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Hipoplasia do esmalte em dentes decíduos A hipoplasia é um defeito quantitativo do esmalte resultante da deposição insuficiente de matriz orgânica durante a amelogênese. A deficiência nutricional constitui um fator sistêmico de formação das hipoplasias. O leite materno é o primeiro veículo de oferta de nutrientes para o indivíduo, entretanto, este nem sempre garante uma nutrição completa do neonato. A deficiência de cálcio e fosfato no período neonatal está relacionada diretamente à hipoplasia do esmalte em crianças nascidas prematuramente abaixo do peso normal (menos de 2500 gramas). A hipoplasia de esmalte pode ser decorrente de causas sistêmicas, genéticas ou ambientais, que interferem na formação da matriz do esmalte e na sua posterior calcificação e maturação. Dentre as causas que podem lesar os ameloblastos e produzir hipoplasias podem ser citadas: doenças exantemáticas, hipocalcemia, avitaminoses, infecção ou trauma local, ingestão de substâncias tóxicas (como fluoretos),o uso indiscriminado do ácido acetilsalicílico e alterações neurológicas e metabólicas. Outros fatores sistêmicos podem ser enumerados como, distúrbios neonatais, parto demorado, sífilis congênita e estresse. O trauma constitui um fator local que pode levar ao aparecimento de defeitos hipoplásicos do esmalte. A hipoplasia de origem sistêmica é denominada “hipoplasia cronológica”, uma vez que o defeito é encontrado em áreas do dente nas quais o esmalte estava em formação quando ocorreu a perturbação sistêmica. As influências sistêmicas são freqüentes nos primeiros anos de vida; portanto, os dentes geralmente mais afetados são os incisivos, caninos e primeiros molares decíduos. Os incisivos laterais superiores, na maioria das vezes, não são afetados, em razão do seu desenvolvimento ter início num período posterior aos dentes anteriormente mencionados. Clinicamente, os dentes acometidos pela hipoplasia de esmalte apresentam sulcos, depressões ou fissuras, com coloração variando entre amarelo-claro e castanho-escuro. No estudo realizado por Slayton et al.8 (2001) em 698 crianças com idade entre quatro e seis anos, observou-se ocorrência de hipoplasia em 6% da amostra. Segundo os autores, os dentes mais afetados foram os segundos molares inferiores (28%) e superiores (25%) e os caninos inferiores (27%) e superiores (23%). Kanchanakamol et al.9 (1996), num estudo com 344 crianças na faixa etária de um a quatro anos, observaram que a hipoplasia estava presente em 22,7% das crianças e que, diferindo do estudo anteriormente citado, a maior prevalência ocorria no incisivo central superior. O estudo de Li et al.6 (1995), com 1344 crianças com idade entre três e cinco anos, mostrou ocorrência de hipoplasia na ordem de 22,2%, sendo afetados os seguintes dentes: incisivo central superior (40,8%), incisivo lateral superior (39,2%), canino superior (25,7%), primeiro molar superior (22,1%) e primeiro molar inferior (18,5%), envolvendo, em especial, a face vestibular desses dentes. Quadro 1. Tipos de alterações no esmalte de acordo com sua origem Alterações no esmalte Origem Opacidade Falha no processo de mineralização Hipoplasia Falha na deposição da matriz orgânica Amelogênese imperfeita Hipoplásica Falha na deposição da matriz orgânica Hipocalcificada Defeito na cristalização Hipomaturada Falha na fase de maturação da amelogênese Fluorose Redução íons cálcio na matriz por interferência do íons flúor Mancha branca Desmineralização por ação dos produtos bacterianos do biofilme dentário Mancha tetraciclina Ingestão de tetraciclina no período da odontogênese Quadro 2. Defeitos do esmalte de acordo com as características clínicas Alterações no esmalte Características clínicas Opacidade Difusa Espessura normal, branca, sem nítidos limites Demarcada Espessura normal, podendo ser branca, creme, amarelada ou Castanha, delimitação nítida Hipoplasia Ponto ou uma linha horizontal, com superfície rugosa a sondagem Amelogênese imperfeita Hipoplásica Pouca espessura e/ou fossas e canaletas Hipocalcificada Espessura normal, esmalte macio, opaco e branco amarelado Hipomaturada Mais mole que o normal, branco-marrom-amarelado Fluorose Branda Finas linhas brancas que acompanham a formação dentária Severa Perda de estrutura, o dente pode se tornar pigmentado de amarelo a castanho-escuro de acordo com a dieta. Mancha branca Área opaca que se estende na direção cervical associada à presença de biofilme dentário ou gengivite Mancha tetraciclina Manchas de coloração amarelo-claro, cinza-claro ou cinza escuro
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