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APOSTILA GESTÃO DO CONHECIMENTO Ricardo Daher Oliveira, Ph.D ricardo.daher@unicesumar.edu.br Pós - Doutor pelo Deptº de Ciências Contábeis da HEC/Universidade de Montreal – Área de Discussão: Gestão do Conhecimento Doutor em Engenharia de Produção – UNIMEP/SP; Mestre em Engenharia de Produção – UFSC/SC; MBA – Management – Formação de Gerentes e Diretores– FGV/RJ; Pós-Graduado em Finanças e Mercado de Capitais – CEPPG Pós-Graduado Auditoria e Controladoria * (em andamento); Bacharel em Administração Estudos Avançados em Filosofia, Economia, Direito, Psicologia; Professor de Graduação, Pós -Graduação Lato Senso e Stricto Senso Pesquisador e Consultor em Gestão Empresarial. Áreas de Pesquisa - Gestão do Conhecimento nas Organizações - Planejamento Estratégico e Capital Intelectual - Gestão dos Indicadores de Controle Empresarial Maringá 2013 2 SUMÁRIO 1. QUEM PRECISA RACIOCINAR CERTO? ........................................................................... 3 2. O CONHECIMENTO .............................................................................................................. 5 3. ORIGEM DO CONHECIMENTO .......................................................................................... 8 4. O CONHECIMENTO NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO ................................................. 11 5. GESTÃO DO CONHECIMENTO NO CONTEXTO DAS PRATICAS GERENCIAIS ..... 14 6. EDUCAÇAO FORMAL E PRÁTICAS GERENCIAIS – Atividade - 1 ............................. 29 3 1. QUEM PRECISA RACIOCINAR CERTO? (Texto de Carlos Bússola, 2003) Se você tivesse perguntado aos romanos quem precisa de Filosofia, eles teriam lhe respondido: Ninguém! Porque o que o povão quer é “panes et circenses” (pão e diversões) e o motivo é muito simples, dizia Horácio: “Vulgus vult decipi” (o povão gosta de ser enganado!). Por isso, desde sempre, quem governa no esquema do absolutismo, ou impede que se lecione Filosofia, ou só permite a Filosofia que a ele interessa. Por isso os romanos se especializaram no Direito, Stalin e Mao impuseram o materialismo marxista e a Igreja cristã só admite a Filosofia de São Tomás de Aquino para defender suas teses religiosas.Então, quem precisa de Filosofia? Precisam todos aqueles que têm medo dela. Em primeiro lugar, aqueles que têm cérebro dogmático. Aqueles que repetem objetivamente as ordens e as leis sem olhar se servem e se são justas; aqueles que sentem necessidade de serem mandados porque não têm idéias próprias e todos aqueles que adoram mandar para sublimar seu ego. Com efeito, sabemos que os dogmáticos não admitem objeções e como não têm fundamentação nenhuma para aquilo que afirmam ou impõem, exigem dos súditos a fé cega quase sempre acompanhada de ameaças. Dogmatismo e fé estão sempre juntos com ameaças. Em segundo lugar, precisam de Filosofia todos aqueles que se consideram salvadores da sociedade, pois algumas aulas de Antropologia Filosófica lhes dariam a visão clara das limitações humanas, das incertezas e das dúvidas e, sobretudo, aprenderiam que o que chamamos de liberdade é freqüentemente um equívoco quando se defronta com as emoções humanas. Em terceiro lugar, precisam de muita Filosofia os cientistas; esses deveriam ler os livros de K. Popper para entender como é ridícula a pretensão que a ciência moderna tem de possuir a verdade, uma vez que tudo é relativo: basta um novo ponto de vista para nos colocar numa nova perspectiva. Os políticos também precisam de Filosofia, pois eles às vezes são parecidos com os sofistas, apresentando ao povo um único aspecto da realidade. Também precisam de Filosofia todos aqueles que se dedicam à propagação e à manutenção da religião. Esses homens, muitos dos quais levam uma vida santa, dificilmente entendem que, embora existam princípios eternos e universais, imutáveis e absolutos, não se pode dizer que a compreensão deles, por parte dos homens, seja absolutamente certa e irreformável, pois o homem compreende lentamente e quase sempre de forma incompleta. E finalmente precisam de Filosofia os próprios filósofos, porque o caminho que leva à verdade é difícil, muito lento e, freqüentemente, contraditório. Isto confirma o fato de que as pessoas simplesmente se aproximam da verdade; nunca alcançam a verdade de um modo pleno e total, pois só o eterno é a verdade absoluta. Lecionando por muitos anos, observei que o estudante, antes de chegar a um novo conhecimento, passa por três estágios, ou momentos: (1) de abalo ou confusão, (2) de demolição e (3) de reconstrução. (1) O momento do abalo Existem enunciados que confundem a cabeça: são afirmações filosóficas que, quando 4 lidas em separado, disjuntam do contexto total, distorcem a verdade. É que a Filosofia constitui um todo feito de muitas partes. Por exemplo, o problema do conhecimento é uma parte do todo, por isso o conhecimento, em si, não é Filosofia; ele deve ser integrado com o problema antropológico, cosmológico, metafísico e ético. Por isso não basta estudar só uma parte da Filosofia, por exemplo, somente o problema do conhecimento. (2) O momento da demolição É quando o estudante começa a destruir e desfazer-se das ideologias e conceitos tradicionalmente aceitos. São idéias enraizadas na sociedade que ninguém pôs em dúvida... Neste segundo momento sempre há um estudante que volta atrás e abandona a Filosofia, voltando às velhas idéias que ainda lhe fornecem um apoio psicológico. Esse estudante não sabe que a Filosofia não quer destruir nada: só quer questionar e às vezes criticar, esperando, deste modo, descobrir os verdadeiros valores fundamentados através da racionalidade. (3) O momento da reconstrução Se dá quando a verdade descoberta se fundamenta no raciocínio certo. Por isso há o estudo da lógica para ensinar a pensar corretamente, tanto com referência aos fatos físicos, como aos fatos metafísicos, isto é, aquilo que não é material e escapa aos sentidos. Daí surge um novo conceito: a Filosofia leva a uma sempre maior aproximação da verdade e se torna um novo modo de conhecimento. O problema do conhecimento é a porta de entrada para a Filosofia e pode ser expresso em dois modos: (A) Posso conhecer algo na sua essência, ou o meu conhecimento deste “algo” é apenas superficial? (B) Se o meu conhecimento de fatos e de realidades é superficial, então como saberei que é verdade? O problema da verdade é fundamental quando se trata de dar uma interpretação ao mundo e a tudo que nele existe. Por exemplo: o homem é somente corpo? Ou há algo nele que sustenta a matéria? O que poderia ser este outro “algo”? Outro exemplo: Deus existe? Ou é uma necessidade da minha fraqueza e das injustiças do mundo fazê-lo existir? E se Ele existe, por que as pessoas O chamam de Pai quando se vê um mundo tão injusto e cheio de doenças?... E há outros mil exemplos!... Em todas as coisas o homem sempre procura a verdade e a verdade lhe é dada pela cultura de seu grupo social. Mas a Filosofia quer ir além disto... quer uma resposta racional e não social... Ora a verdade, mesmo a verdade na sua forma aproximativa, é o fruto do conhecimento individual. É por isso que a Filosofia discute as idéias dos outros antes de aceitá-las ou rejeita-las. É por isso também que o conhecimento é a porta de entrada para a Filosofia. Mas o conhecimento não é coisa tão simples assim: iremos ver que há três tipos de conhecimentos: o vulgar, ou popular; o científico e o filosófico, e é esse tipo de conhecimento que iremos, breve, estudar. A próxima tese será sobre o conceito, natureza e metodologia da Filosofia. 52. O CONHECIMENTO (Texto de Carlo Bússola, 2003) O conhecimento é a porta de entrada para a Filosofia. Na linguagem filosófica há uma palavra muito importante e cheia de significação, é “Realidade”, que significa tudo aquilo que é real e atual para nós; tudo aquilo que existe: as estrelas, as pedras, as flores, as árvores, os insetos, os animais e os homens, tanto indivíduos, como em sociedade. Não só, mas também fatos e acontecimentos enquanto produtos da ação da natureza ou dos homens. Dessa massa de coisas, nas quais estamos mergulhados e que chamamos de “realidades”, o que é que podemos conhecer? Aliás, podemos mesmo conhecê-las? A pergunta, estranha à primeira vista, tem seu peso e é muito importante, uma vez que Kant provou (e ficou provado até hoje) que nós, seres humanos, nunca conheceremos a verdadeira essência das coisas pelo simples fato de que, morando nós na superfície, só podemos conhecer a superfície, nunca o “interior vital” das coisas. E mesmo morando na superfície não é fácil conhecer de modo absolutamente certo: simplesmente porque nosso olhar é apenas superficial... Se o leitor não tivesse aprendido na escola que a terra gira ao redor do sol, acreditaria que é o sol que gira ao redor da terra! Freqüentemente os sentidos nos enganam e, enganando-nos, nos impedem de alcançar a verdade. Ora, alcançar a verdade é a finalidade exclusiva da Filosofia. Assim sendo, o problema do conhecimento pode ser expresso em dois modos: (1) Posso conhecer algo na sua realidade, ou o meu conhecimento é apenas superficial? (2) Se o meu conhecimento de fatos e realidades é apenas superficial, então como saberei que é verdadeiro? Não só, mas nunca eu chegarei à verdade. Por isso o problema do conhecimento é fundamental quando se trata de dar uma interpretação à minha existência e a toda a realidade na qual me encontro. Por exemplo: o homem é puro corpo? Ou há algo nele que sustenta a matéria? Outro exemplo: Deus existe? Ou é uma exigência da fraqueza humana? Ou do inconsciente coletivo? E se existe, em que sentido Ele cuida do Universo, uma vez que somos testemunhas de imensas catástrofes, doenças e males sem fim? Antes de fazer uma abordagem filosófica do conhecimento, queremos saber quais são as posições da sociedade perante ele. Temos então várias posições. (1ª) Posição pragmatista das pessoas que tomam por base de tudo, a utilidade. Dizem eles: conhecemos aquilo que nos interessa, direta ou indiretamente, para alcançar alguma finalidade. São pessoas “práticas” que pouco se importam em conhecer certo ou errado; importam-se em alcançar um objetivo. 6 Se o não alcançarem, não fazem nenhuma crítica ao seu ato cognitivo, simplesmente tentam um outro meio. Para estas pessoas, o conhecimento é algo de secundário, de relativo; não tem valor em si, a não ser no momento em que resolvem alcançar um objetivo. “O cético não aceita nenhum conhecimento como definitivamente verdadeiro. Existem pessoas assim? Existem, sim” (2ª) Posição dogmáticadas pessoas que afirmam que o conhecimento é possível e que nós conhecemos imediatamente a realidade, assim como ela se apresenta aos nossos sentidos e, através dos sentidos, à nossa consciência. Deste modo, conhecer algo é ter consciência da sua realidade material. Como se vê, o dogmático nem de longe suspeita da possibilidade da consciência e da razão poder ser enganadas: ela sempre alcança a verdade, quer seja ela teor ética, quer seja prática. (3ª) Posição cética daqueles que sustentam a dúvida universal com referência à possibilidade do conhecimento: será esta realidade assim como os meus sentidos mo- la apresentam? É bem provável que não... Logo o cético não aceita nenhum conhecimento como definitivamente verdadeiro. Existem pessoas assim? Existem, sim! Poucas, mas existem. São indivíduos contraditórios que afirmam que reconhecem não conhecer nada! Na verdade as pessoas que encontramos no nosso dia-a-dia nunca vivem a vida inteira na primeira, ou na segunda, ou na terceira posição, mas se movem nesta ou naquela posição conforme a conveniência do momento. Por isso é necessário colocar aqui a (4ª) posição: a relativista,que representa não a posição do sujeito perante o conhecimento, mas a conveniência do objeto conhecido. Quanto ao tipo de conhecimento, temos o conhecimento vulgar, o científico, o filosófico e o místico. Conhecimento vulgar. A palavra “vulgar” vem do latim “vulgus” que significa “povão” (povo, em latim se diz “populus”) o povo sem cultura. Para o povo sem cultura, conhecimento é aquilo que se torna evidente aos nossos sentidos; ele não tem raciocínio crítico. Assim, o sol gira ao redor da terra porque vejoo girar ao redor da terra. Conhecimento científico é a interpretação da realidade através de pesquisas. Toda pesquisa parte de uma hipótese de trabalho, para chegar a uma teoria. A teoria pode ser aceita ou confutada, porque ainda faz parte da pesquisa. Mas se num determinado momento todos os pesquisadores concordam porque o contrário da teoria proposta se mostra inconsistente, então chega- se à formulação de uma lei que é de caráter universal (embora não eterno!...). O que importa notar é que o conhecimento científico procura sempre as conexões que existem entre os fenômenos, juntamente com suas causas primárias. Por isso o conhecimento científico é um superamento do conhecimento vulgar. Conhecimento filosófico que tem em comum com as ciências o universo dos fenômenos materiais, de modo que o objeto material da Filosofia pode ser (e quase sempre é) o mesmo objeto material das ciências. Por este motivo temos, além da Filosofia em si, também Filosofia da Sociologia; Filosofia da Religião; Filosofia da Física; Filosofia da Biologia; Filosofia da Arte; etc. Mas o que distingue o conhecimento filosófico do científico é o fato de a Filosofia começar a investigar lá onde, por força de sua natureza, as ciências param porque não podem mais ir à frente. 7 Neste sentido, o conhecimento filosófico é crítico e não de experimentação. A Filosofia se propõe criticar até o último achado científico, já que a finalidade específica da Filosofia são as origens, os princípios, as raízes, os fundamentos, as últimas bases das realidades e dos fenômenos com a finalidade de investigar-lhes o sentido, o valor e a finalidade. Evidentemente por ser fundamentalmente uma análise crítica, é evidente que reflete a formação intelectual e psicológica do filósofo: o materialista será levado a ver tudo sob a luz da matéria; o espiritualista, pelo contrário, será levado a ver tudo sob a luz do espiritualismo. É por isso que encontramos diferentes Escolas Filosóficas, uma contrária à outra... Com efeito, uma Escola Filosófica tende a reunir aqueles filósofos que analisam criticamente a realidade sob o mesmo ponto de vista. A formação intelectual; o ambiente em que viveram; os mestres que tiveram; os livros que leram e sobretudo as inclinações psíquicas têm um grande papel na formação das diferentes Escolas Filosóficas. Conhecimento místico ou intuitivo, que brota dentro do indivíduo em momentos inesperados. Justamente inesperados, porque de nada adianta o sujeito esforçar-se para produzir e alcançar este tipo de conhecimento. Uma vez que a alma do homem está ligada (como os filósofos orientais dizem) à Alma Universal, da qual é um “segmento” e uma vez que a Alma Universal tudo sabe e tudo conhece, eis que em momento de profundo relaxamento, quando a mente humana não está presa a nenhuma preocupação, um conhecimento especial surge de forma estranha, do interior do homem, dando respostas e até explicações. As religiões institucionalizadas, ou não, fundamentam-se nesta realidade, interpretando-a (e aqui está o desvio do fenômeno) de acordo com suas finalidades pré-estabelecidas.Com efeito, quando se quer explorar o mundo que está além do mundo tridimensional, isto é, o mundo de uma outra dimensão, onde não pode chegar conhecimento científico, e nem conhecimento racional (o raciocínio, embora não seja material em si, está ligado aos fenômenos e às realidades terrestres) só existe um caminho: a intuição que constitui o conhecimento místico. 8 3. ORIGEM DO CONHECIMENTO Como se origina o conhecimento? Três escolas filosóficas respondem: (1) O realismo de Aristóteles, que viveu cerca de 2.500 anos atrás, afirmava que o homem pode conhecer objetos e fenômenos que estão fora dele, de modo que conscientemente ele pode contrapor-se-lhes numa relação “Eu-Não-Eu”, ou “Eu-Tu”. Aristóteles chamou a sua teoria de realismo, significando, com isso, que mediante o ato do conhecimento ele estava dando sentido e valor de realidade àquilo que existe fora do sujeito. Com o termo “realismo” Aristóteles queria colocar-se em oposição ao seu mestre Platão, que ensinava que a realidade é apenas “sombra” de realidades ou, melhor, de idéias reais que estão no céu, ou, como dizia ele, no “mundo hiper-urânico” (lá, acima do céu visível...). Mas Aristóteles ensinava que, por exemplo, não há nenhuma idéia de casa, lá no céu; a idéia de casa está na materialidade, isto é, na realidade da casa aqui na terra, e justificava seu ponto de vista materialista do conhecimento, primeiro, pela definição mesma do conhecimento, isto é: um ato que tende sempre a alcançar intencionalmente algo diferente do sujeito que conhece. Em segundo lugar, Aristóteles afirmava que as ciências, com suas pesquisas e achados, provam em demasia que existe algo que pode ser percebido fora do sujeito que pesquisa. E, terceiro lugar, Aristóteles dizia que há um acordo, entre todos os homens, a chamar de “casa” aquela determinada construção. Ora, se não existisse conhecimento objetivo, o que para uns é uma casa, para outros pode ser um navio... Como se vê, Aristóteles com o seu realismo representa o bom senso ou o senso comum que parte do princípio de que jamais poderíamos emitir juízos de valor, lógicos e necessários e de validade universal se não pudéssemos conhecer de modo realista o mundo que está fora de nós e imediatamente interpretá-lo mediante o raciocínio. Isso nos mostra que Aristóteles trabalha na experiência da sensação, comprovada pelo senso comum e interpretada pela razão. (2) O empirismo é a corrente filosófica dos empiristas, isto é, aqueles que são da opinião que o conhecimento é pura sensação e percepção sensitiva. Por isso, defendem a idéia de que todos os nossos conceitos, tanto aqueles que se referem a coisas reais, como os que se referem a coisas abstratas, são produtos da experiência sensível. Pretendem provar suas afirmações mostrando que a criança em primeiro lugar tem percepções sensoriais e somente num segundo momento ela forma, para si, conceitos mais gerais. Logo (dizem) o conhecimento da pessoa nasce do conhecimento real do mundo que, estando lá fora, leva a criança a entender a diferença real entre si mesma e o que está lá fora. 9 Encontramos reflexos desta Filosofia entre os sofistas gregos e entre os estóicos. No entanto é entre os ingleses que toma forma e força: com John Locke, (1632-1704), David Hume (1711-1776) e John Stuart Mill (1806- 1873). Locke escreveu o livro “Na Essay Concerning Human Understanding” (veja: “Os Pensadores” da Ed. Abril). Neste livro ele sustenta que as sensações e percepções, tanto do mundo exterior como interior, constituem a origem e o material de todo o nosso conhecimento. Ele não admite distinção entre conhecimento racional e sensível e muito menos admite que possa existir um conhecimento místico, uma espécie de intuição interior, que não proceda do mundo material e chegue a nós via sentidos. A razão, quando muito, reúne e classifica os dados que lhe chegam dos sentidos, para compreendê-los, não para conhecê-los, porque já foram conhecidos quando chegaram aos sentidos. Então, o que são as idéias? As idéias são reproduções sensíveis e não intelectuais de uma realidade objetiva que é completa somente fora de nós, quando se trata de experiência externa; ou dentro de nós, quando se trata de experiência interna. Hume, empirista como Locke, também afirma que todo conhecimento é sensível e, portanto, material. Afirma também uma tese já enunciada por Locke: que o conhecimento matemático é o único conhecimento que abstrai da experiência sensível. Costumava dizer que, por exemplo, o Teorema de Pitágoras podia ser descoberto pela pura atividade do pensamento. Stuart Mill é um empirista extremado: nem as proposições matemáticas podem abstrair da experiência sensível. Deste modo não há conhecimento a não ser nos sentidos. Esses três filósofos e todos os demais empiristas, ou materialistas materialistas (como os chama o filósofo E. Cassirer) negam a participação do intelecto na formação das nossas idéias: elas são unicamente produto dos sentidos. O erro deles está em sustentar que nos conhecimentos há somente elementos materiais que chegam aos sentidos via percepção sensível. (3) O racionalismo ou Idealismo afirma que o objeto é conhecido por um processo racional, isto é, o raciocínio “constrói” o entendimento do objeto lá fora; então eu passo a conhecê-lo. Desta forma nós não conhecemos o objeto em si, mas somente tal qual ele é no nosso conhecimento racional. Seria como dizer que nós conhecemos somente as representações, as fotografias do mundo exterior, porque, na realidade, só conhecemos as idéias daquilo que está fora de nós; daí o nome de “Idealismo” desta escola, que considera as idéias como sendo o sustentáculo de toda a realidade. Assim sendo, se para os empiristas a idéia é uma sensação figurativa (porque nos proporciona uma figura), no idealismo a idéia é um conceito porque é produção do nosso espírito. O idealismo, como fenômeno filosófico, começou com Platão, que distinguia entre o mundo Sensível (empírico) que é o reino das formas materiais transitórias (e portanto o mundo das ilusões dos sentidos) e o mundo inteligível das idéias, ou essências eternas:: as únicas que contêm a verdade. Por exemplo: um homem é um corpo material que se mexe, segundo a definição empírica. Ora, quando este corpo material morre, o que acontece? Acaba tudo! Diz o empirista. Mas Platão nega que acabe tudo porque sobrevive a idéia de homem que, estando encerrada naquele corpo, sustentava as suas formas corporais. A idéia sobrevive porque é eterna e logo, logo, estará encerrada num outro corpo formando um outro homem. 10 Desta doutrina de Platão nasceu o conceito cristão de alma que passará bem cedo para o campo da religião e será desenvolvido filosoficamente por Sto. Tomás de Aquino, mas sempre com uma conotação religiosa, mesmo quando o assunto será tratado em Filosofia. Por isso, o conceito platônico de idéia como expressão filosófica de uma realidade andou perdido entre os mil anos que separam Sto. Agostinho do filósofo Descartes. Descartes (1596-1650) andava por demais preocupado com o problema da existência de Deus, depois que Galileu provou que a Bíblia estava errada quando o livro de Josué (10, 13) nos dá a entender que o sol gira ao redor da terra. Se a Bíblia estava errada naquele ponto, podia estar errada também em outros pontos... E de dúvida em dúvida Descartes chegou à conclusão de que talvez até Deus não existisse. Foi quando teve aquela intuição que ele formulou assim: “Se duvido, estou pensando; mas se estou pensando é sinal que existo; mas se existo, um outro me criou: Deus!” Esta consciência de si mesmo como ser pensante levou Descartes a entender que existe todo um universo que pode ser incluídono termo “Substância pensante”. Assim quer os pensamentos, ou a alma, ou os espíritos e até o próprio Deus, entram na denominação comum de “substância pensante”, enquanto que os corpos materiais são chamados de “substância extensa”, uma vez que a extensão é a propriedade da matéria. Com Descartes nasce a Filosofia Moderna que repudia o Tomismo (a Filosofia Católica) pela sua estreita ligação com a Bíblia e desenvolve duas linhas de pensamento: (1) “Substância pensante” ou Escola filosófica idealista e espiritualista; (2) Escola filosófica empírica que desenvolve o conceito de “substância extensa”, no materialismo, no positivismo e no existencialismo. Kant afirma que os seres existem realmente fora de nós e podem ser conhecidos depois que o nosso intelecto os reconstruiu mediante as leis do raciocínio. Por este motivo, dizia Kant, os objetos que nós conhecermos, só serão os objetos que foram elaborados pelas nossas faculdades cognitivas. Hegel tira de Kant o conceito de “idéia” e faz dela a única realidade universal que passa por sucessivas fases de tese, antítese e síntese A conclusão de tudo que acabamos de dizer é que o compromisso do filósofo é a busca da verdade, salientando os dados da experiência para não ficarmos alienados. Ora, tanto a nossa experiência interior, como a nossa experiência exterior, nos afirmam a distinção entre o Eu (a nossa consciência) e o Não-Eu (o mundo fora de nós). Nos atestam também que o nosso ato de conhecer é a unificação de dois elementos: o dado sensitivo e a percepção intelectiva. O fato de podermos concordar ou discordar é a prova de uma realidade objetiva fora de nós, mas também da existência do nosso Eu interior. 11 4. O CONHECIMENTO NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO A conversão do conhecimento empírico em conhecimento científico como forma de melhorar os processos industriais ganha força, nas empresas, a partir da obra de Taylor (1990), publicada originalmente em 1911, sob o título “Principles of Scientific Management”, onde o autor considerava que uma das causas da ineficiência do trabalhador consistia na ausência de métodos científicos e que, portanto, as empresas deveriam desempenhar considerável esforço na substituição dos métodos empíricos pelos métodos científicos. E é exatamente isto que as empresas vem fazendo ao longo dos anos, ou seja, melhorando os processos a partir do desenvolvimento do conhecimento científico do homem, muito embora, seja comum a utilização do conhecimento científico, sem a consciência de que o método utilizado possui uma contribuição da academia. Um trabalho interessante que buscou mostrar a conversão do conhecimento empírico em conhecimento científico foi desenvolvido pela projetista de software Ikuko Tanaka, da Matsushita Eletric Company, e descrito por Nonaka (2000), que ilustrou o que o autor definiu como conhecimento tácito e conhecimento explícito. No trabalho desenvolvido, Tanaka, com o objetivo de melhorar um produto da Matsushita, fez um treinamento com uma pessoa, fora da empresa, que possuía conhecimentos práticos sobre o manuseio de uma determinada matéria prima utilizada no processo do novo produto a ser lançado pela empresa. Uma vez treinada, Tanaka, voltou-se para a empresa e, com a equipe de desenvolvimento, propôs especificações para o novo produto com base no conhecimento prático observado e aprendido no treinamento. Em tese, o que a projetista fez, foi o de colocar em prática a proposta de Taylor (1990) de substituição dos métodos empíricos por métodos científicos. Para Nonaka (2000) o conhecimento tácito caracteriza-se pela pessoalidade e informalidade, é de difícil formalização e tem baixa capacidade de transferência, estando arraigado nas atividades diárias do indivíduo pela sua destreza e que, embora possa ter habilidades técnicas, é incapaz de transmiti-las. Denotando assim, a dimensão cognitiva deste conhecimento, ou seja, uma vez que o conhecimento tácito esteja fundamentado em modelos mentais, crenças e perspectivas, ele exercerá considerável influencia sobre a forma como se percebe o mundo ao redor. Já o conhecimento explícito é definido pelo autor como todo aquele conhecimento que poderá ser compartilhado por meios formais de comunicação, o que lhe denota um caráter formal e sistemático. Nonaka (2000) acredita que a criação de conhecimento na organização está associada a uma interação dinâmica entre os conhecimentos tácitos e explícitos, dando origem ao que poderia ser denominado como sendo uma espiral do conhecimento. Desta interação é possível verificar as atividades necessárias para a conversão do conhecimento tácito para o conhecimento explícito que segundo o autor seriam: a socialização, a articulação, a combinação e a internalização. A Tabela 1 demonstra os tipos de conhecimentos descritos por Nonaka e as atividades identificadas na interação entre os conhecimentos. 12 Tabela 1- – A Interatividade do Conhecimento e suas atividades. Fonte: Adaptado de Nonaka (2000). Para Moresi (2001), a criação de um novo conhecimento resumir-se-ia na conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito. Neste sentido, caberia a gestão do conhecimento desenvolver um conjunto de atividades capazes de desenvolver e controlar todo o tipo de conhecimento para utilizá-lo no alcance dos objetivos da empresa. A partir da abordagem feita por Nonaka (2000), outros estudiosos buscaram maiores detalhes acerca processo de criação e gestão do conhecimento. Entre os muitos autores, De Long et al. (1997b), declaram que conhecimento pode ser definido como a combinação entre a informação e o contexto humano, que possibilita um aumento na capacidade de agir. Com esta visão, os autores entendem que os gestores precisam estar atentos a duas dimensões do conhecimento, enquanto ferramenta para melhoria organizacional; a primeira seria a de que o conhecimento é propriedade do indivíduo, do grupo ou da organização e a segunda dimensão diz respeito ao fato de que o conhecimento poderá apresentar-se de forma explícita ou estruturada, com a vantagem de pode ser compartilhado através de métodos formais, tais como relatórios, documentos, bancos de dados, produtos e processos e, ou de forma tácita ou não estruturada, que por estar associado às ações e ao contexto das experiências pessoais, seriam de difícil formalização e comunicação, exigindo, conforme declara Davenport & Prusak (1998), um intenso contato pessoal entre os participantes da organização. Ainda considerando a abordagem feita por Nonaka, a diferença entre as denominações utilizadas para se definir o conhecimento entre as abordagens feitas por Nonaka (2000) e os pressupostos da teoria do conhecimento, citados por Hessen (1999) diz respeito apenas a formalização da transmissão e formalização do conhecimento que, se analisadas à luz das características pessoais poderá ser influenciada pela natureza humana, haja vista que embora o gestor tenha conhecimento explicito, é possível que a decisão tomada por ele esteja fundamentada em um conhecimento tácito, o que de certa forma indica uma falha na gestão do conhecimento da empresa. Daft (2002, p.239) é outro autor que aborda a teoria do conhecimento organizacional sob a 13 ótica do explícito e tácito. O autor exemplifica em seu livro que os indivíduos que passaram por uma formação acadêmica, via de regra, apresentam um conhecimento explícito que poderia ser expresso como “saber sobre”, enquanto que os indivíduos que são possuidores do conhecimento tácito, embora não tenham todas as técnicas e métodos acadêmicos, possuem um conhecimento que pode ser expresso através do “saber como”. A questão de como o conhecimento afloraem ambientes de aglomeração industrial, proporcionando vantagens competitivas, leva Tallman et al. (2004) a identificar nas empresas inseridas em agrupamentos, a existência do conhecimento de componentes, que estaria associado ao conhecimento relacionado com as atividades essenciais da empresa podendo apresentar-se de forma explícita ou tácita e do conhecimento arquitetônico, que estaria associado à estrutura e informação onde a empresa constrói suas relações, levando os autores a acreditarem ser este o conhecimento responsável pela univocidade das empresas; em outras palavras, o conhecimento arquitetônico faz com que empresas de um mesmo setor, produtoras de um mesmo produto, tenham estruturas e posturas totalmente diferenciadas entre elas. Neste contexto de dimensionamento e difusão do conhecimento, o empresário é bombardeado por um grande número de informações que por um lado, irão permitir-lhe optar por um conjunto de ações que, em princípio, proporcionarão, à empresa, maior competitividade em relação às outras e, por outro lado, um avanço na formação de seu conhecimento. A forma pela qual o homem percebe o ambiente em que compete é, sobretudo, uma relação entre sujeito e objeto, da mesma forma em que as decisões tomadas pelos gestores estão limitadas ao conteúdo de seu conhecimento. Neste sentido, a influência dos tipos de conhecimentos existentes, além de contribuir para abordagens recentes sobre o processo de formalização do conhecimento contribui, também, para a sustentação de temas relacionados com o empreendedorismo. Pois de onde mais Schumpeter (1982) tiraria a idéia de que o homem aprende com o ambiente que o cerca senão pela influência do conhecimento empírico, intuitivo, filosófico ou teológico. O quadro abaixo retrata a relação entre as definições propostas por Nonaka (2000) e as definições descritas pela teoria do conhecimento, ora sintetizadas pelos livros de metodologia da pesquisa, que neste caso, faz-se uso as definições apresentadas por Ruiz (2002). Quadro 1 – Relação entre as abordagens do conhecimento 14 5. GESTÃO DO CONHECIMENTO NO CONTEXTO DAS PRATICAS GERENCIAIS Medindo o Conhecimento Organizacional pelo Uso e Percepção das Práticas Gerenciais: Uma Contribuição ao Estudo da Gestão do Conhecimento em Empresas Certificadas pela ISO 9001:2000 1. Introdução O programa de controle de qualidade total é um sistema administrativo que vem sendo aperfeiçoado a partir de idéias de Deming1, introduzidas no Japão logo após a 2ª Grande Guerra Mundial, e que se tornou mundialmente conhecido como Total Quality Control – TQC ou Controle de Qualidade Total. Segundo Maranhão (2001), em um contexto organizacional a palavra qualidade passou a representar o conjunto de características e propriedades diferenciadoras do produto (ou serviço) oferecido pela empresa e que é inerente à sua missão diante do mercado. Além disso, “ter qualidade” passou a significar que a organização possui pré-requisitos básicos para responder às expectativas implícitas e obrigatórias do negócio. Em principio, estes pré-requisitos são identificados a partir de práticas gerencias que possibilitam o monitoramento dos seus processos operacionais. Vista assim, a empresa que possui um programa de gestão da qualidade deve implantar práticas gerenciais que lhe permitam identificar as necessidades dos envolvidos nos processos operacionais e nas atividades empresariais como um todo, o que pressupõe uma melhor gestão do conhecimento. (CAMPOS, 1999) Segundo Campos (1999), a implantação bem sucedida de um programa de gestão da qualidade depende também da compreensão dos processos operacionais dentro da organização. São estes processos que definem as relações de causas e efeitos entre ações e resultados e que possibilitarão a gestão eficaz e duradoura da organização. Seguindo esta linha de pensamento, a Gestão da Qualidade defende a utilização de uma série de mecanismos de controle gerencial cujo propósito é o de monitorar os diversos processos operacionais. Este monitoramento é feito, por exemplo, a partir de um conjunto de indicadores de desempenho, financeiro e não financeiros, que visam garantir o funcionamento do sistema dentro de parâmetros de ‘excelência’. Para Macedo-Soares e Lucas (1996, p.9), “implementar com sucesso uma nova prática de qualidade é quase impossível sem certas práticas gerenciais na área de recursos humanos”. Estes autores sugerem que a implantação, o desenvolvimento e adoção bem sucedida de certas práticas gerenciais dependem do nível de conhecimento organizacional. Esse conhecimento determinará a forma pela qual a empresa utiliza, absorve e gera o conhecimento existente na empresa. Estas considerações, além de conduzirem a um questionamento sobre o papel do conhecimento organizacional no processo de certificação de qualidade das empresas, endossam a descrição de Senge (1998, p. 167), de que as organizações só aprendem por meio de indivíduos que aprendem. Embora aprendizagem individual não seja garantia de aprendizagem organizacional, Senge (1998) sugere que não existe a possibilidade de aprendizagem organizacional sem a aprendizagem individual. 1 Informações sobre as idéias e obras de William Edwards Deming, acesse http://www.deming.org/theman/biography.html 15 Seguindo a mesma linha de pensamento, e de acordo com os argumentos de Macedo-Soares e Lucas (1996), este estudo considera que a gestão do conhecimento nas organizações se manifesta pelo conjunto de práticas gerenciais desenvolvidas e o seu nível de adoção, que por sua vez, determinariam o nível de excelência da organização. As normas da International Organization for Standardization (ISO), mais precisamente, as ISO 9001:2000 nasceram da necessidade de contextualizar um conjunto de regras e práticas gerenciais que visam à promoção da qualidade e eficiência das organizações, assim como a satisfação dos seus parceiros e clientes (stakeholders). O propósito principal destas normas é o de orientar a organização na implantação e manutenção de um Sistema de Gerenciamento da Qualidade (SGQ). No Brasil, a Certificação ISO 9001:2000 depende de uma avaliação dos processos operacionais da empresa, que considera critérios elaborados pelo Plano Nacional da Qualidade – PNQ, da Fundação Nacional para Qualidade (2006). No diagnóstico dos processos operacionais para certificação ISO 9001:2000 no Brasil, é utilizado o questionário “Primeiros Passos para o PNQ” que é composto de oito dimensões: Liderança, Estratégia e Planos, Clientes, Sociedade, Informações e Conhecimento, Recursos humanos, Processos, Resultados de Desempenho. . Estas dimensões são pontuadas de acordo com as práticas gerenciais utilizadas para monitoramento destas oito dimensões do desempenho organizacional. Esta avaliação dá origem ao relatório de diagnóstico que irá aprovar ou não a certificação da empresa. Todavia, os critérios de excelência em cada uma das oito dimensões do plano se desdobram em outras áreas de avaliação sem que recomendem o uso de práticas ou técnicas gerenciais específicas. Isto significa que tais práticas ou controles gerenciais podem variar significativamente entre empresas com os mesmos níveis de certificação em relação a ISO 9001:2000. Seguindo esta linha de pensamento, este estudo identifica e compara as práticas gerenciais adotadas por empresas certificadas e não certificadas pela ISSO 9001 no Brasil. O objetivo é de investigar se existe uma associação entre o nível de gestão do conhecimento organizacional, manifestado pelas práticas gerenciais da empresa, e a consolidação dos Programas de Qualidade Total cuja análise permitirá a identificação de práticas gerenciais que antecedem a implantação de um programade qualidade baseado nas Normas ISO 9001:2000. A amostra é composta de cinqüenta e seis (56) empresas, sendo vinte e sete (27) certificadas e vinte e nove (29) não certificadas. De forma geral, os resultados sugerem que o grupo de empresas certificadas apresenta um maior índice de adoção das práticas gerenciais investigadas, bem como uma maior percepção da utilidade destas práticas. Entretanto, algumas diferenças são mais ou menos acentuadas quando a comparação se faz ao nível das áreas organizacionais, sugerindo que certas áreas são mais importantes que outras, num contexto de controle de qualidade e certificação. Os resultados também demonstram que a diferença em termos de adoção e utilidade das práticas gerenciais é sensível ao porte das empresas e o setor industrial. Por exemplo, a diferença é maior e mais significativa entre empresas certificadas e não certificadas de pequeno e médio porte, bem como entre empresas do setor de serviços, como o setor de Engenharia e construção civil. A seqüência deste documento é organizada da seguinte forma: a seção que se segue, apresenta a revisão de literatura que motivou este estudo bem como as hipóteses formuladas; na seção 3 descrevem-se os métodos utilizados para coletar e analisar os dados, enquanto a seção 4 apresenta-se a análise e discussão dos resultados. Por fim, a seção 5 documenta as conclusões do estudo, bem como as limitações e oportunidades de pesquisa futura. 16 2. REVISÃO DA LITERATURA Hansen et. al. (2001), sugere que a gestão do conhecimento como prática intencional é um movimento moderno, dada a necessidade dos executivos verificarem as melhores práticas no ambiente organizacional. Segundo Muñoz-Seca & Riverola (2004, p.18) “o observável resultante da existência de um conhecimento são os resultados obtidos na resolução de problemas”. A idéia básica desse autor é a de que todo e qualquer problema requer, para sua solução, um determinado tipo de conhecimento. Visto assim, o nível da gestão do conhecimento num contexto organizacional poderá ser analisado através das práticas gerenciais adotadas pois, enquanto as práticas orientam as ações gerenciais, o conhecimento organizacional define o impacto e limitações destas mesmas ações. Neste sentido, para justificar uma associação entre gestão do conhecimento organizacional e os programas de qualidade é necessário que se faça uma breve análise das questões relacionadas com aprendizado do homem. O objetivo é de demonstrar que as práticas gerenciais relacionadas à gestão do conhecimento organizacional habilitam ou facilitam uma organização a obter a certificação ISO 9001:2000. 2.1 A CONVERSÃO DO CONHECIMENTO EMPÍRICO EM CIENTIFICO COMO PROCESSO DE FORMALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL Vários estudos foram feitos no sentido de obter explicações sobre a forma pela qual o homem adquire conhecimento. Entre outros, Hessen (1999) identifica que o conhecimento humano tem tanto um sentido lógico quanto psicológico cujos aspectos são identificados pelas escolas que especulam sobre as origens do conhecimento. Sendo assim, algumas dessas escolas defendem a formação do conhecimento como um processo lógico, outras pelo processo experimental e outras, pela relação entre esses dois processos. A verificação da discussão acerca das origens do conhecimento fortalece a definição dada por Hessen (1999, p.69) para o conhecimento, segundo o qual, “conhecimento quer dizer uma relação entre sujeito e objeto”. O autor descreve que “o verdadeiro problema do conhecimento, portanto, coincide com a questão sobre a relação entre sujeito e objeto”. É a partir da constatação de que o conhecimento é uma relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido que, Hessen (1999) descreve, com base na teoria do conhecimento, quatro (04) tipos de conhecimentos que traduzem a relação existente entre sujeito e objeto, que são: o conhecimento empírico (obtido a partir da inserção do sujeito tanto no ambiente interno quanto no externo e da interação com as pessoas que fazem parte destes ambientes),o conhecimento científico (que procura conhecer as causas e as leis que se aplicam sobre determinado fenômeno), o conhecimento filosófico (que busca constantemente o sentido, a justificativa possível a respeito de tudo aquilo que envolve o homem e sobre o próprio homem em sua existência concreta) e o conhecimento teológico (identificado em função da existência de algo oculto ou de um mistério que alguém deseja conhecer, podendo estar associado a dados da natureza, a vida futura ou mesmo a existência do absoluto). Esses tipos de conhecimentos representam quase toda a base teórica para a fundamentação do que modernamente se traduz como teoria do conhecimento e que possibilita a discussão acerca da gestão do conhecimento. A conversão do conhecimento empírico em conhecimento científico como forma de melhorar os processos industriais ganhou força nas empresas, a partir da obra de Taylor (1990), publicada originalmente em 1911, sob o título “Principles of Scientific Management”. Taylor (1990) sugere que, dentre as causas prováveis da ineficiência do 17 trabalhador esta a ausência dos métodos científicos na execução das tarefas. De lá para cá, é exatamente isto que as empresas vêm fazendo, ou seja, melhorando seus processos a partir do desenvolvimento do conhecimento científico do homem. Nonaka (2000) acredita que a criação de conhecimento na organização está associada a uma interação dinâmica entre os conhecimentos tácitos e explícitos2, dando origem a: socialização, articulação, combinação e a internalizarão das relações entre os participantes da organização, cabendo à gestão do conhecimento organizar um conjunto de atividades capazes de desenvolver e controlar todo o tipo de conhecimento para utilizá-lo no alcance dos objetivos da empresa. A partir da abordagem feita por Nonaka, outros autores buscaram maiores detalhes acerca do processo de criação e gestão do conhecimento organizacional. Entre os muitos autores, De Long et al. (1997), declaram que conhecimento pode ser definido como a combinação entre a informação e o contexto humano, que possibilita um aumento na capacidade de agir. Estes autores entendem que os gestores precisam ficar atentos a duas dimensões do conhecimento. A primeira é que enquanto meio para melhoria organizacional, o conhecimento é propriedade do indivíduo, do grupo ou da organização. A segunda dimensão diz respeito ao fato de que o conhecimento poderá apresentar-se de forma explícita ou estruturada, com a vantagem de poder ser compartilhado através de métodos formais, tais como relatórios, documentos, bancos de dados, produtos e processos. Neste sentido, a influência dos tipos de conhecimentos existentes, além de contribuir para abordagens recentes sobre o processo de formalização do conhecimento organizacional, contribui, também, para a sustentação de temas relacionados com o empreendedorismo. Visto assim, o sucesso da implantação e manutenção de um programa de qualidade estará sujeita ao “mix” de conhecimento dos seus participantes ora manifestado pelo senso organizacional (fruto do senso comum). Esta visão é corroborada pelo próprio Modelo de Excelência do Premio Nacional da Qualidade – PNQ, que norteia as empresas brasileiras rumo à busca da excelência e competitividade. 2.2 Práticas Gerenciais Como Instrumento De Gestão Do Conhecimento Organizacional A ciência da administração oferece um conjunto de práticas, métodos e teorias que visam garantir um mínimo de controle e previsibilidade ao funcionamento da organização, enquanto sistema aberto e interativo. Segundo a teoria da firma, os propósitos da ciência da administração decorrem do fato de que os fatores de produção (terra, trabalho e capital) por si só não nos conduziriam aum processo de evolução senão por intermédio do ser humano. O estudo de Marshall (1985), por exemplo, sugere acerca da necessidade de que um sistema possa ter um conhecimento capaz de organizar todo o esforço do homem no emprego da produção. Esta percepção leva o autor a declarar que “o capital consiste, em parte, em conhecimento e organização [...]” (MARSHALL, 1985, p. 135), sendo “o conhecimento é nossa mais potente máquina de produção: habilitando-nos a submeter à natureza e forçá-la a satisfazer nossas necessidades”. A visão de Marshall (1985), vista num contexto sistêmico, fortalece a perspectiva de que o processo de gestão do conhecimento humano se manifesta no processo produtivo a partir de um conjunto de ações deliberadas com o propósito de se atingir os objetivos da organização. A figura a seguir tem por objetivo representar o ambiente organizacional como um sistema aberto e onde as práticas gerenciais são à base da gestão do conhecimento organizacional. 2 Para maiores detalhes sobre conhecimento tácito e explicito, consultar Nonaka (2000). 18 Figura 1: Contexto da Gestão do Conhecimento Conforme ilustrado pela figura 1, e em conformidade com o estudo3 de Daher & Salles (2002), a questão central deste estudo está relacionada à discussão de como a gestão do conhecimento organizacional pode ser representada pelas práticas gerenciais. Segundo Daher & Salles (2002), as práticas gerenciais permitem a manutenção e maximização de um sistema de gestão da qualidade (SGQ), de forma a reverter o processo de entropia ou mesmo de autofagia empresarial. Seguindo esta linha de pensamento, o presente estudo se motiva nas Normas ISO 9001:2000 que preconiza o uso de práticas gerenciais para a gestão e controle de processos operacionais, os quais, segundo as normas, permitem que as empresas atinjam um estado de excelência operacional. A fundamentação do PNQ para o alcance da “excelência” alicerça-se em oito (08) critérios chaves (Liderança, Estratégias e Planos, Clientes, Sociedade, Informações e Conhecimento, Pessoas, Processos e Resultados) do desempenho organizacional, que estão literalmente envoltos por uma atmosfera de transferência de informação e conhecimento, sugerindo a idéia de que a qualidade, ou excelência operacional, esta relacionada à gestão do conhecimento organizacional. A idéia de que a qualidade total está sujeita a forma pela qual a organização lida com a gestão do conhecimento organizacional, é endossada por Mukherjee; Lapre & Van Wassenhove (1998). Segundo estes autores, o conhecimento organizacional está diretamente associado as pessoas, produtos e processos da organização. Esta visão, também, converge para a abordagem proposta por Nonaka (2000) uma vez que ambos os estudos defendem que o conjunto de práticas gerenciais pode ser usado como um parâmetro de medida para a avaliação do processo de gestão do conhecimento nas organizações. Nesta mesma linha, o estudo realizado por Lin & Wu (2005) identificou que as atividades de treinamento, a organização da base de dados, a tecnologia da informação, o desenho organizacional, a cultura da organização e os recursos humanos encabeçam o ranking das principais variáveis responsáveis pelo gerenciamento do conhecimento das organizações. Diante desta constatação, Lin & Wu (2005), buscaram identificar quais as práticas relevantes de gestão do conhecimento que poderiam ser identificadas nos processos empresariais a partir do ranking das variáveis identificadas. Outra importante abordagem acerca da identificação das práticas gerenciais nas organizações com certificação ISO 9001:2000 foi feita por Macedo-Soares & Lucas (1996). Essas autoras investigaram as práticas gerenciais das empresas líderes em qualidade no Brasil. Este estudo identificou seis áreas gerenciais considerada como chaves que foram: Liderança Gerencial no Desenvolvimento de uma Cultura de 3 Neste estudo, os autores ressaltam a necessidade da gestão para reverter o processo de entropia nas organizações, além de considerarem que a autofagia empresarial, diferentemente da entropia, dá-se por erros de gestão. 19 Qualidade, Gestão Participativa, Gestão do Controle e Garantia da Qualidade, Gestão por processos de negócios, Gestão de Relação com os Clientes e Gestão de Pessoas. A partir destas seis áreas, o estudo feito por Macedo-Soares & Lucas (1996) sugere um conjunto de atividades que demonstram o estado da arte das práticas gerencias das empresas consideradas “excelentes” no mercado brasileiro naquele período. Nesta mesma linha de pesquisa, Cunha & Santos (2004), estudaram as práticas gerenciais relacionadas à inovação empresarial em empresas lideres em inovação4. A pesquisa contemplou seis (06) áreas de controle das práticas que trataram da Estratégia, Estrutura e Processos, Pessoas, Inovação e Tecnologia, Alianças Estratégicas e o Meio Ambiente, que por sua vez desdobravam-se em quarenta e nove (49) outras práticas gerenciais. De forma geral, estes estudos buscaram associar o sucesso das organizações com o nível de utilização de certas práticas gerenciais. Assim sendo, o presente estudo adota a perspectiva de que o nível de gestão do conhecimento organizacional pode ser medido a partir do conjunto de práticas gerenciais utilizadas pelas organizações. Seguindo esta linha de pensamento, a figura 3 a seguir ilustra a dinâmica da gestão do conhecimento nas organizações proposta pelo presente estudo. Figura 2: Ciclo da Gestão do Conhecimento O modelo proposto na Figura 3 pressupõe que o ambiente externo a partir da competição, inovação, fatores econômicos, tecnologia, e educação disponibilizam indivíduos com os mais variados níveis de conhecimentos seja, científico, empírico, filosófico ou teológico. Esses indivíduos, uma vez agrupados, formarão um composto de conhecimento ou mix de conhecimento que determinarão o conhecimento organizacional. Esse, então, definirá as práticas gerenciais que a organização adotará em função dos seus propósitos organizacionais ou mesmo pela pressão do ambiente externo. É justamente nessas práticas gerenciais que reside à concepção da prática da gestão do conhecimento a qual este estudo propôs investigar, buscando uma comparação entre as empresas certificadas pela ISO 9001:2000, ditas portadoras de boas práticas gerenciais, com as empresas de porte semelhante, mas não certificadas. Dentro desta perspectiva, o presente estudo se propõe a investigar se o nível de gestão de conhecimento manifestado pelo uso e percepção de utilidade das práticas gerenciais, é um fator chave na obtenção de certificação de qualidade. Desta forma, este objetivo pode ser descrito pela seguinte questão: Existe uma relação entre o nível de gestão do conhecimento, medido através das práticas gerenciais adotadas na empresa, e a obtenção de certificados de gestão da qualidade? 4.O trabalho desses autores focou empresas como Microsoft Corporation, International Business Machines – IBM, Minnesota Mining and Manufacturing Company – 3M, Empresa Brasileira de Aeronáutica - EMBRAER, Dell Corporation, Hewlet Packard – HP, Grupo Pão de Açúcar, Sadia, BRADESCO, MacDonald’s, Ford Motor Company, América On Line - AOL, American Telephone and Telegraph Company – AT&T e, a análise de conteúdo restringiu-se as informações contidas nas homepages das empresas. 20 A fim de operacionalizar esta investigação, a questão de pesquisa descrita acima foi transformada em duas hipóteses: H1. Empresas certificadas apresentam um maior nível de adoção de práticas gerenciais que empresas não certificadas. H2. Empresas certificadas apresentam uma maior percepção de utilidade das práticasgerenciais que empresas não certificadas. Consistente com proposição deste estudo e as hipóteses levantadas, os parágrafos seguintes descrevem os métodos utilizados no desenvolvimento desta pesquisa. 3. Métodos de Pesquisa Esta seção descreve os métodos de pesquisa utilizados para testar empiricamente a(s) proposições apresentadas na seção anterior sobre a relação entre as práticas gerenciais, a gestão do conhecimento organizacional e a implantação de programas de qualidade total. Os parágrafos que seguem descrevem as variáveis investigadas, a seleção da amostra de empresas que fazem parte deste estudo, e por último, o processo de coleta de dados sobre as empresas da amostra. 3.1 Variáveis de Estudo A fim de examinar empiricamente a relação entre a gestão do conhecimento organizacional, as práticas gerenciais, e o sucesso na obtenção da certificação ISO 9000, um modelo conceitual é proposto. baseado na idéia de que quando se fala sobre gestão do conhecimento nas organizações, está se falando, sobretudo, das práticas gerenciais existentes na organização. Por outro lado, o modelo também pressupõe que as práticas gerenciais têm origem no conhecimento individual de cada empregado para posteriormente somar-se aos demais conhecimentos, dando origem ao que Pan & Scarbrough (1999) definem como sendo o conhecimento organizacional. Assim sendo, todo estudo sobre a gestão do conhecimento organizacional e qualidade estará sempre sujeito a um conjunto de variáveis endógenas e exógenas. Neste sentido, é possível identificar as três varáveis que dão sustentação ao modelo proposto neste artigo que são: as Variáveis Independentes, definidas a partir de um conjunto de práticas gerenciais existentes na organização, visto que essas práticas, além de capturar o nível de gestão do conhecimento organizacional, determinam também o modus operandi da organização na busca dos seus objetivos; as Variáveis Dependentes, representadas pelo nível de certificação dos programas de qualidade das empresas uma vez que o pressuposto básico defendido pelos programas de gestão da qualidade é de que empresas portadoras de certificação ISO 9001:2000 possuem boas práticas gerenciais; e, as Variáveis de Controle, representadas pelos agentes externos que determinam e influenciam a adoção de práticas gerenciais pela organização tais como, o nível de competição existente entre as empresas de uma mesma indústria ou com indústrias correlatas (PORTER, 1986); inovações e tecnologias que a todo instante promovem a ruptura do pensamento estratégico (D’AVENI, 1996; STREBEL, 1993 e LAND & JARMAN, 1990), fatores econômicos como a política de juros, câmbio, investimentos; e o sistema de educação (SCHULTZ, 1987), afetam consideravelmente o contexto da gestão do conhecimento organizacional e por essa razão devem ser monitorados, conforme pressupõe o já consagrado modelo S.W.O.T.5. Desta forma, o presente estudo promove a comparação das práticas gerenciais entre empresas com a mesma atividade produtiva, com porte similar e, inserida num mesmo contexto competitivo pressupondo que empresas com mesma atividade 5. - do inglês: Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats. 21 produtiva, porte similar e num mesmo ambiente competitivo estão expostas aos mesmos agentes externos que determinam e influenciam a adoção de práticas gerenciais. 3.2 AMOSTRA DA PESQUISA A amostra deste estudo é composta de cinqüenta e seis (56) empresas6, sendo vinte e sete (27) empresas com certificação ISO 9001:2000 e, vinte e nove (29) empresas não certificadas com processos produtivos e porte similar aos das empresas certificadas. Ambos os grupos são constituídos de empresas localizadas no Estado do Espírito Santo, Brasil. O presente estudo utiliza-se da forma quantitativa e qualitativa de coleta de dados de um grupo de empresas e examina as práticas gerenciais enquanto um fenômeno da gestão do conhecimento. A tabela 1 apresenta distribuição das empresas pesquisadas quanto ao porte. Tabela 1: Distribuição Por Porte n 56 n 56 2 - Pequena Empresa 6 10,71% 7 12,50% 23,2% 3 - Media Empresa 15 26,79% 18 32,14% 58,9% 4 - Grande Empresa 6 10,71% 4 7,14% 17,9% Total 27 48,21% 29 51,79% 100,0% Porte das Empresas Empresas GeralCertificadas Não Cetificadas Como observado, na tabela 1, a amostra das empresas pesquisadas apresenta uma concentração de médias empresas. Outro ponto avaliado na amostra, diz respeito à verificação da concentração das atividades empresariais conforme demonstradas na tabela 2. Tabela 2: Distribuição dos Grupos Industriais n Cetificada n Ñ Certificada n Geral 1 1,8% 2 3,6% 3 5,4% 2 3,6% 2 3,6% 4 7,1% 1 1,8% 1 1,8% 2 3,6% 1 1,8% 1 1,8% 2 3,6% 2 3,6% 2 3,6% 4 7,1% 1 1,8% 1 1,8% 2 3,6% 1 1,8% 0 0,0% 1 1,8% 1 1,8% 1 1,8% 2 3,6% 1 1,8% 0 0,0% 1 1,8% 2 3,6% 2 3,6% 4 7,1% 1 1,8% 1 1,8% 2 3,6% 1 1,8% 1 1,8% 2 3,6% 10 17,9% 13 23,2% 23 41,1% 1 1,8% 1 1,8% 2 3,6% 1 1,8% 1 1,8% 2 3,6% 27 48,21% 29 51,79% 56 100,0% EMPRESAS CONCESSIONARIAS DE VEÍCULOS DESENV. DE SISTEMAS E AUTOMAÇÃO DESENV. E FABRICAÇÃO DE ARTEFATOS DE BORRACHA EMPRESA DE AGENCIAMENTO DE VIAGENS EMPRESA DE ASSESSORIA E CONSULTORIA EMPRESA DE COMUNICAÇAO E TELECOMUNICAÇAO EMPRESA DE IMPORTAÇAO E EXPORTAÇAO EMPRESA DE SANEAMENTO EMPRESA DE TRANSPORTE INDUSTRIA ALIMENTICIA INDUSTRIA DE CERAMICA INDUSTRIA DE CONFECÇÕES INDUSTRIA DE ENGENHARIA E CONSTRUÇAO CIVIL INDUSTRIA GRÁFICA SERVIÇOS DE EVENTOS A concentração das empresas pesquisadas na indústria da construção civil está diretamente relacionada com o crescimento imobiliário do mercado local em função da indústria do petróleo que aumentou consideravelmente suas atividades no Espírito Santo – Brasil, onde foram coletadas as informações dessa pesquisa. Com o crescimento da indústria da construção civil, novas regulamentações surgiram no setor com o propósito de aumentar segurança e confiabilidade das empresas prestadoras de serviço, o que de certa forma, contribuiu para uma maior procura por certificações de qualidade por empresas dessa área. 3.3 Coleta dos Dados Para Martins (1994), tanto nos estudos exploratórios quanto nos estudos descritivos, o instrumento mais comum para a coleta de dados é o questionário e a 22 entrevista. Além do uso do questionário e da entrevista, o autor recomenda que se faça, também, o uso de formulários ou questionários. Assim sendo, este estudo optou pela adoção do questionário como instrumento de coleta de dados. Ressaltando que o método de coleta de dados foi selecionado em função dos objetivos deste estudo e que para isto, considerou-se tanto a análise quantitativa quanto qualitativa. Diante das considerações feitas quanto à coleta e tratamento dos dados deste estudo, o questionário utilizado apresenta perguntas abertas e fechadas que foram respondidas pelo Presidente, Diretor, Gerente, ou outra pessoa identificada como responsável pelas atividades gerenciais das empresas pesquisadas. O questionário submetido aos entrevistados teve como principal objetivo a identificação e a percepção de utilidade das práticas gerenciais adotadas pela empresa, no âmbito de cinco (05) dimensões: estrutura organizacional, controle de produção, controle gerencial, gestão de pessoas, e utilização de sistemas de informações cujas dimensões desdobram-se em trinta e cinco (35) práticas gerenciais estão descritas na tabela 5, a seguir. Neste sentido, o questionário procurou captar os aspectos relacionados à existência de práticas gerencias considerando: O nível de adoção da prática ou método gerencial (H1) e. A percepção da utilidade que a utilização da pratica gerencial(H2) traz para a organização. 4. Análise de Resultados As relações entre empresas certificadas e não certificadas foram analisadas considerando-se a utilização e a percepção da utilidade das práticas gerenciais, controlando-se a atividade industrial e o porte das empresas incluídas na amostra. A análise da amostra foi feita considerando-se a estatística descritiva e o Teste –T para verificação das médias, o que permitiu que se chegasse aos dados abaixo relacionados. 4.1 Análise Descritiva da Amostra Num primeiro momento, a análise feita procurou identificar, por porte de empresa, se empresas certificadas apresentavam um maior nível de adoção das práticas gerenciais. A tabela 3 apresenta os dados obtidos da amostra. Tabela 3: Nível de adoção das práticas gerenciais por porte Porte da Empresa Adota Adota Parcialmente Não Adota Adota Adota Parcialmente Não Adota Pequena Empresa 62% 10% 29% 36% 7% 57% Média Empresa 66% 11% 23% 39% 12% 49% Grande Empresa 74% 10% 16% 75% 14% 11% EMPRESAS CERTIFICADAS EMPRESAS NÃO CERTIFICADAS Conforme documentado na tabela 3 acima, as empresas certificadas de pequeno e médio porte apresentam uma maior adoção de práticas gerenciais investigadas se comparadas com as empresas não certificadas do mesmo porte. Já nas empresas de grande porte, o que se percebe é que a adoção das práticas gerenciais descritas neste estudo não é privilégio das empresas certificadas uma vez que os percentuais das empresas certificadas e não certificas quase se equiparam. Um aspecto que a análise descritiva da amostra permitiu-nos constatar esta relacionada ao nível de percepção de utilidade das práticas gerenciais por porte de empresa. A tabela 4 apresenta os dados coletados pela pesquisa. 23 Tabela 4: Nível de percepção da utilidade das práticas gerenciais por porte Porte da Empresa Adota Adota Parcialmente Não Adota Adota Adota Parcialmente Não Adota Pequena Empresa 62% 10% 29% 36% 7% 57% Média Empresa 66% 11% 23% 39% 12% 49% Grande Empresa 74% 10% 16% 75% 14% 11% EMPRESAS CERTIFICADAS EMPRESAS NÃO CERTIFICADAS Conforme documentado na Tabela 4, tantos as empresas certificadas de pequeno e médio porte quanto às de grande porte, apresentam um maior nível de percepção de utilidade das práticas gerenciais se comparadas com as empresas não certificadas do mesmo porte. Contudo, nas empresas de grande porte, o nível de percepção de utilidade das práticas gerenciais sugeridas neste estudo, são muito próximos entre empresas certificadas e não certificadas. Um último aspecto analisado a partir da análise descritiva dos dados é o nível de adoção e percepção de utilidade das práticas gerenciais, considerando-se as áreas organizacionais sugeridas neste estudo. A tabela 5 apresenta os dados coletados na pesquisa. Tabela 5: Percentual de adoção e percepção de utilidade das práticas gerenciais n1 % n1 n1 % n1 n2 % n2 n2 % n2 Cert Não Cert Cert Não Cert Organograma 56 27 96% 27 59% 29 69% 29 31% Estudo de Layout 56 27 81% 27 74% 29 59% 29 38% Normas Ambientais 56 27 63% 27 48% 29 66% 29 41% 80% 64% 60% 37% Estudo de Tempos e Movimentos 56 27 63% 27 56% 29 59% 29 38% PCP – Planejamento e Cont. Produção 56 27 59% 27 44% 29 45% 29 21% Avaliação de Fornecedor 56 27 93% 27 81% 29 24% 29 41% Just in Time 56 27 33% 27 33% 29 28% 29 28% Controle de Processos 56 27 89% 27 85% 29 59% 29 34% Desenvolvimento de Produtos 56 27 56% 27 44% 29 34% 29 21% Sistema de Armazenagem 56 27 63% 27 70% 29 48% 29 38% Ponto de Equilíbrio Operacional 56 27 70% 27 48% 29 55% 29 28% 66% 44% 58% 31% Contabilidade Gerencial 56 27 81% 27 59% 29 59% 29 34% Indicadores de Gestão 56 27 85% 27 63% 29 17% 29 10% Gestão Orçamentária 56 27 74% 27 59% 29 41% 29 24% Sistema de Custeio 56 27 59% 27 37% 29 34% 29 10% Sistemas de Metas 56 27 89% 27 70% 29 52% 29 41% Gestão do Capital de Giro 56 27 59% 27 22% 29 66% 29 31% 75% 45% 52% 25% Plano e Cargos e Salários 56 27 37% 27 33% 29 21% 29 7% Recrutamento e Seleção 56 27 74% 27 48% 29 38% 29 28% Programas de Treinamento 56 27 81% 27 81% 29 45% 29 55% Programas de Qualificação 56 27 70% 27 41% 29 14% 29 14% Sistemas de Avaliação de Desempenho 56 27 67% 27 56% 29 31% 29 24% 66% 30% 52% 26% Pesquisa com Cliente 56 27 100% 27 89% 29 31% 29 28% Definição de Área de Atuação 56 27 63% 27 59% 29 66% 29 41% Mapeamento de Representantes 56 27 26% 27 26% 29 24% 29 21% Participação Em Eventos 56 27 78% 27 74% 29 59% 29 45% Instrumentos de Mídia 56 27 59% 27 52% 29 38% 29 34% 65% 43% 60% 34% Sistema Contábil 56 27 52% 27 44% 29 38% 29 28% Sistema Financeiro 56 27 96% 27 59% 29 72% 29 38% Sistema de Marketing 56 27 41% 27 11% 29 24% 29 3% Sistema de Produção 56 27 63% 27 44% 29 45% 29 7% Sistema Integrado – ERP 56 27 52% 27 41% 29 31% 29 14% Acesso a Internet 56 27 33% 29 38% Comunicação pela Intranet 56 27 85% 29 52% Treinamento em Informatica 56 27 44% 29 34% 58% 42% 40% 18% 67% 54% 43% 28% Área Organizacional Práticas Gerenciais n Certificadas (n1) Não Certificadas (n2) Resumo Por Àrea Organizacional Adoção Percepção de Utilidade Adoção Percepção de Utilidade Adoção das PGer Percepção de Utilidade Controle de Gerencial Gestão de Pessoas Estrutura e Organização Controle de Produção TOTAL GERAL (médias) Controle de Mercado Sistemas de Informações Conforme documentado pela Tabela 5, de forma geral o grupo das empresas certificadas apresenta tanto uma maior adoção quanto uma maior percepção da utilidade das práticas gerenciais investigadas neste estudo. Em apenas quatro itens pesquisados, as empresas não certificadas superam as certificadas no que se refere a uma maior adoção das práticas gerenciais que foram nos itens: Normas Ambientais (1030), Gestão do Capital de Giro (3170), Definição da Área de Atuação (5240) e Acesso dos Empregados a Internet (6330). Entretanto, as margens de diferença 24 apresentadas não são significativas a ponto de afirmar-se que nestes itens as empresas não certificadas possuem um melhor desempenho. Dentro das propostas deste estudo, procurou-se então, através de testes de verificação das médias (Teste – T), a confirmação ou não das hipóteses descritas possibilitando desta forma, atingir os objetivos propostos e, consequentemente, responder ao problema central desta pesquisa. 4.2 Testes de Diferenças O teste T de diferença é um teste paramétrico que compara as observações de uma mesma variável entre dois grupos da amostra. O objetivo deste teste é identificar se a media é significativamente diferente entre dois grupos de indivíduos de uma mesma amostra. Este teste permite de testar se existe uma diferença estatisticamente significativa entre dois grupos de uma mesma amostra. Assim sendo, as duas hipóteses deste estudo foram investigadas comparando-se o nível de adoção (H1) e percepção de utilidade (H2) das práticas gerenciais investigadas entre o grupo de empresas certificadas (n = 29) e não certificadas (n = 27). Os resultados dos testes de diferença de media são apresentadas nos parágrafos que seguem. 4.2.1 Nível de Adoção das Práticas Gerenciais nas Empresas Pesquisadas No primeiro teste, procurou verificar se as empresas certificadas apresentam um maior índice de ocorrência de adoção das práticas gerenciais que as empresas não certificadas. Os resultados dos testes encontram-se resumidos na tabela a seguir. Tabela 6: Verificação do Nível de Adoção das Práticas Gerenciais na Amostra toda 1 - 0,542857 0,770370 (0,2275) (4,4378) 0,0000 2 - 0,655172 0,802469 (0,1473) (1,9832) 0,0262 0,573276 0,722222 (0,1489) (2,2398) 0,0146 0,522989 0,820988 (0,2980) (3,8926) 0,0001 0,475862 0,800000 (0,3241) (4,5257)0,0000 0,531035 0,785185 (0,2542) (4,1036) 0,0001 0,534483 0,740741 (0,2063) (3,6111) 0,0003 2.4 - Gestão de Recursos Humanos 2.5 - Controle de Mercado 2.6 - Sistemas de Informação Por area organizacional 2.1 - Estrutura e Organização 2.2 - Controle de Produção 2.3 - Controle Gerencial Resultados Mean Mean Diff. T - test Signif Hipotese 1: Empresas certificadas apresentam uma maior intensidade (nível) de adoçao de práticas gerenciais que empresas não certificadas. Empresas Não Certificadas Empresas Certificadas Todas as areas organizacionais - Geral A análise dos resultados apresentados na Tabela 6 permite concluir que tanto em termos gerais quanto na análise por área organizacional, as empresas certificadas desta amostra apresentam um maior índice de adoção das práticas gerenciais investigadas. Todos os resultados do teste-t de diferença são significativos o que suporta a hipótese levantada neste estudo de que as empresas certificadas apresentam um maior nível de adoção das práticas gerenciais. 4.2.2 Nível de Intensidade da Percepção de Utilidade das Práticas Gerenciais nas Empresas Pesquisadas Verificados os níveis de adoção das práticas gerenciais pelas empresas da amostra, a segunda etapa dos testes buscou a verificação da hipótese de que as empresas certificadas apresentam uma maior intensidade de percepção de utilidade das práticas gerenciais investigadas neste estudo conforme descrito na segunda hipótese desta pesquisa (H2). Esta confirmação se faz pertinente no sentido que a adoção não se traduz necessariamente na percepção de utilidade da ferramenta gerencial. Os resultados do Teste-T para a hipótese levantada são apresentados na tabela a seguir. Tabela 7: Índice de Intensidade da Percepção de Utilidade das Práticas Gerenciais 25 1 - 0,280172 0,535880 (0,2557) (4,9825) 0,0000 2 - 0,367816 0,604938 (0,2371) (2,6414) 0,0054 0,310345 0,578704 (0,2684) (4,3309) 0,0000 0,252874 0,518519 (0,2656) (4,2161) 0,0000 0,255172 0,518519 (0,2633) (3,3548) 0,0007 0,337931 0,600000 (0,2621) (3,4298) 0,0006 0,179310 0,400000 (0,2207) (3,5563) 0,0004 2.3 - Controle Gerencial 2.4 - Gestão de Recursos Humanos 2.5 - Controle de Mercado 2.6 - Sistemas de Informação Todas as areas organizacionais - Geral Por area organizacional 2.1 - Estrutura e Organização 2.2 - Controle de Produção Hipotese 2: Empresas certificadas apresentam uma maior intensidade (nível) de percepção da utilidade das práticas gerenciais que empresas não certificadas. Empresas Não Certificadas Empresas Certificadas Resultados Mean Mean Diff. T - test Signif Considerando-se os resultados do teste-t de diferença apresentados na Tabela 7, constata-se que tanto em termos gerais quanto por área organizacional, as empresas certificadas apresentaram um maior índice de intensidade de percepção de utilidade das práticas gerenciais se comparadas com o grupo de empresas não certificadas. O fato dos níveis de significância (Signif) dos testes t de diferença terem ficado abaixo de 10%, significa que os dados da amostra oferece suporte para confirmação da segunda hipótese (H2) deste estudo. 4.2.3 Testes de Sensibilidade dos Dados da Amostra A curiosidade científica que motivou este estudo buscou em primeiro momento a verificação e comparação dos níveis de adoção e de percepção de utilidade das práticas gerenciais investigadas entre empresas certificadas e não certificadas. O pressuposto deste estudo é que a adoção de práticas gerenciais resulta em uma melhor gestão do conhecimento organizacional e, consequentemente, deve ser significativamente superior em empresas certificadas pela ISO 9001:2000. Neste sentido, questões como a atividade empresarial e o porte das empresas da amostra não foram diretamente considerados nos testes precedentes. Entretanto, conforme documentado pelas Tabelas 1 e 2, a amostra deste estudo apresenta uma maior incidência de empresas de médio porte e do setor da construção civil, respectivamente. Diante desta constatação, as análises que seguem procuram verificar se os dados apresentados nos testes anteriores são sensíveis á atividade empresarial e ao porte das organizações. As análises de sensibilidade da amostra são apresentadas nos itens a seguir. 4.2.3.1 Sensibilidade Quanto a Atividade Empresarial Para a verificação da sensibilidade da amostra quanto à atividade empresarial, foram excluídas todas as empresas da Indústria de Engenharia e Construção Civil (cód. 9120), os resultados do Teste-T são apresentados na tabela abaixo. Tabela 8: Sensibilidade da Amostra à Atividade Empresarial 1 - 0,628571 0,761345 (0,1328) (1,9054) 0,0330 2 - 0,666667 0,764706 (0,0980) (0,9305) 0,1797 0,617188 0,691177 (0,0740) (0,8525) 0,2020 0,625000 0,803922 (0,1789) (1,7749) 0,0429 0,512500 0,776471 (0,2640) (2,8790) 0,0036 0,637500 0,800000 (0,1625) (2,0949) 0,0222 0,609375 0,764706 (0,1553) (2,0325) 0,0254 2.3 - Controle Gerencial 2.4 - Gestão de Recursos Humanos 2.5 - Controle de Mercado 2.6 - Sistemas de Informação Todas as areas organizacionais - Geral Por area organizacional 2.1 - Estrutura e Organização 2.2 - Controle de Produção Hipotese 1: Empresas certificadas de Pequeno e Grande porte apresentam uma maior intensidade (nivel) de adoção das práticas gerenciais que empresas não certificadas de porte similar. Empresas Não Certificadas Empresas Certificadas Resultados Mean Mean Diff. T - test Signif Conforme documenta a Tabela 8, em geral as empresas certificadas, independentemente do setor, apresentam uma maior adoção das práticas gerenciais do que as empresas não certificadas. Contudo, quando a análise é feita por área organizacional, é possível verificar que o teste-T de diferença não é significativo (grau de significância superior a 10%) para os quesitos: Estrutura e Organização e Controle 26 de Produção, no diz respeito ao nível de adoção das práticas gerenciais. Isto significa que nestes quesitos, a hipótese de que as empresas certificadas possuem uma maior intensidade de adoção das práticas gerenciais do que em empresas não certificadas, pode não ser verdadeira. Assim sendo, os resultados dos testes vistos nas Tabelas 6 e 7, no que se refere aos quesitos indicados acima, são sensíveis a forte concentração de empresas que pertencem à atividade empresarial Engenharia e Construção Civil. Quanto aos demais quesitos, ou áreas organizacionais, os resultados não são sensíveis a atividade industrial e suportam os resultados discutidos anteriormente, cuja conclusão é que o grupo de empresas certificadas adotam um maior numero de práticas gerencias, bem como parecem ter uma maior percepção da utilidade das práticas gerencias investigadas. 4.2.3.2 Sensibilidade Quanto ao Porte da Empresa A fim de verificar se os resultados apresentados de forma geral, discutidos anteriormente, também apresentavam sensibilidade quanto ao porte das empresas, o teste-T apresentado na tabela 9, excluiu da amostra, todas as empresas de porte médio (Porte 3) visto que conforme documentado na Tabela 1, as empresas de médio porte representam 59% das empresas da amostra. Desta forma, os resultados dos Testes-T apresentados abaixo considera apenas os grupos das pequenas e grandes empresas, grupos porte 2 e 4, respectivamente. Tabela 9: Sensibilidade da Amostra ao Porte da Empresa 1 - 0,605 0,783 (0,178) (2,052) 0,026 2 - 0,667 0,778 (0,111) (0,805) 0,215 0,614 0,698 (0,084) (0,748) 0,231 0,561 0,819 (0,259) (2,140) 0,022 0,545 0,867 (0,321) (2,905) 0,004 0,636 0,783 (0,147) (1,455) 0,080 0,591 0,760 (0,170) (1,905) 0,035 Empresas Não Certificadas 2.2 - Controle de Produção 2.3 - Controle Gerencial 2.4
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