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APOSTILA 
 
GESTÃO DO CONHECIMENTO 
 
Ricardo Daher Oliveira, Ph.D 
ricardo.daher@unicesumar.edu.br 
 
 Pós - Doutor pelo Deptº de Ciências Contábeis da HEC/Universidade de 
Montreal – Área de Discussão: Gestão do Conhecimento 
 Doutor em Engenharia de Produção – UNIMEP/SP; 
 Mestre em Engenharia de Produção – UFSC/SC; 
 MBA – Management – Formação de Gerentes e Diretores– FGV/RJ; 
 Pós-Graduado em Finanças e Mercado de Capitais – CEPPG 
 Pós-Graduado Auditoria e Controladoria * (em andamento); 
 Bacharel em Administração 
 Estudos Avançados em Filosofia, Economia, Direito, Psicologia; 
 Professor de Graduação, Pós -Graduação Lato Senso e Stricto Senso 
 Pesquisador e Consultor em Gestão Empresarial. 
 
Áreas de Pesquisa 
- Gestão do Conhecimento nas Organizações 
- Planejamento Estratégico e Capital Intelectual 
- Gestão dos Indicadores de Controle Empresarial 
 
 
 
Maringá 
2013 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. QUEM PRECISA RACIOCINAR CERTO? ........................................................................... 3 
2. O CONHECIMENTO .............................................................................................................. 5 
3. ORIGEM DO CONHECIMENTO .......................................................................................... 8 
4. O CONHECIMENTO NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO ................................................. 11 
5. GESTÃO DO CONHECIMENTO NO CONTEXTO DAS PRATICAS GERENCIAIS ..... 14 
6. EDUCAÇAO FORMAL E PRÁTICAS GERENCIAIS – Atividade - 1 ............................. 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. QUEM PRECISA RACIOCINAR CERTO? 
(Texto de Carlos Bússola, 2003) 
Se você tivesse perguntado aos romanos quem precisa de Filosofia, eles teriam lhe 
respondido: Ninguém! Porque o que o povão quer é “panes et circenses” (pão e 
diversões) e o motivo é muito simples, dizia Horácio: “Vulgus vult decipi” (o povão gosta 
de ser enganado!). 
Por isso, desde sempre, quem governa no esquema do absolutismo, ou impede que se 
lecione Filosofia, ou só permite a Filosofia que a ele interessa. 
Por isso os romanos se especializaram no Direito, Stalin e Mao impuseram o 
materialismo marxista e a Igreja cristã só admite a Filosofia de São Tomás de Aquino 
para defender suas teses religiosas.Então, quem precisa de Filosofia? 
Precisam todos aqueles que têm medo dela. Em primeiro lugar, aqueles que têm 
cérebro dogmático. Aqueles que repetem objetivamente as ordens e as leis sem olhar 
se servem e se são justas; aqueles que sentem necessidade de serem mandados 
porque não têm idéias próprias e todos aqueles que adoram mandar para sublimar seu 
ego. 
Com efeito, sabemos que os dogmáticos não admitem objeções e como não têm 
fundamentação nenhuma para aquilo que afirmam ou impõem, exigem dos súditos a fé 
cega quase sempre acompanhada de ameaças. Dogmatismo e fé estão sempre juntos 
com ameaças. 
Em segundo lugar, precisam de Filosofia todos aqueles que se consideram salvadores 
da sociedade, pois algumas aulas de Antropologia Filosófica lhes dariam a visão clara 
das limitações humanas, das incertezas e das dúvidas e, sobretudo, aprenderiam que o 
que chamamos de liberdade é freqüentemente um equívoco quando se defronta com 
as emoções humanas. 
Em terceiro lugar, precisam de muita Filosofia os cientistas; esses deveriam ler os 
livros de K. Popper para entender como é ridícula a pretensão que a ciência moderna 
tem de possuir a verdade, uma vez que tudo é relativo: basta um novo ponto de vista 
para nos colocar numa nova perspectiva. 
Os políticos também precisam de Filosofia, pois eles às vezes são parecidos com os 
sofistas, apresentando ao povo um único aspecto da realidade. 
Também precisam de Filosofia todos aqueles que se dedicam à propagação e à 
manutenção da religião. Esses homens, muitos dos quais levam uma vida santa, 
dificilmente entendem que, embora existam princípios eternos e universais, imutáveis e 
absolutos, não se pode dizer que a compreensão deles, por parte dos homens, seja 
absolutamente certa e irreformável, pois o homem compreende lentamente e quase 
sempre de forma incompleta. 
E finalmente precisam de Filosofia os próprios filósofos, porque o caminho que leva à 
verdade é difícil, muito lento e, freqüentemente, contraditório. 
Isto confirma o fato de que as pessoas simplesmente se aproximam da verdade; nunca 
alcançam a verdade de um modo pleno e total, pois só o eterno é a verdade absoluta. 
Lecionando por muitos anos, observei que o estudante, antes de chegar a um novo 
conhecimento, passa por três estágios, ou momentos: (1) de abalo ou confusão, (2) de 
demolição e (3) de reconstrução. 
 (1) O momento do abalo 
Existem enunciados que confundem a cabeça: são afirmações filosóficas que, quando 
 
4 
lidas em separado, disjuntam do contexto total, distorcem a verdade. 
É que a Filosofia constitui um todo feito de muitas partes. Por exemplo, o problema do 
conhecimento é uma parte do todo, por isso o conhecimento, em si, não é Filosofia; ele 
deve ser integrado com o problema antropológico, cosmológico, metafísico e ético. Por 
isso não basta estudar só uma parte da Filosofia, por exemplo, somente o problema do 
conhecimento. 
(2) O momento da demolição 
É quando o estudante começa a destruir e desfazer-se das ideologias e conceitos 
tradicionalmente aceitos. São idéias enraizadas na sociedade que ninguém pôs em 
dúvida... 
Neste segundo momento sempre há um estudante que volta atrás e abandona a 
Filosofia, voltando às velhas idéias que ainda lhe fornecem um apoio psicológico. 
Esse estudante não sabe que a Filosofia não quer destruir nada: só quer questionar e 
às vezes criticar, esperando, deste modo, descobrir os verdadeiros valores 
fundamentados através da racionalidade. 
(3) O momento da reconstrução 
Se dá quando a verdade descoberta se fundamenta no raciocínio certo. Por isso há o 
estudo da lógica para ensinar a pensar corretamente, tanto com referência aos fatos 
físicos, como aos fatos metafísicos, isto é, aquilo que não é material e escapa aos 
sentidos. 
Daí surge um novo conceito: a Filosofia leva a uma sempre maior aproximação da 
verdade e se torna um novo modo de conhecimento. 
O problema do conhecimento é a porta de entrada para a Filosofia e pode ser expresso 
em dois modos: 
(A) Posso conhecer algo na sua essência, ou o meu conhecimento deste “algo” é 
apenas superficial? 
(B) Se o meu conhecimento de fatos e de realidades é superficial, então como saberei 
que é verdade? 
O problema da verdade é fundamental quando se trata de dar uma interpretação ao 
mundo e a tudo que nele existe. Por exemplo: o homem é somente corpo? Ou há algo 
nele que sustenta a matéria? O que poderia ser este outro “algo”? Outro exemplo: 
Deus existe? Ou é uma necessidade da minha fraqueza e das injustiças do mundo 
fazê-lo existir? E se Ele existe, por que as pessoas O chamam de Pai quando se vê um 
mundo tão injusto e cheio de doenças?... E há outros mil exemplos!... 
Em todas as coisas o homem sempre procura a verdade e a verdade lhe é dada pela 
cultura de seu grupo social. Mas a Filosofia quer ir além disto... quer uma resposta 
racional e não social... 
Ora a verdade, mesmo a verdade na sua forma aproximativa, é o fruto do 
conhecimento individual. 
É por isso que a Filosofia discute as idéias dos outros antes de aceitá-las ou rejeita-las. 
É por isso também que o conhecimento é a porta de entrada para a Filosofia. 
Mas o conhecimento não é coisa tão simples assim: iremos ver que há três tipos de 
conhecimentos: o vulgar, ou popular; o científico e o filosófico, e é esse tipo de 
conhecimento que iremos, breve, estudar. 
A próxima tese será sobre o conceito, natureza e metodologia da Filosofia. 
 
52. O CONHECIMENTO 
(Texto de Carlo Bússola, 2003) 
 
 
 
O conhecimento é a porta de entrada para a Filosofia. 
Na linguagem filosófica há uma palavra muito importante e cheia de significação, é 
“Realidade”, que significa tudo aquilo que é real e atual para nós; tudo aquilo que 
existe: as estrelas, as pedras, as flores, as árvores, os insetos, os animais e os 
homens, tanto indivíduos, como em sociedade. 
Não só, mas também fatos e acontecimentos enquanto produtos da ação da natureza 
ou dos homens. Dessa massa de coisas, nas quais estamos mergulhados e que 
chamamos de “realidades”, o que é que podemos conhecer? Aliás, podemos mesmo 
conhecê-las? 
A pergunta, estranha à primeira vista, tem seu peso e é muito importante, uma vez que 
Kant provou (e ficou provado até hoje) que nós, seres humanos, nunca conheceremos 
a verdadeira essência das coisas pelo simples fato de que, morando nós na superfície, 
só podemos conhecer a superfície, nunca o “interior vital” das coisas. 
E mesmo morando na superfície não é fácil conhecer de modo absolutamente certo: 
simplesmente porque nosso olhar é apenas superficial... Se o leitor não tivesse 
aprendido na escola que a terra gira ao redor do sol, acreditaria que é o sol que gira ao 
redor da terra! 
Freqüentemente os sentidos nos enganam e, enganando-nos, nos impedem de 
alcançar a verdade. Ora, alcançar a verdade é a finalidade exclusiva da Filosofia. 
Assim sendo, o problema do conhecimento pode ser expresso em dois modos: 
(1) Posso conhecer algo na sua realidade, ou o meu conhecimento é apenas 
superficial? (2) Se o meu conhecimento de fatos e realidades é apenas superficial, 
então como saberei que é verdadeiro? Não só, mas nunca eu chegarei à verdade. 
Por isso o problema do conhecimento é fundamental quando se trata de dar uma 
interpretação à minha existência e a toda a realidade na qual me encontro. 
Por exemplo: o homem é puro corpo? Ou há algo nele que sustenta a matéria? Outro 
exemplo: Deus existe? Ou é uma exigência da fraqueza 
humana? Ou do inconsciente coletivo? E se existe, em que sentido Ele cuida do 
Universo, uma vez que somos testemunhas de imensas catástrofes, doenças e males 
sem fim? 
Antes de fazer uma abordagem filosófica do conhecimento, queremos saber quais são 
as posições da sociedade perante ele. Temos então várias posições. 
(1ª) Posição pragmatista das pessoas que tomam por base de tudo, a utilidade. 
Dizem eles: conhecemos aquilo que nos interessa, direta ou indiretamente, para 
alcançar alguma finalidade. 
São pessoas “práticas” que pouco se importam em conhecer certo ou errado; 
importam-se em alcançar um objetivo. 
 
6 
Se o não alcançarem, não fazem nenhuma crítica ao seu ato cognitivo, simplesmente 
tentam um outro meio. Para estas pessoas, o conhecimento é algo de secundário, de 
relativo; não tem valor em si, a não ser no momento em que resolvem alcançar um 
objetivo. 
 “O cético não aceita nenhum conhecimento como definitivamente verdadeiro. 
Existem pessoas assim? Existem, sim” 
(2ª) Posição dogmáticadas pessoas que afirmam que o conhecimento é possível e 
que nós conhecemos imediatamente a realidade, assim como ela se apresenta aos 
nossos sentidos e, através dos sentidos, à nossa consciência. 
Deste modo, conhecer algo é ter consciência da sua realidade material. Como se vê, o 
dogmático nem de longe suspeita da possibilidade da consciência e da razão poder ser 
enganadas: ela sempre alcança a verdade, quer seja ela teor ética, quer seja prática. 
(3ª) Posição cética daqueles que sustentam a dúvida universal com referência à 
possibilidade do conhecimento: será esta realidade assim como os meus sentidos mo-
la apresentam? É bem provável que não... 
Logo o cético não aceita nenhum conhecimento como definitivamente verdadeiro. 
Existem pessoas assim? Existem, sim! Poucas, mas existem. São indivíduos 
contraditórios que afirmam que reconhecem não conhecer nada! 
Na verdade as pessoas que encontramos no nosso dia-a-dia nunca vivem a vida inteira 
na primeira, ou na segunda, ou na terceira posição, mas se movem nesta ou naquela 
posição conforme a conveniência do momento. 
Por isso é necessário colocar aqui a (4ª) posição: a relativista,que representa não a 
posição do sujeito perante o conhecimento, mas a conveniência do objeto conhecido. 
Quanto ao tipo de conhecimento, temos o conhecimento vulgar, o científico, o filosófico 
e o místico. 
Conhecimento vulgar. A palavra “vulgar” vem do latim “vulgus” que significa “povão” 
(povo, em latim se diz “populus”) o povo sem cultura. Para o povo sem cultura, 
conhecimento é aquilo que se torna evidente aos nossos sentidos; ele não tem 
raciocínio crítico. Assim, o sol gira ao redor da terra porque vejoo girar ao redor da 
terra. 
Conhecimento científico é a interpretação da realidade através de pesquisas. Toda 
pesquisa parte de uma hipótese de trabalho, para chegar a uma teoria. A teoria pode 
ser aceita ou confutada, porque ainda faz parte da pesquisa. 
Mas se num determinado momento todos os pesquisadores concordam porque o 
contrário da teoria proposta se mostra inconsistente, então chega- se à formulação de 
uma lei que é de caráter universal (embora não eterno!...). 
O que importa notar é que o conhecimento científico procura sempre as conexões que 
existem entre os fenômenos, juntamente com suas causas primárias. 
Por isso o conhecimento científico é um superamento do conhecimento vulgar. 
Conhecimento filosófico que tem em comum com as ciências o universo dos 
fenômenos materiais, de modo que o objeto material da Filosofia pode ser (e quase 
sempre é) o mesmo objeto material das ciências. 
Por este motivo temos, além da Filosofia em si, também Filosofia da Sociologia; 
Filosofia da Religião; Filosofia da Física; Filosofia da Biologia; Filosofia da Arte; etc. 
Mas o que distingue o conhecimento filosófico do científico é o fato de a Filosofia 
começar a investigar lá onde, por força de sua natureza, as ciências param porque não 
podem mais ir à frente. 
 
7 
Neste sentido, o conhecimento filosófico é crítico e não de experimentação. A Filosofia 
se propõe criticar até o último achado científico, já que a finalidade específica da 
Filosofia são as origens, os princípios, as raízes, os fundamentos, as últimas bases das 
realidades e dos fenômenos com a finalidade de investigar-lhes o sentido, o valor e a 
finalidade. 
Evidentemente por ser fundamentalmente uma análise crítica, é evidente que reflete a 
formação intelectual e psicológica do filósofo: o materialista será levado a ver tudo sob 
a luz da matéria; o espiritualista, pelo contrário, será levado a ver tudo sob a luz do 
espiritualismo. 
É por isso que encontramos diferentes Escolas Filosóficas, uma contrária à outra... 
Com efeito, uma Escola Filosófica tende a reunir aqueles filósofos que analisam 
criticamente a realidade sob o mesmo ponto de vista. 
A formação intelectual; o ambiente em que viveram; os mestres que tiveram; os livros 
que leram e sobretudo as inclinações psíquicas têm um grande papel na formação das 
diferentes Escolas Filosóficas. 
Conhecimento místico ou intuitivo, que brota dentro do indivíduo em momentos 
inesperados. Justamente inesperados, porque de nada adianta o sujeito esforçar-se 
para produzir e alcançar este tipo de conhecimento. 
Uma vez que a alma do homem está ligada (como os filósofos orientais dizem) à Alma 
Universal, da qual é um “segmento” e uma vez que a Alma Universal tudo sabe e tudo 
conhece, eis que em momento de profundo relaxamento, quando a mente humana não 
está presa a nenhuma preocupação, um conhecimento especial surge de forma 
estranha, do interior do homem, dando respostas e até explicações. 
As religiões institucionalizadas, ou não, fundamentam-se nesta realidade, 
interpretando-a (e aqui está o desvio do fenômeno) de acordo com suas finalidades 
pré-estabelecidas.Com efeito, quando se quer explorar o mundo que está além do mundo tridimensional, 
isto é, o mundo de uma outra dimensão, onde não pode chegar conhecimento 
científico, e nem conhecimento racional (o raciocínio, embora não seja material em si, 
está ligado aos fenômenos e às realidades terrestres) só existe um caminho: a intuição 
que constitui o conhecimento místico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
3. ORIGEM DO CONHECIMENTO 
 
Como se origina o conhecimento? 
Três escolas filosóficas respondem: 
(1) O realismo de Aristóteles, que viveu cerca de 2.500 anos atrás, afirmava que o 
homem pode conhecer objetos e fenômenos que estão fora dele, de modo que 
conscientemente ele pode contrapor-se-lhes numa relação “Eu-Não-Eu”, ou “Eu-Tu”. 
Aristóteles chamou a sua teoria de realismo, significando, com isso, que mediante o ato 
do conhecimento ele estava dando sentido e valor de realidade àquilo que existe fora 
do sujeito. 
Com o termo “realismo” Aristóteles queria colocar-se em oposição ao seu mestre 
Platão, que ensinava que a realidade é apenas “sombra” de realidades ou, melhor, de 
idéias reais que estão no céu, ou, como dizia ele, no “mundo hiper-urânico” (lá, acima 
do céu visível...). 
Mas Aristóteles ensinava que, por exemplo, não há nenhuma idéia de casa, lá no céu; 
a idéia de casa está na materialidade, isto é, na realidade da casa aqui na terra, e 
justificava seu ponto de vista materialista do conhecimento, primeiro, pela definição 
mesma do conhecimento, isto é: um ato que tende sempre a alcançar 
intencionalmente algo diferente do sujeito que conhece. 
Em segundo lugar, Aristóteles afirmava que as ciências, com suas pesquisas e 
achados, provam em demasia que existe algo que pode ser percebido fora do sujeito 
que pesquisa. E, terceiro lugar, Aristóteles dizia que há um acordo, entre todos os 
homens, a chamar de “casa” aquela determinada construção. 
Ora, se não existisse conhecimento objetivo, o que para uns é uma casa, para outros 
pode ser um navio... 
Como se vê, Aristóteles com o seu realismo representa o bom senso ou o senso 
comum que parte do princípio de que jamais poderíamos emitir juízos de valor, lógicos 
e necessários e de validade universal se não pudéssemos conhecer de modo realista o 
mundo que está fora de nós e imediatamente interpretá-lo mediante o raciocínio. 
Isso nos mostra que Aristóteles trabalha na experiência da sensação, comprovada pelo 
senso comum e interpretada pela razão. 
(2) O empirismo é a corrente filosófica dos empiristas, isto é, aqueles que são da 
opinião que o conhecimento é pura sensação e percepção sensitiva. Por isso, 
defendem a idéia de que todos os nossos conceitos, tanto aqueles que se referem a 
coisas reais, como os que se referem a coisas abstratas, são produtos da experiência 
sensível. 
Pretendem provar suas afirmações mostrando que a criança em primeiro lugar tem 
percepções sensoriais e somente num segundo momento ela forma, para si, conceitos 
mais gerais. 
Logo (dizem) o conhecimento da pessoa nasce do conhecimento real do mundo que, 
estando lá fora, leva a criança a entender a diferença real entre si mesma e o que está 
lá fora. 
 
9 
Encontramos reflexos desta Filosofia entre os sofistas gregos e entre os estóicos. No 
entanto é entre os ingleses que toma forma e força: com John Locke, (1632-1704), 
David Hume (1711-1776) e John Stuart Mill (1806- 1873). 
Locke escreveu o livro “Na Essay Concerning Human Understanding” (veja: “Os 
Pensadores” da Ed. Abril). Neste livro ele sustenta que as sensações e percepções, 
tanto do mundo exterior como interior, constituem a origem e o material de todo o 
nosso conhecimento. Ele não admite distinção entre conhecimento racional e sensível 
e muito menos admite que possa existir um conhecimento místico, uma espécie de 
intuição interior, que não proceda do mundo material e chegue a nós via sentidos. A 
razão, quando muito, reúne e classifica os dados que lhe chegam dos sentidos, para 
compreendê-los, não para conhecê-los, porque já foram conhecidos quando chegaram 
aos sentidos. 
Então, o que são as idéias? As idéias são reproduções sensíveis e não intelectuais de 
uma realidade objetiva que é completa somente fora de nós, quando se trata de 
experiência externa; ou dentro de nós, quando se trata de experiência interna. 
Hume, empirista como Locke, também afirma que todo conhecimento é sensível e, 
portanto, material. Afirma também uma tese já enunciada por Locke: que o 
conhecimento matemático é o único conhecimento que abstrai da experiência sensível. 
Costumava dizer que, por exemplo, o Teorema de Pitágoras podia ser descoberto pela 
pura atividade do pensamento. 
Stuart Mill é um empirista extremado: nem as proposições matemáticas podem 
abstrair da experiência sensível. Deste modo não há conhecimento a não 
ser nos sentidos. 
Esses três filósofos e todos os demais empiristas, ou materialistas materialistas (como 
os chama o filósofo E. Cassirer) negam a participação do intelecto na formação das 
nossas idéias: elas são unicamente produto dos sentidos. O erro deles está em 
sustentar que nos conhecimentos há somente elementos materiais que chegam aos 
sentidos via percepção sensível. 
(3) O racionalismo ou Idealismo afirma que o objeto é conhecido por um processo 
racional, isto é, o raciocínio “constrói” o entendimento do objeto lá fora; então eu passo 
a conhecê-lo. Desta forma nós não conhecemos o objeto em si, mas somente tal qual 
ele é no nosso conhecimento racional. 
Seria como dizer que nós conhecemos somente as representações, as fotografias do 
mundo exterior, porque, na realidade, só conhecemos as idéias daquilo que está fora 
de nós; daí o nome de “Idealismo” desta escola, que considera as idéias como sendo o 
sustentáculo de toda a realidade. 
Assim sendo, se para os empiristas a idéia é uma sensação figurativa (porque nos 
proporciona uma figura), no idealismo a idéia é um conceito porque é produção do 
nosso espírito. 
O idealismo, como fenômeno filosófico, começou com Platão, que distinguia entre o 
mundo Sensível (empírico) que é o reino das formas materiais transitórias (e portanto o 
mundo das ilusões dos sentidos) e o mundo inteligível das idéias, ou essências 
eternas:: as únicas que contêm a verdade. Por exemplo: um homem é um corpo 
material que se mexe, segundo a definição empírica. Ora, quando este corpo material 
morre, o que acontece? Acaba tudo! Diz o empirista. 
Mas Platão nega que acabe tudo porque sobrevive a idéia de homem que, estando 
encerrada naquele corpo, sustentava as suas formas corporais. A idéia sobrevive 
porque é eterna e logo, logo, estará encerrada num outro corpo formando um outro 
homem. 
 
10 
Desta doutrina de Platão nasceu o conceito cristão de alma que passará bem cedo 
para o campo da religião e será desenvolvido filosoficamente por Sto. Tomás de 
Aquino, mas sempre com uma conotação religiosa, mesmo quando o assunto será 
tratado em Filosofia. 
Por isso, o conceito platônico de idéia como expressão filosófica de uma realidade 
andou perdido entre os mil anos que separam Sto. Agostinho do filósofo Descartes. 
Descartes (1596-1650) andava por demais preocupado com o problema da existência 
de Deus, depois que Galileu provou que a Bíblia estava errada quando o livro de Josué 
(10, 13) nos dá a entender que o sol gira ao redor da terra. 
Se a Bíblia estava errada naquele ponto, podia estar errada também em outros 
pontos... E de dúvida em dúvida Descartes chegou à conclusão de que talvez até Deus 
não existisse. Foi quando teve aquela intuição que ele formulou assim: “Se duvido, 
estou pensando; mas se estou pensando é sinal que existo; mas se existo, um outro 
me criou: Deus!” 
Esta consciência de si mesmo como ser pensante levou Descartes a entender que 
existe todo um universo que pode ser incluídono termo “Substância pensante”. Assim 
quer os pensamentos, ou a alma, ou os espíritos e até o próprio Deus, entram na 
denominação comum de “substância pensante”, enquanto que os corpos materiais são 
chamados de “substância extensa”, uma vez que a extensão é a propriedade da 
matéria. 
Com Descartes nasce a Filosofia Moderna que repudia o Tomismo (a Filosofia 
Católica) pela sua estreita ligação com a Bíblia e desenvolve duas linhas de 
pensamento: (1) “Substância pensante” ou Escola filosófica idealista e espiritualista; (2) 
Escola filosófica empírica que desenvolve o conceito de “substância extensa”, no 
materialismo, no positivismo e no existencialismo. 
Kant afirma que os seres existem realmente fora de nós e podem ser conhecidos 
depois que o nosso intelecto os reconstruiu mediante as leis do raciocínio. Por este 
motivo, dizia Kant, os objetos que nós conhecermos, só serão os objetos que foram 
elaborados pelas nossas faculdades cognitivas. 
Hegel tira de Kant o conceito de “idéia” e faz dela a única realidade universal que 
passa por sucessivas fases de tese, antítese e síntese 
A conclusão de tudo que acabamos de dizer é que o compromisso do filósofo é a 
busca da verdade, salientando os dados da experiência para não ficarmos alienados. 
Ora, tanto a nossa experiência interior, como a nossa experiência exterior, nos afirmam 
a distinção entre o Eu (a nossa consciência) e o Não-Eu (o mundo fora de nós). 
Nos atestam também que o nosso ato de conhecer é a unificação de dois elementos: o 
dado sensitivo e a percepção intelectiva. O fato de podermos concordar ou discordar é 
a prova de uma realidade objetiva fora de nós, mas também da existência do nosso Eu 
interior. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
4. O CONHECIMENTO NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO 
A conversão do conhecimento empírico em conhecimento científico como forma de melhorar os 
processos industriais ganha força, nas empresas, a partir da obra de Taylor (1990), publicada 
originalmente em 1911, sob o título “Principles of Scientific Management”, onde o autor 
considerava que uma das causas da ineficiência do trabalhador consistia na ausência de 
métodos científicos e que, portanto, as empresas deveriam desempenhar considerável esforço 
na substituição dos métodos empíricos pelos métodos científicos. 
E é exatamente isto que as empresas vem fazendo ao longo dos anos, ou seja, melhorando os 
processos a partir do desenvolvimento do conhecimento científico do homem, muito embora, 
seja comum a utilização do conhecimento científico, sem a consciência de que o método 
utilizado possui uma contribuição da academia. 
Um trabalho interessante que buscou mostrar a conversão do conhecimento empírico em 
conhecimento científico foi desenvolvido pela projetista de software Ikuko Tanaka, da 
Matsushita Eletric Company, e descrito por Nonaka (2000), que ilustrou o que o autor definiu 
como conhecimento tácito e conhecimento explícito. No trabalho desenvolvido, Tanaka, com o 
objetivo de melhorar um produto da Matsushita, fez um treinamento com uma pessoa, fora da 
empresa, que possuía conhecimentos práticos sobre o manuseio de uma determinada matéria 
prima utilizada no processo do novo produto a ser lançado pela empresa. Uma vez treinada, 
Tanaka, voltou-se para a empresa e, com a equipe de desenvolvimento, propôs especificações 
para o novo produto com base no conhecimento prático observado e aprendido no 
treinamento. Em tese, o que a projetista fez, foi o de colocar em prática a proposta de Taylor 
(1990) de substituição dos métodos empíricos por métodos científicos. 
Para Nonaka (2000) o conhecimento tácito caracteriza-se pela pessoalidade e informalidade, é 
de difícil formalização e tem baixa capacidade de transferência, estando arraigado nas 
atividades diárias do indivíduo pela sua destreza e que, embora possa ter habilidades técnicas, 
é incapaz de transmiti-las. Denotando assim, a dimensão cognitiva deste conhecimento, ou 
seja, uma vez que o conhecimento tácito esteja fundamentado em modelos mentais, crenças e 
perspectivas, ele exercerá considerável influencia sobre a forma como se percebe o mundo ao 
redor. Já o conhecimento explícito é definido pelo autor como todo aquele conhecimento que 
poderá ser compartilhado por meios formais de comunicação, o que lhe denota um caráter 
formal e sistemático. 
Nonaka (2000) acredita que a criação de conhecimento na organização está associada a uma 
interação dinâmica entre os conhecimentos tácitos e explícitos, dando origem ao que poderia 
ser denominado como sendo uma espiral do conhecimento. Desta interação é possível verificar 
as atividades necessárias para a conversão do conhecimento tácito para o conhecimento 
explícito que segundo o autor seriam: a socialização, a articulação, a combinação e a 
internalização. 
A Tabela 1 demonstra os tipos de conhecimentos descritos por Nonaka e as atividades 
identificadas na interação entre os conhecimentos. 
 
12 
Tabela 1- – A Interatividade do Conhecimento e suas atividades. 
 
Fonte: Adaptado de Nonaka (2000). 
Para Moresi (2001), a criação de um novo conhecimento resumir-se-ia na conversão do 
conhecimento tácito em conhecimento explícito. Neste sentido, caberia a gestão do 
conhecimento desenvolver um conjunto de atividades capazes de desenvolver e controlar todo 
o tipo de conhecimento para utilizá-lo no alcance dos objetivos da empresa. 
A partir da abordagem feita por Nonaka (2000), outros estudiosos buscaram maiores detalhes 
acerca processo de criação e gestão do conhecimento. Entre os muitos autores, De Long et al. 
(1997b), declaram que conhecimento pode ser definido como a combinação entre a informação 
e o contexto humano, que possibilita um aumento na capacidade de agir. Com esta visão, os 
autores entendem que os gestores precisam estar atentos a duas dimensões do conhecimento, 
enquanto ferramenta para melhoria organizacional; a primeira seria a de que o conhecimento é 
propriedade do indivíduo, do grupo ou da organização e a segunda dimensão diz respeito ao 
fato de que o conhecimento poderá apresentar-se de forma explícita ou estruturada, com a 
vantagem de pode ser compartilhado através de métodos formais, tais como relatórios, 
documentos, bancos de dados, produtos e processos e, ou de forma tácita ou não estruturada, 
que por estar associado às ações e ao contexto das experiências pessoais, seriam de difícil 
formalização e comunicação, exigindo, conforme declara Davenport & Prusak (1998), um 
intenso contato pessoal entre os participantes da organização. 
Ainda considerando a abordagem feita por Nonaka, a diferença entre as denominações 
utilizadas para se definir o conhecimento entre as abordagens feitas por Nonaka (2000) e os 
pressupostos da teoria do conhecimento, citados por Hessen (1999) diz respeito apenas a 
formalização da transmissão e formalização do conhecimento que, se analisadas à luz das 
características pessoais poderá ser influenciada pela natureza humana, haja vista que embora 
o gestor tenha conhecimento explicito, é possível que a decisão tomada por ele esteja 
fundamentada em um conhecimento tácito, o que de certa forma indica uma falha na gestão do 
conhecimento da empresa. 
Daft (2002, p.239) é outro autor que aborda a teoria do conhecimento organizacional sob a 
 
13 
ótica do explícito e tácito. O autor exemplifica em seu livro que os indivíduos que passaram por 
uma formação acadêmica, via de regra, apresentam um conhecimento explícito que poderia ser 
expresso como “saber sobre”, enquanto que os indivíduos que são possuidores do 
conhecimento tácito, embora não tenham todas as técnicas e métodos acadêmicos, possuem 
um conhecimento que pode ser expresso através do “saber como”. 
A questão de como o conhecimento afloraem ambientes de aglomeração industrial, 
proporcionando vantagens competitivas, leva Tallman et al. (2004) a identificar nas empresas 
inseridas em agrupamentos, a existência do conhecimento de componentes, que estaria 
associado ao conhecimento relacionado com as atividades essenciais da empresa podendo 
apresentar-se de forma explícita ou tácita e do conhecimento arquitetônico, que estaria 
associado à estrutura e informação onde a empresa constrói suas relações, levando os autores 
a acreditarem ser este o conhecimento responsável pela univocidade das empresas; em outras 
palavras, o conhecimento arquitetônico faz com que empresas de um mesmo setor, produtoras 
de um mesmo produto, tenham estruturas e posturas totalmente diferenciadas entre elas. 
Neste contexto de dimensionamento e difusão do conhecimento, o empresário é bombardeado 
por um grande número de informações que por um lado, irão permitir-lhe optar por um conjunto 
de ações que, em princípio, proporcionarão, à empresa, maior competitividade em relação às 
outras e, por outro lado, um avanço na formação de seu conhecimento. 
A forma pela qual o homem percebe o ambiente em que compete é, sobretudo, uma relação 
entre sujeito e objeto, da mesma forma em que as decisões tomadas pelos gestores estão 
limitadas ao conteúdo de seu conhecimento. Neste sentido, a influência dos tipos de 
conhecimentos existentes, além de contribuir para abordagens recentes sobre o processo de 
formalização do conhecimento contribui, também, para a sustentação de temas relacionados 
com o empreendedorismo. Pois de onde mais Schumpeter (1982) tiraria a idéia de que o 
homem aprende com o ambiente que o cerca senão pela influência do conhecimento empírico, 
intuitivo, filosófico ou teológico. 
O quadro abaixo retrata a relação entre as definições propostas por Nonaka (2000) e as 
definições descritas pela teoria do conhecimento, ora sintetizadas pelos livros de metodologia 
da pesquisa, que neste caso, faz-se uso as definições apresentadas por Ruiz (2002). 
 
Quadro 1 – Relação entre as abordagens do conhecimento 
 
 
 
14 
 
5. GESTÃO DO CONHECIMENTO NO CONTEXTO DAS 
PRATICAS GERENCIAIS 
Medindo o Conhecimento Organizacional pelo Uso e Percepção das 
Práticas Gerenciais: Uma Contribuição ao Estudo da Gestão do 
Conhecimento em Empresas Certificadas pela ISO 9001:2000 
1. Introdução 
O programa de controle de qualidade total é um sistema administrativo que vem 
sendo aperfeiçoado a partir de idéias de Deming1, introduzidas no Japão logo após a 2ª 
Grande Guerra Mundial, e que se tornou mundialmente conhecido como Total Quality 
Control – TQC ou Controle de Qualidade Total. Segundo Maranhão (2001), em um 
contexto organizacional a palavra qualidade passou a representar o conjunto de 
características e propriedades diferenciadoras do produto (ou serviço) oferecido pela 
empresa e que é inerente à sua missão diante do mercado. Além disso, “ter qualidade” 
passou a significar que a organização possui pré-requisitos básicos para responder às 
expectativas implícitas e obrigatórias do negócio. Em principio, estes pré-requisitos são 
identificados a partir de práticas gerencias que possibilitam o monitoramento dos seus 
processos operacionais. Vista assim, a empresa que possui um programa de gestão da 
qualidade deve implantar práticas gerenciais que lhe permitam identificar as 
necessidades dos envolvidos nos processos operacionais e nas atividades 
empresariais como um todo, o que pressupõe uma melhor gestão do conhecimento. 
(CAMPOS, 1999) 
Segundo Campos (1999), a implantação bem sucedida de um programa de 
gestão da qualidade depende também da compreensão dos processos operacionais 
dentro da organização. São estes processos que definem as relações de causas e 
efeitos entre ações e resultados e que possibilitarão a gestão eficaz e duradoura da 
organização. Seguindo esta linha de pensamento, a Gestão da Qualidade defende a 
utilização de uma série de mecanismos de controle gerencial cujo propósito é o de 
monitorar os diversos processos operacionais. Este monitoramento é feito, por 
exemplo, a partir de um conjunto de indicadores de desempenho, financeiro e não 
financeiros, que visam garantir o funcionamento do sistema dentro de parâmetros de 
‘excelência’. 
Para Macedo-Soares e Lucas (1996, p.9), “implementar com sucesso uma nova 
prática de qualidade é quase impossível sem certas práticas gerenciais na área de 
recursos humanos”. Estes autores sugerem que a implantação, o desenvolvimento e 
adoção bem sucedida de certas práticas gerenciais dependem do nível de 
conhecimento organizacional. Esse conhecimento determinará a forma pela qual a 
empresa utiliza, absorve e gera o conhecimento existente na empresa. Estas 
considerações, além de conduzirem a um questionamento sobre o papel do 
conhecimento organizacional no processo de certificação de qualidade das empresas, 
endossam a descrição de Senge (1998, p. 167), de que as organizações só aprendem 
por meio de indivíduos que aprendem. Embora aprendizagem individual não seja 
garantia de aprendizagem organizacional, Senge (1998) sugere que não existe a 
possibilidade de aprendizagem organizacional sem a aprendizagem individual. 
 
1 Informações sobre as idéias e obras de William Edwards Deming, acesse http://www.deming.org/theman/biography.html 
 
15 
Seguindo a mesma linha de pensamento, e de acordo com os argumentos de 
Macedo-Soares e Lucas (1996), este estudo considera que a gestão do conhecimento 
nas organizações se manifesta pelo conjunto de práticas gerenciais desenvolvidas e o 
seu nível de adoção, que por sua vez, determinariam o nível de excelência da 
organização. 
As normas da International Organization for Standardization (ISO), mais 
precisamente, as ISO 9001:2000 nasceram da necessidade de contextualizar um 
conjunto de regras e práticas gerenciais que visam à promoção da qualidade e 
eficiência das organizações, assim como a satisfação dos seus parceiros e clientes 
(stakeholders). O propósito principal destas normas é o de orientar a organização na 
implantação e manutenção de um Sistema de Gerenciamento da Qualidade (SGQ). 
No Brasil, a Certificação ISO 9001:2000 depende de uma avaliação dos 
processos operacionais da empresa, que considera critérios elaborados pelo Plano 
Nacional da Qualidade – PNQ, da Fundação Nacional para Qualidade (2006). No 
diagnóstico dos processos operacionais para certificação ISO 9001:2000 no Brasil, é 
utilizado o questionário “Primeiros Passos para o PNQ” que é composto de oito 
dimensões: Liderança, Estratégia e Planos, Clientes, Sociedade, Informações e 
Conhecimento, Recursos humanos, Processos, Resultados de Desempenho. . Estas 
dimensões são pontuadas de acordo com as práticas gerenciais utilizadas para 
monitoramento destas oito dimensões do desempenho organizacional. Esta avaliação 
dá origem ao relatório de diagnóstico que irá aprovar ou não a certificação da empresa. 
Todavia, os critérios de excelência em cada uma das oito dimensões do plano se 
desdobram em outras áreas de avaliação sem que recomendem o uso de práticas ou 
técnicas gerenciais específicas. Isto significa que tais práticas ou controles gerenciais 
podem variar significativamente entre empresas com os mesmos níveis de certificação 
em relação a ISO 9001:2000. 
Seguindo esta linha de pensamento, este estudo identifica e compara as 
práticas gerenciais adotadas por empresas certificadas e não certificadas pela ISSO 
9001 no Brasil. O objetivo é de investigar se existe uma associação entre o nível de 
gestão do conhecimento organizacional, manifestado pelas práticas gerenciais da 
empresa, e a consolidação dos Programas de Qualidade Total cuja análise permitirá a 
identificação de práticas gerenciais que antecedem a implantação de um programade 
qualidade baseado nas Normas ISO 9001:2000. 
A amostra é composta de cinqüenta e seis (56) empresas, sendo vinte e sete 
(27) certificadas e vinte e nove (29) não certificadas. De forma geral, os resultados 
sugerem que o grupo de empresas certificadas apresenta um maior índice de adoção 
das práticas gerenciais investigadas, bem como uma maior percepção da utilidade 
destas práticas. Entretanto, algumas diferenças são mais ou menos acentuadas 
quando a comparação se faz ao nível das áreas organizacionais, sugerindo que certas 
áreas são mais importantes que outras, num contexto de controle de qualidade e 
certificação. Os resultados também demonstram que a diferença em termos de adoção 
e utilidade das práticas gerenciais é sensível ao porte das empresas e o setor 
industrial. Por exemplo, a diferença é maior e mais significativa entre empresas 
certificadas e não certificadas de pequeno e médio porte, bem como entre empresas do 
setor de serviços, como o setor de Engenharia e construção civil. 
A seqüência deste documento é organizada da seguinte forma: a seção que se 
segue, apresenta a revisão de literatura que motivou este estudo bem como as 
hipóteses formuladas; na seção 3 descrevem-se os métodos utilizados para coletar e 
analisar os dados, enquanto a seção 4 apresenta-se a análise e discussão dos 
resultados. Por fim, a seção 5 documenta as conclusões do estudo, bem como as 
limitações e oportunidades de pesquisa futura. 
 
16 
2. REVISÃO DA LITERATURA 
Hansen et. al. (2001), sugere que a gestão do conhecimento como prática 
intencional é um movimento moderno, dada a necessidade dos executivos verificarem 
as melhores práticas no ambiente organizacional. Segundo Muñoz-Seca & Riverola 
(2004, p.18) “o observável resultante da existência de um conhecimento são os 
resultados obtidos na resolução de problemas”. A idéia básica desse autor é a de que 
todo e qualquer problema requer, para sua solução, um determinado tipo de 
conhecimento. Visto assim, o nível da gestão do conhecimento num contexto 
organizacional poderá ser analisado através das práticas gerenciais adotadas pois, 
enquanto as práticas orientam as ações gerenciais, o conhecimento organizacional 
define o impacto e limitações destas mesmas ações. 
Neste sentido, para justificar uma associação entre gestão do conhecimento 
organizacional e os programas de qualidade é necessário que se faça uma breve 
análise das questões relacionadas com aprendizado do homem. O objetivo é de 
demonstrar que as práticas gerenciais relacionadas à gestão do conhecimento 
organizacional habilitam ou facilitam uma organização a obter a certificação ISO 
9001:2000. 
2.1 A CONVERSÃO DO CONHECIMENTO EMPÍRICO EM CIENTIFICO COMO PROCESSO DE 
FORMALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL 
Vários estudos foram feitos no sentido de obter explicações sobre a forma pela 
qual o homem adquire conhecimento. Entre outros, Hessen (1999) identifica que o 
conhecimento humano tem tanto um sentido lógico quanto psicológico cujos aspectos 
são identificados pelas escolas que especulam sobre as origens do conhecimento. 
Sendo assim, algumas dessas escolas defendem a formação do conhecimento como 
um processo lógico, outras pelo processo experimental e outras, pela relação entre 
esses dois processos. 
A verificação da discussão acerca das origens do conhecimento fortalece a 
definição dada por Hessen (1999, p.69) para o conhecimento, segundo o qual, 
“conhecimento quer dizer uma relação entre sujeito e objeto”. O autor descreve que “o 
verdadeiro problema do conhecimento, portanto, coincide com a questão sobre a 
relação entre sujeito e objeto”. 
É a partir da constatação de que o conhecimento é uma relação que se 
estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido que, Hessen (1999) 
descreve, com base na teoria do conhecimento, quatro (04) tipos de conhecimentos 
que traduzem a relação existente entre sujeito e objeto, que são: o conhecimento 
empírico (obtido a partir da inserção do sujeito tanto no ambiente interno quanto no 
externo e da interação com as pessoas que fazem parte destes ambientes),o 
conhecimento científico (que procura conhecer as causas e as leis que se aplicam 
sobre determinado fenômeno), o conhecimento filosófico (que busca constantemente 
o sentido, a justificativa possível a respeito de tudo aquilo que envolve o homem e 
sobre o próprio homem em sua existência concreta) e o conhecimento teológico 
(identificado em função da existência de algo oculto ou de um mistério que alguém 
deseja conhecer, podendo estar associado a dados da natureza, a vida futura ou 
mesmo a existência do absoluto). Esses tipos de conhecimentos representam quase 
toda a base teórica para a fundamentação do que modernamente se traduz como 
teoria do conhecimento e que possibilita a discussão acerca da gestão do 
conhecimento. 
A conversão do conhecimento empírico em conhecimento científico como forma 
de melhorar os processos industriais ganhou força nas empresas, a partir da obra de 
Taylor (1990), publicada originalmente em 1911, sob o título “Principles of Scientific 
Management”. Taylor (1990) sugere que, dentre as causas prováveis da ineficiência do 
 
17 
trabalhador esta a ausência dos métodos científicos na execução das tarefas. De lá 
para cá, é exatamente isto que as empresas vêm fazendo, ou seja, melhorando seus 
processos a partir do desenvolvimento do conhecimento científico do homem. 
Nonaka (2000) acredita que a criação de conhecimento na organização está 
associada a uma interação dinâmica entre os conhecimentos tácitos e explícitos2, 
dando origem a: socialização, articulação, combinação e a internalizarão das relações 
entre os participantes da organização, cabendo à gestão do conhecimento organizar 
um conjunto de atividades capazes de desenvolver e controlar todo o tipo de 
conhecimento para utilizá-lo no alcance dos objetivos da empresa. 
A partir da abordagem feita por Nonaka, outros autores buscaram maiores 
detalhes acerca do processo de criação e gestão do conhecimento organizacional. 
Entre os muitos autores, De Long et al. (1997), declaram que conhecimento pode ser 
definido como a combinação entre a informação e o contexto humano, que possibilita 
um aumento na capacidade de agir. Estes autores entendem que os gestores precisam 
ficar atentos a duas dimensões do conhecimento. A primeira é que enquanto meio para 
melhoria organizacional, o conhecimento é propriedade do indivíduo, do grupo ou da 
organização. A segunda dimensão diz respeito ao fato de que o conhecimento poderá 
apresentar-se de forma explícita ou estruturada, com a vantagem de poder ser 
compartilhado através de métodos formais, tais como relatórios, documentos, bancos 
de dados, produtos e processos. 
Neste sentido, a influência dos tipos de conhecimentos existentes, além de 
contribuir para abordagens recentes sobre o processo de formalização do 
conhecimento organizacional, contribui, também, para a sustentação de temas 
relacionados com o empreendedorismo. Visto assim, o sucesso da implantação e 
manutenção de um programa de qualidade estará sujeita ao “mix” de conhecimento 
dos seus participantes ora manifestado pelo senso organizacional (fruto do senso 
comum). Esta visão é corroborada pelo próprio Modelo de Excelência do Premio 
Nacional da Qualidade – PNQ, que norteia as empresas brasileiras rumo à busca da 
excelência e competitividade. 
2.2 Práticas Gerenciais Como Instrumento De Gestão Do Conhecimento 
Organizacional 
A ciência da administração oferece um conjunto de práticas, métodos e teorias 
que visam garantir um mínimo de controle e previsibilidade ao funcionamento da 
organização, enquanto sistema aberto e interativo. Segundo a teoria da firma, os 
propósitos da ciência da administração decorrem do fato de que os fatores de produção 
(terra, trabalho e capital) por si só não nos conduziriam aum processo de evolução 
senão por intermédio do ser humano. 
O estudo de Marshall (1985), por exemplo, sugere acerca da necessidade de 
que um sistema possa ter um conhecimento capaz de organizar todo o esforço do 
homem no emprego da produção. Esta percepção leva o autor a declarar que “o capital 
consiste, em parte, em conhecimento e organização [...]” (MARSHALL, 1985, p. 135), 
sendo “o conhecimento é nossa mais potente máquina de produção: habilitando-nos a 
submeter à natureza e forçá-la a satisfazer nossas necessidades”. 
A visão de Marshall (1985), vista num contexto sistêmico, fortalece a perspectiva 
de que o processo de gestão do conhecimento humano se manifesta no processo 
produtivo a partir de um conjunto de ações deliberadas com o propósito de se atingir os 
objetivos da organização. A figura a seguir tem por objetivo representar o ambiente 
organizacional como um sistema aberto e onde as práticas gerenciais são à base da 
gestão do conhecimento organizacional. 
 
2 Para maiores detalhes sobre conhecimento tácito e explicito, consultar Nonaka (2000). 
 
18 
 
Figura 1: Contexto da Gestão do Conhecimento 
Conforme ilustrado pela figura 1, e em conformidade com o estudo3 de Daher & 
Salles (2002), a questão central deste estudo está relacionada à discussão de como a 
gestão do conhecimento organizacional pode ser representada pelas práticas 
gerenciais. Segundo Daher & Salles (2002), as práticas gerenciais permitem a 
manutenção e maximização de um sistema de gestão da qualidade (SGQ), de forma a 
reverter o processo de entropia ou mesmo de autofagia empresarial. Seguindo esta 
linha de pensamento, o presente estudo se motiva nas Normas ISO 9001:2000 que 
preconiza o uso de práticas gerenciais para a gestão e controle de processos 
operacionais, os quais, segundo as normas, permitem que as empresas atinjam um 
estado de excelência operacional. 
A fundamentação do PNQ para o alcance da “excelência” alicerça-se em oito 
(08) critérios chaves (Liderança, Estratégias e Planos, Clientes, Sociedade, 
Informações e Conhecimento, Pessoas, Processos e Resultados) do desempenho 
organizacional, que estão literalmente envoltos por uma atmosfera de transferência de 
informação e conhecimento, sugerindo a idéia de que a qualidade, ou excelência 
operacional, esta relacionada à gestão do conhecimento organizacional. 
A idéia de que a qualidade total está sujeita a forma pela qual a organização lida 
com a gestão do conhecimento organizacional, é endossada por Mukherjee; Lapre & 
Van Wassenhove (1998). Segundo estes autores, o conhecimento organizacional está 
diretamente associado as pessoas, produtos e processos da organização. Esta visão, 
também, converge para a abordagem proposta por Nonaka (2000) uma vez que ambos 
os estudos defendem que o conjunto de práticas gerenciais pode ser usado como um 
parâmetro de medida para a avaliação do processo de gestão do conhecimento nas 
organizações. 
Nesta mesma linha, o estudo realizado por Lin & Wu (2005) identificou que as 
atividades de treinamento, a organização da base de dados, a tecnologia da 
informação, o desenho organizacional, a cultura da organização e os recursos 
humanos encabeçam o ranking das principais variáveis responsáveis pelo 
gerenciamento do conhecimento das organizações. Diante desta constatação, Lin & 
Wu (2005), buscaram identificar quais as práticas relevantes de gestão do 
conhecimento que poderiam ser identificadas nos processos empresariais a partir do 
ranking das variáveis identificadas. 
Outra importante abordagem acerca da identificação das práticas gerenciais nas 
organizações com certificação ISO 9001:2000 foi feita por Macedo-Soares & Lucas 
(1996). Essas autoras investigaram as práticas gerenciais das empresas líderes em 
qualidade no Brasil. Este estudo identificou seis áreas gerenciais considerada como 
chaves que foram: Liderança Gerencial no Desenvolvimento de uma Cultura de 
 
3 Neste estudo, os autores ressaltam a necessidade da gestão para reverter o processo de entropia nas organizações, além de considerarem que a 
autofagia empresarial, diferentemente da entropia, dá-se por erros de gestão. 
 
19 
Qualidade, Gestão Participativa, Gestão do Controle e Garantia da Qualidade, Gestão 
por processos de negócios, Gestão de Relação com os Clientes e Gestão de Pessoas. 
A partir destas seis áreas, o estudo feito por Macedo-Soares & Lucas (1996) sugere um 
conjunto de atividades que demonstram o estado da arte das práticas gerencias das 
empresas consideradas “excelentes” no mercado brasileiro naquele período. 
Nesta mesma linha de pesquisa, Cunha & Santos (2004), estudaram as práticas 
gerenciais relacionadas à inovação empresarial em empresas lideres em inovação4. A 
pesquisa contemplou seis (06) áreas de controle das práticas que trataram da 
Estratégia, Estrutura e Processos, Pessoas, Inovação e Tecnologia, Alianças 
Estratégicas e o Meio Ambiente, que por sua vez desdobravam-se em quarenta e nove 
(49) outras práticas gerenciais. 
De forma geral, estes estudos buscaram associar o sucesso das organizações 
com o nível de utilização de certas práticas gerenciais. Assim sendo, o presente estudo 
adota a perspectiva de que o nível de gestão do conhecimento organizacional pode ser 
medido a partir do conjunto de práticas gerenciais utilizadas pelas organizações. 
Seguindo esta linha de pensamento, a figura 3 a seguir ilustra a dinâmica da gestão do 
conhecimento nas organizações proposta pelo presente estudo. 
 
Figura 2: Ciclo da Gestão do Conhecimento 
O modelo proposto na Figura 3 pressupõe que o ambiente externo a partir da 
competição, inovação, fatores econômicos, tecnologia, e educação disponibilizam 
indivíduos com os mais variados níveis de conhecimentos seja, científico, empírico, 
filosófico ou teológico. Esses indivíduos, uma vez agrupados, formarão um composto 
de conhecimento ou mix de conhecimento que determinarão o conhecimento 
organizacional. Esse, então, definirá as práticas gerenciais que a organização adotará 
em função dos seus propósitos organizacionais ou mesmo pela pressão do ambiente 
externo. 
É justamente nessas práticas gerenciais que reside à concepção da prática da 
gestão do conhecimento a qual este estudo propôs investigar, buscando uma 
comparação entre as empresas certificadas pela ISO 9001:2000, ditas portadoras de 
boas práticas gerenciais, com as empresas de porte semelhante, mas não certificadas. 
Dentro desta perspectiva, o presente estudo se propõe a investigar se o nível de 
gestão de conhecimento manifestado pelo uso e percepção de utilidade das práticas 
gerenciais, é um fator chave na obtenção de certificação de qualidade. Desta forma, 
este objetivo pode ser descrito pela seguinte questão: 
Existe uma relação entre o nível de gestão do conhecimento, medido através 
das práticas gerenciais adotadas na empresa, e a obtenção de certificados de 
gestão da qualidade? 
 
4.O trabalho desses autores focou empresas como Microsoft Corporation, International Business Machines – IBM, Minnesota Mining and 
Manufacturing Company – 3M, Empresa Brasileira de Aeronáutica - EMBRAER, Dell Corporation, Hewlet Packard – HP, Grupo Pão de 
Açúcar, Sadia, BRADESCO, MacDonald’s, Ford Motor Company, América On Line - AOL, American Telephone and Telegraph Company – 
AT&T e, a análise de conteúdo restringiu-se as informações contidas nas homepages das empresas. 
 
20 
A fim de operacionalizar esta investigação, a questão de pesquisa descrita 
acima foi transformada em duas hipóteses: 
H1. Empresas certificadas apresentam um maior nível de adoção de práticas 
gerenciais que empresas não certificadas. 
H2. Empresas certificadas apresentam uma maior percepção de utilidade 
das práticasgerenciais que empresas não certificadas. 
Consistente com proposição deste estudo e as hipóteses levantadas, os 
parágrafos seguintes descrevem os métodos utilizados no desenvolvimento desta 
pesquisa. 
3. Métodos de Pesquisa 
Esta seção descreve os métodos de pesquisa utilizados para testar 
empiricamente a(s) proposições apresentadas na seção anterior sobre a relação entre 
as práticas gerenciais, a gestão do conhecimento organizacional e a implantação de 
programas de qualidade total. Os parágrafos que seguem descrevem as variáveis 
investigadas, a seleção da amostra de empresas que fazem parte deste estudo, e por 
último, o processo de coleta de dados sobre as empresas da amostra. 
3.1 Variáveis de Estudo 
A fim de examinar empiricamente a relação entre a gestão do conhecimento 
organizacional, as práticas gerenciais, e o sucesso na obtenção da certificação ISO 
9000, um modelo conceitual é proposto. baseado na idéia de que quando se fala sobre 
gestão do conhecimento nas organizações, está se falando, sobretudo, das práticas 
gerenciais existentes na organização. Por outro lado, o modelo também pressupõe que 
as práticas gerenciais têm origem no conhecimento individual de cada empregado para 
posteriormente somar-se aos demais conhecimentos, dando origem ao que Pan & 
Scarbrough (1999) definem como sendo o conhecimento organizacional. Assim sendo, 
todo estudo sobre a gestão do conhecimento organizacional e qualidade estará sempre 
sujeito a um conjunto de variáveis endógenas e exógenas. 
Neste sentido, é possível identificar as três varáveis que dão sustentação ao 
modelo proposto neste artigo que são: as Variáveis Independentes, definidas a partir 
de um conjunto de práticas gerenciais existentes na organização, visto que essas 
práticas, além de capturar o nível de gestão do conhecimento organizacional, 
determinam também o modus operandi da organização na busca dos seus objetivos; 
as Variáveis Dependentes, representadas pelo nível de certificação dos programas de 
qualidade das empresas uma vez que o pressuposto básico defendido pelos 
programas de gestão da qualidade é de que empresas portadoras de certificação ISO 
9001:2000 possuem boas práticas gerenciais; e, as Variáveis de Controle, 
representadas pelos agentes externos que determinam e influenciam a adoção de 
práticas gerenciais pela organização tais como, o nível de competição existente entre 
as empresas de uma mesma indústria ou com indústrias correlatas (PORTER, 1986); 
inovações e tecnologias que a todo instante promovem a ruptura do pensamento 
estratégico (D’AVENI, 1996; STREBEL, 1993 e LAND & JARMAN, 1990), fatores 
econômicos como a política de juros, câmbio, investimentos; e o sistema de 
educação (SCHULTZ, 1987), afetam consideravelmente o contexto da gestão do 
conhecimento organizacional e por essa razão devem ser monitorados, conforme 
pressupõe o já consagrado modelo S.W.O.T.5. 
Desta forma, o presente estudo promove a comparação das práticas gerenciais 
entre empresas com a mesma atividade produtiva, com porte similar e, inserida num 
mesmo contexto competitivo pressupondo que empresas com mesma atividade 
 
5. - do inglês: Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats. 
 
21 
produtiva, porte similar e num mesmo ambiente competitivo estão expostas aos 
mesmos agentes externos que determinam e influenciam a adoção de práticas 
gerenciais. 
3.2 AMOSTRA DA PESQUISA 
A amostra deste estudo é composta de cinqüenta e seis (56) empresas6, sendo 
vinte e sete (27) empresas com certificação ISO 9001:2000 e, vinte e nove (29) 
empresas não certificadas com processos produtivos e porte similar aos das empresas 
certificadas. Ambos os grupos são constituídos de empresas localizadas no Estado do 
Espírito Santo, Brasil. O presente estudo utiliza-se da forma quantitativa e qualitativa de 
coleta de dados de um grupo de empresas e examina as práticas gerenciais enquanto 
um fenômeno da gestão do conhecimento. A tabela 1 apresenta distribuição das 
empresas pesquisadas quanto ao porte. 
Tabela 1: Distribuição Por Porte 
n 56 n 56
2 - Pequena Empresa 6 10,71% 7 12,50% 23,2%
3 - Media Empresa 15 26,79% 18 32,14% 58,9%
4 - Grande Empresa 6 10,71% 4 7,14% 17,9%
Total 27 48,21% 29 51,79% 100,0%
Porte das Empresas
Empresas
GeralCertificadas Não Cetificadas
 
Como observado, na tabela 1, a amostra das empresas pesquisadas apresenta 
uma concentração de médias empresas. 
Outro ponto avaliado na amostra, diz respeito à verificação da concentração das 
atividades empresariais conforme demonstradas na tabela 2. 
Tabela 2: Distribuição dos Grupos Industriais 
n Cetificada n Ñ Certificada n Geral
1 1,8% 2 3,6% 3 5,4%
2 3,6% 2 3,6% 4 7,1%
1 1,8% 1 1,8% 2 3,6%
1 1,8% 1 1,8% 2 3,6%
2 3,6% 2 3,6% 4 7,1%
1 1,8% 1 1,8% 2 3,6%
1 1,8% 0 0,0% 1 1,8%
1 1,8% 1 1,8% 2 3,6%
1 1,8% 0 0,0% 1 1,8%
2 3,6% 2 3,6% 4 7,1%
1 1,8% 1 1,8% 2 3,6%
1 1,8% 1 1,8% 2 3,6%
10 17,9% 13 23,2% 23 41,1%
1 1,8% 1 1,8% 2 3,6%
1 1,8% 1 1,8% 2 3,6%
27 48,21% 29 51,79% 56 100,0%
EMPRESAS
CONCESSIONARIAS DE VEÍCULOS
DESENV. DE SISTEMAS E AUTOMAÇÃO
DESENV. E FABRICAÇÃO DE ARTEFATOS DE BORRACHA
EMPRESA DE AGENCIAMENTO DE VIAGENS
EMPRESA DE ASSESSORIA E CONSULTORIA
EMPRESA DE COMUNICAÇAO E TELECOMUNICAÇAO
EMPRESA DE IMPORTAÇAO E EXPORTAÇAO
EMPRESA DE SANEAMENTO
EMPRESA DE TRANSPORTE
INDUSTRIA ALIMENTICIA
INDUSTRIA DE CERAMICA
INDUSTRIA DE CONFECÇÕES
INDUSTRIA DE ENGENHARIA E CONSTRUÇAO CIVIL
INDUSTRIA GRÁFICA
SERVIÇOS DE EVENTOS
 
A concentração das empresas pesquisadas na indústria da construção civil está 
diretamente relacionada com o crescimento imobiliário do mercado local em função da 
indústria do petróleo que aumentou consideravelmente suas atividades no Espírito 
Santo – Brasil, onde foram coletadas as informações dessa pesquisa. Com o 
crescimento da indústria da construção civil, novas regulamentações surgiram no setor 
com o propósito de aumentar segurança e confiabilidade das empresas prestadoras de 
serviço, o que de certa forma, contribuiu para uma maior procura por certificações de 
qualidade por empresas dessa área. 
3.3 Coleta dos Dados 
Para Martins (1994), tanto nos estudos exploratórios quanto nos estudos 
descritivos, o instrumento mais comum para a coleta de dados é o questionário e a 
 
 
 
22 
entrevista. Além do uso do questionário e da entrevista, o autor recomenda que se 
faça, também, o uso de formulários ou questionários. Assim sendo, este estudo optou 
pela adoção do questionário como instrumento de coleta de dados. Ressaltando que o 
método de coleta de dados foi selecionado em função dos objetivos deste estudo e que 
para isto, considerou-se tanto a análise quantitativa quanto qualitativa. 
Diante das considerações feitas quanto à coleta e tratamento dos dados deste 
estudo, o questionário utilizado apresenta perguntas abertas e fechadas que foram 
respondidas pelo Presidente, Diretor, Gerente, ou outra pessoa identificada como 
responsável pelas atividades gerenciais das empresas pesquisadas. 
O questionário submetido aos entrevistados teve como principal objetivo a 
identificação e a percepção de utilidade das práticas gerenciais adotadas pela 
empresa, no âmbito de cinco (05) dimensões: estrutura organizacional, controle de 
produção, controle gerencial, gestão de pessoas, e utilização de sistemas de 
informações cujas dimensões desdobram-se em trinta e cinco (35) práticas gerenciais 
estão descritas na tabela 5, a seguir. 
Neste sentido, o questionário procurou captar os aspectos relacionados à 
existência de práticas gerencias considerando: 
 O nível de adoção da prática ou método gerencial (H1) e. 
 A percepção da utilidade que a utilização da pratica gerencial(H2) traz para a 
organização. 
4. Análise de Resultados 
As relações entre empresas certificadas e não certificadas foram analisadas 
considerando-se a utilização e a percepção da utilidade das práticas gerenciais, 
controlando-se a atividade industrial e o porte das empresas incluídas na amostra. A 
análise da amostra foi feita considerando-se a estatística descritiva e o Teste –T para 
verificação das médias, o que permitiu que se chegasse aos dados abaixo 
relacionados. 
4.1 Análise Descritiva da Amostra 
Num primeiro momento, a análise feita procurou identificar, por porte de 
empresa, se empresas certificadas apresentavam um maior nível de adoção das 
práticas gerenciais. A tabela 3 apresenta os dados obtidos da amostra. 
Tabela 3: Nível de adoção das práticas gerenciais por porte 
Porte da Empresa Adota
Adota 
Parcialmente
Não 
Adota
Adota
Adota 
Parcialmente
Não Adota
Pequena Empresa 62% 10% 29% 36% 7% 57%
Média Empresa 66% 11% 23% 39% 12% 49%
Grande Empresa 74% 10% 16% 75% 14% 11%
EMPRESAS CERTIFICADAS EMPRESAS NÃO CERTIFICADAS
 
Conforme documentado na tabela 3 acima, as empresas certificadas de 
pequeno e médio porte apresentam uma maior adoção de práticas gerenciais 
investigadas se comparadas com as empresas não certificadas do mesmo porte. Já 
nas empresas de grande porte, o que se percebe é que a adoção das práticas 
gerenciais descritas neste estudo não é privilégio das empresas certificadas uma vez 
que os percentuais das empresas certificadas e não certificas quase se equiparam. 
Um aspecto que a análise descritiva da amostra permitiu-nos constatar esta 
relacionada ao nível de percepção de utilidade das práticas gerenciais por porte de 
empresa. A tabela 4 apresenta os dados coletados pela pesquisa. 
 
 
23 
Tabela 4: Nível de percepção da utilidade das práticas gerenciais por porte 
Porte da Empresa Adota
Adota 
Parcialmente
Não 
Adota
Adota
Adota 
Parcialmente
Não Adota
Pequena Empresa 62% 10% 29% 36% 7% 57%
Média Empresa 66% 11% 23% 39% 12% 49%
Grande Empresa 74% 10% 16% 75% 14% 11%
EMPRESAS CERTIFICADAS EMPRESAS NÃO CERTIFICADAS
 
Conforme documentado na Tabela 4, tantos as empresas certificadas de 
pequeno e médio porte quanto às de grande porte, apresentam um maior nível de 
percepção de utilidade das práticas gerenciais se comparadas com as empresas não 
certificadas do mesmo porte. Contudo, nas empresas de grande porte, o nível de 
percepção de utilidade das práticas gerenciais sugeridas neste estudo, são muito 
próximos entre empresas certificadas e não certificadas. Um último aspecto analisado a 
partir da análise descritiva dos dados é o nível de adoção e percepção de utilidade das 
práticas gerenciais, considerando-se as áreas organizacionais sugeridas neste estudo. 
A tabela 5 apresenta os dados coletados na pesquisa. 
Tabela 5: Percentual de adoção e percepção de utilidade das práticas gerenciais 
n1 % n1 n1 % n1 n2 % n2 n2 % n2 Cert
Não 
Cert
Cert
Não 
Cert
Organograma 56 27 96% 27 59% 29 69% 29 31%
Estudo de Layout 56 27 81% 27 74% 29 59% 29 38%
Normas Ambientais 56 27 63% 27 48% 29 66% 29 41% 80% 64% 60% 37%
Estudo de Tempos e Movimentos 56 27 63% 27 56% 29 59% 29 38%
PCP – Planejamento e Cont. Produção 56 27 59% 27 44% 29 45% 29 21%
 Avaliação de Fornecedor 56 27 93% 27 81% 29 24% 29 41%
Just in Time 56 27 33% 27 33% 29 28% 29 28%
Controle de Processos 56 27 89% 27 85% 29 59% 29 34%
Desenvolvimento de Produtos 56 27 56% 27 44% 29 34% 29 21%
Sistema de Armazenagem 56 27 63% 27 70% 29 48% 29 38%
Ponto de Equilíbrio Operacional 56 27 70% 27 48% 29 55% 29 28% 66% 44% 58% 31%
Contabilidade Gerencial 56 27 81% 27 59% 29 59% 29 34%
Indicadores de Gestão 56 27 85% 27 63% 29 17% 29 10%
Gestão Orçamentária 56 27 74% 27 59% 29 41% 29 24%
Sistema de Custeio 56 27 59% 27 37% 29 34% 29 10%
Sistemas de Metas 56 27 89% 27 70% 29 52% 29 41%
Gestão do Capital de Giro 56 27 59% 27 22% 29 66% 29 31% 75% 45% 52% 25%
Plano e Cargos e Salários 56 27 37% 27 33% 29 21% 29 7%
Recrutamento e Seleção 56 27 74% 27 48% 29 38% 29 28%
Programas de Treinamento 56 27 81% 27 81% 29 45% 29 55%
Programas de Qualificação 56 27 70% 27 41% 29 14% 29 14%
Sistemas de Avaliação de Desempenho 56 27 67% 27 56% 29 31% 29 24% 66% 30% 52% 26%
Pesquisa com Cliente 56 27 100% 27 89% 29 31% 29 28%
Definição de Área de Atuação 56 27 63% 27 59% 29 66% 29 41%
Mapeamento de Representantes 56 27 26% 27 26% 29 24% 29 21%
Participação Em Eventos 56 27 78% 27 74% 29 59% 29 45%
Instrumentos de Mídia 56 27 59% 27 52% 29 38% 29 34% 65% 43% 60% 34%
Sistema Contábil 56 27 52% 27 44% 29 38% 29 28%
Sistema Financeiro 56 27 96% 27 59% 29 72% 29 38%
Sistema de Marketing 56 27 41% 27 11% 29 24% 29 3%
Sistema de Produção 56 27 63% 27 44% 29 45% 29 7%
Sistema Integrado – ERP 56 27 52% 27 41% 29 31% 29 14%
Acesso a Internet 56 27 33% 29 38%
Comunicação pela Intranet 56 27 85% 29 52%
Treinamento em Informatica 56 27 44% 29 34% 58% 42% 40% 18%
67% 54% 43% 28%
Área 
Organizacional
Práticas Gerenciais n
Certificadas (n1) Não Certificadas (n2)
Resumo Por Àrea 
Organizacional
Adoção
Percepção 
de 
Utilidade
Adoção
Percepção de 
Utilidade
Adoção das 
PGer
Percepção 
de Utilidade
Controle de 
Gerencial
Gestão de Pessoas
Estrutura e 
Organização 
Controle de 
Produção
TOTAL GERAL (médias)
Controle de 
Mercado
Sistemas de 
Informações
 
Conforme documentado pela Tabela 5, de forma geral o grupo das empresas 
certificadas apresenta tanto uma maior adoção quanto uma maior percepção da 
utilidade das práticas gerenciais investigadas neste estudo. Em apenas quatro itens 
pesquisados, as empresas não certificadas superam as certificadas no que se refere a 
uma maior adoção das práticas gerenciais que foram nos itens: Normas Ambientais 
(1030), Gestão do Capital de Giro (3170), Definição da Área de Atuação (5240) e 
Acesso dos Empregados a Internet (6330). Entretanto, as margens de diferença 
 
24 
apresentadas não são significativas a ponto de afirmar-se que nestes itens as 
empresas não certificadas possuem um melhor desempenho. 
Dentro das propostas deste estudo, procurou-se então, através de testes de 
verificação das médias (Teste – T), a confirmação ou não das hipóteses descritas 
possibilitando desta forma, atingir os objetivos propostos e, consequentemente, 
responder ao problema central desta pesquisa. 
4.2 Testes de Diferenças 
O teste T de diferença é um teste paramétrico que compara as observações de 
uma mesma variável entre dois grupos da amostra. O objetivo deste teste é identificar 
se a media é significativamente diferente entre dois grupos de indivíduos de uma 
mesma amostra. Este teste permite de testar se existe uma diferença estatisticamente 
significativa entre dois grupos de uma mesma amostra. Assim sendo, as duas 
hipóteses deste estudo foram investigadas comparando-se o nível de adoção (H1) e 
percepção de utilidade (H2) das práticas gerenciais investigadas entre o grupo de 
empresas certificadas (n = 29) e não certificadas (n = 27). Os resultados dos testes de 
diferença de media são apresentadas nos parágrafos que seguem. 
4.2.1 Nível de Adoção das Práticas Gerenciais nas Empresas Pesquisadas 
No primeiro teste, procurou verificar se as empresas certificadas apresentam um 
maior índice de ocorrência de adoção das práticas gerenciais que as empresas não 
certificadas. Os resultados dos testes encontram-se resumidos na tabela a seguir. 
Tabela 6: Verificação do Nível de Adoção das Práticas Gerenciais na Amostra toda 
1 - 0,542857 0,770370 (0,2275) (4,4378) 0,0000
2 -
0,655172 0,802469 (0,1473) (1,9832) 0,0262
0,573276 0,722222 (0,1489) (2,2398) 0,0146
0,522989 0,820988 (0,2980) (3,8926) 0,0001
0,475862 0,800000 (0,3241) (4,5257)0,0000
0,531035 0,785185 (0,2542) (4,1036) 0,0001
0,534483 0,740741 (0,2063) (3,6111) 0,0003
2.4 - Gestão de Recursos Humanos
2.5 - Controle de Mercado
2.6 - Sistemas de Informação
 Por area organizacional 
2.1 - Estrutura e Organização
2.2 - Controle de Produção
2.3 - Controle Gerencial
Resultados
Mean Mean Diff. T - test Signif
Hipotese 1: Empresas certificadas apresentam
uma maior intensidade (nível) de adoçao de
práticas gerenciais que empresas não
certificadas.
Empresas Não 
Certificadas
Empresas 
Certificadas
 Todas as areas organizacionais - Geral
 
A análise dos resultados apresentados na Tabela 6 permite concluir que tanto 
em termos gerais quanto na análise por área organizacional, as empresas certificadas 
desta amostra apresentam um maior índice de adoção das práticas gerenciais 
investigadas. Todos os resultados do teste-t de diferença são significativos o que 
suporta a hipótese levantada neste estudo de que as empresas certificadas 
apresentam um maior nível de adoção das práticas gerenciais. 
4.2.2 Nível de Intensidade da Percepção de Utilidade das Práticas Gerenciais nas 
Empresas Pesquisadas 
Verificados os níveis de adoção das práticas gerenciais pelas empresas da 
amostra, a segunda etapa dos testes buscou a verificação da hipótese de que as 
empresas certificadas apresentam uma maior intensidade de percepção de utilidade 
das práticas gerenciais investigadas neste estudo conforme descrito na segunda 
hipótese desta pesquisa (H2). Esta confirmação se faz pertinente no sentido que a 
adoção não se traduz necessariamente na percepção de utilidade da ferramenta 
gerencial. Os resultados do Teste-T para a hipótese levantada são apresentados na 
tabela a seguir. 
Tabela 7: Índice de Intensidade da Percepção de Utilidade das Práticas Gerenciais 
 
25 
1 - 0,280172 0,535880 (0,2557) (4,9825) 0,0000
2 -
0,367816 0,604938 (0,2371) (2,6414) 0,0054
0,310345 0,578704 (0,2684) (4,3309) 0,0000
0,252874 0,518519 (0,2656) (4,2161) 0,0000
0,255172 0,518519 (0,2633) (3,3548) 0,0007
0,337931 0,600000 (0,2621) (3,4298) 0,0006
0,179310 0,400000 (0,2207) (3,5563) 0,0004
2.3 - Controle Gerencial
2.4 - Gestão de Recursos Humanos
2.5 - Controle de Mercado
2.6 - Sistemas de Informação
 Todas as areas organizacionais - Geral
 Por area organizacional 
2.1 - Estrutura e Organização
2.2 - Controle de Produção
Hipotese 2: Empresas certificadas apresentam
uma maior intensidade (nível) de percepção da
utilidade das práticas gerenciais que empresas
não certificadas.
Empresas Não 
Certificadas
Empresas 
Certificadas
Resultados
Mean Mean Diff. T - test Signif
 
Considerando-se os resultados do teste-t de diferença apresentados na Tabela 
7, constata-se que tanto em termos gerais quanto por área organizacional, as 
empresas certificadas apresentaram um maior índice de intensidade de percepção de 
utilidade das práticas gerenciais se comparadas com o grupo de empresas não 
certificadas. O fato dos níveis de significância (Signif) dos testes t de diferença terem 
ficado abaixo de 10%, significa que os dados da amostra oferece suporte para 
confirmação da segunda hipótese (H2) deste estudo. 
4.2.3 Testes de Sensibilidade dos Dados da Amostra 
A curiosidade científica que motivou este estudo buscou em primeiro momento a 
verificação e comparação dos níveis de adoção e de percepção de utilidade das 
práticas gerenciais investigadas entre empresas certificadas e não certificadas. O 
pressuposto deste estudo é que a adoção de práticas gerenciais resulta em uma 
melhor gestão do conhecimento organizacional e, consequentemente, deve ser 
significativamente superior em empresas certificadas pela ISO 9001:2000. Neste 
sentido, questões como a atividade empresarial e o porte das empresas da amostra 
não foram diretamente considerados nos testes precedentes. Entretanto, conforme 
documentado pelas Tabelas 1 e 2, a amostra deste estudo apresenta uma maior 
incidência de empresas de médio porte e do setor da construção civil, respectivamente. 
Diante desta constatação, as análises que seguem procuram verificar se os dados 
apresentados nos testes anteriores são sensíveis á atividade empresarial e ao porte 
das organizações. 
As análises de sensibilidade da amostra são apresentadas nos itens a seguir. 
4.2.3.1 Sensibilidade Quanto a Atividade Empresarial 
Para a verificação da sensibilidade da amostra quanto à atividade empresarial, 
foram excluídas todas as empresas da Indústria de Engenharia e Construção Civil (cód. 
9120), os resultados do Teste-T são apresentados na tabela abaixo. 
Tabela 8: Sensibilidade da Amostra à Atividade Empresarial 
1 - 0,628571 0,761345 (0,1328) (1,9054) 0,0330
2 -
0,666667 0,764706 (0,0980) (0,9305) 0,1797
0,617188 0,691177 (0,0740) (0,8525) 0,2020
0,625000 0,803922 (0,1789) (1,7749) 0,0429
0,512500 0,776471 (0,2640) (2,8790) 0,0036
0,637500 0,800000 (0,1625) (2,0949) 0,0222
0,609375 0,764706 (0,1553) (2,0325) 0,0254
2.3 - Controle Gerencial
2.4 - Gestão de Recursos Humanos
2.5 - Controle de Mercado
2.6 - Sistemas de Informação
 Todas as areas organizacionais - Geral
 Por area organizacional 
2.1 - Estrutura e Organização
2.2 - Controle de Produção
Hipotese 1: Empresas certificadas de Pequeno
e Grande porte apresentam uma maior
intensidade (nivel) de adoção das práticas
gerenciais que empresas não certificadas de
porte similar.
Empresas Não 
Certificadas
Empresas 
Certificadas
Resultados
Mean Mean Diff. T - test Signif
 
Conforme documenta a Tabela 8, em geral as empresas certificadas, 
independentemente do setor, apresentam uma maior adoção das práticas gerenciais 
do que as empresas não certificadas. Contudo, quando a análise é feita por área 
organizacional, é possível verificar que o teste-T de diferença não é significativo (grau 
de significância superior a 10%) para os quesitos: Estrutura e Organização e Controle 
 
26 
de Produção, no diz respeito ao nível de adoção das práticas gerenciais. Isto significa 
que nestes quesitos, a hipótese de que as empresas certificadas possuem uma maior 
intensidade de adoção das práticas gerenciais do que em empresas não certificadas, 
pode não ser verdadeira. Assim sendo, os resultados dos testes vistos nas Tabelas 6 e 
7, no que se refere aos quesitos indicados acima, são sensíveis a forte concentração 
de empresas que pertencem à atividade empresarial Engenharia e Construção Civil. 
Quanto aos demais quesitos, ou áreas organizacionais, os resultados não são 
sensíveis a atividade industrial e suportam os resultados discutidos anteriormente, cuja 
conclusão é que o grupo de empresas certificadas adotam um maior numero de 
práticas gerencias, bem como parecem ter uma maior percepção da utilidade das 
práticas gerencias investigadas. 
4.2.3.2 Sensibilidade Quanto ao Porte da Empresa 
A fim de verificar se os resultados apresentados de forma geral, discutidos 
anteriormente, também apresentavam sensibilidade quanto ao porte das empresas, o 
teste-T apresentado na tabela 9, excluiu da amostra, todas as empresas de porte 
médio (Porte 3) visto que conforme documentado na Tabela 1, as empresas de médio 
porte representam 59% das empresas da amostra. Desta forma, os resultados dos 
Testes-T apresentados abaixo considera apenas os grupos das pequenas e grandes 
empresas, grupos porte 2 e 4, respectivamente. 
Tabela 9: Sensibilidade da Amostra ao Porte da Empresa 
1 - 0,605 0,783 (0,178) (2,052) 0,026
2 -
0,667 0,778 (0,111) (0,805) 0,215
0,614 0,698 (0,084) (0,748) 0,231
0,561 0,819 (0,259) (2,140) 0,022
0,545 0,867 (0,321) (2,905) 0,004
0,636 0,783 (0,147) (1,455) 0,080
0,591 0,760 (0,170) (1,905) 0,035
Empresas Não 
Certificadas
2.2 - Controle de Produção
2.3 - Controle Gerencial
2.4

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