) (Equação 1) Gráfico 1 – Perfil da distribuição das espécies de Cr(VI) em função do pH. FONTE: Sena, M. M.; Collins, C. H.; Collins, K. E. Química Nova, 24 (2001) 3. O estudo da concentração das espécies de Cr(VI) em solução deve sua importância a alguns fatores, tais como a utilização de sua solução ácida como como padrão de absorção na região do UV/Visível e como padrão para a dosimetria de radiação, além do cátion nesse estado de oxidação ser carcinogênico. A quantificação da concentração das espécies pode ser feita através de uma curva de calibração, considerando que em diferentes pH os sinais de absorbância serão diferentes. Portanto, a acidez ou basicidade da solução pode influenciar diretamente os sinais de absorção de determinada espécie, conforme pode ser observado no Gráfico 2; nele é possível perceber a presença do ponto isosbéstico, comprimento de onda no qual os espectros das espécies se cruzam, isto é, a absorbância não varia com a concentração da espécie. Gráfico 2 – Espectros de absorção UV-Vis de 1,5x10-4 mol L-1 em solução tampão BR. As curvas (a), (b), (c), (d) e (e) correspondem às soluções de pH igual a 2,0, 5,0, 6,0, 7,0 e 8,0, respectivamente. FONTE: Costa, L. S. et al. Eclética Química, 35 (2010) 3. 2. Objetivos • Construir curvas padrão em diferentes comprimentos de onda para diferentes pH das soluções de Cr(VI), identificando as maiores absorbâncias para as espécies de cromato e dicromato, assim como o ponto isosbéstico. • Verificar os desvios na lei de Beer em função da interconversão das espécies de Cr(VI) com a variação do pH. 3. Parte experimental 3.1 Materiais utilizados • Espectrofotômetro GEHAKA UV-340G; • 8 balões volumétricos de 100 mL; • Solução de H2SO4 1,0 mol L-1; • Solução de crômio(VI) 100 mg L-1; • Pipetas volumétricas de 50,00, 25,00, 10,00 e 5,00 mL; • Béquer de 500 mL; • Cubeta de plástico; • Pisseta; • Água destilada. 3.2 Procedimentos 4. Resultados e discussões Com a utilização de um aparelho de espectrometria UV-Vis obteve-se a absorbância das soluções de Cr(VI), com concentrações de 5 mg L-1, 10 mg L-1, 25 mg L- 1 e 50 mg L-1. Onde as medidas foram realizadas em meio ácido e em meio aquoso, utilizando como parâmetro os comprimentos de onda máximo do CrO4 - (λ = 355nm), do Cr2O7 2- (λ = 340nm) e o ponto isobéstico (λ = 445nm), os valores obtidos encontram-se expressos nas Tabelas 1, 2 e 3 respectivamente. Essas medidas em diferentes comprimentos de onda foram realizadas devido ao equilíbrio ácido-base que ocorre em meio aquoso, para então verificar a influência do pH em relação as concentrações das espécies. Tabela 1 – Valores de absorbância do Cr(VI) no comprimento de onda de 355nm, em meio aquoso e em meio ácido, em diferentes concentrações. λ = 355 nm Concentração (mg L-1) Em meio ácido Em meio aquoso 0 0 0 5 0,091 0,163 10 0,212 0,322 25 0,526 0,806 50 1,248 1,655 Foram retiradas 2 alíquotas de 50,0, 25,0, 10,0 e 5,0 mL da solução de Cr(VI) para 8 balões volumétricos diferentes. 4 balões contendo cada uma das alíquotas de diferentes volumes foram completados com água destilada, enquanto as demais foram completados com ácido sulfúrico 1,0 M. O referencial contendo água destilada foi lido pelo espectrômetro, e logo em seguida a absorbância nos 3 comprimentos de onda das demais soluções com diferentes concentrações. O referencial contendo ácido sulfúrico foi lido pelo espectrômetro, e logo em seguida a absorbância nos 3 comprimentos de onda das demais soluções com diferentes concentrações. Com os dados obtidos obteve-se uma reta correspondente à absorção em meio ácido, apresentado na Figura 1, e em meio aquoso Figura 2, e na Figura 3 encontram-se representadas as duas retas para melhor comparação visual dos resultados obtidos. Figura 1 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=355 nm em meio ácido. Com base no gráfico construído obteve-se a equação da reta (Equação 2) e um coeficiente de correlação (R2) igual à 0,9937. 𝑦 = 0,025𝑥 − 0,0345 (Equação 2) Figura 2 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=355 nm em meio aquoso. Com base no gráfico construído obteve-se a equação da reta (Equação 3) e um coeficiente de correlação (R2) igual à 0,9998. 𝑦 = 0,0331𝑥 − 0,0061 (Equação 3) y = 0,025x - 0,0345 R² = 0,9937 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ân ci a Concentração (mg L-1) y = 0,0331x - 0,0061 R² = 0,9998 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ân ci a Concentração (mg L-1) Figura 3 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=355 nm em meio ácido e aquoso. Logo, para verificar a relação entre as inclinações das retas obtidas em meio ácido e em meio aquoso, divide-se seus coeficientes angulares, de forma que se o resultado calculado for aproximadamente um, significa que as espécies não sofrem desvio químico relevante, portanto o pH não influencia de forma significativa no equilíbrio das espécies. Desta forma, obteve-se a razão igual a 1,32 (Equação 4), com isto pode-se afirmar que as espécies não sofrem ação de um desvio químico, uma vez que em 355 nm tem-se o pico de absorbância máxima do cromato, consequentemente, quando verifica-se os valores obtidos de absorbância em meio ácido em relação ao obtido em meio aquoso, observa-se uma ligeira diminuição dos valores de absorbância encontrados em meio ácido, pois o equilíbrio tende a se deslocar para o sentido de formação do dicromato com a acidificação do meio (Equação 5). Isto pode ser afirmado pelo fato da absorbância ser diretamente proporcional à concentração. 𝑚𝑎𝑞𝑢𝑜𝑠𝑜 𝑚H2SO4 = 0,0331 0,025 = 1,32 (Equação 4) Cr2O7 2- (aq) + H2O(l) 2 HCrO4- (aq) 2H+(aq) + 2CrO4-(aq) (Equação 5) Tabela 2 – Valores de absorbância do Cr(VI) no comprimento de onda de 340nm,em meio aquoso e em meio ácido, em diferentes concentrações. λ = 340 nm Concentração (mg L-1) Em meio ácido Em meio aquoso 0 0 0 5 0,102 0,151 10 0,219 0,304 -0,2 0,3 0,8 1,3 1,8 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ân ci a Concentração (mg L-1) A em meio ácido A em meio aquoso Linear (A em meio ácido) Linear (A em meio aquoso) 25 0,519 0,719 50 1,176 1,397 Com os dados obtidos obteve-se uma reta correspondente à absorção em meio ácido, apresentado na Figura 4, e em meio aquoso Figura 5, e na Figura 6 encontram-se representadas as duas retas para melhor comparação visual dos resultados obtidos. Figura 4 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=340 nm em meio ácido. Com base no gráfico construído obteve-se a equação da reta (Equação 6) e um coeficiente de correlação (R2) igual à 0,9964. 𝑦 = 0,0234𝑥 − 0,0185 (Equação 6) Figura 5 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=340 nm em meio aquoso. Com base no gráfico construído obteve-se a equação da reta (Equação 7) e um coeficiente de correlação (R2) igual à 0,9996. 𝑦 = 0,0278𝑥 − 0,0135 (Equação 7) y = 0,0234x - 0,0185 R² = 0,9964 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ân ci a Concentração (mg L-1) y = 0,0278x + 0,0135 R² = 0,9996 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ân ci a Concentração (mg L-1) Figura 6 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=340 nm em meio ácido e em meio aquoso. Desta forma, obteve-se a razão igual a 1,19 (Equação 8), com isto pode-se afirmar que as espécies não sofrem ação de um desvio químico, uma vez que em 340 nm tem-se o pico de absorbância máxima do dicromato, consequentemente, quando verifica-se os valores obtidos de absorbância em meio ácido em relação ao obtido em meio aquoso, observa-se uma ligeira diminuição dos valores de absorbância encontrados em meio ácido, no entanto, esperava-se uma absorbância maior em meio ácido, pois o equilíbrio tende a se deslocar para o sentido de formação do dicromato com a acidificação do meio (Equação 5), no entanto, podemos notar que a acidez do meio não possui grande influência no equilíbrio químico desta reação. Isto pode ser afirmado pelo fato da absorbância ser diretamente proporcional à concentração. 𝑚𝑎𝑞𝑢𝑜𝑠𝑜 𝑚H2SO4 = 0,0278 0,0234 = 1,19 (Equação 8) Tabela 1 – Valores de absorbância do Cr(VI) no comprimento de onda de 455nm, em meio aquoso e em meio ácido, em diferentes concentrações. λ = 455 nm Concentração (mg L-1) Em meio ácido Em meio aquoso 0 0 0 5 0,018 0,021 10 0,036 0,042 25 0,097 0,108 50 0,203 0,219 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ân ci a Concentração (mg L-1) A em meio ácido A em meio aquoso Linear (A em meio ácido) Linear (A em meio aquoso) Com os dados obtidos obteve-se uma reta correspondente à absorção em meio ácido, apresentado na Figura 7, e em meio aquoso Figura 8, e na Figura 9 encontram-se representadas as duas retas para melhor comparação visual dos resultados obtidos. Figura 7 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=455 nm em meio ácido. Com base no gráfico construído obteve-se a equação da reta (Equação 9) e um coeficiente de correlação (R2) igual à 0,9993. 𝑦 = 0,0041𝑥 − 0,0027 (Equação 9) Figura 8 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=455 nm em meio aquoso. Com base no gráfico construído obteve-se a equação da reta (Equação 10) e um coeficiente de correlação (R2) igual à 0,9999. y = 0,0041x - 0,0027 R² = 0,9993 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ân ci a Concentração (mg L-1) y = 0,0044x - 0,001 R² = 0,9999 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ân ci a Concentração (mg L-1) 𝑦 = 0,0044𝑥 − 0,001 (Equação 10) Figura 9 – Curva de calibração para a solução de Cr (VI) com λ=455 nm em meio ácido e em meio aquoso. O ponto isobéstico é o comprimento de onda em que as duas espécies do composto possuem a mesma absorbância, neste caso o ponto isobéstico será no comprimento de onda λ = 455 nm. A partir dos gráficos pode-se observar que no ponto isobéstico, tanto no meio ácido quanto no meio aquoso, obteve as melhores inclinações de reta quando comparado aos outros pontos absorbância máximos. Desta forma, obteve-se a razão igual a 1,07 (Equação 11), logo pode-se afirmar que as espécies neste ponto não sofrem ação de um desvio químico. Neste caso, as duas espécies absorvem no ponto isobéstico, fazendo com que o pH possua menor influência quando comparado aos outros pontos de absorbância. 𝑚𝑎𝑞𝑢𝑜𝑠𝑜 𝑚H2SO4 = 0,0044 0,0041 = 1,07 (Equação 11) 5. Conclusão Com base nos resultados obtidos com este experimento pode-se concluir que não são apresentados desvios significativos na lei de Beer, visto que as razões obtidas entre os coeficientes angulares atenderam os padrões estabelecidos, onde esses desvios poderiam ser de natureza química, provenientes da variação do pH, onde o principal objetivo seria a verificar a influência do controle do pH durante o procedimento de construção da curva de calibração. Verificou-se que os melhores resultados foram obtidos em meio aquoso, onde notou-se que não há grande desvio no equilíbrio químico da reação, de forma que no pico máximo de absorbância do dicromato seria esperado maior absorbância em meio ácido, mas verificou-se o contrário. No entanto, os resultados obtidos nos demais pontos foram 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0 10 20 30 40 50 60 A b so rb ãn ci a Concentração (mg L-1) A em meio ácido A em meio aquoso Linear (A em meio ácido) Linear (A em meio aquoso) de acordo com o esperado. Sendo que no ponto isobéstico obteve-se os melhores valores de absorbância e sua curva de calibração demonstrou maior linearidade. 6. Referências Sena, M. M.; Collins, C. H.; Collins, K. E. Aplicação de métodos quimiométricos na especiação de cr(vi) em solução aquosa. Química Nova, v. 24, N. 3, 2001. Costa, L. S. et al. Avaliação espectrofotométrica das formas Cr+3, CrO4 -2 e Cr2O7 -2 Eclética Química, v. 35, N. 3, 2010. PUC-Rio. Experimental 5. Disponível em <https://www.maxwell.vrac.puc- rio.br/9456/9456_6.PDF>. Acesso em 17/05/2017.
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